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GESTÃO DE MULTICANAIS – OMNICHANNEL AULA 3 Prof. Eduardo Lachowski 2 CONVERSA INICIAL Nós, consumidores, estamos constantemente mudando nossos comportamentos de consumo, com base nas diversas formas como agimos quando pesquisamos, provamos, compramos, recebemos e devolvemos algum produto. Para as empresas que vendem, a busca por novas tecnologias e práticas faz com que muitas delas passem a optar por trabalhar com os padrões de atendimento praticados no omnichannel, assegurando assim se que fazem o mínimo para continuarem competitivas dentro de um mercado disputado e dinâmico. Nesta aula, vamos abordar as principais ações que precisam ser executadas para que as empresas consigam integrar seus canais de vendas. Veremos como o consumidor, que é a peça-chave do processo, interfere nessas mudanças. Veremos também como a jornada de compra se caracteriza no omnichannel, e porque o pós venda vem ganhando mais importância nas vendas online e offline. CONTEXTUALIZANDO Para um consumidor omnichannel, é muito fácil, com poucos cliques em um smartphone, pesquisar no Google o preço, o frete e o prazo de entrega de algum produto, e em poucos minutos definir qual é o melhor fornecedor para as suas necessidades. Porém, por outro lado, precisamos entender que, para a empresa que foi eleita para atender esse consumidor, vários esforços foram feitos em busca da melhor forma de atender o cliente. Leia a matéria a seguir sobre como as empresas vêm buscando soluções para atender cada vez mais (e melhor) as compras no e-commerce: 88% dos brasileiros compram online e dão preferência para roupas, alimentos e eletrodomésticos Em média, 82% das pessoas na América Latina compraram online desde o início da pandemia, segundo estudo realizado pelo IDC e encomendado pela Infobip. O Brasil está no topo do ranking, tendo 88% das pessoas comprando online atualmente; a Colômbia ocupa o segundo lugar, com 79,5%. Projeta-se também que os clientes vão gastar 25% a mais em empresas que investiram em processos de transformação digital e, se adaptaram rapidamente ao novo contexto dos negócios. De acordo com a Infobip, essa adaptação se reflete na humanização da experiência digital: 70% dos novos aplicativos móveis vão se concentrar nesse processo mais confortável, ágil e personalizado aos consumidores. “As empresas devem considerar que uma estratégia omnichannel integra os pontos de contato, permitindo ao cliente ter uma experiência semelhante nos mais diversos canais de uma marca, seja na loja física, 3 e-commerce, redes sociais, chatbot, ligação ou nas interações através de aplicativos. Portanto, é necessário integrar os espaços físicos e virtuais para garantir uma melhor experiência ao cliente”, explica Craig Charles Webster, diretor de Marketing da Infobip para a América Latina. Até o final de 2021, de acordo com as previsões da análise denominada “Comunicação e acompanhamento fazem a diferença na experiência de compra do cliente”, 65% das empresas mudarão para o Digital First, o que mostra que elas estarão bem posicionadas no meio digital e podem aproveitar as oportunidades de relacionamento com os clientes por meio de operações automatizadas e experiências sem contato físico. (88% dos brasileiros..., 2021) Agora, pesquise e reflita por que razão, atualmente, os empresários precisam estar mais ativos, com um comportamento mais dinâmicos em comparação aos tempos em que as vendas on-line ainda não eram praticadas. Pense nas dificuldades que enfrentam quem há muitos anos vem trabalhando em um modelo de vendas convencional e que agora precisa transformar seus negócios. Essa situação é potencializada pela falta de conhecimento técnico de alguns que já estão no mercado há décadas, e que tendem a sofrer com a transformação digital. Hoje em dia, o mercado não tem mais espaço para amadores. TEMA 1 – TRANSFORMANDO O SEU NEGÓCIO EM OMNICHANNEL Já dizia o sábio mestre de obras: “Muitas vezes é mais fácil construir do início do que reformar”. A transformação necessária para que as empresas se tornem omnichannel muitas vezes segue o ditado. Ainda assim, começar do zero na maioria das vezes é inviável para quem já está no mercado há algum tempo, e já tem processos estabelecidos e investimentos feitos. Desse modo, vamos abordar as ações mais importantes para integrar os canais de vendas e comunicação de uma empresa. 1.1 Entenda o que é o omnichannel Parece básico, mas a realidade revela que alguns empresários vendem a imagem de que suas empresas são operações omnichannel, mas na verdade estão longe dessa realidade, até por falta de informação. É preciso, antes de tudo, entender o conceito, admitindo que, se essa é estratégia que a empresa deseja seguir, é importante garantir ao cliente um melhor atendimento, através de novas opções, considerando a integração de vários canais de vendas. 4 1.2 Desenvolva o maior número de canais possíveis Conceitualmente, se a sua empresa tem uma loja física, e estiver integrada ao site de vendas, cumprindo todos os pré-requisitos de uma operação omnichannel, você estará dentro da estratégia. Porém, é importante que você verifique a possibilidade de ampliar as opções de canais de vendas. Assim, você abre para o cliente a opção de ser atendido no canal de sua preferência. Claro que a abertura de novos canais muitas vezes requer altos investimentos. Ou, ainda, muitas vezes aquele canal não é apropriado para comercializar o seu produto. Porém, considere que algumas das opções a seguir podem estar ao seu alcance no processo de migração para o omnichannel: • Televendas • Redes Sociais • Aplicativos • Representantes externos • Marketplace • Franquias • Aplicativos de mensagens • Marketing multinível Saiba mais Veja no link a seguir como a Polishop foi uma das primeiras empresas brasileiras a praticar o omnichannel, oferecendo aos clientes diversas opções para a aquisição de produtos: A ESTRATÉGIA omnichannel da Polishop. E-Commerce Brasil, 29 set. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=N520egHdS4U>. Acesso em: 19 nov. 2021. 1.3 Integre os canais De nada adianta você seguir o passo anterior se os canais não se comunicam, de preferência com a mesma língua. A integração de canais é um dos pré-requisitos para uma estratégia omnichannel. Para auxiliar nessa empreitada, recomendamos o uso de um ERP capaz, pois somente com um programa dedicado a isso, por exemplo, você conseguirá gerenciar ações como o pick up store e ship from store, como estudamos anteriormente. 5 1.4 Equipare os preços Igualar os preços dos produtos em todos os canais talvez seja a ação que sofra mais resistência por parte de quem pensa em adotar o omnichannel. Afinal, dependendo do canal de vendas, os custos fixos são bem diferentes daqueles em outros canais, o que impacta diretamente as margens de lucro obtidas em cada um. Um caso clássico é comparar o quanto você gasta para manter uma loja física funcionando e o quanto você gasta para manter um site de vendas. Você pode chegar à conclusão de que os preços praticados nas lojas físicas precisam ser maiores, em função dos custos fixos desse tipo de canal, que são proporcionalmente maiores. Porém, mesmo com essas diferenças, a equiparação de preços é necessária, para não causar uma impressão desagradável no cliente, caso ele compre um produto em um determinado canal e posteriormente encontre o mesmo produto em outro, porém com o preço menor. A intenção do omnichannel é manter o mesmo nível de serviços em todos os canais, independentemente do quanto você vai ter que investir em cada um deles. 1.5 Mantenha a equipe informada Não são apenas os sistemas e os programas gerenciais que precisam falar a mesma língua, pois muitas vezes quem está na linha de frente com o cliente são os funcionários.Neste caso, todos devem estar atualizados de todas as mudanças efetuadas e das possibilidades criadas com a implantação do omnichannel. Situações típicas de empresas multicanais, em que o vendedor de uma loja física presta um mal atendimento a um cliente, por notar que ele comprará o produto por um canal on-line, não podem mais ocorrer. Inclusive, o recomendado é que, em casos como esse, o atendente seja comissionado caso tenha participação na venda on-line. TEMA 2 – COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR OMNICHANNEL Na época em que o varejo era apenas offline, passavam-se anos e o comportamento do consumidor se mantinha o mesmo, com a mesma forma de pesquisar, comprar, receber, reclamar e devolver. A internet veio para revolucionar e estimular esse consumidor a ficar mais exigente. Essa exigência, 6 por sua vez, é o resultado das próprias experiências que a transformação digital vem oferendo. Agora, vamos entender como esse consumidor pode ser fisgado através do seu próprio comportamento. 2.1 Exigência Você já ouviu falar que quando uma pessoa experimenta um carro com câmbio automático nunca mais vai querer dirigir um com câmbio manual? Então, assim se comporta o consumidor omnichannel na maioria das vezes: depois que se acostuma a ter um nível de experiência elevado com a prestação de serviços, não quer mais voltar a comprar com quem ainda oferece um modelo de atendimento convencional. Talvez seja por isso que a prática do omnichannel não para de crescer. Pesquisar, comparar, comprar, criticar, elogiar, receber e devolver por um determinado canal, da mesma forma como faz em qualquer outro, passou a fazer parte do comportamento do consumidor. Desse modo, quando ele se depara com quem não oferece esse serviço, a chance de ser conquistado é bem menor. 2.2 Infidelidade Muitos consumidores pesquisam no canal on-line e compram no offline, mas outros fazem exatamente o contrário. Fidelidade é uma palavra que está praticamente fora do vocabulário do consumidor. Assim, as empresas lutam com as suas estratégias para aumentar os índices de retenção de clientes, e não mais de fidelização. Quando você acha que tal consumidor é fiel a alguma marca, trata-se possivelmente de um comportamento temporário, pois ele passará a comprar com outra empresa que lhe oferece mais vantagens. Entre elas, além do preço, atualmente os prazos e valores de entrega têm um peso enorme na decisão. 2.3 Sempre conectado É bem verdade que, entre os jovens, os índices são bem maiores, até por uma questão de adaptação às novas tecnologias, como os smartphones, mas o fato é que o consumidor omnichannel não tem idade, e está sempre conectado com as novas alternativas à disposição. 7 Leia a matéria a seguir e veja como ele se comporta na utilização de vários canais de pesquisa, e como as redes sociais têm impactado esse aspecto: Ele está conectado o tempo todo Segundo os dados levantados no estudo Webshoppers, da E- bit/Nielsen, em 2018 o brasileiro visitou, em média, 8 canais diferentes para fazer as suas compras ao longo do ano. Uma jornada de compra mais complexa significa que ele está mais conectado, fazendo uso, por exemplo, das Redes Sociais para se manter informado e compartilhar informações. A edição de 2019 do Social Trends indica que 96,2% dos usuários de internet mantêm perfis nesses canais. Em relação ao estudo de 2018, houve um acréscimo de 18,2%. Entre as empresas, a pesquisa mostra que a maioria já entendeu a relevância de usar as redes sociais em suas estratégias de vendas e de marketing: 53% indicam a divulgação da marca como o principal motivo para a marca estar nas redes sociais; 44,2% citam o engajamento da audiência como mais relevante; 38,1% apontam aumento de vendas e no número de clientes; 35% fizeram referência ao aumento de tráfego no site/blog. (Tire suas dúvidas..., 2019) 2.4 Nem sempre a escolha é o preço É óbvio que, quando falamos nos 4 Ps do marketing, o preço acaba se sobressaindo, na maioria das vezes, quando o assunto é a decisão de compra. Porém, esse comportamento vem perdendo força quando falamos do consumidor omnichannel, que em muitas situações prefere pagar um pouco mais para ter benefícios como facilidade e rapidez. E tem mais: a ideia de que ele opta por compras on-line pela possibilidade de encontrar produtos mais baratos é descartada quando, muitas vezes, a loja física é a escolhida em função da necessidade de ver e tocar o produto, da pressa em receber o produto, ou ainda por conta da própria desconfiança que ainda paira sobre algumas operações on- line. Nesses casos, as lojas on-line têm um papel fundamental como fonte de pesquisa e fortalecimento da marca. 2.5 A comunicação tem que ser fácil Se quiser perder um cliente omnichannel, ofereça burocracia nos canais de comunicação. Preencher formulários gigantescos, solicitar logins e senhas mirabolantes, buscar informações como número do pedido ou número da nota fiscal nos históricos de e-mail e de compras, ou qualquer outra informação que não seja monitorada pela plataforma, acaba afastando o consumidor omnichannel. A sua expectativa é que todas as dúvidas sejam tiradas em pouco 8 tempo, através de um chat on-line, pelo WhatsApp ou qualquer outra maneira simples e rápida. Se for para oferecer um chatbot, que ele seja bem programado, capaz de responder à maioria das dúvidas, do contrário o tiro poderá sair pela culatra. 2.6 Ele quer ser conhecido Se você pensa em utilizar as velhas plataformas de disparo de e-mail marketing para enviar uma mensagem de parabéns no dia do aniversário do cliente, aproveitando para mostrar ofertas de produtos, nos quais ele possivelmente nem tem interesse, é preferível não se comunicar. A necessidade de entender cada dia melhor as preferências dos clientes obriga as empresas a investir em alta tecnologia, para tentar rastrear os comportamentos e propor ações cada vez mais personalizadas. O cliente do omnichannel gosta não apenas de ser chamado pelo nome, mas também que a comunicação chegue tenha um certo nível de intimidade, como se ele estivesse falando com um amigo que propõe soluções, ao invés de aquisições. Quando você mostra ao consumidor que você conhece o seu estilo, as suas preferências, os seus costumes, e que ainda domina todo o histórico do relacionamento que ele tem com a empresa, a chance de mantê-lo como cliente é bem maior. Caso não queira perdê-lo rapidamente, não peça para ele digitar ou informar dados pessoais, como login, senha e CPF, mais de uma vez no mesmo atendimento. TEMA 3 – JORNADA DE COMPRA Inicialmente, é preciso entender que a jornada de compra nada mais é do que o caminho feito por um consumidor antes de efetuar a compra. Basicamente, esse caminho é dividido em quatro fases. Antes do início da transformação digital, o processo era caracterizado por uma sequência linear de comportamentos que o consumidor apresentava até o momento da compra, em ordem progressiva. Porém, esse cenário mudou com a criação dos primeiros e- commerce, tornando-se muito mais irregular quando os canais offline foram integrados aos on-line. Assim, muitas vezes o consumidor volta a fases anteriores dentro de uma mesma jornada, para depois decidir pela compra. Vamos entender um pouco como se caracterizam as quatro fases. 9 3.1 Aprendizado Na primeira fase, o consumidor tem um problema ou uma necessidade, mas não sabe muito bem reconhecê-los ou como resolvê-los. Surge a oportunidade de as marcas se aproximarem, oferecendo uma solução. Para ficar mais claro, vamos supor que uma pessoa voltou a praticar corrida depois de muitos anos sem atividade física. Depois da primeira semana de exercícios, começou a sentir dores na sola dos pés, mas mesmo assim continuou correndo, desconfiada de que a causa poderia ser o tênis. Nesse contexto, seria útil que o consumidorrecebesse conteúdos disponibilizados por lojas e marcas de artigos esportivos sobre a importância da escolha do calçado certo para a prática de exercícios aeróbicos, muito úteis para que o consumidor confirme ou não as suas suspeitas e encontre a solução. 3.2 Avaliação ou reconhecimento Neste momento, o consumidor já tem ciência do problema e do que precisa para resolvê-lo. Assim, ele está pronto buscar a melhor solução. No exemplo citado, notem que as marcas ou empresas que conseguiram impactar o consumidor durante o processo de aprendizado podem ter vantagens na preferência do consumidor. Uma característica da jornada de compra do omnichannel é justamente que, durante o processo de avaliação ou reconhecimento, o consumidor pode voltar para a fase de aprendizado e pesquisar mais a fundo a solução de seus problemas. 3.3 Consideração e conversão É a fase em que o consumidor passa a considerar todas as soluções disponíveis ao seu alcance. Ao mesmo tempo em que nessa fase as marcas têm uma excelente oportunidade de oferecer soluções, também existe o desafio de mapear quais caminhos levam o consumidor a encontrar a solução – ou seja, se ele está pesquisando no Google, se ele está recebendo push dos grandes marketplaces no celular, se está recebendo e-mails e por aí vai. É a fase em que a decisão de compra pode ser tomada a qualquer momento, em qualquer canal. Ou seja, um mínimo detalhe pode ser decisório, no preço, no prazo, na entrega, no visual, no atendimento, na conexão, ou em qualquer outro aspecto que impacta a experiência com a marca. 10 3.4 Retenção Para muitos, uma fase a ser desconsiderada, afinal a compra já foi efetuada. Porém, se levamos em conta que muitas vezes conquistar um novo cliente custa muito mais do que mantê-lo – e considerando ainda que o perfil omnichannel faz com que ele esteja em contato com a concorrência regularmente –, a retenção passou a ser vista como uma ação fundamental. Certificar-se de que o cliente teve uma boa experiência na entrega, se ficou alguma dúvida, se foi preciso acionar a assistência técnica, ou até mesmo efetuar uma troca, faz parte dessa última fase da jornada do consumidor omnichannel. Crédito: MicroOne/Shutterstock. TEMA 4 – ATENDIMENTO ON-LINE X ATENDIMENTO PRESENCIAL Apesar das mudanças provocadas nos setores de atendimento das empresas, por conta da transformação digital (muitas delas abrem novos canais digitais para atendimento), elas tendem a manter equipes de vendas presenciais, pela compreensão de que alguns produtos e serviços, ou algumas situações, demandam uma relação mais próxima entre cliente e vendedor. É preciso entender que o fato de uma empresa abrir canais de comunicação digitais não 11 significa que eles precisam ser totalmente automatizados. Muitas vezes, o contato interpessoal pode e deve ser efetivado. 4.1 Vantagens do atendimento presencial A tecnologia revertida em novas formas de automatização do atendimento nas empresas nos leva a crer que, cada vez mais, a presença humana é dispensável em um considerável número de situações comerciais. Porém, por ora, é inegável que, como consumidores, somos dependentes da relação interpessoal em muitas situações. 4.1.1 Experiência A necessidade de manusear e testar determinados produtos, juntamente com percepções agradáveis quanto ao ambiente, é uma das razões para que as empresas mantenham e ampliem os seus canais de vendas offline. Para tanto, em geral existe a necessidade de contar com vendedores bem treinados, capazes de dirimir as dúvidas do consumidor. Até porque, muitas vezes esse atendimento será um fator decisório para que o cliente compre em outro canal, situação própria do omnichannel. Uma empresa com um bom atendimento presencial tem mais chances de vender para esse perfil de consumidor do que uma empresa que tem apenas canais de vendas on-line, o que contribui positivamente para a imagem e a confiabilidade da marca. 4.1.2 Retenção de clientes Como sabemos, a ideia de “fidelização” de clientes é cada vez menos comum, sendo automaticamente substituída pela noção de “retenção” de clientes, pois o acesso à informação e a concorrência mais acirrada, na maioria dos segmentos de consumo, fazem com que poucos consumidores permaneçam fiéis às marcas, como acontecia no passado. Nos planos de retenção de clientes, um dos principais fatores é o relacionamento humano, pois a tecnologia ainda não conseguiu substituir a empatia de um vendedor por seus clientes. Apesar de esse atendimento estar disponível também através dos canais digitais, o famoso “olho no olho” ainda faz diferença. 12 4.1.3 Aumento do ticket médio Provavelmente, você já passou pela situação de ter comprado além do necessário ou do previsto, em função da atuação de um vendedor no momento da compra. Profissionais de vendas competentes levam o cliente a comprar mais do que havia planejado, o que consequentemente provoca um aumento no ticket médio do canal. 4.1.4 Aquisição imediata do produto Conforme vimos anteriormente, apesar de algumas grandes empresas proporcionarem a entrega do produto no mesmo dia da compra on-line, muitos clientes ainda preferem um atendimento físico, de modo que possam levar o produto para casa imediatamente após a compra. 4.1.5 Negociação Apesar da equiparação de preços em todos os canais de vendas ser um fator importante para a introdução do omnichannel, muitas redes ainda mantêm preços diferentes, principalmente entre e-commerce e lojas físicas. Aí entra a vantagem da negociação de um melhor preço entre um vendedor e um cliente, situação ainda indisponível na maioria das operações on-line. Como dica, ou exemplo, vá a uma farmácia comprar algum medicamento e fale para o gerente que o mesmo medicamento está um pouco mais barato em outra rede, ou até mesmo no canal on-line. Em muitas situações, ele terá um desconto para oferecer, a fim de não perder a venda. 4.1.6 Diversão Muitas vezes, a compra de um produto em uma loja está atrelada a uma programação divertida, a um passeio, a uma viagem ou até mesmo ao simples ato de sair de casa. Por isso, o atendimento pessoal também é uma grande vantagem para quem quer atingir o público através do omnichannel. 4.2 Vantagens do atendimento on-line Algumas vantagens do atendimento on-line estão relacionadas justamente a falhas em oportunidades não aproveitadas no offline. Se de um 13 lado a presença física de um bom vendedor pode aumentar o ticket médio, de outro, as possibilidades de pesquisa e ofertas inteligentes oferecidas no on-line também podem aumentar as vendas. Outro aspecto importante são as ações de retenção – se não forem desenvolvidas pelos vendedores, podem ser executadas por softwares específicos para essa finalidade. Certas vantagens são exclusivas das operações on-line, mas precisam ser executadas da maneira correta, do contrário serão um tiro no pé. Entre elas, a comodidade de escolher quando comprar, onde comprar, como receber, quando receber e como devolver/trocar. TEMA 5 – PÓS-VENDA Já vimos que garantir que o cliente possa devolver ou trocar um produto comprado no e-commerce em uma loja física é um grande desafio, e ao mesmo tempo uma grande oportunidade para quem deseja aderir ao omnichannel. O pós-venda tem um papel fundamental para que esse processo ocorra de maneira satisfatória. Afinal, todos os canais de vendas de comunicação utilizados pelos clientes no momento da compra devem estar disponíveis na hora da troca, da assistência ou da devolução. 5.1 Rastreio de pedidos Atualmente, não podemos pensar em vender pela internet e não enviar ao consumidor um código de rastreio para que ele acompanhe os processos de entrega no operador logístico. Até porque, até o ano de 2020, mais de 30% das entregas do e-commerce no Brasil tinham alguma ocorrência, namaioria das vezes relacionadas a atraso nos prazos. Investimentos que possibilitem ao cliente visualizar em tempo real o status da entrega, no maior número possível de canais, evitam que o cliente se decepcione ao descobrir com antecedência que a sua encomenda não chegará na data prevista. Uma estratégia de marketing utilizada por algumas empresas é fornecer uma data de entrega e efetuá-la normalmente antes do prazo, a fim de surpreender os clientes positivamente. 5.2 Trocas e devoluções 14 O cliente recebeu o produto e verificou que precisará solicitar a troca. Seja por conta de defeito, avaria, modelo/cor errada, ou simplesmente porque não gostou, ou ainda porque a insatisfação já está instaurada no cliente, esse processo deve estar disponível e integrado em todos os canais possíveis. Ele merece receber atenção e energia da mesma forma que um processo de venda, pois o cliente normalmente não tem paciência, e assim deseja resolver o problema o mais brevemente possível. Canais de comunicação como Facebook, Instagram e WhatsApp atualmente são os preferidos pelos clientes. Assim, precisam estar aptos a atender essa demanda. Crédito: Fizkes/Shutterstock. 5.3 Monitorar e nutrir após a venda Além das ações tradicionais de marketing de relacionamento, como parabenizar o cliente em datas comemorativas, ações mais personalizadas fazem parte das estratégias de omnichannel, podendo ser aplicadas como um diferencial. Que tal avisar o cliente, por WhatsApp, que já está na hora de ele efetuar a troca do filtro do depurador de ar que comprou com você meses atrás? Sem necessariamente oferecer algum produto ou serviço novo, que tal, através do Facebook ou do Instagram, nutri-lo de conteúdos interessantes e 15 relacionados aos benefícios da atividade física, já que ele comprou em sua loja um tênis específico para corrida? Conforme apontamos em temas anteriores, ações de pós-venda passaram a ser obrigatórias para as empresas que desejam aumentar os índices de retenção de clientes, já que em alguns casos os investimentos em aquisições de novos consumidores demandam muito mais do que as ações para mantê-los. No omnichannel, apesar de o processo mais complexo, o pós-vendas pode promover resultados importantes com esse novo perfil de consumidor. TROCANDO IDEIAS Nesta aula, abordamos, além das principais ações necessárias para transformar o seu negócio em omnichannel, o quanto é importante entender o comportamento do atual consumidor omnichannel, que a cada dia está mais dinâmico, exigente e conectado. Exemplificamos as principais diferenças entre os atendimentos presenciais e digitais e, por fim, analisamos como o pós-venda vem ganhando importância e como o omnichannel pode contribuir com essa prática. Crie um grupo de colegas e debata se grupos específicos de consumidores estão preparados para utilizar o omnichannel. Em caso negativo, que as ações as empresas deveriam tomar para que eles apresentassem uma participação mais ativa? Um exemplo é o grupo de pessoas idosas, que em muitas situações são limitadas quando o assunto é a tecnologia. NA PRÁTICA Leia o case a seguir sobre a Netflix: Quando se fala em empresas inovadoras e que sabem muito bem ouvir seus clientes, a Netflix sempre está na lista – e muitas vezes, no topo dela. A força e a relevância que a Netflix tem enquanto negócio, hoje em dia, é inegável, porque ela faz o possível e o aparentemente impossível para inovar, se impor no mercado e sair na frente. A Netflix utilizou estratégia de pesquisa para desenvolver House of Cards, identificando pelo comportamento do consumidor quem seriam os atores e diretores que os espectadores mais gostam de ver. Se isso já é brilhante, fique sabendo que o estudo dos hábitos de consumo não para por aí. Recentemente, a Netflix divulgou um estudo sobre os hábitos dos usuários ao assistir séries, analisando 100 séries vistas em 190 países. O estudo mostra como o espectador costuma assistir cada tipo, quanto tempo dedica ao programa e, assim, é possível entender quais os fatores que levam a isso. Séries com ação e velocidade são “devoradas”, enquanto séries com tramas elaboradas e dramas 16 intensos são “saboreadas”. Você acha que eles vão parar por aí com essa informação? Pode ter certeza que não. (D’Angelo, 2016) Agora responda: em quais dos cinco temas vistos nesta aula podemos enquadrar os estudos feitos pela Netflix sobre os hábitos e preferências de seus usuários? Explique. Resposta: o case da Netflix se enquadra diretamente nos temas “Comportamento do consumidor omnichannel”, “Jornada de Compra” e “Pós venda”, pois as pesquisas feitas para entender os atores preferidos do público, e como o público se comporta ao assistir séries de gêneros diferentes, são ações ligadas diretamente com a jornada de compra e com o pós-vendas, ambas estão atreladas ao comportamento do consumidor. FINALIZANDO Nesta aula, estudamos as principais ações necessárias para a viabilização do omnichannel, seja em uma nova operação ou em uma operação em andamento. Constatamos, em outros temas, a importância que as empresas têm dado ao consumidor ao longo dos anos, e o que precisa ser feito para que possamos entender mais profundamente o seu comportamento nas operações omnichannel, onde ele é o centro das atenções. 17 REFERÊNCIAS 88% DOS BRASILEIROS compram online e dão preferência para roupas, alimentos e eletrodomésticos. Ecommercebrasil, 2 set. 2021. Disponível em: <https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/brasileiros-online-compras- roupas/>. Acesso em: 19 nov. 2021. D´ANGELO, P. Comportamento do consumidor: 4 cases de sucesso. Administradores, 13 jul. 2016. Disponível em: <https://administradores.com.br/noticias/comportamento-do-consumidor-4- cases-de-sucesso>. Acesso em: 19 nov. 2021. TIRE SUAS DÚVIDAS sobre o comportamento do consumidor omnichannel. Jetecommerce, 2019. Disponível em: <https://www.jetecommerce.com.br/blog/comportamento-do-consumidor- omnichannel/>. Acesso em: 19 nov. 2021. Conversa inicial Contextualizando
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