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LIVRO EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

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Educação Patrimonial
Profª Graciela Márcia Fochi
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profª Graciela Márcia Fochi
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.
	F652e
Fochi, Graciela Márcia
Educação patrimonial. / Graciela Márcia Fochi. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
262 p.; il.
ISBN 978-65-5663-064-9
1. Educação patrimonial. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
aPrEsEntação
Caro acadêmico! Com o livro de estudos de Educação Patrimonial, almeja-se abordar, analisar, refletir e sugerir um roteiro mínimo de conteúdos e atividades educativas para que você, enquanto profissional da história, possa demonstrar conhecimentos, habilidades, competências bem como possa lançar mão de estratégias de ensino e aprendizagem levando em consideração o repertório que a humanidade produziu, elaborou, conservou e transmitiu em termos de patrimônio histórico e cultural, tanto de natureza material como imaterial, tangível e intangível, consagrado e não consagrado.
O Brasil é um país pluricultural, caracterizado pela ampla variedade e diversidade de bens, expressões, referências e manifestações culturais. Logo, a educação patrimonial deve ser um tema e um conteúdo abordado de modo interdisciplinar e transversal, no sentido de fomentar a vivência, o testemunho, a valorização das memórias, dos fazeres, dos saberes, entre outros e, em especial, a participação e a construção coletiva de conhecimentos.
As possibilidades da Educação Patrimonial são inúmeras e podem contribuir significativamente em termos de ampliação e renovação dos métodos e atividades didático-pedagógicos tradicionais no ensino da História, bem como fornecer recursos no que diz respeito à inclusão de fontes, abordagens, problemas, temas e conteúdos históricos; em especial, tornar o conhecimento histórico dinâmico, experimental, verificável, inclusivo, participativo e criativo tanto no campo educacional quanto patrimonial e comunitário.
Na Unidade 1 descreve-se as principais concepções e conceitos, as instituições, os órgãos, os processos, os procedimentos e os documentos que existem no sentido de gerir, resguardar e legitimar os exemplares reconhecidos do patrimônio histórico e cultural, da memória e da identidade na sociedade contemporânea; aborda-se a importância dos bens, expressões e referências culturais aos indivíduos e à sociedade, das ações educativas, da mediação cultural, dos espaços escolares formais e não formais.
Na Unidade 2 apresenta-se os bens, os exemplares e os espaços de patrimônio histórico e cultural cuja dimensão material é mais expressiva e evidente, trata-se dos bens tangíveis imóveis e móveis, tais como sítios arqueológicos, centros históricos, museus, arquivos, monumentos, atividades artesanais e industriais, nomes de rua, indumentária, objetos antigos e coleções entre outros, procura-se sugerir atividades de ensinoaprendizagem que podem ser realizadas com tais exemplares no intuito de que os estudantes exercitem ainda mais habilidades e competências de pesquisa e construção do conhecimento histórico.
Na Unidade 3 contempla-se as expressões, os bens e as referências de patrimônio histórico e cultural cuja dimensão mais manifesta é a imaterial, a intangível, tais como lugares de memória, fotografias, caminhos, estradas, passagens, roteiros, paisagens, comemorações, festas populares, costumes, tradições, gastronomia, lendas, rituais entre outros, para os quais sugere-se atividades de ensino-aprendizagem que exercitem a pesquisa e a construção do conhecimento histórico, e em especial a participação e a vivência coletiva e cultural. 
Pretende-se que os temas e conteúdos abordados no Livro Didático de Educação Patrimonial sejam uma ferramenta para compreender e reconhecer como a tríada temporal (o passado, o presente e o futuro):
· encontra-se emaranhada e confundida, e o quanto são codependentes e corresponsáveis; 
· contribui na valorização de todo legado em termos de patrimônio histórico e cultural até então acumulado e ao que ainda vai ser criado e que, cada vez mais, esteja disponível ao acesso, ao conhecimento e à fruição; 
· sensibilize e conscientize sobre a necessidade de ações como de pesquisa, divulgação, salvaguardo e preservação nas mais diferentes localidades de cada país; 
· contribui na melhoria da autoestima dos diferentes grupos culturais e que aproxime e favoreça o diálogo entre as diferentes gerações.
Por fim, parafraseia-se o célebre poeta e tradutor brasileiro Augusto de Campos (1988, p. 7), quando escreve que: 
[...] assim como há gente que tem medo do novo, há gente que tem medo do antigo. Eu defenderei até a morte o novo por causa do antigo e até a vida o antigo por causa do novo. O antigo que foi novo é tão novo como o mais novo. O que é preciso é saber discerni-lo no meio das velhacas velharias que nos impingiram durante tanto tempo [...]. 
Votos de que você realize uma bela e satisfatória jornada de conhecimentos e aprendizagens pela frente.
Profª Graciela Márcia Fochi
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi
-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
NOTA
	o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
sumário
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? .............................................................1
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS .........................................................3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................3
2 O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? ......................................................................................3
2.1 O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL? ............................................................4 2.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO MATERIAL E/OU TANGÍVEL ...................................................5 2.3 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL E/OU INTANGÍVEL .............................................7 2.4 SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS À NATUREZA ...................................................11 3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL COMO FONTE DE CONHECIMENTO ......12 3.1 PASSADO, PRESENTE E FUTURO: ENTRAVES E POTENCIALIDADES ........................13 RESUMO DO TÓPICO 1.....................................................................................................................17
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................19
TÓPICO 2 — PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS.....................................................21 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................21
2 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS .................................................................................21 2.1 ONU ...............................................................................................................................................21
2.2 UNESCO .......................................................................................................................................22 2.3 ICOM .............................................................................................................................................22 2.4 ICOMOS ........................................................................................................................................22
2.5 IPHAN ............................................................................................................................................23 2.6 IBRAM ...........................................................................................................................................24 2.7 SECRETARIAS E CONSELHOS MUNICIPAIS ........................................................................25 2.8 OS DETENTORES ........................................................................................................................25
3 PRINCIPAIS PROCESSOS ..............................................................................................................26 3.1 CARTAS, DECLARAÇÕES, RECOMENDAÇÕES, COMPROMISSOS E AGENDAS .......26 3.2 AÇÕES DE SALVAGUARDO ....................................................................................................28
3.3 ATIVIDADES DE INVENTÁRIO ...............................................................................................29 3.4 MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO ...............................................................................................31 3.5 PRÁTICAS DE RESTAURO ........................................................................................................32
3.5.1 Carta de Veneza, Itália, 1964 ..............................................................................................33
3.5.2 Carta do Restauro, Itália, 1972 ...........................................................................................34
4 TOMBAMENTO, CANCELAMENTO DE TOMBAMENTO, 
 RESTITUIÇÃO E REPATRIAÇÃO .................................................................................................35
4.1 PROCESSOS DE TOMBAMENTO .............................................................................................36 4.2 CANCELAMENTO DE TOMBAMENTO ................................................................................36 4.3 CHANCELA DE PAISAGEM CULTURAL ..............................................................................38
4.4 RESTITUIÇÃO E REPATRIAÇÃO .............................................................................................41 RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................44
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................46
TÓPICO 3 — TRAJETÓRIA HISTÓRICA E DEBATE INTRODUTÓRIO ...............................49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................49 2 TRAJETÓRIA DO PATRIMÔNIO E DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO BRASIL .......49 2.1 MEMÓRIA E IDENTIDADE NA CONTEMPORANEIDADE ..............................................55
2.2 IMPORTÂNCIA DA VIDA CULTURAL E DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO .....................58 2.3 AS CONTRIBUIÇÕES E AS POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL .........61
2.4 ESPAÇOS FORMAIS E NÃO FORMAIS EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL .....................64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................71
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................73
UNIDADE 2 — EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: EVIDÊNCIAS MATERIAIS ..........................75
TÓPICO 1 — SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS .....................................................................................77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................77
2 O QUE É ARQUEOLOGIA? ............................................................................................................79 3 OS DIFERENTES RAMOS/MODALIDADES DA ARQUELOGIA ........................................81 4 O QUE FAZ A (O) ARQUEÓLOGA (O)? ......................................................................................85
4.1 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS ...............................................................................................86 4.2 PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS EM SÍTIOS....................................................87 4.3 PREVISÕES LEGAIS SOBRE OS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS ......................................87 5 PRINCIPAIS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS .................................................................................88 6 O PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO ............................................................................................93
7 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL VOLTADA À ARQUEOLOGIA: 
 A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA PÚBLICA .................................................................95
8 ATIVIDADES EDUCATIVAS COM EVIDÊNCIAS MATERIAIS EM ESPAÇOS 
ESCOLARES: ALGUMAS SUGESTÕES .........................................................................................97
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................101
TÓPICO 2 — CENTROS HISTÓRICOS ........................................................................................103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................103 2 CENTROS HISTÓRICOS: TRAJETÓRIA E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS ..............104
3 PRINCIPAIS PROJETOS BRASILEIROS EM CENTROS HISTÓRICOS ..........................107 3.1 PROGRAMA MONUMENTA ..................................................................................................109 3.2 ROTEIROS NACIONAIS DE IMIGRAÇÃO EM SANTA CATARINA/SC ........................110
4 PRINCIPAIS ABORDAGENS AOS CENTROS HISTÓRICOS .............................................113 5 PRÁTICAS ARTESANAIS .............................................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................120
TÓPICO 3 — MUSEUS, COLEÇÕES, OBJETOS ANTIGOS E ARQUIVOS .........................123 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................123
2 OS MUSEUS .....................................................................................................................................124 2.1 AS CONTRIBUIÇÕES DOS MUSEUS AO UNIVERSO ESCOLAR ....................................126 2.2 PREPARANDO UMA VISITA AO MUSEU ............................................................................1283 AS COLEÇÕES ................................................................................................................................130
4 OBJETOS ANTIGOS ......................................................................................................................133
4.1 DESCOBRINDO UM OBJETO ANTIGO .................................................................................134 5 OS ARQUIVOS PÚBLICOS ..........................................................................................................136
6 A CULTURA MATERIAL, A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 
 	E O ENSINO DE HISTÓRIA ......................................................................................................139
6.1 A PRESENÇA DOS TEMAS DO PATRIMONIO HISTÓRICO 
 E CULTURAL MATERIAL NA BNCC ....................................................................................140 LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................143
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................149
UNIDADE 3 — EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: EXPRESSÕES IMATERIAIS ......................151
TÓPICO 1 — SABERES, CELEBRAÇÕES E LUGARES DE MEMÓRIA ................................153 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................153
2 SABERES, MODOS DE FAZER E OFÍCIOS ..............................................................................156
2.1 A RENDA IRLANDESA DA DIVINA PASTORA/SE ...........................................................159 3 LUGARES DE MEMÓRIA .............................................................................................................161
3.1 CELEBRAÇÕES, RITUAIS E PRÁTICAS RELIGIOSAS .......................................................163
3.1.1 O Ritual Yaokwa do povo indígena Enawene Nawe/MT ............................................166 3.1.2 Atividades didático-pedagógicas com rituais iniciáticos e de passagem .................168 3.2 PROCISSÕES E ROMARIAS .....................................................................................................170 3.2.1 Romaria de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte/SP ..........................171 3.2.2 Romaria do Pe. Cícero, em Juazeiro do Norte/CE .......................................................172 3.2.3 Romaria do Bom Jesus da Lapa, em Bom Jesus da Lapa/BA ......................................173 3.2.4 Atividades didático-pedagógicas com fenômenos religiosos .....................................174
3.3 OS ESPAÇOS DE CEMITÉRIOS ...............................................................................................176
3.3.1 Cemitério de Santa Isabel de Mucugê/BA .....................................................................178 3.3.2 Atividades didático-pedagógicas com espaços de cemitérios .....................................179
3.4 OS TERREIROS DE RELIGIÕES DE MATRIZES AFRO-BRASILEIRAS ............................183 RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................187
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................188
TÓPICO 2 — PAISAGEM CULTURAL, CAMINHOS/ESTRADAS 
	 	 E FOTOGRAFIAS ANTIGAS .................................................................................191
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................191
2 PAISAGEM CULTURAL ...............................................................................................................193
3 CAMINHOS, ESTRADAS E PEREGRINAÇÕES .....................................................................197
3.1 O CAMINHO DO PEABIRU ....................................................................................................198 3.2 A ESTRADA REAL ....................................................................................................................199 3.3 O CAMINHO DO SOL ..............................................................................................................200 3.4 O CAMINHO DA FÉ..................................................................................................................201 3.5 O CAMINHO DAS MISSÕES ..................................................................................................201 3.6 OS PASSOS DE ANCHIETA .....................................................................................................202 3.7 O CAMINHO DE LUZ ...............................................................................................................202
4 FOTOGRAFIAS ANTIGAS ..........................................................................................................203
4.1 AS SETE QUEDAS DO IGUAÇU/GUAÍRA/PR .....................................................................205
4.2 LARGO DA ORDEM EM CURITIBA/PR ................................................................................207 RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................212
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................213
TÓPICO 3 — FESTAS POPULARES, GASTRONOMIA E 
	 	 ENDUMENTÁRIA CULTURAL .............................................................................215
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................215
2 EXPRESSÕES POPULARES BRASILEIRAS ..............................................................................217
2.1 MARACATUS DE PERNAMBUCO .........................................................................................219 2.2 O CARIMBÓ ................................................................................................................................220
2.3 ANIMAÇÃO E TEATRO DE BONECOS ...............................................................................222 3 A GASTRONOMIA CULTURAL .................................................................................................223
3.1 COMIDA MEXICANA DA REGIÃO DE MICHOACÁN ....................................................225 3.2 PÃO DE GEMGIBRE DA CROÁCIA .......................................................................................226 3.3 WASHOKU JAPONES ................................................................................................................226 3.4 GASTRONOMIA GOURMET DA FRANÇA .........................................................................227 3.5 DIETA MEDITERRÂNEA .........................................................................................................227 3.6 POSSIBILIDADES DE ABORDAGENS DOS TEMAS DA GASTRONOMIA ..................228
4 MODA, ENDUMENTÁRIA E VESTIMENTAS CULTURAIS ..............................................229 4.1 VESTIMENTAS CULTURAIS ...................................................................................................235
4.1.1 Sári .......................................................................................................................................235 4.1.2 Qípáo ...................................................................................................................................236 4.1.3 A Kanga do Quênia ...........................................................................................................237 4.1.4 Hanbok ...............................................................................................................................2374.1.5 Dirndl e Lederhosen .........................................................................................................238 4.1.6 Flamenca .............................................................................................................................239 4.1.7 O caso das vestimentas das populações andinas ..........................................................240 4.1.8 As cholas andinas ................................................................................................................240
4.1.9 O caso do Peru ....................................................................................................................241 5 CONSIDERAÇÕES GERAIS ÀS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ........243 LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................246
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................249
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................251
O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
· diferenciar as principais concepções e conceitos que se referem ao patrimônio histórico e cultural, tais como patrimônio material, patrimônio imaterial, inventários, conservação, restauro, tombamento e repatriação; UNIDADE 1 — 
· identificar as principais instituições, órgãos, instâncias, documentos e processos que normatizam, regulamentam e orientam as atividades o salvaguardo e a manutenção de bens, expressões e referências culturais;
· reconhecer as ações de educação patrimonial como primordiais às atividades de salvaguardo, de continuidade e na transmissão do legado em termos de patrimônio histórico e cultural da humanidade às gerações futuras;
· compreender a importância da vida cultural e do patrimônio histórico para a memória, para a identidade e na construção de uma sociedade mais humanizada, pacífica e igualitária.
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
C
H
A
M
A
D
A
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E PROCESSOS
TÓPICO 3 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA E DEBATE INTRODUTÓRIO
Caro acadêmico, este tópico aborda os principais conceitos, concepções, termos e expressões que são utilizadas no campo do patrimônio histórico e cultural e da educação patrimonial. 
O domínio e a apropriação desses conceitos são de fundamental importância para o seu uso e reconhecimento da criação de projetos, da realização de ações práticas ou como alguém que estuda, pesquisa, visita, participa e desfruta de locais, bens e expressões de patrimônio histórico cultural.
2 O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL? 
Consiste em toda e qualquer iniciativa e ação que almeje a pesquisa, o conhecimento, a preservação, a apropriação, a manutenção, a divulgação e a valorização dos exemplares e expressões e bens culturais, em especial, que visam assegurar a continuidade e a transmissão do legado histórico e cultural entre as gerações. TÓPICO 
1
 — 
UNIDADE 1
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES 
E 
CONCEITO
S
1
 INTRODUÇÃO
A vasta variedade de ações e projetos que contêm concepções e objetivos pedagógicos, metodologias, estratégias, vivências e experiências práticas que mobilizam e/ou contemplam conjuntos de bens, monumentos, sítios históricos ou arqueológicos, centros históricos urbanos ou comunidades rurais, locais ou processos de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares a paisagens naturais e culturais, locais e manifestações populares de caráter folclórico ou ritual, parques ou áreas de proteção ambiental, enfim, qualquer outra expressão que resulte da relação entre indivíduos de forma individual e coletiva e com o meio ambiente. 
Nas palavras de Grumberg (2007) educação patrimonial consiste no processo permanente e sistemático de trabalho educativo, formal e não formal, construídos de forma coletiva e dialogada, que tem como ponto de partida e centro de convergência o Patrimônio Cultural nas suas mais diferentes manifestações e expressões. A autora nos lembra, também, que tudo o que o homem faz e produz é exemplar de cultura, que a cultura resulta de um processo dinâmico, que se herda, que se cria e recria em meio ao cotidiano da vida, em meio à soluções de pequenos e grandes problemas que cada indivíduo, grupo e sociedade se deparam.
1
1
1
Horta, Grunberg e Monteiro (1999) explicam que a educação patrimonial representa um instrumento de “alfabetização cultural” que permite que os indivíduos façam leituras e interpretações do mundo, da realidade, da história, da memória e da cultura que os rodeia, situando-os no tempo e no espaço. 
A educação patrimonial está fortemente relacionada à ações educativas das mais diferentes áreas do conhecimento, logo requer abordagem interdisciplinar e transdisciplinar; assim como solicita que se contemple tanto em espaços de ensino-aprendizagem formais como não formais, bem como todas as situações e oportunidades em que as pessoas se reúnem para construir, dividir, relatar, celebrar e partilhar conhecimentos, investigar e inventariar com intuito de conhecer e acompanhar melhor, problematizar, reverter e transformar a realidade na qual se encontram inseridas. 
As ações em educação patrimonial devem despertar a consciência e a preocupação para com locais e expressões coletivos de cultura e patrimônio, no sentido de justificar a sua manutenção e ampliação, o livre acesso e apropriação, fomentar o diálogo, colaborações e intercâmbios, elevar a autoestima dos cidadãos responsáveis, bem como fornecer elementos à renovação dos temas e perspectivas da História enquanto disciplina e saber e conhecimento.
2.1 O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL?
Caro acadêmico, foi possível estudar a variação de concepção que o conceito possuí, neste momento, procura-se apresentar mais definições e elementos ao entendimento da noção de patrimônio histórico e cultural mais contemporâneo. Acompanhe o prosseguimento dos conteúdos.
Mário Chagas (2002, p. 36) descreve que patrimônio constitui “um conjunto determinado de bens tangíveis, intangíveis e naturais, envolvendo saberes e práticas sociais, a que se atribui determinados valores e desejos de partilha (perspectiva sincrônica) entre contemporâneos e de transmissão (perspectiva diacrônica) de uma geração para outra”. 
A definição para referências culturais descrita pelo Iphan (2000, p. 29) contribui no sentido de ampliar as denominações de Chagas, observe: 
[...] referências são edificações e são paisagens naturais. São também as artes, os ofícios, as formas de expressão e os modos de fazer. São as festas e os lugares a que a memória e a vida social atribuem sentido diferenciado: são as consideradas mais belas, são as mais lembradas, as mais queridas. São fatos, atividades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam os que estão longe, para que se reviva o sentimento de participar e de pertencer a um grupo, de possuir um lugar. Em suma, referências são objetos, práticas e lugares apropriados pela cultura na construção de sentidos de identidade, são o que popularmente se chama de raiz de uma cultura.
Nestor Canclini (1994) contribui com uma definição que engloba as relações nas quais o patrimônio cultural se encontra envolvido, pois, segundo o autor, o patrimônio cultural constitui um conjunto social e cultural próprio, que sustenta uma identidade e o diferencia de outros grupos, não abarca apenas os monumentos históricos, o desenho urbanístico e outros bens físicos; engloba também a experiência vivida, que se condensa em linguagens, conhecimentos, memórias, tradiçõesimateriais, modos de usar os bens e os espaços físicos. O patrimônio é responsável por possibilitar a solidariedade entre os que se identificam em determinados bens e práticas e que, por outro lado, costuma ser o local em que se forjam e amparam as cumplicidades sociais que se encontram fortemente estratificadas mediante a existência de classes e grupos. 
Cesar (2011, p. 73 apud CURITIBA, 2014, p. 10) defende que: 
Patrimônio cultural pode ser entendido como uma espécie de referencial social, permitindo com que o homem melhor se localize no tempo e no espaço. Nesse sentido, o patrimônio cultural pode impulsionar à ação no presente, a transformação social, potencializar a criatividade, desenvolver o enriquecimento cultural. Tudo isso justifica a sua preservação e conservação, e o seu restauro quando necessário.
2.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO MATERIAL E/OU TANGÍVEL
O Iphan (2018b, p. 30), em parágrafo único, define: “por patrimônio cultural material entende-se o universo de bens tangíveis, móveis ou imóveis, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. O Iphan — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — se usa da classificação de bens móveis e imóveis: como bens de natureza material imóveis: cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e/ou móveis, da qual fazem parte coleções arqueológicas, acervos museológicos, arquivísticos, documentais, bibliográficos, fotográficos, cinematográficos e videográficos. 
A BNCC (BRASIL, 2018, p. 400) traz que:
A utilização de objetos materiais pode auxiliar o professor e os alunos a colocar em questão o significado das coisas do mundo, estimulando a produção do conhecimento histórico em âmbito escolar. Por meio dessa prática, docentes e discentes poderão desempenhar o papel de agentes do processo de ensino e aprendizagem, assumindo, ambos, uma “atitude historiadora” diante dos conteúdos propostos, no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental. 
Segundo o Iphan (2018b) os principais procedimentos que são aplicados às atividades com bens culturais materiais são: educação patrimonial, identificação, reconhecimento, proteção, normatização, autorização, participação no licenciamento ambiental, fiscalização, conservação, interpretação, promoção e difusão. 
Até o momento, existem mais de 1200 bens de natureza tombados no Brasil, e possuí políticas e determinações específicas de proteção ao patrimônio material que ficam subdivididas em setores/categorias como de conjuntos urbanos, conjuntos rurais, fortificações brasileiras, patrimônio arqueológico, patrimônio ferroviário, patrimônio cultural material dos povos indígenas, patrimônio cultural material dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana, patrimônio espeleológico, patrimônio paleontológico, coleções e acervos, bens móveis e integrados, arquitetura religiosa, patrimônio da imigração, casas natais ou relacionadas à personalidades, casas de câmara e cadeia, ruínas, entre outros. FIGURA 1 – FORTE DOS REIS MAGOS. RIO GRANDE DO NORTE/RN
FONTE: <https://bit.ly/2PqiI48>. Acesso em: 18 out. 2019.
Procure assistir à entrevista intitulada Patrimônio Material, concedida pelo 
professor, arquiteto e urbanista, Dalmo Vieira Filho que, por muito tempo, esteve à frente 
do setor de Patrimônio Material do Iphan. A entrevista foi concedida à TV Ufop e está 
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rqHqaAZ4aOo.
DICAS
2.3 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL E/OU INTANGÍVEL
“Ainda que a argila possa receber a forma de vaso, a essência do vaso reside em seu interior” (Lao Tsé).
Trata-se de uma nomenclatura e categoria criada pela Unesco no ano de 1997. De modo amplo contempla tradições e expressões culturais que são praticadas e preservadas por grupos coletivos e que são transmitidas às gerações ascendentes. São tomadas como exemplares e expressões de patrimônio cultural imaterial os conteúdos das expressões de vida, celebrações, rituais, festas e danças populares, músicas, lendas, formas de expressão, costumes, tradições, saberes, modos de fazer, entre outros. 
Os conteúdos dessas expressões e manifestações geralmente são transmitidos de forma oral ou gestual, e por isso são suscetíveis às recriações e modificações com o passar do tempo e das gerações. Ao conceito de patrimônio cultural imaterial encontra-se vinculado também as noções de memória e identidade; as atividades de salvaguardo destinam-se a agir diante das condições e circunstâncias de vulnerabilidade que afetam estes conteúdos e porções de cultura que são instauradas em virtude das constantes mudanças e transformações da sociedade moderna. 
Com a inclusão da categoria de patrimônio cultural imaterial, passaram a ser contemplados também a filosofia, os valores e as formas de pensar contidos nas línguas, na oralidades dos gestos, nos jeitos e demais manifestações culturais de minorias étnicas como os povos indígenas, africanos e aborígenes que geralmente são desprovidos de registros escritos sistematizados e/ou inscritos e/ou edificados. 
Após reuniões e discussões com os mais diferentes profissionais, instituições e representantes da área da cultura imaterial, no ano de 1989 a Unesco publicou Recomendação sobre salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular e, a partir de então, passou a estimular atividades de identificação, preservação, continuidade e disseminação destas formas de patrimônio, articulando-se com as comunidades, os governos, ONGs e demais entidades.
No ano de 2003 e 2005, a Unesco, com a ajuda de um corpo de jurados internacional, selecionou e elegeu uma primeira relação de espaços e expressões de excepcional importância e relevância, o que possibilitou a Proclamação das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade no qual foi apresentado um montante inicial de 90 obras-primas.
Para conhecer o documento Recomendações de Paris de 2003, Convenção 
da Unesco para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, acesse o conteúdo na íntegra em: https://bit.ly/3k4Wd2C.
Para conhecer quais foram as 90 obras primas do patrimônio cultural imaterial faça a seguinte busca: Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Disponível em: https://bit.ly/2BYcHZb.DICAS
Veja também Purpose of the Lists of Intangible Cultural Heritage and of the Register of Good Safeguarding Practices, disponível em: https://bit.ly/33qcolh.
Nas Figuras 2 e 3 constam dois exemplos de patrimônios culturais imateriais. Na Figura 2, o Bolo de Rolo, patrimônio cultural imaterial de Pernambuco, reconhecido pela Lei 13.436/2008, e na Figura 3, a Dança dos Dervixes, reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade, na cerimônia Sema, realizada por praticantes do islamismo, considerada patrimônio imaterial mundial da humanidade, observe: 
FIGURA 2 – BOLO DE ROLO
FONTE: <https://bit.ly/30tnS5D>. Acesso em: 4 out. 2019.
FIGURA 3 – DANÇA DOS DERVIXES
FONTE: <https://bit.ly/2PnaFoL>. Acesso em: 4 out. 2019.
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que são manifestadas e expressas em celebrações, rituais, saberes, ofícios e modos de fazer; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas. Pode-se considerar até expressões e exemplares mais inusitados tais como dialetos, sotaques, antigos dizeres, cheiros, constelações, paisagens, sons etc.
Como exemplares de patrimônio histórico e cultural imaterial estão os antigos dizeres, costumam ser chamados de provérbios, expressões e/ou ditados populares. Estão presentes nas mais diversas sociedades e culturas como a árabe, chinesa, grega, romana, africana, indígena entre outras, muitos não possuem autoria reconhecida. 
De maneira geral, constituem frases curtas, possuem função de advertência e aconselhamento e, em especial, sentido e significado moralizante; costumam ser anunciados por meio de outras expressões como“Reza a lenda...”, “Já dizia o ditado...”, “Não tem ditado que diz...” à exemplo de antigos dizeres, pode-se relacionar: 
 
· “Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores” (provérbio chinês).
· “Quem estuda e não pratica o que aprendeu é como o homem que lavra e não semeia” (provérbio árabe).
· “Pai fazendeiro, filho doutor, neto pescador” (provérbio português).
· “Gosto não se discute, se lamenta” (autor desconhecido).
Caro acadêmico, acredita-se que você também deva conhecer e se utilizar de 
outros tantos dizeres. Consulte as lembranças e memórias de conversas com familiares e 
amigos no dia a dia... outros exemplos ainda poderiam ser aqui descritos.
UNI
O Iphan, por meio de suas ações, já pôde reunir 42 bens imateriais registrados, 7 línguas inventariadas, 149 processos de salvaguarda em andamento, 39 processos de registro em andamento, 160 projetos do Inventário Nacional de Referências Culturais concluídos, 140 ações de apoio e fomento. Para favorecer esses processos foram criados o Livro de Registro de Celebrações: rituais e festas que marcam vivência coletiva, religiosidade, entretenimento e outras práticas da vida social; o Livro de Registros das Formas de Expressão: manifestações artísticas em geral; o Livro de Registro dos Lugares: mercados, feiras, santuários, praças onde são concentradas ou reproduzidas práticas culturais coletivas; e o Livro de Registro dos Saberes: conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
Observe que é possível acessar os conteúdos dos livros através dos links 
disponibilizados a seguir:
• 
Livro de Registro de Celebrações: https://bit.ly/2DuMeTw.
• 
Livro de Registros das Formas de Expressão: https://bit.ly/2Dydr7W.
• 
Livro de Registro dos Lugares: https://bit.ly/2XrFaOt.
• 
Livro de Registro dos Saberes: https://bit.ly/3gsF94D.
DICAS
Dentre os bens registrados e reconhecidos, pode-se relacionar: 
· Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, registrado no ano de 2002. 
· Kusiwa – Linguagem e Arte Gráfica Wajãpi, registrado no ano de 2002. 
· Círio de Nazaré, registrado no ano de 2004.
· Samba de Roda no Recôncavo Baiano, registrado no ano de 2004. 
· Modo de Fazer Viola-de-Cocho, registrado no ano de 2005. 
· Ofício das Baianas de Acarajé, registrado no ano de 2005.
· Jongo no Sudeste, registrado no ano de 2005. 
· Cachoeira de Iauaretê — lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri —, registrado no ano de 2006. 
· Feira de Caruaru, registrado no ano de 2006.
· Matrizes do Samba no Rio de Janeiro, registrado no ano de 2006. 
· Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas, registrado no ano de 2008.
· Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira, registrado no ano de 2008.
· Renda Irlandesa de Divina Pastora, registrado no ano de 2008.
· Toque dos Sinos e o Ofício de Sineiro em Minas Gerais, registrado no ano de 2009. • Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, em Goiás, registrado no ano de 2010.
· Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro/AM, registrado no ano de 2010.
FIGURA 4 – EXEMPLARES DE PATRIMÔNIO IMATERIAL
FONTE: <https://bit.ly/3i2bHT6>; <https://bit.ly/31cSCXK>; <https://bit.ly/3fxg1bj>. Acesso em: 15 nov. 2019.
As discussões e a valorização do patrimônio cultural imaterial ainda não se popularizaram e não se consolidaram institucionalmente, de modo geral, ainda prevalecem as antigas concepções de patrimônio edificado, o que impede que outras expressões e exemplares sejam reconhecidos e prestigiados em meio às comunidades, grupos e pela sociedade como um todo. Muito trabalho ainda precisa ser feito!
2.4 SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS À NATUREZA
Referem-se aos saberes que são manejados, manipulados e que estão sob o domínio das populações, comunidades, famílias e indivíduos pertencentes aos povos indígenas, remanescentes de quilombos, pescadores artesanais, ribeirinhos, seringueiros, quebradeiras de coco, caiçaras e inúmeros outros, cujos conhecimentos, hábitos, costumes, modos de viver, fazer, tradições, festas, rituais estão profundamente relacionados com a terra, com o rio, o mar, as plantas, os animais, em fim com o ambiente, a natureza que os circunda.
Segundo Santili (2005, p. 83), o Congresso Nacional cogita uma definição conceitual para os povos/populações tradicionais que é a de:
Grupos humanos culturalmente diferenciados, que estão vivendo há, no mínimo, três gerações em um determinado ecossistema, historicamente reproduzindo seu modo de vida, em estreita dependência para com o meio natural, do qual obtém a própria subsistência e que fazem uso dos recursos naturais de modo sustentável.
Costa (2011) explica que as comunidades tradicionais são consideradas sociedades que vivem em culturas particulares e são denominadas de “povos dos ecossistemas”; pois vivem no seu ambiente imediato, utilizam-se de recursos retirados apenas do ambiente no qual se encontram inseridos, que em sua maioria não é provido de confortos e tecnologias que estão disponíveis nos centros urbanos.
Velho (2012) explica que se trata de populações que detém saberes que os identificam, os diferenciam, representando um nicho cultural no qual encontram as condições de perpetuar suas crenças, valores e formas de vida. O autor adverte que os saberes que permeiam o universo cultural das populações tradicionais e, não raro, são alvo de apropriação por expedições científicas ou interesses para com o extrativismo e exploração de matérias primas. 
3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL COMO FONTE DE CONHECIMENTO 
No campo da pesquisa histórica costuma-se classificar as fontes em três categorias: primárias, secundárias e terciárias. As fontes primárias seriam os documentos, os registros dos itens, os produtos elaborados pelos próprios integrantes de um determinado fato, e/ou expressão e manifestação cultural. As fontes secundárias seriam os conjuntos de estudos, de análises e de comparações feitas a partir das fontes primárias. As fontes terciárias seriam as composições a partir das fontes secundárias e das fontes primárias, tais como catálogos de itens, de objetos, coleções, roteiros de visitação, guias turísticos, folhetos explicativos, mapas, conteúdos jornalísticos e publicitários que tratam/apresentam os exemplares e as manifestações de patrimônio histórico e cultural.
O que é mais importante e primordial para a Educação Patrimonial são as fontes primárias, ou seja, o que foi elaborado de modo direto em meio ao contexto, à época, aos grupos, aos indivíduos que participam e integram os exemplares, as expressões, as manifestações de patrimônio histórico e cultural. Os exemplares de patrimônio histórico e cultural ganham o estatuto de fonte primária direta por constituírem o registro, o documento, o testemunho, a evidência, a manifestação de fatos, dos modos, dos fenômenos, dos movimentos, das manifestações, das expressões que são tomadas aos estudos.
Os exemplares de patrimônio histórico e cultural encontram-se envolvidos em complexas conexões com o momento histórico e contexto social em que foi produzido, amplas redes de relações sociais podem ser tecidas, inúmeros usos e significados que podem lhe ser atribuídos. Para a educação patrimonial é primordial que seja procedido um exercício investigativo que segundo Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 9) é o de:
descobrir esta rede de significados, relações, processos de criação, fabricação, trocas, comercialização e usos diferenciados, que dão sentido às evidências culturais e nos informam sobre o modo de vida das pessoas no passado e no presente, em um ciclo constante de continuidade, transformação e reutilização.
Para tanto, são fundamentais as habilidades e competências de observação, descrição, decodificação, a pesquisa e interpretação para suprir e sanar possíveis situações de perda de informações, esquecimentos, equívocos, descontextualização, descaracterização ou qualquer uso inadequado, atribuição de sentido e valor não apropriado que possa ocorrer.
Gazzóla (2009, p. 1455) explica que: 
[o] patrimônio cultural pode assumir através da educação, um significado coletivocompartilhado. A escola tem um papel importante neste processo, já que depois da família, é ela que favorece o desenvolvimento do espírito da cidadania, capaz de desencadear uma relação de pertencimento com a cultura local. No que tange ao conhecimento sobre patrimônio cultural e educação patrimonial, ficou visível que não há uma familiaridade com o assunto, os bens edificados e os lugares que representam a memória (bens materiais) ainda fazem sombra sobre a diversidade dos bens imateriais que também constituem o patrimônio cultural. 
Segundo Queiroz (2004), com o espaço que tem sido dado ao tema “Educação Patrimonial” também é proporcionado à sociedade brasileira um convite à reflexão quanto à responsabilidade que se deve assumir enquanto profissionais e cidadãos no processo de fortalecimento e revitalização da cultura; sobre a responsabilidade de conduzir e de mediar pelo caminho do entendimento e do profundo comprometimento na construção desse universo sociocultural.
3.1 PASSADO, PRESENTE E FUTURO: ENTRAVES E POTENCIALIDADES 
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum” (Machado de Assis).
O que esteve e está na origem de criação de muitos dos exemplares de patrimônio histórico e cultural são os problemas e as necessidades que os indivíduos e os grupos sociais se deparavam e se deparam em seus contextos e meios; no sentido de superar estes, foram realizadas análises das circunstâncias, das condições, dos materiais, das tecnologias disponíveis, criou-se estratégias, formulou-se projetos e arquitetou-se novos resultados e soluções. As evidências deste processo todo atravessam os tempos e chegam até o momento presente como patrimônio histórico e cultural, agora para ser decodificada, estudada, compreendida e entendida sobre os materiais e as técnicas construtivas, as funções, os usos e os significados que foram reunidos através dos diferentes momentos históricos. 
Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 9) explicam que:
Os problemas encontrados por uma comunidade no passado levaram a soluções que deixaram suas marcas no presente. As evidências que temos hoje nos permitem analisar e identificar os problemas do passado e as soluções do presente. Exemplo: como uma vila resolveu o problema do abastecimento de água, e como hoje a cidade grande resolveu o mesmo problema com novas soluções tecnológicas.
 
No entanto, Hobsbawn (1995, p. 13) apresenta que se convive com alguns problemas que colocam em risco o que foi possível até hoje produzir, reunir, transmitir em termos de patrimônio histórico e cultural, observe: 
A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio.
Arruda (2006) discute que os espaços coletivos e de patrimônio histórico e cultural são os espaços que estão sob o domínio do Estado, ou seja o Estado Nacional Moderno, e não os espaços, as expressões, e as ações que partiram da escolha, da gestão e da consagração por parte dos indivíduos, das populações, dos grupos, dos movimentos sociais entre outros; o que, por sua vez, reflete na capacidade de reconhecimento que os indivíduos possuem para com os exemplares, as expressões e as referências culturais. 
Para ilustrar tal compreensão, Arruda (2006), que estudou o processo da construção do Estado-Nação moderno do Brasil, defende que ocorreu forte rejeição da inclusão do espaço natural, da população, ao passado e à cultura em favorecimento de constituição de um território, de fronteiras, hinos, símbolos, marcos oficiais. A construção do Estado-Nação se deu de forma autoritária e centralizadora (Independência do Brasil, Proclamação da República) e espelhado nos moldes da cultura europeia que forjou uma legitimidade política sem participação efetiva dos indivíduos, dos grupos sociais e da população como um todo, o que proporcionou uma história cheia de mitos e heróis, um repertório de exemplares artísticos e culturais que não são reconhecidos e não são aclamados pelos “cidadãos” brasileiros. 
Esse processo repercutiu e ainda repercute nos tempos atuais, quando se pretende discutir concepções amplas, diversas, plurais e mais democráticas de patrimônio, cultura e identidade, para além do patrimônio material edificado, dos exemplares de arte erudita ou de valor técnico e científico. Fonseca (2003) explica que o “patrimônio histórico e artístico” ainda evoca entre as pessoas um conjunto de monumentos antigos ou um dado acervo artístico que deve ser preservado, ou que constitui obras de arte excepcionais, ou por terem sido palco de eventos marcantes, estarem referidos em documentos oficiais ou nas narrativas da História e cultura Nacional, regional e local.
Gazzóla (2009, p. 1444) acrescenta que são “diversos os fatores que podem explicar a pouca importância pelo patrimônio histórico e cultural”, que um dos aspectos que se há de considerar é o desconhecimento que, por sua vez, é considerado o mais crucial, pois alimenta o desinteresse, o descaso e o abandono o que corrobora aos interesses pelo esquecimento, pelo apagamento, pela demolição, pela destruição. 
 
Segundo Paim e Tavares (2015, p. 8): 
As pessoas só respeitam, admiram, preservam e se identificam com aquilo que conhecem. Para que ocorra especialmente a identificação com os bens patrimoniais faz-se necessário pensar e construir possibilidades de educar para o patrimônio, para que as pessoas conheçam e sintam-se pertencentes aos espaços, às discussões, aos lugares de guarda e preservação dos diferentes bens patrimoniais. 
Portanto, para que efetivamente ocorra uma educação para o patrimônio, não basta falar em patrimônio ou sobre patrimônio, é preciso viver o patrimônio.
IMPORTANTE
No decorrer do ano de 2018 e 2019, o Patrimônio Histórico, Cultural e Natural 
da Humanidade sofreu perdas significativas e irreparáveis: no segundo semestre de 2018, o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro/RJ; na primeira metade do semestre de 2019 a Catedral de Notre Dame/Paris/FR; e, no final do mês de agosto, a floresta Amazônica/ Brasil. Se recuarmos alguns anos na história do patrimônio histórico brasileiro não teremos dificuldade em encontrar outros exemplos para o mesmo desfecho. Neste momento, vamos nos debruçar sobretudo ao incêndio que ocorreu no Museu Nacional do Rio de Janeiro/RJ.
O Museu fica localizado na Quinta da Boa Vista, e, na madrugada de 2 de setembro de 2018, um incêndio que durou mais de 6 horas destruiu, aproximadamente, 92% do acervo histórico e científico que o Museu guardava. Dentre as perdas constam o trono do rei africano Adandozan (1718-1818), doado pelos seus embaixadores à D. João VI, em 1811; toda a coleção da Imperatriz Teresa Cristina; o trono do Rei do Daomé; a esquife de ShaAmun-en-su, sacerdotisa e cantora egípcia que data de 750 a.C. e que foi oferecida à D. Pedro II como presente diplomático; os afrescos de Pompeia; o crânio de Luzia, achado em 1974 e que é considerado o fóssil mais antigo do Brasil; Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte encontrado em Minas Gerais e demais itens das coleções de paleontologia; o acervo de etnologia que contava com artefatos da cultura afro-brasileira, africana e indígena, como objetos raros da tribo Tikuna, além de itens polinésios; e todos os acervos linguísticos.
A perícia apontou como causa do incêndio o sobreaquecimento do ar-condicionado causado por curto-circuito, oriundo de instalações elétricas desapropriadas. O Museu encontrava-se sob administração da Universidade Federal do Rio do Janeiro — UFRJ — e trabalhavam no local aproximadamente 90 profissionais. 
O incêndio e a destruição do acervodo Museu foram noticiados pelos principais jornais do Brasil e do mundo, e diversos presidentes e autoridades da cultura e do patrimônio histórico se solidarizaram e se colocaram à disposição, no sentido de vislumbrar soluções e reparos diante do ocorrido. Por outro lado, o incêndio motivou debates e críticas sobre as condições de segurança e conservação gerais dos museus no mundo; foram registrados atos de protestos por parte de grupos indígenas e de arqueólogos que reclamam pelo retorno de itens aos respectivos grupos originários, assim como serviu de reforço aos defensores da política de repatriação de objetos aos países de origem.
Fatos como estes sensibilizam a comunidade científica, pesquisadores e profissionais da história para diversos outros temas, problemas e questões, como, por exemplo, a memória, a identidade, o patrimônio, a educação, a cultura, a participação, o pertencimento, o reconhecimento, o descaso, as políticas públicas, a comunidade, o governo entre outros, porém nada do que venha a ser feito, conseguirá restituir as perdas que ocorreram, somente poderão antecipar e impedir que novos acontecimentos desta natureza ocorram. 
Agora, pergunta-se: você, como profissional da História, o que você faria em prol do patrimônio histórico e cultural da sua cidade, da sua região, nacional e da humanidade? Não se preocupe em responder esta questão de forma definitiva e exaustiva neste momento, no decorrer deste Livro Didático almeja-se, gradualmente, fornecer elementos de ordem teórica e prática para pensar, refletir e construir alternativas ao desafio que foi apresentado anteriormente.
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS CONCEPÇÕES E CONCEITOS
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
· Educação patrimonial consiste em toda e qualquer iniciativa e ação que almeje a pesquisa, o conhecimento, o acautelamento, a preservação, a apropriação, a manutenção, a divulgação e a valorização dos exemplares e expressões e bens culturais.
· A educação patrimonial, no conjunto de atividades e ações educativas, visa assegurar a continuidade e a transmissão do legado e das referências históricas e culturais entre as gerações. 
· A educação patrimonial possibilita aos indivíduos que estabeleçam relações comparativas, que façam leituras e interpretações do mundo, da realidade, da história, da memória e da cultura que os rodeia, situando-os no tempo e no espaço. 
· A educação patrimonial funciona como suporte ao diálogo, à colaboração, ao intercâmbio entre os indivíduos e os diferentes grupos, elevando a autoestima dos mesmos. 
· A educação patrimonial fornece elementos à renovação dos temas e perspectivas da História enquanto disciplina e saber/conhecimento científico. 
· Patrimônio histórico e cultural material é constituído por bens tangíveis, móveis ou imóveis, tomados individualmente ou em conjunto, tais como cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos, bens individuais, coleções arqueológicas, acervos museológicos, arquivísticos, documentais, bibliográficos, fotográficos, cinematográficos e videográficos.
· Patrimônio histórico e cultural imaterial é formado pelas tradições e expressões culturais praticadas e preservadas por grupos coletivos e que são transmitidas às gerações ascendentes. 
· São exemplares de patrimônio histórico e cultural imaterial os conteúdos das expressões de vida, celebrações, rituais, festas e danças populares, músicas, lendas, formas de expressão, costumes, tradições, saberes, modos de fazer, entre outros.
· Populações, comunidades, famílias e indivíduos pertencentes aos povos indígenas, remanescentes de quilombos, pescadores artesanais, ribeirinhos, seringueiros, quebradeiras de coco, caiçaras são portadores e testemunhos de saberes tradicionais associados à natureza, como a terra, o rio, o mar, as plantas, os animais e a todo o ambiente que os circunda.
· A educação patrimonial se preocupa com as fontes primárias, ou seja, com o que foi elaborado de modo direto em meio à um contexto, uma época, grupos, indivíduos que participam e integram os exemplares, as expressões as manifestações de patrimônio histórico e cultural.
 
· A educação patrimonial pode favorecer que as pessoas se identifiquem, respeitem, admirem, preservem, se sintam pertencentes, produtoras e corresponsáveis pelos espaços, pelos exemplares, referências e discussões a respeito dos bens de patrimônio histórico e cultural. 
1INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, o patrimônio histórico e cultural encontra-se perpassado por questões de disputas das mais diferentes naturezas. Para mediar, arbitrar e gerir os bens, exemplares e as relações entre as mais diferentes partes e interessados, existem instituições, documentos e processos que garantem e regulamentam minimamente a gestão, o tratamento, a abordagem, o acesso, o uso, que se referem aos mesmos. 
Ao longo deste tópico serão estudados, também, os principais processos e projetos que são implementados e que recaem os bens, expressões e referências culturais tais como ações de salvaguardo, inventários, tombamento, conservação, restauro, cancelamento de tombamento e repatriação. Bons estudos!
2 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS 
	
	 — 
	UNIDADE 1
	TÓPICO 2
	
	PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E 
PROCESSOS
	
Caro acadêmico, apresenta-se a seguir os principais órgãos e instituições que são responsáveis por emitir os documentos destinados à pesquisa e gestão, bem como por promover ações, atos e eventos que divulguem e valorizem os bens e expressões do patrimônio histórico e cultural. Observe, ainda, que se procura apresentar os principais órgão e instituições numa hierarquia que obedece a esfera e âmbito mundial ao nacional: 
2.1 ONU 
A Organização das Nações Unidas foi criada no ano de 1945 com o fim da 2ª Guerra Mundial, constitui uma organização intergovernamental que pretende atuar na promoção da cooperação internacional. Hoje, 193 países fazem parte e sua sede fica na cidade Manhattan, no Estado de Nova York, nos Estados Unidos da América. É necessário mencionar a ONU nas discussões e questões de educação patrimonial pois o acesso e a transmissão dos exemplares e expressões de patrimônio histórico e cultural da humanidade são considerados direitos humanos fundamentais dos indivíduos. A ONU representa à primeira instância à qual se reportam todas as demais instituições de caráter internacional, tais como a Unesco, o ICOM e o ICOMOS. 
2.2 UNESCO 
A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura — Unesco, foi criada no ano de 1946, constitui uma agência especializada atrelada ao sistema da ONU, possui como principais objetivos promover e manter a paz e a segurança mediante ações e projetos educativos em meio às ciências sociais/humanas, as ciências naturais, da cultura, das ciências da informação e das comunicações. Atua com projetos específicos no campo do patrimônio histórico e cultural mundial, em especial com projetos que fortaleçam o diálogo intercultural e a diversidade cultural. 
O Brasil conta com a representação da Unesco chamada de Unesco Brasil, cuja sede está sediada em Brasília, iniciou as atividades no ano de 1972 tendo como principais objetivos a defesa da educação de qualidade e a promoção social e humana. 
Representação da Unesco no Brasil. Acesse o site da Unesco e conheça os 
principais projetos nas áreas de cultura, comunicação e informação, educação, ciências 
humanas e sociais, ciências naturais entre outros. Disponível em: https://bit.ly/2XIKvBt.
DICAS
2.3 ICOM 
Sigla para Conselho Internacional de Museus — ICOM —, foi criado no ano de 1946, consiste em uma organização não governamental articulada com a Unesco e a ONU. Não possui fins lucrativos, atualmente conta com 137 países membros. É responsável por organizar atividades de reuniões, formação, conferências, oficinas, publicações, códigos, normas, declarações, intercâmbios em nível regional, nacional e internacional tendo como finalidade a promoção dos museus. 
2.4 ICOMOS 
Sigla para Conselho Internacionalde Monumentos e Sítios — ICOMOS —, possui atuação e alcance das ações em nível internacional, cuja missão é promover a conservação, a proteção, a apropriação e a valorização de monumentos, sítios e centros urbanos. Possui como principal atribuição avaliar e fornecer pareceres sobre as candidaturas ao patrimônio cultural mundial. Encontra-se vinculado à ONU, através da Unesco. Trata-se de uma associação civil não governamental, foi criado no ano de 1965. 
UNIDADE 1 — O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
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2.5 IPHAN
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan — foi criado no ano de 1937, tendo como primeiro presidente Rodrigo Melo Franco de Andrade. Trata-se de uma instituição que atua em âmbito nacional, constitui uma autarquia federal do Governo do Brasil, encontra-se vinculado ao Ministério da Cidadania, de modo geral é responsável pela preservação e pela divulgação do patrimônio material e imaterial brasileiro. As principais ações que o Iphan realiza são inventários, registros, desapropriações e tombamentos. 
Até o ano de 2017 o Iphan já havia realizado atividades em 87 conjuntos Urbanos Tombados com 78 mil imóveis contidos nessas áreas; 590 mil imóveis localizados em áreas de entorno dos bens tombados; 1.264 bens materiais tombados; 590 bens imóveis ferroviários valorados; mais de 29 mil cidadãos diretamente atendidos pelo Iphan; 26.409 sítios arqueológicos cadastrados; 336 instituições de pesquisa e guarda; 11.926 mil projetos de pesquisa autorizados (Iphan, 2018a). 
O Iphan, desde a sua criação, conta com instrumentos administrativos e legais que definem e orientam atividades de tombamento, para tanto criou os instrumentos como os do Livros do Tombo, que é composto pelos: 
· Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: bens culturais que evidenciam os vestígios da ocupação e deslocamento humano nos tempos mais remotos, referências de determinados grupos sociais tanto em áreas naturais como jardins, cidades ou conjuntos arquitetônicos.
· Livro do Tombo Histórico: os bens de valor histórico tais como edificações, fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, imagens, mobiliário, quadros e xilogravuras, entre outras peças.
· Livro do Tombo das Belas Artes: bens culturais que possuem valor acadêmico, de caráter não utilitário, opostas às artes aplicadas e às artes decorativas.
· Livro do Tombo das Artes Aplicadas: bens culturais associados à função utilitária, como alguns setores da arquitetura, das artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário, tapeçarias entre outros.
Com as discussões realizadas a partir do final dos anos de 1980, em especial com a ampliação da noção e conceito de patrimônio histórico e cultural, outros instrumentos passaram a se fazer necessários. Segundo Alencar (2017, p. 7), a partir do decreto 3.551/2000, os bens culturais passaram a ser inscritos em um ou mais dos seguintes instrumentos: 
· Livro de Registro dos Saberes: para a inscrição de conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; 
· Livro de Registro das Celebrações: para rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social;
· Livro de Registro das Formas de Expressão: para as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas, produzidas 
por coletividades e que tenham transmissão geracional de seus saberes e práticas;
· Livro de Registro dos Lugares: destinado à inscrição de espaços representativos de identidades, como mercados, feiras, praças e santuários onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas. 
A sede do Iphan fica em Brasília. Conta com 27 superintendências e 28 escritórios técnicos no interior dos estados brasileiros. As superintendências estão vinculadas diretamente à Presidência do Iphan e são responsáveis por construir parcerias com as esferas de poder local, organismos e instituições da sociedade civil ou empresas. Os escritórios técnicos geralmente ficam localizados junto aos conjuntos urbanos tombados (cidades históricas) e foram criados para administrar diretamente o patrimônio tombado e/ou registrado nesses locais, já os Parques Históricos Nacionais são administrados pelas superintendências do Iphan em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Conheça as Superintendências do Iphan que funcionam em cada região brasileira, 
em especial a que está mais próxima de você e de sua cidade, acessando: https://bit.ly/33plkqZ.
DICAS
2.6 IBRAM 
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) foi criado no ano de 2009. Sucedeu ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) encontra-se vinculado ao Ministério da Cidadania. É responsável pelo Plano Nacional de Museus (PNM), almeja a melhoria nos índices de visitação e a contribuição/ arrecadação aos museus. O Ibram administra diretamente mais de 30 museus. Foi responsável por criar a Rede Nacional de Identificação de Museus (Museusbr), na qual já constam mais de 4000 museus brasileiros cadastrados.
Acesse o portal do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Disponível em: 
https://bit.ly/2DjcW1H.
DICAS
2.7 SECRETARIAS E CONSELHOS MUNICIPAIS
As secretarias são as designações dos departamentos, áreas ou pastas de um governo. As secretarias encontram-se atreladas ao poder executivo, seja municipal, estadual ou federal, geralmente os integrantes são indicados/nomeados pela chefia maior superior (prefeito, governador, presidente) e os demais integrantes são oriundos do quadro geral de funcionários públicos, aprovados por concurso público. As secretarias que se relacionam aos temas de patrimônio histórico e cultural e/ou educação patrimonial são normalmente as secretarias de Educação, Cultura, Turismo e Laser. 
Já os conselhos podem ser compostos de modo colegiado, a partir de integrantes oriundos de diferentes partes da sociedade, como de movimentos sociais, lideranças de bairros, representantes de instituições privadas, profissionais que atuam na área; podem ser organizados em diferentes escalas, pode tanto ser municipal como regional, estadual, nacional como mundial. 
Os conselhos são espaços que tendem a articular as diferentes áreas do governo com a sociedade civil, oportunizar a participação popular na gestão pública, no sentido de que os afetados e conhecedores da causa sejam ouvidos e as deliberações e execuções venham à contemplar o entendimento dos mesmos sobre quais políticas públicas devem ser criadas e implementadas no sentido de atender de forma mais efetiva os interesses da coletividade. 
A nível mundial pode-se mencionar o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel & Tourism Council — WTTC), à nível federal, pode-se mencionar o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC); em nível municipal, os conselhos que estão mais relacionados ao campo de patrimônio histórico e cultural podem ser os Conselho de Cultura, Conselho de Turismo, Conselho de Patrimônio Histórico, Conselho de Educação, Conselho de Política Urbana, entre outros. 
A Agenda 21 da Cultura (CGLU, 2004), prevê que os governos locais representam os agentes mundiais de primeira ordem, enquanto defensores e promotores do avanço dos direitos humanos e culturais. 
O desenvolvimento cultural apoia-se na multiplicidade dos agentes sociais, logo os governos devem atuar no sentido de apresentar transparência informativa e incluir a participação cidadã na concepção das políticas culturais, nos processos de tomada de decisões e na avaliação de programas e projetos (CGLU, 2004, p. 2).
2.8 OS DETENTORES 
Para Alencar (2017) pode ser compreendida como a denominação dada às pessoas que fazem parte das comunidades, dos grupos, de segmentos e coletividades que possuem relação direta com a dinâmica de produção, manutenção, reprodução e renovação de determinado bem cultural imaterial e/ou de seus bens culturais associados, para as quais a prática cultural constituí uma identidade e um valor referencial por ser expressão da história e da vida de uma comunidade ou grupo, de seu modode ver, viver, conviver e interpretar o mundo, ou seja, sua parte constituinte da memória e identidade. 
Podem ser considerados, também, como detentores dos saberes os integrantes de comunidades tradicionais, podem ser agricultores, pescadores, caboclos, quilombolas, ribeirinhos, pajés, seringueiros ou os fabricantes, produtores e manipuladores artesanais dos recursos da natureza e dos bens culturais. Os detentores, são os testemunhos, os principais porta-vozes dos bens culturais, portam conhecimentos e práticas cuja propriedade e especificidade são insubstituíveis, ainda são os principais responsáveis pela continuidade da prática e dos valores simbólicos a ela associados no presente e ao longo do tempo, em especial pelos processos de transmissão às futuras gerações.
3 PRINCIPAIS PROCESSOS
Caro acadêmico, apresenta-se a seguir as principais cartas, declarações, recomendações, compromissos e agendas que foram publicadas, que estão em vigor e devem ser respeitadas como diretrizes norteadoras às principais políticas, ações e procedimentos toda vez que são abordados bens e expressões de patrimônio histórico e cultural. Observe que são apresentadas desde as primeiras legislações, das mais antigas até as mais recentes. 
3.1 CARTAS, DECLARAÇÕES, RECOMENDAÇÕES, COMPROMISSOS E AGENDAS
As cartas, declarações, recomendações e agendas costumam ser emitidas/ assinadas por representantes de institutos, instituições, organizações, profissionais, especialistas e comunidade de cidadãos como resultado de estudos, dos trabalhos, plenárias e socializações realizadas ao longo de simpósios, congressos, encontros, jornadas. Comportam as principais concepções, a evolução dos conceitos, as diretrizes, as deliberações que foram firmadas e pactuadas e ações que serão assumidas pelos organismos, autoridades, profissionais e representações dos mais diferentes âmbitos e esferas que se fizeram presentes e assinaram os respectivos documentos. 
Os documentos podem ganhar teor, força e efeito semelhante às legislações governamentais. Se um dado país, um estado e/ou um município envia representante legal/institucional ao evento em que está sendo debatido o documento e, ao final, este representante adere e assina o mesmo, a partir da publicação oficial, o documento passa a vigorar como lei, bem como devem ser consideradas pelos profissionais e autoridades para fundamentar, justificar, avaliar e deliberar sobre situações e processos referentes ao tema em questão. 
Possuem periodicidade e costumam ser retificadas, atualizadas e ampliadas a cada nova edição. Geralmente levam a nomenclatura com o nome do documento, a cidade e o ano em que ocorreu a deliberação, e o conteúdo versa sobre algum aspecto específico de um determinado setor. Observe a relação que consta a seguir, constitui os principais documentos voltados às temáticas que envolvem o patrimônio histórico e cultural: 
· Cartas de Atenas, de 1931-1933. 
· Recomendação de Nova Delhi, de 1956.
· Recomendação de Paris, de1962.
· Carta de Veneza, de 1964.
· Recomendação de Paris, de 1964.
· Normas de Quito, de 1967.
· Recomendação de Paris, de 1968.
· Compromisso de Brasília, de 1970. 
· Compromisso de Salvador, de 1971. 
· Carta do Restauro, de 1972. 
· Declaração de Estocolmo, de 1972. 
· Recomendação de Paris, de 1972. 
· Resolução de São Domingos, de 1974. 
· Declaração / Manifesto de Amsterdã, de 1975. 
· Carta do Turismo Cultural, de 1976. 
· Recomendações de Nairóbi, de1976. 
· Carta de Machu Picchu, de 1977. 
· Carta de Florença, de 1981. 
· Declaração do México, de 1985. 
· Carta de Washington, de 1986. 
· Carta de Petrópolis, de 1987. 
· Carta de Washington, de1987. 
· Recomendação de Paris, de1989. 
· Carta do Rio, de 1992. 
· Recomendação Europa, de 1995. 
· Carta de Mar del Plata, de 1997. 
· Recomendação Paris, de 2003. 
· Carta de Brasília, de 2010 entre outras. 
Para ilustrar melhor o funcionamento destes documentos menciona-se o caso da Agenda 21 da Cultura, de 2004, que foi uma proposta das cidades de Porto Alegre e Barcelona durante a realização da I Reunião Pública Mundial da Cultura, em setembro de 2002. Em janeiro de 2003, no III Fórum das Autoridades Locais pela Inclusão Social, ocorrido durante o III Fórum Social Mundial, também em Porto Alegre, ocorreu em novo debate a proposta que em seguida foi aprovada por 150 prefeitos e cerca de mil representantes de cidades que se fizeram presentes no encontro. No ano de 2004, na cidade de Barcelona, no IV Fórum de Autoridades Locais de Porto Alegre/RS para a Inclusão Social, no marco do Fórum Universal das Culturas, os governos e representantes políticos das mais diversas cidades do mundo consideraram e aprovaram novamente a Agenda 21 da Cultura. 
A Agenda 21 da Cultura constitui um documento orientador das políticas públicas de cultura e como contribuição para o desenvolvimento cultural da humanidade, reconhecendo a importância dos direitos culturais e a necessidade da promoção da paz pelas lideranças políticas locais, que defende a diversidade cultural, a sustentabilidade e a democracia participativa.
A 
Agenda 21 da Cultura
 é um compromisso das cidades e dos governos locais 
para o desenvolvimento cultural. Leia na íntegra no endereço: https://bit.ly/3gtZfeI.
DICAS
3.2 AÇÕES DE SALVAGUARDO 
Ações de Salvaguardo são ações de diversas naturezas que podem ser de curto, médio e longo prazo, podem ser de identificação, documentação, investigação, preservação, proteção, promoção, valorização, transmissão (essencialmente por meio da educação formal e não formal) e a revitalização. As atividades de salvaguardo costumam se dar a partir do conhecimento que existe e que foi gerado por meio de atividades de registros e inventários dos bens, das expressões e referências culturais e neste processo é primordial a mobilização e a participação dos indivíduos, dos grupos comunidades que as detém. 
De maneira ampla, as atividades de salvaguardo almejam abordar os bens, as expressões e as referências de modo mais global, para que estas alcancem patamares de sustentabilidade tanto cultural como social, no sentido que a continuidade e a transmissão à geração de sucessores estejam asseguradas, para tanto são de salutar importância estruturas de gestão própria e compartilhada, coletivos deliberativos, diálogo e articulação entre sociedade, órgãos, institutos e instituições e Estado.
As medidas de salvaguardo podem fornecer maiores elementos ao alcance mais profundo da realidade na qual os bens, as expressões e as referências culturais se encontram, como por exemplo reconhecer eventuais problemas que são enfrentados pelas comunidades detentoras no que tange a continuidade da mesma, refletir e planejar estratégias sobre os meios possíveis de superação do problema, comprometer instituições públicas e órgãos oficiais à se comprometerem em contribuir e apoiar as ações que virão à ser empreendidas, o que por sua vez contribui tanto para a sua continuidade de modo sustentável quanto para a melhoria das condições sociais e materiais de transmissão e reprodução que possibilitam sua existência.
Alencar (2017) explica que a existência das legislações foi fundamental para que se avançasse nas noções de salvaguardo especialmente para bens de natureza imaterial. No ano 2000 foi publicado o Decreto 3.551, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro e foi criado o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências. No ano de 2003 ocorreu a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial da Unesco; que foi responsável por promulgar o Decreto 5.753, de 12 de abril de 2006. 
A partir destes documentos de vigência internacional, foi possível que o Iphan desenvolvesse seus próprios documentos. No ano de 2015, o Iphan publicou a portaria nº 299, que, de modo geral, normatiza e orienta as ações e atividades que podem ser desenvolvidas com o intuito de salvaguardar os bens culturais. O documento ressalta a importância do diálogo e trabalho conjunto entre detentores,

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