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FICHAMENTO Dussel, E. 1942; O encobrimento do Outro: a origem do mito da modernidade: Conferências de Frankfurt / Enrique Dussel; tradução Jaime A. Clasen – Petrópolis, RJ. Vozes, 1993, p. 17 - 26. Társis Moitinho Menezes Sena Ao tratar sobre o nascimento da modernidade com relação ao Eurocentrismo, Enrique Dussel, apresenta uma crítica ao modo ao qual o mito foi desenvolvido e as correntes filosóficas que corroboraram com a imposição eurocentrista ao resto do mundo. Ele recorre a teóricos eurocêntricos como Hegel, Kant e Habermas, que teorizam a Europa como norma para medir todas as outras civilizações através de uma razão imperialista, mas sobretudo divina. Em um primeiro momento, Dussel, faz uma breve crítica ao significado de Ilustração que foi definida pelo filósofo alemão, Immanuel Kant, que atribui a falta de desenvolvimento aos aspectos de comodismo do ser-humano, como a preguiça e a covardia, aspectos estes, que impedem que civilizações fora da Europa alcance uma nova forma desenvolvida de ser, dentro dos parâmetros europeus. Logo depois, Dussel apresenta críticas extensas ao também filósofo alemão Hegel, que em sua ontologia, aborda a Europa como um caminho final da maturidade desenvolvimentista, sendo esta, a própria realização de Deus, diante ao qual, a Europa se apresenta como o final da história Universal e, portanto, modelo para o mundo. E que embora o conceito de construção do mundo, aconteça em um movimento Leste-Oeste, com um começo na Ásia, esta, ainda vive em um estado de imaturidade e fraqueza, impossível de evoluir aos parâmetros europeus por si só. Dentro desta lógica desenvolvimentista, a América Latina e a África ficam de fora, primeiro porque a América era recém “descoberta” e enquanto nova civilização, nada contribuiria, e a África, por causa de uma estruturação racista e segregadora, a ponto de ser descaracterizada até de espírito e história. Essa imposição naturalista que defende Hegel, alimenta um ego imperialista, que justifica a violência e imposições que seriam parte constituintes da modernidade. Em outro momento, Hegel, traz uma perspectiva ainda mais elitizada do Norte Europeu Ocidental, em especial da Alemanha, Dinamarca, França e os países escandinavos, estes estariam no topo do desenvolvimento consciente, deveriam servir de modelo e não só, deveriam fornecer ao mundo os princípios que os norteavam, principalmente o princípio cristão. Dussel, atenta para como existe um paralelismo entre a lógica eurocêntrica e o arranjo ao qual começa a se construir uma retórica do início da modernidade, principalmente no advento da reforma luterana e da Revolução Francesa. Dussel, teoriza que este direito absoluto que é visto na Europa, sob justificativas de um desenvolvimento pleno, que caracteriza um direito de subjugar e violentar outro povo não europeu, principalmente enquanto conquistador e colonizador, é o que define de fato o Eurocentrismo, que concede poderes até divinos para legitimar a violência extrema em nome de uma posição superior, que de forma cruel cria as divisões geopolíticas, como colonizador e colonizado, centro e periferia. Para corroborar com a visão de Hegel, Dussel visita Habermas, também filósofo alemão, que assim como Hegel, acredita na vocação inata da Europa como Centro de referência e imposição de desenvolvimento. Mas, ao contrário dos referidos que descartam a Espanha enquanto parte dessa Europa desenvolvida, que não criou em si um espírito absoluto de direito; Dussel aponta que a Espanha, em 1492 e por consequência, a América latina, tornam-se partes constituintes da Modernidade, e não só são partes, como a Espanha põe em prática a ideia do ego eurocentrista, atuando como um desenvolvimentista, através da imposição da violência, dominação e colonização. Por fim, Dussel, nos apresenta uma ideia de que somente quando a Europa, pôde de fato confrontar-se com o outro, com o não europeu, e impor-se enquanto colonizador de maneira violenta e controladora, é que pôde ser observar a lógica eurocêntrica em ação. E que, portanto, o mito da Modernidade, é construído através de uma falsa falácia eurocêntrica desenvolvimentista, mas que se impõe através da dominação e do medo, de forma extremamente violenta.
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