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AULA 6 TRIBUTOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS Prof.ª Graziela Cristina da S. B. Machado 2 TEMA 1 – ISS – LOCAL DO RECOLHIMENTO O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses a seguir, quando o imposto será devido no local: • do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese de importação de serviços do exterior; • da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 (Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário); • da execução da obra, no caso dos serviços descritos nos subitens 7.02 e 7.19: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 7.19 – Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo. (Brasil, 2003) • da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 (Demolição); • de edificações em geral, como estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 (Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres) – exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS; • da execução de varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 (Varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer); • da execução de limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 (Limpeza, manutenção e 3 conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres); • da execução de decoração e jardinagem, corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 (Decoração e jardinagem, inclusive corte e poda de árvores); • do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 (Controle e tratamento de efluentes de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos); • de florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte, descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas para quaisquer fins e por quaisquer meios, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 (Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres); • da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 (Escoramento, contenção de encostas e serviços congêneres); • da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 (Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas, açudes e congêneres); • onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.01 (Guarda e estacionamento de veículos terrestres automotores, de aeronaves e de embarcações); • dos bens, dos semoventes ou do domicílio das pessoas vigiadas, seguradas ou monitoradas, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 (Vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes); • de armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 (Armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda de bens de qualquer espécie); • da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13; 4 • do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo item 16 (Serviços de transporte de natureza municipal); • do estabelecimento do tomador da mão de obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 (Fornecimento de mão de obra, mesmo em caráter temporário, inclusive de empregados ou trabalhadores, avulsos ou temporários, contratados pelo prestador de serviço); • da feira, da exposição, do congresso ou do congênere a que se referir o planejamento, a organização e a administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 (Planejamento, organização e administração de feiras, exposições, congressos e congêneres); • do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa. • do domicílio do tomador dos serviços dos subitens 4.22, 4.23 e 5.09: 4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres. 4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante indicação do beneficiário. 5.09 – Planos de atendimento e assistência médico-veterinária. (Brasil, 2003) • do domicílio do tomador do serviço, no caso dos serviços prestados pelas administradoras de cartão de crédito ou débito e demais descritos no subitem 15.01 (Administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e congêneres, de carteira de clientes, de cheques pré- datados e congêneres). Nota: No caso dos serviços prestados pelas administradoras de cartão de crédito e débito, descritos no subitem 15.01, os terminais eletrônicos ou as máquinas das operações efetivadas deverão ser registrados no local do domicílio do tomador do serviço (incluído pela Lei Complementar n. 157, de 29 de dezembro de 2016). • do domicílio do tomador dos serviços dos subitens 10.04 e 15.09: 10.04 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia (franchising) e de faturização (factoring). 15.09 – Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing). (Brasil, 2003) 5 Nota: no caso dos serviços descritos nos subitens 10.04 e 15.09, o valor do imposto é devido ao município declarado como domicílio tributário da pessoa jurídica ou física tomadora do serviço, conforme informação prestada por este. Conforme o art. 4º da LC: Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolve a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. (Brasil, 2003) Unidade econômica: “pressupõe a existência de uma organização da fatores de produção, tais como: máquinas, equipamentos, capital, matéria-prima, funcionários, fisicamente localizada e capaz de prestarserviços” (Patrocínio, 2017, p. 86). Unidade profissional: “caracterizada nas atividades em que a renda e a remuneração provêm do trabalho e não da combinação de fatores de produção”. (Patrocínio, 2017, p. 86). Em virtude da legislação citada, que traz uma série de particularidades em relação ao local do recolhimento, conflitos se estabelecem quando há: • sede em um estabelecimento – prestação em outro com deslocamento do prestador; • atividade que se desenvolve em mais de um município – conflito entre atividade meio x atividade fim; • necessidade de efetuar cadastro em outro município (Cadastro de Prestadores de Outro Município – CPOM); A seguir, algumas jurisprudências sobre o assunto: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ISSQN. LC 116/03. COMPETÊNCIA. LOCAL ESTABELECIMENTO PRESTADOR. SÚMULA 83/STJ. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. SÚMULA 283/STF. RECURSO ESPECIAL Nº 1.160.253 - MG 1. De acordo com os arts. 3º e 4º da LC 116/03, a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento prestador dos serviços. Considera-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica. Isso significa que nem sempre a tributação será devida no local em que o serviço é prestado. O âmbito de validade territorial da lei municipal compreenderá, portanto, a localidade em que estiver configurada uma organização (complexo de bens) necessária ao exercício da atividade empresarial ou profissional 6 2. Afastar a aplicação das regras contidas na LC 116/03 apenas seria possível com a declaração de sua inconstitucionalidade, o que demandaria a observância da cláusula de reserva de plenário. 3. No caso, o tribunal a quo concluiu que os serviços médicos são prestados em uma unidade de saúde situada no Município de Canaã, o que legitima esse ente estatal para a cobrança do ISS. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03. SERVIÇO DE INFORMÁTICA. COMPETÊNCIA PARA SUA COBRANÇA. FATO GERADOR. LOCAL DO ESTABELECIMENTO DO PRESTADOR. PRESENÇA DE UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL . RECURSO ESPECIAL Nº 1.195.844 - DF 1. De acordo com os artigos 3º e 4º da Lei Complementar nº 116/03, conclui-se que a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento prestador dos serviços, considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de sua denominação. 2. Ocorre que, no presente caso, o Tribunal a quo, em seu voto revisor, considerou que os serviços de informática foram prestados na sede da instituição financeira, localizada em Brasília, sendo disponibilizados técnicos residentes para a manutenção da solução durante o período, caracterizando uma unidade econômica ou profissional no âmbito do Distrito Federal, o que legitima esse ente estatal para a cobrança o ISS. 3. Para infirmar o acórdão recorrido, neste ponto, faz-se necessário o revolvimento de matéria fático-probatória, o que é inviável em sede de recurso especial pelo óbice do enunciado n. 7 da Súmula desta Corte. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. No caso dos serviços a que se refere o subitem 3.04 (Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza) da lista de serviços, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não (parágrafo 1º do art. 3º da LC n. 116/2003). No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 (Serviços de exploração de rodovia mediante cobrança de preço ou pedágio dos usuários, envolvendo execução de serviços de conservação, manutenção, melhoramentos para adequação de capacidade e segurança de trânsito, operação, monitoração, assistência aos usuários e outros serviços definidos em contratos, atos de concessão ou de permissão ou em normas oficiais) da lista de serviços anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada município em cujo território haja extensão de rodovia explorada (parágrafo 2º do art. 3º da LC 116/2003). “Considera-se ocorrido o fato gerador do ISS no local do estabelecimento prestador nos serviços executados em águas marítimas, excetuados os serviços 7 descritos no subitem 20.01” (Brasil, 2003) da lista de serviços (Serviços portuários, ferroportuários, utilização de porto, movimentação de passageiros, reboque de embarcações, rebocador escoteiro, atracação, desatracação, serviços de praticagem, capatazia, armazenagem de qualquer natureza, serviços acessórios, movimentação de mercadorias, serviços de apoio marítimo, de movimentação ao largo, serviços de armadores, estiva, conferência, logística e congêneres) (parágrafo 3º do art. 3º da LC n. 116/2003). TEMA 2 – ISS – CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEL Contribuinte é o prestador do serviço (art. 5º da LC n. 116/2003), todavia os municípios e o Distrito Federal, mediante lei, podem atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou a atribuindo a este, em caráter supletivo, o cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais (art. 6º da LC n. 116/2003). O contribuinte é aquele que efetivamente presta o serviço, que desenvolve a atividade descrita em um dos subitens previstos na lei complementar n. 116/2003 e, portanto, sujeito passivo da relação tributária. Em contrapartida, os responsáveis são aqueles que não prestam o serviço, mas que de alguma forma possuem relação com este, como ocorre com os contratantes dos serviços, chamados de tomadores. Os responsáveis estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, da multa e dos acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte. Sem prejuízo do disposto, são responsáveis: • o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do país; • a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, 7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa. Para as situações citadas, há uma imposição da lei federal de que o recolhimento seja realizado pelo tomador do serviço, ou seja, ainda que o prestador e o tomador estejam no mesmo município, o ISS seria recolhido pelo 8 contratante do serviço, entretanto é bom salientar que alguns municípios acabam excluindo a responsabilidade do tomador e a atribuindo ao próprio prestador, que é o contribuinte do ISS, quando ambos estão na mesma cidade. Em virtude das diversas discussões a respeito do local do recolhimento do ISS, bem como devido aos denominados planejamento tributários, em que as empresas se constituíam em municípios diversos de onde a empresa desenvolvia as suas atividades, com o intuito de aproveitar menor alíquota, o Município de São Paulo institui o Cadastro de Prestador de Serviço de Outro Município. O CPOM, como é conhecido, constitui um cadastro a que as empresas de outros municípios devem se submeter a fim de evitar o recolhimento em duplicidade do ISS. Ele visa comprovar que empresa efetivamente existe em outro município. Muito se questiona em relação à exigência do CPOM, uma vez que se trata de regra criada pelosmunicípios e que não está disposta na Lei Complementar n. 116/2003. O intuito dos municípios com tal exigência é criar uma barreira para que as empresas de outras cidades prestem o serviço. Nesse sentido, caso a empresa de outro município não realize o cadastro, passa-se a exigir o ISS do tomador do serviço; o contratante, por sua vez, para não ter que arcar com o imposto, acaba o retendo do prestador e o repassando ao município. Nesse contexto, se o prestador não ficar atento às legislações dos municípios em que atua, pode ser surpreendido com dois recolhimentos do ISS: um pelo município onde se encontra estabelecido e outro pelo município onde prestou o serviço, mas não possui o cadastro. Como estratégia, empresas que atuam em diversos municípios, mas possuem um único estabelecimento, devem requerer o respectivo cadastro ou abrir filiais no intuito de evitar o pagamento do imposto em duplicidade. Atualmente, a maior parte das capitais exigem o CPOM. Inclusive, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar se é constitucional a obrigação prevista na Lei n. 14.042, de 30 de agosto de 2005, do Município de São Paulo, que determina a retenção do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS) pelo tomador de serviço, em razão da ausência de cadastro na Secretaria de Finanças de São Paulo do prestador não estabelecido no território do referido município. A matéria é objeto do Recurso Extraordinário (RE) 1167509 e teve repercussão geral reconhecida em deliberação no plenário virtual do STF. 9 TEMA 3 – FORNECIMENTO DE MERCADORIA COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. Figura 1 – Tributação de serviços Esse gráfico pretende resumir como devemos interpretar a lista de serviços sempre que há fornecimento de mercadorias. se o serviço está previsto na lista, mas não há no subitem nenhuma menção em relação a mercadoria, a incidência será exclusivamente do ISS, tal como ocorre com o serviço de limpeza previsto no subitem 7.10 da lista. Caso o serviço esteja na lista, mas com ressalva em relação à mercadoria, incidirá o ISS sobre os serviços e ICMS sobre a mercadoria, conforme se observa dos serviços a seguir: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). [...] 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). [...] 13.05 – Composição gráfica, inclusive confecção de impressos gráficos, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia, exceto se destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização, ainda que incorporados, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior circulação, tais como bulas, rótulos, etiquetas, Prestação de serviço com fornecimento de mercadoria Serviço previsto na lista da LC 116/03, sem ressalva permitindo a cobrança de ICMS Serviço previsto na lista da LC 116/03, com ressalva permitindo a cobrança de ICMS Serviço não previsto na lista da LC 116/03 ISS sobre o valor do serviço e da mercadoria fornecida ISS sobre o serviço e ICMS sobre a mercadoria ICMS sobre o valor do serviço e da mercadoria fornecida 10 caixas, cartuchos, embalagens e manuais técnicos e de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS. [...] 14.01 – Lubrificação, limpeza, lustração, revisão, carga e recarga, conserto, restauração, blindagem, manutenção e conservação de máquinas, veículos, aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS). [...] 14.03 – Recondicionamento de motores (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS). [...] 17.11 – Organização de festas e recepções; bufê (exceto o fornecimento de alimentação e bebidas, que fica sujeito ao ICMS). (Brasil, 2003) Por fim, para os serviços não previstos na lista e que estejam no campo de incidência do ICMS, incidirá apenas este, tal como ocorre com: • fornecimento de alimentação; • prestação de serviço de transporte intermunicipal e interestadual; • serviço oneroso de comunicação. Para os demais serviços não previstos na lista de serviços anexa à Lei Complementar n. 116/2003 nem inclusos no campo de incidência do ICMS, não haverá a incidência desses impostos, tal como ocorre com a locação de bens móveis, que não está sujeita ao ICMS e ao ISS. Para esses casos, a prestação será documentada por contrato ou outro documento que seja de conveniência entre as partes. TEMA 4 – SERVIÇOS POLÊMICOS 4.1 Software A Lei n. 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei do Programa de Computador - Propriedade Intelectual ou Lei do Software, dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador e sua comercialização no país, definindo: Art. 1º - Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados. (Brasil, 1998) Essa lei, em relação à tributação, traz a primeira regra no seu art. 9º: Art. 9º - O uso de programa de computador no País será objeto de contrato de licença (grifo nosso). Parágrafo único - Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou 11 licenciamento de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso. (Brasil, 1998) Seguem os serviços de informática e congêneres previstos na LC n. 116/2003: 1 – Serviços de informática e congêneres. 1.01 – Análise e desenvolvimento de sistemas. 1.02 – Programação. 1.03 - Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1.04 - Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos, independentemente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executado, incluindo tablets, smartphones e congêneres. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1.05 – Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação. 1.06 – Assessoria e consultoria em informática. 1.07 – Suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados. 1.08 – Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas 1.09 - Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei no 12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS). (Brasil, 2003) Para identificar se o fato gerador seria ICMS ou ISS, a doutrina e ajurisprudência sempre distinguirem o software entre de prateleira e personalizado. • Software personalizado: não é produzido em massa, em série, para uso comum, venda a varejo, em larga escala e de maneira uniforme, e sim desenvolvido de forma específica para um destinatário certo. • Software de prateleira: produzido em massa, em série, para uso comum, venda a varejo, em larga escala e de maneira uniforme, próprio para comercialização. No âmbito doutrinário, podemos citar algumas opiniões, como a de Mangieri (2003, p. 144): a) o ICMS só pode incidir sobre a realização de operação mercantil como fim em si mesma, não sobre operação que se constitua tão somente como um meio para a obtenção de outra finalidade; b) a entrega de bem corpóreo em decorrência de uma cessão de direitos não se configura em hipótese de incidência do ICMS; c) ceder direitos pressupõe a realização de atividades acessoriais (atividades-meio) como a distribuição de “softwares” através de disquetes, cd-rom, etc. Neste sentido, também se cita o entendimento de Melo (2004, p. 18): 12 Este bem ‘digital’ não consubstancia as características de âmbito legal (artigo 191 do Código Comercial), e constitucional (artigo 155, § 3º) de mercadoria, além do que o respectivo ‘software’ representa um produto intelectual, objeto de cessão de direitos, de distinta natureza jurídica o que tornaria imprescindível alteração normativa. No meio da referida discussão, em especial após a edição da Lei Complementar n. 157/2016 (que que trouxe nova redação ao item 1.04 da lista), os estados celebraram o Convênio ICMS 106/2017 para demarcar seu território com o intuito de esclarecer que continuavam no âmbito de incidência do ICMS as operações com bens e mercadorias digitais, tais como softwares, programas, jogos eletrônicos, aplicativos, arquivos eletrônicos e congêneres, que sejam padronizados, ainda que tenham sido ou possam ser adaptados, comercializados por meio de transferência eletrônica de dados. Alguns estados, com o intuito de minimizar a disputa com os municípios, acabam por conceder isenção do ICMS às operações com software, tais como Santa Catarina e Paraná; outros, no entanto, já regulamentaram o referido convênio e estão exigindo o ICMS, como é o caso do Estado de São Paulo. 4.2 Locação de bens móveis A locação de bens móveis prevista na lista anterior não foi reproduzida na atual lista. Isso ocorreu porque, em 2010, o Supremo Tributal Federal editou a Súmula Vinculante n. 31 com a seguinte tese: “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis” (Brasil, 2010). Importante destacar que em 2012 foi apresentado agravo regimental no recurso extraordinário com agravo 656.709 (locação de guindastes e apresentação do respectivo operador) em que ficou sedimentado que, na locação de bens móveis associada a prestação de serviços, não haverá incidência sobre a locação, incidindo, porém, o ISS sobre a prestação de serviços. A G .REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 656.709 EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS ASSOCIADA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LOCAÇÃO DE GUINDASTE E APRESENTAÇÃO DO RESPECTIVO OPERADOR. INCIDÊNCIA DO ISS SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS. SÚMULA VINCULANTE 31. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A Súmula Vinculante 31 não exonera a prestação de serviços concomitante à locação de bens móveis do pagamento do ISS. 2. Se houver, ao mesmo tempo, locação de bem móvel e prestação de serviços, o ISS incide sobre o segundo fato, sem atingir o primeiro. 3. O que a agravante poderia ter discutido, mas não o fez, é a necessidade 13 de adequação da base de cálculo do tributo para refletir o vulto econômico da prestação de serviço, sem a inclusão dos valores relacionados à locação. Agravo regimental ao qual se nega provimento 4.3 Farmácia de manipulação Na Lei Complementar n. 116/2003, tivemos a inserção do item 4.07 “serviços farmacêuticos”, o que acabou por ocasionar discussões sobre a tributação (ICMS x ISS) das farmácias de manipulação que preparam os produtos conforme fórmula prescrita em receitas, mas que também produzem mercadorias, muitas vezes com a sua própria marca para venda a clientes junto com os demais itens adquiridos para comercialização. A discussão chegou aos tribunais superiores, os quais decidiram que, no caso das farmácias de manipulação, que preparam e fornecem medicamentos sob encomenda conforme a receita apresentada pelo consumidor, há incidência exclusiva do ISS, visto que se trata de serviço previsto expressamente na legislação federal (item 4.07 da lista anexa à LC n. 116/2003). (STJ - REsp 975.105-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/10/2008). Logo, as farmácias de manipulação podem ter atividades mistas, ora sujeitas ao ICMS, ora ao ISS e, em alguns casos, ao IPI. TEMA 5 – IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA A base de cálculo do imposto é o preço do serviço (art. 7º da Lei Complementar n. 116/2003). Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 (Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza) da lista anexa forem prestados no território de mais de um município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia, da rodovia, dos dutos e condutos de qualquer natureza, dos cabos de qualquer natureza ou ao número de postes existentes em cada município. Não se inclui na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar; 7.02 - Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a 14 instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 7.05 - Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). (Brasil, 2003) A alíquota máxima do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 5%. (art. 8º da LC 116/2003). Em contrapartida, a alíquota mínima é de 2% (art. 8º-A da LC 116/2003). O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa à Lei Complementar n. 116/2003. É nula a lei ou o ato do município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relativas à alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. A nulidade descrita gera para o prestador do serviço, perante o município ou o Distrito Federal que não respeitar as disposições deste artigo, o direito à restituição do valor efetivamente pago do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza calculado sob a égide da lei nula. A nova lei complementar, ao tratar da base de cálculo do ISS devido pelos autônomos e pelas sociedades de profissionais,o fez de forma geral, estabelecendo no art. 7º que “a base de cálculo do imposto é o preço do serviço” (Brasil, 2003). Isso gerou a interpretação de que o dispositivo do Decreto-lei n. 406/1968, relativo à alíquota fixa, foi revogado e que, por consequência, as sociedades de profissionais passam a recolher o ISS sobre o preço do serviço. Todavia, a LC 116/03 revogou apenas os arts. 8º, 10, 11 e 12 do DL 406/1968. Não foi revogado expressamente o art. 9º, que trata do trabalho pessoal e permite que as sociedades profissionais de profissão regulamentada recolham o imposto de acordo com cada profissional habilitado. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 1º ago. 2003. _____. Lei n. 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 fev. 1998. _____. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n. 31, 4 fev. 2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 2010. MANGIERI, F. R. ISS teoria, prática e questões polêmicas. 3. ed. São Paulo: Edipro, 2003. MELO, J. E. S. de. ICMS teoria e prática. 7. ed. São Paulo: Dialética, 2004. PATROCÍNIO, J. A. ISS: teoria, prática e jurisprudência: Lei Complementar 116/2003 – anotada e comentada. 4 ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2017.