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Kaiany Geller - ATM 2027.2 Fisiologia Renal FUNÇÕES DOS RINS Responsável pela regulação homeostática da água e o conteúdo iônico do sangue. - Regulação do volume do líquido extracelular e da pressão sanguínea; - Regulação da osmolaridade; - Manutenção do equilíbrio iônico; - Regulação homeostática do pH; - Excreção de resíduos; - Produção de hormônios (eritropoietina e renina). Anatomia dos Rins Os rins são órgãos em forma de grão de feijão, encontrados na cavidade retroperitoneal do corpo. Recebe 20-25% do débito cardíaco. Em corte sagital, os rins apresentam três regiões principais: (1) O córtex é a região mais externa, localizada logo abaixo da cápsula renal. (2) A medula é a região central e está dividida em zona externa e zona interna. A zona externa, por sua vez, apresenta uma estria externa e uma estria interna. (3) A papila é a extremidade mais interna da medula renal interna e esvazia seu conteúdo em estruturas denominadas cálices maiores e menores, que são extensões do ureter. Os rins são formados por túbulos microscópicos chamados néfrons. Presente 80% no córtex e 20% mergulhados na medula, denominados néfrons justamedulares. Os néfrons são as unidades funcionais dos rins. São formados pela cápsula de Bowman, que circunda o glomérulo, uma rede capilar que emerge da arteríola aferente. A cápsula e o glomérulo formam o corpúsculo renal. E pelos túbulos renais: túbulo proximal, Alça de Henle dividida em descendente e ascendente, túbulo distal e o ducto coletor. Está localizado nas pirâmides renais. O sangue entra no glomérulo pela arteríola aferente e sai pela arteríola eferente e depois segue para os capilares peritubulares que circundam os túbulos no córtex e são chamados de vasos retos quando avançam na medula. Aparelho Justaglomerular: região entre o túbulo e as arteríolas aferente e eferente. Regula a pressão arterial - regulação parácrina. Processos básicos que ocorrem nos néfrons: Por dia, passam mais de 180 L de plasma e 99% disso volta para o sangue e 1,5 L é excretado na forma de urina. Kaiany Geller - ATM 2027.2 Filtração: movimento de alguma substância do sangue para o lúmen do néfron. Acontece só no glomérulo, pois permite o fluxo de massa. Reabsorção: movimento de alguma substância do lúmen do túbulo para o sangue. Acontece no túbulo proximal, na Alça de Henle, no túbulo distal e no ducto coletor. Secreção: contrário da reabsorção, movimento de alguma substância do sangue para o lúmen do túbulo. Diferente da filtração, acontece ao longo do túbulo, não só no glomérulo. É um processo mais seletivo que a filtração. O líquido filtrado no corpúsculo é isosmótico. No túbulo proximal é reabsorvido líquido isosmótico. Na alça de Henle, o filtrado se torna hiposmótico em relação aos plasma, pois é reabsorvido mais soluto. No túbulo distal e ducto coletor ocorre uma regulação fina do balanço de sal e de água, em que o volume e a osmolaridade finais depende das necessidades do corpo. Cápsula: 180 L/dia. Túbulo proximal: 54 L/dia. Alça de Henle: 18 L/dia. Ducto coletor: 1,5 L/dia. FILTRAÇÃO Primeiro passo na formação da urina. O filtrado possui a mesma composição do plasma, menos as proteínas plasmáticas. Fração de filtração: quantidade total de plasma que é filtrada; uma parte não é filtrada para que não ocorra a perda de uma massa de células e proteínas. Barreiras: endotélio do capilar glomerular, lâmina basal e o epitélio da cápsula de Bowman. Células mesangiais: ficam entre os capilares; alteram o fluxo sanguíneo por contração, secretam citocinas. Podócitos: células especializadas; possuem projeções, os pedicelos que deixam estreitas as fendas de filtração. Pressões: hidrostática, coloidosmótica (proteínas plasmáticas) e hidrostática do líquido capsular. A maior força é a hidrostática, que favorece a filtração. Taxa de filtração glomerular: é o volume de líquido filtrado para a cápsula por uma unidade de tempo. A TFG é de 125 ml/min. Influenciada pela pressão resultante do fluido e o coeficiente de filtração (área de superfície e permeabilidade entre capilar e cápsula). É constante, mesmo com a variação da pressão sanguínea. CONTROLE DA TFG: regulação do fluxo sanguíneo nas arteríolas renais (aumento da resistência na arteríola aferente = diminui a TFG / aumento na arteríola eferente = aumenta TFG). - Sistema Nervoso Simpático; controle da vasoconstrição das arteríolas. - Hormônios (angiotensina II e prostaglandinas) e Autacóides (substâncias vasoativas liberadas pelos rins); - Autorregulação: mecanismos miogênicos e retroalimentação tubuloglomerular. Respostas Miogênicas: quando ocorre o aumento da pressão sanguínea, as paredes das arteríolas estiram-se. Isso causa a despolarização das células musculares, pela abertura de canais de Ca2+ e a contração do músculo causa a vasoconstrição (aumento da resistência e diminuição do fluxo). Retroalimentação tubuloglomerular: o fluxo de líquido influencia a TFG. O Aparelho Justaglomerular, formado pela modificação das paredes arteriolar e do túbulo, é constituído da mácula densa e pelas células granulares. A mácula densa detecta o fluxo e envia Kaiany Geller - ATM 2027.2 sinais parácrinos à arteríola aferente vizinha e fazem as células JG produzirem substâncias que fazem a arteríola aferente contrair, diminuindo a pressão hidrostática e a quantidade de sangue filtrado e a quantidade da taxa de filtração. As células glomerulares secretam renina, enzima envolvida no balanço de sal e água. REABSORÇÃO Reabsorção de íons e elementos importantes que são filtrados e que devem ser reabsorvidos. Ocorre ao longo de todo néfron; Parte proximal é menos seletiva que a parte distal; A maior reabsorção ocorre no túbulo contorcido proximal - mais “grosseira”. Túbulo contorcido proximal Quem desencadeia o transporte dos íons é o sódio. 100% da glicose e aminoácidos; 70% da água, Na, Cl e K. Transporte ativo de sódio: impulsiona outros transportes. 1. Entra nas células endoteliais, na parte apical, por difusão facilitada; Está mais concentrado no filtrado - possui entrada nas células tubulares a favor do gradiente de concentração, utilizando proteínas transportadoras de simporte e antiporte. 2. Sai das células tubulares pela parte basolateral por ação da bomba Na+/K+ATPase, ocorrendo o transporte ativo. O gradiente criado nesse transporte cria o gradiente eletroquímico e impulsiona o transporte dos outros íons. O sódio impulsiona a osmose - gradiente de concentração - reabsorção de H2O, deixando o filtrado hiperpolarizado, por isso que os solutos são também reabsorvidos (transporte passivo). O transporte ativo secundário é responsável pela reabsorção de glicose, aminoácidos, íons e metabólitos orgânicos. Transporte de glicose: utiliza dois mecanismos 1. Transporte ativo secundário - simporte junto com o sódio - contra o gradiente de concentração; cotransportador SGLT. 2. Reabsorvido (saída da célula endotelial) por difusão facilitada, pela proteína GLUT Glicose é reabsorvida por difusão facilitada. No diabético, ocorre maior concentração de glicose na urina, ocorrendo a osmose (água), pela pressão osmótica. Isso resulta em aumento de volume da urina. Urina diluída - hiposmótica - excesso de água na urina. Urina concentrada - hiperosmótica - diminuição da concentração de água na urina. Ramo descendente da Alça de Henle Permeável a água. Ramo ascendente da Alça de Henle Impermeável à água. Permite a passagem de solutos - Na, Cl, K. Reabsorção de íons. Célula especializada: responsável pela reabsorção mais seletiva do filtrado. Chamada de Bomba eletrogênica/ Triônica. Kaiany Geller - ATM 2027.2 Gera eletricidade e reabsorção dos 3 solutos. Junto com essa bomba, há um canal de potássio (acionado pela bomba eletrogênica) que retira o potássio da reabsorção e volta ao lúmen, deixando o filtrado mais positivo que o líquido intersticial. Assim, ânions presentes no filtrado são “expulsos” e são reabsorvidos, como o magnésio e o cálcio. A água reabsorvida depende dos solutos reabsorvidos - aumentando a osmose, por causada medula (líquido intersticial) concentrada - hiperosmótica. A reabsorção de água depende do comprimento da alça de henle. Quanto maior, mais absorção de água e soluto ocorre, resultando em uma baixa frequência do ato de urinar e em urina concentrada. O comprimento da alça de Henle influencia na osmose. A ureia é um soluto importante para a concentração de íons na medula. Depende do transporte de sódio. Quanto mais profundo, mais soluto e mais concentrado a medula se encontra. Varia de 300 mOsM a 1.200 mOsM = aumento da reabsorção de água. Excesso de Ácido úrico = cálculos renais. Surge do metabolismo das purinas. É filtrado e reabsorvido. O acúmulo e o excesso dele resulta na pedra nos rins. Recomendação: beber mais água, deixando o filtrado mais diluído e diminuindo a concentração de ácido úrico + medicação que diminui a reabsorção do ácido úrico (diminuição dele no sangue). VASOPRESSINA - ADH - hormônio antidiurético Regula a quantidade de água reabsorvida, além da concentração da medula. Adição ou remoção de poros de água. Aumenta a capacidade de reabsorção da água - aumento da permeabilidade. Hipotálamo - hipófise: o hipotálamo produz a vasopressina e a envia para a neuro-hipófise, que apenas a armazena e a secreta. A produção é regulada por feedback negativo e de acordo com a demanda. O ADH age no ducto coletor, na bomba eletrogênica (estimulação) e no tubo proximal, na reabsorção da ureia. Kaiany Geller - ATM 2027.2 O ducto coletor possui aquaporinas que são canais de água, controladas pela vasopressina. FATORES: Osmolaridade do plasma, volume do sangue e pressão do sangue. Os fatores comunicam-se com o hipotálamo e inibem ou estimulam a produção de ADH. O hipotálamo possui osmorreceptores que regulam a liberação da vasopressina. São neurônios sensíveis ao estiramento que aumentam sua frequência quando a osmolaridade aumenta. Osmolaridade Aumento da osmolaridade: diminuição da concentração de água no LEC = aumento da produção de ADH. Diminuição da osmolaridade: aumento da concentração de água no LEC = diminuição da produção de ADH. Pressão arterial: é um fator que influencia na produção de ADH; detectada pelos barorreceptores carotídeos e aórticos. Pressão alta: aumento de água = diminui a produção de ADH. Pressão baixa: diminuição de concentração de água = aumenta a produção de ADH. Aumento do volume urinário, quando em muito tempo parado: Os barorreceptores detectam a pressão arterial e enviam esse estímulo para o sistema nervoso. Algumas vias ascendentes chegam ao hipotálamo e o informam da variação da pressão arterial. A pressão detectada é influenciada pela força da gravidade, e quando em posição de decúbito, os fluidos estão concentrados no tórax, aumentando a pressão detectada, inibindo o ADH e a absorção de água. O pico de liberação de ADH é noturno, pois na maioria das espécies, é durante a noite que a dificuldade de encontrar água é maior. Enurese noturna: resultado da diminuição de ADH, insuficiência neuronal, impossibilitando a produção de ADH. Diabetes insipidus central (nefrogênica): deficiência de produção do ADH. Urina diluída. Álcool: inibe a produção de ADH. VASOPRESSINAS E AQUAPORINAS Os poros de água são aquaporinas, uma família de canais de membrana. A vasopressina torna o epitélio do ducto coletor permeável à água. A aldosterona reabsorve sódio, trazendo água junto com esse transporte. DEPURAÇÃO É a taxa na qual um soluto desaparece do corpo por excreção ou metabolização. É o volume de plasma passando pelos rins que foi totalmente limpo do soluto em um período de tempo. Kaiany Geller - ATM 2027.2 Caca substância possui um valor bom. É uma maneira de medir a taxa de filtração glomerular. A inulina é utilizada para fins de análise, em que ela é filtrada, mas não é reabsorvida, nem secretada. No cenário clínico, utiliza-se a creatinina. É minimamente secretada. Dx = Ux . V / Px Dx: depuração plasmática da substância X (ml/min); Ux: concentração urinária da substância X (mg/ml); V = fluxo urinário (ml/min); Px = concentração plasmática da substância x(mg/ml); EXERCÍCIOS: calcule a taxa de filtração glomerular; Creatinina plasmática: 1,8 mg/100 ml; Creatinina na urina: 1,5 mg/ml; Volume de urina: 1300 ml/ 24h; Sódio plasmático: 140 mEq/L; Sódio na urina: 200 mEq/L; Potássio plasmático: 2,1 mEq/L; Potássio na urina: 55 mEq/L. Substância X = creatinina. Dx = ? Ux = 1,5 mg/ml V = 1300 ml / 1440 min = 0,9 ml/min Px = 1,8 mg/ 100 ml = 0,018 mg/ml Dx = 1,5 x 0,9 / 0,018 = 75 ml/min