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HEPATITES → O fígado é o segundo maior órgão do corpo e está localizado no hipocôndrio direito; → É responsável por vários processos metabólicos no organismo – possui funções exócrinas e endócrinas executadas pelos hepatócitos; → A hemoglobina consiste num grupo heme + globina. O grupo heme por sua vez é formado por ferro + Protoporfirina IX. Protoporfina, por ação da heme oxigenase (reações de oxidação), é desacoplado do ferro liberando: Fe2+, CO e biliverdina. A biliverdina é convertida em bilirrubina indireta. o A BI é insolúvel em água – segue para o hepatócito carreada pela Albumina. o BI é captada no hepatócito e conjugada ao ácido glicurônico (de molécula insolúvel para solúvel), formando a bilirrubina direta – processo passivo. Em seguida é expulsa e excretada pelo hepatócito – processo ativo; o A BD no intestino é transformada em urobilinogênio, pelas Bactérias Entéricas → parte dele ser reabsorvido e outra é convertida em Estercobilina que dá coloração às fezes. MARCADORES → Os marcadores de função hepática são diferentes dos marcadores de lesão hepática: → Lesão hepática: o TGO e TGP são enzimas presentes na célula – marcadores de lesão de parênquima hepático; o GGT E FA (vias biliares intra ou extrahepática) – marcadores de lesões canaliculares; → Função hepática – produtos metabolizados pelo fígado: o Albumina; o RNI | tempo de protrombina; o Bilirrubinas; CLASSIFICAÇÃO → Hepatite: inflamação do fígado que se manifesta por dois principais padrões patológicos principais: o Degeneração hidrópica ou balonização → inchaço dos hepatócitos por lesão; o Necrose em ponte → morte dos hepatócitos e necrose; → As hepatites podem ser de causas: infecciosa (viral), autoimune, medicamentosa, isquêmica, alcoólica; → Podem agudas ou crônicas: o Agudas: até 6 meses o Crônicas: após 6 meses → Hepatites agudas podem se apresentar com fadiga, mal-estar, náusea, vômito, anorexia, febre baixa, icterícia, urina escura e sensibilidade do QSD. Já hepatites crônicas geralmente são assintomáticas, mas podem manifestar fadiga e mal-estar; → Hepatite fulminante: o Insuficiência hepática aguda/hiperaguda (<7 dias); o Marcadores de função alterados; o Encefalopatia hepática: confusão mental, torpor, coma – edema cerebral e mecanismos de ação gabaérgicos; o Lesão hepática aguda; → Causas de hepatite aguda: o Hepatite alcoólica, vírus, doenças autoimunes, sepse, substâncias tóxicas, isquemia, trombose (Budd-Chiari), rabdomiólise, etc. → Causas de hepatite crônica: o Vírus, DAF (doença alcoólica do fígado), doenças autoimunes, doença hepática gordurosa não alcooólica, doença de Wilson, hemocromatose, neoplasias (primária ou metástases), etc. → Hepatites virais, lesão induzida por drogas e hepatite isquêmica causam aumento maior de TGP que TGO (exceto quando evolui com fibrose avançada e cirrose) e em hepatite alcoólica TGO é maior que TGP; HEPATITES VIRAIS → São doenças de notificação compulsória; → Geralmente são autolimitadas e sem complicações → Necessário saber a etiologia para tratamento eficaz → Hepatite A, B, C, D, E | CMV | EBV | Herpes-virus | HIV QUADRO CLÍNICO E LABORATORIAL → Fase prodrômica – sintomas inespecíficos, sistêmicos e TGI: o Mal estar, astenia, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, artralgias, tosse seca, mialgia, cefaleia o Febre leve: 38-38.5ºC o Dor abdominal: hepatomegalia dolorosa → Fase ictérica: o Icterícia o Síndrome colestática: prurido, colúria e acolia fecal o Achados iniciais regridem o Pode não acontecer → Fase de convalescência: o Percepção da melhora dos sintomas o Melhora dos sinais da fase ictérica o Costuma durar algumas semanas: ▪ Paciente está curado ou evoluirá para cronicidade → Manifestações extra-hepáticas: o Glomerulonefrite o Artrite o Vasculites – crioglobulinemia (vasculite de pequenos vasos) → Hemograma: o Pode estar normal; o Leucopenia ou linfocitose por neutrofilia; o Presença de linfócitos atípicos → Síndrome hepatocelular: o Grande aumento de TGO/TGP → 10x o valor de referência (apenas hepatites virais, por intoxicação de paracetamol e isquêmicas causam este aumento tão expressivo); o Sem correlação prognóstica o Hiperbilirrubinemia direta → Componente colestático associado: elevações de GGT e FA → Hepatite fulminante: o Provas de função hepática: albumina, TP e TTPa HEPATITE C (HCV) → O HCV é um vírus de RNA; → Principal causa de morte por hepatite viral em nosso meio; → A forma de lesão ainda não é bem determinada, a lesão pode ser imunomediada ou por lesão direta ao hepatócito; → 0,7% da população brasileira tem o anti-HCV positivo → 2/3 delas tem viremia ativa; → Há uma variedade de genótipos e alta taxa mutagênica (dificuldade de vacinação e imunização definitiva) – tipo 1 é o mais comum no mundo; → Característico de evolução para cronicidade (DCPF); o DCPF: doença crônica parenquimatosa do fígado – diagnóstico clínico (cirrose – diagnóstico histopatológico); → Na maioria dos casos a transmissão se dá por via parenteral; → Na fase aguda menos de 20% dos pacientes são sintomáticos; → 80% dos infectados tornam-se portadores crônicos; o Destes, 30% evoluem com cirrose e destes, 10% evoluem com CHC; → Hepatite fulminante é muito raro; → Tem muitas manifestações extra hepáticas: o Crioglobulinemia (vasculite + glomerulonefrite): vasculite de pequenos vasos, tem 3 tipos, acometimento de pele, rins e nervos periféricos (associado a hepatite C por mecanismo ainda desconhecido) → causa púrpura, artralgia, lesão de nervos periféricos; o Líquen plano: lesão dermatológica, crostosa, nos braços e pernas o Glomerulopatia: manifestações renais; o Porfiria: conjunto de doenças raras que se caracterizada por disfunção na estrutura da hemoglobina; → Associações: o DM2, síndrome metabólica, esteato hepatite não-alcoólica o Síndrome de Sjogren – doença autoimune decorrente da infiltração linfocitária das glândulas exócrinas (especialmente as salivares e lacrimais) o Fibrose pulmonar intersticial → Anti-lkm 1 (autoanticorpo): marcador de hepatite autoimune – pode estar positivo por reação cruzada em casos de hepatite C; → O anti-HCV pode estar negativo em fases iniciais, onde ainda não houve conversão sorológica; o A conversão ocorre em cerca de 14 semanas após a infecção; → Diagnóstico: o Anti-HCV → na presença do anti-HCV e fatores de risco pedir carga viral e genotipagem (obrigatória para melhor decisão terapêutica); o HCV-RNA: confirmar + alta suspeita com anti-HCV negativo → Tratamento: o Todos pacientes HCV-RNA+ positivos devem ser tratados; o Múltiplos esquemas de eficácia similar (ex sofosbuvir, simeprevir, daclatasvir); o Alcance de cura → HCV-RNA negativo na 12-24ª após término do tratamento (resposta virológica sustentada – RVS); o Cura da hepatite C com tratamento é de 90%; o É possível reinfectar – atenção aos fatores de risco. → Prevenção: o Apenas redução de ocorrência de transmissão; o Alta mutagenicidade dificulta produção de vacina. HEPATITE A E E (HAV E HEV) → Curta duração, mas alta infectividade; → São vírus de RNA; → Costumam ter evolução benigna → pode fulminar, mas é raro; → Acomete maus crianças até 10 anos; → Transmissão fecal-oral: alimentos contaminados com o vírus, → são vírus resistentes ao pH ácido do estômago, entram pela circulação entero-hepática, tem replicação hepática (fase ictérica) e eliminação nas fezes (convalescência); → Hepatite A: o Pode fulminar, mas é muito raro. o É a hepatite mais relacionada com síndrome colestática intrahepática: acolia, prurido, colúria. o Possui vacina ▪ Ambos têm vacinas – a E não tem no Brasil porque não é típico; o Não cronifica, tratamento é de suporte. → Hepatite E: o Ocorre em áreas endêmicas; o Assintomática na maior parte dos casos | 2-5% com sintomas;o Diagnóstico: Anti – HEV IgG; o Pode ser grave em gestantes – Hepatite Fulminante; → Diagnóstico: o Hepatite A: anti-HAV IgM+, na infecção aguda (duram de 3-6 meses), e IgG+ na cicatriz sorológica (podem perdurar por tempo indefinido → proteção definitiva); o Hepatite E: Anticorpo anti-HEV (IgM e IgG) ▪ PCR do HEV-RNA nas fezes ou sangue → Tratamento: o Repouso e aumento de ingesta hídrica; o Não ingerir álcool ou medicamentos hepatotóxicos por 6 meses o Se hepatite fulminante: transplante hepático → Prognóstico: o Excelente, recuperação total, sem sequelas o A: não cronifica | E: cronifica (pacientes imussuprimidos) → Prevenção e imunização: o Hepatite A: ▪ Vacina: dose única aos 15 meses de vida ▪ Profilaxia pós-exposição até 2 semanas HEPATITE B (HBV) → Único vírus de DNA entre as hepatites virais – tem vacina devido maior estabilidade genômica; → Problema grave de saúde pública → dois bilhões de pessoas com evidência de infecção passada ou ativa; o 248 milhões de portadores o 600.000 mortes/ano – CHC e cirrose → O vírus não é diretamente hepatotóxico → tem interação com o sistema imune do hospedeiro; ESTRUTURA DO VÍRUS → Virus de DNA; → CORE: núcleo central denso – expressa o antígeno AgHBc → Envoltório lipoproteico: expressa antígeno de superfície AgHBs → Quando temos altas taxas de replicação viral, hepatócitos infectados secretam na corrente sanguínea outro antígeno: AgHBe MODO DE TRANSMISSÃO → Modo de transmissão mais comum é sexual ou vertical intrauterina; Chance de cronificar conforme faixa etária de infecção MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Evolução aguda benigna: o Assintomática o Anictérica | Ictérica | colestática → Evolução aguda grave: o Fulminante: 1% – encefalopatia hepática ▪ Necrose extensa ▪ Necessidade de transplante → Cronificação: o Cirrose o CHC → pode evoluir para carcinoma hepatocelular sem cirrose Evolução da doença crônica → Manifestações extra-hepáticas: o PAN (poliarterite nodosa) o Artrites ANTÍGENOS E ANTICORPOS IMPORTANTES → AgHBc: produzido na infecção aguda, porém não é secretado (escondido no núcleo) o AgHbC não é dosado (sequestrado no núcleo), mas é possível dosar seu anticorpo – define se é infecção aguda ou crônica (IgM ou IgG); → AgHBs: produzido na infecção aguda, independente do estado replicativo – marcador da presença do vírus no corpo; → AgHBe: liberado apenas durante estados replicativos; → antiHBS: anticorpo produzido pela presença do AgHBs – indica cura ou vacina A hepatite B aguda é caracterizada pela presença simultânea de HBsAg e IgM anti‑HBc Os pacientes perdem HBsAg antes do aparecimento de anticorpos anti‑HBs (marca a recuperação) TRATAMENTO → Tem cura na fase aguda→ tratamento: interferon; antivirais (ex: tenofovir, entecavir). A infecção crônica pelo VHB não é curável, mas geralmente pode ser controlada por medicamentos antivirais adequados. Tratar quando: → Aguda: o Normalmente não é necessário → tratamento na fase aguda normalmente não é necessário porque é assintomática e não detectada; o Hepatite aguda grave (coagulopatia ou ictérica > 14 dias) → Crônica: o História familiar de CHC o Cirrose/insuficiência hepática o Manifestações extrahepáticas o AgHBe positivo + ALT x2 OU Idade > 30 anos VACINA E PROFILAXIA → Vacina: o Presentes no calendário vacinal de TODAS as crianças: ao nascer – 2º mês – 4º mês – 6º mês; o Independente da idade: 3 doses: 0-1-6 meses o Pacientes não respondedores → Profilaxia: o RN de mães positivas: vacina + imunoglobulina ▪ Carga viral aumentada ou mãe AgHBe+ → uso de tenofovir a partir da 28ª semana – 3 dias pós parto; o Profilaxia pós-exposição: Imunoglobulina a pacientes expostos de 7-14 dias após o evento ▪ Abuso sexual | vítimas de acidentes com material biológico positivo sem vacina |imunossuprimidos HEPATITE D → Virus RNA: diretamente citopático → Não existe hepatite D sem hepatite B – o vírus D necessita da B para sobreviver e replicar; → Ligado a exposição percutânea, transfusão e uso de drogas IV (parenteral); → Busca por AgHDV → todo paciente AgHBs+ em áreas endêmicas devem realizar exames para exclusão; → Coinfecção: B e D agudos o Aumenta risco de hepatite fulminante de 1-5% → Superinfecção: D num paciente com B crônica; o 20% cursa com hepatite fulminante → quando portadores crônicos do VHB são superinfectados pelo VHD, a hepatite D aguda é geralmente grave, muitas vezes fulminante e geralmente se torna crônica (90%). HEPATITES MEDICAMENTOSAS → Decorrentes de lesões diretas (hepatóxicas) ou indiretas (autoimunes) causadas por medicamentos/drogas; → Sintomas: maioria assintomática o Achados incidentais – alteração dos marcadores de lesão hepática → O padrão pode ser hepatotóxico (aumenta TGO e TGP), colestático (FA e GT) ou misto; o Achados comuns: astenia, náuseas, vômitos, icterícia → Diagnóstico: o Uso de qualquer medicação até 90 dias antes o Exclusão de outras causas o Biópsia pouco específica → Tratamento: o Suspender droga suspeita/confirmada o Acompanhamento de função/ lesão hepática o Transplante SUBSTÂNCIAS CONHECIDAMENTE PERIGOSAS → Acetoaminofeno: Paracetamol → 10 a 15 gramas no dia para lesão importante por paracetamol → Anticoncepcionais orais, cocaína, nimesulida, estatinas, amiodarona, ivermectina, antibióticos (tetraciclinas, fluorquinolonas, isoniazida), fenitoina, roacutan, etc. → Anabolizantes esteroides androgênicos: risco de hepatite, colestase intra- hepática, peliose hepática, adenoma hepatocelular e carcinoma hepatocelular; → Herbalife: o Bebidas, comprimidos, cápsulas e barras energéticas o Hepatite leve a insuficiência hepática fulminante → transplante → Suplementos contendo garcinia cambogia: o Amplamente comercializados para perda de peso o Hepatite leve a insuficiência hepática fulminante → transplante HEPATITE ALCOÓLICA → Considera-se consumo de álcool significativo quando o mesmo alcança 210g/semana de álcool no homem ou 140g/semana de álcool na mulher. Uma média, portanto, de 20-30g/dia por um período de, no mínimo, 2 anos. → Para pacientes com comorbidades hepáticas não existe nível seguro de consumo. → Definem-se episódios de consumo excessivo esporádico (Binge) como o consumo de cinco ou mais doses (para os homens) ou de quatro ou mais doses (para as mulheres) em um período de 2 horas; o Dose = 14g de álcool; → Sintomas: o Hepatite comum + febre o Risco de hepatite fulminante → Laboratório: o TGO 2x ou mais TGP | moderadamente elevadas (300-500) o Alteração em função e lesão hepática o Leucocitose moderada (>20 mil) → Diagnóstico: o História compatível o Excluir causas mais comuns → Tratamento: incerto e pouco eficaz o Vigiar infecções o Abstinência alcoólica o Suporte hídrico e nutricional o Suporte se insuficiência hepática aguda o Casos graves: glicocorticoides | Pentofixilina o Transplante de fígado HEPATITES AUTOIMUNES → Definição: o Doença inflamatória crônica; o Causada por anticorpos circulantes direcionados ao fígado + aumento de gamaglobulinas; o Relativamente rara: 1-2 a cada 10000; o Acredita‑se que a hepatite autoimune seja causada por reações autoimunes contra hepatócitos normais em pessoas geneticamente predispostas ou em pessoas expostas a agentes não identificados desencadeantes de um processo autoimune contra antígenos do fígado. → Curso clínico: o Hepatite aguda clássica: padrão hepatocelular ou padrão colestático o Insuficiência hepática o Hepatite crônica o Cirrose → Diagnóstico: o Diagnóstico de exclusão o Sistema de pontos: ▪ Clínica compatível + marcadores sorológicos ou aumento de imuglobulinas; → Tratamento: o Corticoterapia o Imunossupressão Marcadores: tipo 1 → FAN e antimúsculo liso (AML)/ tipo2: anti-lkm1 → anticorpo antimicrossomal de fígad‑rimtipo 1
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