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Neurofarmacologia: Epilepsia Desafio Maria, estudante de 15 anos com história clínica de epilepsia desde a infância, foi encaminhada via ambulância para o pronto-socorro por conta de uma crise convulsiva grave (mal epiléptico). Sua mãe afirma que ela teve história de nascimento sem intercorrências e nenhum traumatismo craniano prévio. Apesar do diagnóstico de epilepsia e da prescrição para uso contínuo, ela não tem se tratado com o antiepiléptico fenitoína. Sua última convulsão foi há três meses e, geralmente, é controlada se toma a medicação regularmente. No pronto-socorro, a paciente encontra-se confusa, agitada, mas tem exames neurológico e cardiovascular normais. Também não há evidências de qualquer trauma. Seus exames laboratoriais iniciais, incluindo hemograma, painel metabólico abrangente e análise de urina para rastreamento de drogas, são negativos. No pronto-socorro, as crises convulsivas foram estabilizadas após a administração de doses repetidas de lorazepam por via intravenosa, e, quatro horas depois, a paciente recebeu alta. Foi-lhe prescrito fenitoína para uso oral para a continuidade do tratamento em casa. a) Qual o modo e o mecanismo de ação do lorazepam no controle das crises convulsivas? b) Por que os benzodiazepínicos são usados somente no controle das crises convulsivas e não são usados de forma contínua e por tempo prolongado no tratamento da epilepsia? c) Qual é o mecanismo de ação da fenitoína? d) Quais são os principais efeitos adversos da fenitoína? e) Quais as potenciais interações medicamentosas relacionadas ao uso de fenitoína? Quais os mecanismos envolvidos nas interações medicamentosas? Padrão de resposta esperado a) Os benzodiazepínicos, como o diazepam, administrado por via intravenosa ou retal, são altamente efetivos para interromper a atividade convulsiva contínua, particularmente o estado de mal epiléptico tônico-clônico generalizado. O lorazepam parece mais efetivo e de ação mais longa do que o diazepam no tratamento do estado de mal epiléptico, sendo preferido por alguns especialistas. Quanto ao mecanismo de ação, os benzodiazepínicos (diazepam e lorazepam) potencializam a neurotransmissão de GABA. b) Os benzodiazepínicos são utilizados apenas em casos de controle agudo de crises epilépticas (estado de mal epiléptico) devido ao rápido desenvolvimento de tolerância e ao potencial de abuso e dependência. c) O mecanismo de ação da fenitoína é bloquear canais de sódio e inibir a geração de potenciais de ação. d) Os efeitos adversos mais comuns da fenitoína são nistagmo, ataxia, confusão, hirsutismo e hiperplasia gengival. Efeitos adversos raros, mas potencialmente fatais, envolvem agranulocitose (falência da medula óssea), síndrome de Stevens-Johnson (erupção fatal com descamação de pele e envolvimento das mucosas) e hepatotoxicidade. e) A fenitoína é eficaz em todos os tipos de crises epilépticas parciais e tônico-clônicas, porém, é passível de interações medicamentosas, em nível de competição por ligação às proteínas plasmáticas e em nível de metabolização hepática: - devido à intensa ligação às proteínas plasmáticas, em especial a albumina, alguns fármacos (p. ex., valproato, fenilbutazona e sulfonamidas) podem competir pelos sítios de ligação às proteínas, deslocando e ocasionando o aumento da concentração plasmática da fenitoína; - em nível de metabolização, a carbamazepina aumenta o metabolismo da fenitoína, causando diminuição da concentração desse fármaco. Exercícios 1. Com relação aos fármacos anticonvulsivantes, qual das seguintes afirmativas está incorreta? C. O fenobarbital e o diazepam induzem o sistema enzimático P450. Somente o fenobarbital induz o sistema enzimático P450 e está envolvido em interações medicamentosas. 2. Com relação a fenitoína como fármaco anticonvulsivante, as afirmações abaixo estão corretas, exceto: E. Devido ao estado de equilíbrio e ao alto índice terapêutico, que resulta em elevada segurança farmacológica, a fenitoína pode ser empregada por via oral, com dosagem de uma vez ao dia, no tratamento das diferentes crises convulsivas, e não exige monitoramento dos níveis plasmáticos. Taxas de absorção oral e biotransformação da fenitoína podem variar significativamente de um paciente para outro. Devido a essa incapacidade de atingir o estado de equilíbrio e do baixo índice terapêutico da fenitoína, sua dosagem deve ser analisada de forma individual e os níveis plasmáticos, monitorados rigorosamente. 3. Um menino de 8 anos foi encaminhado para avaliação neurológica devido a episódios de aparente "confusão". Desde o último ano, a criança vem sofrendo episódios durante os quais apresenta olhar vago e não responde aos questionamentos. Além disso, parece levar vários minutos até que se recupere dos episódios. Após avaliar, o médico chegou à conclusão de que o menino apresenta episódios de crises parciais complexas. Qual dos seguintes tratamentos seria o mais apropriado para o paciente? B. Carbamazepina. Carbamazepina é o fármaco de escolha para o tratamento das crises parciais complexas. 4. O bloqueio das correntes de cálcio do tipo T é o principal mecanismo de ação para qual dos seguintes fármacos usados para tratar crises de ausência? C. Etossuximida. A atividade anticonvulsivante da etossuximida, quando usada para tratar crises de ausência, é causada por seu bloqueio de correntes de cálcio do tipo T no tálamo. 5. Um paciente foi tratado durante seis meses com carbamazepina, mas, recentemente, voltou a apresentar crises, com maior frequência. Considera-se acrescentar um segundo fármaco ao regime medicamentoso do paciente. Qual dos seguintes medicamentos é menos provável que apresente interação farmacocinética com a carbamazepina? E. Levetiracetam. Dos fármacos citados, todos são aprovados como auxiliares no tratamento de crises parciais complexas recorrentes. Somente o levetiracetam não afeta a farmacocinética dos outros anticonvulsivantes, nem as suas propriedades farmacocinéticas são alteradas por outros fármacos de modo significativo.
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