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Educacao_Infantil

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1 
 
 
2 
 
A DOCUMENTAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DAS CRECHES E PRÉ-
ESCOLAS: A PROPOSTA PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE CARIACICA 
EM CONSTRUÇÃO 
 
ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO 
Gestão 2009-2012 
 
REVISÃO E PUBLICAÇÃO 
Gestão 2013-2016 
 
Prefeito 
Geraldo Luzia de Oliveira Junior 
 
Vice Prefeito 
Bruno Polez 
 
Secretário Municipal de Educação 
Saulo Andreon 
 
Subsecretária para Assuntos Pedagógicos 
Patrícia Gomes Rufino Andrade 
 
 
Subsecretário para Assuntos Administrativos 
Alberto Mollo 
 
 
CEI - Coordenação de Educação Infantil 
Waleska Maria Costa Betini – Coordenadora 
Elizângela de Deus Gonçalves – Técnica 
Márcio Fernandes de Oliveira – Técnico 
Terezinha Lyra Poltronieri – Técnica 
 
 
CONSULTORIA 
Rosali Rauta Siller 
Doutora em Educação-UNICAMP 
 
 
 
3 
 
GRUPO DE TRABALHO- GT DA CRIANÇA PEQUENA QUE PARTICIPOU DA 
CONSTRUÇÃO DESSE DOCUMENTO 
 
N NOME CMEI FUNÇÃO 
1. Ana Maria dos Santos Erenita R. Trancoso MAPP 
2. Ana Paula M. S. Duarte Maria Jardelina MAPA 
3. Antonieta Schimiter COMEC MAPP 
4. Aparecida O. P. Guimarães Julio Coutinho MAPA 
5. 
Arlete Silva Gonçalves 
Seixas D. João Batista MAPA 
6. Carmem Lúcia Gouvêa Ana Lúcia Ferreira MAPP 
7. 
Cinthya Neumann Berger 
Coelho Maria Aparecida Lacerda Moura MAPA 
8. Cristina Gonçalves dos Santos Maria Raquel do Nascimento MAPA 
9. Daniella Paiva da Silva Rosalina Marques MAPA 
10. Diana dos Santos Silva Wilson Alves MAPA 
11. Dulcinéa Dornelas Silva Vinicius de Moraes MAPP 
12. Elenice Palaoro Jacy Pereira MAPP 
13. Eleny Silva Dias Princípio do Saber MAPA 
14. 
Eliane Maura Littig 
Milhomem Freitas 
SEME – E. Fundamental MAPP – Técnica da 
CEF 
15. Elisângela Maria de Jesus José Luiz Araújo MAPA 
16. Elizângela de Deus Gonçalves 
SEME – Coord. Educação Infantil 
(CEI) 
MAPA – Técnica da 
CEI 
17. Ely Mattos Fé e Alegria MAPP 
18. Fabíola Dalgobo Rodrigues Oliveira SEME MAPP 
19. Fernanda Giori Smarçaro Jesus Menino MAPA 
20. Francielle C. Ribeiro Jocarly A. Cardoso Diretora 
21. Gessineia M. Brito Nunes Rafael C. Mazioli MAPA 
22. Heloísa Helena Aranha 
Rodrigues 
Larissa P. Batista MAPA 
23. Iones Valim Gonçalves Maria Inês Gurtler Coordenadora 
24. Jane Maria Pimentel Ana Lúcia F. da SIlva MAPA 
25. Jaqueline S. De Jesus Bolis Jocarly A. Cardoso MAPA 
26. Juliana Dellecrode Calenzani Teresa Tironi Martins MAPA 
27. Kelen Christian Lyrio Jaime dos Santos MAPA 
28. Kelen Leal Teixeira Abílio Luiz Fagundes MAPA 
29. Lêda Cipriano Campos Tarcílio Montanari Diretora 
4 
 
30. Leila Alves da Silva Aparecida C. C. Camilo MAPP 
31. Lessandra Maria Rocha Silvino de Paula Ramos MAPA 
32. Márcio Fernandes de Oliveira 
SEME – Coord. Educação Infantil 
(CEI) 
Psicólogo – Técnico 
da CEI 
33. Maria Auxiliadora Valim Manuel Coutinho Siqueira MAPA 
34. Maria Lucia Maciel de Carvalho de lima Cecília Meireles MAPP 
35. Maria Lucimar Carriço 
Mendonça Coelho 
D. José Mauro P. Bastos Coordenadora 
36. Maria Valdete Alves Baier Elisa Leal Bezerra MAPP 
37. Marilda Vasconcelos SEME – Educação Inclusiva MAPA - Técnica 
38. Marlene Ragazzi Emiliana Giles Bragança MAPA 
39. Nalva de M. V. Gonçalves Amélia Virgínia MAPA 
40. Patrícia Hansen B. S. Barcelos Geraldo Menegucci MAPA 
41. Paula Regina Coelho de 
Alcânctara 
Maria Ribeiro Rezende MAPA 
42. Penha Cristina Cabral Corina Serrano Mota MAPA 
43. Raphaela Firme Barbirato EMEF “Eurides Gabriel” MAPA 
44. Renata Lopes do Nascimento João Colombo MAPA 
45. Sandra Regina da Silva Altiva Belmond Campos MAPP 
46. Sheila Ramos Ivan Roberto de Souza 
Coordenadora / 
MAPA 
47. Simone Santana Caxoeiro Alzira Maria de Jesus MAPA 
48. Tânia Celi Bartelli Fonseca Darcy Rodrigues Cardoso MAPP 
49. Terezinha Barros Gomes Edmilson Varejão MAPA 
50. Terezinha Lyra Poltronieri SEME – Coord. Educação Infantil (CEI) 
MAPA – Técnica da 
CEI 
51. Vera Lúcia F. Ferreira Souza Benedito Ribeiro de Almeida MAPA 
52. Waleska Maria Costa Betini 
SEME – Coord. Educação Infantil 
(CEI) 
MAPA – Técnica 
referência da CEI 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O mais importante do mundo é isto- que as pessoas não estão 
sempre iguais, ainda não foram terminadas- mas que elas vão 
sempre mudando” 
Guimarães Rosa 
 
 
6 
 
 
7 
 
8 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO_________________________________________________ 10 
1.A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CARIACICA: UM BREVE 
HISTÓRICO DOS ÚLTIMOS OITO ANOS ______________________________ 12 
2. OS ATORES SOCIAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ______________________ 17 
2.1. AS CRIANÇAS ___________________________________________ 17 
2.2. AS FAMÍLIAS ____________________________________________ 17 
2.3. OS PROFISSIONAIS _______________________________________ 19 
3.1.CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL ___________________________ 23 
3.2. FUNÇÕES E OBJETIVOS ____________________________________ 23 
OBJETIVOS ________________________________________________ 24 
3.3. MATRÍCULA E FAIXA ETÁRIA: ________________________________ 25 
3.4. REGIME DE FUNCIONAMENTO ________________________________ 25 
3.4.1. Relação numérica adulto-criança ________________________________________ 25 
3.4.2. Horário de funcionamento _____________________________________________ 25 
3.4.3. O calendário ________________________________________________________ 26 
3.4.4. Infraestrutura _______________________________________________________ 26 
4. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ________________ 27 
4.1.Princípios Éticos: __________________________________________ 27 
4.2.Princípios Políticos: ________________________________________ 27 
4.3.Princípios Estéticos:. _______________________________________ 27 
5. A INCLUSÃO COMO DIREITO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES 
EDUCACIONAIS ESPECIAIS ________________________________________ 27 
6. O CUIDADO E A EDUCAÇÃO DE MENINOS E MENINAS DAS DIFERENTES 
ETNIAS ________________________________________________________ 28 
7. AS CRIANÇAS PEQUENAS DO CAMPO _____________________________ 28 
8. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO: AS ROTINAS OU AS JORNADAS 
DIÁRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL __________________________________ 29 
8.1. A INSERÇÃO DOS BEBÊS E DAS CRIANÇAS PEQUENAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 ________________________________________________________ 29 
8.2. O ACOLHIMENTO DOS BEBÊS, DAS CRIANÇAS PEQUENAS E DE SEUS 
FAMILIARES: O MOMENTO DA ENTRADA. ___________________________ 31 
8.3. RODA DE CONVERSA ______________________________________ 37 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 38 
8.4. HIGIENIZAÇÃO: UMA NECESSIDADE DE MENINOS E MENINAS __________ 42 
8.4.1. A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS ___________________________________________ 42 
8.4.2. A HIGIENIZAÇÃO DOS DENTES _________________________________________ 43 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 44 
9 
 
8.4.3. O MOMENTO DO BANHO ______________________________________________ 46 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 46 
8.5. A TROCA DE FRALDAS__________________________________________________ 47 
8.6. O MOMENTO DE ALIMENTAÇÃO _______________________________ 47 
Algumas ideias e sugestões _________________________________________________ 50 
8.7. O MOMENTO DO PARQUINHO/ BRINCADEIRAS EXTERNAS_____________ 53 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 54 
8.8. O SONO E/ OU REPOUSO ___________________________________ 56 
8.9. ATIVIDADES DE FAZ-DE-CONTA _______________________________ 57 
8.10. O MOMENTO DE REENCONTRO COM AS FAMÍLIAS: A SAÍDA __________ 58 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 59 
9. AS RELAÇÕES, AS BRINCADEIRAS E AS LINGUAGENS: EIXOS 
ARTICULADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO _______________________ 60 
AS RELAÇÕES ______________________________________________ 61 
AS BRINCADEIRAS ___________________________________________61 
AS LINGUAGENS ____________________________________________ 63 
10. SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA __________________ 65 
10.1.DESCOBERTA DE SÍ MESMO E DO OUTRO IDENTIDADE E AUTONOMIA ___ 65 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 66 
10.2. LINGUAGEM MATEMÁTICA __________________________________ 70 
Sistema de Numeração: ____________________________________________________ 71 
Espaço, forma, cores, espessura, tamanho, textura ______________________________ 74 
Algumas ideias e sugestões _________________________________________________ 78 
10.3.LINGUAGEM MUSICAL: POR UMA “PEDAGOGIA DO DESPERTAR” ________ 79 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 82 
♪Músicas tradicionais da infância _____________________________________________ 84 
10.4-A LINGUAGEM DA FOTOGRAFIA E DO CINEMA ____________________ 94 
Algumas ideias e sugestões: _________________________________________________ 95 
10.5. LINGUAGEM CÊNICA ______________________________________ 98 
10.6. LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ______________________________ 100 
10.7. LINGUAGEM POÉTICA E LITERATURA _________________________ 104 
10.8. LINGUAGEM DAS ARTES: DESENHAR, PINTAR, MODELAR, IMAGINAR, CRIAR, 
PRODUZIR, SONHAR... _______________________________________ 111 
Outras sugestões: ________________________________________________________ 116 
10.9. LINGUAGEM DA NATUREZA E SOCIEDADE ______________________ 121 
Algumas ideias e sugestões: ________________________________________________ 122 
10.10. CORPO EM MOVIMENTO _________________________________ 131 
11. AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ___________________________ 137 
REFERÊNCIAS _________________________________________________ 139 
 
10 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
Este documento que ora colocamos à disposição de todos os profissionais da 
Educação Infantil, representa um processo amplo de estudos, discussões, escritas e 
reescritas que se efetivou por meio de um Programa Escola em Ação instituído pela 
Secretaria Municipal de Educação de Cariacica, na gestão de 2005/2012. 
Por meio deste Programa e, em seguida pela Gerencia de Ensino, a Secretaria de 
Educação de Cariacica pautou suas ações no desenvolvimento da meta de 
“Melhoramento da Educação do Município de Cariacica, que teve como finalidade 
“promover a convergência das ações pedagógicas”. Essa meta, a partir do ano de 
2007, foi desdobrada em quatro submetas, quais sejam: 
●Dar continuidade aos estudos iniciados em 2006 focando concepções e 
procedimentos pedagógicos e avaliação escolar; 
●Fomentar entre as unidades de ensino a construção das diretrizes curriculares; 
●Garantir e sistematizar discussões e elaborações do currículo nas unidades de 
ensino; 
●Iniciar a formalização do documento síntese das discussões sobre currículo 
realizadas nas unidades escolares. 
Pautadas nessas orientações, as equipes que compõem o Programa Escola 
em Ação, constituídas por representantes do Ensino Fundamental, Educação Infantil, 
Educação de Jovens e Adultos, Educação Inclusiva, Tecnologia Educacional e Inspeção 
Escolar atuaram junto às escolas fazendo a mediação necessária para que o processo 
de interlocução captasse dados necessários à formulação de referenciais a serem 
estabelecidos para educação básica do município. 
Para a documentação de todos os dados coletados ao longo destes anos, bem 
como estudar e debater questões relacionadas a ação pedagógica, foi constituído pela 
Secretaria Municipal de Educação um Grupo de Trabalho, denominado GT- educação 
da criança pequena, que contou com uma Consultoria. Este GT, entre os meses de 
setembro, outubro e novembro participou de um projeto de formação continuada, com 
uma carga horária de 56h, organizado em seis módulos, por meio de palestras, relatos 
de experiências, construção de materiais pedagógicos e documentação da prática 
pedagógica, além das atividades não presenciais. 
Nos encontros presenciais foram feitas as discussões teóricas que 
sustentavam as práticas pedagógicas, com ênfase nas temáticas: a relação docente e 
crianças na educação infantil; a organização dos ambientes e o uso dos tempos; as 
rotinas ou a jornada diária nas creches e pré-escolas: o acolhimento das crianças e de 
seus familiares; roda de conversa; alimentação; higienização; o uso do parquinho; 
brincadeiras externas espontâneas e dirigidas; os momentos do sono/repouso; o 
momento de acordar; a hora da saída; o fortalecimento da relação com as famílias na 
gestão da proposta pedagógica; as linguagens; avaliação na educação infantil. 
11 
 
 Quanto às atividades não presenciais complementares, as professoras 
desenvolviam essas temáticas em suas práticas com uso de materiais pedagógicos, 
documentavam por meio de fotografias e relatórios, relatavam essas experiências nos 
encontros presenciais e entregavam essa documentação em CD para sistematização 
deste documento final. 
É possível dizer que, trazer as práticas de tantas professoras e professores, 
documentadas por este grupo de trabalho, nos permitiu refletir sobre o cotidiano das 
creches e pré-escolas, a prática de documentação exercida pelas professoras (es) e , 
repensar o processo de formação continuada dos professores que deve estar pautado 
na dialética ação-reflexão-ação. 
Esperamos que este documento possa servir de referencial para o 
desenvolvimento das ações educativas de todos aqueles e aquelas que cuidam e 
educam as crianças pequenas nas instituições coletivas de creches e pré-escolas. O 
seu aperfeiçoamento, aprimoramento exige, uma série de ocasiões de debates, 
reflexões, que devem ser sistematicamente construídas e coordenadas com a 
colaboração, compromisso e empenho de diversas pessoas e de diversos níveis de 
responsabilidades. 
 
Rosali Rauta Siller 
Doutora em Educação-UNICAMP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1.A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CARIACICA: 
UM BREVE HISTÓRICO DOS ÚLTIMOS OITO ANOS 
 
 
Durante muitos anos, o município de Cariacica foi conhecido por uma imagem 
negativa, em face dos problemas decorrentes de um processo histórico de corrupção e 
violência. A mídia local e nacional falava da precariedade existente nos diversos 
setores, destacando principalmente os problemas de infra-estrutura. 
Para reverter este quadro, em 2005, a nova gestão realiza a pesquisa 
denominada “Trabalho de caracterização da rede”. E assim, uma nova história marcada 
pela sua positividade começa a ser escrita em nosso município com a instituição de 
uma série de ações democráticas, mobilizando a população local para exercitar uma 
cidadania ativa. Dentre essas ações1 destaco principalmente a realização do concurso 
público para provimento de cargos do magistério e de outras secretarias. Também o 
gerenciamento da educação infantil no município centrou-se em questões emergenciais 
e prioritárias tal como as metas previstas no Plano de Melhoramento da Educação2, 
dentre as quais destaco: a universalização do atendimento, a promoção da gestão 
democrática da escola, a democratização do ensino, a integração escola-comunidade, 
condições mínimas de infra-estrutura física e aparelhamento das Unidades de Ensino, 
composição de quadros por meio de concursos públicos e capacitação de recursos 
humanos. Essas ações foram planejadas e monitoradas para que os resultados se 
revertessem em melhoria da qualidade na educação infantil do município. 
Vale dizer que o trabalho desenvolvido nas escolas teve como objetivo 
buscar o afastamento da compreensão de que o currículo remete ao âmbito de 
decisões concernentes a que conhecimentos devem ser ensinados, o que deve ser 
ensinado e por que ensinar este ou aquele conhecimento bem como a questões 
técnicas como: ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, planejamento, 
eficiência e objetivos, defendendo uma concepção mais ampla, a compreensão de 
currículo (ou currículo aberto) que tem a escola como espaço vivo, ativo, participativo,enfim, um espaço sociocultural que defende a universalização do atendimento escolar, 
a melhoria da qualidade do ensino (formação para cidadania ativa, democratização da 
 
1
 Também foram instituídos o Conselho Fiscal do Caixa Escolar e o Conselho de Escola 
para a implementação do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), favorecendo ainda mais 
a autonomia dos gestores e gestoras das escolas. 
 
2
 PMO, 2005/2008. A Meta 23 tem a finalidade de “Promover a convergência das ações 
pedagógicas” e como desdobramento prevê; “Dar continuidade aos estudos iniciados em 2005 
focando concepções, procedimentos pedagógicos e avaliação escolar; Fomentar entre as 
Unidades de Ensino a construção das diretrizes curriculares; Garantir e sistematizar discussões 
e elaborações do currículo nas Unidades de Ensino e Iniciar a formalização do documento 
síntese das discussões sobre o currículo realizado nas Unidades de Ensino”. 
 
13 
 
gestão escolar) alimentada por atitudes de permanentes trocas interculturais que 
sedimentam as construções curriculares que vão sendo consignadas coletivamente. 
Em relação à metodologia houve um total de vinte e sete rodas de 
conversa com todos os profissionais das escolas e suas respectivas comunidades, onde 
foi realizado o estudo do texto [Diretrizes Curriculares (versão preliminar) – 
Considerações preliminares] para definição das bases teóricas filosóficas fundantes do 
caminho a percorrer, cujo pressuposto teórico assumido foi a perspectiva histórico-
cultural. 
É importante frisar que houve o trabalho em duas frentes: a primeira foi 
feita com representação das escolas participando das “rodas de conversa” – tratou de 
questões mais gerais relativas à educação no município, cujo trabalho visou captar: O 
que de positivo está acontecendo na educação de Cariacica e que não se quer perder e 
o que ainda não acontece e que precisa vir a acontecer. O outro tratou das 
especificidades curriculares [o que saber; o que fazer e para que saber], foi realizada 
por técnicas/os da SEME, pedagogos/diretores e professores. A partir desse processo 
foram construídos os fundamentos para elaborar a proposta curricular do município, 
sendo que estes deveriam considerar nos aspectos filosóficos: a visão de homem 
histórico social, a visão interacionista sobre o conhecimento humano, a visão de 
infância como etapa de vida do sujeito e educação na infância como direito. Quanto 
aos aspectos epistemológicos, deveriam pautar-se na concepção progressista de 
educação, na visão dialética do conhecimento, apostando na teoria educacional de 
Educação Cidadã. No que diz respeito aos Aspectos axiológicos, os mesmos 
deveriam pautar-se no respeito à diversidade, na visão sistêmica, na transparência e 
ética nas relações, na responsabilidade pública e cidadania, na gestão por fatos e 
dados, na valorização de professores e funcionários, na busca de inovações, no espírito 
de coletividade, no tempo de resposta ágil, na construção da autonomia, na educação 
centrada na práxis educativa, no melhoramento contínuo e na liderança democrática. 
Esse processo ocorreu em seis etapas, a saber: Leitura e discussão do texto Diretrizes 
Curriculares: Considerações Preliminares na Reunião de Pedagogos com leitura, 
discussão e análise do texto elaborado nas escolas e encaminhamento para a SEME, 
coleta de dados do questionário: o que os educadores pensam sobre criança, 
alfabetização/letramento e o que saber, o que fazer, para que fazer no contexto da 
Educação Infantil; Síntese e compilação das ideias apresentadas a partir das 
discussões na escola, por categoria3. Coleta dos dados sobre 
Alfabetização/letramento4, no contexto da Educação Infantil, após discussão na escola 
 
3
 Concepções de: educação infantil, de criança, de currículo, de gestão, escola, organização da 
escola e dos espaços, projeto político-pedagógico, história da educação de Cariacica/interação 
escolas da rede, trabalho pedagógico/educativo, prática docente e outros enfoques que aparecem 
na análise não listados no texto. 
 
4
 Os pedagogos e pedagogas da rede municipal receberam numa reunião o seguinte 
questionário para ser discutido coletivamente com seus pares nas escolas, a fim de responder as 
indagações: Qual sua concepção de criança na educação infantil? O que é necessário para fazer 
Educação Infantil? O que você enquanto pedagogo (a) oferece de fato como referencial curricular 
aos professores da educação infantil? Escreva o que você pensa da relação entre Educação 
14 
 
e compilação dos dados. Coleta de dados sobre conteúdos – o que saber na Educação 
Infantil e Compilação dos conteúdos e Projetos desenvolvidos nas escolas em 
novembro/2007. Análise dos dados compilados e elaboração do texto preliminar: 
dezembro/2007 a janeiro/2008. Retorno para as escolas do material elaborado – 
fevereiro 2008. 
Embora a temática do currículo tivesse sido pauta em vários eventos e reuniões, 
somente em 2010, com a instalação do I Fórum Municipal de Educação Infantil houve 
a concretização da Proposta Pedagógica, bem como o aumento do calendário para os 
dias de formação em serviço. Esse evento teve como temática: O direito de aprender 
da criança pequena e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. 
Durante todo o tempo, persistimos na luta para elaborar a proposta 
pedagógica da Educação Infantil com vistas na consolidação das diretrizes da educação 
infantil do município, no sentido de alcançar resultados mais prósperos, a partir das 
metas do PMO (2009/2012) que são: 
●Desenvolver as atividades curriculares da educação infantil nos 
desdobramentos das seguintes ações: Planejar e coordenar reuniões, encontros, visitas 
técnicas, assessorias e supervisão de projetos; 
●Planejar e coordenar encontros para discussões, reflexões, grupos de 
estudos para tratar das práticas pedagógicas metodológicas; 
●Levantar demandas de cursos e eventos e participar do planejamento, 
bem como, acompanhar a execução dos mesmos5; 
 Nesse processo apontamos a necessidade de ampliar a ação do Projeto de 
assessoria e acompanhamento permanente dos casos de crianças vitimadas pela 
violência doméstica e sexual detectados nos CMEI, além dos casos de TGD 
(Transtornos globais do desenvolvimento). Outra ação pertinente a essa demanda foi o 
incentivo e ampliação do Projeto “Discutir a violência para construir a paz.” 
Em vista disso, foi preciso olhar para os espaços/tempos destinados aos 
planejamentos. A partir de 2009, os professores que atuam nesse nível de ensino, pela 
 
Infantil e Alfabetização; Qual a relação existente entre Educação Infantil x Alfabetização e 
Letramento? Você tem dúvidas em relação a Alfabetização e Letramento na Educação Infantil? 
Esse trabalho foi desenvolvido sob a coordenação de Judite Pires Torres Pereira. 
5
 “Cursos: “Avaliação na Educação Infantil” (ocorreu nos meses de junho a agosto), “Saberes e 
Práticas para Relações étnicorraciais na educação infantil” (está sendo contemplado com o curso: 
“Lei 10/639: ), “Valores e brincadeiras na educação infantil”, “Encantando e cantando com a 
narrativa e com a música” e o “Fórum de Educação Infantil“, previsto para ocorrer no dia 26/10/10. 
Palestra: “O uso das novas tecnologias na construção da identidade das crianças de zero a cinco 
anos” e Oficina: “Artes e Brincadeiras para Educação Infantil”. 
 
 
15 
 
primeira vez conquistaram o horário de planejamento, efetivado com o ingresso do 
“professor colaborador das ações pedagógicas”6. 
Os desafios enfrentados pelos educadores do município ainda são muitos, mas já 
constatamos alguns avanços desde 2005, tais como: 
 As Rodas de conversa sobre o currículo com todos os segmentos da 
rede; O Estudo do documento do MEC “Indagações sobre o currículo” em 
todas as Unidades de Ensino; 
 Instalação do I Fórum de Educação Infantil (ocorrido em Outubro de 
2010); 
 Formação Continuada por meio de cursos, palestras e oficinas; 
 Formação em Serviço realizada pelas escolas (de acordo com os 
ordenamentos legais, necessidade de cada CMEI, em consonância com a cultura local); 
 Encontro Municipal de Educação, com dois dias previstos no calendário; 
 Ampliação e Reforma das escolas da rede (de acordo com os novos 
padrões de qualidade do MEC); 
 Participação de técnicos das equipes nos Conselhos COMDCAC7, 
COMSEAS8 e no FOPEIES9. 
 Eleição para gestores, vice-diretores, coordenadores, conselho de escola 
e eleição para os conselheiros do COMEC10. 
 A partir do Fórum Municipal de Educação Infantil de 2010 foram 
ampliados os dias de formação em serviço garantindo no calendário uma média de 10 
dias anuais, bem como foi prevista na carta de princípios Cariacica, a sistematização 
das diretrizes curriculares da educação infantil do município; 
 Avaliação de perfil para os educadores que pretendem atuar na 
educação infantil (professores/as e pedagogas/os); 
 Resolução 031/200811, que garante o quantitativo de crianças por 
professor e não o quantitativo de crianças por adulto, tal como ocorre em outras 
resoluções das secretarias municipais de educação da Grande Vitória. 
 
 
Por outro lado, os desafios a enfrentar, atualmente, são: 
 
PEC 059/09 – Demanda reprimida de matrícula de 4 e 5 anos e demais faixas 
etárias; 
 
6
 Professor designado para trabalhar com as crianças no momento em que o professor regente 
está no horário de planejamento. Porém, em decorrência de uma crise orçamentária no ano de 
2010 houve uma diminuição da carga horária de 4h e 10 min. para 3 h e 30 min. 
7
 Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente. 
8
 Conselho Municipal de Segurança Alimentar. 
9
 Fórum Permanente de Educação Infantil do Espírito Santo da UFES, ligado ao MIEIB 
(Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil). Há duas técnicas que participam 
ativamente do GT Indicadores de Qualidade da Educação Infantil, proposto pelo MEC. 
10
 Conselho Municipal de Educação de Cariacica. 
11
 Fixa normas para a educação básica no sistema municipal de Ensino no município de 
Cariacica. 
16 
 
Emenda Constitucional n° 59 – altera o art. 208 da Constituição Federal e torna 
obrigatória e gratuita a educação básica, dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete anos): 
 Horário integral para as crianças de 0 a 5 anos e onze meses; 
 Recrutamento e Formação de professores com perfil para atender a 
especificidades da Educação Infantil; 
 A relação indissociável entre o cuidar e o educar com os profissionais 
que atendem a educação infantil; 
 Educação Inclusiva; 
 Dificuldade de consolidar uma equipe de trabalho; 
 Sustentar a tecnologia educacional nas Unidades de Ensino e na própria 
SEME; 
 Reconhecer na prática a criança como sujeito histórico e de direitos, 
produtora de cultura e de conhecimentos; 
 Garantir as horas previstas para planejamento para todas (os) 
professoras (es) que atuam com as crianças de 0 a 5 anos e onze meses; 
 Concretizar o projeto de Educação Física e Artes para a Educação 
Infantil investindo na formação dos mesmos para qualificar o atendimento com a 
concepção de criança defendida na Res. 05/09 do MEC; 
Atualmente a Rede municipal possui 103 unidades de ensino assim 
distribuídas:02 conveniadas e 101 próprias. Vale dizer que as que se referem à 
Educação Infantil são 44 unidades, denominadas de Centros Municipais de Educação 
InfantiI, (CMEI) sendo 01 deles conveniado, (CEI Fé e Alegria), além disso, há 01 
espaço do Ensino Fundamental que abriga turmas de quatro e cinco anos da Educação 
Infantil. Também há atualmente 11 CMEI que abrigam 49 turmas de 1º ano (do Ensino 
Fundamental). É importante citar que no corrente ano temos o seguinte quantitativo 
de alunos matriculados: 10.616 na Educação Infantil, sendo quase 30% da clientela da 
faixa etária de 0 a 3 anos e 70% com atendimento das turmas de 4 e 5 anos de idade. 
Ressalta-se que a Educação Infantil teve um crescimento histórico nos últimos 
oito anos no município de Cariacica, tanto na questão de infra-estrutura quanto de 
aumento de oferta da demanda de matrícula, conforme os dados enviados pela equipe 
nos dados da revista eletrônica Cariacica em dados. 
 
 
Waleska Maria Costa Betini 
Educação Infantil 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
2. OS ATORES SOCIAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
2.1. AS CRIANÇAS 
Nesta proposta curricular e pedagógica, tomamos como referência os 
pressupostos da Sociologia da Infância que reúne pesquisadores e pesquisadoras que 
pretendem romper com a abordagem unilateral da socialização e estudar as crianças 
“como sujeitos do processo de socialização e não como objetos da socialização dos 
adultos” (MONTANDON, 2001, p. 36). Trabalhamos com a concepção de infância como 
uma construção histórica e social, vivida por meninos e meninas, sujeitos de direitos, 
produtoras de culturas, que integram uma “categoria geracional distinta” (SARMENTO, 
2007, p. 30). 
Nessa perspectiva, essa proposta traz a criança como, 
[...] centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos 
que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, 
constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, 
deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói 
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura(DCNEIs, 
Resolução CNE/CEB, n.5/09, art. 9º). 
 
2.2. AS FAMÍLIAS 
 
A presença e o protagonismo das famílias é tão importante 
quanto a presença e o protagonismo de crianças e 
educadores” (SPAGIARI,1998,p.100). 
 
Compreendemos as creches e pré-escolas, como instituições “distintas em seus 
objetivos, mas complementares em seu atendimento e que contribuem para a 
educação da criança, na educação infantil e no seio da família” (SCHIFINO, SILLER, 
2011, p.114). Este caráter complementar à educação das famílias aparece na Lei 
9394/96, quando trata das finalidades da Educação Infantil, conforme vemos a seguir. 
 
Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem 
como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos 
de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, 
complementando a ação da família e da comunidade. 
 
Também, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação infantil, 
DCNEI/2009, em seus incisos II e III, do artigo 7º, reaparece essa 
complementariedade. 
II.assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a 
educação e cuidado das crianças com as famílias; 
III. possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e 
crianças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de 
diferentes naturezas (BRASIL, 2009,p.2). 
18 
 
 
A partir desse contexto, podemos compreender a Educação Infantil como espaço 
educativo que tem o importante papel de compartilhar, de forma indissociável, a 
educação e o cuidado das crianças pequenas com suas famílias. A ação compartilhada 
com as famílias torna-se portanto, suporte da ação pedagógica. 
Mas de que famílias estamos falando? O modelo de família “idealizada” , típica da 
família nuclear burguesa, não será a única referência nesta proposta, pois basta olhar 
para as crianças de nossas creches e pré-escolas para identificarmos as várias 
configurações de famílias: 
● famílias monoparentais, nas quais apenas a mãe ou o pai está presente; 
●os casados sem filhos/as; 
●os solteiros com filhos/as; 
●os solteiros com filhos/as que moram com os pais e mães; 
●os separados, divorciados ou viúvos, com filhos/as; 
●famílias que se constituíram por meio de novos casamentos e possuem 
filhos/as advindos dessas relações; 
●famílias extensas, nas quais convivem na mesma casa várias gerações 
e/ou pessoasligadas por parentes os mais diversos; 
●famílias com filhos/as adotivos/as, dentre outros. 
 
À medida em que os profissionais da educação infantil tratarem dessas 
configurações familiares de forma mais tolerante, as famílias se sentirão mais à 
vontade e mais aceitas em sua condição e as crianças é que ganharão, pois 
perceberão que sua família não é estranha ou, inclusive, de que não é uma “verdadeira 
família”. Vale dizer que, 
[...] o importante não é o tipo de família em que se é criado-
mais ou menos tradicional em sua composição- mas, sim, o 
tipo de relações existentes na família entre os adultos e a 
criança. portanto, não é a estrutura que importa, e sim as 
relações e as interações (PANIAGLA,2007,p.212) 
O acesso das famílias aos espaços das creches e pré-escolas deverá será 
permeado por um clima de confiança, respeito mútuo das trocas recíprocas, que 
devem se a tônica dos relacionamentos entre os diferentes adultos. 
É preciso pensar em formas variadas de participação das famílias de modo a 
atender os seus interesses que são também diversificados. As famílias precisam ter 
acesso à, 
●filosofia e concepção de trabalho da instituição; 
●informações relativas ao quadro de pessoal com as 
qualificações e experiências; 
●informações relativas à estrutura e funcionamento da 
creche ou da pré-escola; 
●condutas em caso de emergência e problemas de saúde; 
●informações quanto a participação das crianças e famílias 
em eventos especiais (RCNEI,1998,p.19). 
 
19 
 
Schifino e Siller (2011), com base nos estudos de Foni (1998), Mantovani & 
Terzi (1998), Spaggiari (1998), apresentam um rico e variado conjunto de ocasiões 
de encontros que possibilitam construir canais de comunicação com as famílias. 
●a apresentação daquilo que as crianças fazem na creche por meio de cartazes e 
filmes, contatos cotidianos nas reuniões de grupos; 
●apresentação da programação educacional e do trabalho do coletivo de educadores 
por meio de debate em assembleia com distribuição de material; 
●a presença de uma figura familiar à qual a criança seja fortemente apegada (mãe, o 
pai ou quem cuidou dela), para que ela aceite com alegria e curiosidade o novo 
ambiente e esteja disponível a estabelecer novos relacionamentos; 
●assembleia das famílias que requerem a matrícula do(a) filho(a) na creche e pré-
escola para ilustrar e discutir, se existe muita demanda e há poucas vagas 
disponíveis, discutir os critérios de seleção e admissão das crianças; 
●encontros dos docentes com as famílias no início do ano letivo, para se 
conhecerem, para visitarem juntos os espaços, para trocarem as primeiras 
informações e preocupações; 
●diálogos individuais com cada família antes do início das atividades do dia; 
●entrar todos os dias até a sala onde a sua criança está, para trocar algumas 
palavras as famílias; 
●permanência de algum membro da família nas turmas para ambientação das 
crianças, prolongando o tempo conforme as necessidades de cada criança; 
●encontro de grupos para discutir as linhas de orientação pedagógica, apresentar as 
atividades didáticas desenvolvidas, expor materiais das crianças, apresentar 
relatórios de avaliações das crianças; 
●encontro individual solicitado pela família ou proposto pelo docente para enfrentar 
problemas particulares, que permeiam aquela família, aquela criança; 
●reunião auto-administrada, de alguns pais, mães, docentes e outros adultos, 
envolvendo todas as turmas interessadas em debater e aprofundar um determinado 
tema de interesse de todos; 
●encontro com profissionais que possuem formação em uma determinada área de 
interesse da instituição para enriquecer os conhecimentos e as competências de 
todos; 
●encontros de trabalho, que são ocasiões para se contribuir de fato não somente 
com palavras, para o êxito da instituição, por meio da construção de decorações e 
equipamentos, pequena manutenção nos materiais pedagógicos, etc; 
●as festas e os entretenimentos como formas agregadoras com óbvia participação 
também das crianças, dos avós, dos amigos e dos cidadãos; 
●as saídas, os passeios, as viagens, etc, o dia das famílias na creche e pré-escola, 
um dia inteiro dentro das instituições de educação infantil com as crianças; 
●visitas nas casas onde residem as crianças. 
 
2.3. OS PROFISSIONAIS 
Serão considerados profissionais da Educação Infantil, todas a pessoas 
adultas que trabalham com os bebês e as crianças pequenas nas creches e pré-
escolas. A Lei n. 12.014/09 altera o art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 
20 
 
1996, com a finalidade de distinguir as categorias de trabalhadores que se devem 
considerar profissionais da educação. 
 
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica 
os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido 
formados em cursos reconhecidos, são: 
I.professores habilitados em nível médio ou superior para a 
docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e 
médio; 
II.trabalhadores em educação portadores de diploma de 
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, 
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com 
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; 
III.trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso 
técnico ou superior em área pedagógica ou afim. 
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de 
modo a atender às especificidades do exercício de suas 
atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e 
modalidades da educação básica, terá como fundamentos: 
I.a presença de sólida formação básica, que propicie o 
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas 
competências de trabalho; 
II. a associação entre teorias e práticas, mediante estágios 
supervisionados e capacitação em serviço; 
III.o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em 
instituições de ensino e em outras atividades.” (NR) 
 
Esta lei tem por objetivo incentivar a profissionalização e valorização dos 
funcionários das escolas e reconhecer esses trabalhadores que possuem habilitação 
como profissionais da Educação. 
Esses profissionais, que são responsáveis pela merenda, limpeza, segurança e 
serviços administrativos das escolas, desempenham importante papel pedagógico no 
desenvolvimento educacional e na formação cidadã das crianças e, precisam ser 
incentivados a adquirirem o ensino médio e ingressarem em cursos de nível médio, 
técnico profissionalizante e/ou superiores para a área de apoio escolar, para que 
tenham o merecido valor na contribuição da melhoria das creches e pré-escolas. 
Desde 2005, a Secretaria de Educação Básica do MEC desenvolve o Curso 
Técnico de Formação para os Funcionários da Educação - Profuncionário, que consiste 
na oferta de curso de Educação a distância, em nível médio, voltado para os 
trabalhadores que exercem funções administrativas nas escolas das redes públicas 
estaduais e municipais de Educação Básica. Com a lei 12.014/2009, este programa 
precisa ser ampliado. Além da formação pedagógica, o Profuncionário tem módulos 
técnicos específicos em gestão escolar, multimeios didáticos, alimentação escolar e 
infraestrutura escolar. 
 
21 
 
2.3.1. AS PROFESSORAS E OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Concebendo a criança como protagonista da educação infantil, as práticas 
pedagógicas cotidianas devem ser intencionalmente planejadas e desenvolvidas por 
professores(as) habilitados(as), em consonância ao que estabelece os artigos 62 e 63 
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-Lei n.9394/96. 
 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica 
far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, em 
universidades e institutos superiores de educação, admitida, 
como formação mínima para o exercício do magistério na 
educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino 
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade 
normal [...]. 
Art.63. Os institutos superiores de educação manterão: I-
Cursos formadores de profissionais paraa educação básica, 
inclusive o Curso Normal Superior, destinado à formação de 
docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do 
Ensino Fundamental[...]. 
 
Para acompanhar essas conquistas no plano legal, os vários estudos, pesquisas e 
práticas precisam ser agregados nos cursos de Pedagogia na busca de uma formação 
comprometida com as crianças e seus direitos de se constituírem como sujeitos 
singulares, não padronizados, homogeneizados, mas, que respeite e valorize a riqueza 
existente na diversidade cultural brasileira, que contribua para a construção de uma 
Pedagogia da Infância, centrada,. 
[...] na experiência da criança, no processo, e não no produto ou 
resultado. No perfil dessas docentes, considerando que, a professora 
de creche é uma professora de criança e não professora de disciplina 
escolar. Portanto, sem salas de aula, sem classes, sem alunos (as) 
(FARIA, 2009, p. 105). 
 
Considerando que a formação dos profissionais da educação não termina com a 
formação inicial, faz-se necessária a adoção de programas voltados para a 
continuidade dos seus estudos, de modo a assegurar permanentemente reflexões 
teóricas a partir do que acontece no cotidiano das creches e pré-escolas. É 
fundamental também ter-se em conta que as instituições de Educação Infantil têm 
duas funções indissociáveis: cuidar e educar e isso implica profissionalização, como 
evidencia a afirmação de Rosemberg. 
 
Para implantar este modelo de educação infantil que educa e cuida 
devemos, pois, afastarmos duas concepções inadequadas: a 
concepção de que educar é apenas instruir e alimentar a cabeça 
através de lições ou ensinamentos; e de que cuidar é um 
comportamento que as mulheres desenvolvem naturalmente em suas 
casas. O que estou querendo afirmar é que educar e cuidar crianças 
pequenas em instituições coletivas é uma habilidade profissional que 
22 
 
necessita ser aprendida e de condições de trabalho adequadas para 
se expressar. (ROSEMBERG, 1997, p.23) 
 
Para exercer bem sua função de cuidar e educar de forma indissociável, os 
professores (as) devem colocar à disposição das nossas crianças, “o legado cultural 
que a humanidade conseguiu construir e desafiá-las na descoberta, no conhecimento 
desse mundo (REDIN, 2007, p.85). Devem ainda: 
●assegurar que bebês e crianças sejam atendidos em suas necessidades de 
saúde: nutrição, higiene, descanso e movimentação; 
●assegurar que bebês e crianças sejam atendidos em suas necessidades de 
proteção, dedicando atenção especial a elas durante o período de acolhimento inicial e 
em momentos peculiares de sua vida; 
●encaminhar a seus superiores, e estes aos serviços específicos, os casos de 
crianças vítimas de violência ou maus-tratos; 
●possibilitar que bebês e crianças possam exercer a autonomia permitida por seu 
estágio de desenvolvimento; 
●auxiliar bebês e crianças nas atividades que não podem realizar sozinhos; 
●responsabilizar-se pela educação das crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, o que 
envolve organizar rotinas ao mesmo tempo constantes e flexíveis; 
●atender às necessidades básicas e de atenção individual das crianças; 
●estar disponível a escuta das crianças; 
●promover situações de interação entre as crianças e entre elas e os adultos; 
●organizar os ambientes acolhedores e desafiadores e rotinas, visando 
familiarizar as crianças com determinadas experiências de aprendizagem. 
 
23 
 
3.EDUCAÇÃO INFANTIL: PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO 
BÁSICA 
 
 
3.1.CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL 
Nesta proposta, estamos considerando Educação Infantil como “lugar de 
encontro entre diversas experiências e práticas relacionais e educacionais” (BONOMI, 
1998, p.162), constituída por crianças com idade de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos e 11 
meses e adultos que pertencem a determinados contextos sócio-culturais, grupos 
étnicos, geracionais, etários, de gênero, de classe, escolhas sexuais... Estamos 
considerando ainda, como espaço de direito das crianças menores de seis anos, 
reconhecido pela Constituição Federal de 1988, reafirmado pelo Estatuto da Criança e 
do adolescente, lei n.8.069, de 13 de julho de 1990, consolidado pela Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional, lei n.9394/96 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da 
Educação Infantil, conforme expresso a seguir. 
 
Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em 
creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços 
institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos 
educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças 
de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou 
parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema 
de ensino e submetidos a controle social (DCNEIs, Resolução 
CNE/CEB, n.5/09, art. 9º). 
 
 
3.2. FUNÇÕES E OBJETIVOS 
 
FUNÇÕES 
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil 
(DCNEIs), são funções sociais, políticas e pedagógicas das Instituições de Educação 
Infantil: 
I.oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus 
direitos civis, humanos e sociais; 
II.assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a 
educação e cuidado das crianças com as famílias; 
III.possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e 
crianças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de 
diferentes naturezas; 
IV.promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as 
crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a 
bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; 
24 
 
V.construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade 
comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do 
planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, 
socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e 
religiosa (Resolução CNE/CEB, n.5/09, artigo 7º). 
 
OBJETIVOS 
 
Garantir à criança o acesso a processos de apropriação, renovação e articulação 
de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à 
proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à 
convivência e à interação com outras crianças (RESOLUÇÃO CNE/CEB, n.5/09, artigo 
8º). 
E, para que este objetivo seja efetivado, as instituições de Educação Infantil 
devem prever condições necessárias para o trabalho coletivo e para a organização de 
materiais, espaços e tempos, desde que assegurem: 
 
I. a educação em sua integralidade, entendendo o cuidado como algo 
indissociável ao processo educativo; 
II. a indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, 
linguística, ética, estética e sociocultural da criança; 
III. a participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a 
valorização de suas formas de organização; 
IV. o estabelecimento de uma relação efetiva com a comunidade local e de 
mecanismos que garantam a gestão democrática e a consideração dos 
saberes da comunidade; 
V. o reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades individuais 
e coletivas das crianças, promovendo interações entre crianças de mesma 
idade e crianças de diferentes idades; 
VI. os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças nos espaços 
internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição; 
VII. a acessibilidade de espaços, materiais, objetos, brinquedos e instruções 
para as crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e 
altas habilidades/superdotação; 
VIII. a apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos 
indígenas, afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da 
América; 
IX. o reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com 
as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate 
ao racismo e à discriminação; 
X. a dignidade da criança como pessoa humana e a proteção contra qualquer 
forma de violência-física ou simbólica e negligênciano interior da instituição 
ou praticadas pela família, prevendo os encaminhamentos de violações para 
instâncias competentes. 
 
25 
 
 
3.3. MATRÍCULA E FAIXA ETÁRIA: 
 
É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de 
qualidade, sem requisito de seleção. É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de 
crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a 
matrícula. As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser 
matriculadas na Educação Infantil. A frequência na Educação Infantil não é pré-
requisito para a matrícula no Ensino Fundamental. As vagas em creches e pré-escolas 
devem ser oferecidas próximas às residências das crianças. 
 
 
3.4. REGIME DE FUNCIONAMENTO 
 
Uma educação infantil de qualidade necessita de políticas públicas apoios e 
garantias que coloquem os adultos que lidam com as crianças pequenas em condições 
de realizarem, da melhor maneira possível as suas funções. Não dependem das 
escolhas e decisões destes adultos, está ligado a esfera de decisão e atuação e 
intervenção de caráter macro que devem cooperar de modo integrado para garantir o 
bom funcionamento das creches e pré-escolas. Dentre as garantias necessárias, 
apresentamos: 
 
3.4.1. Relação numérica adulto-criança 
No que se refere ao padrão máximo da relação professor/criança serão 
respeitados ao disposto no volume 2 do Documento Parâmetro de Qualidade para a 
Educação Infantil (2008), 
 
Idade N. de crianças N. de professora 
ou professor 
0 a 2 anos 6 a 8 crianças 01 
3 anos 15 crianças 01 
4 anos 20 crianças 01 
Fonte: Parecer CNE/CEB nº 22/98, de 17/12/98 
 
As crianças nunca deverão ficar sozinhas, tendo sempre uma professora ou um 
professor da educação infantil para cada grupo ou turma, prevendo-se sua substituição 
por uma outra professora ou outro professor de educação infantil nos intervalos para 
café e almoço, para as faltas ou período de licença (BRASIL, 2008,V2,p.35) 
 
3.4.2. Horário de funcionamento 
 
26 
 
As instituições de Educação Infantil - creches e pré-escolas, funcionam durante o 
dia, em período parcial ou integral, sem exceder o tempo que a criança passa com a 
família. O funcionamento em tempo parcial implica o recebimento das crianças por no 
mínimo quatro horas por dia. O funcionamento em tempo integral implica o 
recebimento das crianças por até no máximo dez horas por dia. 
 
3.4.3. O calendário 
 
O calendário letivo não precisa ater-se ao da escola de Ensino 
Fundamental, mas respeitar os dias de descanso semanal e os feriados nacionais, bem 
como garantir o período anual de férias para crianças e funcionários, conforme 
definição no Documento Parâmetros de Qualidade, 2008, v.2, p.35. 
 
3.4.4. Infraestrutura 
 
Os espaços das creches e pré-escolas serão construídos e organizados para 
atender prioritariamente às necessidades básicas dos bebês e das crianças pequenas 
regularmente matriculadas: saúde, alimentação, proteção, descanso, interação, 
conforto, higiene e aconchego, mas também dos profissionais e familiares e/ou 
responsáveis pelas crianças. Devem propiciar as interações entre as crianças e entre 
elas e os adultos, instigar, provocar e desafiar a curiosidade, a imaginação das 
crianças, adequar ao uso por crianças e adultos com necessidades especiais, conforme 
a Lei de acessibilidade (Lei n. 10.098, de 19/12/2000). Observar o detalhamento dos 
parâmetros de infraestrutura no Documento Parâmetros Básicos de infra- estrutura 
para Instituições de Educação Infantil (BRASIL,2005b e c). 
27 
 
4. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
Seguindo as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação 
Infantil, 2009, esta proposta pedagógica está fundamentada nos princípios 
apresentados abaixo, que serão cumpridos de forma interdependente: 
 
4.1.Princípios Éticos: da Autonomia, Responsabilidade, Solidariedade e Respeito ao 
Bem Comum. A ética se efetiva como ação do sujeito na coletividade, no grupo, por 
meio das formas de participação esperadas e permitidas às crianças; da possibilidade 
de se constituírem sujeitos responsáveis, autônomos, solidários, cooperativos. 
 
4.2.Princípios Políticos: dos Direitos e Deveres de Cidadania e do Respeito à Ordem 
Democrática; O político se vivencia nas oportunidades de expressão, comunicação, 
respeito e comprometimento com o grupo, entendendo-se a relação 
sujeito/coletividade, bem como na acolhida de suas necessidades e interesses. 
 
4.3.Princípios Estéticos: da Sensibilidade, Criatividade, Ludicidade e Diversidade de 
Manifestações Artísticas e Culturais. A estética se experimenta nos espaços, materiais, 
gestos, vozes, dando visibilidade ao “que” e ao “como” é pensado e realizado com as 
crianças e pelas crianças, nas oportunidades que lhes são dadas de imaginar, brincar, 
produzir e interagir com as diferentes formas de manifestações culturais e artísticas, e 
de sensibilizar-se com as mesmas. 
 
 
 
 
 
5. A INCLUSÃO COMO DIREITO DAS CRIANÇAS COM 
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 
 
 
 
A Educação Especial “é uma modalidade de educação escolar oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino e destina-se às pessoas com necessidades 
educacionais especiais por deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com 
altas habilidades/superdotação”(art. 97 da Resolução 007/2011.) Com inicio na 
educação infantil, deverá garantir os serviços de apoio educacional especializado para 
28 
 
crianças com essas deficiências. Apresenta como objetivo a “igualdade de 
oportunidades no processo educativo, tornando a escola um espaço de inclusão (art. 
100 da Resolução 007/2011) 
Assim sendo, considerando a inclusão como direito das crianças com 
necessidades educacionais especiais, propõe-se: 
●definição de estratégias, orientações e materiais específicos para as crianças 
que apresentam necessidades educacionais especiais por deficiência, transtorno global 
do desenvolvimento com altas habilidades/superdotação; 
●formação continuada dos profissionais para atender as crianças com 
necessidades educacionais especiais; 
●espaços e equipamentos adaptados conforme a Lei da Acessibilidade; 
●o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para as crianças com 
deficiência auditiva; 
●atendimento Educacional Especializado realizado nas salas de recursos 
multifuncionais da própria escola ou em outra unidade de ensino. 
 
 
 
6. O CUIDADO E A EDUCAÇÃO DE MENINOS E MENINAS 
DAS DIFERENTES ETNIAS 
 
 
 
 
É função das creches e pré-escolas provocar questionamentos sobre a 
diversidade e promover a ampliação do universo cultural da criança, para que 
reconheçam, valorizem, respeitem os meninos e meninas com suas histórias e suas 
culturas africanas, afro-brasileiras, indígenas e de todos os outros grupos étnicos, 
combatendo dessa forma ao racismo e a discriminação. 
 
 
 
7. AS CRIANÇAS PEQUENAS DO CAMPO 
 
 
 
 
Os valores, crenças, modos de vida, tradições, os saberes, enfim, as práticas 
sociais dos meninos e meninas do campo fazem parte desta proposta, como 
fundamentais para a constituição de suas identidades. 
29 
 
8. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO: AS ROTINAS OU 
AS JORNADAS DIÁRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
As rotinas, ou a jornada diária na educação infantil são aquelas 
experiências de cuidado e educação que se realizam ao longo 
do dia e a repetição oferece para as crianças pequenas um 
certo domínio sobre o mundo em que vive e oferece a elas 
segurança, isto é, a possibilidade de antecipar algumas 
situações (BARBOSA, 2010). 
 
O tempo em que as crianças permanecem nos espaços coletivos das creches e 
pré-escolas precisam ser intencionalmente planejados, organizados pelos professores e 
professoras visando a familiarização dos bebês e das crianças pequenas com 
determinadas experiências de aprendizagens. A seguir faremos uma compilação e 
reflexão de vários momentos importantes da rotina na Educação Infantil. 
 
8.1.A INSERÇÃO DOS BEBÊS E DAS CRIANÇAS PEQUENAS NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
O momento de inserção, isto é, da “gradual ambientação da criança ao novo 
contexto, é um momento crucial que coloca em jogo as capacidades de planejamento 
e os recursos humanos de todos os indivíduos que trabalham em uma turma da 
creche” (BONDIOLI, 2012, p.37), e também em turmas de pré-escola. Este período 
demanda das professoras, professores, gestores e gestoras uma atenção especial com 
as famílias e/ou responsáveis pelas crianças, possibilitando, até mesmo, a presença de 
um representante destas nas dependências da instituição” (Documento Parâmetros de 
Qualidade para a Educação Infantil, Volume 2, 2008, p. 320) 
Para este momento que deve ser intencionalmente planejado, apresentamos 
algumas ideias e sugestões: 
●Entrevistar os familiares das crianças, no momento da matrícula; 
●Realizar com as famílias uma visita nos ambientes da creche e pré-escola, 
apresentando os funcionários (as) e os ambientes; 
●Compartilhar os dados coletados com o professor e demais educadores da sala, 
antes da chegada da criança; 
● Agendar reunião com os pais das crianças novas, antes do início das atividades 
letivas; 
●Conversar sobre a concepção que temos de criança, de currículo e de educação 
infantil; 
●Apresentar para as famílias a Proposta Pedagógica da Educação Infantil; 
●Esclarecer em qual grupo a criança será inserida, a quem será confiada a 
responsabilidade de buscar a criança; 
30 
 
●Conversar sobre as normas de funcionamento da creche e da pré-escola; 
●Combinar o processo de inserção: período do tempo de permanência das 
crianças; presença de alguém da família à qual a criança seja fortemente apegada, o 
tempo necessário no ambiente da creche e pré-escola; 
●Construir um ambiente estável e agradável para recepcionar as crianças e seus 
familiares nos espaços das creches e pré-escolas; 
●Estabelecer uma relação de confiança com a criança por meio do olhar, da 
oferta de um objeto; 
●Articular com os familiares a elaboração do Projeto Político e Pedagógico da 
instituição; 
●Marcar encontros com os familiares respeitando principalmente os horários das 
famílias que trabalham fora de casa; 
●Criar um Conselho de Escola e incentivar as famílias a participarem, para 
debaterem a aplicação dos recursos financeiros, a compra de materiais pedagógicos e 
as estratégias adequadas para a superação dos mais variados problemas relacionados 
com o dia a dia da instituição; 
●Propor debates sobre as questões sociais e culturais mais presentes no 
cotidiano da comunidade; 
●Promover festas e comemorações e uma forma descontraída de estreitar o 
vínculo, assim como as atividades esportivas e culturais. As festas não devem ser as 
únicas oportunidades para contar com a presença de pais, mães e responsáveis na 
Instituição de Educação Infantil. No entanto, elas são ótimas chances para criar uma 
relação mais próxima e conversar sobre as crianças; 
Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg, em documento denominado Critérios 
para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças, 
publicado pela Secretaria de Educação Básica - SEB/MEC, EM 2009, dentre vários 
direitos das crianças, apresenta o direito a uma especial atenção durante seu período 
de adaptação à creche que deverá ser perseguido por todos aqueles (as) que cuidam e 
educam as crianças pequenas. 
●As crianças recebem nossa atenção individual quando começam a frequentar a 
creche? 
●As mães e os pais recebem uma atenção especial para ganhar confiança e 
familiaridade com a creche? 
●Nossas crianças têm direito à presença de um de seus familiares na creche 
durante seu período de adaptação? 
●Nosso planejamento reconhece que o período de adaptação é um momento 
muito especial para cada criança, sua família e seus educadores? 
●Nosso planejamento é flexível quanto a rotinas e horários para as crianças em 
período de adaptação? 
●Nossas crianças têm direito de trazer um objeto querido de casa para ajudá-las 
na adaptação à creche: uma boneca, um brinquedo, uma chupeta, um travesseiro? 
●Criamos condições para que os irmãozinhos maiores que já estão na creche 
ajudem os menores em sua adaptação à creche? 
●As mães e os pais são sempre bem-vindos à creche? 
31 
 
●Reconhecemos que uma conversa aberta e franca com as mães e os pais é o 
melhor caminho para superar as dificuldades do período de adaptação? 
●Observamos com atenção a reação dos bebês e de seus familiares durante o 
período de adaptação? 
●Nunca deixamos crianças inseguras, assustadas, chorando ou apáticas, sem 
atenção e carinho? 
●Nossas crianças têm direito a um cuidado especial com sua alimentação durante 
o período de adaptação? 
●Observamos com cuidado a saúde dos bebês durante o período de adaptação? 
 
 
8.2. O ACOLHIMENTO DOS BEBÊS, DAS CRIANÇAS PEQUENAS E DE 
SEUS FAMILIARES: O MOMENTO DA ENTRADA. 
 
 Cotidianamente, os bebês e as crianças 
pequenas devem readaptarem-se nos espaços 
coletivos da Educação Infantil, separando-se 
das pessoas queridas, além disso, deve deixar 
as brincadeiras e as pessoas queridas destes 
espaços para voltar para casa. A qualidade das 
práticas pedagógicas desenvolvidas nos 
espaços coletivos das creches e pré-escolas, 
devem incidir também na capacidade de tornar 
profícua a transição entre esses ambientes e a 
casa, por meio da “preparação de situações 
acolhedoras desde a chegada até a saída” 
(BANDIOLI, GARIBOLDI, 2012, p.23). 
 
Algumas ideias e sugestões: 
●Dinâmica com balões: distribuir balões 
para as crianças e deixar que encham de 
forma autônoma. Para as crianças que não 
realizam essa atividade sozinhas, deverão 
contar com a ajuda da professora. Após os 
balões cheios, pintar o rosto bem alegre 
em cada um deles, exceto o da professora 
que será pintado com um rostinho triste. 
Ao som da música Super - fantástico, da 
Turma do Balão Mágico, cada criança 
deverá jogar o seu balão em diferentes 
direções, sem deixá-lo cair. Após a 
realização dessa brincadeira, chamar a atenção para o balão da professora que estava 
com o rosto triste e o que cada uma poderia fazer para deixa-lo feliz igual aos outros. 
●“A ÁRVORE DA AMIZADE”- enfeitar um galho seco de árvore, para decoração da sala, 
com envolvimento das crianças e seus familiares. No dia anterior à atividade, deixar os 
TO QUASE 
CONSEGUINDO 
32 
 
enfeites que vão compor a árvore e o galho na sala, antes das crianças chegarem com 
seus familiares. Os materiais escolhidos podem ter texturas, tamanhos, cores e formas 
as mais variadas. Aproveitar tampas plásticas, fitas de cetim, retalhos de feltro e 
alguns elementos da natureza tais como, as flores do pinheiro, sendo estas as 
preferidas das crianças. Acolher as crianças com um CD infantil e convidar a todos para 
pegarem um enfeite e com seus filhos (as) ajudarem a decorarem a nossa árvore da 
amizade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
●Assim que as crianças forem chegando na sala de atividades, vão escolhendo retalhos 
de TNT, aleatoriamente. Nomear a cor escolhida por cada criança e, convidá-las para 
movimentarem o seu “paninho” para cima, para baixo, para frente, para trás e arrastar 
no chão. Após todos movimentarem bastante os “paninhos”, fazer uma rodinha e 
juntos amarrarem as suas pontas fazendo uma corrente com eles. Essa corrente 
deverá ser utilizada para possibilitar os deslocamentos das crianças nos diferentes 
espaços do CMEI, fazendo um trenzinho. Com a corrente pronta, as crianças poderão 
criar diferentes atividades com elas, movimentando-a de forma autônoma. 
 
●Recepcionar as crianças trajadas de Emília, do “Sítio do Pica-pau Amarelo” e observar 
suas reações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
●Construir com as crianças barquinhos de papel e no dia seguinte acolhê-las com uma 
bacia cheia de água para realização de suas brincadeiras. 
 
33 
 
●Colocar as fichas com os nomes das crianças no 
centro da rodinha e solicitar que as crianças ao 
chegarem, localizem o seu nome. Deixaras 
crianças falarem livremente sobre a história de 
seu nome: a escolha do nome. 
 
 
 
 
●Acolher as crianças fantasiada (o), distribuir fantasias para elas também e realizar um 
desfile em seguida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
●Acolher as crianças e seus familiares cantando, contando histórias e dramatizando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
●Convidar pessoas da comunidade que tocam violão, baixo, guitarra, para acolherem 
as crianças e seus familiares. 
34 
 
●Olha o Caracol”- organizar um caracol e todas 
as turmas e familiares entrarão na escola em 
forma de caracol 
 
 
 
 
 
 
 
● “Bumba-meu-boi”- cantar a música Bumba-
meu-boi, de autoria do compositor “Jackson do 
Pandeiro” para todas as turmas do CMEI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
●Na hora da entrada, colocar a caixa mágica com várias coisas dentro dela guardadas 
como: letras, figuras geométricas, números, etc. E deixar as crianças brincarem à 
vontade. Em seguida, na roda de conversa, enquanto a caixa vai passando de mão em 
mão, cantar a música com elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PASSA ,PASSA ,PASSA A CAIXA , 
PASSA A CAIXA SEM PARAR 
SE VOCÊ FICAR COM A CAIXA 
O SEU NOME VOU FALAR!!!! 
 
 
 
 
35 
 
●Recepcionar crianças e seus familiares 
com a música Polegares. Colocar as 
famílias de frente para as crianças e, ao 
som da canção Polegares, dramatizar a 
música. Ao término, as crianças devem 
se abraçar. 
 
MÚSICA: Polegares 
Polegares, polegares, 
Onde estão, onde estão? 
Eles se saúdam, eles se saúdam, 
 E se vão... 
 
●Recepcionar crianças e seus familiares com a música “Boa Tarde coleguinha!”. Em 
seguida, as famílias deverão pegar uma ficha com o nome de um (a) criança e ler para 
seu(a) filho(a). Juntos deverão encontrar a criança cujo nome está na ficha e dar um 
forte abraço nela. 
 
Cantiga 
Boa Tarde coleguinhas, como vai? 
Boa Tarde coleguinhas, como vai? 
Faremos o possível, 
Para sermos bons amigos 
Boa Tarde, coleguinha, como vai? 
 
 
 
 
●Recepcionar crianças e seus familiares com chapéus 
confeccionados com jornal, construídos no dia anterior 
com as crianças. Brincar de tirar e por o chapéu. 
Realizar a dança do chapéu. 
 
●Na chegada, convidar os adultos para sentarem-se no 
tapete para brincarem com as crianças. Retirar de 
dentro da caixa surpresa, gravuras o animal 
apresentado. 
●Acolher as crianças e seus familiares com o passeio de 
trem. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
●Que bicho é esse? Envolver a criança num 
clima de acolhimento prazeroso, com 
segurança, respeito, atenção, carinho, afeto e 
cuidado. Despertar a curiosidade : Hoje temos 
um visitante , quem será ? Quem será ? Feche 
os olhos , passe as mãos , como ele é ? Quais 
as suas características? Hoje vamos receber um 
visitante diferente : a calopsita . A turma 
escolheu um nome para a calopsita : Pocoyo. 
 
 
●Acolher as crianças cantando: 
 - Como vai? _____________ como vai? 
A criança responde: Legal! 
Faremos o possível para sermos bons 
amigos como vai? _____________ como 
vai? 
Todos repetem os comandos: 
Mão na boca, na cabeça 
Na orelha e no dedão do pé 
Dá uma rodadinha 
Três pulinhos, de um abraço no seu 
amiguinho. 
Depois ir dizendo outros comandos como: de uma boa tarde para o seu amiguinho 
Mande um beijinho para seu amiguinho, e por ultimo vamos sentar no seu lugarzinho. 
 
 
●Acolher as crianças com a mala surpresa. Dar 
dicas para adivinharem o que contêm nela. 
 
● Colocar vendas nas crianças e, deixar que 
entrem na sala e caminhem por ela utilizando 
outros órgãos dos sentidos. Com esta brincadeira, 
é possível explorar lateralidade, noção de espaço, 
além de questões como respeito, companheirismo, 
etc. 
●Brincar de ”Espanta preguiça”- na acolhida, 
convidar as crianças para se soltarem, pularem até 
a preguiça ir embora. 
 
 
 
 
37 
 
 
●As brincadeiras de roda também devem fazer parte da 
rotina de acolhimento das crianças. Ao chegarem, 
convide-as para brincarem de roda. 
●Levar para sala uma sacola com os objetos (fantoches, 
carrinhos, pedaços de tecido, livros, fotos e outros 
materiais). Deixar as crianças descobrirem o que contem 
nela, por meio do tato. 
 
. 
8.3. RODA DE CONVERSA 
 
A roda de conversa é uma 
atividade permanente que possibilita a 
exteriorização de preferências, desejos, 
sentimentos e emoções de meninos e 
meninas, que encontram-se nas creches e 
pré-escolas. 
É na rodinha da conversa que, 
entre outros assuntos, planejamos os 
nossos momentos; inicialmente é 
realizado por nós e apresentado ao grupo, 
mas gradativamente vai sendo feito junto 
com as crianças. 
 
Essa deve ser uma atividade diária que 
pode acontecer em diferentes situações, como por 
exemplo, após a contação de histórias, antes e após o 
lanche, quando situações surgem e precisam ser 
resolvidas, conflitos que precisam ser geridos, decisões 
que precisam ser tomadas ou ideias mais complexas 
precisam ser discutidas. 
 
A roda de conversa pode ser realizada na sala de atividades, mas também, 
pode acontecer no pátio, no parquinho, embaixo de uma árvore ou outro local que 
acomode bem as crianças. 
Objetivos: 
●Diferenciar os momentos de falar e escutar; 
●Saber ouvir e falar; 
●Expor suas ideias com clareza e autonomia; 
●Ouvir as ideias das outras crianças e adultos; 
●Ampliar o vocabulário; 
●Tomar decisões conjuntas; 
●Escutar os participantes; 
38 
 
●Falar para todos ouvirem; 
●Respeitar a vez de falar; 
●Direcionar a fala para todas as pessoas da roda e não só para a professora; 
●Respeitar as opiniões apresentadas. 
 
 
Algumas ideias e sugestões: 
 
●Caixa surpresa: pedir aos familiares que enviem uma caixa de sapatos enfeitada de 
casa. Antes de iniciar a atividade, cole o espelho no fundo de cada caixa. Reúna as 
crianças em círculo e entregue a cada uma sua caixa. Primeiro, peça a elas que apenas 
segurem enquanto comenta as diferenças entre as caixas. Fale das cores, dos 
desenhos, dos enfeites, etc, e avise, ao abrirem a sua caixa vocês encontrarão uma 
surpresa. A primeira “surpresa” será a criança se ver dentro da caixa, refletida no 
espelho. Mantenha o espelho na caixa e, a partir da segunda vez, cada uma deve ter 
algo diferente, como maquiagem, escova de cabelo, saches ou outros objetos. Após 
abrirem a caixa, deixe que elas se enfeitem à vontade. 
●Hoje é dia de novidade: espalhe almofadas pelo chão para a sala ficar aconchegante 
e coloque as crianças sentadas sobre elas. Os bebês também podem entrar na roda, 
acomodados em assentos próprios. Inicie a brincadeira dizendo à turma que você 
trouxe uma caixa cheia de surpresas. Abra-a e tire de dentro dela um objeto por vez, 
mostrando as várias possibilidades de manuseio, as cores e os desenhos. Essa 
mediação é fundamental para despertar o interesse das crianças; 
●Em rodinha, proponha cada dia para as crianças temas interessantes:-uma pergunta 
instigante; uma história conhecida;-um problema que leve à criação de soluções; um 
assunto que demanda opiniões; 
●Formule algumas perguntas sobre aspectos que precisam ser considerados na hora 
da conversa: por que é importante fazer silêncio quando alguém fala? O que ocorre se 
isso não acontece? 
●Leve para a roda materiais que favoreçam conversas e a troca de opiniões, como 
reproduções de obras de arte, fotos ou outro material; 
●Leve para a roda de conversas diferentes gêneros textuais; 
●Sugerir, comentar filmes, livros de histórias; uma brincadeira de rua 
●Falar sobre o que mais gostaram do que aconteceu durante o dia; 
●Discutir e organizar atividades; 
●Construir o “Baú da Leitura”: cobrir uma caixa 
ou um caixote de papel ou tecido e enfeitá-lo 
conforme o gosto do(a) professor(a) e das 
crianças. Enchê-lo com os diferentes gêneros 
textuais e explicar que aquele será o “Tesouro da 
turma”; 
●Em rodinha cante músicas dos nomes: Exemplos 
de músicas que você pode incluir os nomes das 
crianças: “Se Eu Fosse um Peixinho”, “A Canoa 
Virou”, “Ciranda, Cirandinha” e “Fui ao Itororó”. 
39 
 
●Em rodinhas faça os bonecos (as) (fantoches)conversarem com cada criança. Você 
pode fazer algumas perguntas: quem trouxe você para a escola hoje?- Você tem 
amigos? Quem são?- Você já brincou no parque?- Você já tomou lanche? Você escova 
os dentes? E gosta de escová-los? 
●Cuidado com a boneca: Proponha que cada um pegue uma boneca e cuide dela como 
se fosse sua filha. Os pequenos devem dar banho, trocar fralda e fazer carinho. Na 
roda de conversa dialogar sobre o que acharam dessa atividade; 
●Com as crianças em rodinha, disponibilizar em uma cesta de vime, alguns elementos 
da natureza, tais como: folhas secas de diferentes 
tamanhos e formas, flor de pinheiro e gravetos. Em 
rodinha, apresentar a surpresa do dia: a cesta de 
vime. Deixar as crianças manusearem e criarem suas 
brincadeiras de forma autônoma com os materiais da 
cesta. Também pode ser aproveitado os materiais da 
cesta para realizarem atividades dirigidas. Ex: com 
as folhas secas e os gravetos da cesta, e diferentes 
suportes, permita que as crianças criem suas 
produções artísticas. 
 
●Levar para sala a “Mala Divertida”, com os 
personagens do Sitio do Pica Pau Amarelo. Ir 
dando dicas para as crianças adivinharem o que 
contem nela. Ao abrir, quanta surpresa!!! 
 
 
 
 
 
 
●Que tal uma surpresa? O que será que tem dentro desta caixa? Ir dando pistas e 
deixar que as crianças adivinhem. 
 
 
O QUE 
SERÁ???? 
EU ACHO 
QUE SEI O 
QUE É!!!!! 
40 
 
●Realize roda de conversa em outros espaços da creche e ou da pré-escola. Em 
rodinha, conversar sobre a entrada das crianças na Escola do Ensino Fundamental: “O 
que vocês esperam encontrar na nova escola”? Após a rodinha, realizar visita em uma 
escola do Ensino Fundamental. 
●Com as crianças em rodinha, no pátio 
externo, realizar as conversas a partir das 
questões: “ O que vocês acham que está 
faltando para a nossa escola ficar mais 
bonita”? _ “ O que precisamos para que a 
nossa escola fique enfeitada. Deixar que as 
crianças falem uma de cada vez e anotar 
suas opiniões. Tendo as crianças como 
protagonistas neste cenário histórico e 
cultural, transforme os espaços, tornando-os mais aconchegantes. 
 
●Mamãe tem cartinha para você: distribua uma folha de papel e canetas hidrográficas 
para cada criança e peça que faça uma cartinha aos seus familiares. Quando todas 
terminarem os desenhos, chame uma por uma e pergunte a quem a mensagem é 
endereçada e o que ela deseja comunicar. Escreva o que a criança disser na mesma 
folha usada por ela. É importante perguntar se ela quer entregar a carta à pessoa 
apontada. Em caso positivo, coloque-a em um envelope e oriente a criança a entregá-
la ao chegar em casa. Caso contrário, guarde o desenho com as demais atividades; 
●Conversar com as crianças em rodinha sobre o folclore e suas lendas, incluindo a 
lenda do Bumba-meu-boi e a lenda do Saci Pererê. Ouvir as histórias contadas pelas 
crianças. 
●Conversar com as crianças sobre as profissões. Pedir que falem sobre as profissões 
que conhecem. 
 
●Com as crianças em rodinha, distribuir chocalhos confeccionados com dois copos 
descartáveis com grãos de arroz. Com este material selecionar com as crianças 
algumas músicas que deverão ser cantadas com o acompanhamento do chocalho. 
●-Na roda de conversa realizar o sorteio da criança que levará a “Mala da Leitura” para 
casa. No dia seguinte, novamente em rodinha a criança deverá apresentar o seu 
desenho, recontar a história e falar de como foi a experiência de levar a mala para 
41 
 
casa. Nesta mala, deve conter um livro de história (escolhido pelas crianças); lápis 
cera; lápis de cor, caderno de registro, dentre outros materiais. 
 
●Distribuir fichas com os nomes das crianças no 
centro da rodinha e deixar que elas reconheçam o 
seu nome, o nome dos colegas da turma e 
conversem entre eles. 
●No centro da rodinha, colocar a “caixa de 
surpresas”, com vários brinquedinhos e deixar que 
as crianças retirem aquele de sua preferência e 
deixar que fale sobre ele. 
 
●Vamos brincar de chuvinha? Em rodinha, coloque 
várias revistas e jornais e deixe as crianças 
manipularem e realizarem suas leituras, mesmo que 
ainda de forma não convencional. Convide-as para 
fazerem um monte de papel rasgado e picado por 
elas. Em seguida, convide-as para brincarem de 
chuvinha, jogando tudo para o alto. Vai ser uma 
festa! Depois, o papel picado pode ser aproveitado 
em colagens ou modelagem de bonecos. 
 
 
●Vamos brincar com os adultos que estão em nossa sala? Decore o ambiente com os panos. 
Coloque uma música e peça para os adultos se sentarem em rodinha. Conduza a 
brincadeira, dando algumas orientações: vamos rolar a bola para a criança? Vamos imitar 
um animal? Qual? Vamos brincar com os fantoches? Vamos ler um livro para a criança? 
●Revelando os sentimentos: desenhe na cartolina várias carinhas com expressões 
faciais que demonstrem sentimentos de tristeza, alegria, raiva, medo, susto etc. Deixe 
algumas em branco para nomear um sentimento que apareça no decorrer da 
brincadeira. Convide os adultos juntamente com as crianças para apontar a que mais 
revela a maneira como eles se sentem naquele momento e a explicar os motivos 
daquela sensação. 
● A partir de uma música cantada (a casa), apresentar as 
crianças um livro contendo a sequência de imagens da 
mesma. À medida que for passando as páginas e 
mostrando as cenas as crianças devem continuar a 
música. Deixar as crianças manusearem o livro e repetir a 
atividade com elas fazendo a apresentação do livro. 
 
 
 
 
42 
 
 
8.4. HIGIENIZAÇÃO: UMA NECESSIDADE DE MENINOS E MENINAS 
 
A higienização, outra atividade da rotina, é uma oportunidade de promover a 
autonomia dos bebês e das crianças pequenas, levando em consideração que deve ser 
proporcionada a eles a possibilidade de fazerem sozinhos, ou com pouca intervenção 
do adulto. 
Após a alimentação, a higienização é uma outra atividade da rotina, uma 
necessidade e direito das crianças pequenas. Campos e Rosemberg (2009), no 
documento da SEB-MEC, “Critérios para um atendimento em creches que respeite os 
direitos fundamentais das crianças”, apresentam este direito, afirmando: 
●Nossas crianças têm direito de manter seu corpo, cuidado, limpo e saudável. 
●Nossas crianças têm direito a banheiros limpos e em bom funcionamento. 
●O espaço externo da creche e o tanque de areia são limpos e conservados 
periodicamente de forma a prevenir contaminações. 
●Nossas crianças têm direito à prevenção de contágios e doenças. 
●Lutamos para melhorar as condições de saneamento nas vizinhanças da creche. 
●Acompanhamos com as famílias o calendário de vacinação das crianças. 
●Acompanhamos o crescimento e o desenvolvimento físico das crianças. 
●Mantemos comunicação com a família quando uma criança fica doente e não 
pode frequentar a creche. 
●Procuramos orientação nos serviços básicos de saúde para a prevenção de 
doenças contagiosas existentes no bairro. 
●Procuramos orientação especializada para o caso de crianças com dificuldades 
físicas, psico-afetivas ou problemas de desenvolvimento. 
●Sempre que necessário encaminhamos as crianças ao atendimento de saúde 
disponível ou orientamos as famílias para fazê-lo? 
●O cuidado com a higiene não impede a criança de brincar e se divertir. 
●Damos o exemplo para as crianças, cuidando de nossa aparência e nossa higiene 
pessoal? (CAMPOS e ROSEMBERG, 2009, p.19). 
 
Para que esta rotina possa despertar o interesse das crianças e ser assimilada 
como um hábito, faz-se necessário a intervenção educativa, propondo diariamente 
para as crianças o cuidado de si. 
Para os bebês, a higienização ocorre no momento do banho, da troca da fralda e 
da roupa, da higienização bucal, da interação com o adulto e do reconhecimento do 
seu corpo. Para as crianças maiores é o tempo/espaço de lavar as mãos, o rosto de 
fazer a higienização bucal e de trabalhar o cuidado do seu corpo. 
 
8.4.1. A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS 
 
A higiene das mãos “constitui-se um 
recurso simples e eficiente entre as atitudes e 
procedimentos básicos para

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