Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 A DOCUMENTAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DAS CRECHES E PRÉ- ESCOLAS: A PROPOSTA PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE CARIACICA EM CONSTRUÇÃO ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO Gestão 2009-2012 REVISÃO E PUBLICAÇÃO Gestão 2013-2016 Prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Junior Vice Prefeito Bruno Polez Secretário Municipal de Educação Saulo Andreon Subsecretária para Assuntos Pedagógicos Patrícia Gomes Rufino Andrade Subsecretário para Assuntos Administrativos Alberto Mollo CEI - Coordenação de Educação Infantil Waleska Maria Costa Betini – Coordenadora Elizângela de Deus Gonçalves – Técnica Márcio Fernandes de Oliveira – Técnico Terezinha Lyra Poltronieri – Técnica CONSULTORIA Rosali Rauta Siller Doutora em Educação-UNICAMP 3 GRUPO DE TRABALHO- GT DA CRIANÇA PEQUENA QUE PARTICIPOU DA CONSTRUÇÃO DESSE DOCUMENTO N NOME CMEI FUNÇÃO 1. Ana Maria dos Santos Erenita R. Trancoso MAPP 2. Ana Paula M. S. Duarte Maria Jardelina MAPA 3. Antonieta Schimiter COMEC MAPP 4. Aparecida O. P. Guimarães Julio Coutinho MAPA 5. Arlete Silva Gonçalves Seixas D. João Batista MAPA 6. Carmem Lúcia Gouvêa Ana Lúcia Ferreira MAPP 7. Cinthya Neumann Berger Coelho Maria Aparecida Lacerda Moura MAPA 8. Cristina Gonçalves dos Santos Maria Raquel do Nascimento MAPA 9. Daniella Paiva da Silva Rosalina Marques MAPA 10. Diana dos Santos Silva Wilson Alves MAPA 11. Dulcinéa Dornelas Silva Vinicius de Moraes MAPP 12. Elenice Palaoro Jacy Pereira MAPP 13. Eleny Silva Dias Princípio do Saber MAPA 14. Eliane Maura Littig Milhomem Freitas SEME – E. Fundamental MAPP – Técnica da CEF 15. Elisângela Maria de Jesus José Luiz Araújo MAPA 16. Elizângela de Deus Gonçalves SEME – Coord. Educação Infantil (CEI) MAPA – Técnica da CEI 17. Ely Mattos Fé e Alegria MAPP 18. Fabíola Dalgobo Rodrigues Oliveira SEME MAPP 19. Fernanda Giori Smarçaro Jesus Menino MAPA 20. Francielle C. Ribeiro Jocarly A. Cardoso Diretora 21. Gessineia M. Brito Nunes Rafael C. Mazioli MAPA 22. Heloísa Helena Aranha Rodrigues Larissa P. Batista MAPA 23. Iones Valim Gonçalves Maria Inês Gurtler Coordenadora 24. Jane Maria Pimentel Ana Lúcia F. da SIlva MAPA 25. Jaqueline S. De Jesus Bolis Jocarly A. Cardoso MAPA 26. Juliana Dellecrode Calenzani Teresa Tironi Martins MAPA 27. Kelen Christian Lyrio Jaime dos Santos MAPA 28. Kelen Leal Teixeira Abílio Luiz Fagundes MAPA 29. Lêda Cipriano Campos Tarcílio Montanari Diretora 4 30. Leila Alves da Silva Aparecida C. C. Camilo MAPP 31. Lessandra Maria Rocha Silvino de Paula Ramos MAPA 32. Márcio Fernandes de Oliveira SEME – Coord. Educação Infantil (CEI) Psicólogo – Técnico da CEI 33. Maria Auxiliadora Valim Manuel Coutinho Siqueira MAPA 34. Maria Lucia Maciel de Carvalho de lima Cecília Meireles MAPP 35. Maria Lucimar Carriço Mendonça Coelho D. José Mauro P. Bastos Coordenadora 36. Maria Valdete Alves Baier Elisa Leal Bezerra MAPP 37. Marilda Vasconcelos SEME – Educação Inclusiva MAPA - Técnica 38. Marlene Ragazzi Emiliana Giles Bragança MAPA 39. Nalva de M. V. Gonçalves Amélia Virgínia MAPA 40. Patrícia Hansen B. S. Barcelos Geraldo Menegucci MAPA 41. Paula Regina Coelho de Alcânctara Maria Ribeiro Rezende MAPA 42. Penha Cristina Cabral Corina Serrano Mota MAPA 43. Raphaela Firme Barbirato EMEF “Eurides Gabriel” MAPA 44. Renata Lopes do Nascimento João Colombo MAPA 45. Sandra Regina da Silva Altiva Belmond Campos MAPP 46. Sheila Ramos Ivan Roberto de Souza Coordenadora / MAPA 47. Simone Santana Caxoeiro Alzira Maria de Jesus MAPA 48. Tânia Celi Bartelli Fonseca Darcy Rodrigues Cardoso MAPP 49. Terezinha Barros Gomes Edmilson Varejão MAPA 50. Terezinha Lyra Poltronieri SEME – Coord. Educação Infantil (CEI) MAPA – Técnica da CEI 51. Vera Lúcia F. Ferreira Souza Benedito Ribeiro de Almeida MAPA 52. Waleska Maria Costa Betini SEME – Coord. Educação Infantil (CEI) MAPA – Técnica referência da CEI 5 O mais importante do mundo é isto- que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas- mas que elas vão sempre mudando” Guimarães Rosa 6 7 8 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO_________________________________________________ 10 1.A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CARIACICA: UM BREVE HISTÓRICO DOS ÚLTIMOS OITO ANOS ______________________________ 12 2. OS ATORES SOCIAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ______________________ 17 2.1. AS CRIANÇAS ___________________________________________ 17 2.2. AS FAMÍLIAS ____________________________________________ 17 2.3. OS PROFISSIONAIS _______________________________________ 19 3.1.CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL ___________________________ 23 3.2. FUNÇÕES E OBJETIVOS ____________________________________ 23 OBJETIVOS ________________________________________________ 24 3.3. MATRÍCULA E FAIXA ETÁRIA: ________________________________ 25 3.4. REGIME DE FUNCIONAMENTO ________________________________ 25 3.4.1. Relação numérica adulto-criança ________________________________________ 25 3.4.2. Horário de funcionamento _____________________________________________ 25 3.4.3. O calendário ________________________________________________________ 26 3.4.4. Infraestrutura _______________________________________________________ 26 4. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ________________ 27 4.1.Princípios Éticos: __________________________________________ 27 4.2.Princípios Políticos: ________________________________________ 27 4.3.Princípios Estéticos:. _______________________________________ 27 5. A INCLUSÃO COMO DIREITO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ________________________________________ 27 6. O CUIDADO E A EDUCAÇÃO DE MENINOS E MENINAS DAS DIFERENTES ETNIAS ________________________________________________________ 28 7. AS CRIANÇAS PEQUENAS DO CAMPO _____________________________ 28 8. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO: AS ROTINAS OU AS JORNADAS DIÁRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL __________________________________ 29 8.1. A INSERÇÃO DOS BEBÊS E DAS CRIANÇAS PEQUENAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ________________________________________________________ 29 8.2. O ACOLHIMENTO DOS BEBÊS, DAS CRIANÇAS PEQUENAS E DE SEUS FAMILIARES: O MOMENTO DA ENTRADA. ___________________________ 31 8.3. RODA DE CONVERSA ______________________________________ 37 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 38 8.4. HIGIENIZAÇÃO: UMA NECESSIDADE DE MENINOS E MENINAS __________ 42 8.4.1. A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS ___________________________________________ 42 8.4.2. A HIGIENIZAÇÃO DOS DENTES _________________________________________ 43 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 44 9 8.4.3. O MOMENTO DO BANHO ______________________________________________ 46 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 46 8.5. A TROCA DE FRALDAS__________________________________________________ 47 8.6. O MOMENTO DE ALIMENTAÇÃO _______________________________ 47 Algumas ideias e sugestões _________________________________________________ 50 8.7. O MOMENTO DO PARQUINHO/ BRINCADEIRAS EXTERNAS_____________ 53 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 54 8.8. O SONO E/ OU REPOUSO ___________________________________ 56 8.9. ATIVIDADES DE FAZ-DE-CONTA _______________________________ 57 8.10. O MOMENTO DE REENCONTRO COM AS FAMÍLIAS: A SAÍDA __________ 58 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 59 9. AS RELAÇÕES, AS BRINCADEIRAS E AS LINGUAGENS: EIXOS ARTICULADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO _______________________ 60 AS RELAÇÕES ______________________________________________ 61 AS BRINCADEIRAS ___________________________________________61 AS LINGUAGENS ____________________________________________ 63 10. SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA __________________ 65 10.1.DESCOBERTA DE SÍ MESMO E DO OUTRO IDENTIDADE E AUTONOMIA ___ 65 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 66 10.2. LINGUAGEM MATEMÁTICA __________________________________ 70 Sistema de Numeração: ____________________________________________________ 71 Espaço, forma, cores, espessura, tamanho, textura ______________________________ 74 Algumas ideias e sugestões _________________________________________________ 78 10.3.LINGUAGEM MUSICAL: POR UMA “PEDAGOGIA DO DESPERTAR” ________ 79 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 82 ♪Músicas tradicionais da infância _____________________________________________ 84 10.4-A LINGUAGEM DA FOTOGRAFIA E DO CINEMA ____________________ 94 Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 95 10.5. LINGUAGEM CÊNICA ______________________________________ 98 10.6. LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ______________________________ 100 10.7. LINGUAGEM POÉTICA E LITERATURA _________________________ 104 10.8. LINGUAGEM DAS ARTES: DESENHAR, PINTAR, MODELAR, IMAGINAR, CRIAR, PRODUZIR, SONHAR... _______________________________________ 111 Outras sugestões: ________________________________________________________ 116 10.9. LINGUAGEM DA NATUREZA E SOCIEDADE ______________________ 121 Algumas ideias e sugestões: ________________________________________________ 122 10.10. CORPO EM MOVIMENTO _________________________________ 131 11. AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ___________________________ 137 REFERÊNCIAS _________________________________________________ 139 10 APRESENTAÇÃO Este documento que ora colocamos à disposição de todos os profissionais da Educação Infantil, representa um processo amplo de estudos, discussões, escritas e reescritas que se efetivou por meio de um Programa Escola em Ação instituído pela Secretaria Municipal de Educação de Cariacica, na gestão de 2005/2012. Por meio deste Programa e, em seguida pela Gerencia de Ensino, a Secretaria de Educação de Cariacica pautou suas ações no desenvolvimento da meta de “Melhoramento da Educação do Município de Cariacica, que teve como finalidade “promover a convergência das ações pedagógicas”. Essa meta, a partir do ano de 2007, foi desdobrada em quatro submetas, quais sejam: ●Dar continuidade aos estudos iniciados em 2006 focando concepções e procedimentos pedagógicos e avaliação escolar; ●Fomentar entre as unidades de ensino a construção das diretrizes curriculares; ●Garantir e sistematizar discussões e elaborações do currículo nas unidades de ensino; ●Iniciar a formalização do documento síntese das discussões sobre currículo realizadas nas unidades escolares. Pautadas nessas orientações, as equipes que compõem o Programa Escola em Ação, constituídas por representantes do Ensino Fundamental, Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos, Educação Inclusiva, Tecnologia Educacional e Inspeção Escolar atuaram junto às escolas fazendo a mediação necessária para que o processo de interlocução captasse dados necessários à formulação de referenciais a serem estabelecidos para educação básica do município. Para a documentação de todos os dados coletados ao longo destes anos, bem como estudar e debater questões relacionadas a ação pedagógica, foi constituído pela Secretaria Municipal de Educação um Grupo de Trabalho, denominado GT- educação da criança pequena, que contou com uma Consultoria. Este GT, entre os meses de setembro, outubro e novembro participou de um projeto de formação continuada, com uma carga horária de 56h, organizado em seis módulos, por meio de palestras, relatos de experiências, construção de materiais pedagógicos e documentação da prática pedagógica, além das atividades não presenciais. Nos encontros presenciais foram feitas as discussões teóricas que sustentavam as práticas pedagógicas, com ênfase nas temáticas: a relação docente e crianças na educação infantil; a organização dos ambientes e o uso dos tempos; as rotinas ou a jornada diária nas creches e pré-escolas: o acolhimento das crianças e de seus familiares; roda de conversa; alimentação; higienização; o uso do parquinho; brincadeiras externas espontâneas e dirigidas; os momentos do sono/repouso; o momento de acordar; a hora da saída; o fortalecimento da relação com as famílias na gestão da proposta pedagógica; as linguagens; avaliação na educação infantil. 11 Quanto às atividades não presenciais complementares, as professoras desenvolviam essas temáticas em suas práticas com uso de materiais pedagógicos, documentavam por meio de fotografias e relatórios, relatavam essas experiências nos encontros presenciais e entregavam essa documentação em CD para sistematização deste documento final. É possível dizer que, trazer as práticas de tantas professoras e professores, documentadas por este grupo de trabalho, nos permitiu refletir sobre o cotidiano das creches e pré-escolas, a prática de documentação exercida pelas professoras (es) e , repensar o processo de formação continuada dos professores que deve estar pautado na dialética ação-reflexão-ação. Esperamos que este documento possa servir de referencial para o desenvolvimento das ações educativas de todos aqueles e aquelas que cuidam e educam as crianças pequenas nas instituições coletivas de creches e pré-escolas. O seu aperfeiçoamento, aprimoramento exige, uma série de ocasiões de debates, reflexões, que devem ser sistematicamente construídas e coordenadas com a colaboração, compromisso e empenho de diversas pessoas e de diversos níveis de responsabilidades. Rosali Rauta Siller Doutora em Educação-UNICAMP 12 1.A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CARIACICA: UM BREVE HISTÓRICO DOS ÚLTIMOS OITO ANOS Durante muitos anos, o município de Cariacica foi conhecido por uma imagem negativa, em face dos problemas decorrentes de um processo histórico de corrupção e violência. A mídia local e nacional falava da precariedade existente nos diversos setores, destacando principalmente os problemas de infra-estrutura. Para reverter este quadro, em 2005, a nova gestão realiza a pesquisa denominada “Trabalho de caracterização da rede”. E assim, uma nova história marcada pela sua positividade começa a ser escrita em nosso município com a instituição de uma série de ações democráticas, mobilizando a população local para exercitar uma cidadania ativa. Dentre essas ações1 destaco principalmente a realização do concurso público para provimento de cargos do magistério e de outras secretarias. Também o gerenciamento da educação infantil no município centrou-se em questões emergenciais e prioritárias tal como as metas previstas no Plano de Melhoramento da Educação2, dentre as quais destaco: a universalização do atendimento, a promoção da gestão democrática da escola, a democratização do ensino, a integração escola-comunidade, condições mínimas de infra-estrutura física e aparelhamento das Unidades de Ensino, composição de quadros por meio de concursos públicos e capacitação de recursos humanos. Essas ações foram planejadas e monitoradas para que os resultados se revertessem em melhoria da qualidade na educação infantil do município. Vale dizer que o trabalho desenvolvido nas escolas teve como objetivo buscar o afastamento da compreensão de que o currículo remete ao âmbito de decisões concernentes a que conhecimentos devem ser ensinados, o que deve ser ensinado e por que ensinar este ou aquele conhecimento bem como a questões técnicas como: ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, planejamento, eficiência e objetivos, defendendo uma concepção mais ampla, a compreensão de currículo (ou currículo aberto) que tem a escola como espaço vivo, ativo, participativo,enfim, um espaço sociocultural que defende a universalização do atendimento escolar, a melhoria da qualidade do ensino (formação para cidadania ativa, democratização da 1 Também foram instituídos o Conselho Fiscal do Caixa Escolar e o Conselho de Escola para a implementação do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), favorecendo ainda mais a autonomia dos gestores e gestoras das escolas. 2 PMO, 2005/2008. A Meta 23 tem a finalidade de “Promover a convergência das ações pedagógicas” e como desdobramento prevê; “Dar continuidade aos estudos iniciados em 2005 focando concepções, procedimentos pedagógicos e avaliação escolar; Fomentar entre as Unidades de Ensino a construção das diretrizes curriculares; Garantir e sistematizar discussões e elaborações do currículo nas Unidades de Ensino e Iniciar a formalização do documento síntese das discussões sobre o currículo realizado nas Unidades de Ensino”. 13 gestão escolar) alimentada por atitudes de permanentes trocas interculturais que sedimentam as construções curriculares que vão sendo consignadas coletivamente. Em relação à metodologia houve um total de vinte e sete rodas de conversa com todos os profissionais das escolas e suas respectivas comunidades, onde foi realizado o estudo do texto [Diretrizes Curriculares (versão preliminar) – Considerações preliminares] para definição das bases teóricas filosóficas fundantes do caminho a percorrer, cujo pressuposto teórico assumido foi a perspectiva histórico- cultural. É importante frisar que houve o trabalho em duas frentes: a primeira foi feita com representação das escolas participando das “rodas de conversa” – tratou de questões mais gerais relativas à educação no município, cujo trabalho visou captar: O que de positivo está acontecendo na educação de Cariacica e que não se quer perder e o que ainda não acontece e que precisa vir a acontecer. O outro tratou das especificidades curriculares [o que saber; o que fazer e para que saber], foi realizada por técnicas/os da SEME, pedagogos/diretores e professores. A partir desse processo foram construídos os fundamentos para elaborar a proposta curricular do município, sendo que estes deveriam considerar nos aspectos filosóficos: a visão de homem histórico social, a visão interacionista sobre o conhecimento humano, a visão de infância como etapa de vida do sujeito e educação na infância como direito. Quanto aos aspectos epistemológicos, deveriam pautar-se na concepção progressista de educação, na visão dialética do conhecimento, apostando na teoria educacional de Educação Cidadã. No que diz respeito aos Aspectos axiológicos, os mesmos deveriam pautar-se no respeito à diversidade, na visão sistêmica, na transparência e ética nas relações, na responsabilidade pública e cidadania, na gestão por fatos e dados, na valorização de professores e funcionários, na busca de inovações, no espírito de coletividade, no tempo de resposta ágil, na construção da autonomia, na educação centrada na práxis educativa, no melhoramento contínuo e na liderança democrática. Esse processo ocorreu em seis etapas, a saber: Leitura e discussão do texto Diretrizes Curriculares: Considerações Preliminares na Reunião de Pedagogos com leitura, discussão e análise do texto elaborado nas escolas e encaminhamento para a SEME, coleta de dados do questionário: o que os educadores pensam sobre criança, alfabetização/letramento e o que saber, o que fazer, para que fazer no contexto da Educação Infantil; Síntese e compilação das ideias apresentadas a partir das discussões na escola, por categoria3. Coleta dos dados sobre Alfabetização/letramento4, no contexto da Educação Infantil, após discussão na escola 3 Concepções de: educação infantil, de criança, de currículo, de gestão, escola, organização da escola e dos espaços, projeto político-pedagógico, história da educação de Cariacica/interação escolas da rede, trabalho pedagógico/educativo, prática docente e outros enfoques que aparecem na análise não listados no texto. 4 Os pedagogos e pedagogas da rede municipal receberam numa reunião o seguinte questionário para ser discutido coletivamente com seus pares nas escolas, a fim de responder as indagações: Qual sua concepção de criança na educação infantil? O que é necessário para fazer Educação Infantil? O que você enquanto pedagogo (a) oferece de fato como referencial curricular aos professores da educação infantil? Escreva o que você pensa da relação entre Educação 14 e compilação dos dados. Coleta de dados sobre conteúdos – o que saber na Educação Infantil e Compilação dos conteúdos e Projetos desenvolvidos nas escolas em novembro/2007. Análise dos dados compilados e elaboração do texto preliminar: dezembro/2007 a janeiro/2008. Retorno para as escolas do material elaborado – fevereiro 2008. Embora a temática do currículo tivesse sido pauta em vários eventos e reuniões, somente em 2010, com a instalação do I Fórum Municipal de Educação Infantil houve a concretização da Proposta Pedagógica, bem como o aumento do calendário para os dias de formação em serviço. Esse evento teve como temática: O direito de aprender da criança pequena e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Durante todo o tempo, persistimos na luta para elaborar a proposta pedagógica da Educação Infantil com vistas na consolidação das diretrizes da educação infantil do município, no sentido de alcançar resultados mais prósperos, a partir das metas do PMO (2009/2012) que são: ●Desenvolver as atividades curriculares da educação infantil nos desdobramentos das seguintes ações: Planejar e coordenar reuniões, encontros, visitas técnicas, assessorias e supervisão de projetos; ●Planejar e coordenar encontros para discussões, reflexões, grupos de estudos para tratar das práticas pedagógicas metodológicas; ●Levantar demandas de cursos e eventos e participar do planejamento, bem como, acompanhar a execução dos mesmos5; Nesse processo apontamos a necessidade de ampliar a ação do Projeto de assessoria e acompanhamento permanente dos casos de crianças vitimadas pela violência doméstica e sexual detectados nos CMEI, além dos casos de TGD (Transtornos globais do desenvolvimento). Outra ação pertinente a essa demanda foi o incentivo e ampliação do Projeto “Discutir a violência para construir a paz.” Em vista disso, foi preciso olhar para os espaços/tempos destinados aos planejamentos. A partir de 2009, os professores que atuam nesse nível de ensino, pela Infantil e Alfabetização; Qual a relação existente entre Educação Infantil x Alfabetização e Letramento? Você tem dúvidas em relação a Alfabetização e Letramento na Educação Infantil? Esse trabalho foi desenvolvido sob a coordenação de Judite Pires Torres Pereira. 5 “Cursos: “Avaliação na Educação Infantil” (ocorreu nos meses de junho a agosto), “Saberes e Práticas para Relações étnicorraciais na educação infantil” (está sendo contemplado com o curso: “Lei 10/639: ), “Valores e brincadeiras na educação infantil”, “Encantando e cantando com a narrativa e com a música” e o “Fórum de Educação Infantil“, previsto para ocorrer no dia 26/10/10. Palestra: “O uso das novas tecnologias na construção da identidade das crianças de zero a cinco anos” e Oficina: “Artes e Brincadeiras para Educação Infantil”. 15 primeira vez conquistaram o horário de planejamento, efetivado com o ingresso do “professor colaborador das ações pedagógicas”6. Os desafios enfrentados pelos educadores do município ainda são muitos, mas já constatamos alguns avanços desde 2005, tais como: As Rodas de conversa sobre o currículo com todos os segmentos da rede; O Estudo do documento do MEC “Indagações sobre o currículo” em todas as Unidades de Ensino; Instalação do I Fórum de Educação Infantil (ocorrido em Outubro de 2010); Formação Continuada por meio de cursos, palestras e oficinas; Formação em Serviço realizada pelas escolas (de acordo com os ordenamentos legais, necessidade de cada CMEI, em consonância com a cultura local); Encontro Municipal de Educação, com dois dias previstos no calendário; Ampliação e Reforma das escolas da rede (de acordo com os novos padrões de qualidade do MEC); Participação de técnicos das equipes nos Conselhos COMDCAC7, COMSEAS8 e no FOPEIES9. Eleição para gestores, vice-diretores, coordenadores, conselho de escola e eleição para os conselheiros do COMEC10. A partir do Fórum Municipal de Educação Infantil de 2010 foram ampliados os dias de formação em serviço garantindo no calendário uma média de 10 dias anuais, bem como foi prevista na carta de princípios Cariacica, a sistematização das diretrizes curriculares da educação infantil do município; Avaliação de perfil para os educadores que pretendem atuar na educação infantil (professores/as e pedagogas/os); Resolução 031/200811, que garante o quantitativo de crianças por professor e não o quantitativo de crianças por adulto, tal como ocorre em outras resoluções das secretarias municipais de educação da Grande Vitória. Por outro lado, os desafios a enfrentar, atualmente, são: PEC 059/09 – Demanda reprimida de matrícula de 4 e 5 anos e demais faixas etárias; 6 Professor designado para trabalhar com as crianças no momento em que o professor regente está no horário de planejamento. Porém, em decorrência de uma crise orçamentária no ano de 2010 houve uma diminuição da carga horária de 4h e 10 min. para 3 h e 30 min. 7 Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente. 8 Conselho Municipal de Segurança Alimentar. 9 Fórum Permanente de Educação Infantil do Espírito Santo da UFES, ligado ao MIEIB (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil). Há duas técnicas que participam ativamente do GT Indicadores de Qualidade da Educação Infantil, proposto pelo MEC. 10 Conselho Municipal de Educação de Cariacica. 11 Fixa normas para a educação básica no sistema municipal de Ensino no município de Cariacica. 16 Emenda Constitucional n° 59 – altera o art. 208 da Constituição Federal e torna obrigatória e gratuita a educação básica, dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete anos): Horário integral para as crianças de 0 a 5 anos e onze meses; Recrutamento e Formação de professores com perfil para atender a especificidades da Educação Infantil; A relação indissociável entre o cuidar e o educar com os profissionais que atendem a educação infantil; Educação Inclusiva; Dificuldade de consolidar uma equipe de trabalho; Sustentar a tecnologia educacional nas Unidades de Ensino e na própria SEME; Reconhecer na prática a criança como sujeito histórico e de direitos, produtora de cultura e de conhecimentos; Garantir as horas previstas para planejamento para todas (os) professoras (es) que atuam com as crianças de 0 a 5 anos e onze meses; Concretizar o projeto de Educação Física e Artes para a Educação Infantil investindo na formação dos mesmos para qualificar o atendimento com a concepção de criança defendida na Res. 05/09 do MEC; Atualmente a Rede municipal possui 103 unidades de ensino assim distribuídas:02 conveniadas e 101 próprias. Vale dizer que as que se referem à Educação Infantil são 44 unidades, denominadas de Centros Municipais de Educação InfantiI, (CMEI) sendo 01 deles conveniado, (CEI Fé e Alegria), além disso, há 01 espaço do Ensino Fundamental que abriga turmas de quatro e cinco anos da Educação Infantil. Também há atualmente 11 CMEI que abrigam 49 turmas de 1º ano (do Ensino Fundamental). É importante citar que no corrente ano temos o seguinte quantitativo de alunos matriculados: 10.616 na Educação Infantil, sendo quase 30% da clientela da faixa etária de 0 a 3 anos e 70% com atendimento das turmas de 4 e 5 anos de idade. Ressalta-se que a Educação Infantil teve um crescimento histórico nos últimos oito anos no município de Cariacica, tanto na questão de infra-estrutura quanto de aumento de oferta da demanda de matrícula, conforme os dados enviados pela equipe nos dados da revista eletrônica Cariacica em dados. Waleska Maria Costa Betini Educação Infantil 17 2. OS ATORES SOCIAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 2.1. AS CRIANÇAS Nesta proposta curricular e pedagógica, tomamos como referência os pressupostos da Sociologia da Infância que reúne pesquisadores e pesquisadoras que pretendem romper com a abordagem unilateral da socialização e estudar as crianças “como sujeitos do processo de socialização e não como objetos da socialização dos adultos” (MONTANDON, 2001, p. 36). Trabalhamos com a concepção de infância como uma construção histórica e social, vivida por meninos e meninas, sujeitos de direitos, produtoras de culturas, que integram uma “categoria geracional distinta” (SARMENTO, 2007, p. 30). Nessa perspectiva, essa proposta traz a criança como, [...] centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura(DCNEIs, Resolução CNE/CEB, n.5/09, art. 9º). 2.2. AS FAMÍLIAS A presença e o protagonismo das famílias é tão importante quanto a presença e o protagonismo de crianças e educadores” (SPAGIARI,1998,p.100). Compreendemos as creches e pré-escolas, como instituições “distintas em seus objetivos, mas complementares em seu atendimento e que contribuem para a educação da criança, na educação infantil e no seio da família” (SCHIFINO, SILLER, 2011, p.114). Este caráter complementar à educação das famílias aparece na Lei 9394/96, quando trata das finalidades da Educação Infantil, conforme vemos a seguir. Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Também, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação infantil, DCNEI/2009, em seus incisos II e III, do artigo 7º, reaparece essa complementariedade. II.assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; III. possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas (BRASIL, 2009,p.2). 18 A partir desse contexto, podemos compreender a Educação Infantil como espaço educativo que tem o importante papel de compartilhar, de forma indissociável, a educação e o cuidado das crianças pequenas com suas famílias. A ação compartilhada com as famílias torna-se portanto, suporte da ação pedagógica. Mas de que famílias estamos falando? O modelo de família “idealizada” , típica da família nuclear burguesa, não será a única referência nesta proposta, pois basta olhar para as crianças de nossas creches e pré-escolas para identificarmos as várias configurações de famílias: ● famílias monoparentais, nas quais apenas a mãe ou o pai está presente; ●os casados sem filhos/as; ●os solteiros com filhos/as; ●os solteiros com filhos/as que moram com os pais e mães; ●os separados, divorciados ou viúvos, com filhos/as; ●famílias que se constituíram por meio de novos casamentos e possuem filhos/as advindos dessas relações; ●famílias extensas, nas quais convivem na mesma casa várias gerações e/ou pessoasligadas por parentes os mais diversos; ●famílias com filhos/as adotivos/as, dentre outros. À medida em que os profissionais da educação infantil tratarem dessas configurações familiares de forma mais tolerante, as famílias se sentirão mais à vontade e mais aceitas em sua condição e as crianças é que ganharão, pois perceberão que sua família não é estranha ou, inclusive, de que não é uma “verdadeira família”. Vale dizer que, [...] o importante não é o tipo de família em que se é criado- mais ou menos tradicional em sua composição- mas, sim, o tipo de relações existentes na família entre os adultos e a criança. portanto, não é a estrutura que importa, e sim as relações e as interações (PANIAGLA,2007,p.212) O acesso das famílias aos espaços das creches e pré-escolas deverá será permeado por um clima de confiança, respeito mútuo das trocas recíprocas, que devem se a tônica dos relacionamentos entre os diferentes adultos. É preciso pensar em formas variadas de participação das famílias de modo a atender os seus interesses que são também diversificados. As famílias precisam ter acesso à, ●filosofia e concepção de trabalho da instituição; ●informações relativas ao quadro de pessoal com as qualificações e experiências; ●informações relativas à estrutura e funcionamento da creche ou da pré-escola; ●condutas em caso de emergência e problemas de saúde; ●informações quanto a participação das crianças e famílias em eventos especiais (RCNEI,1998,p.19). 19 Schifino e Siller (2011), com base nos estudos de Foni (1998), Mantovani & Terzi (1998), Spaggiari (1998), apresentam um rico e variado conjunto de ocasiões de encontros que possibilitam construir canais de comunicação com as famílias. ●a apresentação daquilo que as crianças fazem na creche por meio de cartazes e filmes, contatos cotidianos nas reuniões de grupos; ●apresentação da programação educacional e do trabalho do coletivo de educadores por meio de debate em assembleia com distribuição de material; ●a presença de uma figura familiar à qual a criança seja fortemente apegada (mãe, o pai ou quem cuidou dela), para que ela aceite com alegria e curiosidade o novo ambiente e esteja disponível a estabelecer novos relacionamentos; ●assembleia das famílias que requerem a matrícula do(a) filho(a) na creche e pré- escola para ilustrar e discutir, se existe muita demanda e há poucas vagas disponíveis, discutir os critérios de seleção e admissão das crianças; ●encontros dos docentes com as famílias no início do ano letivo, para se conhecerem, para visitarem juntos os espaços, para trocarem as primeiras informações e preocupações; ●diálogos individuais com cada família antes do início das atividades do dia; ●entrar todos os dias até a sala onde a sua criança está, para trocar algumas palavras as famílias; ●permanência de algum membro da família nas turmas para ambientação das crianças, prolongando o tempo conforme as necessidades de cada criança; ●encontro de grupos para discutir as linhas de orientação pedagógica, apresentar as atividades didáticas desenvolvidas, expor materiais das crianças, apresentar relatórios de avaliações das crianças; ●encontro individual solicitado pela família ou proposto pelo docente para enfrentar problemas particulares, que permeiam aquela família, aquela criança; ●reunião auto-administrada, de alguns pais, mães, docentes e outros adultos, envolvendo todas as turmas interessadas em debater e aprofundar um determinado tema de interesse de todos; ●encontro com profissionais que possuem formação em uma determinada área de interesse da instituição para enriquecer os conhecimentos e as competências de todos; ●encontros de trabalho, que são ocasiões para se contribuir de fato não somente com palavras, para o êxito da instituição, por meio da construção de decorações e equipamentos, pequena manutenção nos materiais pedagógicos, etc; ●as festas e os entretenimentos como formas agregadoras com óbvia participação também das crianças, dos avós, dos amigos e dos cidadãos; ●as saídas, os passeios, as viagens, etc, o dia das famílias na creche e pré-escola, um dia inteiro dentro das instituições de educação infantil com as crianças; ●visitas nas casas onde residem as crianças. 2.3. OS PROFISSIONAIS Serão considerados profissionais da Educação Infantil, todas a pessoas adultas que trabalham com os bebês e as crianças pequenas nas creches e pré- escolas. A Lei n. 12.014/09 altera o art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 20 1996, com a finalidade de distinguir as categorias de trabalhadores que se devem considerar profissionais da educação. Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I.professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II.trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III.trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: I.a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II. a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III.o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.” (NR) Esta lei tem por objetivo incentivar a profissionalização e valorização dos funcionários das escolas e reconhecer esses trabalhadores que possuem habilitação como profissionais da Educação. Esses profissionais, que são responsáveis pela merenda, limpeza, segurança e serviços administrativos das escolas, desempenham importante papel pedagógico no desenvolvimento educacional e na formação cidadã das crianças e, precisam ser incentivados a adquirirem o ensino médio e ingressarem em cursos de nível médio, técnico profissionalizante e/ou superiores para a área de apoio escolar, para que tenham o merecido valor na contribuição da melhoria das creches e pré-escolas. Desde 2005, a Secretaria de Educação Básica do MEC desenvolve o Curso Técnico de Formação para os Funcionários da Educação - Profuncionário, que consiste na oferta de curso de Educação a distância, em nível médio, voltado para os trabalhadores que exercem funções administrativas nas escolas das redes públicas estaduais e municipais de Educação Básica. Com a lei 12.014/2009, este programa precisa ser ampliado. Além da formação pedagógica, o Profuncionário tem módulos técnicos específicos em gestão escolar, multimeios didáticos, alimentação escolar e infraestrutura escolar. 21 2.3.1. AS PROFESSORAS E OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL Concebendo a criança como protagonista da educação infantil, as práticas pedagógicas cotidianas devem ser intencionalmente planejadas e desenvolvidas por professores(as) habilitados(as), em consonância ao que estabelece os artigos 62 e 63 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-Lei n.9394/96. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal [...]. Art.63. Os institutos superiores de educação manterão: I- Cursos formadores de profissionais paraa educação básica, inclusive o Curso Normal Superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do Ensino Fundamental[...]. Para acompanhar essas conquistas no plano legal, os vários estudos, pesquisas e práticas precisam ser agregados nos cursos de Pedagogia na busca de uma formação comprometida com as crianças e seus direitos de se constituírem como sujeitos singulares, não padronizados, homogeneizados, mas, que respeite e valorize a riqueza existente na diversidade cultural brasileira, que contribua para a construção de uma Pedagogia da Infância, centrada,. [...] na experiência da criança, no processo, e não no produto ou resultado. No perfil dessas docentes, considerando que, a professora de creche é uma professora de criança e não professora de disciplina escolar. Portanto, sem salas de aula, sem classes, sem alunos (as) (FARIA, 2009, p. 105). Considerando que a formação dos profissionais da educação não termina com a formação inicial, faz-se necessária a adoção de programas voltados para a continuidade dos seus estudos, de modo a assegurar permanentemente reflexões teóricas a partir do que acontece no cotidiano das creches e pré-escolas. É fundamental também ter-se em conta que as instituições de Educação Infantil têm duas funções indissociáveis: cuidar e educar e isso implica profissionalização, como evidencia a afirmação de Rosemberg. Para implantar este modelo de educação infantil que educa e cuida devemos, pois, afastarmos duas concepções inadequadas: a concepção de que educar é apenas instruir e alimentar a cabeça através de lições ou ensinamentos; e de que cuidar é um comportamento que as mulheres desenvolvem naturalmente em suas casas. O que estou querendo afirmar é que educar e cuidar crianças pequenas em instituições coletivas é uma habilidade profissional que 22 necessita ser aprendida e de condições de trabalho adequadas para se expressar. (ROSEMBERG, 1997, p.23) Para exercer bem sua função de cuidar e educar de forma indissociável, os professores (as) devem colocar à disposição das nossas crianças, “o legado cultural que a humanidade conseguiu construir e desafiá-las na descoberta, no conhecimento desse mundo (REDIN, 2007, p.85). Devem ainda: ●assegurar que bebês e crianças sejam atendidos em suas necessidades de saúde: nutrição, higiene, descanso e movimentação; ●assegurar que bebês e crianças sejam atendidos em suas necessidades de proteção, dedicando atenção especial a elas durante o período de acolhimento inicial e em momentos peculiares de sua vida; ●encaminhar a seus superiores, e estes aos serviços específicos, os casos de crianças vítimas de violência ou maus-tratos; ●possibilitar que bebês e crianças possam exercer a autonomia permitida por seu estágio de desenvolvimento; ●auxiliar bebês e crianças nas atividades que não podem realizar sozinhos; ●responsabilizar-se pela educação das crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, o que envolve organizar rotinas ao mesmo tempo constantes e flexíveis; ●atender às necessidades básicas e de atenção individual das crianças; ●estar disponível a escuta das crianças; ●promover situações de interação entre as crianças e entre elas e os adultos; ●organizar os ambientes acolhedores e desafiadores e rotinas, visando familiarizar as crianças com determinadas experiências de aprendizagem. 23 3.EDUCAÇÃO INFANTIL: PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA 3.1.CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL Nesta proposta, estamos considerando Educação Infantil como “lugar de encontro entre diversas experiências e práticas relacionais e educacionais” (BONOMI, 1998, p.162), constituída por crianças com idade de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos e 11 meses e adultos que pertencem a determinados contextos sócio-culturais, grupos étnicos, geracionais, etários, de gênero, de classe, escolhas sexuais... Estamos considerando ainda, como espaço de direito das crianças menores de seis anos, reconhecido pela Constituição Federal de 1988, reafirmado pelo Estatuto da Criança e do adolescente, lei n.8.069, de 13 de julho de 1990, consolidado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n.9394/96 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, conforme expresso a seguir. Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (DCNEIs, Resolução CNE/CEB, n.5/09, art. 9º). 3.2. FUNÇÕES E OBJETIVOS FUNÇÕES De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEIs), são funções sociais, políticas e pedagógicas das Instituições de Educação Infantil: I.oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; II.assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; III.possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; IV.promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; 24 V.construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa (Resolução CNE/CEB, n.5/09, artigo 7º). OBJETIVOS Garantir à criança o acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças (RESOLUÇÃO CNE/CEB, n.5/09, artigo 8º). E, para que este objetivo seja efetivado, as instituições de Educação Infantil devem prever condições necessárias para o trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos, desde que assegurem: I. a educação em sua integralidade, entendendo o cuidado como algo indissociável ao processo educativo; II. a indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural da criança; III. a participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização de suas formas de organização; IV. o estabelecimento de uma relação efetiva com a comunidade local e de mecanismos que garantam a gestão democrática e a consideração dos saberes da comunidade; V. o reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades individuais e coletivas das crianças, promovendo interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades; VI. os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças nos espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição; VII. a acessibilidade de espaços, materiais, objetos, brinquedos e instruções para as crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; VIII. a apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos indígenas, afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América; IX. o reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à discriminação; X. a dignidade da criança como pessoa humana e a proteção contra qualquer forma de violência-física ou simbólica e negligênciano interior da instituição ou praticadas pela família, prevendo os encaminhamentos de violações para instâncias competentes. 25 3.3. MATRÍCULA E FAIXA ETÁRIA: É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção. É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula. As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na Educação Infantil. A frequência na Educação Infantil não é pré- requisito para a matrícula no Ensino Fundamental. As vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências das crianças. 3.4. REGIME DE FUNCIONAMENTO Uma educação infantil de qualidade necessita de políticas públicas apoios e garantias que coloquem os adultos que lidam com as crianças pequenas em condições de realizarem, da melhor maneira possível as suas funções. Não dependem das escolhas e decisões destes adultos, está ligado a esfera de decisão e atuação e intervenção de caráter macro que devem cooperar de modo integrado para garantir o bom funcionamento das creches e pré-escolas. Dentre as garantias necessárias, apresentamos: 3.4.1. Relação numérica adulto-criança No que se refere ao padrão máximo da relação professor/criança serão respeitados ao disposto no volume 2 do Documento Parâmetro de Qualidade para a Educação Infantil (2008), Idade N. de crianças N. de professora ou professor 0 a 2 anos 6 a 8 crianças 01 3 anos 15 crianças 01 4 anos 20 crianças 01 Fonte: Parecer CNE/CEB nº 22/98, de 17/12/98 As crianças nunca deverão ficar sozinhas, tendo sempre uma professora ou um professor da educação infantil para cada grupo ou turma, prevendo-se sua substituição por uma outra professora ou outro professor de educação infantil nos intervalos para café e almoço, para as faltas ou período de licença (BRASIL, 2008,V2,p.35) 3.4.2. Horário de funcionamento 26 As instituições de Educação Infantil - creches e pré-escolas, funcionam durante o dia, em período parcial ou integral, sem exceder o tempo que a criança passa com a família. O funcionamento em tempo parcial implica o recebimento das crianças por no mínimo quatro horas por dia. O funcionamento em tempo integral implica o recebimento das crianças por até no máximo dez horas por dia. 3.4.3. O calendário O calendário letivo não precisa ater-se ao da escola de Ensino Fundamental, mas respeitar os dias de descanso semanal e os feriados nacionais, bem como garantir o período anual de férias para crianças e funcionários, conforme definição no Documento Parâmetros de Qualidade, 2008, v.2, p.35. 3.4.4. Infraestrutura Os espaços das creches e pré-escolas serão construídos e organizados para atender prioritariamente às necessidades básicas dos bebês e das crianças pequenas regularmente matriculadas: saúde, alimentação, proteção, descanso, interação, conforto, higiene e aconchego, mas também dos profissionais e familiares e/ou responsáveis pelas crianças. Devem propiciar as interações entre as crianças e entre elas e os adultos, instigar, provocar e desafiar a curiosidade, a imaginação das crianças, adequar ao uso por crianças e adultos com necessidades especiais, conforme a Lei de acessibilidade (Lei n. 10.098, de 19/12/2000). Observar o detalhamento dos parâmetros de infraestrutura no Documento Parâmetros Básicos de infra- estrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL,2005b e c). 27 4. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL Seguindo as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, 2009, esta proposta pedagógica está fundamentada nos princípios apresentados abaixo, que serão cumpridos de forma interdependente: 4.1.Princípios Éticos: da Autonomia, Responsabilidade, Solidariedade e Respeito ao Bem Comum. A ética se efetiva como ação do sujeito na coletividade, no grupo, por meio das formas de participação esperadas e permitidas às crianças; da possibilidade de se constituírem sujeitos responsáveis, autônomos, solidários, cooperativos. 4.2.Princípios Políticos: dos Direitos e Deveres de Cidadania e do Respeito à Ordem Democrática; O político se vivencia nas oportunidades de expressão, comunicação, respeito e comprometimento com o grupo, entendendo-se a relação sujeito/coletividade, bem como na acolhida de suas necessidades e interesses. 4.3.Princípios Estéticos: da Sensibilidade, Criatividade, Ludicidade e Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. A estética se experimenta nos espaços, materiais, gestos, vozes, dando visibilidade ao “que” e ao “como” é pensado e realizado com as crianças e pelas crianças, nas oportunidades que lhes são dadas de imaginar, brincar, produzir e interagir com as diferentes formas de manifestações culturais e artísticas, e de sensibilizar-se com as mesmas. 5. A INCLUSÃO COMO DIREITO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS A Educação Especial “é uma modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e destina-se às pessoas com necessidades educacionais especiais por deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação”(art. 97 da Resolução 007/2011.) Com inicio na educação infantil, deverá garantir os serviços de apoio educacional especializado para 28 crianças com essas deficiências. Apresenta como objetivo a “igualdade de oportunidades no processo educativo, tornando a escola um espaço de inclusão (art. 100 da Resolução 007/2011) Assim sendo, considerando a inclusão como direito das crianças com necessidades educacionais especiais, propõe-se: ●definição de estratégias, orientações e materiais específicos para as crianças que apresentam necessidades educacionais especiais por deficiência, transtorno global do desenvolvimento com altas habilidades/superdotação; ●formação continuada dos profissionais para atender as crianças com necessidades educacionais especiais; ●espaços e equipamentos adaptados conforme a Lei da Acessibilidade; ●o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para as crianças com deficiência auditiva; ●atendimento Educacional Especializado realizado nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra unidade de ensino. 6. O CUIDADO E A EDUCAÇÃO DE MENINOS E MENINAS DAS DIFERENTES ETNIAS É função das creches e pré-escolas provocar questionamentos sobre a diversidade e promover a ampliação do universo cultural da criança, para que reconheçam, valorizem, respeitem os meninos e meninas com suas histórias e suas culturas africanas, afro-brasileiras, indígenas e de todos os outros grupos étnicos, combatendo dessa forma ao racismo e a discriminação. 7. AS CRIANÇAS PEQUENAS DO CAMPO Os valores, crenças, modos de vida, tradições, os saberes, enfim, as práticas sociais dos meninos e meninas do campo fazem parte desta proposta, como fundamentais para a constituição de suas identidades. 29 8. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO: AS ROTINAS OU AS JORNADAS DIÁRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL As rotinas, ou a jornada diária na educação infantil são aquelas experiências de cuidado e educação que se realizam ao longo do dia e a repetição oferece para as crianças pequenas um certo domínio sobre o mundo em que vive e oferece a elas segurança, isto é, a possibilidade de antecipar algumas situações (BARBOSA, 2010). O tempo em que as crianças permanecem nos espaços coletivos das creches e pré-escolas precisam ser intencionalmente planejados, organizados pelos professores e professoras visando a familiarização dos bebês e das crianças pequenas com determinadas experiências de aprendizagens. A seguir faremos uma compilação e reflexão de vários momentos importantes da rotina na Educação Infantil. 8.1.A INSERÇÃO DOS BEBÊS E DAS CRIANÇAS PEQUENAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL O momento de inserção, isto é, da “gradual ambientação da criança ao novo contexto, é um momento crucial que coloca em jogo as capacidades de planejamento e os recursos humanos de todos os indivíduos que trabalham em uma turma da creche” (BONDIOLI, 2012, p.37), e também em turmas de pré-escola. Este período demanda das professoras, professores, gestores e gestoras uma atenção especial com as famílias e/ou responsáveis pelas crianças, possibilitando, até mesmo, a presença de um representante destas nas dependências da instituição” (Documento Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil, Volume 2, 2008, p. 320) Para este momento que deve ser intencionalmente planejado, apresentamos algumas ideias e sugestões: ●Entrevistar os familiares das crianças, no momento da matrícula; ●Realizar com as famílias uma visita nos ambientes da creche e pré-escola, apresentando os funcionários (as) e os ambientes; ●Compartilhar os dados coletados com o professor e demais educadores da sala, antes da chegada da criança; ● Agendar reunião com os pais das crianças novas, antes do início das atividades letivas; ●Conversar sobre a concepção que temos de criança, de currículo e de educação infantil; ●Apresentar para as famílias a Proposta Pedagógica da Educação Infantil; ●Esclarecer em qual grupo a criança será inserida, a quem será confiada a responsabilidade de buscar a criança; 30 ●Conversar sobre as normas de funcionamento da creche e da pré-escola; ●Combinar o processo de inserção: período do tempo de permanência das crianças; presença de alguém da família à qual a criança seja fortemente apegada, o tempo necessário no ambiente da creche e pré-escola; ●Construir um ambiente estável e agradável para recepcionar as crianças e seus familiares nos espaços das creches e pré-escolas; ●Estabelecer uma relação de confiança com a criança por meio do olhar, da oferta de um objeto; ●Articular com os familiares a elaboração do Projeto Político e Pedagógico da instituição; ●Marcar encontros com os familiares respeitando principalmente os horários das famílias que trabalham fora de casa; ●Criar um Conselho de Escola e incentivar as famílias a participarem, para debaterem a aplicação dos recursos financeiros, a compra de materiais pedagógicos e as estratégias adequadas para a superação dos mais variados problemas relacionados com o dia a dia da instituição; ●Propor debates sobre as questões sociais e culturais mais presentes no cotidiano da comunidade; ●Promover festas e comemorações e uma forma descontraída de estreitar o vínculo, assim como as atividades esportivas e culturais. As festas não devem ser as únicas oportunidades para contar com a presença de pais, mães e responsáveis na Instituição de Educação Infantil. No entanto, elas são ótimas chances para criar uma relação mais próxima e conversar sobre as crianças; Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg, em documento denominado Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças, publicado pela Secretaria de Educação Básica - SEB/MEC, EM 2009, dentre vários direitos das crianças, apresenta o direito a uma especial atenção durante seu período de adaptação à creche que deverá ser perseguido por todos aqueles (as) que cuidam e educam as crianças pequenas. ●As crianças recebem nossa atenção individual quando começam a frequentar a creche? ●As mães e os pais recebem uma atenção especial para ganhar confiança e familiaridade com a creche? ●Nossas crianças têm direito à presença de um de seus familiares na creche durante seu período de adaptação? ●Nosso planejamento reconhece que o período de adaptação é um momento muito especial para cada criança, sua família e seus educadores? ●Nosso planejamento é flexível quanto a rotinas e horários para as crianças em período de adaptação? ●Nossas crianças têm direito de trazer um objeto querido de casa para ajudá-las na adaptação à creche: uma boneca, um brinquedo, uma chupeta, um travesseiro? ●Criamos condições para que os irmãozinhos maiores que já estão na creche ajudem os menores em sua adaptação à creche? ●As mães e os pais são sempre bem-vindos à creche? 31 ●Reconhecemos que uma conversa aberta e franca com as mães e os pais é o melhor caminho para superar as dificuldades do período de adaptação? ●Observamos com atenção a reação dos bebês e de seus familiares durante o período de adaptação? ●Nunca deixamos crianças inseguras, assustadas, chorando ou apáticas, sem atenção e carinho? ●Nossas crianças têm direito a um cuidado especial com sua alimentação durante o período de adaptação? ●Observamos com cuidado a saúde dos bebês durante o período de adaptação? 8.2. O ACOLHIMENTO DOS BEBÊS, DAS CRIANÇAS PEQUENAS E DE SEUS FAMILIARES: O MOMENTO DA ENTRADA. Cotidianamente, os bebês e as crianças pequenas devem readaptarem-se nos espaços coletivos da Educação Infantil, separando-se das pessoas queridas, além disso, deve deixar as brincadeiras e as pessoas queridas destes espaços para voltar para casa. A qualidade das práticas pedagógicas desenvolvidas nos espaços coletivos das creches e pré-escolas, devem incidir também na capacidade de tornar profícua a transição entre esses ambientes e a casa, por meio da “preparação de situações acolhedoras desde a chegada até a saída” (BANDIOLI, GARIBOLDI, 2012, p.23). Algumas ideias e sugestões: ●Dinâmica com balões: distribuir balões para as crianças e deixar que encham de forma autônoma. Para as crianças que não realizam essa atividade sozinhas, deverão contar com a ajuda da professora. Após os balões cheios, pintar o rosto bem alegre em cada um deles, exceto o da professora que será pintado com um rostinho triste. Ao som da música Super - fantástico, da Turma do Balão Mágico, cada criança deverá jogar o seu balão em diferentes direções, sem deixá-lo cair. Após a realização dessa brincadeira, chamar a atenção para o balão da professora que estava com o rosto triste e o que cada uma poderia fazer para deixa-lo feliz igual aos outros. ●“A ÁRVORE DA AMIZADE”- enfeitar um galho seco de árvore, para decoração da sala, com envolvimento das crianças e seus familiares. No dia anterior à atividade, deixar os TO QUASE CONSEGUINDO 32 enfeites que vão compor a árvore e o galho na sala, antes das crianças chegarem com seus familiares. Os materiais escolhidos podem ter texturas, tamanhos, cores e formas as mais variadas. Aproveitar tampas plásticas, fitas de cetim, retalhos de feltro e alguns elementos da natureza tais como, as flores do pinheiro, sendo estas as preferidas das crianças. Acolher as crianças com um CD infantil e convidar a todos para pegarem um enfeite e com seus filhos (as) ajudarem a decorarem a nossa árvore da amizade. ●Assim que as crianças forem chegando na sala de atividades, vão escolhendo retalhos de TNT, aleatoriamente. Nomear a cor escolhida por cada criança e, convidá-las para movimentarem o seu “paninho” para cima, para baixo, para frente, para trás e arrastar no chão. Após todos movimentarem bastante os “paninhos”, fazer uma rodinha e juntos amarrarem as suas pontas fazendo uma corrente com eles. Essa corrente deverá ser utilizada para possibilitar os deslocamentos das crianças nos diferentes espaços do CMEI, fazendo um trenzinho. Com a corrente pronta, as crianças poderão criar diferentes atividades com elas, movimentando-a de forma autônoma. ●Recepcionar as crianças trajadas de Emília, do “Sítio do Pica-pau Amarelo” e observar suas reações. ●Construir com as crianças barquinhos de papel e no dia seguinte acolhê-las com uma bacia cheia de água para realização de suas brincadeiras. 33 ●Colocar as fichas com os nomes das crianças no centro da rodinha e solicitar que as crianças ao chegarem, localizem o seu nome. Deixaras crianças falarem livremente sobre a história de seu nome: a escolha do nome. ●Acolher as crianças fantasiada (o), distribuir fantasias para elas também e realizar um desfile em seguida. ●Acolher as crianças e seus familiares cantando, contando histórias e dramatizando. ●Convidar pessoas da comunidade que tocam violão, baixo, guitarra, para acolherem as crianças e seus familiares. 34 ●Olha o Caracol”- organizar um caracol e todas as turmas e familiares entrarão na escola em forma de caracol ● “Bumba-meu-boi”- cantar a música Bumba- meu-boi, de autoria do compositor “Jackson do Pandeiro” para todas as turmas do CMEI. ●Na hora da entrada, colocar a caixa mágica com várias coisas dentro dela guardadas como: letras, figuras geométricas, números, etc. E deixar as crianças brincarem à vontade. Em seguida, na roda de conversa, enquanto a caixa vai passando de mão em mão, cantar a música com elas: PASSA ,PASSA ,PASSA A CAIXA , PASSA A CAIXA SEM PARAR SE VOCÊ FICAR COM A CAIXA O SEU NOME VOU FALAR!!!! 35 ●Recepcionar crianças e seus familiares com a música Polegares. Colocar as famílias de frente para as crianças e, ao som da canção Polegares, dramatizar a música. Ao término, as crianças devem se abraçar. MÚSICA: Polegares Polegares, polegares, Onde estão, onde estão? Eles se saúdam, eles se saúdam, E se vão... ●Recepcionar crianças e seus familiares com a música “Boa Tarde coleguinha!”. Em seguida, as famílias deverão pegar uma ficha com o nome de um (a) criança e ler para seu(a) filho(a). Juntos deverão encontrar a criança cujo nome está na ficha e dar um forte abraço nela. Cantiga Boa Tarde coleguinhas, como vai? Boa Tarde coleguinhas, como vai? Faremos o possível, Para sermos bons amigos Boa Tarde, coleguinha, como vai? ●Recepcionar crianças e seus familiares com chapéus confeccionados com jornal, construídos no dia anterior com as crianças. Brincar de tirar e por o chapéu. Realizar a dança do chapéu. ●Na chegada, convidar os adultos para sentarem-se no tapete para brincarem com as crianças. Retirar de dentro da caixa surpresa, gravuras o animal apresentado. ●Acolher as crianças e seus familiares com o passeio de trem. 36 ●Que bicho é esse? Envolver a criança num clima de acolhimento prazeroso, com segurança, respeito, atenção, carinho, afeto e cuidado. Despertar a curiosidade : Hoje temos um visitante , quem será ? Quem será ? Feche os olhos , passe as mãos , como ele é ? Quais as suas características? Hoje vamos receber um visitante diferente : a calopsita . A turma escolheu um nome para a calopsita : Pocoyo. ●Acolher as crianças cantando: - Como vai? _____________ como vai? A criança responde: Legal! Faremos o possível para sermos bons amigos como vai? _____________ como vai? Todos repetem os comandos: Mão na boca, na cabeça Na orelha e no dedão do pé Dá uma rodadinha Três pulinhos, de um abraço no seu amiguinho. Depois ir dizendo outros comandos como: de uma boa tarde para o seu amiguinho Mande um beijinho para seu amiguinho, e por ultimo vamos sentar no seu lugarzinho. ●Acolher as crianças com a mala surpresa. Dar dicas para adivinharem o que contêm nela. ● Colocar vendas nas crianças e, deixar que entrem na sala e caminhem por ela utilizando outros órgãos dos sentidos. Com esta brincadeira, é possível explorar lateralidade, noção de espaço, além de questões como respeito, companheirismo, etc. ●Brincar de ”Espanta preguiça”- na acolhida, convidar as crianças para se soltarem, pularem até a preguiça ir embora. 37 ●As brincadeiras de roda também devem fazer parte da rotina de acolhimento das crianças. Ao chegarem, convide-as para brincarem de roda. ●Levar para sala uma sacola com os objetos (fantoches, carrinhos, pedaços de tecido, livros, fotos e outros materiais). Deixar as crianças descobrirem o que contem nela, por meio do tato. . 8.3. RODA DE CONVERSA A roda de conversa é uma atividade permanente que possibilita a exteriorização de preferências, desejos, sentimentos e emoções de meninos e meninas, que encontram-se nas creches e pré-escolas. É na rodinha da conversa que, entre outros assuntos, planejamos os nossos momentos; inicialmente é realizado por nós e apresentado ao grupo, mas gradativamente vai sendo feito junto com as crianças. Essa deve ser uma atividade diária que pode acontecer em diferentes situações, como por exemplo, após a contação de histórias, antes e após o lanche, quando situações surgem e precisam ser resolvidas, conflitos que precisam ser geridos, decisões que precisam ser tomadas ou ideias mais complexas precisam ser discutidas. A roda de conversa pode ser realizada na sala de atividades, mas também, pode acontecer no pátio, no parquinho, embaixo de uma árvore ou outro local que acomode bem as crianças. Objetivos: ●Diferenciar os momentos de falar e escutar; ●Saber ouvir e falar; ●Expor suas ideias com clareza e autonomia; ●Ouvir as ideias das outras crianças e adultos; ●Ampliar o vocabulário; ●Tomar decisões conjuntas; ●Escutar os participantes; 38 ●Falar para todos ouvirem; ●Respeitar a vez de falar; ●Direcionar a fala para todas as pessoas da roda e não só para a professora; ●Respeitar as opiniões apresentadas. Algumas ideias e sugestões: ●Caixa surpresa: pedir aos familiares que enviem uma caixa de sapatos enfeitada de casa. Antes de iniciar a atividade, cole o espelho no fundo de cada caixa. Reúna as crianças em círculo e entregue a cada uma sua caixa. Primeiro, peça a elas que apenas segurem enquanto comenta as diferenças entre as caixas. Fale das cores, dos desenhos, dos enfeites, etc, e avise, ao abrirem a sua caixa vocês encontrarão uma surpresa. A primeira “surpresa” será a criança se ver dentro da caixa, refletida no espelho. Mantenha o espelho na caixa e, a partir da segunda vez, cada uma deve ter algo diferente, como maquiagem, escova de cabelo, saches ou outros objetos. Após abrirem a caixa, deixe que elas se enfeitem à vontade. ●Hoje é dia de novidade: espalhe almofadas pelo chão para a sala ficar aconchegante e coloque as crianças sentadas sobre elas. Os bebês também podem entrar na roda, acomodados em assentos próprios. Inicie a brincadeira dizendo à turma que você trouxe uma caixa cheia de surpresas. Abra-a e tire de dentro dela um objeto por vez, mostrando as várias possibilidades de manuseio, as cores e os desenhos. Essa mediação é fundamental para despertar o interesse das crianças; ●Em rodinha, proponha cada dia para as crianças temas interessantes:-uma pergunta instigante; uma história conhecida;-um problema que leve à criação de soluções; um assunto que demanda opiniões; ●Formule algumas perguntas sobre aspectos que precisam ser considerados na hora da conversa: por que é importante fazer silêncio quando alguém fala? O que ocorre se isso não acontece? ●Leve para a roda materiais que favoreçam conversas e a troca de opiniões, como reproduções de obras de arte, fotos ou outro material; ●Leve para a roda de conversas diferentes gêneros textuais; ●Sugerir, comentar filmes, livros de histórias; uma brincadeira de rua ●Falar sobre o que mais gostaram do que aconteceu durante o dia; ●Discutir e organizar atividades; ●Construir o “Baú da Leitura”: cobrir uma caixa ou um caixote de papel ou tecido e enfeitá-lo conforme o gosto do(a) professor(a) e das crianças. Enchê-lo com os diferentes gêneros textuais e explicar que aquele será o “Tesouro da turma”; ●Em rodinha cante músicas dos nomes: Exemplos de músicas que você pode incluir os nomes das crianças: “Se Eu Fosse um Peixinho”, “A Canoa Virou”, “Ciranda, Cirandinha” e “Fui ao Itororó”. 39 ●Em rodinhas faça os bonecos (as) (fantoches)conversarem com cada criança. Você pode fazer algumas perguntas: quem trouxe você para a escola hoje?- Você tem amigos? Quem são?- Você já brincou no parque?- Você já tomou lanche? Você escova os dentes? E gosta de escová-los? ●Cuidado com a boneca: Proponha que cada um pegue uma boneca e cuide dela como se fosse sua filha. Os pequenos devem dar banho, trocar fralda e fazer carinho. Na roda de conversa dialogar sobre o que acharam dessa atividade; ●Com as crianças em rodinha, disponibilizar em uma cesta de vime, alguns elementos da natureza, tais como: folhas secas de diferentes tamanhos e formas, flor de pinheiro e gravetos. Em rodinha, apresentar a surpresa do dia: a cesta de vime. Deixar as crianças manusearem e criarem suas brincadeiras de forma autônoma com os materiais da cesta. Também pode ser aproveitado os materiais da cesta para realizarem atividades dirigidas. Ex: com as folhas secas e os gravetos da cesta, e diferentes suportes, permita que as crianças criem suas produções artísticas. ●Levar para sala a “Mala Divertida”, com os personagens do Sitio do Pica Pau Amarelo. Ir dando dicas para as crianças adivinharem o que contem nela. Ao abrir, quanta surpresa!!! ●Que tal uma surpresa? O que será que tem dentro desta caixa? Ir dando pistas e deixar que as crianças adivinhem. O QUE SERÁ???? EU ACHO QUE SEI O QUE É!!!!! 40 ●Realize roda de conversa em outros espaços da creche e ou da pré-escola. Em rodinha, conversar sobre a entrada das crianças na Escola do Ensino Fundamental: “O que vocês esperam encontrar na nova escola”? Após a rodinha, realizar visita em uma escola do Ensino Fundamental. ●Com as crianças em rodinha, no pátio externo, realizar as conversas a partir das questões: “ O que vocês acham que está faltando para a nossa escola ficar mais bonita”? _ “ O que precisamos para que a nossa escola fique enfeitada. Deixar que as crianças falem uma de cada vez e anotar suas opiniões. Tendo as crianças como protagonistas neste cenário histórico e cultural, transforme os espaços, tornando-os mais aconchegantes. ●Mamãe tem cartinha para você: distribua uma folha de papel e canetas hidrográficas para cada criança e peça que faça uma cartinha aos seus familiares. Quando todas terminarem os desenhos, chame uma por uma e pergunte a quem a mensagem é endereçada e o que ela deseja comunicar. Escreva o que a criança disser na mesma folha usada por ela. É importante perguntar se ela quer entregar a carta à pessoa apontada. Em caso positivo, coloque-a em um envelope e oriente a criança a entregá- la ao chegar em casa. Caso contrário, guarde o desenho com as demais atividades; ●Conversar com as crianças em rodinha sobre o folclore e suas lendas, incluindo a lenda do Bumba-meu-boi e a lenda do Saci Pererê. Ouvir as histórias contadas pelas crianças. ●Conversar com as crianças sobre as profissões. Pedir que falem sobre as profissões que conhecem. ●Com as crianças em rodinha, distribuir chocalhos confeccionados com dois copos descartáveis com grãos de arroz. Com este material selecionar com as crianças algumas músicas que deverão ser cantadas com o acompanhamento do chocalho. ●-Na roda de conversa realizar o sorteio da criança que levará a “Mala da Leitura” para casa. No dia seguinte, novamente em rodinha a criança deverá apresentar o seu desenho, recontar a história e falar de como foi a experiência de levar a mala para 41 casa. Nesta mala, deve conter um livro de história (escolhido pelas crianças); lápis cera; lápis de cor, caderno de registro, dentre outros materiais. ●Distribuir fichas com os nomes das crianças no centro da rodinha e deixar que elas reconheçam o seu nome, o nome dos colegas da turma e conversem entre eles. ●No centro da rodinha, colocar a “caixa de surpresas”, com vários brinquedinhos e deixar que as crianças retirem aquele de sua preferência e deixar que fale sobre ele. ●Vamos brincar de chuvinha? Em rodinha, coloque várias revistas e jornais e deixe as crianças manipularem e realizarem suas leituras, mesmo que ainda de forma não convencional. Convide-as para fazerem um monte de papel rasgado e picado por elas. Em seguida, convide-as para brincarem de chuvinha, jogando tudo para o alto. Vai ser uma festa! Depois, o papel picado pode ser aproveitado em colagens ou modelagem de bonecos. ●Vamos brincar com os adultos que estão em nossa sala? Decore o ambiente com os panos. Coloque uma música e peça para os adultos se sentarem em rodinha. Conduza a brincadeira, dando algumas orientações: vamos rolar a bola para a criança? Vamos imitar um animal? Qual? Vamos brincar com os fantoches? Vamos ler um livro para a criança? ●Revelando os sentimentos: desenhe na cartolina várias carinhas com expressões faciais que demonstrem sentimentos de tristeza, alegria, raiva, medo, susto etc. Deixe algumas em branco para nomear um sentimento que apareça no decorrer da brincadeira. Convide os adultos juntamente com as crianças para apontar a que mais revela a maneira como eles se sentem naquele momento e a explicar os motivos daquela sensação. ● A partir de uma música cantada (a casa), apresentar as crianças um livro contendo a sequência de imagens da mesma. À medida que for passando as páginas e mostrando as cenas as crianças devem continuar a música. Deixar as crianças manusearem o livro e repetir a atividade com elas fazendo a apresentação do livro. 42 8.4. HIGIENIZAÇÃO: UMA NECESSIDADE DE MENINOS E MENINAS A higienização, outra atividade da rotina, é uma oportunidade de promover a autonomia dos bebês e das crianças pequenas, levando em consideração que deve ser proporcionada a eles a possibilidade de fazerem sozinhos, ou com pouca intervenção do adulto. Após a alimentação, a higienização é uma outra atividade da rotina, uma necessidade e direito das crianças pequenas. Campos e Rosemberg (2009), no documento da SEB-MEC, “Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças”, apresentam este direito, afirmando: ●Nossas crianças têm direito de manter seu corpo, cuidado, limpo e saudável. ●Nossas crianças têm direito a banheiros limpos e em bom funcionamento. ●O espaço externo da creche e o tanque de areia são limpos e conservados periodicamente de forma a prevenir contaminações. ●Nossas crianças têm direito à prevenção de contágios e doenças. ●Lutamos para melhorar as condições de saneamento nas vizinhanças da creche. ●Acompanhamos com as famílias o calendário de vacinação das crianças. ●Acompanhamos o crescimento e o desenvolvimento físico das crianças. ●Mantemos comunicação com a família quando uma criança fica doente e não pode frequentar a creche. ●Procuramos orientação nos serviços básicos de saúde para a prevenção de doenças contagiosas existentes no bairro. ●Procuramos orientação especializada para o caso de crianças com dificuldades físicas, psico-afetivas ou problemas de desenvolvimento. ●Sempre que necessário encaminhamos as crianças ao atendimento de saúde disponível ou orientamos as famílias para fazê-lo? ●O cuidado com a higiene não impede a criança de brincar e se divertir. ●Damos o exemplo para as crianças, cuidando de nossa aparência e nossa higiene pessoal? (CAMPOS e ROSEMBERG, 2009, p.19). Para que esta rotina possa despertar o interesse das crianças e ser assimilada como um hábito, faz-se necessário a intervenção educativa, propondo diariamente para as crianças o cuidado de si. Para os bebês, a higienização ocorre no momento do banho, da troca da fralda e da roupa, da higienização bucal, da interação com o adulto e do reconhecimento do seu corpo. Para as crianças maiores é o tempo/espaço de lavar as mãos, o rosto de fazer a higienização bucal e de trabalhar o cuidado do seu corpo. 8.4.1. A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS A higiene das mãos “constitui-se um recurso simples e eficiente entre as atitudes e procedimentos básicos para
Compartilhar