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AULA 06 - PRATICA SIMULADA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - GABARITO

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PRÁTICA SIMULADA PENAL 
PROF. WANDA MARIA LIMA 
 
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AULA 06 – MATERIAL DE APOIO 
 
MATERIAL DE APOIO - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
I – BREVES APONTAMENTOS 
Terminologia: 
1) verbo do recurso: interpor recurso em sentido estrito. 
2) recorrente: é quem está interpondo o recurso. 
3) recorrido: é a parte contrária. 
II – TEORIA 
1. Disciplina legal: o recurso em sentido estrito está regulado nos artigos 581 a 592 do CPP. 
2. Finalidade: pedir reexame ao Tribunal de decisão, com possibilidade de o juiz exercer juízo 
de retratação. 
3. Legitimidade ativa: (a) Ministério Público; (b) Assistente de acusação: só pode interpor 
recurso em sentido estrito nas hipóteses de extinção da punibilidade ou impronúncia, nos 
termos do art. 584, § 1o, do CPP; (c) Defensor, (d) Réu e curador: podem recorrer por termo 
nos autos; divergência entre réu e defensor – prevalece a vontade: i) do defensor, pois tem 
capacidade técnica; ii) de quem deseja apelar, em nome da ampla defesa; iii) da Súmula no 
705 do STF. 
4. Prazo 
4.1 Interposição: 5 dias, salvo no art. 581, XVI, CPP, que são 20 dias. 
4.2 Assistente: o prazo é de 15 dias após MP (arts. 584, § 1o c/c 598, parágrafo único). 
4.3 Razões: 2 dias. 
4.4 Contrarrazões: 2 dias. 
4.5 Juízo de retratação: 2 dias. 
4.6 Defensor Público: o prazo será em dobro, nos termos do art. 5o, § 5o, da Lei 1.060/50. 
5. Julgamento: interposição perante o juiz de primeiro grau e julgamento no tribunal 
competente (salvo na hipótese do art. 581, inciso XIV, em que o julgamento será para o 
Presidente do Tribunal). 
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6. Características: (a) não há deserção; (b) pode subir nos próprios autos ou, em traslado, 
conforme os arts. 583, 587, § único, 589 e 590 do CPP. 
7. Processamento 
a) apresentação da petição ao juiz a quo; 
b) intimação do recorrente para oferecer razões no prazo de 2 dias; 
c) intimação do recorrido para oferecer contrarrazões no prazo de 2 dias; 
d) juízo de retratação do juiz a quo: (i) se houver retratação: a parte contrária poderá́ recorrer 
por simples petição; (ii) se não houver retratação: o recurso sobe para o Tribunal; 
e) no tribunal abre vista ao procurador-geral, que em 5 dias para o parecer; 
f) relator pede dia para o julgamento; 
g) anúncio do julgamento pelo presidente; 
h) pregão das partes; 
i) exposição do relatório pelo relator; 
j) sustentação oral por dez minutos; 
l) julgamento por maioria dos votos, com publicação do acórdão. 
 
8. Cabimento 
8.1 Não recebimento da denúncia ou queixa: (a) abrange aditamento da denúncia ou queixa; 
(b) contra o recebimento cabe habeas corpus; (c) no procedimento dos Juizados Especiais 
Criminais, caberá apelação da decisão de rejeição da denúncia ou queixa (art. 82, Lei 
9.099/95). 
8.2 Decisão de incompetência do juízo: quando o juiz reconhece de ofício a incompetência do 
juízo. 
8.3 Decisão de procedência da exceção, salvo suspeição: abrange as exceções de 
litispendência, coisa julgada, incompetência do juízo e ilegitimidade das partes. 
8.4 Decisão de pronúncia do réu: quando comprovada a materialidade e indícios suficientes 
de autoria; é uma das decisões dadas no final da primeira fase do júri, conhecidas como 
sumário de culpa. 
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8.5 Decisão que concede, nega, arbitra, cassa ou julga inidônea a fiança. 
8.6 Decisão que indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogar prisão preventiva. 
8.7 Decisão de concessão de liberdade provisória. 
8.8 Decisão de relaxamento de prisão em flagrante. 
8.9 REVOGADO. 
8.10 decisão de quebra ou perda de fiança. 
8.11 Decisão de extinção da punibilidade. 
8.12 Decisão de indeferimento do pedido de reconhecimento de extinção da punibilidade. 
8.13 Decisão de concessão ou denegação do habeas corpus. 
8.14 Decisão de concessão, denegação ou revogação da suspensão condicional da pena. 
8.15 Decisão anulatória da instrução criminal. 
8.16 Decisão de inclusão ou exclusão do jurado da lista geral. 
8.17 Decisão denegatória ou que julgar deserta a apelação. 
8.18. Decisão de suspensão do processo, por questão prejudicial. 
8.19 Decisão de incidente de falsidade. 
8.20 Decisão que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, 
previsto no art. 28-A. 
9. Não-cabimento do recurso em sentido estrito: alguns incisos do art. 581 foram revogados 
pela Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84): (a) decisão de concessão, denegação ou 
revogação de livramento condicional; (b) decisão de decretação de medida de segurança, 
depois de transitar em julgado; (c) decisão que impuser medida de segurança por transgressão 
de outra; (d) decisão que mantiver ou substituir medida de segurança, nos casos do art. 774; 
(e) decisão de revogação da medida de segurança; (f) decisão que deixar de revogar a medida 
de segurança nos casos em que a lei admita a revogação; (g) decisão que converter a multa 
em detenção ou prisão simples; (h) decisão sobre unificação de penas. 
10. Efeitos 
10.1 Devolutivo: devolve a matéria já decidida para reexame pelo Tribunal. 
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10.2 Suspensivo: (a) decisão de perda da fiança; (b) decisão de quebra da fiança (suspende 
apenas o efeito da perda da metade do seu valor); (c) decisão denegatória que julgar deserta 
a apelação; (d) decisão de pronúncia (suspende o julgamento). 
10.3 Regressivo: juízo de retratação. 
11. Forma 
11.1 Interposição: petição ou termo nos autos. 
11.2 Processamento: pode ser processado nos próprios autos ou por instrumento. 
12. Observações: 
a) O Ministério Público não pode desistir do recurso, pois vigora a regra da indisponibilidade, 
prevista no artigo 576 do CPP; já a defesa pode desistir, acarretando extinção anormal do 
recurso. 
b) Se não for apresentada: 
- razões ou contra-razões de defesa: nomear ou substituir ou constituir defensor; 
- razões de acusação: implica desistência tácita, o que viola o artigo 576 do CPP; 
- contra-razões de acusação: juiz dá vista dos autos ao substituto legal e manda ofício ao 
procurador-geral. 
III - CASO CONCRETO PARA ELABORAÇÃO DE PEÇA: 
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante 
preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa 
decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para 
realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora 
do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta 
velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro 
que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão 
dos ferimentos sofridos pela colisão. 
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público 
decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso 
simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). 
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que 
poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não 
atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e 
todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução 
probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar 
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Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida 
decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). 
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o 
recurso cabível e date-o com o último dia do prazo para a interposição.EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA CRIMINAL 
(TRIBUNAL DO JÚRI) 
Proc. no _________ (Controle no ______) 
FULANO, já qualificada nos autos, através de seu procurador, que esta subscreve, vem, com 
o devido respeito, perante V. Exa., nos termos do art. 581, inc..., do Código de Processo Penal, 
inconformado com a r. sentença que...................... de fls., interpor o presente 
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apresentando, desde logo, as razões. 
Assim, recebido o recurso, aguarda a recorrente a reconsideração da r. decisão guerreada. 
Não havendo retratação, requer-se seu regular processamento com a remessa dos autos à 
Instância Superior para o devido reexame, tudo nos termos do art. 589 do Código de Processo 
Penal. 
Termos em que 
Pede deferimento. 
Local, __ de __________ de ___. Advogado 
 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Proc. no (____________ ) 
Recorrente: Jeruza. 
Recorrido: Ministério Público 
 
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MM. Juiz 
Egrégia Procuradoria 
Egrégio Tribunal 
 
I – DOS FATOS: 
 
II – DO DIREITO: 
 
Todavia, não agiu com o costumeiro acerto o D. Magistrado. 
a) Preliminarmente: 
b) Mérito: 
 
III – DO PEDIDO: 
Diante do exposto, requer a ......, como medida de inteira JUSTIÇA. 
 
Termos em que, 
pede deferimento 
Local, ___ de __________ de ____. (data no último dia do prazo) 
 
 
Qual a peça? 
 
Cliente 
 
 
JERUSA 
 
Crime/Pena 
 
 
(Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP) Pena: Reclusão de 6 a 
20 anos. 
 
Ação Penal 
 
Ação penal pública incondicionada. 
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Rito 
 
Rito do júri 
Suspensão 
condicional do 
processo (art. 
89 da Lei 
9099/95) 
 
 
Não cabe 
Momento 
processual 
 
 
Após a decisão de pronúncia. 
 
 
 
 Estruturando a peça:
 
 
Peça 
 
 
Recurso em sentido estrito - art. 581, IV, CPP. 
 
Competência 
 
 
A interposição ao Juiz da Vara Criminal do Tribunal do Júri. 
As razões do recurso deverão ser endereçadas ao Tribunal de Justiça. 
 
Deverá, o examinando, na própria petição de interposição, formular 
pedido de retratação (ou requerer o efeito regressivo/iterativo), com 
fundamento no Art. 589, do CPP. 
 
 
 
Teses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No mérito, devemos alegar que Jerusa não agiu com dolo e sim com 
culpa. Isso porque o dolo eventual exige, além da previsão do resultado, 
que o agente assuma o risco pela ocorrência do mesmo, nos termos do 
Art. 18, I (parte final) do CP, que adotou, em relação ao dolo eventual, a 
teoria do consentimento. 
 
Nesse sentido, a conduta de Jerusa amolda-se àquela descrita no Art. 
302 do CTB, razão pela qual ela deve responder pela prática, apenas, de 
homicídio culposo na direção de veículo automotor. Em consequência, 
não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é 
competente para apreciar a questão, razão pela qual deve ocorrer a 
desclassificação, nos termos do Art. 419, do CPP. 
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Pedidos e 
requerimentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao final, o examinando deverá elaborar pedido de desclassificação do 
delito de homicídio simples doloso, para o delito de homicídio culposo 
na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB). 
 
 
 
 
Data da peça 
 
 
 
 
 
 
Levando em conta o comando da questão, que determina datar as peças 
com o último dia do prazo cabível para a interposição, ambas as 
petições (interposição e razões do recurso) deverão ser datadas do dia 
09/08/2013.

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