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Educação Patrimonial

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Educação Patrimonial
Profª Graciela Márcia Fochi
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profª Graciela Márcia Fochi
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
F652e
Fochi, Graciela Márcia
Educação patrimonial. / Graciela Márcia Fochi. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
262 p.; il.
ISBN 978-65-5663-064-9
1. Educação patrimonial. – Brasil. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 370
aPrEsEntação
Caro acadêmico! Com o livro de estudos de Educação Patrimonial, 
almeja-se abordar, analisar, refletir e sugerir um roteiro mínimo de 
conteúdos e atividades educativas para que você, enquanto profissional da 
história, possa demonstrar conhecimentos, habilidades, competências bem 
como possa lançar mão de estratégias de ensino e aprendizagem levando em 
consideração o repertório que a humanidade produziu, elaborou, conservou 
e transmitiu em termos de patrimônio histórico e cultural, tanto de natureza 
material como imaterial, tangível e intangível, consagrado e não consagrado.
O Brasil é um país pluricultural, caracterizado pela ampla variedade 
e diversidade de bens, expressões, referências e manifestações culturais. 
Logo, a educação patrimonial deve ser um tema e um conteúdo abordado 
de modo interdisciplinar e transversal, no sentido de fomentar a vivência, 
o testemunho, a valorização das memórias, dos fazeres, dos saberes, entre 
outros e, em especial, a participação e a construção coletiva de conhecimentos.
As possibilidades da Educação Patrimonial são inúmeras e podem 
contribuir significativamente em termos de ampliação e renovação dos 
métodos e atividades didático-pedagógicos tradicionais no ensino da 
História, bem como fornecer recursos no que diz respeito à inclusão de fontes, 
abordagens, problemas, temas e conteúdos históricos; em especial, tornar 
o conhecimento histórico dinâmico, experimental, verificável, inclusivo, 
participativo e criativo tanto no campo educacional quanto patrimonial e 
comunitário.
Na Unidade 1 descreve-se as principais concepções e conceitos, as 
instituições, os órgãos, os processos, os procedimentos e os documentos 
que existem no sentido de gerir, resguardar e legitimar os exemplares 
reconhecidos do patrimônio histórico e cultural, da memória e da identidade 
na sociedade contemporânea; aborda-se a importância dos bens, expressões 
e referências culturais aos indivíduos e à sociedade, das ações educativas, da 
mediação cultural, dos espaços escolares formais e não formais.
Na Unidade 2 apresenta-se os bens, os exemplares e os espaços de 
patrimônio histórico e cultural cuja dimensão material é mais expressiva 
e evidente, trata-se dos bens tangíveis imóveis e móveis, tais como sítios 
arqueológicos, centros históricos, museus, arquivos, monumentos, 
atividades artesanais e industriais, nomes de rua, indumentária, objetos 
antigos e coleções entre outros, procura-se sugerir atividades de ensino-
aprendizagem que podem ser realizadas com tais exemplares no intuito 
de que os estudantes exercitem ainda mais habilidades e competências de 
pesquisa e construção do conhecimento histórico.
Na Unidade 3 contempla-se as expressões, os bens e as referências de 
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
NOTA
patrimônio histórico e cultural cuja dimensão mais manifesta é a imaterial, 
a intangível, tais como lugares de memória, fotografias, caminhos, estradas, 
passagens, roteiros, paisagens, comemorações, festas populares, costumes, 
tradições, gastronomia, lendas, rituais entre outros, para os quais sugere-se 
atividades de ensino-aprendizagem que exercitem a pesquisa e a construção 
do conhecimento histórico, e em especial a participação e a vivência coletiva 
e cultural. 
Pretende-se que os temas e conteúdos abordados no Livro Didático 
de Educação Patrimonial sejam uma ferramenta para compreender e 
reconhecer como a tríada temporal (o passado, o presente e o futuro):
• encontra-se emaranhada e confundida, e o quanto são codependentes e 
corresponsáveis; 
• contribui na valorização de todo legado em termos de patrimônio histórico 
e cultural até então acumulado e ao que ainda vai ser criado e que, cada 
vez mais, esteja disponível ao acesso, ao conhecimento e à fruição; 
• sensibilize e conscientize sobre a necessidade de ações como de pesquisa, 
divulgação, salvaguardo e preservação nas mais diferentes localidades 
de cada país; 
• contribui na melhoria da autoestima dos diferentes grupos culturais e 
que aproxime e favoreça o diálogo entre as diferentes gerações.
Por fim, parafraseia-se o célebre poeta e tradutor brasileiro Augusto 
de Campos (1988, p. 7), quando escreve que: 
[...] assim como há gente que tem medo do novo, há gente que 
tem medo do antigo. Eu defenderei até a morte o novo por causa 
do antigo e até a vida o antigo por causa do novo. O antigo que 
foi novo é tão novo como o mais novo. O que é preciso é saber 
discerni-lo no meio das velhacas velharias que nos impingiram 
durante tanto tempo [...]. 
Votos de que você realize uma bela e satisfatória jornada de 
conhecimentos e aprendizagens pela frente.
Profª Graciela Márcia Fochi
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? ............................................................. 1
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS ......................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? ...................................................................................... 3
2.1 O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL? ............................................................ 4
2.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO MATERIAL E/OU TANGÍVEL ................................................... 5
2.3 PATRIMÔNIO CULTURALIMATERIAL E/OU INTANGÍVEL ............................................. 7
2.4 SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS À NATUREZA ................................................... 11
3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL COMO FONTE DE CONHECIMENTO ...... 12
3.1 PASSADO, PRESENTE E FUTURO: ENTRAVES E POTENCIALIDADES ........................ 13
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 — PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS ..................................................... 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21
2 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS ................................................................................. 21
2.1 ONU ............................................................................................................................................... 21
2.2 UNESCO ....................................................................................................................................... 22
2.3 ICOM ............................................................................................................................................. 22
2.4 ICOMOS ........................................................................................................................................ 22
2.5 IPHAN ............................................................................................................................................ 23
2.6 IBRAM ........................................................................................................................................... 24
2.7 SECRETARIAS E CONSELHOS MUNICIPAIS ........................................................................ 25
2.8 OS DETENTORES ........................................................................................................................ 25
3 PRINCIPAIS PROCESSOS .............................................................................................................. 26
3.1 CARTAS, DECLARAÇÕES, RECOMENDAÇÕES, COMPROMISSOS E AGENDAS ....... 26
3.2 AÇÕES DE SALVAGUARDO .................................................................................................... 28
3.3 ATIVIDADES DE INVENTÁRIO ............................................................................................... 29
3.4 MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO ............................................................................................... 31
3.5 PRÁTICAS DE RESTAURO ........................................................................................................ 32
3.5.1 Carta de Veneza, Itália, 1964 .............................................................................................. 33
3.5.2 Carta do Restauro, Itália, 1972 ........................................................................................... 34
4 TOMBAMENTO, CANCELAMENTO DE TOMBAMENTO, 
 RESTITUIÇÃO E REPATRIAÇÃO ................................................................................................. 35
4.1 PROCESSOS DE TOMBAMENTO ............................................................................................. 36
4.2 CANCELAMENTO DE TOMBAMENTO ................................................................................ 36
4.3 CHANCELA DE PAISAGEM CULTURAL .............................................................................. 38
4.4 RESTITUIÇÃO E REPATRIAÇÃO ............................................................................................. 41
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 46
TÓPICO 3 — TRAJETÓRIA HISTÓRICA E DEBATE INTRODUTÓRIO ............................... 49
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49
2 TRAJETÓRIA DO PATRIMÔNIO E DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO BRASIL ....... 49
2.1 MEMÓRIA E IDENTIDADE NA CONTEMPORANEIDADE .............................................. 55
2.2 IMPORTÂNCIA DA VIDA CULTURAL E DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ..................... 58
2.3 AS CONTRIBUIÇÕES E AS POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ......... 61
2.4 ESPAÇOS FORMAIS E NÃO FORMAIS EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ..................... 64
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 67
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73
UNIDADE 2 — EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: EVIDÊNCIAS MATERIAIS .......................... 75
TÓPICO 1 — SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ..................................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 O QUE É ARQUEOLOGIA? ............................................................................................................ 79
3 OS DIFERENTES RAMOS/MODALIDADES DA ARQUELOGIA ........................................ 81
4 O QUE FAZ A (O) ARQUEÓLOGA (O)? ...................................................................................... 85
4.1 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 86
4.2 PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS EM SÍTIOS.................................................... 87
4.3 PREVISÕES LEGAIS SOBRE OS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS ...................................... 87
5 PRINCIPAIS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ................................................................................. 88
6 O PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO ............................................................................................ 93
7 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL VOLTADA À ARQUEOLOGIA: 
 A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA PÚBLICA ................................................................. 95
8 ATIVIDADES EDUCATIVAS COM EVIDÊNCIAS MATERIAIS EM ESPAÇOS 
ESCOLARES: ALGUMAS SUGESTÕES ......................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 100
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101
TÓPICO 2 — CENTROS HISTÓRICOS ........................................................................................ 103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103
2 CENTROS HISTÓRICOS: TRAJETÓRIA E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS .............. 104
3 PRINCIPAIS PROJETOS BRASILEIROS EM CENTROS HISTÓRICOS .......................... 107
3.1 PROGRAMA MONUMENTA .................................................................................................. 109
3.2 ROTEIROS NACIONAIS DE IMIGRAÇÃO EM SANTA CATARINA/SC ........................ 110
4 PRINCIPAIS ABORDAGENS AOS CENTROS HISTÓRICOS ............................................. 113
5 PRÁTICAS ARTESANAIS ............................................................................................................. 116
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 120
TÓPICO 3 — MUSEUS, COLEÇÕES, OBJETOS ANTIGOS E ARQUIVOS ......................... 123
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123
2 OS MUSEUS ..................................................................................................................................... 124
2.1 AS CONTRIBUIÇÕES DOS MUSEUS AO UNIVERSO ESCOLAR .................................... 126
2.2 PREPARANDO UMA VISITA AO MUSEU ............................................................................ 128
3 AS COLEÇÕES ................................................................................................................................ 130
4 OBJETOS ANTIGOS ...................................................................................................................... 133
4.1 DESCOBRINDO UM OBJETO ANTIGO ................................................................................. 134
5 OS ARQUIVOS PÚBLICOS .......................................................................................................... 136
6 A CULTURA MATERIAL, A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 
 E O ENSINO DE HISTÓRIA ...................................................................................................... 139
6.1 A PRESENÇA DOS TEMAS DO PATRIMONIO HISTÓRICO 
 E CULTURAL MATERIAL NA BNCC .................................................................................... 140
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 143
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 147
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 149
UNIDADE 3 — EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: EXPRESSÕES IMATERIAIS ...................... 151
TÓPICO 1 — SABERES, CELEBRAÇÕES E LUGARES DE MEMÓRIA ................................ 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 153
2 SABERES, MODOS DE FAZER E OFÍCIOS .............................................................................. 156
2.1 A RENDA IRLANDESA DA DIVINA PASTORA/SE ........................................................... 159
3 LUGARES DE MEMÓRIA ............................................................................................................. 161
3.1 CELEBRAÇÕES, RITUAIS E PRÁTICAS RELIGIOSAS ....................................................... 163
3.1.1 O Ritual Yaokwa do povo indígena Enawene Nawe/MT ............................................ 166
3.1.2 Atividades didático-pedagógicas com rituais iniciáticos e de passagem ................. 168
3.2 PROCISSÕES E ROMARIAS ..................................................................................................... 170
3.2.1 Romaria de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte/SP .......................... 171
3.2.2 Romaria do Pe. Cícero, em Juazeiro do Norte/CE ....................................................... 172
3.2.3 Romaria do Bom Jesus da Lapa, em Bom Jesus da Lapa/BA ...................................... 173
3.2.4 Atividades didático-pedagógicas com fenômenos religiosos ..................................... 174
3.3 OS ESPAÇOS DE CEMITÉRIOS ............................................................................................... 176
3.3.1 Cemitério de Santa Isabel de Mucugê/BA ..................................................................... 178
3.3.2 Atividades didático-pedagógicas com espaços de cemitérios ..................................... 179
3.4 OS TERREIROS DE RELIGIÕES DE MATRIZES AFRO-BRASILEIRAS ............................ 183
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 187
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 188
TÓPICO 2 — PAISAGEM CULTURAL, CAMINHOS/ESTRADAS 
 E FOTOGRAFIAS ANTIGAS ................................................................................. 191
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 191
2 PAISAGEM CULTURAL ............................................................................................................... 193
3 CAMINHOS, ESTRADAS E PEREGRINAÇÕES ..................................................................... 197
3.1 O CAMINHO DO PEABIRU .................................................................................................... 198
3.2 A ESTRADA REAL .................................................................................................................... 199
3.3 O CAMINHO DO SOL .............................................................................................................. 200
3.4 O CAMINHO DA FÉ.................................................................................................................. 201
3.5 O CAMINHO DAS MISSÕES .................................................................................................. 201
3.6 OS PASSOS DE ANCHIETA ..................................................................................................... 202
3.7 O CAMINHO DE LUZ ............................................................................................................... 202
4 FOTOGRAFIAS ANTIGAS .......................................................................................................... 203
4.1 AS SETE QUEDAS DO IGUAÇU/GUAÍRA/PR ..................................................................... 205
4.2 LARGO DA ORDEM EM CURITIBA/PR ................................................................................ 207
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 212
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 213
TÓPICO 3 — FESTAS POPULARES, GASTRONOMIA E 
 ENDUMENTÁRIA CULTURAL ............................................................................. 215
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 215
2 EXPRESSÕES POPULARES BRASILEIRAS .............................................................................. 217
2.1 MARACATUS DE PERNAMBUCO ......................................................................................... 219
2.2 O CARIMBÓ ................................................................................................................................ 220
2.3 ANIMAÇÃO E TEATRO DE BONECOS ............................................................................... 222
3 A GASTRONOMIA CULTURAL ................................................................................................. 223
3.1 COMIDA MEXICANA DA REGIÃO DE MICHOACÁN .................................................... 225
3.2 PÃO DE GEMGIBRE DA CROÁCIA ....................................................................................... 226
3.3 WASHOKU JAPONES ................................................................................................................ 226
3.4 GASTRONOMIA GOURMET DA FRANÇA ......................................................................... 227
3.5 DIETA MEDITERRÂNEA .........................................................................................................227
3.6 POSSIBILIDADES DE ABORDAGENS DOS TEMAS DA GASTRONOMIA .................. 228
4 MODA, ENDUMENTÁRIA E VESTIMENTAS CULTURAIS .............................................. 229
4.1 VESTIMENTAS CULTURAIS ................................................................................................... 235
4.1.1 Sári ....................................................................................................................................... 235
4.1.2 Qípáo ................................................................................................................................... 236
4.1.3 A Kanga do Quênia ........................................................................................................... 237
4.1.4 Hanbok ............................................................................................................................... 237
4.1.5 Dirndl e Lederhosen ......................................................................................................... 238
4.1.6 Flamenca ............................................................................................................................. 239
4.1.7 O caso das vestimentas das populações andinas .......................................................... 240
4.1.8 As cholas andinas ................................................................................................................ 240
4.1.9 O caso do Peru .................................................................................................................... 241
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS ÀS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ........ 243
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 246
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 249
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 251
1
UNIDADE 1 — 
O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• diferenciar as principais concepções e conceitos que se referem 
ao patrimônio histórico e cultural, tais como patrimônio material, 
patrimônio imaterial, inventários, conservação, restauro, tomba-
mento e repatriação; 
• identificar as principais instituições, órgãos, instâncias, docu-
mentos e processos que normatizam, regulamentam e orientam 
as atividades o salvaguardo e a manutenção de bens, expressões 
e referências culturais;
• reconhecer as ações de educação patrimonial como primordiais 
às atividades de salvaguardo, de continuidade e na transmissão 
do legado em termos de patrimônio histórico e cultural da huma-
nidade às gerações futuras;
• compreender a importância da vida cultural e do patrimônio his-
tórico para a memória, para a identidade e na construção de uma 
sociedade mais humanizada, pacífica e igualitária.
2
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS
TÓPICO 3 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA E DEBATE INTRODUTÓRIO
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E 
CONCEITOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, este tópico aborda os principais conceitos, concepções, 
termos e expressões que são utilizadas no campo do patrimônio histórico e cultu-
ral e da educação patrimonial. 
O domínio e a apropriação desses conceitos são de fundamental impor-
tância para o seu uso e reconhecimento da criação de projetos, da realização de 
ações práticas ou como alguém que estuda, pesquisa, visita, participa e desfruta 
de locais, bens e expressões de patrimônio histórico cultural.
2 O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? 
Consiste em toda e qualquer iniciativa e ação que almeje a pesquisa, o co-
nhecimento, a preservação, a apropriação, a manutenção, a divulgação e a valoriza-
ção dos exemplares e expressões e bens culturais, em especial, que visam assegurar 
a continuidade e a transmissão do legado histórico e cultural entre as gerações. 
A vasta variedade de ações e projetos que contêm concepções e objetivos 
pedagógicos, metodologias, estratégias, vivências e experiências práticas que mobi-
lizam e/ou contemplam conjuntos de bens, monumentos, sítios históricos ou arque-
ológicos, centros históricos urbanos ou comunidades rurais, locais ou processos de 
produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares a paisagens natu-
rais e culturais, locais e manifestações populares de caráter folclórico ou ritual, par-
ques ou áreas de proteção ambiental, enfim, qualquer outra expressão que resulte 
da relação entre indivíduos de forma individual e coletiva e com o meio ambiente. 
Nas palavras de Grumberg (2007) educação patrimonial consiste no pro-
cesso permanente e sistemático de trabalho educativo, formal e não formal, cons-
truídos de forma coletiva e dialogada, que tem como ponto de partida e centro 
de convergência o Patrimônio Cultural nas suas mais diferentes manifestações e 
expressões. A autora nos lembra, também, que tudo o que o homem faz e produz 
é exemplar de cultura, que a cultura resulta de um processo dinâmico, que se her-
da, que se cria e recria em meio ao cotidiano da vida, em meio à soluções de pe-
quenos e grandes problemas que cada indivíduo, grupo e sociedade se deparam.
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
4
Horta, Grunberg e Monteiro (1999) explicam que a educação patrimonial 
representa um instrumento de “alfabetização cultural” que permite que os indi-
víduos façam leituras e interpretações do mundo, da realidade, da história, da 
memória e da cultura que os rodeia, situando-os no tempo e no espaço. 
A educação patrimonial está fortemente relacionada à ações educativas das 
mais diferentes áreas do conhecimento, logo requer abordagem interdisciplinar e 
transdisciplinar; assim como solicita que se contemple tanto em espaços de ensino-
-aprendizagem formais como não formais, bem como todas as situações e oportuni-
dades em que as pessoas se reúnem para construir, dividir, relatar, celebrar e partilhar 
conhecimentos, investigar e inventariar com intuito de conhecer e acompanhar melhor, 
problematizar, reverter e transformar a realidade na qual se encontram inseridas. 
As ações em educação patrimonial devem despertar a consciência e a 
preocupação para com locais e expressões coletivos de cultura e patrimônio, no 
sentido de justificar a sua manutenção e ampliação, o livre acesso e apropriação, 
fomentar o diálogo, colaborações e intercâmbios, elevar a autoestima dos cida-
dãos responsáveis, bem como fornecer elementos à renovação dos temas e pers-
pectivas da História enquanto disciplina e saber e conhecimento.
2.1 O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL?
Caro acadêmico, foi possível estudar a variação de concepção que o con-
ceito possuí, neste momento, procura-se apresentar mais definições e elementos 
ao entendimento da noção de patrimônio histórico e cultural mais contemporâ-
neo. Acompanhe o prosseguimento dos conteúdos.
Mário Chagas (2002, p. 36) descreve que patrimônio constitui “um conjunto de-
terminado de bens tangíveis, intangíveis e naturais, envolvendo saberes e práticas sociais, 
a que se atribui determinados valores e desejos de partilha (perspectiva sincrônica) entre 
contemporâneos e de transmissão (perspectiva diacrônica) de uma geração para outra”. 
A definição para referências culturais descrita pelo Iphan (2000, p. 29) 
contribui no sentido de ampliar as denominações de Chagas, observe: 
[...] referências são edificações e são paisagens naturais. São também as artes, 
os ofícios,as formas de expressão e os modos de fazer. São as festas e os lu-
gares a que a memória e a vida social atribuem sentido diferenciado: são as 
consideradas mais belas, são as mais lembradas, as mais queridas. São fatos, 
atividades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproxi-
mam os que estão longe, para que se reviva o sentimento de participar e de 
pertencer a um grupo, de possuir um lugar. Em suma, referências são obje-
tos, práticas e lugares apropriados pela cultura na construção de sentidos de 
identidade, são o que popularmente se chama de raiz de uma cultura.
Nestor Canclini (1994) contribui com uma definição que engloba as relações 
nas quais o patrimônio cultural se encontra envolvido, pois, segundo o autor, o patri-
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
5
mônio cultural constitui um conjunto social e cultural próprio, que sustenta uma iden-
tidade e o diferencia de outros grupos, não abarca apenas os monumentos históricos, 
o desenho urbanístico e outros bens físicos; engloba também a experiência vivida, que 
se condensa em linguagens, conhecimentos, memórias, tradições imateriais, modos de 
usar os bens e os espaços físicos. O patrimônio é responsável por possibilitar a solida-
riedade entre os que se identificam em determinados bens e práticas e que, por outro 
lado, costuma ser o local em que se forjam e amparam as cumplicidades sociais que se 
encontram fortemente estratificadas mediante a existência de classes e grupos. 
Cesar (2011, p. 73 apud CURITIBA, 2014, p. 10) defende que: 
Patrimônio cultural pode ser entendido como uma espécie de referen-
cial social, permitindo com que o homem melhor se localize no tempo 
e no espaço. Nesse sentido, o patrimônio cultural pode impulsionar à 
ação no presente, a transformação social, potencializar a criatividade, 
desenvolver o enriquecimento cultural. Tudo isso justifica a sua pre-
servação e conservação, e o seu restauro quando necessário.
2.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO MATERIAL E/OU TANGÍVEL
O Iphan (2018b, p. 30), em parágrafo único, define: “por patrimônio cul-
tural material entende-se o universo de bens tangíveis, móveis ou imóveis, to-
mados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, 
à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. O 
Iphan — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — se usa da classi-
ficação de bens móveis e imóveis: como bens de natureza material imóveis: cidades 
históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e/ou móveis, da 
qual fazem parte coleções arqueológicas, acervos museológicos, arquivísticos, do-
cumentais, bibliográficos, fotográficos, cinematográficos e videográficos. 
A BNCC (BRASIL, 2018, p. 400) traz que:
A utilização de objetos materiais pode auxiliar o professor e os alunos 
a colocar em questão o significado das coisas do mundo, estimulando 
a produção do conhecimento histórico em âmbito escolar. Por meio 
dessa prática, docentes e discentes poderão desempenhar o papel de 
agentes do processo de ensino e aprendizagem, assumindo, ambos, 
uma “atitude historiadora” diante dos conteúdos propostos, no âmbi-
to de um processo adequado ao Ensino Fundamental. 
Segundo o Iphan (2018b) os principais procedimentos que são aplicados 
às atividades com bens culturais materiais são: educação patrimonial, identifica-
ção, reconhecimento, proteção, normatização, autorização, participação no licen-
ciamento ambiental, fiscalização, conservação, interpretação, promoção e difusão. 
Até o momento, existem mais de 1200 bens de natureza tombados no Bra-
sil, e possuí políticas e determinações específicas de proteção ao patrimônio ma-
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
6
terial que ficam subdivididas em setores/categorias como de conjuntos urbanos, 
conjuntos rurais, fortificações brasileiras, patrimônio arqueológico, patrimônio 
ferroviário, patrimônio cultural material dos povos indígenas, patrimônio cultu-
ral material dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana, patrimônio 
espeleológico, patrimônio paleontológico, coleções e acervos, bens móveis e inte-
grados, arquitetura religiosa, patrimônio da imigração, casas natais ou relaciona-
das à personalidades, casas de câmara e cadeia, ruínas, entre outros. 
FIGURA 1 – FORTE DOS REIS MAGOS. RIO GRANDE DO NORTE/RN
FONTE: <https://bit.ly/2PqiI48>. Acesso em: 18 out. 2019.
Procure assistir à entrevista intitulada Patrimônio Material, concedida pelo 
professor, arquiteto e urbanista, Dalmo Vieira Filho que, por muito tempo, esteve à frente 
do setor de Patrimônio Material do Iphan. A entrevista foi concedida à TV Ufop e está 
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rqHqaAZ4aOo.
DICAS
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
7
2.3 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL E/OU INTANGÍVEL
“Ainda que a argila possa receber a forma de vaso, a essência do vaso re-
side em seu interior” (Lao Tsé).
Trata-se de uma nomenclatura e categoria criada pela Unesco no ano de 1997. 
De modo amplo contempla tradições e expressões culturais que são praticadas e pre-
servadas por grupos coletivos e que são transmitidas às gerações ascendentes. São to-
madas como exemplares e expressões de patrimônio cultural imaterial os conteúdos 
das expressões de vida, celebrações, rituais, festas e danças populares, músicas, len-
das, formas de expressão, costumes, tradições, saberes, modos de fazer, entre outros. 
Os conteúdos dessas expressões e manifestações geralmente são transmiti-
dos de forma oral ou gestual, e por isso são suscetíveis às recriações e modificações 
com o passar do tempo e das gerações. Ao conceito de patrimônio cultural imaterial 
encontra-se vinculado também as noções de memória e identidade; as atividades 
de salvaguardo destinam-se a agir diante das condições e circunstâncias de vulne-
rabilidade que afetam estes conteúdos e porções de cultura que são instauradas em 
virtude das constantes mudanças e transformações da sociedade moderna. 
Com a inclusão da categoria de patrimônio cultural imaterial, passaram a 
ser contemplados também a filosofia, os valores e as formas de pensar contidos nas 
línguas, na oralidades dos gestos, nos jeitos e demais manifestações culturais de 
minorias étnicas como os povos indígenas, africanos e aborígenes que geralmente 
são desprovidos de registros escritos sistematizados e/ou inscritos e/ou edificados. 
Após reuniões e discussões com os mais diferentes profissionais, institui-
ções e representantes da área da cultura imaterial, no ano de 1989 a Unesco pu-
blicou Recomendação sobre salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular e, a partir de 
então, passou a estimular atividades de identificação, preservação, continuidade 
e disseminação destas formas de patrimônio, articulando-se com as comunida-
des, os governos, ONGs e demais entidades.
No ano de 2003 e 2005, a Unesco, com a ajuda de um corpo de jurados 
internacional, selecionou e elegeu uma primeira relação de espaços e expressões 
de excepcional importância e relevância, o que possibilitou a Proclamação das 
Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade no qual foi apresentado 
um montante inicial de 90 obras-primas.
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
8
Para conhecer o documento Recomendações de Paris de 2003, Convenção 
da Unesco para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, acesse o conteúdo na 
íntegra em: https://bit.ly/3k4Wd2C.
Para conhecer quais foram as 90 obras primas do patrimônio cultural imaterial faça a 
seguinte busca: Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Disponível em: 
https://bit.ly/2BYcHZb.
Veja também Purpose of the Lists of Intangible Cultural Heritage and of the Register of 
Good Safeguarding Practices, disponível em: https://bit.ly/33qcolh.
DICAS
Nas Figuras 2 e 3 constam dois exemplos de patrimônios culturais imateriais. 
Na Figura 2, o Bolo de Rolo, patrimônio cultural imaterial de Pernambuco, reconhe-
cido pela Lei 13.436/2008, e na Figura 3, aDança dos Dervixes, reconhecido como 
patrimônio imaterial da humanidade, na cerimônia Sema, realizada por praticantes 
do islamismo, considerada patrimônio imaterial mundial da humanidade, observe: 
FIGURA 2 – BOLO DE ROLO
FONTE: <https://bit.ly/30tnS5D>. Acesso em: 4 out. 2019.
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
9
FIGURA 3 – DANÇA DOS DERVIXES
FONTE: <https://bit.ly/2PnaFoL>. Acesso em: 4 out. 2019.
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e do-
mínios da vida social que são manifestadas e expressas em celebrações, rituais, sabe-
res, ofícios e modos de fazer; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdi-
cas; e nos lugares como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais 
coletivas. Pode-se considerar até expressões e exemplares mais inusitados tais como 
dialetos, sotaques, antigos dizeres, cheiros, constelações, paisagens, sons etc.
Como exemplares de patrimônio histórico e cultural imaterial estão os antigos 
dizeres, costumam ser chamados de provérbios, expressões e/ou ditados populares. 
Estão presentes nas mais diversas sociedades e culturas como a árabe, chinesa, grega, 
romana, africana, indígena entre outras, muitos não possuem autoria reconhecida. 
De maneira geral, constituem frases curtas, possuem função de advertência 
e aconselhamento e, em especial, sentido e significado moralizante; costumam ser 
anunciados por meio de outras expressões como “Reza a lenda...”, “Já dizia o dita-
do...”, “Não tem ditado que diz...” à exemplo de antigos dizeres, pode-se relacionar: 
 
• “Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores” (provér-
bio chinês).
• “Quem estuda e não pratica o que aprendeu é como o homem que lavra e não 
semeia” (provérbio árabe).
• “Pai fazendeiro, filho doutor, neto pescador” (provérbio português).
• “Gosto não se discute, se lamenta” (autor desconhecido).
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
10
Caro acadêmico, acredita-se que você também deva conhecer e se utilizar de 
outros tantos dizeres. Consulte as lembranças e memórias de conversas com familiares e 
amigos no dia a dia... outros exemplos ainda poderiam ser aqui descritos.
UNI
O Iphan, por meio de suas ações, já pôde reunir 42 bens imateriais registrados, 
7 línguas inventariadas, 149 processos de salvaguarda em andamento, 39 processos de 
registro em andamento, 160 projetos do Inventário Nacional de Referências Culturais 
concluídos, 140 ações de apoio e fomento. Para favorecer esses processos foram criados 
o Livro de Registro de Celebrações: rituais e festas que marcam vivência coletiva, religiosidade, 
entretenimento e outras práticas da vida social; o Livro de Registros das Formas de Expressão: 
manifestações artísticas em geral; o Livro de Registro dos Lugares: mercados, feiras, santuários, 
praças onde são concentradas ou reproduzidas práticas culturais coletivas; e o Livro de Registro 
dos Saberes: conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
Observe que é possível acessar os conteúdos dos livros através dos links 
disponibilizados a seguir:
• Livro de Registro de Celebrações: https://bit.ly/2DuMeTw.
• Livro de Registros das Formas de Expressão: https://bit.ly/2Dydr7W.
• Livro de Registro dos Lugares: https://bit.ly/2XrFaOt.
• Livro de Registro dos Saberes: https://bit.ly/3gsF94D.
DICAS
Dentre os bens registrados e reconhecidos, pode-se relacionar: 
• Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, registrado no ano de 2002. 
• Kusiwa – Linguagem e Arte Gráfica Wajãpi, registrado no ano de 2002. 
• Círio de Nazaré, registrado no ano de 2004.
• Samba de Roda no Recôncavo Baiano, registrado no ano de 2004. 
• Modo de Fazer Viola-de-Cocho, registrado no ano de 2005. 
• Ofício das Baianas de Acarajé, registrado no ano de 2005.
• Jongo no Sudeste, registrado no ano de 2005. 
• Cachoeira de Iauaretê — lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés 
e Papuri —, registrado no ano de 2006. 
• Feira de Caruaru, registrado no ano de 2006.
• Matrizes do Samba no Rio de Janeiro, registrado no ano de 2006. 
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
11
FIGURA 4 – EXEMPLARES DE PATRIMÔNIO IMATERIAL
FONTE: <https://bit.ly/3i2bHT6>; <https://bit.ly/31cSCXK>; <https://bit.ly/3fxg1bj>. Acesso em: 
15 nov. 2019.
As discussões e a valorização do patrimônio cultural imaterial ainda não se 
popularizaram e não se consolidaram institucionalmente, de modo geral, ainda pre-
valecem as antigas concepções de patrimônio edificado, o que impede que outras ex-
pressões e exemplares sejam reconhecidos e prestigiados em meio às comunidades, 
grupos e pela sociedade como um todo. Muito trabalho ainda precisa ser feito!
• Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas, registrado no ano de 2008.
• Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira, registrado no ano de 2008.
• Renda Irlandesa de Divina Pastora, registrado no ano de 2008.
• Toque dos Sinos e o Ofício de Sineiro em Minas Gerais, registrado no ano de 2009.
• Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, em Goiás, registrado no ano de 2010.
• Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro/AM, registrado no ano de 2010.
2.4 SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS À NATUREZA
Referem-se aos saberes que são manejados, manipulados e que estão sob 
o domínio das populações, comunidades, famílias e indivíduos pertencentes aos 
povos indígenas, remanescentes de quilombos, pescadores artesanais, ribeiri-
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
12
3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL COMO FONTE DE 
CONHECIMENTO 
No campo da pesquisa histórica costuma-se classificar as fontes em três cate-
gorias: primárias, secundárias e terciárias. As fontes primárias seriam os documentos, 
os registros dos itens, os produtos elaborados pelos próprios integrantes de um deter-
minado fato, e/ou expressão e manifestação cultural. As fontes secundárias seriam os 
conjuntos de estudos, de análises e de comparações feitas a partir das fontes primárias. 
As fontes terciárias seriam as composições a partir das fontes secundárias e das fontes 
primárias, tais como catálogos de itens, de objetos, coleções, roteiros de visitação, guias 
turísticos, folhetos explicativos, mapas, conteúdos jornalísticos e publicitários que tra-
tam/apresentam os exemplares e as manifestações de patrimônio histórico e cultural.
O que é mais importante e primordial para a Educação Patrimonial são as fontes 
primárias, ou seja, o que foi elaborado de modo direto em meio ao contexto, à época, 
aos grupos, aos indivíduos que participam e integram os exemplares, as expressões, as 
manifestações de patrimônio histórico e cultural. Os exemplares de patrimônio histórico 
e cultural ganham o estatuto de fonte primária direta por constituírem o registro, o docu-
mento, o testemunho, a evidência, a manifestação de fatos, dos modos, dos fenômenos, 
nhos, seringueiros, quebradeiras de coco, caiçaras e inúmeros outros, cujos co-
nhecimentos, hábitos, costumes, modos de viver, fazer, tradições, festas, rituais 
estão profundamente relacionados com a terra, com o rio, o mar, as plantas, os 
animais, em fim com o ambiente, a natureza que os circunda.
Segundo Santili (2005, p. 83), o Congresso Nacional cogita uma definição 
conceitual para os povos/populações tradicionais que é a de:
Grupos humanos culturalmente diferenciados, que estão vivendo há, 
no mínimo, três gerações em um determinado ecossistema, historica-
mente reproduzindo seu modo de vida, em estreita dependência para 
com o meio natural, do qual obtém a própria subsistência e que fazem 
uso dos recursos naturais de modo sustentável.
Costa (2011) explica que as comunidades tradicionais são consideradas so-
ciedades que vivem em culturas particulares e são denominadas de “povos dos 
ecossistemas”; pois vivem no seu ambiente imediato, utilizam-se de recursos reti-
rados apenas do ambiente no qual se encontram inseridos, que em sua maioria não 
é provido de confortos e tecnologias que estão disponíveis nos centros urbanos.
Velho (2012) explica que setrata de populações que detém saberes que os 
identificam, os diferenciam, representando um nicho cultural no qual encontram 
as condições de perpetuar suas crenças, valores e formas de vida. O autor adverte 
que os saberes que permeiam o universo cultural das populações tradicionais e, 
não raro, são alvo de apropriação por expedições científicas ou interesses para 
com o extrativismo e exploração de matérias primas. 
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
13
dos movimentos, das manifestações, das expressões que são tomadas aos estudos.
Os exemplares de patrimônio histórico e cultural encontram-se envolvidos em 
complexas conexões com o momento histórico e contexto social em que foi produzido, 
amplas redes de relações sociais podem ser tecidas, inúmeros usos e significados que 
podem lhe ser atribuídos. Para a educação patrimonial é primordial que seja procedido 
um exercício investigativo que segundo Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 9) é o de:
descobrir esta rede de significados, relações, processos de criação, fa-
bricação, trocas, comercialização e usos diferenciados, que dão sentido 
às evidências culturais e nos informam sobre o modo de vida das pes-
soas no passado e no presente, em um ciclo constante de continuidade, 
transformação e reutilização.
Para tanto, são fundamentais as habilidades e competências de observa-
ção, descrição, decodificação, a pesquisa e interpretação para suprir e sanar pos-
síveis situações de perda de informações, esquecimentos, equívocos, descontex-
tualização, descaracterização ou qualquer uso inadequado, atribuição de sentido 
e valor não apropriado que possa ocorrer.
Gazzóla (2009, p. 1455) explica que: 
[o] patrimônio cultural pode assumir através da educação, um signifi-
cado coletivo compartilhado. A escola tem um papel importante neste 
processo, já que depois da família, é ela que favorece o desenvolvimento 
do espírito da cidadania, capaz de desencadear uma relação de perten-
cimento com a cultura local. No que tange ao conhecimento sobre pa-
trimônio cultural e educação patrimonial, ficou visível que não há uma 
familiaridade com o assunto, os bens edificados e os lugares que repre-
sentam a memória (bens materiais) ainda fazem sombra sobre a diversi-
dade dos bens imateriais que também constituem o patrimônio cultural. 
Segundo Queiroz (2004), com o espaço que tem sido dado ao tema “Edu-
cação Patrimonial” também é proporcionado à sociedade brasileira um convite à 
reflexão quanto à responsabilidade que se deve assumir enquanto profissionais e 
cidadãos no processo de fortalecimento e revitalização da cultura; sobre a respon-
sabilidade de conduzir e de mediar pelo caminho do entendimento e do profun-
do comprometimento na construção desse universo sociocultural.
3.1 PASSADO, PRESENTE E FUTURO: ENTRAVES E POTEN-
CIALIDADES 
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos; com os ha-
veres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum” (Machado de Assis).
O que esteve e está na origem de criação de muitos dos exemplares de pa-
trimônio histórico e cultural são os problemas e as necessidades que os indivídu-
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
14
os e os grupos sociais se deparavam e se deparam em seus contextos e meios; no 
sentido de superar estes, foram realizadas análises das circunstâncias, das condi-
ções, dos materiais, das tecnologias disponíveis, criou-se estratégias, formulou-se 
projetos e arquitetou-se novos resultados e soluções. As evidências deste proces-
so todo atravessam os tempos e chegam até o momento presente como patrimô-
nio histórico e cultural, agora para ser decodificada, estudada, compreendida e 
entendida sobre os materiais e as técnicas construtivas, as funções, os usos e os 
significados que foram reunidos através dos diferentes momentos históricos. 
Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 9) explicam que:
Os problemas encontrados por uma comunidade no passado levaram 
a soluções que deixaram suas marcas no presente. As evidências que 
temos hoje nos permitem analisar e identificar os problemas do pas-
sado e as soluções do presente. Exemplo: como uma vila resolveu o 
problema do abastecimento de água, e como hoje a cidade grande re-
solveu o mesmo problema com novas soluções tecnológicas.
 
No entanto, Hobsbawn (1995, p. 13) apresenta que se convive com alguns 
problemas que colocam em risco o que foi possível até hoje produzir, reunir, 
transmitir em termos de patrimônio histórico e cultural, observe: 
A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vin-
culam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos 
fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Qua-
se todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, 
sem qualquer relação com o passado público da época em que vivem. 
Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, 
tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio.
Arruda (2006) discute que os espaços coletivos e de patrimônio histórico e cul-
tural são os espaços que estão sob o domínio do Estado, ou seja o Estado Nacional Mo-
derno, e não os espaços, as expressões, e as ações que partiram da escolha, da gestão e 
da consagração por parte dos indivíduos, das populações, dos grupos, dos movimentos 
sociais entre outros; o que, por sua vez, reflete na capacidade de reconhecimento que os 
indivíduos possuem para com os exemplares, as expressões e as referências culturais. 
Para ilustrar tal compreensão, Arruda (2006), que estudou o processo da 
construção do Estado-Nação moderno do Brasil, defende que ocorreu forte rejeição 
da inclusão do espaço natural, da população, ao passado e à cultura em favore-
cimento de constituição de um território, de fronteiras, hinos, símbolos, marcos 
oficiais. A construção do Estado-Nação se deu de forma autoritária e centralizadora 
(Independência do Brasil, Proclamação da República) e espelhado nos moldes da 
cultura europeia que forjou uma legitimidade política sem participação efetiva dos 
indivíduos, dos grupos sociais e da população como um todo, o que proporcionou 
uma história cheia de mitos e heróis, um repertório de exemplares artísticos e cul-
turais que não são reconhecidos e não são aclamados pelos “cidadãos” brasileiros. 
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
15
Esse processo repercutiu e ainda repercute nos tempos atuais, quando se pre-
tende discutir concepções amplas, diversas, plurais e mais democráticas de patrimônio, 
cultura e identidade, para além do patrimônio material edificado, dos exemplares de 
arte erudita ou de valor técnico e científico. Fonseca (2003) explica que o “patrimônio 
histórico e artístico” ainda evoca entre as pessoas um conjunto de monumentos anti-
gos ou um dado acervo artístico que deve ser preservado, ou que constitui obras de 
arte excepcionais, ou por terem sido palco de eventos marcantes, estarem referidos em 
documentos oficiais ou nas narrativas da História e cultura Nacional, regional e local.
Gazzóla (2009, p. 1444) acrescenta que são “diversos os fatores que podem 
explicar a pouca importância pelo patrimônio histórico e cultural”, que um dos as-
pectos que se há de considerar é o desconhecimento que, por sua vez, é considerado 
o mais crucial, pois alimenta o desinteresse, o descaso e o abandono o que corrobora 
aos interesses pelo esquecimento, pelo apagamento, pela demolição, pela destruição. 
 
Segundo Paim e Tavares (2015, p. 8): 
As pessoas só respeitam, admiram, preservam e se identificam com 
aquilo que conhecem. Para que ocorra especialmente a identificação 
com os bens patrimoniais faz-se necessário pensar e construir possibi-
lidades de educar para o patrimônio, para que as pessoas conheçam 
e sintam-se pertencentes aos espaços, às discussões, aos lugares de 
guarda e preservação dos diferentes bens patrimoniais. Portanto, para 
que efetivamente ocorra uma educação para o patrimônio, não basta 
falar em patrimônio ou sobre patrimônio, é precisoviver o patrimônio.
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
16
No decorrer do ano de 2018 e 2019, o Patrimônio Histórico, Cultural e Natural 
da Humanidade sofreu perdas significativas e irreparáveis: no segundo semestre de 2018, 
o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro/RJ; na primeira metade do semestre de 
2019 a Catedral de Notre Dame/Paris/FR; e, no final do mês de agosto, a floresta Amazônica/
Brasil. Se recuarmos alguns anos na história do patrimônio histórico brasileiro não teremos 
dificuldade em encontrar outros exemplos para o mesmo desfecho. Neste momento, 
vamos nos debruçar sobretudo ao incêndio que ocorreu no Museu Nacional do Rio de 
Janeiro/RJ.
O Museu fica localizado na Quinta da Boa Vista, e, na madrugada de 2 de setembro de 
2018, um incêndio que durou mais de 6 horas destruiu, aproximadamente, 92% do acervo 
histórico e científico que o Museu guardava. Dentre as perdas constam o trono do rei 
africano Adandozan (1718-1818), doado pelos seus embaixadores à D. João VI, em 1811; 
toda a coleção da Imperatriz Teresa Cristina; o trono do Rei do Daomé; a esquife de Sha-
Amun-en-su, sacerdotisa e cantora egípcia que data de 750 a.C. e que foi oferecida à D. 
Pedro II como presente diplomático; os afrescos de Pompeia; o crânio de Luzia, achado 
em 1974 e que é considerado o fóssil mais antigo do Brasil; Maxakalisaurus topai, o primeiro 
dinossauro de grande porte encontrado em Minas Gerais e demais itens das coleções de 
paleontologia; o acervo de etnologia que contava com artefatos da cultura afro-brasileira, 
africana e indígena, como objetos raros da tribo Tikuna, além de itens polinésios; e todos 
os acervos linguísticos.
A perícia apontou como causa do incêndio o sobreaquecimento do ar-condicionado 
causado por curto-circuito, oriundo de instalações elétricas desapropriadas. O Museu 
encontrava-se sob administração da Universidade Federal do Rio do Janeiro — UFRJ — e 
trabalhavam no local aproximadamente 90 profissionais. 
O incêndio e a destruição do acervo do Museu foram noticiados pelos principais jornais 
do Brasil e do mundo, e diversos presidentes e autoridades da cultura e do patrimônio 
histórico se solidarizaram e se colocaram à disposição, no sentido de vislumbrar soluções e 
reparos diante do ocorrido. Por outro lado, o incêndio motivou debates e críticas sobre as 
condições de segurança e conservação gerais dos museus no mundo; foram registrados 
atos de protestos por parte de grupos indígenas e de arqueólogos que reclamam pelo 
retorno de itens aos respectivos grupos originários, assim como serviu de reforço aos 
defensores da política de repatriação de objetos aos países de origem.
Fatos como estes sensibilizam a comunidade científica, pesquisadores e profissionais da 
história para diversos outros temas, problemas e questões, como, por exemplo, a memória, 
a identidade, o patrimônio, a educação, a cultura, a participação, o pertencimento, o 
reconhecimento, o descaso, as políticas públicas, a comunidade, o governo entre outros, 
porém nada do que venha a ser feito, conseguirá restituir as perdas que ocorreram, somente 
poderão antecipar e impedir que novos acontecimentos desta natureza ocorram. 
Agora, pergunta-se: você, como profissional da História, o que você faria em prol do 
patrimônio histórico e cultural da sua cidade, da sua região, nacional e da humanidade? 
Não se preocupe em responder esta questão de forma definitiva e exaustiva neste 
momento, no decorrer deste Livro Didático almeja-se, gradualmente, fornecer elementos 
de ordem teórica e prática para pensar, refletir e construir alternativas ao desafio que foi 
apresentado anteriormente.
IMPORTANT
E
17
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Educação patrimonial consiste em toda e qualquer iniciativa e ação que almeje a 
pesquisa, o conhecimento, o acautelamento, a preservação, a apropriação, a manu-
tenção, a divulgação e a valorização dos exemplares e expressões e bens culturais.
• A educação patrimonial, no conjunto de atividades e ações educativas, visa 
assegurar a continuidade e a transmissão do legado e das referências históri-
cas e culturais entre as gerações. 
• A educação patrimonial possibilita aos indivíduos que estabeleçam relações com-
parativas, que façam leituras e interpretações do mundo, da realidade, da histó-
ria, da memória e da cultura que os rodeia, situando-os no tempo e no espaço. 
• A educação patrimonial funciona como suporte ao diálogo, à colaboração, ao 
intercâmbio entre os indivíduos e os diferentes grupos, elevando a autoesti-
ma dos mesmos. 
• A educação patrimonial fornece elementos à renovação dos temas e perspec-
tivas da História enquanto disciplina e saber/conhecimento científico. 
• Patrimônio histórico e cultural material é constituído por bens tangíveis, mó-
veis ou imóveis, tomados individualmente ou em conjunto, tais como cida-
des históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos, bens individuais, coleções 
arqueológicas, acervos museológicos, arquivísticos, documentais, bibliográfi-
cos, fotográficos, cinematográficos e videográficos.
• Patrimônio histórico e cultural imaterial é formado pelas tradições e expres-
sões culturais praticadas e preservadas por grupos coletivos e que são trans-
mitidas às gerações ascendentes. 
• São exemplares de patrimônio histórico e cultural imaterial os conteúdos das ex-
pressões de vida, celebrações, rituais, festas e danças populares, músicas, lendas, 
formas de expressão, costumes, tradições, saberes, modos de fazer, entre outros.
• Populações, comunidades, famílias e indivíduos pertencentes aos povos indígenas, 
remanescentes de quilombos, pescadores artesanais, ribeirinhos, seringueiros, que-
bradeiras de coco, caiçaras são portadores e testemunhos de saberes tradicionais 
associados à natureza, como a terra, o rio, o mar, as plantas, os animais e a todo o 
ambiente que os circunda.
• A educação patrimonial se preocupa com as fontes primárias, ou seja, com o 
18
que foi elaborado de modo direto em meio à um contexto, uma época, grupos, 
indivíduos que participam e integram os exemplares, as expressões as mani-
festações de patrimônio histórico e cultural.
 
• A educação patrimonial pode favorecer que as pessoas se identifiquem, res-
peitem, admirem, preservem, se sintam pertencentes, produtoras e corres-
ponsáveis pelos espaços, pelos exemplares, referências e discussões a respeito 
dos bens de patrimônio histórico e cultural. 
19
1 Procure descrever três dizeres/expressões populares que você conhece e/ou 
utiliza em cotidiano:
2 Em 2003, na Conferência geral da Organizações das Nações Unidas para 
a Educação, a Ciência e a Cultura — Unesco, foi redigido um documento 
que ficou conhecido como Recomendações de Paris. O documento levou em 
consideração os acordos, as recomendações e as resoluções internacionais 
existentes e se destina ao salvaguardo do patrimônio cultural imaterial das 
comunidades, grupos e indivíduos de diferentes partes do mundo. Analise 
as asserções a seguir o que compreende o patrimônio cultural imaterial: 
I- Práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas.
II- Instrumentos, artefatos e lugares que serviram de cenário e palco às 
práticas e manifestações.
III- Conhecimentos relacionados à ciência e às técnicas industriais modernas 
apenas. 
IV- Tradições e expressões orais, celebrações, rituais e atos festivos.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.
b) ( ) As alternativas I, II, III estão corretas.
c) ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as alternativas III e IV estão corretas.
3 No ano de 2005, fruto da Recomendação de Paris de 2003, ocorreu a publicação 
das Obras-primas do patrimônio oral e imaterial da humanidade. Quais critérios 
foram levados em consideração na elaboração lista destes patrimônios? 
Analise as proposições a seguir e a relação que proposta entre elas:
I- Expressões que fossem fonte de diversidade cultural e garantia dedesenvolvimento sustentável produzidos por indivíduos, grupos e 
comunidades, em especial indígenas.
POR QUE
II- A globalização e os modelos de consumo são responsáveis também por 
favorecer a destruição e o desaparecimento também do patrimônio cultural 
imaterial.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
b) ( ) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
d) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E 
PROCESSOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, o patrimônio histórico e cultural encontra-se perpassado por 
questões de disputas das mais diferentes naturezas. Para mediar, arbitrar e gerir os 
bens, exemplares e as relações entre as mais diferentes partes e interessados, existem 
instituições, documentos e processos que garantem e regulamentam minimamente a 
gestão, o tratamento, a abordagem, o acesso, o uso, que se referem aos mesmos. 
Ao longo deste tópico serão estudados, também, os principais processos 
e projetos que são implementados e que recaem os bens, expressões e referências 
culturais tais como ações de salvaguardo, inventários, tombamento, conservação, 
restauro, cancelamento de tombamento e repatriação. Bons estudos!
2 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS 
Caro acadêmico, apresenta-se a seguir os principais órgãos e instituições 
que são responsáveis por emitir os documentos destinados à pesquisa e gestão, 
bem como por promover ações, atos e eventos que divulguem e valorizem os 
bens e expressões do patrimônio histórico e cultural. Observe, ainda, que se pro-
cura apresentar os principais órgão e instituições numa hierarquia que obedece a 
esfera e âmbito mundial ao nacional: 
2.1 ONU 
A Organização das Nações Unidas foi criada no ano de 1945 com o fim da 
2ª Guerra Mundial, constitui uma organização intergovernamental que pretende 
atuar na promoção da cooperação internacional. Hoje, 193 países fazem parte 
e sua sede fica na cidade Manhattan, no Estado de Nova York, nos Estados 
Unidos da América. É necessário mencionar a ONU nas discussões e questões de 
educação patrimonial pois o acesso e a transmissão dos exemplares e expressões 
de patrimônio histórico e cultural da humanidade são considerados direitos 
humanos fundamentais dos indivíduos. A ONU representa à primeira instância à 
qual se reportam todas as demais instituições de caráter internacional, tais como 
a Unesco, o ICOM e o ICOMOS. 
22
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
2.2 UNESCO 
A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura — Unesco, 
foi criada no ano de 1946, constitui uma agência especializada atrelada ao sistema 
da ONU, possui como principais objetivos promover e manter a paz e a segurança 
mediante ações e projetos educativos em meio às ciências sociais/humanas, as 
ciências naturais, da cultura, das ciências da informação e das comunicações. Atua 
com projetos específicos no campo do patrimônio histórico e cultural mundial, em 
especial com projetos que fortaleçam o diálogo intercultural e a diversidade cultural. 
O Brasil conta com a representação da Unesco chamada de Unesco Brasil, 
cuja sede está sediada em Brasília, iniciou as atividades no ano de 1972 tendo como 
principais objetivos a defesa da educação de qualidade e a promoção social e humana. 
Representação da Unesco no Brasil. Acesse o site da Unesco e conheça os 
principais projetos nas áreas de cultura, comunicação e informação, educação, ciências 
humanas e sociais, ciências naturais entre outros. Disponível em: https://bit.ly/2XIKvBt.
DICAS
2.3 ICOM 
Sigla para Conselho Internacional de Museus — ICOM —, foi criado no ano 
de 1946, consiste em uma organização não governamental articulada com a Unesco 
e a ONU. Não possui fins lucrativos, atualmente conta com 137 países membros. É 
responsável por organizar atividades de reuniões, formação, conferências, oficinas, 
publicações, códigos, normas, declarações, intercâmbios em nível regional, nacional 
e internacional tendo como finalidade a promoção dos museus. 
2.4 ICOMOS 
Sigla para Conselho Internacional de Monumentos e Sítios — ICOMOS —, possui 
atuação e alcance das ações em nível internacional, cuja missão é promover a conservação, 
a proteção, a apropriação e a valorização de monumentos, sítios e centros urbanos. 
Possui como principal atribuição avaliar e fornecer pareceres sobre as candidaturas ao 
patrimônio cultural mundial. Encontra-se vinculado à ONU, através da Unesco. Trata-se 
de uma associação civil não governamental, foi criado no ano de 1965. 
TÓPICO 2 — PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS
23
2.5 IPHAN
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan — foi 
criado no ano de 1937, tendo como primeiro presidente Rodrigo Melo Franco de 
Andrade. Trata-se de uma instituição que atua em âmbito nacional, constitui uma 
autarquia federal do Governo do Brasil, encontra-se vinculado ao Ministério da 
Cidadania, de modo geral é responsável pela preservação e pela divulgação do 
patrimônio material e imaterial brasileiro. As principais ações que o Iphan realiza 
são inventários, registros, desapropriações e tombamentos. 
Até o ano de 2017 o Iphan já havia realizado atividades em 87 conjuntos 
Urbanos Tombados com 78 mil imóveis contidos nessas áreas; 590 mil imóveis 
localizados em áreas de entorno dos bens tombados; 1.264 bens materiais tomba-
dos; 590 bens imóveis ferroviários valorados; mais de 29 mil cidadãos diretamen-
te atendidos pelo Iphan; 26.409 sítios arqueológicos cadastrados; 336 instituições 
de pesquisa e guarda; 11.926 mil projetos de pesquisa autorizados (Iphan, 2018a). 
O Iphan, desde a sua criação, conta com instrumentos administrativos 
e legais que definem e orientam atividades de tombamento, para tanto criou os 
instrumentos como os do Livros do Tombo, que é composto pelos: 
• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: bens culturais 
que evidenciam os vestígios da ocupação e deslocamento humano nos tem-
pos mais remotos, referências de determinados grupos sociais tanto em áreas 
naturais como jardins, cidades ou conjuntos arquitetônicos.
• Livro do Tombo Histórico: os bens de valor histórico tais como edificações, 
fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, imagens, mobiliário, 
quadros e xilogravuras, entre outras peças.
• Livro do Tombo das Belas Artes: bens culturais que possuem valor acadêmi-
co, de caráter não utilitário, opostas às artes aplicadas e às artes decorativas.
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas: bens culturais associados à função uti-
litária, como alguns setores da arquitetura, das artes decorativas, design, artes 
gráficas, mobiliário, tapeçarias entre outros.
Com as discussões realizadas a partir do final dos anos de 1980, em es-
pecial com a ampliação da noção e conceito de patrimônio histórico e cultural, 
outros instrumentos passaram a se fazer necessários. Segundo Alencar (2017, p. 
7), a partir do decreto 3.551/2000, os bens culturais passaram a ser inscritos em 
um ou mais dos seguintes instrumentos: 
• Livro de Registro dos Saberes: para a inscrição de conhecimentos 
e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; 
• Livro de Registro das Celebrações: para rituais e festas que 
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do 
entretenimento e de outras práticas da vida social;
• Livro de Registro das Formas de Expressão: para as manifestações 
literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas, produzidas 
24
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
por coletividades e que tenham transmissão geracional de seus 
saberes e práticas;
• Livro de Registro dos Lugares: destinado à inscrição de espaços 
representativos de identidades, como mercados, feiras, praças e 
santuários onde se concentram e reproduzem práticas culturaiscoletivas. 
A sede do Iphan fica em Brasília. Conta com 27 superintendências e 28 
escritórios técnicos no interior dos estados brasileiros. As superintendências 
estão vinculadas diretamente à Presidência do Iphan e são responsáveis por 
construir parcerias com as esferas de poder local, organismos e instituições da 
sociedade civil ou empresas. Os escritórios técnicos geralmente ficam localizados 
junto aos conjuntos urbanos tombados (cidades históricas) e foram criados para 
administrar diretamente o patrimônio tombado e/ou registrado nesses locais, já 
os Parques Históricos Nacionais são administrados pelas superintendências do 
Iphan em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Conheça as Superintendências do Iphan que funcionam em cada região brasileira, 
em especial a que está mais próxima de você e de sua cidade, acessando: https://bit.ly/33plkqZ.
DICAS
2.6 IBRAM 
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) foi criado no ano de 2009. Su-
cedeu ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) encon-
tra-se vinculado ao Ministério da Cidadania. É responsável pelo Plano Nacional 
de Museus (PNM), almeja a melhoria nos índices de visitação e a contribuição/
arrecadação aos museus. O Ibram administra diretamente mais de 30 museus. Foi 
responsável por criar a Rede Nacional de Identificação de Museus (Museusbr), 
na qual já constam mais de 4000 museus brasileiros cadastrados.
Acesse o portal do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Disponível em: 
https://bit.ly/2DjcW1H.
DICAS
TÓPICO 2 — PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS
25
2.7 SECRETARIAS E CONSELHOS MUNICIPAIS
As secretarias são as designações dos departamentos, áreas ou pastas de um 
governo. As secretarias encontram-se atreladas ao poder executivo, seja municipal, es-
tadual ou federal, geralmente os integrantes são indicados/nomeados pela chefia maior 
superior (prefeito, governador, presidente) e os demais integrantes são oriundos do 
quadro geral de funcionários públicos, aprovados por concurso público. As secretarias 
que se relacionam aos temas de patrimônio histórico e cultural e/ou educação patrimo-
nial são normalmente as secretarias de Educação, Cultura, Turismo e Laser. 
Já os conselhos podem ser compostos de modo colegiado, a partir de inte-
grantes oriundos de diferentes partes da sociedade, como de movimentos sociais, 
lideranças de bairros, representantes de instituições privadas, profissionais que 
atuam na área; podem ser organizados em diferentes escalas, pode tanto ser mu-
nicipal como regional, estadual, nacional como mundial. 
Os conselhos são espaços que tendem a articular as diferentes áreas do 
governo com a sociedade civil, oportunizar a participação popular na gestão pú-
blica, no sentido de que os afetados e conhecedores da causa sejam ouvidos e 
as deliberações e execuções venham à contemplar o entendimento dos mesmos 
sobre quais políticas públicas devem ser criadas e implementadas no sentido de 
atender de forma mais efetiva os interesses da coletividade. 
A nível mundial pode-se mencionar o Conselho Mundial de Viagens e Tu-
rismo (World Travel & Tourism Council — WTTC), à nível federal, pode-se men-
cionar o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC); em nível municipal, os 
conselhos que estão mais relacionados ao campo de patrimônio histórico e cultural 
podem ser os Conselho de Cultura, Conselho de Turismo, Conselho de Patrimônio 
Histórico, Conselho de Educação, Conselho de Política Urbana, entre outros. 
A Agenda 21 da Cultura (CGLU, 2004), prevê que os governos locais re-
presentam os agentes mundiais de primeira ordem, enquanto defensores e pro-
motores do avanço dos direitos humanos e culturais. 
O desenvolvimento cultural apoia-se na multiplicidade dos agentes 
sociais, logo os governos devem atuar no sentido de apresentar trans-
parência informativa e incluir a participação cidadã na concepção das 
políticas culturais, nos processos de tomada de decisões e na avaliação 
de programas e projetos (CGLU, 2004, p. 2).
2.8 OS DETENTORES 
Para Alencar (2017) pode ser compreendida como a denominação dada às pes-
soas que fazem parte das comunidades, dos grupos, de segmentos e coletividades que 
possuem relação direta com a dinâmica de produção, manutenção, reprodução e renova-
ção de determinado bem cultural imaterial e/ou de seus bens culturais associados, para as 
26
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
3 PRINCIPAIS PROCESSOS
Caro acadêmico, apresenta-se a seguir as principais cartas, declarações, 
recomendações, compromissos e agendas que foram publicadas, que estão em 
vigor e devem ser respeitadas como diretrizes norteadoras às principais políticas, 
ações e procedimentos toda vez que são abordados bens e expressões de patri-
mônio histórico e cultural. Observe que são apresentadas desde as primeiras 
legislações, das mais antigas até as mais recentes. 
3.1 CARTAS, DECLARAÇÕES, RECOMENDAÇÕES, COM-
PROMISSOS E AGENDAS
As cartas, declarações, recomendações e agendas costumam ser emitidas/
assinadas por representantes de institutos, instituições, organizações, profissionais, 
especialistas e comunidade de cidadãos como resultado de estudos, dos trabalhos, 
plenárias e socializações realizadas ao longo de simpósios, congressos, encontros, 
jornadas. Comportam as principais concepções, a evolução dos conceitos, as dire-
trizes, as deliberações que foram firmadas e pactuadas e ações que serão assumidas 
pelos organismos, autoridades, profissionais e representações dos mais diferentes 
âmbitos e esferas que se fizeram presentes e assinaram os respectivos documentos. 
Os documentos podem ganhar teor, força e efeito semelhante às legisla-
ções governamentais. Se um dado país, um estado e/ou um município envia re-
presentante legal/institucional ao evento em que está sendo debatido o documen-
to e, ao final, este representante adere e assina o mesmo, a partir da publicação 
oficial, o documento passa a vigorar como lei, bem como devem ser consideradas 
pelos profissionais e autoridades para fundamentar, justificar, avaliar e deliberar 
sobre situações e processos referentes ao tema em questão. 
Possuem periodicidade e costumam ser retificadas, atualizadas e ampliadas a 
cada nova edição. Geralmente levam a nomenclatura com o nome do documento, a cida-
quais a prática cultural constituí uma identidade e um valor referencial por ser expressão 
da história e da vida de uma comunidade ou grupo, de seu modo de ver, viver, conviver 
e interpretar o mundo, ou seja, sua parte constituinte da memória e identidade. 
Podem ser considerados, também, como detentores dos saberes os integrantes 
de comunidades tradicionais, podem ser agricultores, pescadores, caboclos, quilom-
bolas, ribeirinhos, pajés, seringueiros ou os fabricantes, produtores e manipuladores 
artesanais dos recursos da natureza e dos bens culturais. Os detentores, são os testemu-
nhos, os principais porta-vozes dos bens culturais, portam conhecimentos e práticas 
cuja propriedade e especificidade são insubstituíveis, ainda são os principais responsá-
veis pela continuidade da prática e dos valores simbólicos a ela associados no presente 
e ao longo do tempo, em especial pelos processos de transmissão às futuras gerações.
TÓPICO 2 — PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS
27
de e o ano em que ocorreu a deliberação, e o conteúdo versa sobre algum aspecto específi-
co de um determinado setor. Observe a relação que consta a seguir, constitui os principais 
documentos voltados às temáticas que envolvem o patrimônio histórico e cultural: 
• Cartas de Atenas, de 1931-1933. 
• Recomendação de Nova Delhi, de 1956.
• Recomendação de Paris, de1962.
• Carta de Veneza, de 1964.
• Recomendação de Paris, de 1964.
• Normas de Quito, de 1967.
• Recomendação de Paris, de 1968.
• Compromisso de Brasília, de 1970. 
• Compromisso de Salvador, de 1971. 
• Carta do Restauro, de 1972. 
• Declaração de Estocolmo, de 1972. 
• Recomendação de Paris, de 1972. 
• Resolução de São Domingos, de 1974.

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