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AULA - EMBARGOS DE TERCEIRO - PROCESSO CÍVIL

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Embargos de terceiro (CPC, 674 a 681)
1. Conceito e legitimidade (CPC, 674)
Esbulho possessório – Sofrer algum tipo de problema gerado pela violência ao exercício da posse. = reintegração de posse
Turbação (incomodado) = Ação de manutenção de posse
Risco/Ameaça = Interdito proibitório
· Todos ocorrem entre particulares
· Se o ato que gerou algum tipo de esbulho, turbação ou ameaça partiu de uma ordem judicial, não se fala de ação possessória, estamos falando de embargos de terceiro. 
· Para embargos de terceiro, tem que gerar ameaça ou constrição sobre um bem. 
Art. 674 – Quem não sendo parte no processo, sofrer constrição (Ato concreto que recai sobre a posse de um bem) ou ameaça (Risco/perspectiva) de constrição sobre bens que possuía posse ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
· Legitimidade ATIVA 
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário (proprietário com posse direta e indireta), inclusive fiduciário (ex. compra um veículo, não tenho dinheiro, faço empréstimo no banco, e o banco é o proprietário fiduciário, continua com a propriedade não está com o domínio, mas tem a propriedade, ele tem legitimidade para ação de embargos de terceiro), ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - O cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; 
Exemplo: Ana ajuíza ação contra Bianca em 01.01.2010. Bianca em 01.01.2013 vende uma casa para Carlos. Ana descobre que Bianca vendeu um bem e ajuíza ação de penhora. O bem que Carlos comprou pode vir a ser bem de execução. Tocando no interesse de um terceiro, logo este tem legitimidade ativa para mover ação de embargos de terceiro. 
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; = IDPJ 
Exemplo: Empresa vende um produto contaminado para o consumidor, causando dano irreparável a vida desse consumidor. A reparação que a empresa terá que dar para essa vítima, será vitalício. Portanto, o patrimônio da pessoa jurídica não será suficiente para essa reparação, logo o passo seguinte será a responsabilidade do patrimônio dos sócios. Instaura incidente aos sócios, exemplo: 4 sócios, 3 apresentaram suas defesas, porém Juiz julga procedente o bloqueio de bens, de TODOS. O sócio 4, alega que nem teve oportunidade de defesa, logo este será parte legitima para ação de embargos a terceiro. 
Art. 28, § 5º, CDC Responsabilidade subjetiva – Negligência, imprudência etc. Responsabilidade Objetiva – Mesmo que não tenho agido de forma negligente, os sócios mesmo assim responderam. 
Art. 50, CC - Só subjetiva, em se tratando de divida de natureza civil precisa provar que o sócio agiu de má administração/abuso. 
· A hipótese descrita no inciso III, do parágrafo 2º do art. 674, do CPC, pressupõe o estudo do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (CPC, 133 a 137), especialmente do ponto de vista do sócio que eventualmente não tenha exercido o contraditório validamente. 
Independentemente do mérito desse incidente (em que se examinará a incidência ao caso das teorias maior ou menor, em se tratando de dividas civis ou consumeristas respectivamente), sempre que o sócio não tiver exercido o contraditório, ou melhor, sempre que não lhe for oportunizado o contraditório efetivamente, terá legitimidade ativa para ajuizar embargos de terceiro.
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. = Garantia real
Caso parecido com o proprietário fiduciário. 
Banco, tenha uma garantia real sobre um imóvel de sua propriedade (hipoteca ou alienação fiduciária), pode ser que você (que mora no imóvel) contraia uma nova dívida, a penhora pode recair sobre esse bem, o banco deverá ser intimado. Não para que ele exerça embargos de terceiro e sim para que possa garantir o direito de preferencia dele sobre aquele bem. Será intimida para que ele saiba que aquele bem está sendo penhora, porém o mesmo é um credor com garantia real. Porém se o Juiz não intimar o credor com garantia real (banco), manda o bem a leilão, neste momento o banco já não vai mais pedir a reserva, neste momento o banco ajuíza embargos a terceiro. 
· A hipótese do inciso IV diz respeito aos casos em que o devedor é executado por uma dívida, mas também contraiu dívida com outro credor, sendo este detentor de garantia real. Quando executado pela divida sem essa garantia sobre o bem penhorado, o devedor poderá perder justamente o bem sobre o qual repousava a tranquilidade do credor com garantia real. Exatamente para garantir que o credor com garantia real, mantenha sua perspectiva adquirida contratualmente junto ao devedor, a Lei confere a este a legitimidade ativa para embargos de terceiro. 
· Legitimidade PASSIVA (STJ, 303)
REGRA GERAL: O credor sempre irá procurar o bem. Caso o devedor aponte o bom, teremos um litisconsórcio necessário. 
Quem paga os honorário sucumbenciais? 
SUMULA 303 do STJ - Quem deu causa a constrição indevida (quem indicou o bem), pagará pro honorário advocatícios. 
Litisconsórcio (CPC, art. 113 a 118) 
Espécies: 
. Facultativo ou Necessário 
. Ativo, passivo ou Misto
. Simples (decisão igual para os dois) ou unitário (decisão diferente)
. Inicial (forma litisconsórcio no início do processo) ou ulterior (forma litisconsórcio no decurso do processo)
· Legitimidade passiva, o credor da ação originaria sempre irá compor o polo passivo dos embargos de terceiro, na forma do artigo 677, paragrafo 4 do CPC. Haverá litisconsórcio necessário com o réu da ação originária apenas na hipótese de este ter indicado o bem à constrição. Isso reverbera (vai acabar chegando em algo) na sucumbência: de acordo com a sumula 303 do STJ aquele a quem o ato de constrição aproveita, mas que não indicou o bem, em tese não responderá por custas e honorários de sucumbência. 
2. Momento de propositura (CPC, 675)
Art. 675 - Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Após assinatura da respectiva carta (adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação), considerasse acabada, perfeita e irretratável. Porém se o interessado após 5 dias percebe tem um dano causado por essa decisão, que terá de ajuizar ação autônoma. 
Ação autônoma contra a pessoa que obteve vantagem com aquela alienação (seja autor, arrematante interessado etc.), mas não desfará o ato de arrematação, alienação ou adjudicação, e sim será para danos causados por essa decisão.
Art. 903, CPC – cujo objeto será reaver aquele bem que tinha propriedade, mas como já foi arrematado, e o legislador quer preservar os interesses desse terceiro, não poderá obter o desfazimento dessa arrematação, logo pedirá ação cautelar de arresto, pedindo penhora do bem arrematado. 
Exemplo: 
Celso (credor) 
Maria (devedor) 
Penhora: colar 
João proprietário (pode ser sócio, irmão, fiduciário etc. de Maria), não foi intimidado dessa penhora, e o processo continuou e foi a leilão o colar. 
Jair olha o diário e arremata o colar no leilão. 
João tem até 5 dias para embargar a terceiro, porém NÃO ajuizou. Entra o Art. 903, do CPC, não pode ajuizar mais embargos a terceiro, mas sim ação autônoma, não pode pedir o colar, pois a arrematação já está perfeita, acaba e irretratável, o Jair (adquirente de boa-fé) está sendo protegido para preservar a integridade dos atos praticado no âmbito judicial, pois Jair agiu deboa fé. 
João ajuíza ação indenização ao valor do calor, polo passivo o Jair será composto. Pode reaver, pedindo o arresto do próprio colar, torná-lo indisponível até o final da ação. E no final, sendo procedente, terá o colar de volta. 
Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado ou a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo, assegurada a possibilidade de reparação pelos prejuízos sofridos.
LEITURA: 674 A 681, CPC

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