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Prof. Me. Vinícius Albuquerque UNIDADE I Patrimônio, Memória e Museus O que vamos estudar nesta disciplina? Unidade I – 1. Introdução: qual é a importância dos estudos sobre patrimônio, memória e museus? 1.1 Patrimônio – usos e definições 1.2 Cultura é patrimônio 1.3 Educação patrimonial: introdução 2. SPHAN / IPHAN Patrimônio, Memória e Museus – Conteúdo Unidade I 3. Cartas patrimoniais 3.1 Origens das cartas patrimoniais 3.2 Cartas patrimoniais: alguns documentos 3.3 Icomos/Unesco 4. Dicionário temático do patrimônio: usos e temas fundamentais 4.1 Diferentes expressões do patrimônio 4.2 Debates contemporâneos sobre o patrimônio material e imaterial Unidade II 5. Memória – definições 5.1 Como diferenciar história e memória? 5.2 Usos da memória e esquecimentos 6. Celebrações e efemérides: festas cívicas e a construção de memórias sociais 6.1 Os 500 anos do “Descobrimento”: Exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento Patrimônio, Memória e Museus – Conteúdo Unidade II 6.2 O caso das derrubadas das estátuas: problemas, debates e significados 7. Museus – importância e funções 7.1 Conhecer as instituições – museus e possibilidades de ensino de História 7.2 O mundo digital contribuindo para o conhecimento 7.3 Alguns museus digitais ou virtuais do Brasil e do mundo que podem ser conhecidos 8. Destruição de museus e patrimônio: tragédias anunciadas? Por que trabalhar com patrimônio, memória e museus? Importância na construção da consciência social, da cidadania e da compreensão da formação dos sujeitos sociais: as memórias são produzidas socialmente; o patrimônio material e imaterial em diversas sociedades; visão crítica nas abordagens para a formação do pensamento científico. Pensando no patrimônio, podemos mobilizar aspectos da geografia, da arquitetura, da arte e, é claro, da história. Sobre a memória, vamos problematizar seus usos e também os esquecimentos, como as memórias sociais surgem, como são elaboradas. O Brasil tem mais de 3.800 museus: são todos iguais? Qual é a importância deles para a educação? Como visitá-los? Patrimônio, Memória e Museus Apresentação da importância que os significados dos termos patrimônio, memória e museus tem ganhado destaque nos últimos anos. Crescente interesse do público em geral e reconhecimento de sua relevância pela comunidade acadêmica. Reportagens e notícias nas mais diversas plataformas que envolvem o domínio de seus sentidos; no âmbito escolar, também, publicações que relacionam os temas à educação e ao trabalho de professores têm se tornado cada vez mais numerosas e expressivas. Inserir os debates na educação básica, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio. O tratamento do patrimônio nos leva a debates contemporâneos que problematizam a paisagem cultural; o patrimônio arqueológico; o patrimônio arquitetônico; os centros históricos; o problema do patrimônio na Constituição de 1988; a educação patrimonial e, também, de questões relacionadas ao patrimônio material e imaterial. Patrimônio, Memória e Museus Dicionários: patrimônio – conjunto de bens de família transmitidos por herança; conjunto dos bens de uma pessoa, instituição ou empresa, herdados ou adquiridos; conjunto dos bens materiais e imateriais de uma nação, estado, cidade, que constituem herança coletiva e são transmitidos de geração a geração: o patrimônio cultural brasileiro (PATRIMÔNIO, [s.d.]). Herança familiar; conjunto dos bens familiares; grande abundância; riqueza, profusão; bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida para determinado lugar, região, país ou mesmo para a humanidade, que passa(m) por um processo de tombamento para que seja(m) protegido(s) e preservado(s): cidades históricas brasileiras; o samba; diversas manifestações; polêmicas, debates e discussões nacionais e internacionais. Porque estudar o Patrimônio, Memória e Museus? Parthenon: Mármores de Elgin – diversas peças que estavam nos frisos; a guarda das esculturas é do Museu Britânico (British Museum) em Londres. As peças estão na Inglaterra desde 1832 e a disputa aumentou quando, em 2021, o governo grego formalizou um pedido de devolução. Em 4 de janeiro de 2023 o museu anunciou na imprensa que realizava “discussões” construtivas com o governo grego a respeito da devolução das peças à Atenas. Foi noticiado na imprensa britânica que o presidente da instituição inglesa, George Osborne, ex-ministro de finanças, assinou um acordo para a devolução. Devolução de fato ou empréstimo? Debates na cultura pop contemporânea: Pantera Negra (Marvel). Disputas sobre “tesouros” arqueológicos Parthenon e o debate do patrimônio: a quem pertence? Patrimônio, Memória e Museus Fonte: https://upload.wi kimedia.org/wikip edia/commons/a/ ad/Parthenon_fro m_west.jpg Fonte: acervo pessoal. Fonte: acervo pessoal. Quando falamos em patrimônio, duas ideias diferentes, mas relacionadas, vêm à nossa mente. Em primeiro lugar, pensamos nos bens que transmitimos aos nossos herdeiros [...] Legamos, também, bens materiais de pouco valor comercial, mas de grande significado emocional, como uma foto, um livro autografado ou uma imagem religiosa do nosso altar doméstico. [...] A esse sentido legal do termo, devemos acrescentar outro, não menos importante: o patrimônio espiritual. Quando pensamos no que recebemos de nossos antepassados, lembramo-nos não apenas dos bens materiais, mas também da infinidade de ensinamentos e lições de vida que eles nos deixaram. A maneira de fazer nhoques – que não se resume à receita, guardada com cuidado no caderno com a letra da nossa querida mãe ou avó –, o modo como sambamos (algo que nunca estará em um caderninho!), os ditados e provérbios que sabemos de cor e que nos guiam por toda a vida são exemplos de um patrimônio imaterial inestimável (FUNARI; PELEGRINI, 2006, p. 8). Patrimônio – Patrimônio histórico e cultural – Funari e Pelegrini (2006) Patrimônio e Coletividade As coletividades são constituídas por grupos diversos, em constante mutação, com interesses distintos e, não raro, conflitantes. Uma mesma pessoa pode pertencer a diversos grupos e, no decorrer do tempo, mudar para outros. Passamos, assim, por grupos de faixa etária: crianças, adolescentes, adultos, idosos. Passamos ainda de estudantes a profissionais, e, em seguida, a aposentados. São, portanto, inúmeras as coletividades que convivem em constante interação e mudança (FUNARI; PELEGRINI, 2006, p. 8). “Brasileiro não tem memória?” Será correto afirmar isso? De que memória se está tratando? Estereótipo é observar ou entender uma pessoa ou algo de modo muito generalizado, não respeitando características específicas, próprias. Dessa maneira, formam-se padrões equivocados que podem originar incompreensões, preconceitos e distorções, levando ao lugar-comum. Patrimônio – Patrimônio histórico e cultural – Funari e Pelegrini (2006) Segundo o sociólogo que se dedicou a compreender as nuances por trás da ideia de memória coletiva, Maurice Halbwachs, “cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva” (2013, p. 30), pois considera a importância de rememorar, mas não a separa de forma absoluta do coletivo, ao contrário, lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos. Isso acontece porque jamais estamos sós (HALBWACHS, 2013, p. 30). Rememorar, portanto, pode ser pensado como uma ou mais pessoas juntando suas lembranças conseguem descrever com muita exatidão fatos ou objetos que vimos ao mesmo tempo em que elas, e conseguem até reconstituir toda a sequência de nossos atos e nossas palavras em circunstâncias definidas, sem que nos lembremos de nada de tudo isso (HALBWACHS, 2013, p. 31). Memória Coletiva– Halbwachs – Importância do Rememorar O conceito de memória é crucial. Embora o presente ensaio seja exclusivamente dedicado à memória tal como ela surge nas ciências humanas (fundamentalmente na história e na antropologia), e se ocupe mais da memória coletiva que das memórias individuais, é importante descrever sumariamente a nebulosa memória no campo científico global. A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. Desse ponto de vista, o estudo da memória abarca a psicologia, a psicofisiologia, a neurofisiologia, a biologia e, quanto às perturbações da memória, das quais a amnésia é a principal, a psiquiatria […]. Certos aspectos do estudo da memória, no interior de qualquer uma dessas ciências, podem evocar, de forma metafórica ou concreta, traços e problemas da memória histórica e da memória social (LE GOFF, 2013, p. 387). História e memória, de Jacques Le Goff “O processo da memória no homem faz intervir não só a ordenação de vestígios, mas também a releitura desses vestígios” e “Os processos de releitura podem fazer intervir centros nervosos muito complexos e uma grande parte do córtex”, mas existe “um certo número de centros cerebrais especializados na fixação do percurso mnésico” (CHANGEUX apud LE GOFF, 2013, p. 388). Existem concepções diversas de memória, que põem a tônica nos aspectos de estruturação, nas atividades de auto-organização. Os fenômenos da memória, tanto nos seus aspectos biológicos como nos psicológicos, não são mais do que os resultados de sistemas dinâmicos de organização e apenas existem “na medida em que a organização os mantém ou os reconstitui”. Alguns cientistas foram, assim, levados a aproximar a memória de fenômenos diretamente ligados à esfera das ciências humanas e sociais. Isso significa que, antes de ser falada ou escrita, existe uma certa linguagem sob a forma de armazenamento de informações na nossa memória (LE GOFF, 2013, p. 388-389). História e memória, de Jacques Le Goff Em nossa abordagem inicial à questão da memória, esta pode ser considerada como: a) Um problema individual de lembrar. b) Uma questão biológica. c) A capacidade que alguns têm de recordar todos os detalhes da vida e outros não. d) Uma questão histórica, social e coletiva. e) Um problema a ser estudado apenas por médicos e psicólogos. Interatividade Em nossa abordagem inicial à questão da memória, esta pode ser considerada como: a) Um problema individual de lembrar. b) Uma questão biológica. c) A capacidade que alguns têm de recordar todos os detalhes da vida e outros não. d) Uma questão histórica, social e coletiva. e) Um problema a ser estudado apenas por médicos e psicólogos. Resposta O portal do Iphan nos traz importantes definições sobre patrimônio cultural: A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-lei n. 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de referência cultural e a definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial. A Constituição estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades para a promoção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto mantém a gestão do patrimônio e da documentação relativa aos bens sob responsabilidade da administração pública (PATRIMÔNIO CULTURAL, [s.d.]). Patrimônio – Usos e definições Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”, o artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens. “De natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (PATRIMÔNIO CULTURAL, [s.d.]). Patrimônio – Definições e questões Patrimônio material é: O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário – além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937, que é adequado, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis, como as cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos (PATRIMÔNIO MATERIAL, [s.d.]). Patrimônio – Definições e questões – Patrimônio material Patrimônio mundial: A Convenção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, adotada em 1972 pela Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco), tem como objetivo incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos para a humanidade. Trata-se de um esforço internacional de valorização de bens que, por sua importância como referência e identidade das nações, possam ser considerados patrimônio de todos os povos. [...] o Patrimônio Cultural é composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico. Incluem obras de arquitetura, escultura e pintura monumentais ou de caráter arqueológico, e, ainda, obras isoladas ou conjugadas do homem e da natureza. São denominadas Patrimônio Natural as formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, habitats de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas que tenham valor científico, de conservação ou estético excepcional e universal (PATRIMÔNIO MATERIAL, [s.d.]). Patrimônio – Definições e questões – Patrimônio mundial Patrimônio imaterial: Contempla os saberes, práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Uma das formas de proteção dessa porção imaterial da herança cultural é a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, adotada pela Unesco em 2003. Para estimular governos, organizações não governamentais (ONGs) e comunidades locais a reconhecer, valorizar, identificar e preservar o seu patrimônio intangível, a Unesco criou um título internacional que destaca espaços e manifestações da cultura imaterial, a chamada Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, prevista pela respectiva Convenção (PATRIMÔNIO MUNDIAL, [s.d.]). Patrimônio – Definições e questões –Patrimônio imaterial Patrimônio arqueológico: Reconhecidos como parte integrante do Patrimônio Cultural Brasileiro pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, os bens de natureza material de valor arqueológico são definidos e protegidos pela Lei n. 3.924, de 26 de julho de 1961, sendo considerados bens patrimoniais da União. Também são considerados sítios arqueológicos os locais onde se encontram vestígios positivos de ocupação humana, os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento, “estações” e “cerâmicos”, grutas, lapas e abrigos sob rocha. Além das inscrições rupestres ou locais com sulcos de polimento, sambaquis e outros vestígios de atividade humana (PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, [s.d.]). Patrimônio – Definições e questões – Patrimônio arqueológico Devemos considerar que as discussões relacionadas ao patrimônio, à cultura, à preservação – e a como estes são tratados pelas sociedades – têm sua historicidade, ou seja, não devemos naturalizar a constituição dos patrimônios como algo dado pela essência dos objetos ou monumentos. São sociedades históricas que fazem escolhas e, por isso, variam no tempo e nos lugares. Cultura é patrimônio Organização do patrimônio: construção de mitologias nacionais, de projeções relativas ao passado, mas que partem de questões do presente, como contar a “verdadeira” história da nação. Ortiz (2006) defende que não existe uma identidade nacional autêntica e verdadeira; ela é sempre um discurso de segunda ordem, cujo objeto de seleção e interpretação é a cultura popular, múltipla e particularizada. Ou seja, a construção de uma identidade nacional única requer a reunião, seleção e interpretação de memórias e culturas populares diversas e particularizadas espalhadas por vários grupos sociais; a identidade nacional não é apenas um conjunto dessas culturas populares, mas uma construção que as une e as transcende como ideologia de Estado. A construção da identidade nacional requer um trabalho de mediação – daí a importância dos intelectuais nesse processo –, que impõe definições, fronteiras e discursos para os diversos grupos sociais que formam a sociedade, e que permite que políticas públicas patrimoniais se apresentem como hegemônicas e legítimas. Funções do Patrimônio Cultural O patrimônio cultural cumpre quatro funções principais, a saber: a) reforçar a noção de cidadania, dado que o acervo salvaguardado é de propriedade de todos, e exige, por isso, o envolvimento da sociedade em sua preservação. b) o acervo salvaguardado materializa a nação, demarcando-a no tempo e no espaço. c) os bens patrimoniais marcam a presença da nação em um território, servindo como provas materiais da história oficial e de seus mitos de origem. d) o patrimônio cultural é um instrumento pedagógico, a serviço da educação dos cidadãos (ANDRADE; CHOAY; FONSECA apud KÖHLER, 2019, p. 143). Funções do Patrimônio Cultural Para Pelegrini e Funari (2008), a cultura consiste, pois, em transmitir valores adquiridos pela experiência de determinado grupo humano. Difere, portanto, de um grupo a outro. Ruth Benedict (1887-1948) lembrou que a cultura é como uma lente através da qual o ser humano vê o mundo e sem a qual nada enxergamos. O sociólogo precursor brasileiro Gilberto Freyre (1900-1987), na esteira de suas leituras antropológicas, formularia com precisão: “Quase se pode dizer que o hábito ou o costume é que é, no homem, a natureza humana” (PELEGRINI; FUNARI, 2008, p. 18). Uma definição mais recente, de Christoph Brumann, parece ser bastante abrangente: a cultura é o conjunto de padrões adquiridos socialmente a partir dos quais as pessoas pensam, sentem e fazem. Uma cultura não requer proximidade física ou um tipo específico de sociabilidade direta, apenas interação social, mesmo que mediada por meios de comunicação e que seja casual. Mesmo ver, ouvir ou ler uns aos outros pode ser o suficiente (1999, p. 23). O veterano antropólogo norte-americano, Marshall Sahlins, em entrevista na segunda metade da década dos anos 2000, chegou a afirmar que “a cultura é tudo”, no sentido de que não existe natureza que não se expresse de forma simbólica, em determinada sociedade (apud PELEGRINI; FUNARI, 2008, p. 19). Cultura – Transmissão de valores Princípios e diretrizes da educação patrimonial; macroprocessos institucionais. Rodrigo Melo Franco de Andrade, dirigente do Iphan desde sua criação até 1967 […] apontou, em alguns artigos e discursos, para a importância da educação na preservação do Patrimônio Cultural. Em depoimentos prestados nos últimos anos de sua gestão, ele declarava: “Em verdade, só há um meio eficaz de assegurar a defesa permanente do patrimônio de arte e de história do país: é o da educação popular”. A natureza processual das ações educativas marca um ponto de inflexão na qual as ações isoladas e não articuladas precisam ser superadas, pois Educação Patrimonial consiste em um “processo permanente e sistemático”, centrado no “Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”. Importância da Educação Patrimonial Na discussão sobre patrimônio, a preocupação com a cultura justifica-se porque: a) Alguns povos têm cultura e outros não. b) A ideia de cultura é polêmica e não pode ser trabalhada em sala de aula. c) A ideia de cultura pertence exclusivamente ao campo da antropologia. d) A ideia de cultura esconde os verdadeiros valores sociais. e) A ideia de cultura deve ser situada no âmbito da transmissão de valores e por isso é um importante elemento constitutivo dos seres humanos e das sociedades. Interatividade Na discussão sobre patrimônio, a preocupação com a cultura justifica-se porque: a) Alguns povos têm cultura e outros não. b) A ideia de cultura é polêmica e não pode ser trabalhada em sala de aula. c) A ideia de cultura pertence exclusivamente ao campo da antropologia. d) A ideia de cultura esconde os verdadeiros valores sociais. e) A ideia de cultura deve ser situada no âmbito da transmissão de valores e por isso é um importante elemento constitutivo dos seres humanos e das sociedades. Resposta Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) foi a primeira denominação do órgão federal de proteção ao patrimônio cultural brasileiro, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Sphan começou a funcionar em 1936, a partir de determinação presidencial dirigida ao ministro da Educação e Saúde Pública, Gustavo Capanema, conforme mencionado no relatório de atividades desse ano apresentado por Rodrigo Melo Franco de Andrade “fica criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com a finalidade de promover, em todo o País e de modo permanente, o tombamento, a conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional” (BRASIL, 1937, art. 46). A instituição do Sphan, depois transformado em Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é a designação atual da instituição brasileira de preservação do patrimônio cultural criada em 1937 como Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. SPHAN / IPHAN As cartas patrimoniais são documentos cuja finalidade é orientar e fundamentar teoricamente as ações relacionadas ao patrimônio cultural. Suas origens estão em resoluções estabelecidas ao final de encontros que debatem normas, produção de documentação, preservação de patrimônio bem como manutenção e restauro desse patrimônio. As primeiras manifestações da preocupação com o patrimônio surgiram no século 20 como resultado da análise da destruição ocasionada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Nos conflitos, os ataques contra edifícios ameaçaram a manutenção de determinadas características culturais e históricas dos monumentos. Nas primeiras cartas, ficaclara a preocupação em definir a própria noção de monumento e de seu entorno; mais tarde, observa-se que a proteção é estendida aos conjuntos arquitetônicos; numa etapa ainda posterior, dá-se ênfase aos aspectos ligados ao urbanismo, ao uso, à integração com outras áreas e à inserção da preservação em todos os planos de desenvolvimento. Foram também produzidos documentos especificamente voltados para a arqueologia, o comércio de bens e a restauração (CURY, 2004, p. 10). Cartas patrimoniais Podemos considerar que as cartas têm origens em épocas e lugares diferentes espalhados pelo mundo. As cartas patrimoniais são fruto da discussão de um determinado momento. Antes de tudo, não têm a pretensão de ser um sistema teórico desenvolvido de maneira extensa e com absoluto rigor, nem de expor toda a fundamentação teórica do período. As cartas são documentos concisos e sintetizam os pontos a respeito dos quais foi possível obter consenso, oferecendo indicações de caráter geral. Seu caráter, portanto, é indicativo ou, no máximo, prescritivo. São documentos de referência. Carta de Atenas de 1933 surge tratando de generalidades, diagnósticos e conclusões sobre problemas urbanísticos de grandes cidades pelo mundo, consideradas importantes na ocasião, elaboradas pelo Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Ciam), realizado em Atenas. Cartas patrimoniais – Origens Como matriz das cartas, temos a chamada Carta de Atenas, de 1931, já mencionada: Carta de Atenas. Escritório Internacional dos Museus. Sociedade das Nações. Atenas (Grécia), 1931. A Carta de Atenas (1931) é a carta patrimonial precursora. Segundo ela, o patrimônio cultural consiste em grandes obras arquitetônicas, que adquirem o status de monumentos. Ela não se ocupa da utilização desses monumentos; não há, por exemplo, nenhuma menção ao lazer nem sequer ao turismo. Para a proteção dos monumentos, a carta patrimonial recomenda que a infância e a juventude sejam educadas para se absterem de os danificar. Pela leitura, é possível ver que se recomenda que o povo seja educado, mas não há nenhuma outra indicação de como ele poderia envolver-se mais profundamente com o patrimônio cultural, a não ser se abstendo de vandalizá-lo e destruí-lo (KÖHLER, 2019, p. 144). Cartas patrimoniais – A Carta de Atenas Sobre as cartas patrimoniais, podemos recordar que as cartas patrimoniais são documentos de referência, de caráter prescritivo ou indicativo, relacionadas a questões preservacionistas, sejam elas ligadas ao monumento em si, a conjuntos arquitetônicos e paisagísticos, ao aproveitamento econômico do patrimônio cultural, ao comércio de bens culturais e à restauração arquitetônica, dentre vários outros temas e objetos de análise e preocupação (KÖHLER, 2019, p. 139). Listas extensas: Carta dos jardins históricos brasileiros, dita Carta de Juiz de Fora (2010); Carta de Brasília (2010); I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural (2009). Recomendação Paris (2003); Cartagena de Índias, Colômbia (1999); Carta de Mar del Plata (1997); Carta Brasília (1995); Conferência de Nara (1994); Carta do Rio (1992); Atenas, Veneza etc. Temas: os mais variados. Cartas patrimoniais – Outros documentos Icomos significa Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, uma organização não governamental global associada à Unesco também presente no Brasil. Trabalha para a conservação e proteção dos sítios de patrimônio cultural. É a única organização não governamental global deste gênero, dedicada à promoção da aplicação da teoria, metodologia e técnicas científicas para a conservação do patrimônio arquitetônico e arqueológico. O seu trabalho é baseado nos princípios consagrados na “Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios” (Carta de Veneza, 1964). Sua missão é promover a conservação, a proteção, o uso e a valorização de monumentos, centros urbanos e sítios. Participa no desenvolvimento da doutrina, evolução e divulgação de ideias, e realiza ações de sensibilização e defesa. O Icomos é o organismo consultor do Comitê do Patrimônio Mundial para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial da Unesco. Icomos/Unesco Icomos/Unesco Fonte: https://www.univille.edu.br/noticias/2017.5/me strado-tem-chancela-da-unesco/879676 Fonte: https://drummond.com.br/wp-content/webp-express/webp-images/uploads/2019/11/unesco-1024x683.png.webp A Unesco também tem contribuído para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos na Agenda 2030, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 2015. O patrimônio cultural vai ser tratado pelo Setor de Cultura da Unesco, que lida tanto com o patrimônio tangível (lugares, museus, bibliotecas e arquivos) quanto com o intangível (língua, história oral, música, dança, propriedade intelectual). O ano de 1959 foi um marco para o início das ações efetivas de proteção a bens considerados de relevância universal com a construção da Represa de Assuã, no Egito, para não danificar ou perder por completo os templos de Abu, Simbel e Philae. 1972: Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural – ao assinar, cada país compromete-se não apenas a conservar os sítios do patrimônio mundial situados em seu território, mas também a proteger seu patrimônio nacional (CASTRIOTA apud CARVALHO; MENEGUELLO, 2020, p. 102). A discussão extrapola os recortes espaciais nacionais e torna-se evidentemente mundial, sendo necessária uma articulação supranacional das questões. Icomos/Unesco Abu Simbel Icomos/Unesco Fonte: https://study.com/cimages/multimages/16/450px _entrance_to_the_great_temple_of_ramses_ii_a t_abu_simbel_egypt6105645552796551178.jpg A respeito das cartas patrimoniais, é correto afirmar que: a) Não respeitam a diversidade dos tipos de patrimônios, pois tentam estabelecer padrões muito gerais e amplos de patrimônio. b) São impostas pela ONU a todos os seus membros. c) São discussões presentes em poucos países e por isso um conhecimento restrito. São leis estabelecidas em cada país. d) São documentos cuja finalidade é orientar e fundamentar teoricamente as ações relacionadas ao patrimônio cultural. e) Na atualidade perderam importância como referência nos debates científicos. Interatividade A respeito das cartas patrimoniais, é correto afirmar que: a) Não respeitam a diversidade dos tipos de patrimônios, pois tentam estabelecer padrões muito gerais e amplos de patrimônio. b) São impostas pela ONU a todos os seus membros. c) São discussões presentes em poucos países e por isso um conhecimento restrito. São leis estabelecidas em cada país. d) São documentos cuja finalidade é orientar e fundamentar teoricamente as ações relacionadas ao patrimônio cultural. e) Na atualidade perderam importância como referência nos debates científicos. Resposta Aline Carvalho e Cristina Meneguello (2020). Referência, pois enumera e problematiza temas e visões tradicionais acerca do patrimônio; além disso, traz a sessão relacionada a debates atualizados, abordando, inclusive, temas polêmicos. “Dedicamos esta obra àqueles que encontram no patrimônio uma forma de resistência”. Epígrafe: citação de Milan Kundera: “Imprimir forma a uma duração é uma exigência da beleza, mas é também uma exigência da memória. Pois aquilo que não tem forma é inalcançável, imemorável”. Dicionário temático do patrimônio – Usos e temas fundamentais Temas: patrimônio cultural; paisagem cultural; patrimônio arqueológico, arquitetônico; a relação com a Constituição de 1988; acervos; centros históricos; cidades; direito e educação patrimonial; restauração; patrimônio imaterial; natural; religioso; rural e as políticas públicas – além do tratamento do Sphan/Iphan, turismo e do Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) e Unesco (Organização das Nações Unidaspara a Educação, a Ciência e a Cultura). No tópico relativo a novos patrimônios e novas questões, são abordados: antropoceno e patrimônio; arquivos; cultura visual; itinerários; rotas e roteiros; o litoral e o patrimônio; o audiovisual; mulheres e patrimônio; ciência e tecnologia; patrimônio cultural funerário; LGBTQIAP+; ditadura; migração e imigração; memória na internet; patrimônio moderno; parques e jardins; cultura popular; festas religiosas; objetos do cotidiano; ofícios; patrimônio e relações internacionais; turismo religioso; vandalismo; patrimônio educativo; ferroviário; genético; geológico; hospitalar; indígena; industrial; prisional; patrimônios afro-brasileiros e patrimônios difíceis (sombrios). Dicionário temático do patrimônio – Usos e temas fundamentais O patrimônio é a medida dos entrelaçamentos entre memória e história, poderoso dispositivo de reflexão sobre o passado, o presente e o futuro. Inegavelmente, fundamental instrumento do fazer político – no sentido de que serve àqueles que compartilham a vida na pólis. Nesse contexto, a proposta desta obra é organizar, na forma de verbetes, diferentes vetores pelos quais o patrimônio atua e os variados caminhos trilhados pelas pesquisas recentes na temática […]. Outros esforços recentes criaram dicionários que descrevem aspectos dos processos de patrimonialização, como o dicionário do Iphan (Dicionário Iphan do patrimônio cultural) ou o glossário do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Glossário de termos Conpresp). “[…] buscamos embasar e inspirar as pesquisas de estudantes, profissionais e demais interessados no tema, nas áreas de história e história da arte, arquitetura, turismo, direito, museologia, ciências sociais, entre outros, e de forma acessível disponibilizar debates a um público mais amplo.” (CARVALHO; MENEGUELLO, 2020, p. 25) Dicionário temático do patrimônio – Usos e temas fundamentais É fundamental afirmar que nossa perspectiva precisa respeitar a historicidade dos processos e os aspectos sociais que envolvem questões locais, nacionais e também internacionais. A coletividade não é uma simples soma de indivíduos, assim como o todo não é uma mera junção das partes, como afirmou, há 2.500 anos, o filósofo grego Platão. Podemos lembrar também o que diz outro pensador antigo, Aristóteles, ao assinalar que as palavras não são apenas a junção de letras, como um animal não é a soma de órgãos. As coletividades são constituídas por grupos diversos, em constante mutação, com interesses distintos e, não raro, conflitantes. Uma mesma pessoa pode pertencer a diversos grupos e, no decorrer do tempo, mudar para outros. São, portanto, inúmeras as coletividades que convivem em constante interação e mudança. Diferentes expressões do patrimônio Em nossa disciplina estudamos o patrimônio com diversos olhares, preocupações e questionamentos. Segundo essa convenção, subscrita por mais de 150 países, o patrimônio da humanidade compõe-se de: Monumentos: obras arquitetônicas, esculturas, pinturas, vestígios arqueológicos, inscrições, cavernas. Conjuntos: grupos de construções. Sítios: obras humanas e naturais de valor histórico, estético, etnológico ou científico. Monumentos naturais: formações físicas e biológicas. Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção. Sítios naturais: áreas de valor científico ou de beleza natural. Década de 1980: acepção ampliada do conceito de patrimônio, compreendido não só por produções de artistas ou intelectuais reconhecidos, foi estendido às criações anônimas, oriundas da alma popular […], importância da preservação de bens materiais e não materiais que expressassem a criatividade de seus povos, reconhecidos na singularidade da língua, dos ritos, das crenças, dos lugares, dos monumento históricos e das produções artísticas e científicas. Diferentes expressões do patrimônio Brasil: ampliação do conceito de patrimônio no artigo 216 da Constituição Federal Brasileira impulsionou o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, Decreto n. 3.551/2000. Multiplicação das frentes de tombamento do patrimônio histórico nacional, apresentada no registro de “bens imateriais notáveis”, novas formas de acautelamento por parte do Iphan e a necessidade da criação do Livro de Registro dos Saberes e do Livro de Registro das Formas de Expressão, nos quais são inscritos os “conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades” e compiladas “as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas” (FUNARI; PELEGRINI, 2006, p. 28). Vivências e experiências são contempladas nesse esforço de ampliação, originando o Livro das Celebrações e o Livro dos Lugares, que tratam, respectivamente, dos “rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social” e dos espaços onde se “concentram e reproduzem práticas culturais coletivas”, como mercados, feiras, santuários e praças. Diferentes expressões do patrimônio Conceitos essenciais relacionados ao patrimônio cultural Fonte: Pelegrini (2009, p. 28). Patrimônio cultural Bens intangíveis Ideias, costumes, crenças, tradição oral, danças, rituais, saberes etc. Bens tangíveis Bens móveis. Bens imóveis. Bens móveis Objetivos de arte. Objetivos litúrgicos. Livros e documentos. Fósseis. Coleções arqueológicas. Acervos museológicos, documentais e arquivísticos. Bens imóveis Monumentos. Núcleos urbanos e edifícios. Templos. Bens individuais. Sítios arqueológicos. Sítios paisagísticos. Identificação; documentação; restauração; conservação; preservação; fiscalização e difusão dos bens culturais considerados representativos de diversos segmentos do patrimônio cultural da humanidade. No caso do Brasil, ainda de acordo com Pelegrini (2009), o uso dos conceitos orienta as ações do Iphan, que procura classificar a natureza dos bens culturais materiais, registrados em quatro livros do tombo: Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico. Livro do tombo histórico. Livro do tombo das belas-artes. Livro das artes aplicadas. Diferentes expressões do patrimônio e o tombamento Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, implementado pelo Decreto n. 3.551/2000, ampliou as possibilidades de tombamento do patrimônio histórico nacional com o registro de “bens imateriais notáveis”, levando à criação de outras formas de acautelamento: Livro de Registro dos Saberes. Livro das Formas de Expressão. Livro das Celebrações. Livro dos Lugares. Diferentes expressões do patrimônio e o tombamento Até 2008 haviam sido reconhecidos nacionalmente os seguintes bens imateriais (exemplos): Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (dez./2002). Arte Kusiwa dos Índios Wajäpi (dez./2002). Samba de roda no Recôncavo Baiano (out./2004). Alguns bens imateriais Modo de fazer de viola-de-cocho (jan./2005). Ofício das baianas de Acarajé (jan./2005). Círio de Nossa Senhora de Nazaré (out./2005). Jongo no Sudeste (dez./2005). Frevo (dez./2006). Tambor de crioula do Maranhão (jun./2007). Samba do Rio de Janeiro (out./2007). Modo artesanal de fazer queijo “Minas” (2008). Capoeira (jul./2008). O modo de fazer renda irlandesa produzida em Divina Pastora (nov./2008) (PELEGRINI, 2009, p. 30). Forró é um exemplo de patrimônio. Considerado bem imaterial por ser uma expressão musical, foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão. O nome bastante popularizado no Brasil teria a origem na abreviação de forróbodó, que aparece como indicativo de bailes, festas dançantes. Surgido no atual Nordeste brasileiro na década de 1930, pouco a pouco tornou-se mais conhecido e, a partir dos anos 1950,se popularizou com as músicas de Luiz Gonzaga. Alguns bens imateriais – Forró O forró é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN, 2021. Fonte: https://www.flickr.com/photos/pala ciodoplanalto/51745979370/in/pho tostream/lightbox/ A questão da proteção ao patrimônio cultural envolve as paisagens e os bens culturais (móveis ou imóveis, materiais ou imateriais) e está diretamente vinculada à melhoria da qualidade de vida da população, pois a preservação das memórias e das identidades é uma demanda social tão importante quanto qualquer outra atendida pelo serviço público. Conceitos essenciais à defesa do nosso patrimônio, tais como: Aquecimento global; Conservação integrada; Desenvolvimento sustentável. Identidade: Inventário; Memória; Reabilitação urbana; Restauração; Revitalização. Salvaguarda ou acautelamento; Tombamento. Debates contemporâneos Ao discutir a natureza dos bens, surge a questão do patrimônio ou do bem imaterial, que pode ser relacionada: a) À ampliação das noções de patrimônio incorporando práticas e vivências antes ignoradas por serem populares. b) À restrição dos conceitos de patrimônio material. c) Ao abandono da noção de arte popular. d) À destruição de estátuas de colonizadores. e) Ao saber científico dominando as técnicas de culinária popular, aprendendo as receitas para saber reproduzir seus passos em laboratório. Interatividade Ao discutir a natureza dos bens, surge a questão do patrimônio ou do bem imaterial, que pode ser relacionada: a) À ampliação das noções de patrimônio incorporando práticas e vivências antes ignoradas por serem populares. b) À restrição dos conceitos de patrimônio material. c) Ao abandono da noção de arte popular. d) À destruição de estátuas de colonizadores. e) Ao saber científico dominando as técnicas de culinária popular, aprendendo as receitas para saber reproduzir seus passos em laboratório. Resposta BRASIL. Lei n. 378, de 13 de janeiro de 1937. Rio de Janeiro, 1937. Disponível em: https://bit.ly/43B98A5. Acesso em: 3 abr. 2023. CARVALHO, A.; MENEGUELLO, C. Dicionário temático de patrimônio: debates contemporâneos. Campinas: Unicamp, 2020. CURY, I. Cartas patrimoniais. 3. ed. Rio de Janeiro: Iphan, 2004. FUNARI, P. P.; PELEGRINI, S. C. A. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. HALBWACHS, M. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2013. KÖHLER, A. F. As cartas patrimoniais e sua relação com o turismo cultural: teorias, práticas e seus desdobramentos no caso brasileiro. Ritur-Revista Iberoamericana de Turismo, Penedo, v. 9, n. 2, p. 138-163, dez. 2019. Disponível em: https://bit.ly/40hiVcl. Acesso em: 27 mar. 2023. Referências KÜHL, B. M. Notas sobre a Carta de Veneza. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 18. n. 2, p. 287-320, jul./dez. 2010. LE GOFF, J. História e memória. 7. ed. Campinas: Unicamp, 2013. ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. PATRIMÔNIO arqueológico. Iphan, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3mZqvdh. Acesso em: 16 mar. 2023. PATRIMÔNIO cultural. Iphan, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2HbDulC. Acesso em: 16 mar. 2023. PATRIMÔNIO material. Iphan, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3JeOWL6. Acesso em: 16 mar. 2023 PATRIMÔNIO mundial. Iphan, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/40b0tBP. Acesso em: 16 mar. 2023. PELEGRINI, S. C. A. Patrimônio cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009. Referências PELEGRINI, S. C. A.; FUNARI, P. P. O que é patrimônio cultural imaterial. São Paulo: Brasiliense, 2008. (Coleção Primeiros Passos, n. 331). Referências ATÉ A PRÓXIMA!