Prévia do material em texto
PATOLOGIAS DO SISTEMA TEGUMENTAR PORTAS DE ENTRADA DA PELE: REGENERAÇÃO E REPARO - Processos bem rápidos - Coagulação sanguínea e inflamação em 12-24 horas  Formação do coagulo: servirá como uma matriz para migração celular e formação da crosta da ferida  Plaquetas, coagulação e cascata recrutam as células inflamatórias  Neutrófilos e macrófagos realizam fagocitose e colagenase - Reepitelização, fibroplasia e angiogênese (3-7 dias)  Cobrir a ferida  Restabelecer a membrana basal  Restabelecer o fluxo de sangue - Contração da ferida e produção de colágeno (1 a 2 semanas) RESPOSTAS DA PELE À LESÃO: Componente da pele Reação à agressão Epiderme Hiperqueratose proeminente Derme Inflamação da interface Folículo Inflamação da luz folicular Panículo Inflamação predominantemente neutrofílica Respostas da epiderme à lesão: ALTERAÇÕES NO CRESCIMENTO OU NA DIFERENCIAÇÃO: - A epiderme possui uma taxa de renovação constante, que é regulada por citocinas, fatores nutricionais (vitaminas, minerais) e fatores hormonais - O processo muito bem controlado de proliferação, diferenciação, queratinização e descamação da epiderme é alterado em algumas enfermidades - Distúrbios na queratinização: hiperqueratose Hiperqueratose: - Aumento da espessura do estrato córneo e ocorre sob duas formas: 1. Hiperqueratose ortoqueratótica: as células não têm núcleo 2. Hiperqueratose paraqueratótica (paraqueratose): as células são nucleadas TÉCNICAS PARA COLETA DE BIOPSIAS DE PELE - Problemas de pele:  Histórico  Exame de pele  Biopsia: quando fazer, métodos, escolha do local, fixação - Fazer a biopsia quando:  Terapia com efeitos colaterais  Lesões nodulares e/ou ulceradas sugestivas de neoplasia  Lesões de evolução rápida e grave  Lesões que surgem durante a terapia  Múltiplos diagnósticos diferenciais  Quando não responde ao tratamento ou há recidiva - Procedimentos corretos na coleta de amostras:  Agir com delicadeza  Coletar múltiplas amostras  Incluir crostas  Biopsia antes de terapia anti-inflamatória  Usar procedimento correto  Identificar as amostras  Não congelar (formol 10%) DEFINIÇÕES DE TERMOS CLÍNICOS: - As lesões macros são vistas por clínicos - Importante reconhecer e descrever as lesões Calo: Área elevada, em forma de placa grossa e dura, de superfície irregular, que se forma devido à fricção com superfícies (especialmente sobre proeminências ósseas, como cotovelo ou esterno) Comedo: Tampão de estrato córneo/queratina na luz de um folículo piloso. Ocorre, por exemplo, na dermatose solar (canina), acne e hiperadrenocorticismo Crosta: Exsudato seco sobre a superfície da pele. Exemplo: estágio crônico de doença pustular (infecção estafilocócica ou pênfigo foliáceo) Cisto: Câmara revestida por epitélio e preenchida por material líquido ou semissólido e localizada na derme ou subcutâneo. Tende a ser elevado.  Exemplos são cisto folicular, cisto dermoide e cisto glandular apócrino Colarete epidérmico: Anel liso a minimamente elevado com descamação que se expande perifericamente. Exemplos de causa são infecção bacteriana superficial e infecção fúngica. Erosão: Perda de parte da epiderme; depressão, exsudação e brilho. Em geral, a erosão é secundaria à ruptura de vesícula ou pústula Escoriação: Perda linear da epiderme. Causas incluem trauma mecânico, ação macerante de secreções e umidade constante. Fissura: Fenda ou quebra linear da epiderme à derme e é causada pela perda da elasticidade da pele devido à hipertrofia ou ressecamento. Geralmente ocorre sobre articulações  Fissuras são muito susceptíveis à invasão bacteriana Liquenificação: Espessamento irregular da pele (acantose e hiperqueratose) com rachaduras xadrez e hiperpigmentação. A causa é irritação crônica Mácula: Alteração da cor plana e circunscrita da pele com até 1cm de diâmetro (quando maior, é denominada mancha). Causas incluem hemorragia, hiperemia ou aumento ou diminuição da pigmentação Púrpura: Mácula causada por hemorragia Neoplasia: Massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo, descoordenado com o tecido normal e persiste da mesma forma excessiva após a cessão do estimulo, o qual evocou a alteração.  Exemplos: CCE, lipoma, mastocitoma Nódulo: Elevação sólida geralmente maior que 1cm de diâmetro. Pode ser cística, inflamatória ou neoplásica (assim como as pápulas)  Exemplos: infecção bacteriana ou fúngica, granuloma infeccioso ou estéril Verruga: Lesão elevada, áspera e digitiforme Pápula: Elevação circunscrita na pele, firme com até 1cm de diâmetro  Exs.: picada de inseto, papiloma, foliculite superficial Placa: Lesão elevada, firme, com a superfície de cima achatada maior que 1cm de diâmetro. Cutis calcinada, histiocitose reativa, placa eosinofílica são exemplos Pústula: Acúmulo superficial, elevado de fluido purulento no interior da epiderme. É uma vesícula que contem neutrófilos, bem como soro. Causas incluem as mesmas das vesículas mais bactérias Escama (descamação): Células fragmentadas, queratinizadas, pele em flocos, irregular, espessa ou fina, seca ou oleosa. São vistas focalmente em dermatites crônicas e nas formas difusas de adenite sebácea e hiperqueratose Cicatriz: Tecido fibroso que substitui a pele normal após lesão e/ou laceração da derme. Na pele, estas áreas são frequentemente alopécicas e despigmentadas Úlcera: Perda da epiderme e da membrana basal com exposição da derme. A lesão é deprimida e frequentemente côncava. Vesícula: Lesão elevada, circunscrita, preenchida por fluido e menor que 1cm. Lesões similares maiores são chamadas de bolhas. Urtica (urticária): Elevação transitória irregular, plana, branca a rosa- pálido, causada por edema dérmico. Várias lesões podem coalescer e formar placas. Causas incluem picada de insetos, urticária e reações alérgicas Eritema: Avermelhamento da pele. A pele contém múltiplas pápulas e placas ulceradas. A cor vermelha ao redor dessas lesões é hiperemia ou eritema. Este é um dos sinais cardinais da inflamação DOENÇAS DA PELE RELACIONADAS AO MEIO AMBIENTE Agressão actínica: - O segmento de luz ultravioleta B (UVB) é lesivo para pele - Compostos químicos fotodinâmicos que se depositam na pele podem reagir quimicamente com comprimentos de ondas criando lesões cutâneas (fotossensibilização, fototoxicidade) - As lesões geralmente ocorrem nas áreas com pequenas quantidades de pelos ou pouco pigmentadas Dermatose solar e neoplasia: - A lesão da pele pela ação da luz UV pode ser:  Aguda: queimadura solar  Crônica: dermatose solar e neoplasia - Inicialmente, há um eritema transitório devido ao aquecimento pelos raios solares e, possivelmente, por alterações fotoquímicas  Nessa fase pele está quente, macia e inchada - Fatores irritantes à pele elevam a taxa de divisão celular levando maior número de células reparadas pós replicação, favorecendo o surgimento de neoplasias - As lesões pré-neoplásicas e neoplásicas são comuns nos animais domésticos  Felinos: onde há pouco ou nenhum pelo e pouco pigmentado (orelhas, pálpebras, nariz e lábios). Mais grave nos animais brancos  Cães: pele não pigmentada, esparsamente coberta por pelos das áreas abdominal ventral, inguinal e perineal  Suínos: orelha e ponta da cauda  Equinos: pálpebras, nariz, ao redor do prepúcio  Bovinos: pálpebras  Cabras leiteiras: lateral do úbere e tetos Macroscopicamente: - Começam com eritema, escamas e crostas - Após anos de exposição a pele se torna enrugada e espessada secundária a hiperplasia epidérmica, hiperqueratose e fibrose - Focos papulares ou semelhantes a placa, cobertos por escamas espessas (hiperqueratose)denominados de queratose solar podem evoluir para carcinoma de células escamosas (CCE) Eritemas (áreas avermelhadas); algumas áreas de comedo Hemangiossarcomas (maligna) e hemangiomas (benigna): - Comum em cães com abdome e flancos expostos ao sol (epiderme mais delgada) - Conjuntiva não pigmentada - Microscopicamente:  Células apopitóticas, edema intercelularm vacuolização dos queratinócitos, perda da camada granulosa  Hiperqueratose, paraqueratose e ancatose  Fibrose dérmica e comedões Carcinoma de células escamosas em bovinos DOENÇAS DA PELE – DISTÚRBIOS MICROBIANOS E PARASITÁRIOS - Ocorre quando há ruptura dos mecanismos de defesa da pele - Fatores predisponentes:  Comprometimento da barreira epidérmica  Fricção, trauma, umidade excessiva, sujeira, pelos emaranhados, irritantes químicos, congelamento ou queimaduras, radiação e infestação parasitária  Função imune suprimida  Nutrição, glicocorticoides, doenças concomitantes INFECÇÕES VIRAIS: VARÍOLAS: - Causada por poxvírus epiteliotrópicos, que infectam uma variedade de animais - Caninos e felinos são raramente infectados - Alguns poxvírus são espécie-específicos, enquanto outros são zoonóticos - As lesões se desenvolvem secundariamente à invasão viral do epitélio, por necrose isquêmica causada pela lesão vascular e hiperplasia epidérmica - As lesões cutâneas sequenciais causadas por poxvírus consistem em mácula, pápula, vesícula (de gravidade variável), pústula, crosta e cicatriz - Os mais patogênicos são o poxvírus ovino e poxvírus caprino  causam mortalidade significativa, especialmente em animais jovens Área já ulcerada e com crosta PAPILOMAVÍRUS: - Espécie local-específico que infectam o epitélio escamoso - Se replica no núcleo dos queratinócitos - Causam papilomas (neoplasias benignas da epiderme), com aspecto macroscópico de crescimento exofítico, semelhante à couve-flor - lesões são múltiplas  quadro conhecido como papilomatose - Papilomas ocorrem em todas espécies, sendo mais comum em bovinos e equinos - Transmissão por contato direto ou indireto (bebedouros, cercas, carrapatos, moscas) Papilomatose bovina SARCOIDE EQUINO - Neoplasia que ocorre em equinos devido à infecção com papilomavírus bovino - É invasivo mas não causa metástase - Macroscopicamente, são reconhecidos 4 tipos de sarcoide  Verrucoso  Fibroblástico  Misto  Achatado - Pode ocorrer em qualquer local do corpo, mas é mais frequente na cabeça,nos membros e nas porções ventrais do tórax e abdome INFECÇÕES BACTERIANAS EPIDERMITE EXSUDATIVA DOS SUÍNOS: - Dermatose causada pela bactéria Staphylococcus hyicus - Em leitões recém-nascidos causa uma dermatite aguda e frequentemente é fatal - Doença mais branda em animais mais velhos - Doença do porco gorduroso - Fatores pré-disponentes:  Lacerações cutâneas  Má nutrição  Infecções virais - Toxina bacteriana causa as lesões - Erosão focal do estrato córneo, formação de exsudato marrom, dermatite ao redor dos olhos, pavilhões auriculares, nariz, queixo, face medial dos membros e dissemina-se para o tórax e abdômen  As lesões coalescem rápido, tornando-se generalizadas e resultando em um exsudato gorduroso e mau cheiroso sobre a pele avermelhada  Em leitões que sobrevivem, o exsudato sofre dessecação e forma rachaduras e fissuras - Doença sub-aguda se desenvolve de forma gradual em leitões mais velhos; nesse caso a epiderme está espessada com a formação de escamas Pele espessada e escamosa DERMATOFILOSE - Estreptotricose - Causada por Dermatophilus congolensis - Causa lesões crostosas cutâneas em bovinos, ovinos e equinos (menos frequente em caninos, suínos e felinos) - A transmissão da bactéria ocorre a partir de animais portadores - Fatores predisponentes à penetração da bactéria:  Irritação da pele por ectoparasitas  Traumatismos  Umidade prolongada da pele, pelos e lãs - As lesões ocorrem mais frequentemente no dorso e extremidades distais - As bactérias incitam uma resposta inflamatória aguda em que os neutrófilos migram dos vasos superficiais para a derme e depois interior da epiderme, para formar microabscessos - A epiderme sofre regeneração e bactérias residuais invadem subsequentemente a epiderme regenerada  Ciclos repetidos de crescimento bacteriano, inflamação e regeneração da epiderme resultam na formação de crostas pustulares multilaminadas - Macroscopicamente, as lesões consistem em pápulas, pústulas e crostas espessas que podem coalescer LESÕES DÉRMICAS SECUNDÁRIAS A INFECÇÃO BACTERIANA SISTÊMICA Erysipelothrix rhusiopathie: - Causadora da erisipela suína, que causa grandes prejuízos devido à ocorrência de aborto, redução das taxas de crescimento, à pior qualidade da carcaça e aos custos de tratamento - Doença sistêmica - Suínos portadores eliminam o agente por fezes e secreções oronasais (principal fonte de contaminação do ambiente) - Infecção por meio de solução de continuidade da pele pode ocorrer - A principal via de transmissão é a ingestão de água e alimentos contaminados - Lesões no estágio agudo:  Eritematosas e salientes, principalmente no abdômen, as vezes em formato de losango; inicialmente apresentam coloração avermelhada e posteriormente arroxeada  Hemorragias decorrentes da inflamação das arteríolas e da trombose (ambas induzidas pela bactéria) - Estágio crônico:  Bactéria em locais como articulação e coração, ocasionando quadros de artrite e endocardite valvular (válvula mais acometida é a mitral)  Endocardite valvular é responsável por morte súbita INFECÇÕES FÚNGICAS - São classificadas em quatro categorias básicas: 1. Superficial: restrita ao estrato córneo ou pelo 2. Cutânea 3. Subcutânea 4. Sistêmicas - Ocorrem mais frequentemente em animais cuja resistência à infecção está comprometida MICOSES CUTÂNEAS: - Infecções por fungos que ocorrem nos tecidos queratinizados incluindo os pelos, penas, unhas e epiderme - Os fungos, geralmente, ficam restritos à camada queratinizada da pele: não penetram no tecido vivo - Causadas por fungos conhecidos como dermatófitos  Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton - Adquiridas por contato com animais ou escamas e animais infectados Dermatofitose: - Se desenvolve na pele, pelos e unhas dos acometidos - Uma das mais importantes micoses cutâneas - Comum em animais, principalmente felinos, sendo animais jovens mais susceptíveis - Mais comum em ambientes quentes e úmidos - Lesões podem variar e vão desde uma infecção assintomática (sem lesões), passando por uma infecção nodular eruptiva, até a formação de pseudomicetoma (massa granulomatosas profundas) e onicomicose (unhas desbotadas, malformadas, friáveis, quebradiças ou se desprendendo dos dígitos). - Lesões na pele hirsuta (áspera) incluem áreas de alopecia circulares ou irregulares acompanhadas da formação de crostas ou escamas  Lesões coalescem envolvendo grande parte do corpo - Fungos não sobrevivem à resposta inflamatória que ocorre no centro das lesões, porém sobrevivem na periferia; ocorre então a formação de um anel de vermelhidão periférica, denominado ringworm MICOSES SUBCUTÂNEAS: - Causadas por fungos que invadem a pele e o tecido subcutâneo após sua implantação via trauma - Algumas infecções permanecem localizadas, outras se disseminam pelos vasos linfáticos - Aspecto macroscópico dessas doenças é semelhante ao das infecções granulomatosas profundas de etiologia bacteriana Esporotricose: - Micose causada por Sporothrix schenckii - Ocorre na forma cutânea, linfo-cutânea e disseminada - Afeta equinos, felinos, bovinos e caninos - Fungo encontrado em detritos orgânicos e úmidos - Nódulos cutâneos ulceram e fistulam no local de implantação traumática- Inflamação piogranulomatosa Oomicose: - Termo utilizado para infecção dérmica de Pythium insidiosum e Lagenidium sp. - Oomiceto - Mais comum em equinos - Pitiose em cães Dermatite granulomatosa Áreas necróticas INFECÇÕES PARASITÁRIAS HELMINTOS - Infecções ocorrem pela migração das larvas que, quando adultas, vivem em locais não cutâneos ou, através de infecções por filarias, nas quais estas vivem algum tempo na pele ou tecido subcutâneo Habronemíase cutânea - Feridas de verão - Afeta equinos e é causada pelas larvas de Habronema spp. ou Draschia spp. que são depositadas na pele de equinos pela mosca domestica ou mosca dos estábulos - A deposição das larvas e as lesões associadas ocorrem nas partes do corpo que sofrem traumatismo (por ex. membros) ou que são úmidas e macias (canto medial do olho e prepúcio) - Macroscopicamente observam-se nódulos solitários ou múltiplos, avermelhados ou marrons, proliferativos e ulcerados NEOPLASIAS CUTÂNEAS BENIGNAS - Tumor de células basais, tricoepitelioma, adenoma de glândulas sebáceas e sudoríparas, histiocitoma, hemangioma, fibromas, lipoma - Sarcoide (mas tem crescimento invasivo) Comum em cães mais jovens Pode causar lesões ulceradas Consistência macia MALIGNAS - Carcinoma de células escamosas (CCE) - Melanoma - Mastocitoma - Adenocarcinoma de glândulas sebáceas e sudoríparas - Hemangiossarcoma, fibrossarcoma - 2 Classificações para os mastocitomas:  Grau 1 a 3: onde o grau 1 é o mais próximo dos mastócitos e o grau 3 o mais diferenciado  Alto grau e baixo grau: grau 1 sempre será de baixo grau e o grau 3 de alto grau Melanoma são tumores malignos de melanócitos, são invasivos e podem fazer metástases Melanoma no dígito que sofreu migração pelo canal linfático Geralmente estão diretamente relacionados aos quadros de exposição solar