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1 1 Pós-graduando em UTI – Unidade de Terapia Intensiva pela Faculdade Famart de Minas Gerais. Enfermeiro graduado pela Universidade Castelo Branco - UCB do Rio de Janeiro (2017). E-mail: moisezcamargo@gmail.com.br). PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA: Percepção Dos Profissionais De Enfermagem Moisés Camargo da Costa 1 RESUMO A ventilação mecânica (VM) é um recurso terapêutico artificial, que possui a finalidade de equilíbrio da ventilação e/ou oxigenação de pacientes com insuficiência respiratória, entre as complicações desta intervenção, destaca-se a pneumonia. Nesse âmbito, o enfermeiro tem um papel crucial na criação de programas de prevenção das infecções, sobretudo na precaução da pneumonia associada à ventilação mecânica nas unidades de terapia intensiva. Objetivo: Descrever a percepção dos profissionais de enfermagem para prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa da literatura, para qual, definiu-se como ambiente de pesquisa as bases de dados da (SciELO), (BVS), (LILACS) e (BDENF), elencou-se artigos publicados nos idiomas português e inglês no período entre 2019 a 2023. Explorou-se os artigos a partir dos parâmetros estabelecidos pelo guia PRISMA, verificação dos títulos, resumos e texto completo, considerando os estudos que estivessem de acordo com o objetivo proposto, sendo selecionados 12 artigos para compor esta revisão. Conclusões: Foi possível identificar as potencialidades das medidas de prevenção em relação à pneumonia associada à ventilação mecânica, bem como o modo de atuação do enfermeiro, a fim de promover qualidade na assistência, com a ampliação dos conhecimentos por meio de constantes capacitações. Palavras-chave: Infecção Hospitalar. Pneumonia. Ventilação Mecânica. Profissionais de Enfermagem. Unidades de Terapia Intensiva. 1 INTRODUÇÃO A pneumonia é definida como uma doença respiratória que afeta os brônquios, bronquíolos e alvéolos, causada principalmente por bactérias, micróbios, vírus e fungos. Segundo Batista et al. (2021), divide-se em pneumonia adquirida na comunidade (PAC), mailto:moisezcamargo@gmail.com.br 2 cuja maior incidência é o Streptococcus pneumoniae, ou pneumonia adquirida no hospital, que ocorre 48 horas após a entrada do paciente no ambiente hospitalar, sendo considerada a infecção hospitalar mais comum. Seus principais sintomas são expectoração, possível hemoptise, febre (acima de 37,8°C), dispneia, calafrios e dor torácica ao respirar (BATISTA et al., 2021). A segunda principal Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Frequentemente estar associada ao uso da ventilação mecânica (VM) sendo denominada Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM), são tidas como epicentro da emergência e disseminação de patógenos resistentes, visto que os pacientes admitidos em unidades de terapias intensiva estão sujeitos à alta demanda de procedimentos invasivos, os quais aumentam as chances de desenvolver comorbidades capazes de prolongar o tempo de internação, custos mais elevados e altas taxas de mortalidade (TRINDADE, 2020). A Ventilação Mecânica (VM) é um recurso terapêutico artificial, é um dos suportes à vida de grande importância em UTI, que possui finalidade de equilíbrio da ventilação e/ou oxigenação de pacientes que desenvolvem insuficiência respiratória. A PAVM é caracterizada por alterações nas radiografias do tórax com presença de um novo ou progressivo infiltrado, sinais de infecção, mudança nas características da expectoração (escarro) e piora dos parâmetros ventilatórios (LEITE, 2020). O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) destaca a determinação da Lei n. 7.498/86, que estabelece como responsabilidade do enfermeiro a prestação de cuidados diretos ao paciente grave e com risco de morte, além de cuidados técnicos mais complexos que requerem conhecimento científico e capacidade de tomada de decisão. Trabalhar em um ambiente de terapia intensiva requer treinamento especializado, investimento substancial em pacientes instáveis, uso de várias tecnologias e convivência com a morte, estresse e conflito (BORGES, 2020). Por trabalharem constantemente na Terapia Intensiva, o enfermeiro intensivista tem um papel essencial em tarefas de baixa e alta complexidade. Junto à equipe, é ele quem administra os banhos, as medicações e os curativos, além de monitorar os aparelhos, analisar a hemodinâmica do paciente. Assim, o estudo foi realizado a partir da questão norteadora: Quais as evidências científicas sobre os cuidados de enfermagem para a prevenção da PAVM? 3 Tratou-se de uma revisão bibliografia, a coleta de dados da pesquisa se deu por meio de busca no banco de dados online da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), onde estão indexadas as bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Banco de Dados da Enfermagem (BDENF) levando em conta as publicações do período de 2020 a 2023. Os critérios de inclusão adotados na seleção foram: estudos datados nos últimos cinco anos, no idioma português e inglês com o texto completo. Os critérios de exclusão foram as publicações sem consonância com o tema ou que não descrevessem Pneumonia Associada À Ventilação Mecânica: Percepção Dos Profissionais De Enfermagem. Como descritores de busca usou-se a associação dos termos Infecção Hospitalar. Pneumonia. Ventilação Mecânica. Profissionais de Enfermagem. Unidades de Terapia Intensiva, que foram escolhidos a partir do site DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). A partir dos descritores, foram encontrados inúmeros artigos, destes, foram selecionados 19 artigos, dos 19 artigos foram utilizados para a pesquisa 12 de maior relevância. Os artigos foram estudados, analisados e comparados entre si. Este estudo é importante, pois facilitará a reflexão dos enfermeiros ao fornecer subsídios aos que assistem pacientes em ventilação mecânica para que possam prestar cuidados sistemáticos e holísticos embasados técnico-cientificamente com o conhecimento aprofundado necessário para que sejam capazes de garantir uma assistência efetiva que ajude a melhorar o quadro clínico dos pacientes. 2 BREVES ASPECTOS DA ENFERMAGEM A princípio, antes de discorrer acerca das questões cruciais sobre a temática levantada, é importante abordar os aspectos sucintos da enfermagem, tendo em conta a sua evolução histórica e a sua conceptualização. Assim, na antiguidade, os cuidados de saúde desenvolveram-se para a sobrevivência, desenvolvendo-se na organização social de coexistência e civilização, dentro da unidade funcional, bem como no âmbito comunitário formado pelo acampamento e por grutas. Assim, pode-se dizer que a sociedade iniciou um processo gradual de estruturação social e complexidade (PADILHA, 2020). 4 Segundo Cunha e Liberatori: Nas civilizações antigas, acreditava-se amplamente que a doença vinha de causas espirituais ou sobrenaturais, como a influência de espíritos malignos [...]. Os papéis de médicos e enfermeiros eram separados e distintos quando se trata de tratar e cuidar de pacientes. Os médicos eram conhecidos como curandeiros, onde tratavam as doenças por meio de rituais [...]. A enfermagem, por outro lado, era a mãe, cuidando de toda a família durante qualquer doença, garantindo assim os cuidados físicos e aplicando medicamentos derivados de plantas e esse papel de cuidar, que é dado pelo profissional enfermeiro, perdura até hoje (CUNHA; LIBERATORI, 2021). A enfermagem é praticada há séculos sem qualquer natureza científica, baseada inteiramente na experiência de mães, padres, terapeutas e religiosos. Somente entreos séculos XIII e XVI foi possível notar a evolução das práticas de saúde devido ao progresso social e da retomada científica (SANTOS, 2022). No entanto, a enfermagem atual tem sua origem nas referências da enfermeira inglesa Florence Nightingale, que fundou uma escola de enfermagem com fundamento em livros de caráter autoral acerca do atendimento de saúde, bem como sobre a instrução da enfermagem (NIGHTINGALE, 2022). De acordo com Paiva: Embora o treinamento e a prática de cuidar dos feridos e doentes já existiam antes de Florence Nightingale, porém sua forte personalidade, visão e habilidades organizacionais práticas conseguiram fornece uma base sólida e técnica para enfermagem, ensinando princípios e alta ética que dão vida à enfermagem. Especializa-se e cria possibilidades até então inimagináveis (PAIVA, 2022). Sendo assim, a profissão de enfermagem deixou de ser uma atividade de natureza empírica, desvinculada do saber científico, passando a ser uma ocupação remunerada, destinada a suprir as necessidades de mão de obra das instituições hospitalares e representa uma prática social organizada e diferenciada (LIMA, 2020). É importante ressaltar que a enfermagem pode ser definida como a prática de cuidar, zelar e do assistir, mas apresentá-la de forma simplista é complexo. Isso se deve a virtude da variada gama de conceitos. No entanto, a principal definição é que a 5 enfermagem é uma profissão dedicada ao cuidado e assistência de indivíduos, famílias e da sociedade, com o objetivo de restaurar e manter a saúde humana (DUARTE, 2022). Conforme Maciel: A enfermagem é a ciência e a arte de ajudar o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, educando-as independentemente dessa assistência; restaurar, manter e melhorar a sua saúde, que depende da colaboração com outros grupos profissionais (MACIEL, 2021). Assim, desde a antiguidade, a enfermagem tem sido uma atividade não monetária, um esforço construtivo caracterizado pela implementação rápida e eficaz de padrões de cuidado baseados em funções e procedimentos e sujeitos a uma disciplina rigorosa (BENEDET, 2020). 2.1 UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA – UTI Diante do foi abordado anteriormente, a enfermagem moderna beneficiou para um aumento na produção de pesquisas voltadas para a implementação de cuidados baseados em evidências. Naturalmente, é cada vez mais comum os incentivos aos enfermeiros são cada vez mais encorajados a buscar compreender os aspectos científicos e realizar pesquisas em uma variedade de cenários de prática profissional que vão além das habilidades técnicas. Portanto, para possibilitar um cuidado eficaz, é importante não apenas a qualificação e treinamento especial dos profissionais, mas também os enfermeiros e membros de sua equipe adequados para garantir um nível aceitável de cuidado (ROCHA, 2021). Tal circunstância pode ser comprovada pela criação das Unidades de Terapia Intensiva, também conhecidas como UTIs, arquitetadas com fundamento nas ações de Florence Nightingale, conforme explanado por Goulart: A unidade de terapia intensiva (UTI) foi perfeitamente projetada com base nas ações de Florence Nightingale. No ano de 1954 sucedeu a guerra da Criméia no qual Inglaterra, França e Turquia anunciaram guerra à Rússia, muitos soldados foram contaminados e vinham à óbito pelas condições precárias. No entanto, a taxa de mortalidade diminuiu com intervenções de enfermagem mais complexas e especializadas, ou seja, categorizadas por gravidade, quanto mais grave for a abordagem de cuidados e acompanhamento contínuos monitorados pela a enfermagem (GOULART, 2020). 6 Embora seja um processo difícil, por meio dessas medidas é possível iniciar um processo humanizado diante de todas as ocorrências, com o objetivo de prestar atendimento humanizado aos acometidos pela doença, e assim desenvolver a unidade hospitalar (ÁVILA, 2021). Segundo Alves (2021), é adequado mencionar que quando se trata de recursos humanos em UTI, é necessário incluir a função do enfermeiro na equipa médica, uma vez que, de acordo com o estabelecido no n. º 1 do artigo 11.º, cabe exclusivamente a este especialista “a prestação de cuidados diretos a doentes graves com risco de vida”. Lei 798/1986, habilitação competente em matéria de regulamentação do exercício da enfermagem. Lima et al. (2021), definem a UTI da seguinte forma: [...] é um ambiente destinado a auxiliar pacientes críticos e instáveis, geralmente situado em ambiente hospitalar, considerado muito avançado por possuir tecnologia de ponta e equipamentos informatizados, para intervenção rápida, agressiva e entre a vida e a morte e muitas vezes a morte é iminente (LIMA et al., 2021). Desse modo, a unidade de cuidados intensivos consiste num ambiente dotado de unidades de última tecnologia, especialmente concebidas para doentes que requerem cuidados complexos e monitorização contínua. Caracteriza-se como um local desfavorável com alarmes e iluminação constantes, incluindo a realização de procedimentos invasivos e movimentação vigorosa dos profissionais (CORRÊA, 2021). Decerto as UTIs são constantemente memoráveis Sem dúvida, as unidades de cuidados intensivos serão sempre memoráveis, não só pelos diferentes serviços que prestam com equipamentos específicos, mas também pelo comportamento ímpar das equipas especializadas. Ou seja, os recursos humanos utilizados proporcionam ao paciente e sua família uma sensação de segurança e suporte emocional (ROCHA, 2021). Todavia, o aludido ambiente frequentemente é estigmatizado, acarretando concepções incertas sobre o cuidado e atitudes da equipe. Além disso, a unidade de terapia intensiva é vista como um local de mitos, sentimentos e emoções conflitantes, como ansiedade, dor, medo, depressão, angústia, alívio e luto. Incerteza se entre pacientes, familiares ou profissionais (ÁVILA, 2021). 7 Sendo assim, em razão da complexidade existente nas UTIs, é necessária a posição ideal dos enfermeiros e a sua qualificação para tomar decisões rápidas e imediatas (ALVES, 2021). 2.2 PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA Primeiramente, cabe destacar que o potencial de contaminação relacionada à saúde existe em diversos espaços hospitalares. Dentre elas, pode-se citar a UTI, que é considerada uma área de exposição a determinados eventos adversos (ROSA et al., 2021). Diante disso, a pneumonia associada à ventilação mecânica (muitas vezes referida pelas siglas PAV ou PAVM) é, sem dúvida, uma das condições mais comuns nesse cenário. Nesse sentido, Dias afirma que: A pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV) é a segunda infecção mais frequente em UTIs. Sua importância clínica decorre, além de sua frequência, da mortalidade associada e dos altos custos associados ao maior tempo de internação na UTI e ao uso de antimicrobianos. (DIAS, 2022). Por outro lado, de acordo com o Portal Proqualis associado ao ICICT/Fiocruz, a PAV é uma das principais causas de morbimortalidade em UTI, pois sua incidência varia amplamente, afetando tipicamente entre 6% e 52% dos pacientes intubados, de acordo com Fatos sobre seus riscos. Em geral, deve-se notar que a PAV está associada a até 30% de mortalidade (LEITE, 2020). Portanto, embora a intubação endotraqueal e a ventilação mecânica sejam tratamentos amplamente utilizados na UTI e possam salvar a vida de pacientes gravemente enfermos, eles também podem causar danos ao paciente (TRINDADE, 2020). A título de curiosidade, segundo a Classificação Internacional de Doenças - CID10, a pneumonia consiste em uma doença respiratória aguda multifatorial que acomete o parênquima pulmonar e assim desenvolve um processo inflamatório infeccioso (ÁVILA, 2021). 8 Destaca-se que os principais agentes desencadeadores são de cunho bacteriano e viral (COSTA; et al., 2016). No que tange à PAV, Teixeira e Silva aduzem:Essas infecções são consideradas mais graves na UTI, onde são tratados pacientes em suporte intensivo de vida. Nesse cenário, os pacientes apresentam maior risco de infecção devido às suas condições clínicas e à diversidade de procedimentos invasivos realizados rotineiramente. (TEIXEIRA; SILVA, 2021, p. 2). Os respectivos quadros referem-se, portanto, a pneumonia adquirida em hospital, apresentando-se geralmente após 48 a 72 horas, caracterizada por infecção do parênquima pulmonar, atingindo os bronquíolos e alvéolos respiratórios, resultando em troca gasosa prejudicada (PEREIRA, 2020). Há o entendimento de que a aspiração de organismos patógenos da orofaringe constitua o evento desencadeador na maioria dos quadros de PAV, tendo como patógenos mais comuns os bacilos aeróbios Gram-negativos (PIROLA, 2020). Figura 1 Esquematização da pneumonia associada à ventilação mecânica Fonte: Pear, Stoessel e Shoemake (2007, p. 9) (adaptação). Desse modo, é possível observar que a presença do tubo endotraqueal, pode ser apontada como um eventual importante fator de risco, haja vista que o mesmo deteriora as defesas do hospedeiro, permitindo com que as partículas inaladas possuam acesso às vias aéreas inferiores (DIAS, 2022). 9 3 AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA A PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA Considerando o uso de intervenção para auxiliar na recuperação respiratória de paciente crítico, compreende-se que aquele sob ventilação mecânica encontra-se vulnerável. Isso porque, a barreira de proteção fisiológica do organismo foi violada pela inserção do tubo endotraqueal, facilitando a colonização por parte de microrganismos e a aspiração de secreções contaminadas, o que possibilita a retenção de secreção no espaço subglótico. Em decorrência disso, torna-se de extrema necessidade a realização de uma abordagem acerca da importância da percepção da enfermagem no que diz respeito à pneumonia associada à ventilação mecânica. Nesse sentido, Da Silva Lima aduz: [...] há necessidade de provocar reflexões nos enfermeiros que atuam em UTIs, no sentido de explicitar a singularidade do seu trabalho nesses cenários, cuja complexidade repercute em uma dinâmica diferenciada articulando trabalho assistencial e gerencial no cuidado a pacientes críticos em UTIs (DA SILVA LIMA, 2020). Ressalta-se que as intervenções para prevenção da PAV são realizadas por equipe de enfermagem, que participa ativamente do cuidado quando planeja, implementa, atribui, treina a equipe e o usuário, se expressa com outros profissionais, antecipa e disponibiliza recursos. Nesse sentido, o enfermeiro consiste em um dos profissionais mais responsáveis pela organização do ambiente, a partir de sua competência (CARDOSO, 2021). É importante ressaltar que existem muitas medidas preventivas de PAV que a equipe de enfermagem pode adotar, mas entre as cinco principais medidas preventivas vale destacar: a) a higienização das mãos; b) o posicionamento do paciente; c) a higiene oral; d) a atenção com o circuito do ventilador mecânico; e) a aspiração endotraqueal (DA COSTA SOUSA, 2021). A limpeza promovida pela ação mecânica através de uma escova com sucção (Power Clean®) e química com uso de gel de digluconato de clorexidina 0,12%, sendo a higienização finalizada pela lubrificação dos lábios com AGE (ácidos graxos essenciais – óleo de girassol). O procedimento deveria ocorrer de 12 em 12 horas somente em pacientes que se encontravam entubados e sob ventilação mecânica que preconizaram limpeza bucal 10 diária com escova ou swab em pacientes entubados. Para os autores, solução salina ou clorexidina devem ser utilizadas como agentes de limpeza, seguida por remoção com sucção e lubrificação dos lábios (BARROS et al., 2022). No que tange à higienização das mãos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, por meio da Nota Técnica nº 01/2018, a qual versa sobre orientações gerais acerca da higiene das mãos em serviços de saúde, aduz: [...] as mãos devem ser higienizadas com o produto apropriado em momentos essenciais e necessários, ou seja, nos cinco momentos para a higiene das mãos, de acordo com o fluxo de cuidados assistenciais para a prevenção das IRAS causadas por transmissão cruzada pelas mãos: antes de tocar o paciente; antes de realizar procedimento limpo/asséptico; após risco de exposição a fluidos corporais; após tocar o paciente e após contato com superfícies próximas ao paciente (PINHO et al., 2021). Dessa forma, embora tal atitude não seja uma medida aderida com frequência por parte considerável dos profissionais, a higienização das mãos constitui uma medida simples, porém essencial para evitar a PAV. Caso seja recomendado, outro cuidado necessário seria o posicionamento do paciente, indicando-se a elevação da cabeceira entre 30 a 45º, com a finalidade de reduzir a ameaça de broncoaspiração e, consequentemente, diminuir a possibilidade de infecção da via aérea inferior (PINHO et al., 2021). De acordo com Bráz: São contraindicações de manutenção da cabeceira superior a 30° as lesões de decúbito, a hemodiálise, a terapia de substituição renal contínua, o balão intra-aórtico, os procedimentos de emergência, a hipotensão, a monitorização hemodinâmica e o processo pós-operatório, a instabilidade pélvica ou da coluna ou em paciente em cuidados paliativos em razão da terminalidade (BRÁZ, 2022). Outro aspecto significativo para evitar a infecção diz respeito à atenção com o circuito do ventilador mecânico, pois a manutenção da trajetória sem condensação de líquido ou sujeira. Assim, a equipe de enfermagem deve averiguar e retirar tais líquidos e objetos estranhos presentes no circuito, lembrando que nesse último caso, é indicada a sua troca (SANTOS, 2022). 11 A mensuração da pressão de cuff deve ser medida como rotina hospitalar onde o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica recomenda que sejam usados valores entre 25 a 34 cmH2O (18 a 25 mmHg) ou entre 20 e 30 cmH2O (15 a 22 mmHg) devendo ser monitorada ao longo do tempo pelos os profissionais de enfermagem, a vigilância das pressões de cuff como uma forma de prevenção as possíveis complicações. As maiores complicações mais frequentes que são causadas pelo balonete são laringite, edema de glote, lesões de mucosa, estenose ou obstrução da traqueia, intubação traqueal inadvertida e fístula do tronco de artéria inominada (DA SILVA LIMA, 2020). Por fim, a aspiração endotraqueal também se apresenta como uma aliada na prevenção da PAV, pois através dela há o propósito de manter as vias aéreas acessíveis, por meio da extração mecânica de secreções pulmonares reunidas. No entanto, ressalta-se que o presente procedimento deve ser realizado de maneira adequada e sob técnica estéril, haja vista que a sua prática de forma inadequada pode desencadear complicações como a própria PAV (PINHO et al., 2021). Nesse sentido, objetivando interromper a infusão da sedação, é que se institui na UTI o despertar diário, que é definido como a interrupção diária da sedação, por um período de tempo a cada dia, que tem por finalidade avaliar a indicação de sedação e diminuir o acumulo de fármaco sistêmico, o que permitirá que o paciente fique mais alerta, proporcionando a oportunidade de realizar o desmane precoce da ventilação, contribuindo para minimizar as complicações relacionadas a essa terapêutica (BARBOSA, 2020). Diante da análise das respectivas medidas que podem ser adotadas pela equipe de enfermagem com a finalidade de prevenir a ocorrência da PAV, é possível observar que a assistência de enfermagem se apresenta como um instrumento importante no combate à referida infecção (DURVAL ALVES, 2022). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa buscou realizar uma abordagem acerca da pneumonia associada à ventilação mecânica com abordagem do cuidador e, portanto,questionar a importância da atuação da equipe de saúde na prevenção das infecções mencionadas. 12 Com base aquilo que foi exposto no decorrer da pesquisa, a avaliação concluiu que o ambiente de terapia intensiva é projetado para cuidar de pacientes criticamente instáveis que requerem cuidados e atenção constantes. No entanto, no referido local é muito comum a incidência de infecções, sendo a principal delas a pneumonia associada à ventilação mecânica, que se caracteriza por contaminação do parênquima pulmonar, atingindo aos bronquíolos respiratórios e alvéolos bem como resultando na precarização das trocas gasosas. Vale ressaltar que a prevenção da PAV é realizada por equipe multiprofissional, principalmente pela equipe de enfermagem, a qual fica responsável pelo cuidado e atenção contínua para com o paciente. É importante ressaltar que o enfermeiro pode se beneficiar de várias medidas voltadas para a proteção do paciente da PAV, sendo as mais importantes: higiene das mãos, postura do paciente, higiene bucal, atenção aos circuitos ventilatórios e aspiração traqueal. Diante desses aspectos, a atenção tem se mostrado importante no uso racional da PAV quando essas medidas são tomadas, uma vez que a prevenção de fatores de risco modificáveis para as referidas condições requer pessoal qualificado ao paciente, geralmente para a recuperação do paciente com cuidado especial. REFERÊNCIAS ACCIOLY, Soraia; SANTINI, Jussara Oliveira; AZEVEDO, Leila. Prevenção de Infecção do Trato Respiratório (ITR). Revista Científica Hospital Santa Izabel, v. 5, n. 2, p. 112-118, 2021. ÁVILA, Maria Luiza da Rosa de. Condutas dos profissionais das técnicas radiológicas no atendimento humanizado do usuário da saúde em um centro de referência em tratamentos radioterápicos. 2021. BARISON, Giovana Behenck; MACHADO, Valmir Soares. O processo de humanização e o profissional de enfermagem em uti neonatal: revisão integrativa. RECIMA21- Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 3, n. 9, p. e391985-e391985, 2022. BARBOSA, Taís Pagliuco et al. 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