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Gabarito - Direito Penal - Temas 12 e 13

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Turma: CPII A 22022
Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL 
Sessão: 12 - Dia 26/09/2022 - 08:00 às 09:50
Professor: CLAUDIA SERPA COSTA RIBEIRO FLEISCHHAUER
12 Tema: A Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz. O Arrependimento Posterior. 1) 
Definição e requisitos dos institutos. 2) Diferenças entre desistência voluntária e arrependimento 
eficaz e suas relações com a tentativa perfeita e a tentativa imperfeita. 3) Crime impossível ou 
tentativa inidônea: a) Definição, natureza jurídica e formas; b) Crime putativo. 4) Arrependimento 
posterior: análise da súmula 554 do STF.
1ª QUESTÃO:
CAIO, após estimular MÉVIO a matar a esposa que tantas vezes o traíra, tendo, inclusive, preparado 
um potente veneno de rato, muda de ideia. Pensa ele que, embora GERTRUDES jamais tivesse-lhe 
"dado bola", não por falta de insistência do mesmo, mas de interesse dela, a morte da mulher do 
amigo talvez fosse algo exagerado. 
Diante disso, procura um padre e realiza confissão, sendo orientado a demover MÉVIO da intenção 
homicida. 
CAIO telefona para MÉVIO e tenta convencê-lo a não prosseguir. Contudo, atingido nos seus brios, 
MÉVIO declara que prosseguirá a qualquer custo. 
Desesperado, CAIO sai em direção à casa de MÉVIO, visando a evitar que GERTRUDES tome o 
veneno por ele preparado. Ocorre que, ao chegar na residência do casal, CAIO cruza com MÉVIO, 
que afirma: "Está feito". 
CAIO ingressa no apartamento e encontra GERTRUDES, que acabara de consumir um bombom 
envenenado, se contorcendo em dores. Em pânico, CAIO carrega GERTRUDES até seu carro e a 
conduz ao HOSPITAL SOUZA AGUIAR, onde intervenção médica acaba por impedir a morte de 
GERTRUDES. 
GILSON, policial militar de plantão no nosocômio, ouve de GERTRUDES a confissão feita por 
CAIO no trajeto entre sua casa e o hospital, razão pela qual o militar, ao procurar CAIO para informá-
lo do salvamento, lhe dá outra notícia, a de que está preso por tentativa de homicídio. Denunciados 
CAIO e MÉVIO por homicídio qualificado tentado, as defesas aduzem o seguinte: 1) a de CAIO 
alega desistência voluntária; 2) a de MÉVIO, pretende a extensão da desistência de CAIO ao mesmo, 
pois se trata de circunstância objetiva relacionada ao concurso de pessoas, a todos beneficiando. 
Diante dos fatos, aprecie as teses defensivas.
26/09/2022 - Página 1 de 4DIREITO PENAL - CP03 - 02 - CPII - 2º PERÍODO 2022 
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESPOSTA:
A questão traz à baila a desistência voluntária e o arrependimento eficaz e suas implicações no 
concurso de agentes. Em tese tais institutos são vinculados ao autor uma vez que o Código fala 
expressamente em "execução" e quem executa o delito é o autor. A desistência corresponde ao que se 
convenciona denominar tentativa imperfeita, aquela em que o agente não esgota todo o plano 
criminoso e, podendo prosseguir, desiste. Por outro lado o arrependimento corresponde à tentativa 
perfeita, aquela onde esgotados os atos executórios o agente atua para impedir o resultado. A natureza 
jurídica dos institutos é controvertida na doutrina, para alguns causa de exclusão da punibilidade da 
tentativa (Hungria), para outros exclusão pessoal da punibilidade da tentativa (L.F. Gomes), outros 
ainda a vêem como uma causa de exclusão da culpabilidade (Welzel), contudo, o entendimento 
majoritário é no sentido de que se trata de uma causa de exclusão da tipicidade penal (por todos, 
Damásio de Jesus).Ocorre que além disso afirma Damásio que os institutos beneficiam todos os co-
autores ou partícipes, com uma única ressalva, a de que o co-autor não tenha possibilidade concreta 
de prosseguir e assim o faça. Desse modo a desistência de um a todos beneficia. Porém, a desistência 
do partícipe deve ter um sentido diferente, ou o agente demove o autor do cometimento do crime ou 
retira o auxílio prestado. Fora dessas hipóteses a mera comunicação, numa participação moral, não 
tem o condão afastar sua responsabilidade. Nesse caso, diz JUAREZ CIRINO DOS SANTOS, para se 
beneficiar o agente deve impedir a execução ou o resultado. Se assim proceder, como é o caso 
narrado, apenas ele, partícipe se beneficia, não o autor, pois é a participação que é acessória da 
autoria, beneficiando-se de tudo que a esta afete, não o contrário. Logo há arrependimento eficaz para 
CAIO que responde apenas pelas lesões causadas. Contudo, esse arrependimento não beneficia 
MÉVIO que responderá por tentativa de homicídio, o fato não se consumou por circunstâncias alheias 
à vontade do mesmo.
2ª QUESTÃO:
JOSÉ e PEDRO resolvem furtar um rádio. Enquanto PEDRO ficou vigiando do lado de fora, JOSÉ 
entrou na loja Casa e Vídeo, por volta das 23 horas e apossou-se de um rádio. PEDRO, tomado de 
remorso pela prática de seu ato, se aproxima de JOSÉ e o aconselha a não levar o rádio, alegando, 
entre outras coisas, os ensinamentos da Igreja Universal do Reino de Deus, religião que professava; 
JOSÉ, convencido, ainda que frustado, o recoloca no local onde o apanhara.
Pergunta-se:
a) Qual o crime praticado pelos dois?
b) E se JOSÉ, mesmo diante da insistência de PEDRO, resolvesse levar o rádio, responderiam por 
algum crime?
c) E se JOSÉ tivesse levado o rádio e PEDRO, ainda sob o efeito de seu remorso, tivesse devolvido, 
dois dias depois, o rádio, qual o significado penal desta devolução para ambos?
RESPOSTA:
a) Teria havido desistência voluntária, já que o partícipe conseguiu que o autor parasse no meio dos 
atos executórios. Conduta impunível, portanto, eis que não se pode admitir violação de domicílio, in
casu.
b) Se o autor consumasse o delito, não haveria desistência voluntária para ambos, que responderiam 
por furto qualificado consumado.
c) Teria havido arrependimento posterior, que alcançaria os dois, porque o bem foi totalmente 
devolvido, comunicando-se ao outro (circunstância objetiva).
26/09/2022 - Página 2 de 4DIREITO PENAL - CP03 - 02 - CPII - 2º PERÍODO 2022 
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Turma: CPII A 22022
Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL 
Sessão: 13 - Dia 26/09/2022 - 10:10 às 12:00
Professor: CLAUDIA SERPA COSTA RIBEIRO FLEISCHHAUER
13 Tema: Concurso de Pessoas I. 1) Considerações gerais: teorias e requisitos do concurso de 
pessoas. 2) A distinção entre autoria e participação: teorias. Autoria direta e autoria mediata. 
Críticas e consequências. 3) Coautoria: conceito e requisitos. Domínio funcional do fato. O 
organizador. O vigia. O motorista. Aquele que fornece os meios de execução. Coautoria 
sucessiva. Desistência voluntária e arrependimento eficaz do coautor. Delitos especiais. Coautoria 
mediata.
1ª QUESTÃO:
MÉVIO, vigia externo, atuou em um roubo a estabelecimento bancário, que resultou bem sucedido, 
diante da subtração do numerário praticado por TÍCIO, enquanto CAIO exercia a intimidação 
necessária com o aponte de arma de fogo, e LÚCIO, menor inimputável, ficava de vigia nas 
cercanias, para avisar quanto à aproximação da polícia.
a) Segundo o instituto do concurso de pessoas, como podem ser classificadas as atuações de TÍCIO, 
CAIO e MÉVIO, a partir do disposto pela teoria do domínio final do fato?
b) Haveria solução diversa caso MÉVIO já compusesse uma associação criminosa também integrada 
por TÍCIO, CAIO e LÚCIO, especializada em roubos a estabelecimentos bancários?
RESPOSTA:
a) TÍCIO e CAIO são co-autores no crime de roubo, sendo certo que entre eles se estabeleceu a 
chamada execução fracionada do delito, de forma que cada um deles, mesmo que separadamente 
considerados, possuíam as rédeas da realização do fato punível. Quanto a MÉVIO, é necessário 
primeiro identificar-se como se deu a sua concorrência para o evento. Caso tenha ele composto com 
TÍCIO e CAIO um grupo que desenvolveu um planejamento prévio do roubo a ser realizado, com a 
estipulação de suas fases e da integração das atividades de cada um no tocante à consecução do fato 
conjunto, então deverá ser ele reconhecido como co-autor, uma vez que possuía o domínio funcionaldo fato, praticando parcela da atividade conjunta de todos. Por outro lado, caso tenha sido ele 
escalado para simplesmente aguardar do lado de fora o desenlace do que iria se estabelecer no interior 
do estabelecimento bancário, mesmo sabendo ele tratar-se de um roubo, forçosa se faria a sua 
classificação como partícipe, uma vez ausente o domínio funcional do fato quanto a ele e 
considerando estar o mesmo atuando em conduta de terceiros.
b) Naturalmente que caso ele integrasse esta associação criminosa, que dependeria da atuação de mais 
um agente para que pudesse caracterizar o crime de associação criminosa, em havendo como 
cumprido o requisito da habitualidade de tal associação, inequívoco seria o respectivo domínio 
funcional do fato, colocando-o, sempre, como co-autor, além do que, para efeito de capitulação legal, 
não incidiria a majorante prevista no inciso II do parágrafo 2º do artigo 157 do CP, que trata do mero 
concurso eventual de pessoas.
26/09/2022 - Página 3 de 4DIREITO PENAL - CP03 - 02 - CPII - 2º PERÍODO 2022 
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
2ª QUESTÃO:
CAIO e TÍCIO, com intenção de matar, ignorando cada um deles a conduta do outro, mediante 
emboscada, desfecham disparos contra SEMPRÔNIO, que veio a ser atingido pelo projétil de uma 
das armas, não se apurando, contudo, de qual.
Momentos antes, CAIO confidenciara seu propósito criminoso ao policial civil MÉVIO, que se 
achava em serviço nas proximidades, sendo a conversa, sem que ambos percebessem, escutada pelo 
bancário SÍLVIO da janela de sua casa. Do local onde se encontravam, MÉVIO e SÍLVIO assistiram 
passivamente ao evento.
Acreditando que SEMPRÔNIO estivesse morto, CAIO, TÍCIO e MÉVIO saíram do local, enquanto 
SÍLVIO, ignorando o pedido de auxílio da vítima, retirou-se para o interior de sua casa.
Decorridos trinta minutos, SEMPRÔNIO foi socorrido por terceiros, vindo a falecer, ao dar entrada 
no hospital, em consequência dos ferimentos e da ausência de pronta assistência.
Qual a adequação típica das condutas descritas?
RESPOSTA:
1) CAIO e TÍCIO responderão por tentativa de homicídio qualificado pela emboscada (art. 121, § 2°, 
IV c/c 14, II, todos do CP).
Não há co-autoria, por ausência de vínculo subjetivo entre ambos.
Cuida-se de autoria incerta, nascida da autoria colateral.
Doutrina minoritária vislumbra a ocorrência de crime impossível.
2) MÉVIO, por sua condição de policial, é garantidor e responderá por homicídio doloso (art. 121, c/c 
13 § 2°, "a", todos do CP). Há quem entenda que seria homicídio tentado porque MÉVIO apenas 
tinha conhecimento da conduta de CAIO. Como não se sabe quem matou SEMPRÔNIO, ele não 
tinha como evitar o resultado.
3) SILVIO responderá por omissão de socorro seguida de morte (art. 135, parágrafo único, CP).
26/09/2022 - Página 4 de 4DIREITO PENAL - CP03 - 02 - CPII - 2º PERÍODO 2022

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