Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MORFOFISIOLOGIA DOS SISTEMAS ORGÂNICOS Apostila 4 – Vias Aéreas Superiores Enf. Msc. Filipe Gabriel Reis Monteiro Enfermeiro (UNIGRANRIO) Mestre e Doutorando em Biologia Humana Experimental (UERJ) filipe.monteiro@unigranrio.edu.br INTRODUÇÃO O sistema respiratório é assim denominado porque sua principal função é a respiração (processo de troca gasosa); apesar disso, as estruturas que o compõe este sistema são muito mais versáteis do que parecem. Também são funções do sistema respiratório participar: Equilíbrio térmico Manutenção do pH plasmático Defesa contra agentes agressores Fonação Metabolismo de vasoativos Perda de H2OVentilação Eliminação de Ácido Carbônico Endotélio Vascular + Enzimas ATENÇÃO! Respiração interna: Também chamada de respiração celular. Se refere ao uso de oxigênio no interior das mitocôndrias para gerar ATP por fosforilação oxidativa e a eliminação de dióxido de carbono pelo metabolismo celular. Respiração externa: Se refere a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre atmosfera e os tecidos do corpo através do processo de difusão, o que envolve os sistemas respiratório e circulatório. Ventilação Pulmonar: Se refere ao fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Respiração e Ventilação são processos distintos Uma vez que respiração é um fenômeno muito mais fisiológico do que anatômico alguns revisionistas acreditam que o sistema respiratório anatomicamente deveria receber o nome de sistema ventilatório REVISÃO DO TERMO DIVISÃO ANATÔMICA, HISTOLÓGICA E FUNCIONAL C o n d u to ra R e sp ir at ó ri a Vias Aéreas Inferiores DIVISÃO ANATÔMICA Vias Aéreas Superiores Nariz Cavidade Nasal Faringe Laringe Bronquíolos Respiratório Ductos Alveolares Sacos Alveolares Alvéolos Traquéia Brônquios Bronquíolos Bronquíolos Terminais Pulmões D IV IS Ã O F U N C IO N A L (e m Z o n as ) C o n d u çã o d o a r Epitélio Pseudoestratificado Colunar Epitélio Simples Pavimentoso EPITÉLIO PREVALENTE Zona responsável pela respiração externa – troca gasosa entre zona respiratória e sangue. Zona responsável pela ventilação - condução do ar inspirado e expirado ao longo das vias aéreas superiores e inferiores. possuem cílios moveis que permitem o deslocamento de muco e partículas. produzem gotículas de muco rico em glicoproteínas. Apresentam microvilos que aumentam a superfície de contato e receptores sensitivos em sua base. responsáveis pela renovação do epitélio respiratório. ! EPITÉLIO CARACTERÍSTICO DA ZONA CONDUTORA A maior parte da zona condutora é revestida por um epitélio pseudoestratificado com células colunares ciliadas e caliciformes que recebe o nome de epitélio respiratório. Atenção: Apesar de sua denominação, este epitélio não participa de trocas gasosas. CÉLULAS MAIS COMUNS NO EPITÉLIO RESPIRATÓRIO: .Cc .Cm .Cb Nos tabagistas ocorre aumento no número das células caliciformes e redução da quantidade de células ciliadas. O aumento da produção de muco nos fumantes facilita a retenção mais eficiente de poluentes; porém, a redução das células ciliadas devido ao excesso de CO2 produzido pelos cigarros resulta na diminuição do movimento da camada de muco, o que frequentemente leva à obstrução parcial dos ramos mais finos da porção condutora do sistema respiratório. TABAGISMO Células ciliadas (Cc) Células caliciformes (Cm) Células em escova Células basais (Cb) Em locais da zona condutora que sofrem estresse mecânico o epitélio respiratório é substituído por epitélio estratificado pavimentoso. PREGAS VOCAIS EPIGLOTE LINGUAL ZONA DE CONDUÇÃO SOBRE ESTRESSE“ANALYSIS PARALYSIS” EEPEEP Atenção: fumantes crônicos, ao qual já tiveram modificação epitelial na tentativa de impedir a agressão do CO2, podem apresentar uma nova modificação chamada de metaplasia do epitélio respiratório; neste caso o epitélio cúbico é substituído por um epitélio estratificado pavimentoso (epitélio escamoso). EE P = E p it é lio e st ra ti fi ca d o p av im en to so (e p it él io e sc am o so ). A maior parte da zona respiratória é revestida por um alternância de epitélio simples cúbico e simples pavimentoso repouso sobre uma camada muscular bem desenvolvida. Atenção: A zona respiratória vai apresentar células que melhoram a difusão de gases, e produzem uma substância tensoativa que mantém a integridade dos alvéolos. EPITÉLIO CARACTERÍSTICO DA ZONA RESPIRATÓRIA FENÔMENO DE CONDICIONAMENTO DO AR DESACELERAÇÃO As vias aéreas superiores e os brônquios desempenham importante papel no condicionamento do ar inspirado; desacelerando-o, aquecendo-o, umidificando-o e filtrando-o. Processo de perda de velocidade por parte do ar. Esse processo irá acontecer que o ar inspirado seja obrigado a mudar de direção ou se dividir ao longo das vias aéreas. AQUECIMENTO E UMIDIFICAÇÃO O contato prolongado com a mucosa respiratória fará com que o ar troque temperatura e umidade se aproximando do que é ideal para o organismo; isso impede por exemplo que os alvéolos sofram lesão pelo frio. FILTRAÇÃO É um fato que o ar que inspiramos está contaminado por partículas de tamanhos e toxicidade variadas, por isso as vias aéreas apresentam um intenso mecanismo de defesa para a captação e expulsão destes agentes. EVENTOS QUE LEVAM AO CONDICIONAMENTO DO AR Importante: O ar que entra pela mucosa até uma temperatura de ± 37°C, de modo que a temperatura central do corpo não mude. O nariz e a cavidade nasal exemplificam os eventos que irão ocorrer ao longo das vias aéreas quando se fala de condicionamento do ar. AQUECIMENTO, UMIDIFICAÇÃO E FILTRAÇÃO DO AR CIRCULAÇÃO DO AR PELAS CONCHAS NASAIS DESACELERAÇÃO DO AR PELO NARIZ EXTERNO CARACTERÍSTIAS MORFOLÓGICAS (NARIZ) Raiz Dorso Ápice .Asa Septo ANATOMIA SUPERFICIAL REVESTIMENTO MUSCULAR OSSOS E CARTILAGENS A pele espessa do nariz contém muitas glândulas sebáceas As vibrissas (pelos no vestíbulo nasal) geralmente se encontram úmidos; essa característica ajuda na filtração do ar, uma vez que as partículas de poeira ficam fixadas neste local. Lesões e alterações na cor da pele do nariz possuem importância clínica, e podem indicar: hanseníase, lesões tumorais fixação prolongada de sondas e cateteres. INTEGRIDADE DO NARIZ PALPAÇÃO DO NARIZ Hipersensibilidade na ponta do nariz ou nas asas nasais são sugestivos de inflamação nos seios paranasais. Tec. Conjuntivo Denso e Adiposo Parede Óssea: Ossos Nasais, Maxilares e Frontal CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO NARIZ Músculos M. nasal, M. levantador da asa do nariz e do lábio superior e M. prócero Parede Cartilaginosa: Cartilagem Hialina: Cartilagem do septo Cartilagem Elástica: Cartilagem alar maior e cartilagem alar menor A parte interna do nariz, chamada de cavidade nasal, se abre anteriormente nos vestíbulos nasais direito e esquerdo, separados pelo septo nasal; e termina posteriormente no coano, uma região que receberá a convergência do ar, ao qual liga a cavidade nasal à faringe. ABERTURAS DA CAVIDADE CARACTERÍSTICAS MORFOLÍGICAS (CAVIDADE NASAL) CARACTERÍSTICAS MORFOLÍGICAS (SEPTO NASAL) CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA CAVIDADE NASAL Túnica Mucosa Área olfatória e área respiratória Parede Óssea Ossos etmóide, esfenóide, vômer, maxilares, palatinos, nasais, conchas nasais e lacrimais Parede Cartilaginosa Cartilagem Hialina Cartilagem do Septo Parede Óssea Lâmina perpendicular do osso etmóide e vômer FIGURA 1 FIGURA 2 1. 2. * Atenção! A túnica mucosa está firmemente unida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens que sustentam o nariz. A túnica mucosa respiratória é contínua com o revestimento de todas as câmaras com as quais as cavidades nasais se comunicam. São elas: Nasofaringe Seios paranasais Mucosa ocular PalatoTuba auditiva Essa íntima comunicação permite a disseminação de afecções. Cavidade nasal DIVISÃO FUNCIONAL DA TÚNICA MUCOSA NASAL 1/3 Superior 2/3 Inferior CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA CAVIDADENASAL Área Olfatória Corresponde ao 1/3 superior da cavidade nasal. É o órgão periférico do olfato, sensível aos odorantes. Apresentará o bulbo olfatório e seus nervos. Área Respiratória Corresponde aos 2/3 inferiores da cavidade nasal. Auxilia no condicionamento do ar. Não é sensível à odores. Principais Tipos Celulares da Mucosa Olfatória: Principais Tipos Celulares da Mucosa Respiratória: Células em escova Células de sustentação Células basais Neurônios Olfatórios Sensitivos Células em escova Células caliciformes Células basais Células ciliadas Glândulas olfatórias NOS = Neurônios Sensoriais Olfatórios OBP = Proteína de Ligação a Odorante A herpes simples é um vírus responsável por diversas afecções em seres humanos. Talvez a mais curiosa delas surge quando o microorganismo se aloja nos NOS’s, e de tempos em tempos subitamente desperta causando odores fantasmas através da estimulação destes gânglios. É comum a queixa de odores onipresentes adocicados “como vinho” ou até mesmo de odores nauseantes como o de “papelão molhado”. Esses sintomas desaparecem conforme o tempo, acredita-se que uma das razões para o seu desaparecimento está na sobrevida desses NSO’s. HERPES SIMPLES X NOS’S ! OSSO ETMÓIDE E INERVAÇÃO NASAL“ANALYSIS PARALYSIS” O osso etmóide, formador de parte do teto da cavidade nasal, apresenta uma região cribiforme por onde nós vemos a passagem de filamentos olfatório, esses filamentos estabelecerão contato com os neurônios olfatório. A cavidade nasal e o septo nasal recebem ramos do nervo maxilar surgido do nervo trigêmeo. Lesões etmoidais podem levar a perda do sentido do olfato condição denominada anosmia. Fraturas em osso etmóide, além de terem grande probabilidade de lesionar o bulbo olfatório, podem lacerar parte da meninge e levar ao extravasamento de líquido encéfalo raquidiano pelo vestíbulo nasal. Esse achado, apesar de extremamente importante, muitas das vezes é subestimado e confundido com coriza de resfriado. Fantosmia é o termo técnico para se referir a alucinações olfatórias. FANTOSMIA “ANALYSIS PARALYSIS” Os ductos das glândulas olfatórias levam a secreção para a superfície epitelial, criando uma corrente líquida contínua que limpa os cílios das células olfatórias, facilitando o acesso de novas substâncias odoríferas. Os cílios das NSOs possuem receptores de odorantes em sua superfície apical. Um NOS é um neurônio bipolar, possuidor de duas partes: um dendrito apical em forma de botão e um axônio basal formado por feixes que passam pela placa cribiforme do osso etmoide. Os NOS se originam do bulbo olfatório; sua sobrevida média é de 30 a 60 dias. São auxiliados pela glândula olfatória de Bowman ao qual secretam OBP. VASCULARIZAÇÃO DA CAVIDADE NASAL“ANALYSIS PARALYSIS” ARTÉRIAS DA CAVIDADE NASAL E SEPTO, E SUAS ORIGENS CARÓTIDA INTERNA CARÓTIDA EXTERNA ARTÉRIA OFTÁLMICA ARTÉRIA ETMOIDAL POSTERIOR ARTÉRIA ETMOIDAL ANTERIOR ARTÉRIA MAXILAR ARTÉRIA ESFENOPALATINA ARTÉRIA FACIAL ARTÉRIA PALATINA MAIOR RAMO SEPTAL DA ARTÉRIA LABIAL SUPERIOR As artérias citadas aqui formam uma intensa anastomose na parte anterior do septo nasal, essa área hipervascularizada ganha o nome de área de Kiesselbach. Habitualmente, devido a sua intensa vascularização, a área de Kiesselbach é o local de origem das crises de epistaxes. Dependendo da regularidade pode ser preciso fazer a ligadura de artérias como a esfenopalatina ou etmoidais. ! DRENAGEM VENOSA DA CAVIDADE NASAL“ANALYSIS PARALYSIS” DRENAGEM VENOSA DA CAVIDADE NASAL E SEPTO VEIA FACIAL PLEXO PTERIGÓIDEO SEIO CAVERNOSO DRENAGEM MAJORITARIAMENTE ANTEROSUPERIOR DRENAGEM MAJORITARIAMENTE POSTERIOR DRENAGEM MAJORITARIAMENTE ANTEROINFERIORMENTE Alguns plexos venosos da cavidade nasal são drenados pelo seio cavernoso na cavidade craniana, essa intima conexão torna cirurgias nasais e epistaxes mais perigosas do que parecem ser. !TRÍGONO PERIGOSO DA FACE Se estendendo da raiz do nariz até o lábio superior, o trígono perigoso da face é uma região que irá apresentar veias que possuem uma estreita comunicação com a drenagem encefálica. Coagulos nessa região podem levar a obstrução da drenagem encefálica levando ao aumento da pressão intracraniana e a morte. CONCHAS NASAIS“ANALYSIS PARALYSIS” FLUXO DE AR INTEGRAL LESÃO EPITELIAL INFLAMAÇÃO FLUXO DE AR REDUZIDO REGENEÇÃO DO EPITÉLIO INFLAMAÇÃO AUMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO FLUXO DE AR REDUZIDO REGENEÇÃO DO EPITÉLIO INFLAMAÇÃO AUMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO O fluxo de ar constante leva a lesão da mucosa nasal que resulta em turgidez da região devido ao aumento da chegada de sangue no local. Essa turgidez é responsável pela diminuição de fluxo de ar na região o que faz com que a cavidade lesionada tenha tempo para se regenerar. Enquanto uma cavidade está turgida o maior fluxo de ar é captado pela narina pérvia, ao qual vai se lesionando aos poucos. O resultado é que constantemente essas cavidades trocam seu tipo de exposição (alto fluxo ou baixo fluxo) ao ar inspirado. O fluxo de ar que entra em cada uma das narinas é diferente em diferentes partes do dia, isso porque a mucosa das conchas nasais, presente nessas cavidades, estão constantemente sendo lesionadas pelo ar. ! Seio Esfenoidal Células Etmoidais Seios Frontais A pneumatização dos seios maxilar e frontal vai ocorrer com o crescimento do crânio. Antes do nascimento, apenas as células etmoidais já se apresentam pneumatizadas. Seios Maxilares SEIOS PARANASAIS: SEIOS PARANASAIS Os seios paranasais são cavidades preenchidas com ar, para redução de peso do crânio, que se comunicam com as cavidades nasais. São revestidos por epitélio respiratório. Alguns ossos do viscerocrânio são pneumáticos, isto é, apresentam cavidades preenchidas com ar, o que reduz seu peso. Essas cavidades são chamadas seios paranasais. Elas possuem vias de comunicação com a cavidade nasal e, da mesma maneira, são revestidas do epitélio respiratório. OSSOS PNEUMÁTICOS PNEUMATIZAÇÃO DOS SEIOS MAXILAR E FRONTAL SEIOS PARANASAIS Seio Esfenoidal Suas secreções fluem para o meato nasal superior Células Etmoidais Suas secreções fluem para o meato nasal superior e médio Seios Frontais Suas secreções fluem para o meato nasal médio Seios Maxilares Suas secreções fluem para o meato nasal médio e inferior FLUXO NORMAL DAS SECREÇÕES O batimento ciliar direciona o fluxo do fluido sobre os cílios para fora dos seios paranasais em direção a cavidade nasal e futuramente em direção a faringe. * * RINITE, SINUSITE E EXAME FÍSICO As doenças inflamatórias, conhecidas como resfriados, são, entre as desordens que acometem o nariz, as mais prevalentes. A rinite, mais conhecida como “resfriado comum”, é a inflamação da mucosa nasal, na maior parte das vezes é causada por vírus. Os agentes mais comuns são os adenovírus, os ecovírus e os rinovírus. Eles provocam descarga catarral e os 4 sinais típicos da inflamação por toda mucosa nasal. Se tratada, a rinite dura pouco menos de 1 semana. RINITE A rinossinusite, ou sinusite, é a inflamação primária ou secundária dos seios paranasais. O edema da mucosa nasal causada pela rinite, por muitas vezes, pode causar a obstrução completa do óstio de comunicação com os seios paranasais. Essa condição leva ao aprisionamento de microorganismos que causarão a inflamação e infecção deste ambiente; por isso, apesar de muito se ouvir o nome “sinusite”, diversos patologistas acreditam que o termo “rinossinusite” é mais preciso para descrever a doença. RINOSSINUSITE Caso o paciente venha a se queixar de hipersensibilidade durante a palpação dos seios paranasais, e esse sinal estiver acompanhado de febre e secreção nasal, o profissional pode empregar a técnica de transiluminação para verificar se eles estão cheios de secreções. PALPAÇÃO Para realizar o exame de transiluminação dos seios paranasais, o paciente deverá estar em um ambiente escuro. O profissional deve utilizar uma lanterna e projetá-la em superfíciesespecíficas observando se surgirá um círculo de luz na superfície oposta. TRANSILUMINAÇÃO “ANALYSIS PARALYSIS” COMPLICAÇÕES DA RINOSSINUSITE A inflamação dos seios paranasais em crianças vai acontecer predominantemente nas células etmoidais com perigo de infiltração nas órbitas podendo levar à cegueira. PERFURAÇÃO DAS ÓRBITAS EM CRIANÇAS hiperemia e edema periorbital. Infiltração de muco nas órbitas com deslocamento do globo ocular ! ! Devido a aproximação do seio frontal com o cérebro, também pode haver disseminação da infecção para os espaços intracranianos. Abscesso peridural COMPLICAÇÕES ENCEFÁLICAS Meningite bacteriana O empiema em seio frontal pode invadir a dura-máter causando meningite bacteriana. O abscesso peridural pode ser causado pela rinossinusite não tratada e também pode levar a meningite bacteriana. A invasão de conteúdo contaminada no seio sagital pode levar a trombose venosa sinusal. Quadro extremamente debilitante. MORFO DAILY “O SHOW DE HOJE VAI PEGAR FOGO!” NEW YORK ♦ 28 DE DEZEMBRO 1870 Declarou Philip Carlyle, sócio de P.T. Barnum, na manhã do incidente. Se foi uma premonição ou apenas uma figura de linguagem nunca saberemos. Testemunhas do incidente disseram que o teatro, onde acontecia o maior show da terra ,foi incendiado por um grupo de militantes políticos que são contra a decisão de Barnum de contratar cada vez mais imigrantes para seu show. Philip Carlyle se encontra internado após entrar no teatro em chamas para salvar sua noiva. Os médicos afirmam ter havido intoxicação por fumaça e não dão certeza da melhora do rapaz. “A CULPA FORA TODA MINHA! FAREI DE TUDO PARA QUE CARLYLE SE RECUPERE E O SHOW TAMBÉM” Declarou P.T. Barnum, que voltou de uma turnê pelos Estados Unidos com a cantora Lírica Jenny Lind após saber do ocorrido. “A SITUAÇÃO DE CARLYLE É DELICADA” Afirma um dos médicos que cuidam do seu caso. Além da afirmação que inicia a reportagem, quais outras o médico faria? Risque as menos prováveis e deixe as corretas: “A exposição prolongada a fumaça por Carlyle pode ter causado adaptações histológicas ao epitélio respiratório.” “A intoxicação por fumaça é um problema ventilatório.” “Philip Carlyle tem risco de pneumonia associado a broncoaspiração.’ “O constante fenômeno de tosse em Carlyle é causado pelo contato do muco com a carina.” “FAREMOS DE TUDO PARA QUE CARLYLE SE RECUPERE, AFINAL O SHOW NÃO PODE PARAR!” pg.1 FARINGE A faringe liga a cavidade nasal e oral a laringe. É uma estrutura compartilhada entre o sistema respiratório e o sistema digestório ao qual é segmentada em 3 regiões. 1. Nasofaringe (Parte Nasal) 2. Orofaringe (Parte Oral) 3. Laringofaringe (Parte Laringea) 3 REGIÕES DA FARINGECARACTERÍSTICAS DA FARINGE Tubo de passagem comum entre ar e alimento Funciona como câmara para ressonância dos sons produzidos durante a fala Aloja as tonsilas 1, 2 (tecido linfóide) PAREDE MUSCULAR DA FARINGE Os músculos da faringe estão organizados em dois grupos, com base na orientação das fibras musculares, sendo eles: os músculos constritores (orientação circular) e longitudinais (orientação transversal). Constritor Superior Constritor Médio Constritor Inferior Músculos Constritores da Faringe Estilofaríngeo Salpingofaríngeo Palatofaríngeo Músculos Levantadores da Faringe A FARINGE É COMUM? Diferente dos humanos adultos, outros mamíferos não apresentam um tubo de comunicação entre sistemas digestório e respiratório. Nesses outros animais, podemos ver que a epiglote e a úvula estão muito próximas, impedindo por exemplo fenômenos como o engasgamento com alimentos. “ANALYSIS PARALYSIS” Em humanos adultos a parte inferior da faringe é formada por dois tubos parcialmente separados: um anterior para passagem de ar (laringe), e um posterior para passagem de alimento (entrada do esôfago). Diferente dos seres humanos, ar e alimento tomam caminhos diferentes já na garganta, o que impede por exemplo que alimentos por muitas vezes fiquem preso em um ambiente compartilhado pelos sistemas respiratório e digestória. Note que a epiglote e a úvula palatina estão muito próximas nesses animais. FARINGE DE OUTROS MAMÍFEROS LARINGE ESÔFAGO ANTERIOR POSTERIOR OROFARINGE NASOFARINGE Essa organização facilita a distribuição de conteúdo respiratório e digestório. “ANALYSIS PARALYSIS” Recém nascidos apresentam uma organização muito similar aos outros mamíferos não humanos, com a epiglote e úvula muito próximas. Isso diminui quase que totalmente a probabilidade de crianças engasgarem durante a amamentação. A laringe do humano vai descendo acompanhando o crescimento do pescoço e coluna cervical. FARINGE EM RECÉM NASCIDO A descida da língua obriga a epiglote a deitar sobre a entrada da laringe durante a deglutição. Note que cada mamada é seguida de uma parada para ventilação, isso porque durante a deglutição o recém nascido experimenta um período de apneia que é sustentado o máximo possível. Enquanto houver alimento entrando a laringe é obrigatoriamente fechada para não haver aspiração de conteúdo. Esse sistema é muito útil para preservar a saúde da criança. Neste período de vida é praticamente impossível haver sufocamento por conteúdo vindo da cavidade oral. ! LARINGE A laringe une as vias aéreas superiores às vias aéreas inferiores e disponibiliza uma região para fixação e movimentação das pregas vocais auxiliando na mecânica da fala e proteção do sistema respiratório. É formada por cartilagens irregulares (9 no total – sendo 3 ímpares [tireóidea, cricóidea e epiglótica] e 3 pares [aritenóidea, corniculada e cuneiforme]) unidas por tecido conjuntivo fibroelástico. As cartilagens mantém a laringe aberta, garantindo a passagem livre do ar. FUNÇÕES DA LARINGE Esfincteriana: protege a via respiratória inferior principalmente no momento da deglutição. Regulação do ar: além de ter seu papel bem estabelecido na condução do ar, também regula o fluxo inspiratório e expiratório. Fonatória: produção de som glótico pela vibração das pregas vocais, seguida pela ressonância e articulação deste som. DIVISÃO CLÍNICA Espaço Supraglótico Espaço Transglótico Espaço Subglótico Atenção: A proeminência laríngea em homens é mais acentuada devido ao ângulo de envergadura das lâminas direita e esquerda (cerca de 120°). Nas mulheres o ângulo é cerca de 90°. Proeminência laríngea vista sobre a superfície do pescoço. “ANALYSIS PARALYSIS” CARTILAGEM TIREÓIDE E EXAME FÍSICO O termo “tireoide” faz referência aos escudos de guerreiros medievais. Cartilagem tireóidea e Glândula tireoide ganham esse nome por serem estruturas formadas por duas lâminas que se ligam anteriormente mas não se fecham posteriormente como um escudo. A cartilagem tireóidea é a maior das cartilagens da laringe. Ela interagem superiormente com o osso hioide e inferiormente com a cartilagem cricóidea. Cart. Tireóidea A lâminas laterais, que formam essa cartilagem, se unem anteriormente formando uma projeção que pode ser vista na superfície do pescoço e palpada ao exame físico. Essa projeção é denominada proeminência laríngea. “ANALYSIS PARALYSIS” A membrana tireo-hióidea é um ligamento resistente, fibroelástico, que liga a cartilagem tireóidea ao osso hióide. A membrana tireo-hiódea se espessa nas laterais e medialmente formando os ligamentos laterais1 e o ligamento tireohióideo mediano2. Uma abertura na parte lateral da membrana tireo-hióidea de cada lado serve de passagem para artérias laríngeas superiores, nervos e vasos linfáticos laríngeos superiores. 1 2 O ligamento cricotraqueal se estende da borda inferior da cartilagem cricóidea à borda superior adjacente da primeira cartilagem traqueal. Os tubérculos da cartilagem são utilizados para fixação dos músculos extrínsecos da laringe. CARTILAGEM TIREÓIDE ! O ligamento cricotireóideo mediano, que liga as cartilagens tireóidea e cricóidea, será importante na abertura de via aérea alternativa em situações pré hospitalares. “ANALYSISPARALYSIS” CARTILAGEM CRICÓIDEA E CLÍNICA Localizada inferiormente a cartilagem tireóidea; a cartilagem cricóidea é a única cartilagem hialina das vias aéreas que possui um anel completo, ou seja, se fecha tanto anteriormente como posteriormente. A cartilagem cricóidea se liga superiormente a cartilagem tireóidea, e inferiormente a primeira cartilagem traqueal. Cart. Tireóidea Uma característica interessante desta cartilagem é o fato de seu corpo anterior ter uma altura menor que seu corpo posterior, o que se assemelha muito com um anel com pedra. ! A cricotireoidostomia também pode ser feita com técnica percutânea, diminuindo ainda mais os riscos pro paciente. Neste caso é utilizado uma agulha de grande calibre em ângulo de 45°. Em situações de emergência hospitalar e pré hospitalar, quando a via aérea é bloqueada acima do nível das pregas vocais, a maneira mais rápida e segura de se estabelecer uma via alternativa é perfurando o ligamento cricotireóideo mediano. Apesar de ser um procedimento mais seguro, quando comparado com a traqueostomia, a cricotireoidostomia deve ser feita por pessoas capacitadas. “ANALYSIS PARALYSIS” CRICOTIREOIDOSTOMIA 45° A há poucas estruturas próximas ao ligamento cricotireóideo que possa levar o paciente a riscos, como a presença ocasional de um lobo piramidal da glândula tireoide. Pode se optar pela utilização de lidocaína local para aliviar o desconforto e impedir possível expectoração de aerossóis na ferida. “ANALYSIS PARALYSIS” CRICOTIREOIDOSTOMIA “ANALYSIS PARALYSIS” EPIGLOTE DURANTE A DEGLUTIÇÃO Perceba que inicialmente conseguimos ver com clareza a epiglote, que se encontra superior quando em comparação ao osso hióideo. Durante a deglutição a epiglote deixa de ser nítida ao mesmo tempo que a laringe se torna mais densa. A cartilagem epiglótica é uma cartilagem em formato de folha que se projeta posterosuperiormente funcionando como uma válvula. Ela é estabilizada pelo ligamento tireoepiglótico e o ligamento hioepiglótico. Como parte de um exercício de fixação, tente encontrar essas duas fases no vídeo apresentado aqui. Cartilagem Epiglótica “ANALYSIS PARALYSIS” HISTOLOGIA DA CARTILAGEM EPIGLÓTICA Lí n gu a La ri n ge Corpo Cartilaginoso Superfície LaringeaSuperfície Lingual Superfície Epitelial ESQUEMATIZAÇÃO Cartilagem Elástica Epitélio estratificado pavimentoso (ou apenas epitélio escamoso) Epitélio pseudoestraficado colunar (ou apenas epitélio respiratório) Cartilagem Epiglótica Quero que notem que a superfície aqui precisa ter um epitélio que suporte a tensão mecânica constante da língua em descida principalmente durante a deglutição; esse epitélio é o epitélio estratificado pavimentoso. Na superfície voltada para a laringe, onde a tensão mecânica não é uma constante, o epitélio epiglótico é livre para apresentar uma característica comum ao da maior parte das estruturas das vias aéreas; esse epitélio vai ser o pseudoestratificado colunar. “ANALYSIS PARALYSIS” HISTOLOGIA DA CARTILAGEM EPIGLÓTICA A cartilagem epiglótica é uma cartilagem elástica que apresenta boa flexibilidade dando a estrutura uma característica valvular. Na imagem aumentada conseguimos ver que grandes quantidades de fibras elásticas* (marcadas com uma cor escura e evidenciadas pela seta amarela) em meio a matriz cartilaginosa. Em meio a lâmina própria de tecido conjuntivo nós conseguiremos observar diversas glândulas seromucosas que ajudam a umidificar o ar e a proteger o sistema contra agentes agressores. “ANALYSIS PARALYSIS” O ligamento tireoepiglótico fixa a parte inferior da cartilagem epiglote ao corpo da cartilagem tireóidea. Uma membrana se estende entre as laterais da cartilagem epiglote e as cartilagem aritenóideas, esta se chama membrana quadrangular, ela formará a prega ariepiglótica quando envolvida pela mucosa da região. O ligamento hioepiglótico se estende do osso hióide até o tubérculo da epiglote. Esse ligamento é revestido por uma mucosa que ampliará essa extensão até a lingua anatomicamente será chamada de prega glossoepiglótica. Repare que a cartilagem cuneiforme é uma cartilagem suspensa dentro da membrana quadrangular. Superficialmente ela formará o tubérculo cuneiforme. ! O movimento de abdução e adução das cartilagens aritenóideas, que modificam a resistência que o ar sofre ao passar, tornam a fonação possível. “ANALYSIS PARALYSIS” CARTILAGEM ARITENÓIDEA E CORNICULADA A cartilagem aritenóidea é uma cartilagem com formato piramidal que se encontra entre outras duas cartilagem da laringe. Sua base se articula com a parte superior da cartilagem cricóidea, e eu ápice com a minúscula cartilagem corniculada. Cartilagem Corniculada Cartilagem Aritenóide Seu corpo apresenta duas depressões que serão utilizadas para fixação das duas pregas laríngeas. Aqui daremos um foco especial na cartilagem aritenóidea, uma vez que a cartilagem corniculada é minúscula e auxilia a anterior. PREGA VOCAL PREGA VESTIBULAR 2ª Depressão 1ª Depressão Cartilagem Corniculada Cartilagem Cricóidea PREGAS LARINGEAS E SUAS FUNÇÕES Existem dois pares de pregas localizadas na laringe, um par é responsável pela proteção das vias áreas inferiores e o outro é pela fonação. VISTA LARINGOSCÓPICA DA LARINGE PREGAS VESTIBULARES Função: Sua principal função é proteger as vias aéreas inferiores contra possíveis entradas de objetos estranhos. Desempenha pouco ou nenhum papel na fonação. Histologia: Epitélio pseudoestratificado colunar + Tecido conjuntivo frouxo contendo numerosas glândulas + Escassos feixes de músculo ventricular. PREGAS VOCAIS Função: Elas são a origem dos sons que provêm da laringe. A vibração das pregas vocais é a responsável pelo inicio da fonação. Histologia: Epitélio estratificado pavimentoso + tecido conjuntivo frouxo + Ligamento vocal + Músculo vocal. Para saber mais sobre como a voz muda com o passar dos anos assista: https://www.youtube.com/watch?v=rjibeBSnpJ0 Para saber como as pregas vocais se comportam em tenores assista: https://www.youtube.com/watch?v=PKengo7y28U Nervo laríngeo superior Nervo laríngeo recorrente “ANALYSIS PARALYSIS” MÚSCULOS DA LARINGE E INERVAÇÃO Quase todos os músculos intrínsecos da laringe são inervados pelo nervo laríngeo recorrente (roxo), ramo do nervo vago (laranja). O único músculo intrínseco inervado pelo nervo laríngeo superior (verde) é o músculo cricotireóideo. Músculo cricotireóideo Músculo cricoaritenóideo posterior Músculo cricoaritenóideo lateral Músculo aritenóideo transverso Músculo aritenóideo oblíquo Músculo tireoaritenóideo Músculo vocal “ANALYSIS PARALYSIS” MÚSCULOS DA LARINGE VISTA POSTERIOR DA LARINGE O músculo cricotireóideo rotaciona a cartilagem tireóidea anteroinferiormente sobre a cartilagem cricóidea. Os músculos da laringe desempenham diversas e complexas funções que vão desde controlar a tensão das pregas vocais até modular o diâmetro do ádito da laringe. Os músculos aritenóideo oblíquo e tireoaritenóideo funcionam como esfincteres da laringe. VISTA ANTERIOR DA LARINGE “ANALYSIS PARALYSIS” MÚSCULOS QUE AUXILIAM NA FONAÇÃO O músculo cricoaritenóideo posterior faz abdução e rotação externa da cartilagem aritenóidea o que resulta na abdução das pregas vocais e abertura da glote. O músculo cricoaritenóideo lateral faz rotação interna da cartilagem aritenóidea o que resulta na adução das pregas vocais. O músculo aritenóideo transverso faz adução das cartilagens aritenóideas. O músculo vocal ajusta a tensão das pregas vocais. Alguns músculos da laringe auxiliam as pregas vocais no fenômeno de fonação e também na proteção das vias aéreas inferiores. Pode-se avaliar a laringe utilizando o espelho de Garcia. Este equipamento permite a avaliação do fenômeno de fonação e respiração, além de permitir observar o posicionamento e a simetria das pregas vocais. “ANALYSIS PARALYSIS” LARINGOSCOPIA DE BEATBOXER’S
Compartilhar