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1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ↠ Condições extremamente frequentes. cerca de 1 milhão de pessoas contraíram infecções sexualmente transmissíveis no Brasil em 2019 (0,6% população adulta) (IBGE, 2019). Muitas pessoas com IST não buscam tratamento porque são assintomáticas (a maioria) ou têm sinais e sintomas leves e não percebem as alterações. As pessoas sintomáticas podem preferir tratar-se por conta própria ou procurar tratamento em farmácias ou junto a curandeiros tradicionais (BRASIL, 2022). ↠ O atendimento imediato de uma pessoa com IST não é apenas uma ação curativa, mas também visa à interrupção da cadeia de transmissão e à prevenção de outras IST e complicações decorrentes dessas infecções (BRASIL, 2022). Para interromper a cadeia de transmissão das IST, é fundamental que os contatos sexuais das pessoas infectadas sejam tratados. Portanto, essa informação deve ser repassada à pessoa com IST, ao mesmo tempo em que se fornecem instrumentos para comunicação e todo apoio até o final do processo (BRASIL, 2022). ↠ As principais manifestações clínicas das IST são: corrimento vaginal, corrimento uretral, úlceras genitais e verrugas anogenitais. Embora possam sofrer variações, essas manifestações têm etiologias bem estabelecidas, o que facilita a escolha e a realização dos testes para o diagnóstico e tratamento (BRASIL, 2022). Abordagem da pessoa com vida sexual ativa: • Questionar sobre práticas sexuais; • Utilização de preservativos, número de parceiros. • Identificar fatores de risco para IST’s; • Educação em saúde/ Medidas de prevenção/ Aconselhamento; • Escuta ativa, ambiente acolhedor, diálogo. Os 5P’s • Partners (parcerias e orientação sexual); • Practives (formas de contato sexual); • Protection from STIs (uso de preservativo, imunização); • Past history of STIs (testagem prévia para ISTs, ISTs tratadas, histórico da parceria); • Pregnancy intention (avaliar uso de métodos contraceptivos). Notificação compulsória das ISTs no Brasil • Aids; • Sífilis congênita; • Hepatite B e C; • HIV em gestante e criança exposta; • Hepatites virais (inclusão das hepatites A, D e E). • Sífilis em gestantes; • Sífilis adquirida; Manejo das ISTs sintomáticas Principais síndromes em IST Exame ginecológico Ao iniciar o exame ginecológico, cabe ao médico armar- se de paciência e de delicadeza, não se esquecendo da tensão emocional da paciente que se propõe a esse exame, em especial quando está se submetendo a ele pela primeira vez. Ao medo de realizar o exame, que supõe doloroso, juntam-se a vergonha pela exibição dos órgãos genitais e o temor do diagnóstico (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A paciente não deve estar completamente despida durante o exame, mas sim usando avental e lençol. Faz- se o desnudamento progressivo da paciente de acordo 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck com a região a ser examinada. Convém iniciar o exame pelas mamas em respeito ao pudor da paciente (PORTO & PORTO, 8ª ed.). O exame ginecológico compreende três etapas sequenciais: exame das mamas, do abdome e da genitália (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ O examinador coloca-se entre as pernas da paciente; apoia o pé na escada e repousa o cotovelo da mão que examina na coxa. A finalidade disso é evitar tensão muscular e fadiga que embotem a sensibilidade. A presença de um bom foco luminoso é indispensável (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ À inspeção, em repouso, examinam-se a vulva, o períneo e o ânus (PORTO & PORTO, 8ª ed.). • Inspeção estática: monte de Vênus, introito vaginal, pilificação (compatível com a idade), lesão, simetria dos lábios, cicatriz. São avaliadas as condições anatômicas, a distribuição pilosa e o trofismo da pele e semimucosa. As estruturas avaliadas incluem o monte da pube (monte de Vênus), lábios maiores (grandes lábios), lábios menores (pequenos lábios ou ninfas), clitóris com seu prepúcio e frênulo, vestíbulo da vagina, glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholim), orifícios excretores das glândulas vestibulares menores (glândulas de Skene), meato uretral, hímem ou suas carúnculas, fúrcula, região perineal e perianal e inguinal (CARRARA.; PHILBERT). • Inspeção dinâmica: Manobra de Valsalva ou tossir – aumenta a pressão intra-abdominal para avaliar prolapsos, perda urinária, secreção. • Exame especular: introdução do espéculo a 45º para fugir da uretra. Esse exame avalia paredes vaginais, mucosas, secreção (cor, odor, homogênea, fluida), colo do útero (lesões, coloração, orifício com secreção ou não). Paciente com indicação coleta-se o preventivo. É realizado introduzindo-se na vagina um espéculo (não lubrificado) de metal ou plástico, de tamanho adequado. O espéculo é introduzido fechado seguindo-se o eixo vaginal, até o seu fundo, quando então são abertas as valvas, centrando-se o colo uterino. A visualização das estruturas e suas características são mais precisas quando se utiliza de um colposcópio, em lugar de um foco de luz (CARRARA.; PHILBERT). Em relação à vagina são avaliados: comprimento, fórnices ou fundos de saco (anterior, posterior, laterais), pregueamento das paredes, cor, elasticidade e presença de lesões. Quando existentes, as lesões devem ser caracterizadas quanto ao tipo, número, localização, dimensões, cor, mobilidade e sensibilidade. Avalia-se o conteúdo vaginal quanto a sua quantidade, consistência, cor, odor e presença de bolhas ou sangue.. O colo uterino é avaliado quanto ao seu tamanho, forma, posição, cor, forma do orifício externo, características do muco endocervical e presença de lesões. Quando existentes, as lesões devem ser caracterizadas quanto ao tipo, número, localização, dimensões, cor, mobilidade e sensibilidade (CARRARA.; PHILBERT). Paciente que esteja apresentando alguma infecção, o ideal é que se faça o tratamento e, posteriormente coleta-se a citologia. • Toque vaginal combinado: Após a retirada do espéculo realiza-se uma exploração vaginal e pélvica introduzindo-se o dedo indicador e médio de uma das mãos na vagina e, com a outra mão 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck palpando-se profundamente a região inferior do abdome. É o chamado “toque bimanual” ou vaginal combinado. O procedimento deve ser realizado com as mãos enluvadas, com os dedos que serão introduzidos na vagina lubrificados e com técnica correta (CARRARA.; PHILBERT). A vagina será avaliada quanto ao seu comprimento, fundos de saco, elasticidade de suas paredes e presença de lesões. Quando existentes, as lesões devem ser caracterizadas quanto ao tipo, número, localização, dimensões, cor, mobilidade e sensibilidade. O colo uterino será palpado em toda a sua superfície e avaliado quanto a sua posição, dimensões, mobilidade e sensibilidade a mobilização (anteroposterior e laterolateral) (CARRARA.; PHILBERT). Vulvovaginites O corrimento vaginal é uma queixa comum, que ocorre principalmente na idade reprodutiva. Em serviços que atendem com frequência casos de IST, é o principal sintoma referido pelas mulheres atendidas; entre gestantes, é o primeiro ou segundo motivo da consulta, após verruga anogenital (BRASIL, 2022). Entre as causas não infecciosas do corrimento vaginal, incluem- se drenagem de material mucoide fisiológico em excesso, vaginite inflamatória descamativa, vaginite atrófica (em mulheres na pós- menopausa) ou presença de corpo estranho. Outras patologias podem causar prurido vulvovaginal sem corrimento, como dermatites alérgicas ou irritativas (sabonetes, perfumes, látex) ou doenças da pele (líquen, psoríase) (BRASIL, 2022). ↠ Pode haver mais de uma infecção, ocasionando corrimento de aspecto inespecífico. As infecções do trato reprodutivo são divididas em: • Infecção endógena: candidíase vulvovaginale vaginose bacteriana. • Infecções iatrogênicas: infecções pós-aborto, pós-parto. • IST: tricomoníase, infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae. • Causas não infecciosas: fisiológico, vaginose citolítica, vaginite atrófica, presença de corpo estranho. A infecção vaginal pode ser caracterizada por corrimento e/ou prurido e/ou alteração de odor. Daí a necessidade de indagar sobre: (BRASIL, 2022). • Consistência, cor e alterações no odor do corrimento; • Presença de prurido; e/ou • Irritação local. A investigação da história clínica deve ser minuciosa, abrangendo informações sobre: (BRASIL, 2022). • Comportamentos e práticas sexuais; • Data da última menstruação; • Práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos; • Outros possíveis agentes irritantes locais. CANDIDÍASE • Agente etiológico: Candida albicans. • Microbiota normal do trato geniturinário e gastrointestinal de humanos. • Infecções locais à disseminação generalizada. • Inflamação vulvaginal + presença de espécies de Candida. 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck • A identificação de Candida vulvovaginal sozinha não é indicativo de doença, logo, paciente sem quadro clínico NÃO TRATA. • Não é considerada IST, nem doença oportunista. • Prevalência mais alta no menacme – elevado nível de estrogênio. • Hiperemia intensa na vulva e no colo uterino, corrimento aderido no cólon do útero, prurido vaginal, ressecamento, A Candidíase Vulvovaginal (CVV) classifica-se em CVV não complicada e CVV complicada. É considerada não complicada quando presentes todos os critérios a seguir: sintomas leves/moderados, frequência esporádica, agente etiológico C. albicans e ausência de comorbidades. Por outro lado, considera-se CVV complicada quando presente pelo menos um dos seguintes critérios: sintomas intensos, frequência recorrente (CVVR), agente etiológico não albicans (glabrata, kruzei), presença de comorbidades (diabetes, HIV) ou gestação (BRASIL, 2022). ↠ Clinicamente, a paciente pode referir os seguintes sinais e sintomas diante de uma CVV clássica: prurido, ardência, corrimento geralmente grumoso, sem odor, dispareunia de introito vaginal e disúria externa. Os sinais característicos são eritema e fissura vulvares, corrimento grumoso, com placas de cor branca aderidas à parede vaginal, edema vulvar, escoriações e lesões satélites, por vezes pustulosas pelo ato de coçar (BRASIL, 2022). VAGINOSE BACTERIANA • É a mais frequente patologia do trato genital inferior feminino. • Aumenta risco de aquisição de IST (incluindo HIV) devido a um desequilíbrio da microbiota vaginal. • Corrimento típico, acinzentado, com bolhas. • Odor desagradável com piora após o coito e no período menstrual. Está associada à perda de lactobacilos e ao crescimento de inúmeras bactérias, bacilos e cocos Gram-negativos anaeróbicos (BRASIL, 2022). Recomenda-se que sempre que possível utilize exames para fechar o diagnóstico. Apresentado pelos critérios de Amsel (contemplar 3 dos 4 critérios). Precisa ter fita de pH e microscópio a disposição. ✓ Corrimento vaginal homogêneo; ✓ pH> 4,5; ✓ Presença de clue cells ✓ Teste de Whiff positivo (odor fétido das aminas com adição de hidróxido de potássio a 10%). • Não tem inflamação importante, corrimento em grande abundância com odor característico, mais fluido. • Patógeno mais associado é a Gardinerela, no entanto outros patógenos podem estar envolvidos. Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres assintomáticas. O tratamento é recomendado para mulheres sintomáticas e para assintomáticas quando grávidas, especialmente aquelas com histórico de parto pré-termo e que apresentem comorbidades ou potencial risco de complicações (previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames invasivos no trato genital) (BRASIL, 2022). 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck TRICOMONÍASE • É a vulvovaginite menos frequente nos dias atuais. • Causada por um protozoário flagelado unicelular, o Trichomonas vaginalis. • Corrimento vaginal intenso, amarelo-esverdeado, muito bolhoso e espumoso, odor fétido (na maioria dos casos, lembrando peixe), inflamação. • Também podem ocorrer edema vulvar e sintomas urinários, como disúria. • Colo uterino de aspecto tigroide. ↠ No exame especular, percebem-se microulcerações que dão ao colo uterino um aspecto de morango ou framboesa (teste de Schiller “onçoide” ou “tigroide”). A transudação inflamatória das paredes vaginais eleva o pH para 6,7 a 7,5 e, nesse meio alcalino, pode surgir variada flora bacteriana patogênica, inclusive anaeróbica; por conseguinte, se estabelece a vaginose bacteriana associada, que libera as aminas de odor fétido, além de provocar bolhas no corrimento vaginal purulento (BRASIL, 2022). DIAGNÓSTICO: O diagnóstico laboratorial microbiológico mais comum é o exame a fresco, mediante gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, com observação do parasita ao microscópio. Habitualmente, visualiza-se o movimento do protozoário, que é flagelado, e um grande número de leucócitos. O pH quase sempre é maior que 5,0. Na maioria dos casos, o teste das aminas é positivo (BRASIL, 2022). MICROSCOPIA À FRESCO VULVOVAGINITE AGENTE ETIOLÓGICO CORRIMENTO ODOR pH AMINAS MICROSCOPIA Candidíase C. albicans Branco grumoso Não característico Menor que 4 Negativo Hifas e esporos Tricomoníase T. vaginalis Abundante, amarelo esverdeado Fétido Maior que 4,5 Positivo Protozoários flagelados móveis Vaginose bacteriana G. vaginalis Acinzentado, homogêneo, cremoso ou fluído Fétido Maior que 4,5 Positivo Clue cells, ausência de lactobacilos FLUXOGRAMA PARA O MANEJO DE CORRIMENTO VAGINAL Úlceras genitais ↠ As úlceras genitais representam síndrome clínica, sendo muitas vezes causadas por IST, e se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional (BRASIL, 2022). ✓ Infecções: sífilis, herpes perioral e genital, cancroide, linfogranuloma venereo e donovanose. ✓ Outras patologias: dermatoses bolhosas, lesões traumáticas, lesões malignas. HERPES GENITAL • Herpes vírus simplex. • Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais (BRASIL, 2022). ↠ As manifestações da infecção pelo HSV podem ser divididas em primo-infecção herpética e surtos recorrentes. Sabe-se que muitas pessoas que adquirem a infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações e que a proporção de infecções sintomáticas é estimada entre 13% e 37% (BRASIL, 2022). • Vesículas sobre base eritematosa, dolorosas. • Período de incubação médio de 6 dias. ↠ O quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático e, na maioria das vezes, é acompanhado de manifestações gerais, podendo cursar com febre, mal- estar, mialgia e disúria, com ou sem retenção urinária. Em especial, nas mulheres, pode simular quadro de infeção 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck urinária baixa. A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos (BRASIL, 2022). Quando o HSV acomete o colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre os homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento, sendo raramente acompanhado de lesões extragenitais. O quadro pode durar de duas a três semanas (BRASIL, 2022). ↠ Após a infecção genital, o HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos das células dos gânglios sensitivos e entra em um estado de latência.Nenhuma medida terapêutica reduz a ocorrência de infecção do gânglio sensitivo. Episódios de recorrência são bem mais frequentes entre pacientes que apresentam primoinfecção por HSV-2 que por HSV-1 (BRASIL, 2022). ↠ O quadro clínico das recorrências é menos intenso que o observado na primo-infecção e pode ser precedido de sintomas prodrômicos característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital (BRASIL, 2022). ↠ A recorrência tende a ocorrer na mesma localização da lesão inicial, geralmente em zonas inervadas pelos nervos sensitivos sacrais. As lesões podem ser cutâneas e/ ou mucosas. Apresentam-se como vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras arredondadas ou policíclicas (BRASIL, 2022). As gestantes com herpes simples apresentam risco acrescido de complicações fetais e neonatais, sobretudo quando a infecção ocorre no final da gestação. O maior risco de transmissão do vírus acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto. A infecção pode ser ativa (em aproximadamente 50% dos casos) ou assintomática. Recomenda-se a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas (BRASIL, 2022). SÍFILIS • Treponema Pallidum. ↠ A sífilis primária, também conhecida como “cancro duro”, ocorre após o contato sexual com o indivíduo infectado. O período de incubação é de dez a 90 dias (média de três semanas) (BRASIL, 2022). ↠ A primeira manifestação é caracterizada por úlcera, geralmente única, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais do tegumento), indolor, com base endurecida e fundo limpo, rica em treponemas. Esse estágio pode durar entre duas e seis semanas, desaparecendo espontaneamente, independentemente de tratamento (BRASIL, 2022). • Duração entre duas e seis semanas. • Resolução espontânea. • Pode ter sintomas sistêmicos: alopecia, sifilides papulosas, condiloma plano. Lesões sem dor – LSD: linfogranuloma venereo, sífilis e donovanose. CRANCOIDE • Haemophilus ducreyi. ↠ Denomina-se também cancro mole, cancro venéreo ou cancro de Ducrey. O período de incubação é geralmente de três a cinco dias, podendo se estender por até duas semanas. O risco de infecção em uma relação sexual é de 80%, mais frequente em homens (BRASIL, 2022). • Lesões dolorosas, múltiplas, borda irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos, e fundo heterogêneo. • Linfadenopatia inguinal que fistuliza por orifício único. • Período de incubação é geralmente de 3-14 dias. • A cicatrização pode ser desfigurante. LINFOGRANULOMA VENEREO • Clamydia trachomatis. 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Pápula, pústula ou exulceração indolor. • Linfadenopatia inguinal e/ou femoral com fistulização por orifícios múltiplos 1 a 6 semanas após inoculação. • A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital. DONOVANOSE • Klebsiella granulomatis. ↠ O quadro clínico inicia-se com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo tornar-se vegetante ou úlcero-vegetante. As lesões costumam ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho” nas bordas cutâneas e/ou mucosas (BRASIL, 2022). ↠ Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não ocorre adenite, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais (BRASIL, 2022). • Não ocorre adenite. DIAGNÓSTICO • Tempo de surgimento, evolução, se dói, já teve quadro anterior. A microscopia é única opção de teste laboratorial existente no SUS para auxiliar no diagnóstico etiológico das úlceras genitais e está disponível para detecção de Haemophilus ducreyi e Treponema pallidum (BRASIL, 2022). ↠ Microscopia de campo escuro, sorologia para sífilis: repetir teste treponêmico 7-14 dias após surgimento da úlcera. Para considerar a paciente adequadamente tratada, deve-se visualizar a queda de 2 títulos. Para os demais patógenos, isto é, HSV-1 e HSV-2, Chlamydia trachomatis, sorovariantes (L1, L2, L2a, L2b e L3) e Klebsiella granulomatis, o diagnóstico se dará pela exclusão de caso de sífilis (Treponema pallidum) e cancroide (Haemophilus ducreyi), associado ao histórico de exposição ao risco, sinais e sintomas clínicos (BRASIL, 2022). ↠ NAAT ou cultura para herpes genital HSV-1 e HSV-2, sorologia para HSV-1 e HSV-2: repetir sorologia após 12 semanas; o imunoensaio enzimático é frequentemente falso-positivo e deve ser confirmado com outro método (ex.: Western blot). ↠ NAAT ou cultura para Haemophilus ducreyi: uma ou mais úlceras dolorosas, aparência da úlcera e linfadenopatia regional típicos de cancroide; exames negativos para sífilis e HSV. FLUXOGRAMA PARA O MANEJO DE NFECÇÕES QUE CAUSAM ÚLCERA GENITAL 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck Referências BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. CARRARA, H. H. A.; PHILBERT, P. M. P. Exame físico ginecológico.
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