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__________________________________________________________________ 1 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br GESTÃO DE CRISES OBJETIVOS DO CURSO O curso de Gestão de Crises tem o objetivo de fornecer ferramentas ao leitor para que o mesmo venha a obter conhecimentos sobre o que deve ser feito em momentos de crise. Este curso contém diversas abordagens sobre o gerenciamento de crises, conceitos e suas características, desde o planejamento antes do conflito, o que deve ser feito durante, e até o como agir após uma crise. 1. INTRODUÇÃO “Crise é qualquer evento que possa impedir ou dificultar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pela corporação” (Pezzo) De modo geral as organizações sempre estiveram suscetíveis a momentos de crises. Mas, atualmente, com a rapidez na troca de informações e o desenvolvimento dos meios de comunicação, as crises tendem a ser mais frequentes ou a tomarem maiores proporções. Nesta nova sociedade digital, a palavra convergência assumiu novas dimensões. Convergência significa dizer que “eu vejo o mundo”. O oposto da convergência significa entender que “o mundo me vê”, é estar perto do mundo todo e o mundo todo estar mais perto de nós. Mais perto especialmente de nossos erros. Todos estão muito mais em público do que estávamos até meados de década de 1990. Somos agora todos pessoas públicas. Estamos em público dentro do elevador, quando mandamos ou recebemos um e-mail, quando falamos ao telefone, quando trocamos mensagem no trabalho. Estamos muito mais em público do que nos acostumamos a pensar que estamos. E toda vez que desconhecemos essa nova realidade, reputações passam a estar na berlinda. Pelo simples motivo de que, se todos estamos mais em público, as reputações estão muito mais expostas – sobretudo a arranhões e polêmicas de todo o tipo. Mais tecnologia, na prática, significa ser capaz de expor tudo em níveis de detalhes cada vez menores. Não apenas os líderes e organizações que estão mais expostas. Tudo está mais exposto, para o bem ou para o mal. Isso traz como consequência compreender que a escala do erro mudou. O pequeno erro de uma década atrás pode ser, hoje, a enorme contradição. Apenas porque hoje é possível captá-lo e difundi-lo numa escala sem precedentes, como por exemplo, através das redes sociais. A revolução tecnológica alterou de maneira definitiva os alicerces da noção de público e privado e esse é um grande condicionamento que está faltando para muitos líderes e instituições. É preciso, então, planejar e prever a possibilidade de danos a reputações, no mínimo, no mesmo grau em que elas já estão expostas. Gerir reputação, nos dias de hoje, significa, em primeiro lugar, compreender o ecossistema digital ao nosso redor e, com base nessa compreensão, agir sobre as variáveis da prevenção. Essa é a resposta prática para romper os grilhões dos velhos condicionamentos, na questão da imagem e da reputação. As organizações precisam praticar um olhar permanente de prevenção, indo cada vez mais a detalhes cada vez menores de suas operações. Ao observar que a escala de erro mudou como mudou, é preciso inspirar confiança em atitudes cada vez mais microscópicas. __________________________________________________________________ 2 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br 2. CONCEITO DE CRISE “Crise é o momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo; período de desordem acompanhado de busca penosa de uma solução.” ou ainda momento crítico ou decisivo; Situação aflitiva. O termo “crise” origina-se do grego krinein, que quer dizer “decidir” ou, mais apropriadamente, “a capacidade de bem julgar”. Dificilmente veremos uma crise ser tratada como uma decisão, mas é perceptível a diferença que tal conceito se colocado em prática traria de resultados positivos para as organizações. As crises, em geral, têm seu início a partir de um processo de interesses não atendidos. Antes de ser deflagrada a crise, é comum que ela se configure a partir de um conflito (impasse no processo decisório). Quando a organização realmente administra os conflitos, ela pode reduzir todos os danos pertinentes a crises. Identificado o conflito, e não solucionado imediatamente, parte-se para a negociação (procurando chegar a um consenso). Se a negociação não obtiver sucesso, tem-se uma crise, um processo mais complicado. Segundo Silveira (2010), o conflito requer atenção extraordinária para evitar, de todos os modos, que ele evolua para uma crise. E as atitudes devem ser rápidas, mesmo que complexas. As crises não são meros problemas ou desentendimentos ocorridos nas organizações diariamente. As crises caracterizam-se por afetarem a imagem da empresa, os negócios e podem causar problemas financeiros. É um acontecimento repentino envolvendo falhas que gera aflição e desgaste de relacionamentos. Mas não há uma regra mágica que deve ser seguida para se ter êxito na administração desses momentos de conflito. Todas as organizações, sem distinção, estão vulneráveis a crises, e a maior perda que elas podem sofrer, em momentos de conflito, é de sua credibilidade e reputação. A credibilidade é constituída durante anos, mas, para perdê-la, basta um momento em que a empresa aja equivocadamente. Importante relatar que a administração de crises, portanto, não consiste apenas em administrar os momentos em que a mesma surge, ou posterior, mas, sim, todo o processo, começando no plano que previu a crise antes mesmo de ela ocorrer. Cada uma das crises tem características próprias e individuais, nenhuma é igual à outra, porém algumas medidas se repetem quando se trata de crises de mesma origem. E é o planejamento que torna comum as ações a serem tomadas no momento de conflito ou crise. Logo, o processo de planejamento de crises deve ser transparente, para que todos os responsáveis tenham, claramente, a percepção do que deve ser realizado de imediato. Isoladamente, fatores como competição, cobranças, escassez de tempo e mudanças não surpreendem as empresas. O que assusta no dia-a-dia das organizações, hoje, é a soma de todos esses fatores em um cenário completamente novo, que dificulta a previsão dos eventos futuros. A partir do conhecimento de tais ameaças, torna-se necessário as organizações investirem em profissionais capazes de analisar, decidir e implantar ações apesar de o momento ser de crise. 3. COMUNICAÇÃO DE RISCO Os membros de uma comunidade que podem ser afetados por um evento ou acidente têm o direito de acessar a informação sobre sua situação. Somente assim eles estarão conscientes das ameaças e riscos originados pelas empresas instaladas em sua área e poderão ser mobilizados para agir de maneira apropriada em caso de emergência. Crises aparecem por acaso. No entanto, muitas vezes são o resultado de más práticas ou problemas que tenham sido latentes por algum tempo. A comunicação é importante nesse processo, seja para os valores da empresa serem lembrados ou simplesmente falar sobre segurança, política, etc. São pequenas ações que geram confiança, __________________________________________________________________ 3 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br trazendo seus funcionários para perto, tornando-os “embaixadores” da companhia. Comunicação é um importante diferencial para conter uma crise. Talvez seja o principal, mas sozinha a comunicação não resolve a crise. No entanto, um eficiente sistema de comunicação não é suficiente, pois se a organização não tiver liderança, não for rápida, não tiver soluções para resolver o incidente ou investigar a crise. Alguns autores acreditam que a mídia agrava a crise. E realmente, se não for administrada a relação com a mídia, a crise poderá se agravar. Entretanto, a comunicação com a mídia, embora importantíssima, não é o único pilar da gestão de crise. Segundo o US National Research Council, comitê Americano responsável pelo estudo da comunicação de riscocomo um processo de troca de informações e opiniões entre indivíduos, grupos e instituições públicas e privadas, a comunicação abrange a criação e a troca de mensagens sobre riscos (natureza, forma, severidade, aceitabilidade, gerenciamento etc.) e sobre assuntos correlatos à segurança e ao bem-estar do corpo social existente dentro do universo de abrangência e ao impacto de uma situação de emergência. Assim, a comunicação de risco é um processo interativo e multilateral que envolve todos os segmentos do público que possam ter interesse ou se ver frente a frente com uma situação de emergência provocada por acidentes graves. Como um processo, tem começo, meio e fim. Assim, a comunicação de risco também pode ser dividida em quatro momentos ou etapas: prevenção, preparação, resposta e recuperação. Uma crise pode ser um momento angustiante. Pessoas absorvem as informações de diferentes formas e em momentos diferentes, por isso, repita as informações importantes regulamente, usando uma variedade de canais. Algumas crises colocam a saúde e segurança dos funcionários em risco e evitar este risco deve ser prioridade, buscando tranquilizar os funcionários, mostrando que a organização está tomando as medidas apropriadas para lidar com a crise. Os experts internacionais têm procurado demonstrar que uma comunicação de risco pobre – e só praticada durante os momentos críticos – tem provocado consequências sérias e negativas: perda de credibilidade em função de interpretações errôneas do público e da mídia, perda da confiança na capacidade dos gestores em atuar nas situações de emergência, confusão na implementação dos procedimentos de resposta e ataque a toda estrutura de gerenciamento de emergência, entre outros aspectos que poderão afetar a reputação dos órgãos envolvidos e dificultar a implantação eficiente das medidas de recuperação. A boa comunicação de risco, planejada e adequadamente implantada, ajudará a aplicar eficientemente as medidas de segurança e de contingência, contribuirá para o bem-estar do público e do meio ambiente, além de preservar ou reduzir o impacto financeiro da crise e de facilitar as operações de emergência. Como um processo interativo, de troca de informação, envolvendo mensagens múltiplas sobre a natureza do risco, a comunicação de risco é sustentada por dois pilares: confiança e percepção. A confiança é o ponto mais crítico da comunicação de risco, principalmente quando a ação é coordenada pelas entidades governamentais, pois o público tende a ver o governo como uma fonte menos confiável de informação. 3.1. Stakeholders Quando uma organização precisa enfrentar uma crise, principalmente se for de grandes proporções, um dos fatores mais importantes é como ela lida com seus stakeholders. No grupo de stakeholders (os públicos que entram em contato com a empresa) existem alguns que são prioritários, entre eles: os acionistas, os empregados e os clientes. Para tanto, os colaboradores precisam ter toda a atenção e acesso a um esquema especial de informação por todos os meios disponíveis. __________________________________________________________________ 4 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br Uma má comunicação pode afetar todos os esforços de gerenciamento de crise. A falta de confiança dos funcionários pode prejudicar ainda mais a reputação da companhia. Tratar o funcionário como parte importante da empresa ajuda no trabalho de enfrentamento de uma crise. Hoje, com a velocidade da informação, o funcionário fica sabendo de tudo pelas redes online. Mesmo empregados que estão em greve devem ser atingidos pela comunicação, nesse período de crise. Se a empresa se descuida, a crise vai chegar ao empregado com um discurso distorcido, construído por interlocutores errados ou pela mídia. A empresa não pode deixar que a versão da crise seja passada ao empregado por terceiros. Um dos motivos principais por que os empregados merecem atenção, é porque as crises empresariais mexem com a autoestima dos colaboradores, pois pode desmotivá-los e, com isso, agravar o clima interno, num momento em que a empresa, já fragilizada por algum acontecimento grave, precisa do comprometimento e do empenho de todos os empregados. Por outro lado, existem também forças antagônicas, como sindicatos, associações, que se aproveitam da crise para agravar os questionamentos sobre a organização, quadro de pessoal, salários. A comunicação face a face pode ser uma das maneiras mais eficazes de se comunicar durante uma crise. Reuniões de departamento tendem auxiliar no esclarecimento de dúvidas e preocupações e sugerir ideias. Esta também é uma ferramenta para estreitar a relação entre diretoria e funcionários. E a comunicação face a face permite feedback, uma comunicação de mão dupla, da diretoria com os funcionários e destes com a direção. Deixar o colaborador falar e responder as suas reivindicações são uma valiosa ação de comunicação interna - ofereça respostas para as perguntas dos empregados. O processo de gestão de crise tem três fases: a prevenção da crise, a gestão da crise, propriamente dita e o pós - crise. Para uma organização conter uma crise, se ela é inevitável, deve seguir alguns preceitos básicos, mas principalmente assumir o controle da crise; prestar informações transparentes a todos os stakeholders; ser rápida e eficiente na forma de gerenciar a crise. 4. PLANEJAMENTO Partindo do contexto em que os desafios organizacionais são cada vez frequentes, a gestão da crise se tornou uma parte importante da administração estratégica contemporânea. É essencial assegurar a estabilidade de uma organização para que todos os objetivos possam ser perseguidos. A gestão eficaz da crise requer uma aproximação sistemática e disciplinada baseada na vigilância, na sensibilidade gerencial e em uma boa compreensão da importância do planejamento cuidadoso e da disponibilidade organizacional. O planejamento, por definição, é o ato de antecipar possibilidades, verificar e apontar quais as melhores medidas a serem tomadas no futuro. E deve ser compatível com a cultura e filosofia organizacional. Quando a organização não possui em sua cultura programas para administrarem crises, terá de __________________________________________________________________ 5 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br realizar mudanças, às vezes custosas, para adaptar-se a necessidade de proteção de seu patrimônio tangível e intangível. O plano de crises, não é algo padrão, que tenha que ser executado sempre da mesma maneira, mas sim que tenha que adaptar-se à realidade e principalmente às necessidades de cada organização. É um erro seguir diagramas e padrões pré- determinados; cada organização é diferente. As condições, dentro de cada organização, mudam constantemente, fazendo com que a flexibilidade seja vital. O planejamento para a organização traz os seguintes benefícios: [...] evita a improvisação [...], [é] um excelente meio de controle, pois seu processo operacional tem condições de indicar os desvios do curso de ações e os mecanismos de correção em tempo hábil. Sua importância está também no fato de ele minimizar os custos, pois quando há planejamento se prevê com mais cuidado o quanto se vai e pode gastar. O planejamento, além disso, substitui as atividades isoladas, individuais e fragmentadas pelo esforço equilibrado, incentivando mais o trabalho em equipe e contornando julgamentos improvisados por decisões mais consistentes (KUNSCH, 2003, p.216, apud SILVEIRA, 2010). Em contrapartida, os malefícios que a falta de um planejamento acarreta são muito superiores, acentuando ainda mais a importância e necessidade do plano de gerenciamento de crises. Podendo causar: Danos à reputação tanto das empresas quanto de seus executivos; danos à credibilidade do negócio; perda da lealdade dos empregados; perda de negócios; redução da credibilidade; distração gerencial; queda da produtividade; custos com crises: multas, indenizações,honorários de advogado, consultores, despesas com material (folhetos, vídeos campanhas), viagens, contratação de pesquisas, equipamentos, anúncios, horas extras, etc. Nada disto o seguro cobre; importante considerar que a marca tem valor, quando a empresa enfrenta uma crise, este ativo perde valor (NEVES, 2002, p.68-9, apud SILVEIRA, 2010). 4.1. Passos de um Planejamento Há dois níveis de envolvimento pessoal para que se possa compor de forma adequada e satisfatória o plano e a prática dele: 1- Aqueles que são responsáveis por decisões gerenciais que serão afetadas por uma emergência. 2- Todos aqueles que possam estar envolvidos durante uma emergência – de qualquer tipo. “Substitutos” deverão ser designados para cada função, no caso do primeiro responsável não estar disponível. O primeiro passo de um planejamento é reunir membros estratégicos da organização e com certas habilidades, que posam representar toda a organização. É vista então a necessidade de um time para comandar e coordenar as ações. Pensar nas possíveis crises que a empresa pode sofrer é a primeira pauta da reunião deste “time”. Rosa (2003) configura seis pontos básicos para o plano de crises, e o __________________________________________________________________ 6 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br primeiro deles é a “Avaliação das crises mais prováveis”. Na crise, o preparo é muito importante. Veja o que pode ser feito como prevenção: Contrate uma assessoria qualificada para desenvolver um programa de treinamento em gerenciamento de crise. Envolva toda a direção e gerentes seniores da empresa. Faça um media-training (treinamento para lidar com a imprensa) de crise. Faça um brainstorming de possibilidades de crises no seu negócio. A pior crise é aquela para a qual não estamos nem um pouco preparados. Desenvolva um extenso questionário e prepare as respostas para as possíveis perguntas. Desenvolva mensagens-chave. Crie um comitê de crise e reúna-o ao menos uma vez a cada seis meses para novas avaliações. Ainda segundo Rosa (2007), as crises podem ser dos seguintes tipos: Desastres industriais - explosões, incêndios, contaminações. Desastres naturais - tempestades, enchentes, desmoronamentos. Falhas em equipamentos ou construções - colapso na rede de computadores, queda de um edifício, defeitos em produtos industriais. De origem criminosa - sabotagem, sequestros, fraudes, vandalismo. De natureza econômica - boicotes, greves, desvalorização das ações. De informação - boatos, intrigas, acusações de concorrentes. De natureza legal - ações judiciais contra a empresa, pedidos de indenização. De reputação - denúncias de corrupção, vazamento de documentos internos. De relações humanas - sucessão no comando da organização, demissão de altos executivos, denúncias de funcionários. Que envolvem risco para a vida - acidentes de trabalho, grandes contaminações. Regulatórias - criação de obstáculos fiscais, legislação. É de suma importância existir uma lista informando quem deve ser contactado em uma emergência: [...] os nomes e telefones de todas as pessoas da equipe de crise, assim como telefones externos, como dos bombeiros e da polícia. A lista deve ser mantida atualizada, uma vez que as pessoas deixam a empresa ou têm suas responsabilidades modificadas (SILVEIRA, 2010). O comitê deve ainda programar cronologicamente atualizações do plano, informar e motivar toda a organização na prevenção de possíveis conflitos e tornar comum o plano a todos, além de incentivá- los a realizar procedimentos de simulações. Outro aspecto levado em conta pelos especialistas em crises empresariais é o porta-voz. Nem todas as crises têm a necessidade desta figura, mas deve-se sempre prever que ela possa entrar em cena. Ela, neste momento de exposição, é a representação física da organização. O plano é antes de tudo um guia de ações que não deve ser preenchido com coisas como cartas da direção, declaração de missão e coisas desse tipo. O manual deve apresentar, de forma lógica, concisa e à prova de erro, os passos e as ações que quem estiver lendo deverá tomar quando um problema ocorrer ou for iminente (SILVEIRA, 2010). __________________________________________________________________ 7 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br 4.1.1. Porta-Voz Segundo Rosa (2003), os sete princípios práticos com objetivo de ajudar no exercício da função do porta-voz (pessoa responsável por fazer a comunicação oficial da empresa): 1) O porta-voz não fala em tese. Não faz especulações. Apenas comenta fatos. 2) O porta-voz não pode mentir. 3) O porta-voz não pode permitir privilégios. Suas falas são necessariamente públicas e, por isso mesmo, o conteúdo deve ser igualmente acessível para todos. 4) O porta-voz deve ter tarimba (ou ser treinado) para desempenhar a função. É preciso que seja capaz de falar, extraindo a maior utilidade possível em termos de transmissão de mensagens do conteúdo de cada fala. 5) O porta-voz precisa ter credibilidade e respaldo da “voz” que ele porta, seja uma empresa, uma instituição, um líder. 6) O porta-voz precisa ter domínio técnico ou informação em profundidade para esclarecer determinadas questões, especialmente as mais técnicas. 7) O porta-voz não pode perder o equilíbrio. Por ser a face de uma organização, sua imagem não lhe pertence. Qualquer exagero – ironias, humor duvidoso, frases com rancor, demonstrações de impaciência, de exaltação ou irritação – será necessariamente associado à “voz” que ele representa. Em outras palavras: suas reações não podem ser “casuais” ou fruto do “momento”. Se for adequado demonstrar irritação, sem problemas. Isso está “certo”. Mas se a irritação decorre de um stress momentâneo, eis um problema: isso está errado. Da mesma maneira que uma inserção comercial no horário nobre da tevê não pode ser fruto do acaso ou não pode ser veiculada antes de uma análise prévia e minuciosa, as falas de um porta-voz devem obedecer a um script previamente definido. O tom de sua fala, as pausas, o estilo devem constituir uma espécie de construção. Um porta-voz é um “significado” em si mesmo: em seu estilo de responder, em sua forma de argumentar. A experiência recente mostra que, exceto algumas instituições políticas, poucas organizações brasileiras dedicam atenção efetiva ao papel do porta-voz. Nas crises, os advogados costumam incorporar essa função, falando em nome do cliente. Essa providência é adequada, pois coloca nas mãos de um profissional – teoricamente mais frio e racional do que o cliente – declarações que podem ter conotações jurídicas e implicações judiciais. Mas vale destacar que ainda são poucos os profissionais do Direito com treinamento específico para aparições televisivas no Brasil, o que muitas vezes implica declarações juridicamente perfeitas, mas herméticas ou inadequadas do ponto de vista da comunicação de massa. Nesse dilema, fala-se para os tribunais, esquece-se a audiência – e muitas vezes disso resulta um prejuízo para a imagem daquele que se está tentando defender. Porta-vozes cada vez mais profissionais, treinados e experientes, significam melhores condições de defender __________________________________________________________________ 8 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br causas e organizações, especialmente em situações de crise. Para garantir um bom desempenho na função de porta-voz, algumas recomendações são sugeridas: Acredite no que você fala. Elimine jargões técnicos porque a audiência não é técnica. A atitude gera uma impressão duradoura. Se você não sabe, diga que não sabe. 1) Não especule. Transmita fatos. 2) Não fale em off (sem que a fonte seja identificada). 3) Transmita mensagens claras e concisas, de modo que a audiência possa entender e passar para frente. 4) Demonstre preocupação e cuidado em situações difíceis. 5) Penseprimeiramente na audiência e fale a partir desse ponto de vista – e não apenas a partir do ponto de vista da imprensa. 6) Só transmita informações confirmadas. 7) Saiba com antecedência exatamente o que você quer falar e arranje um jeito de transmitir essa mensagem, independentemente das perguntas feitas. 8) Exemplos, anedotas, imagens, histórias e metáforas fazem sua mensagem ser lembrada. 9) Mostre energia e entusiasmo. 10) Ser ativo é melhor que ser reativo. 11) Esteja acessível e disponível. 12) Não minta. 13) Sorria quando apropriado para que as pessoas percebam que você quer estar executando a função de porta-voz. 14) Nunca diga “nada a declarar”, mesmo quando você não tem nada a declarar. 15) Se você ouvir uma pergunta estúpida, não exponha o autor ao vexame. 16) Evite dizer em coletivas “essa é uma boa pergunta”. Por um motivo: as outras todas (que você não elogiou) são ruins? 17) Se alguém faz uma pergunta que nada tem a ver com o assunto que está sendo tratado, esclareça esse ponto. Diga que a questão é importante, mas diante dos assuntos mais prioritários, esse tema poderá ser tratado ao fim da entrevista. 18) Use a menor quantidade possível de números. Em vez de falar 998.000, fale um milhão. 19) Use comparações, principalmente em assuntos complexos, sempre que possível. É imprescindível destacar a importância do bom relacionamento da empresa com a mídia. Nos momentos delicados, em que questões públicas estão envolvidas, a imprensa pode se tornar uma aliada, desde que haja um clima amistoso entre os dois atores. Isso inclui também a transparência da empresa para com os veículos de comunicação. Subitamente, a organização percebe que a mídia não é inimiga: ela pode, por exemplo, auxiliar na localização, em todo o país, de pessoas que adquiriram produtos comercializados com problemas. Além da prática de fornecer informações confiáveis e rápidas para a imprensa, outros procedimentos ajudam a gerenciar momentos de crise. Diversas funções devem ser preparadas antes mesmo de existirem claros indícios de que um problema surgiu: 1) Prepare um documento sério a respeito do assunto, que possa ser a fonte-chave para todos aqueles que possam estar relacionados com o mesmo. Esse documento deve enfatizar os pontos-chave bem como as informações de apoio que são usadas como documentos de suporte. Faça com que o material seja tão atraente quanto possível; 2) Distribua-o ou esteja preparado para fazê-lo através de contatos pessoais, sempre que possível – a órgãos governamentais, a empregados, a faculdades, à mídia, outras __________________________________________________________________ 9 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br organizações interessadas, associações, sociedade e bibliotecas; 3) Estabeleça quais executivos da organização devem ser constantemente informados a respeito do assunto ou oportunidade. Estabeleça as linhas de autoridade a serem seguidas e os canais de comunicação a serem usados. 4) Prepare esses executivos para um questionamento “duro” por parte da imprensa, confronto com ativistas, em testemunhos em comitês (do Congresso) e em reuniões em geral; 5) Prepare “fichas de fatos” a respeito do assunto, com os nomes dos executivos designados pela organização para lidar com esses assuntos (contendo os telefones de suas residências). Estas fichas são para serem distribuídas para a mídia. Outras atividades devem ser desenvolvidas se o assunto atrair o tipo de atenção que exija a participação de um grupo. Tanto quanto possível, os preparativos devem ser antecipadamente completados. Devem ser selecionados e preparados tão rápida e profissionalmente quanto possível; 6) Prepare pessoas e materiais para interagir com órgãos governamentais; 7) Planeje um plano emergencial para cada unidade da organização e a respeito de cada potencial. Esse plano deve incluir a linha de autoridade, designar pessoas para lidar em cada função, bem como materiais, salas de apoio, telefones, faxes e outras facilidades para serem utilizadas pela mídia, em cada local onde ações possam ocorrer; 8) Declarações devem ser preparadas como respostas a acusações feitas por oponentes – ou em resposta a questões potenciais. Devem ser concisas, relacionadas de forma clara e escritas de tal maneira que possam ser citadas; 9) Planos e recursos físicos para coletivas de imprensa devem ser estabelecidos por antecipação; 10) Em todos os locais, deve haver recursos para facilitar o trabalho da imprensa – máquinas de escrever, telefones, fax, copiadoras, materiais impressos e outros; 11) Folhas contendo informações bem como fotografias e ilustrações devem ser antecipadamente preparadas para serem distribuídas à imprensa, se necessário; 12) Câmeras de vídeo e equipamentos para editar e copiar vídeos devem estar disponíveis nos locais ou em fornecedores próximos. Videotapes devem ser usados para registrar ocorrências, como material para estações de TV bem como para o próprio uso da organização, como materiais para prevenir distorções. Esses vídeos podem ser usados como arquivo de ocorrências e entrevistas; 13) Folhetos e outros materiais impressos devem ser escritos e já colocados em forma de “bonecos”, prontos para revisões finais e impressão; 14) Boletins ou cartas devem ser preparados para serem rapidamente distribuídos a empregados. Estes materiais servirão para explicar o assunto e a posição da organização aos empregados; 15) Esses materiais devem ser utilizados em todas as publicações e vídeos destinados a empregados; 16) Noticiários devem ser preparados para serem colocados em quadros de avisos; 17) Anúncios que apresentam os fatos – de uma forma direta e não-agressiva – devem ser preparados por antecipação. Eles podem servir para serem veiculados em grandes jornais, jornais das regiões onde a organização opera publicações feitas para atingir líderes de opinião que possam se envolver com o assunto bem como publicações que cheguem __________________________________________________________________ 10 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br a membros de grupos opositores. Anúncios para rádio e TV devem ser preparados para possível veiculação em estações de rádio locais ou repetidoras de TV que atinjam a região; 18) Cartas e materiais impressos para serem enviados a consumidores e clientes chave para serem emitidos se necessário; 19) Cartas para acionistas e membros devem ser preparadas por antecipação; 20) Uma lista de possíveis audiências (que possam ouvir palestras feitas por porta-vozes) deve esta pronta, bem como palestras devem ser preparadas para serem proferidas por executivos pré-designados 4.2. Durante a Crise Durante a crise, os funcionários vão olhar para o seu gerente direto para obter informações sobre a crise, por isso, gerentes diretos devem estar bem informados pra esclarecer as dúvidas dos seus funcionários e estarem sempre abertos para responder a perguntas. A gerência tem papel importante na condução dos trabalhos durante a crise. Quando uma crise ocorre, deve-se imediatamente reunir o comitê para gerenciar os acontecimentos. Improviso não é sugerido por nenhum especialista no assunto, porém há condutas, além das que integram o plano, que podem ser seguidas a fim de minimizar os prejuízos à imagem da organização e gerar outras crises decorrentes do fato. Decisões rápidas e precisas são fundamentais durante uma crise. Assim que as decisões estiverem tomadas e as mensagens concluídas, devem ser enviadas imediatamente para os funcionários. Não esquecer, que antes de comunicar para fora, deve-se comunicar para dentro. Existem cinco passos que devem ser seguidos durante uma crise: [...] desde instruir o pessoal de atendimento telefônico [...]; manter todo o contato com a imprensa [...]; fazer todos os esforços no sentido de que o incidente não adquira proporções para se tornar alvo da imprensa [...]; reunir rapidamente o grupo de trabalho, para compartilharas informações disponíveis, avaliar a gravidade do incidente e dividir as tarefas de primeiro momento, visando manter o controle sobre a situação (SILVEIRA, 2010, p.32). Melo (2007) menciona cuidados diferentes, os quais podem nortear os responsáveis da organização neste momento. A empresa num momento de crise não pode dirigir todos os esforços para a solução da crise, a continuidade da organização é fundamental nesses momentos de fragilidade. Como bem afirma o autor: [...] não dá para concentrar todos os recursos na solução da crise e deixar de lado a operação de todos os dias. Os recursos precisam ser mobilizados para trabalhar igualmente nas duas frentes: a do dia-a-dia e a da crise em si (SILVEIRA, 2010, p.64). Quando uma crise eclode, as reações das pessoas envolvidas e lesadas são diversas, e a maior dificuldade de quem enfrenta um problema como esse é pôr-se no lugar do outro. A liderança numa crise deve estar bem definida. Deixar que a liderança seja confundida, o que é comum de acontecer nesses momentos, uma vez que muitos respondem e falam sobre o assunto, pode ser prejudicial à imagem organizacional. A confusão pode ser entendida como uma desorganização e descrédito para com o acontecimento. Por isso é importante dar visibilidade à liderança. Dizer a verdade neste momento, mesmo que não se tenha a resposta, desperta, perante os envolvidos na crise, responsabilidade para com o tratamento do caso. Esta postura torna o posicionamento coerente e evita às __________________________________________________________________ 11 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br retratações, que nesses momentos demonstram descaso. O monitoramento e o arquivamento dos fatos e reclamações ajudam no futuro posicionamento da organização, pois uma crise pode sempre retornar. Neves destaca alguns aspectos que devem ser levados em conta: [...] pesquisas, telefonemas, SACs, mensagens na internet; qualidade e teor das reclamações, comentários negativos e positivos, material na imprensa, cartas do leitor, etc. Tudo isso são insumos para a reavaliação da estratégia, para dosagem das ações e material para análise futuras (MELO 2007, p.54). As orientações são diversas e podem mudar de acordo com a abrangência e consequências das crises. O bom senso, somado ao estudo, à prevenção e à experiência, podem ser o diferencial para tratar deste tipo de situação. 4.3. O que não Fazer Durante a Crise Cuidado com sua postura na condução de uma crise. Evite agir desta forma: "Estou sendo injustiçado." Mesmo que você tenha feito tudo na boa-fé, não se julgue perseguido pela imprensa, pelo governo, pela associação de consumidores, pelos ambientalistas e até por sua própria mãe. Isso não resolve. Agrava a situação. "Não é problema meu." Não tente se preservar. Se seu medo é perder o emprego, saiba que tocar a crise com competência, ao contrário, pode significar ganhar uma promoção. "Me respeite." Por mais envolvido que você esteja à questão não é pessoal. Menos envolvimento emocional facilita o raciocínio equilibrado. "Não quero incomodar meus chefes." Não demore. Comunique a crise imediatamente a escalões mais altos. Tempo é chave. "Foi um episódio isolado. Não vai acontecer novamente." Não ignore sinais de alerta. Resolva problemas potencialmente graves da primeira vez, antes de se tornarem crises. "Isso não vai dar em nada." Efeito avestruz não ajuda. O que você prefere: um fim horroroso ou um horror sem fim? "Seguimos todas as normas, padrões e regulamentos da companhia." E quem se importa com isso? "Legalmente estamos cobertos." Ter razão em crises não significa vencer. A questão é de imagem e não apenas de leis. "Foi um problema menor. Não há motivo para pânico." Não se iluda. Uma pequena rachadura num dique pode significar catástrofe. Não negligencie seu público. Respeitados e bem informados, eles podem ser seus aliados. 4.4. Após a Crise Com o término da crise, depois de todo o desgaste sofrido, deve-se ter em mente que o trabalho não terminou. Esse momento serve para sentar e refletir, com base nos dados coletados, sobre os benefícios e malefícios causados pela crise, seus reflexos na opinião pública, os meios de resgatar conceitos perdidos e, ainda, rever o planejamento juntamente com o comitê. É comum organizações terem um planejamento de crises bem estruturado e repleto de ações a serem realizadas, porém no momento da execução o cuidado deve ser redobrado, pois novos fatos podem surgir e levar em cheque as ações previstas, a reação dos públicos envolvidos podem ser diversas, e mesmo assim colocá-las em prática poderá __________________________________________________________________ 12 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br provocar retorno contrário ao qual a ação se propôs no planejamento. Este momento serve para realizar um levantamento de todas as ações que foram realizadas durante a crise, e determinar indicadores para caracterizar o desempenho da operacionalização do plano. Documente: a documentação é fundamental. Avalie quanto custou à crise. Reconheça os heróis. Comunique-se com os demais constituintes. (SILVEIRA, 2010, p.34) 4.4.1. Análise Neste momento, a análise de todos os aspectos negativos de uma crise também é importante. É onde Forni (2007) discorre sobre os possíveis danos a empresa, como: [...] danos à reputação, à credibilidade, à lealdade, perdas de negócios, queda na produtividade, distração geral, indenizações, multas, honorários de advogado, consultores, despesas com material (folhetos, vídeos, campanhas), viagens, contratação de pesquisas, equipamentos, anúncios, horas extras, etc. (NEVES, 2002, p.68). Esses danos revestem-se, agora, não só de caráter demonstrativo, mas sim avaliativo, pois servem para modificar e ajustar estratégias. Todos são índices que medem o grau de desgaste da organização. Isto permite verificar como a organização se desempenhou durante a crise, como administrou, onde deve melhorar, e que aspectos dos relacionamentos com seus públicos devem ser revistos. Toda crise traz oportunidades para aprender. Portanto, tome um tempo para revisão. O que funcionou bem? E o que você poderia ter feito melhor? Use essas informações para refinar seu plano de comunicação interna. Reveja seus cenários, atualize suas mensagens, e melhore os seus canais de comunicação. Planejasse para a próxima. Outro aspecto dessa fase final é o Controle, que permite realizar uma observação sobre cada aspecto realizado e se foi realizado com êxito. No controle também é possível verificar outras prioridades que não foram mencionadas no plano, mas que no desenvolver da crise se fez necessário monitorar. O controle caracteriza-se como instrumento de verificação periódica, regular, que abastece de informações a etapa final, que é a avaliação. 4.4.2. Avaliação A avaliação é a melhor forma de evidenciar que o esforço, o empenho e os gastos valeram à pena, além de ser a melhor forma de promover mudanças culturais necessárias ao bom desenvolvimento organizacional. Aspectos para avaliar são muitos, o essencial aqui é avaliar e apresentar resultados. A apresentação de resultados é fundamental, pois sistematiza as informações, de forma analítica e procede ao fechamento. Logo, o planejamento, no mundo moderno, é o grande norteador de ações. Agir de forma competitiva e satisfatória requer pensamento, inteligência e reflexão. E isso só se obtém prevendo cenários e ações, e analisando sua eficácia. O planejamento possibilita tudo isso. Volte para os negócios assim que puder. Comece a focar novamente nas estratégias empresariais e nas coisas importantes da organização para voltar à ativa. Porém, no período pós-crise é importante: Reconhecer como seus funcionários contribuíram durante a crise. __________________________________________________________________ 13 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br Agradecer aosseus empregados pelo papel importante no momento de crise. Remover mensagens antigas que só servem para lembrar o momento turbulento que a organização passou. Foco deve estar no presente e no futuro, não o passado. 5. PERCEPÇÃO DO RISCO EM ORGANIZAÇÕES QUE TRABALHAM COM PRODUTOS PERIGOSOS Apesar do risco ou da situação de emergência estar, aparentemente, sob controle e não apresentar perigo para a população, a percepção de seus membros pode ser suscetível e ser afetada pela ideia de que um desastre pode ocorrer. Muitos fatores influenciam a percepção do risco. Vincent Covello, um dos mais destacados pesquisadores americanos sobre o assunto, realizou um estudo em que identificou dezenas de fatores que podem influenciar a percepção do risco (MELO 2007). Entre eles, estão: Risco voluntário ou involuntário Um fumante assume um risco voluntário, pois sabe dos problemas causados pelo cigarro, mas tende a não aceitar um risco imposto como a emissão de uma chaminé de uma fábrica próxima à sua casa, mesmo sabendo que as emissões são menos nefastas à sua saúde ou causam menos poluição do que a fumaça de seu cigarro. Risco natural ou tecnológico As pessoas tem a tendência a aceitar o fatalismo das catástrofes naturais, mas reagem agressivamente contra acidentes tecnológicos que poderiam ser prevenidos. Credibilidade da organização Um acidente pode ser mais bem aceito se a organização tiver boa credibilidade. Por outro lado, um pequeno acidente pode gerar grande problema público se a companhia não tiver conquistado uma reserva de boa vontade com seus públicos preferenciais. Por exemplo, os problemas ambientais causados pela Petrobras estão longe de afetar sua imagem no Brasil, tamanha é a simpatia pela marca conquistada por suas ações sociais e elevados investimentos em cultura e esporte. Entendimento do risco Significa não aceitar correr o risco que não entende ou desconhece. Isto é exatamente o que ocorre durante os acidentes ambientais, que geralmente acabam criando e disseminando dúvidas a respeito da capacidade dos envolvidos em solucionar ou reduzir o impacto dos problemas. Associação ou projeção Quando um acidente ocorre em algum lugar com um produto, a percepção é que igual situação ocorrerá em outros lugares onde o mesmo produto ou produto similar for utilizado. Ética e igualdade O público reage negativamente diante de situações que lhe parecem injustas ou que poderiam ser diferentes, se houvesse cuidado. Controle da situação A postura do público é influenciada pela capacidade de controle da situação ou de sua aparência. Assim, na comunicação de risco, como recomenda Vincent Covello, alguns princípios precisam ser respeitados, os quais devem dar suporte a todas as atitudes e ações, sejam elas adotadas pelas empresas ou pelo governo, de modo que: Envolvam o público como sócio legítimo; __________________________________________________________________ 14 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br Planejem cuidadosamente suas ações e avaliem sua performance; Ouçam e trabalhem os sentimentos do público; Sejam honestos, abertos e francos; Coordenem e colaborem com outros parceiros com credibilidade; Conheçam as necessidades da mídia; Falem claramente e com compaixão sobre os problemas. Na comunicação de risco, parte-se do princípio de que os membros das comunidades que podem ser potencialmente afetadas devem receber informações adicionais sobre os perigos inerentes às instalações industriais existentes em suas regiões, sem que precisem requisitá-las. Esta outra gama de informação pode ser: Tipos de indústrias instaladas em suas áreas e os produtos perigosos que produzem, manipulam ou armazenam (de preferência com os nomes desses produtos grafados da maneira popular, com informações sobre seu nível de periculosidade e suas ameaças à saúde); Nome das empresas, seus respectivos endereços e nomes para contatos; Informação sobre os possíveis acidentes que podem ocorrer nessas empresas e seus impactos fora de suas fronteiras no meio ambiente e nos membros da comunidade e em seus patrimônios; Medidas preventivas que tem sido implantada para minimizar os prováveis impactos de um acidente grave; Referência e informações de medidas externas dos planos de emergência; Informação sobre atividades dentro das instalações que impactam os vizinhos, como odores, fumaça e pontos de queima de gases, entre outros. 6. CONCLUSÃO Uma crise pode ser um momento angustiante. Pessoas absorvem as informações de diferentes formas e em momentos diferentes, por isso, repita as informações importantes regulamente, usando uma variedade de canais. Algumas crises colocam a saúde e segurança dos funcionários ao descaso. Evitar este risco deve ser prioridade. Até o momento em que se possa tranquilizar os funcionários, mostrando que a organização está tomando as medidas apropriadas para lidar com a crise. Quando existe uma relação de confiança e de entendimento entre funcionários e diretoria, uma crise pode transpor obstáculos. Porém, isso só se consegue por meio de uma comunicação interna bem feita e de um gerenciamento de crise, trabalhado antes mesmo de acontecer uma. Desta maneira, deve existir um trabalho preventivo em relação à crise e ele deve fazer parte de um programa integrado com a comunicação interna. Existem outras ações recomendadas em relação ao planejamento em uma crise, porém é do critério de cada organização, a partir de sua realidade, construir seu próprio planejamento da forma mais adequada e aceitável para os seus colaboradores. __________________________________________________________________ 15 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br AVALIAÇÃO GESTÃO DE CRISES 1) Quando a organização realmente administra os conflitos, pode ser interrompido antes de causar todos os danos pertinentes a crises. Qual procedimento deve ser adotado para que o conflito não vire crise? a) Identificar o conflito, e se não solucionado imediatamente, partir para a negociação (procurando chegar a um consenso). Se a negociação não obtiver sucesso, tem-se uma crise, um processo mais complicado. b) Continuar as atividades normais da organização e iniciar o planejamento apenas quando a crise aparecer de fato. c) Interromper completamente as atividades da organização, reunir todos que estão ligados a ela e planejar o que deve ser feito. d) Ignorar o conflito. 2) Em momentos de crise o planejamento se torna tão importante, pois: a) É bastante eficaz para as crises serem evitadas. Ou seja, se a organização está sempre em planejamento não terá crises. b) É a primeira coisa que deve ser feita quando a crise começar. c) Não é tão importante. d) É o ato de antecipar possibilidades, verificar e apontar quais as melhores medidas a serem tomadas no futuro. 3) Assinale a opção corretamente exposta. Faz parte dos princípios práticos do porta-voz: I. O porta-voz pode permitir privilégios. Suas falas não são necessariamente públicas e, por isso mesmo, o conteúdo não precisa ser igualmente acessível paras todos. II. O porta-voz deve ter tarimba (ou ser treinado) para desempenhar a função. É preciso que seja capaz de falar, extraindo a maior utilidade possível em termos de transmissão de mensagens do conteúdo de cada fala. III. O porta-voz deve mentir, caso não tenha a informação solicitada. IV. O porta-voz precisa ter domínio técnico ou informação em profundidade para esclarecer determinadas questões, especialmente as mais técnicas. V. O porta-voz precisa ter credibilidade e respaldo da “voz” que ele porta, seja uma empresa, uma instituição, um líder. Assinale a alternativa correta: a) I, II e IV estão corretas. b) V está correta. c) II, IV e V estão corretas. d) Todas estão corretas. 4) Durante a crise, a organização deve: I. Não fazer muito esforço em evitar que o incidente adquira proporções e se torne alvo da imprensa. II. Instruir o pessoal de atendimentotelefônico. III. Manter distância da imprensa. IV. Reunir rapidamente o grupo de trabalho, para compartilhar as informações disponíveis, avaliar a gravidade do incidente e dividir as tarefas de primeiro momento, visando manter o controle sobre a situação. Assinale a alternativa correta: a) Todas estão corretas. b) I está correta. c) IV está correta d) II e IV estão corretas. __________________________________________________________________ 16 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br 5) Assinale a alternativa que contém aspectos da postura que não se deve ter durante uma crise. a) "O problema é meu." Não considerar se preservar. Seu medo não é perder o emprego, saber que tocar a crise com competência, ao contrário, pode significar ganhar uma promoção. b) "Foi um problema maior. Há motivo para pânico." Uma pequena rachadura num dique significa catástrofe. Não negligenciar seu público. Saber que se eles são respeitados e bem informados, eles podem ser seus aliados. c) "Isso não vai dar em nada." Efeito avestruz não ajuda. O que você prefere: um fim horroroso ou um horror sem fim? d) "Não foi um episódio isolado. Pode acontecer novamente." Não ignorar sinais de alerta. Resolver problemas potencialmente graves da primeira vez, antes de se tornarem crises. 6) No período pós-crise não é importante: a) Reconhecer como seus funcionários contribuíram durante a crise. b) Agradecer aos seus empregados pelo papel importante no momento de crise. c) Remover mensagens antigas que só servem para lembrar o momento turbulento que a organização passou. d) O foco deve estar no passado, não no presente e no futuro. 7) Uma definição de crise, para que seja dita perfeita em relação ao que estudamos, é: a) Manifestação súbita, inicial ou não, de doença física ou mental. b) Fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos sentimentos, dos fatos; do colapso. c) Ponto de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão. d) Deficiência, penúria. 8) Quem deve ser o porta-voz? a) O executivo. b) Alguém das comunicações. c) Um funcionário local responsável. d) Todos eles, dependendo do tipo de crise: em qual setor, quais os públicos atingidos, qual a proporção do problema etc. 9) Ao iniciar uma crise na organização, o certo a se fazer, é: a) Contar tudo e depressa, pois as informações transmitidas prontamente acabam com os boatos e acalmam os nervos. É melhor que uma única pessoa descreva o acontecimento. Se muitas pessoas estão dando informações diferentes, a mídia tende a entender mal a história. b) Descentralizar a divulgação de informações. Nomeie muitos porta- vozes e muitos locais para transmitir as notícias. c) Não importando quais serão as perguntas. Responder às perguntas apressadamente. d) Desmerecer os heróis. Concentrar-se no que é negativo. 10) É incorreto afirmar que no gerenciamento de crises empresariais, é de suma importância: a) Pensamento rápido e agilidade. b) Cortar os gastos da empresa. c) Criatividade e segurança são aspectos fundamentais. d) Pequenos detalhes podem fazer a diferença nos momentos mais inusitados. __________________________________________________________________ 17 __________________________________________________________________________ www.simplesead.com.br REFERÊNCIAS 1- CUNHA, Manoela Souza; GARCIA, M. F. O. Gerenciamento de Crises Empresariais: Um estudo sobre os procedimentos da Vivo Brasília para administrar as intervenções da Anatel e PROCON em maio de 2004. IESB, 2005. 2- FORNI João José. Comunicação em tempos de crise. Organicom, 2007. 3- MELO Waltemir. Comunicação de risco: ação obrigatória das organizações que trabalham com produtos perigosos. Revista Organicom, 2007. 4- ROSA, Mário. A Era do Escândalo: Lições relatos e bastidores de quem viveu as grandes crises de imagem. 4. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2003. 5- __________. A reputação sob a lógica do tempo real, Revista Organicom, 2007. 6- SANTOS, Iara Régia Vital dos. Gerenciamento de Crises. Revista Administradores, 2007. Disponível em: http://www.administradores.com.br/ mobile/artigos/marketing/gerenciame nto-de-crise/14493/, acessado em 10 de Julho de 2013. 7- SHINYASHIKI, Roberto Tadeu; FISCHER, Rosa Maria; SINYASHIKI, Gilberto. A importância de um sistema integrado de ações na gestão de crises. Revista Organicom, 2007. 8- SILVEIRA, Maurício. A importância do plano de gerenciamento de crises em empresas prestadoras de serviços: Estudo de caso. RP em Revista, 2010. 9- STIVELBERG, Camilla. Comunicação Interna: Gestão e Prevenção de Crises. IESB, 2011.
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