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HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Manifestações clínico laboratoriais das glomerulopatias na infância SÍNDROME NEFRÓTICA A síndrome nefrótica não é uma doença glomerular específica, mas sim um conjunto de manifestações clínicas resultantes do aumento da permeabilidade glomerular e da perda de proteínas na urina, ou seja, lesão na barreira de filtração glomerular (podócitos, membrana basal glomerular e endotélio fenestrado). A síndrome nefrótica caracteriza-se por proteinúria maciça (>3,5g/dia) e lipidúria (gordura livre, corpúsculos ovais ou cilindros gordurosos) com hipoalbuminemia (<3gdL), edema generalizado e hiperlipidemia (colesterol >300mg/dL) associados. A síndrome nefrótica possui diversas causas que partilham a mesma fisiopatologia, um desarranjo nas paredes capilares dos glomérulos que resulta em maior permeabilidade às proteínas plasmáticas = possibilita que proteínas saiam do plasma e entrem no filtrado glomerular. O aumento da permeabilidade da membrana basal glomerular (MBG) pode resultar de alterações estruturais ou físico-químicas na própria MBG = proteinúria intensa ou de longa duração, a albumina sérica é reduzida, dando origem à hipoalbuminemia e uma redução na pressão coloidosmótica plasmática, que por sua vez causa extravasamento de fluido a partir do sangue para os tecidos intesticiais. A diminuição no volume intravascular e no fluxo sanguíneo renal desencadeia aumento na liberação de renina pelas células justaglomerulares renais, sendo assim, ela estimula o eixo angiotensina-aldosterona, que promove a retenção de sal e água pelo rim , além disso, há redução na secreção dos fatores natriuréticos. Assim, a proteinúria contínua e a retenção agrava ainda mais o edema, podendo levar ao edema generalizado (anasarca). No início, há pouca ou nenhuma azotemia, hematúria ou hipertensão. Os pacientes com síndrome nefrótica podem ter dispneia causada por edema pulmonar, derrames pleurais e compressão diafragmática pela ascite. A hipoalbuminemia, provavelmente, desencadeia o aumento da síntese de lipoproteínas no fígado, ou a proteinúria maciça causa a perda do inibidor da sua síntese. A hiperlipidemia nos pacientes com nefrose caracteriza-se por níveis altos de triglicerídeos e LDL. Os níveis de HDL geralmente estão normais. Assim, é mais provável que pacientes com síndrome nefrótica desenvolvam aterosclerose. A maior parte das proteínas perdidas na urina é a albumina, ainda que globulinas também sejam perdidas, assim, os pacientes com nefrose podem ser suscetíveis às infecções, principalmente as causadas por estafilococos e pneumococos. As anormalidades glomerulares com a nefrose podem ser primárias ou secundárias às alterações causadas por doenças sistêmicas como diabetes melito e LES. As lesões glomerulares primárias mais importantes que caracteristicamente causam a síndrome nefrótica são a glomerulosclerose segmentar focal (+ importante nos adultos) e a doença de lesões mínimas (+ importante em crianças), nefropatia membranosa e a glomerulonefrite membranoproliferativa. LESÃO MÍNIMA Corresponde 70-90% dos casos pediátricos. Microscopia óptica: glomérulos aparemente normais; Imunofluorescência: negativa, em raros casos pode haver IgM; Microscopia eletrônica: fusão dos processos podais. Geralmente respondem aos corticosteroides, exacerbações em 60- 75% dos casos, 50% destes tornam-se cortico-dependentes. GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAL E FOCAL (GESF) Corresponde 10-15% dos casos na infância; Lesão inespecífica primária ou secundária; GESF primária: Alta taxa de evolução para doença renal terminal; RESUMINDO NAS CRIANÇAS IREMOS ENCONTRAR Proteinúria maciça (>50mg/kg/dia ou 40mg/m2/h) Edema Hipoalbuminemia (albumina <2,5g/dl) Hiperlipidemia e lipidúria HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Maior taxa de corticoresistência MO: esclerose segmentar no glomérulo e focal no rim, inicialmente na região justamedular, colapso do capilar glomerular, aumento da matriz mesangial e adesão do tufo glomerular à cápsula de Bowman. GESF secundária: estágio final em situações de hiperfiltração glomerular, hipertensão intraglomerular, perda progressiva de nefrons, nefrotoxicidade, doenças metabólicas dentre outras. QUADRO CLÍNICO EDEMA: Insidioso, matutino e periorbitário e bilateral; Ao transcorrer do dia pode generalizar (anasarca); Mole, frio, depressível, sujeito a gravidade; Aumento súbito de peso; Ascite; Derrame pleural; Edema genital (vulva e bolsa escrotal); Desconforto respiratório. Redução do volume urinário; Urina espumosa e escura; Hematúria macroscópica é rara; Inapetência (perda de apetite); Distúrbios gastrointestinais; Febre: infecção respiratória, celulite e peritonite bacteriana espontânea. Proteinúria e edema podem ser precipitados por infecções virais e quadros alérgicos = gatilho!! DIAGNÓSTICO Abordagem inicial: Caracterização da síndrome; Avaliação da gravidade; Verificação da função renal; Aferição de PA; Investigar complicações bacterianas; Investigar alterações metabólicas; Investigar distúrbios da coagulação; Exames solicitados: EAS; Urina de 24h; Relação proteína/creatinina; Fração de excreção de sódio FENa; Bioquímica sérica: albumina, U, Cr, Na, K, Ca total, Cai, Mg, P, gaso venosa, ácido úrico, colesterol total, LDL, HDL, , triglicérides, glicemia de jejum, Hba1C. Hemograma completo Complemento sérico: C3, C4, Anti-DNA dupla hélice Sorologias: Heptatite B,C, HIV, CMV, Epstein EBV, Sífilis, Toxoplasmose, Dengue. EPF: kato-katz Biopsia renal: Córtico-resistência (mais comum!); Suspeita de etiologia secundária; Piora da função renal em crianças usando ciclosporina; Córtico-dependência com necessidade de altas doses de corticoide. SÍNDROME NEFRÍTICA A síndrome nefrítica aguda é o correspondente clínico da inflamação glomerular aguda. = inflamação do tufo glomerular, hematúria dismórfica, hipertensão arterial e proteinúria subnefrótica e edema. É causada por processos inflamatórios que OBSTRUEM OS LÚMENS DOS CAPILARES GLOMERULARES E LESAM A PAREDE CAPILAR. As síndromes nefríticas agudas se manifestam classicamente com hipertensão, hematúria, cilindros hemáticos, piúria e proteinúria leve a moderada. O dano inflamatório extenso dos glomérulos causa uma queda da TFG e, por fim, produz sintomas urêmicos, com retenção de sal e água, resultando em edema e hipertensão. RESUMINDO: As síndromes nefríticas é uma inflamação glomerular, caracterizada por perda abrupta da superfície de ultrafiltração, com diminuição da excreção de pequenos solutos, diminuição do fluxo urinário e DIMINUIÇÃO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR, mecanismos que se manifestam com edema moderado, disfunção renal e hipertensão. Além disso, A RUPTURA DAS ALÇAS GLOMERULARES faz com que haja hematúria (presença de hemácias dismórficas ou cilindros hemáticos). Por fim, ocorre um AUMENTO MODERADO NA PERMEABILIDADE GLOMERULAR a macromoléculas o que gera uma proteinúria moderada. As glomerulonefrites podem ser primárias ou secundárias (maior mortalidade = LES, vasculite, endocardite, etc). Além disso, é a 3ª maior causa de DRC no Brasil. A síndrome nefrítica aguda pode ocorrer com doenças sistêmicas como o LES. Entretanto, nos casos típicos, essa HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período síndrome está associada às glomerulonefrites proliferativas agudas, inclusive glomerulonefrite pós-infecciosa. Ou seja, a síndrome nefrítica pode surgir em associaçãocom algumas doenças, como: Glomerulonefrite associada a infecções (infecções estreptocócicas, endocardites e abscessos); Nefropatia por IgA (é a causa mais comum dessa síndrome); Glomerulonefrite membranoproliferativa; Nefrite lúpica; Glomerulonefrite associada a vasculites renais; Glomerulonefrite por crioglobulinemia (infecção pelo vírus C da hepatite). GLOMERULONEFRITE DIFUDA AGUDA PÓS-INFECCIOSA Em geral, ocorre depois da infecção por algumas cepas de estreptococos β-hemolíticos do grupo A, e é causada pela deposição de imunocomplexos de anticorpo e antígenos bacterianos. Algumas cepas do EBA são mais propensas por terem antígenos nefritogênicos: Orofaringe: 12, 18 e 25 Pele: 2, 49, 55 Pode também ocorrer depois de infecções por outros microrganismos, como estafilococos, vírus da hepatite B e vários parasitas. A glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) pós-estreptocócica (a mais comum = GNPE) acomete mais sexo masculino, com idade variando entre 6-8 anos, podendo, no entanto, incidir em qualquer faixa etária. QUADRO CLÍNICO A GNDA pós-estreptocócica ocorre aproximadamente 1-2 semanas após um quadro de faringite ou 3-5 semanas após um piodermite (impetigo). Após o período de latência a clínica é variável: apenas hematúria microscópica até quadros graves com edema, hematúria macro, HAS e comprometimento da função renal. Edema: peripalpebral, matutino, súbito. Hematúria: todas as crianças! (macroscópica 70% microscópica 30%). Hipertensão arterial sistêmica: 80-90% casos. A urina é frequentemente escura, descrita como “enferrujada”. Oligúria moderada. Palidez. ALTERAÇÕES LABORATORIAIS URINA: Hematúria e hemoglobinúria (praticamente todos os casos); Hemácias dismórficas; Cilindros hemáticos; Proteinúria em graus variados; SANGUE: U e Cr indicam a gravidade da doença; Anemia normo-normo (dilucional); Na: hiponatremia devido à hemodiluição; K: hipercalemia; CONFIRMAÇÃO ESTREPTOCÓCICA: ASLO (anticorpo anti-estreptolisina): eleva 2 semanas após infecção; Anti-hialuronidase: 95%; Anti DNase: mais elevado nas piodermites. QUEDA NO COMPLEMENTO: O sistema complemento é constituído por uma “cascata” enzimática que ajuda na defesa contra infecções. Redução de C3 e CH50: 90% casos. Se ficar baixo >8 semanas deve realizar biopsia. C4 normal!!! A gravidade da GNDAPE não se correlaciona com a queda do complemento. Persistência da queda do complemento: glomerulonefrite crônica, GN membranoproliferativa ou nefrite lúpica. Para o diagnóstico devem ser preenchidos os seguintes critérios: Hematúria macro e micro; Dismorfismo eritrocitário; Cilindros hemáticos; Proteinúria em graus variados; ASLO; Anti DNase; Queda de C3 e CH50 com C4 normal.
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