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Injúria renal aguda Definição: comprometimento das funções renais de filtração e excreção, que ocorre ao longo de dias a semanas, resultando na retenção de escórias nitrogenadas e outros detritos normalmente eliminados pelos rins. Epidemiologia: Incidência: 10 a 15% em pacientes internados; 60% em pacientes internados em UTI. Mortalidade: mortalidade geral de 33%; 50% em pacientes internados em UTI. Divido em IRA clínica e IRA subclínica/fatores de risco. IRA clínica: IRA subclínica/fatores de risco: Teste de stress com furosemida: Reserva funcional renal; Furosemida não é filtrada; Fluxo de sangue no túbulo deve ser adequado, sem obstruções tubulares e o néfron distal deve estar intacto; Euvolemia: 1 mg/Kg de furosemida → débito urinário de mais de 200 mL em 2 horas; Prediz evolução do paciente em 24h. IRA pré-renal Redução da perfusão renal; Mais comum IRA intrínseca Acometimento dos pequenos vasos, dos glomérulos ou tubulointersticial; Diminuição da função tubular. IRA pós-renal Obstrução IRA pré-renal Aumento da concentração de Cr sérica pelo fluxo plasmático renal inadequado e da pressão hidrostática insuficiente para manter a filtração glomerular normal; problema na perfusão renal. Hipovolemia, redução do débito cardíaco e fármacos que interferem com as respostas autorreguladoras renais; Pode coexistir com formas de IRA intrínseca; Não inclui lesão do parênquima renal e pode ser revertida rapidamente; Pode se tornar intrínseca. Fatores que determinam a intensidade da resposta autorreguladora e o risco de desenvolver IRA pré-renal: aterosclerose, hipertensão crônica, idade avançada, DRC e o uso de AINEs, iECA e BRA; Causas: Menor débito cardíaco, hipovolemia, vasodilatação sistêmica: sepse, pancreatite, anafilaxia; AINE, iECA/BRA, síndrome hepatorrenal, ciclosporina, contraste iodado, hipercalcemia; Estenose de artérias renais, vasculites de grandes vasos, tromboembolismo venoso, síndrome compartimental abdominal. IRA intrínseca Causa mais frequente de IRA renal é a necrose tubular aguda (NTA) secundária a isquemia ou/e feito de toxinas; Sepse → óxido nítrico e óxido nitríco sintase → vasodilatação → diminuição do enchimento capilar e ativação dos barorreceptores → sistema nervoso simpático → SRAA → vasoconstrição renal → isquemia. Razões para vulnerabilidade a toxinas: O rim recebe 25% do débito cardíaco; Potencial tóxico de qualquer agente é aumentado; Sistema de transporte de solutos orgânicos. IRA pós-renal Obstrução extrarrenal ou intrarrenal; Aumento da pressão intratubular, diminuição do fluxo sanguíneo renal e processos inflamatórios; Fluxo urinário normal não exclui a existência de obstrução parcial. Achados clínicos e avaliação inicial Assintomática, manifestações clínicas só em fase tardia; Uremia: náuseas, vômitos, sangramento TGI, tamponamento cardíaco, dispneia, hipertensão e alterações neurológicas; Cardiovascular: hipertensão, congestão pulmonar, edema periférico, arritmias, hipotensão, pericardite e tamponamento cardíaco; Respiratórios: dispneia, taquipneia, pleurite e hiperventilação pela acidose; Neurológicos: confusão mental, sonolência, tremores, agitação, torpor, convulsão e coma; Gastrointestinais: inapetência, náuseas, vômitos, HDA e soluços; Débito urinário: oligúria ou anúria (sugere obstrução total bilateral); Hematológico: sangramentos, anemia, distúrbios plaquetários; Imunológicos: depressão imunológica (pneumonia, infecção urinária, sepse, infecção de partes moles); Nutricionais: catabolismo aumentado, perda de massa muscular; Cutâneos: prurido. Metabólico: hiponatremia, hipercalemia, acidose, hipocalcemia (hipercalcemia sugere mieloma), hiperfosfatemia, hipermagnesemia, hiperuricemia. IRA pré-renal: Medicamentos: diuréticos, AINEs, iECA e BRAs; Vômitos, diarreia, glicosúria, hipotensão ortostática, taquicardia, diminuição da pressão venosa jugular, redução do turgor cutâneo e membranas mucosas ressecadas. IRA intrínseca: febre, mal estar, “rash” cutâneo e sintomas musculares ou articulares: nefrites intersticiais, vasculites ou glomerulonefrites IRA pós-renal: Dor lombar ou supra-púbica, dificuldade de micção, cólica nefrética e hematúria: obstrução ureteral aguda; Noctúria e aumento da frequência ou hesitação urinária: doenças prostáticas; Distensão abdominal e dor suprapúbica: expansão da bexiga. Fatores de risco conhecidos: doença renal crônica, insuficiência cardíaca, cirrose hepática, doença pulmonar crônica, diabetes, doenças autoimunes como LES; Escore Renal Angina Index: predizer desenvolvimento e gravidade da IRA Exames complementares: Urina: Bioquímica/testes específicos: ç Métodos de imagem: USG: Avaliar tamanho e ecogenicidade (IRA x DRC); Excluir IRA pós-renal; TC: uso do contraste avaliando risco/benefícios. Medidas gerais: Atenção aos pacientes com maior risco e tratar as doenças de base. Cuidado com a pressão arterial, manutenção da volemia efetiva e imediata correção de hipotensão. Lembrar dos agentes nefrotóxicos mais comuns: Ajustar dose de medicamentos conforme função renal. Prevenção e tratamento: Reposição volêmica: administração de cristalóides isotônicos. Controle da hipotensão: drogas vasopressoras, de preferência a noradrenalina. Diuréticos de alça: furosemida pode ser administrada EV, em bolus, à dose inicial de 20 a 100 mg (cerca de 1 mg/kg). Correção de distúrbios eletrolíticos e acidobásicos: monitorização frequente de eletrólitos; A hipercalemia deve ser prontamente tratada se K+ > 6,0 mEq/L Hipercalemia: causa de óbito mais comum na IRA - agressividade do tratamento vai depender do grau, da rapidez com que ela se instituiu e das alterações do ECG GLUCONATO ou CLORETO DE CÁLCIO se alterações no ECG; inalação com beta-agonista; soluções polarizantes (glicose e insulina); bicarbonato de sódio (mais útil para rabdomiólise e lise tumoral), resinas de troca (sorcal*) e diálise. Acidose metabólica: A quantidade de bicarbonato a ser administrada é calculada pela equação de déficit de bicarbonato: déficit de HCO3 (mEq/L) = 0,5 3 peso (kg) 3 (24 – HCO3 medido). Em situações de pH< 7,2. Suporte nutricional: nos pacientes que não estejam sob diálise, o aporte proteico deve ser restrito a 0,6 g por kg ao dia, enquanto os pacientes em diálise devem receber 1 a 1,5 g por kg ao dia, e esse valor pode ser ainda maior caso sejam submetidos a técnicas dialíticas que expoliem proteínas (diálise peritoneal). Gasto metabólico aumentado: 35-45 kcal/kg/dia. Terapia de substituição renal: A: Acidose metabólica refratária, pH < 7,2 ao manejo clínico; Eletrólitos: Hipercalemia refratária ao manejo clínico com K > 6.5mEq/L; I: Intoxicação por droga ou toxina dialisável; O: olha o volume: hipervolemia não responsiva ao diurético; Uremia: Ureia sérica está em torno de 180 a 200 mg/dL; Síndrome urêmica, com rebaixamento do nível de consciência; OBS: ele acrescentou hipotermia!!! Tipos de diálise: Diálise peritoneal: por meio da sua própria membrana peritoneal. Hemodiálise: por meio de um filtro, que contém uma membrana semipermeável artificial, pela qual circula o sangue do paciente. Em situações de emergência, tais como no edema agudo de pulmão ou hipercalemia, dá-se preferência à técnica hemodialítica clássica (HD), por tratar-se de um procedimento com alta eficiência em curto espaço de tempo, embora possa gerar instabilidade hemodinâmica. Prognóstico: 1/3 dos pacientes que desenvolverem IRA na internação precisarão de TSR. Risco de 40% de óbito em 2 anos após alta de pacientes com IRA. Mortalidade intra-hospitalar da IRA que requer TSR chega a ser maior que 50%. KDIGO recomenda seguimento com nefrologista dentro de 90 dias após a IRA. Conclusões: IRA é comum e pode cursar com redução ou não da diurese; pode ser assintomática (detectada por exames laboratoriais) ou sintomática (síndrome urêmica) e pode ser classificada em pré-renal, renal ou pós-renal. Procure evitar a IRA; mantenha os pacientes bem hidratados, sobretudo durante exames contrastados Evite agentes nefrotóxicos em indivíduos de risco paraIRA (idosos, diabéticos, injúria renal prévia etc.). Todas as medicações que o paciente recebe devem ser revisadas e as doses devem ser ajustadas conforme clearance estimado. Entre 20% e 60% dos pacientes com IRA requerem procedimentos dialíticos. Deve-se indicálos precocemente em casos selecionados, levando em conta os riscos do procedimento. Sempre pensar em causas reversíveis: IRA pré-renal e doenças obstrutivas de vias urinárias. Cuidado com os distúrbios metabólicos ocasionados pela IRA: acidose, hipervolemia, hipercalemia, hipocalcemia etc.
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