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CADERNO PROCESSO CIVIL CPIII

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CADERNO PROCESSO CIVIL - CPIII
Teoria Geral
Ação de consignação em pagamento
Ação de exigir contas
Ações possessórias
Embargos de terceiro
Oposição
Inventário e partilha
Ações de família
Inventário e partilha
Ações de família
Ação monitória
Ação de dissolução parcial 
Jurisdição voluntária
Juizados
Lei de Locações
Mandado de segurança 
Arbitragem
AULA 01
Teoria Geral dos Procedimentos Especiais
	Procedimento é sinônimo de rito, é o modus operandi do processo ou sequência de atos processuais. Quando há atos processuais concatenados, há um procedimento. Ato processual é todo ato que tem relevância para o processo. 
É importante diferenciar processo e procedimento, sendo este a exteriorização do primeiro. O procedimento é como o processo se manifesta no plano exterior, é a materialização. O processo está no plano abstrato, dentro da trilogia estrutural do processo. Ajuizada a ação, forma-se o processo, o Estado-juiz tem que agir processualmente. O processo é um método que documenta os atos processuais, um sistema, exteriorizado na prática pelo procedimento. 
As normas procedimentais são normas de ordem pública, há um interesse público no respeito ao regramento. É, em regra, norma cogente. 
O procedimento no processo de conhecimento (aquele que visa o acertamento do direito) classifica-se em comum ou especial. Há procedimentos também na execução - o padrão é a execução de pagar, os demais são considerados especiais -, mas o módulo trata de processo de conhecimento. Os procedimentos especiais encontram-se no CPC (Arts. 539 a 770) ou em leis extravagantes (lei de inquilinato, do MS, da AP).
O procedimento comum não é adequado a todas as situações, sendo necessário, ao ver do legislador, criar um procedimento especĩfico para melhor tutelar um direito. 
A criação dos procedimentos especiais tem um enfoque de acesso à justiça, o legislador cria com o intuito de ampliar o acesso à justiça -> relação com a terceira onda renovatória do acesso à justiça. Os PE são mecanismos contributivos para aprimorar, pela celeridade ou qualidade, a obtenção de justiça, com apreço à manutenção das garantias processuais. 
Os procedimentos especiais classificam-se entre procedimentos de jurisdição contenciosa (que tem lide, arts. 539 a 718 do CPC, o Estado-juiz substitui a vontade das partes) e de jurisdição voluntária (não há conflito a decidir, os interesses são convergentes - arts. 719 a 770 - atividade integrativa do juiz, que irá apenas homologar a vontade das partes). Exemplo de JC seria ação possessória, consignação em pagamento, divórcio litigioso, etc. Exemplo de JV seria emancipação de menor, divórcio consensual com filhos incapazes. 
Art. 318, caput do CPC: dita que será aplicado o rito comum se não existir rito especial. O rito comum é por exclusão, se tem previsão de rito especial tem que seguir, já que há interesse público. Prevalece a regra da indisponibilidade do procedimento. Há, contudo, exceções, em que se pode optar pela ação de procedimento comum. Ex: ação monitória - reduz honorários sucumbenciais e se o réu for citado e não se defender (embargos monitórios) o juiz não valora, constitui o título executivo, a procedência é automática. 
A regra, portanto, é a cogência procedimental. Outra exceção é quanto ao mandado de segurança, podendo o indivíduo optar pela ação de rito comum, sobretudo se o autor precisar da produção de provas. Se for denegada a segurança por insuficiência de prova, pode ajuizar a ação comum. 
Naqueles casos em que o rito especial tenha por fito apenas abreviar a solução do litígio, a adoção do rito comum, em caráter de substituição facultativa, não é vedada às partes, mesmo porque a ampliação do debate não lhes causa prejuízo algum. A boa doutrina entende, sobre a matéria, que, de fato, “o procedimento não fica à escolha da parte”; mas ao juiz toca o dever de “determinar a conversão, quando possível”. (Humberto Theodoro)
Câmara faz uma diferenciação para analisar se o procedimento é obrigatório ou não. Se a especialidade for para melhor atender ao direito material, é obrigatório ou indisponível (ex: falência e recuperação judicial, inventário e partilha, interdição, desapropriação). Se opta por rito diverso, cabe a extinção por falta de interesse processual. Nos casos em que o procedimento é criado para fins de celeridade, facilitar o acesso à justiça, pode ser visto como disponível. Ex: ação monitória, MS, possessória (depende do tempo de entrada da ação) e juizados especiais estaduais (art. 3, p. 3 da Lei 9099/95 - opta-se pela competência e, consequentemente, pelo procedimento). Os juizados federais e fazendários possuem competência absoluta, o indivíduo não pode escolher (art. 3, p. 3 da Lei 10.259/2001 e art. 2, p. 4 da Lei 12153/09).
Negócio processual para definição de procedimento: só é possível se for procedimento disponível. Negócio processual atípico é aquele não previsto em lei. Se for obrigatório, não se aplica a conversibilidade em ação de rito comum, então não cabe NJ processual. 
Art. 318, p. único: aplica-se subsidiariamente as normas do rito comum aos procedimentos especiais. O legislador só regulamenta o que é específico e, o que for omisso, aplica-se o rito comum. A doutrina diz que todo rito especial que tem defesa vai se converter em rito comum (ordinarização do procedimento especial). Súmula 292 do STJ: permite a reconvenção na ação monitória, agora previsto no art. 702, §6°. 
Cumulação de pedidos envolvendo ritos diversos: é possível se tiver compatibilidade entre os procedimentos, devendo-se adotar o rito comum. Ex: rescisão contratual e consignação de pagamento -> seguirá o procedimento comum. Mesmo seguindo o rito comum, pode aplicar a ferramenta do procedimento especial (art. 327, p. 2, final do CPC). Inventário não admite a cumulação de determinados pedidos que impliquem em dilação probatória, sendo um exemplo de incompatibilidade.
Se houver erro na escolha do procedimento, o juiz deve determinar a conversão, sobretudo no início do feito. Não é caso de extinção imediata, não é nulidade. Se passa pelo crivo do juiz e o réu contesta, não poderia mais ter a correção, em tese, sendo caso de extinção (art. 485, IV ou VI), já que o autor não pode alterar pedido ou causa de pedir depois da citação (Art. 329 do CPC). Tese 320 do STJ (2011): inadmissível a conversão da execução em ação monitória após a citação.
Passarelas procedimentais: flexibilização em razão de uma situação de fato, permitindo a conversão de procedimento a outro sem desperdício de tempo, dinheiro ou da tutela jurisdicional obtida. 
REsp 1.656.771: cabe agravo de instrumento mesmo não tendo previsão no CPC. Ideia da taxatividade mitigada. Caso de decisão interlocutória que converte o procedimento: "O pronunciamento jurisdicional que determina a emenda à inicial, ainda que rotulado como despacho, tem natureza de decisão interlocutória nas hipóteses em que houver potencial prejuízo, como naquelas em que se remete a parte para rito processual menos célere."
	O CPC de 2015 excluiu alguns procedimentos do CPC de 1973. Ação de depósito foi extinta em razão da SV que impede a prisão de depositário infiel. Isso significa que agora adere-se ao rito comum. 
	O CPC traz esparsamente normas sobre ritos especiais. O legislador cria, por exemplo, nas regras de comunicação, a inclusão da exigência de citação pessoal dos confinantes no caso de usucapião de imóvel. Ex: tutela provisória de evidência no contrato de depósito. 
Doutrina Humberto Theodoro: 
O regime do Código de 2015 confere duplo papel ao procedimento comum, em face dos procedimentos especiais: (a) o de completar os especiais, naquilo em que estes forem omissos; e (b) a aptidão para incorporar técnicas diferenciadas extraídas de procedimentos especiais, com vistas à melhor adequação às exigências de cumulação de pedidos sujeitos a procedimentos diversos. 
Na busca de adequar a forma ao objeto da pretensão material do litigante, a lei, na realidade, impõe ao autor a satisfação de dois níveis de requisitos para o uso regulare eficaz do procedimento especial, a saber:
(a) requisitos materiais: a pretensão tem de situar-se no plano de direito material a que corresponde o rito. Mas a inexistência ou não de comprovação do suporte substancial dessa pretensão é matéria de mérito, que conduz à improcedência do pedido e não à carência de ação. Assim, se alguém propõe ação especial possessória sem ser, realmente, possuidor, ou se reivindica posse de área que ainda depende juridicamente de demarcação ou divisão, dá-se a improcedência do pedido, porque na realidade o pedido foi formulado dentro dos limites e requisitos do procedimento escolhido.
(b) requisitos processuais: os dados formais do procedimento especial costumam ser ligados a requisitos que condicionam a forma e o desenvolvimento válidos do processo até o julgamento de mérito. A falta desses requisitos conduz à ineficácia da relação processual e à sua extinção prematura, sem julgamento de mérito, como, por exemplo, se dá com a ação de consignação em pagamento, em que o autor não promove o depósito no prazo legal, ou na ação monitória, quando o promovente não exibe, com a inicial, a prova escrita do direito exercitado contra o réu.
Se o autor não atende aos requisitos de admissibilidade do remédio processual proposto, dar-se-á a carência de ação, porque a inadequação da tutela pretendida é considerada como hipótese de falta de interesse.
1ª - Questão:
Em uma determinada demanda, a parte autora elegeu o procedimento comum para resguardar direito líquido e certo, violado pelo secretário de saúde estadual.
O magistrado, diante das substanciais provas materiais constantes nos autos, que refutam qualquer outra dilação probatória, determinou que a parte autora emendasse a inicial para a via adequada.
Pergunta-se: está correta a determinação do magistrado, ou ele poderia converter automaticamente o procedimento comum em mandado de segurança? Resposta fundamentada.
RESPOSTA: O juiz se equivocou, visto que poderia determinar a conversão do procedimento caso fosse obrigatório, mas não era o caso.
Não há qualquer liberdade de escolha do procedimento, sendo as normas que determinam sua utilização de ordem pública, cogente. Não se pode, por exemplo, optar pelo procedimento comum em detrimento do especial.* Tendo, porém, o demandante optado por procedimento inadequado, cabe ao juiz determinar a conversão, aproveitando-se os atos já praticados que se revelem compatíveis com o procedimento correto. Apenas no caso de ser impossível o aproveitamento de qualquer ato, e não tendo o demandante adaptado a sua petição inicial aos requisitos do procedimento adequado que não se faziam presentes da mesma quando apresentadas em juízo, é que deverá ser proferida a sentença, indeferindo a inicial.
2ª - Questão:
Em uma determinada demanda, a parte autora, munida de prova escrita sem título executivo, a qual demonstra a existência de obrigação de pagar, optou por ingressar com uma demanda pelo procedimento comum. Citada, a parte ré alegou que a demanda deveria ser extinta, uma vez que a parte autora deveria ter ingressado com procedimento monitório.
Acerca da teoria geral dos procedimentos especiais quanto à escolha do procedimento pela parte autora, decida a questão de forma fundamentada.
Em regra, não pode ser objeto de escolha pelos litigantes. No caso em tela, excepcionalmente, o demandante pode optar, pois esse procedimento especial pode ser convertido em rito comum em dado momento da demanda.
AULA 02
Ação de consignação em pagamento (Art. 539 a 549)
	O pagamento em consignação é uma forma de extinção das obrigações. No direito civil, pode ser feito pelo devedor ou por um terceiro, juridicamente interessado ou não. Existe a possibilidade do pagamento em consignação ser realizado em caráter extrajudicial, inclusive com previsão no Art. 539 do CPC. É uma faculdade do devedor ou terceiro, que pode ir direto para a via judicial. 
Consignação extrajudicial 
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.
	O art. 539 fala da possibilidade da consignação extrajudicial de dinheiro ou bens. O comum é ocorrer em dinheiro. Na realidade, é um serviço cobrado por uma instituição financeira. Procedimento: O devedor ou terceiro vai até a agência e abre uma conta bancária em nome do credor, onde faz o depósito do valor. O banco irá comunicar ao eventual credor a respeito da existência do depósito. O possível credor tem 10 dias para manifestar eventual recusa, após feita a comunicação. Nesse caso, a recusa é um ato extrajudicial, não precisa de advogado nem tem forma pré-estabelecida. Se posteriormente tiver um processo, o credor pode trazer outras teses. 
Se o credor não se manifesta em 10 dias ou aceita o valor, de acordo com a legislação, findo o prazo o dinheiro passa a seu patrimônio. A conta bancária passa a ser do credor, o banco então começa a tratar como qualquer outra, descontando as tarifas de manutenção. 
	O credor pode também apresentar a recusa na instituição financeira, manifestando ou não as razões, e o banco deverá dar ciência ao devedor ou terceiro que fez a consignação. A partir daí, o Art. 539 diz que estes passam a ter 30 dias para ajuizar a ação de consignação. Esse prazo de 30 dias não é prescricional ou decadencial, mas é um prazo de direito material. A consequência é que ainda pode entrar ainda com ação, mas o depósito perderá a eficácia liberatória e o devedor ou terceiro entrará em mora. Nesse período o devedor irá pagar juros, correção, etc.
	O devedor ou terceiro pode ir diretamente para a via judicial, o caminho extrajudicial é opcional.
Consignação judicial
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.
	O devedor ou terceiro propõe a ação em face do credor, por conta da recusa manifestada. A demanda deve ser proposta onde a obrigação deve ser cumprida. 
Para encontrar a competência, deve-se questionar a justiça, o foro e o juízo, nesta ordem. A justiça pode ser estadual ou federal (ex: envolvendo a Caixa Econômica). O foro é a base territorial (Art. 540), que é o local do pagamento da obrigação (se for estadual, é comarca; se for federal, é seção judiciária, que envolve o estado inteiro). O juízo é verificado dentro da estrutura judiciária de acordo com a matéria, podendo ser vara cível ou vara federal. 
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito.
	A petição inicial observa o Art. 319 do CPC, porém ainda há o Art. 542. A audiência de conciliaçãonão é cabível na consignação em pagamento. O pedido será o depósito da coisa e a citação do réu. Se o valor não for consignado em 5 dias, o juiz irá extinguir a ação sem resolução do mérito. 
	Se a ação for ajuizada após a consignação extrajudicial, o valor deve ser transferido da conta bancária para a conta judicial, impedindo que o devedor ou terceiro possa sacar a conta, já que depois do prazo de 30 dias o valor retorna para o devedor. 
	A Lei de Locações já tinha a consequência da extinção sem resolução do mérito na ausência de depósito, que não era prevista no CPC de 1973. Hoje tem a previsão no CPC de 2015. 
	É possível consignar prestação periódica. O valor da causa será calculado levando em consideração o número de prestações. Se forem mais que 12 parcelas, o valor fica limitado a 12 (Art. 292). Na sentença, o juiz irá julgar os pagamentos já efetuados. Há entendimento doutrinário no sentido de que a consignação só pode ser feita até a sentença, mas a jurisprudência entende que mesmo após a sentença a consignação poderá continuar acontecendo. Há sentenças que impõem a prestação de trato sucessivo (sentença determinativa - revisar). Se o juiz dá a sentença mas o credor permanece recusando o pagamento, o devedor pode continuar consignando nos mesmos autos, o que pode ou não ser cumprimento de sentença.
A consignatória pode discutir a dívida. Nessa hipótese em que se discute o valor na consignação há dois pedidos: 1) de depósito da coisa e liberação da obrigação (natureza declaratória, que ocorre em toda consignatória) e 2) pedido revisional (natureza constitutiva). STJ entende que ambos os pedidos podem ser feitos observando o procedimento consignatório, ou se o autor quiser pode promover a demanda em procedimento comum (revisional com consignação). Em regra, o procedimento especial não pode ser escolhido, mas os que não são tão específicos podem ser facultativos, como é o caso da consignatória. Inclusive, o procedimento pode iniciar de forma específica e tornar-se comum (caso da possessória).
A própria lei permite a discussão do valor, uma vez que uma das teses do credor em defesa pode ser o pagamento não integral (art. 544, IV). Pelo princípio da isonomia, o devedor também poderá suscitar essa tese. Há juízes que não aceitam a cumulação dos pedidos, afirmando que são incompatíveis, pois a consignatória busca extinguir o vínculo obrigacional, enquanto a revisional discute o vínculo (esse posicionamento é minoritário). 
	
	O procedimento especial é criado quando há uma peculiaridade da relação material ou por política legislativa. A consignatória tem peculiaridades que ensejam um procedimento especial. 
	Registro da PI ocorre quando é em vara única, distribuição quando tiver mais de uma vara. Pode ter emenda ou indeferimento, dependendo do caso, até mesmo improcedência liminar. Não sendo um desses casos, o juiz determina a citação do credor para apresentar contestação (não tem audiência de conciliação). No proc. especial, pode ser qualquer modalidade de citação (hoje, preferencialmente eletrônica). 
	O procedimento consignatório é omisso quanto ao prazo de contestação, aplicando-se o prazo do procedimento comum (Art. 318, p. ú.), inclusive o prazo em dobro. 
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
	No CPC de 1973, a revelia implicava na procedência imediata, havia a presunção absoluta da veracidade dos fatos da inicial. Assim, o devedor liberava-se da obrigação. Porém, esse artigo não foi reproduzido no CPC de 2015. Agora, aplica-se a revelia normal, com presunção relativa. 
	O credor, por exemplo, pode informar que o depósito está errado. Nesse caso, o ônus será do réu de indicar qual é o valor correto. Na execução ocorre a mesma coisa. O valor incontroverso poderá ser sacado pelo réu. 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
§ 1º No caso do caput , poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
	Se o credor disser que o valor é insuficiente, o juiz vai oportunizar a complementação do pagamento. Estando o devedor inerte, haverá dois cenários: 1) O juiz pode entender que o devedor tem razão, dando a procedência. 2) o juiz entende que o credor está certo. Assim, irá condenar o devedor a pagar a diferença. Não é uma reconvenção. Assim, a contestação tem carga dúplice, não sendo necessária a reconvenção para acertar a relação jurídica. Pode ter reconvenção na consignatória, mas para outros pedidos, não para pleitear a diferença (para isso, basta contestar). 
	STJ tem tema de recurso repetitivo no sentido que a sentença tem que ser de improcedência, não de procedência parcial. A sucumbência será do devedor. 
	
	Se o devedor complementar o valor antes da sentença, esta será de procedência, declarando a extinção da obrigação. Quem pagará custas e honorários será o autor, porque foi quem deu causa, ao resistir ao pagamento integral. O mesmo pode acontecer com embargos de terceiro (súmula 303 do STJ). Princípio da causalidade.
Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
	Os réus serão citados e todos poderão apresentar defesa. Os possíveis credores podem concordar com o valor e discutir quem é de fato credor. Nesse caso, o juiz pode, desde já, excluir o devedor da obrigação, já que o impasse fica apenas entre os réus, quanto à titularidade do valor. 
Existe uma tendência no STJ de chamar essa exclusão do autor de decisão interlocutória de mérito. O processo segue para discutir quem irá ficar com o valor. Se o juiz concluir que nenhum é credor da obrigação, o tratamento será o mesmo das coisas vagas, que é um procedimento de jurisdição voluntário. O juiz da vara cível ou federal irá oficiar o juízo competente para coisas vagas para iniciar esse procedimento. Existe entendimento doutrinário que esse procedimento pode ser iniciado de ofício. 
Se a dúvida for quanto ao valor, o devedor permanece no processo. 
Art. 548. No caso do art. 547 :
I - não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
II - comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento comum.
Art. 549. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento.
Caso concreto 2: a orientação do STJ é que pode discutir valor. 
Ação de exigir contas (Art. 550 a 553)
	CPC de 1973 chamava de ação de prestação decontas. Há súmulas que ainda falam em prestação. Havia duas espécies: para exigir contas e oferecer as contas. Para ter prestação de contas, é necessária uma relação de direito material em que alguém esteja administrando o patrimônio de outro. No CPC atual, não há mais essa nomenclatura e só se manteve como procedimento especial exigir contas. Se quiser oferecer contas, seguirá o procedimento comum. O mesmo ocorre com a usucapião. 
	Correntista em face da instituição financeira: ainda que haja extrato, se houver dúvidas quanto à cobrança pode ser ajuizada. Súmula 259 do STJ: A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária. É complementada pela Súmula 477 do STJ: A decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
	Condômino em face do condomínio: muitas vezes existe ação no sentido de ilegitimidade. O condomínio é citado na pessoa do síndico, que tem o dever de prestar contas em assembleia e não de forma individual. Por isso há ilegitimidade, já que um único condômino não poderia exigir as contas. 
	O objetivo é apurar a existência da obrigação e o quantum, em fases distintas. Essas duas etapas podem ser condensadas em apenas uma. O réu tem 15 dias para contestar na primeira fase. A primeira decisão irá condenar o réu a trazer as contas, que o STJ considera decisão interlocutória de mérito, não sentença parcial. O que foi julgado foi a obrigação de exigir as contas, devendo seguir para a segunda fase, que discute o valor devido. Se julgar improcedente, é sentença, acaba o processo nessa fase. 
	O objetivo da segunda fase é apurar o valor devido. O réu tem 15 dias para apresentar as contas. Findo o prazo, passa o encargo para o autor trazer as contas. Há dilação probatória. A sentença, nessa fase, encerra o processo. 
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro.
§ 3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado.
§ 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 .
§ 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário.
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
§ 1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados.
§ 2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º , serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo.
1ª Questão:
Neusa ingressou com ação de revisão de financiamento cumulada com ação de consignação em face do Banco Poupa a Jato S. A. Neusa está mensalmente depositando judicialmente valor que entende devido acerca do financiamento o qual pretende que seja revisionado.
O Banco réu requereu o levantamento das quantias depositadas, observando que, apesar de tratar-se de valores muito inferior àqueles que entende devidos, trata-se de valores incontroversos.
Decida a questão de forma fundamentada.
RESPOSTA: Art. 545 § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
2ª - Questão:
Em uma determinada demanda de consignação em pagamento, a parte autora requer a consignação das parcelas em contrato de financiamento firmado com instituição financeira, aduzindo que o valor correto seria 30% menor do que o cobrado.
O magistrado indeferiu a inicial e extinguiu o feito sem resolução de mérito, sob o fundamento de que a parte autora não pretendia superar óbices ao pagamento feito pelo credor, mas sim obter um meio de modificar a forma do cumprimento de sua obrigação contratual.
A parte autora apelou. Sabendo-se que a parte autora apresentou pedidos certos e definidos, decida se é possível a discussão do valor do débito em sede de ação de consignação em pagamento. Resposta fundamentada.
Apelação Cível no 0248111-04.2015.8.19.0001 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. Divergência quanto ao valor cobrado em financiamento bancário. De análise da emenda à inicial, verifica-se que a parte autora apresentou pedidos certos e definidos, tendo inclusive apresentado planilha recalculando o valor financiado. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de ser possível a discussão do valor do débito em sede de ação de consignação em pagamento, ainda que para tanto seja necessária a revisão de cláusulas contratuais. Ausência de inépcia da inicial. Pelo princípio da instrumentalidade das formas e economia processual, deve o feito seguir regularmente. PROVIMENTO DO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA devendo ser retomado o curso do feito.
						
AULA 03
Ações possessórias
	Desde a Roma Antiga é preciso que exista no ordenamento jurídico um mecanismo adequado para a proteção da posse. Os romanos chamavam esses mecanismos de interditos. No processo romano ordinário, o juiz só falava no final do processo. Quando os romanos criaram um mecanismo de proteção da posse, criaram a liminar da posse, ou seja, o juiz se manifestava entre o que foi dito pelo autor e o que foi dito pelo réu. Por isso, chamava-se interdito, entre manifestações. Assim surge também a liminar possessória.
	A partir do século XIX, começou no direito civil uma discussão sobre o conceito de posse, que é um debate entre duas grandes teorias: objetiva de Jhering e subjetiva de Savigny. O Brasil adota a teoria objetiva da posse, o que justifica as proteções ainda existentes. Jhering dizia que a existência dos interditos se justifica porque a posse era a primeira linha de defesa da propriedade. A gente cria mecanismos processuais de proteção porque é mais fácil proteger a posse do que a propriedade, porque é mais fácil provar a posse do que a propriedade. 
Para esse sistema funcionar, é necessário entender que no processo que se discute posse não há espaço para discutir outro direito, nem mesmo propriedade. É a separação entre juízo possessório e juízo petitório. O juízo possessório (no sentido de processo) é para proteger a posse entendida como um direito (ius possessionis). No juízo petitório defende-se um direito do qual pode resultar a posse (ius possidentis), que pode ser locação, usufruto, propriedade, etc.
Elpídio Donizetti: No juízo possessório, busca-se exercer as faculdades jurídicasoriundas da posse em si mesma considerada, sem cogitar qualquer outra relação jurídica. No juízo possessório (ius possessionis), protege-se a posse pelo simples fato de ser ela um direito subjetivo digno de tutela. O fundamento da pretensão é a posse. 
Por outro lado, no juízo petitório (ius possidendi), a proteção à posse tem como substrato o direito de propriedade, ou seja, busca-se a posse como fundamento da titularidade do domínio.
Ex: um imóvel que foi alugado para um inquilino e o proprietário quer reaver o apartamento. Entra no imóvel enquanto o inquilino está fora e troca a chave. O inquilino pode ir à juízo para retomar a posse, pois para o dono não adianta alegar a propriedade.
No processo possessório nunca poderá haver coisa julgada sobre propriedade, porque existe uma restrição à cognição dessa matéria, tendo em vista que esse processo só pode tratar da posse. O Jhering diz que o sistema só funcionará com essa separação. Isso gera um custo para o sistema, pois muitas vezes irá ocorrer do proprietário perder o processo possessório. Se isso ocorrer, o proprietário pode reaver o bem por meio do juízo petitório. Assim, um processo petitório só pode se iniciar após o processo possessório, se forem as mesmas partes (se for para discutir a propriedade com um terceiro, pode ajuizar). 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
A posse, como outros direitos, pode sofrer lesão. Nem todo direito sofre lesão: direitos potestativos não sofrem lesão. Se pode ter lesão, pode ter ameaça de lesão. Para ter um sistema que dá direito à posse, tem que proteger da lesão ou ameaça. A proteção de ameaça chama-se interdito proibitório que proíbe o réu de praticar atos de lesão à posse, sob a pena de multa, que é a consequência de quem violar a proibição. 
Nos casos em que já houve lesão, há dois tipos: esbulho e turbação. Esbulho é a perda total da posse. Turbação é a perda parcial. Esses conceitos não são quantitativos, mas qualitativos. Se a posse é perdida completamente, é esbulho, ainda que seja de parte de um terreno. Se a posse ainda está no patrimônio de uma pessoa e está sendo perturbada por outra pessoa, há a turbação, ainda que seja em todo o espaço de seu terreno. Os conceitos independem do espaço territorial onde a posse é exercida, mas tem relação com a forma que a posse está sendo exercida.
Se a posse é perdida totalmente, o indivíduo deseja reintegrar a posse. Se a pessoa está tendo sua posse atrapalhada, mas ainda está em seu patrimônio, deseja a manutenção da posse. As ações possessórias são fungíveis entre si. 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
	A situação fática pode se alterar no curso do processo. O que importa para o juiz é a situação em que a posse se encontra no momento de decidir. Se no início do processo o pedido é de manutenção, já que está havendo a turbação, mas no momento da sentença tornou-se esbulho, o juiz pode conceder a reintegração de posse.
O interdito proibitório sempre terá uma função preventiva. A manutenção de posse e reintegração são usadas quando a lesão já aconteceu. O CPC prevê uma proteção especial para estes dois últimos casos, mas diz que existe um limite temporal para o uso desse procedimento especial, que é um prazo contado a partir da turbação ou esbulho. Após esse prazo, será pelo procedimento comum, mas mantendo as características gerais da ação possessória. 
Só usa o procedimento especial aquele que ajuíza a ação possessória dentro do prazo de um ano e um dia. Se o esbulho for em 30/01/2023, a ação possessória só será ajuizada pelo procedimento especial até 31/01/2024. Se proposta dentro de ano e dia, é ação possessória de força nova. Se fora do prazo, é AP de força velha. Se for no último dia do prazo, ainda é força nova. 
Se a ação é proposta dentro do prazo, o autor tem direito de obter uma medida liminar de proteção possessória. Tem que haver prova da data do esbulho ou turbação e prova da posse. Assim, o juiz defere liminarmente a proteção da posse. A ideia é que o processo se desenvolva com o réu fora da posse. 
OBS 1: Nem sempre o autor conseguirá prova documental suficiente para obter a liminar. Se não conseguir e o juiz considerar que a prova que está com a inicial é insuficiente, a liminar não pode ser indeferida. A alternativa ao deferimento é a marcação de uma audiência chamada de audiência de justificação. O réu é citado e pode ir à audiência, que é uma audiência unilateral, em que somente o autor pode levar testemunhas. O réu pode participar da audiência, só não pode arrolar testemunhas. O juiz não pode indeferir a liminar se não fizer a audiência. 
OBS 2: O juiz defere a liminar e dá 15 dias para o réu sair da posse. É uma tutela provisória satisfativa, pois já garante ao autor o resultado que ele quer. Independe da demonstração de urgência, então trata-se de uma tutela de evidência. A rigor, hoje, mais importante que o procedimento especial é o uso de técnicas processuais diferenciadas (livre trânsito de técnicas). Mais importante que existir um procedimento especial é ter a técnica processual diferenciada para solucionar as ações possessórias. Existe uma ideia de colocar um inciso novo ao Art. 311 incluindo a hipótese da ação possessória de força nova + colocar um artigo no procedimento comum afirmando a separação de processo possessório e petitório, de modo a eliminar todo o procedimento especial e manter a técnica. 
	A partir da contestação seguirá todo o procedimento comum. Há um artigo que diz que o réu pode pedir a proteção possessória na contestação, o que é desnecessário já que no procedimento comum já há a previsão do réu reconvir na contestação.
	Ocupações coletivas de imóveis: todo o sistema de proteção possessória foi pensado para um modelo de conflitos individuais. O CPC/2015 traz essa realidade diferente, que não tinha sido objeto de nenhuma legislação, salvo uma alteração no CPC/1973 que trazia uma previsão de participação obrigatória do MP se houvesse uma coletividade. 
	Agora há um sistema processual para o caso de ocupação coletiva, seja de imóvel rural ou urbano. O CPC estabelece uma regra sobre formação do processo, sendo réus todos os ocupantes do imóvel, formando-se um litisconsórcio necessário. Há uma dificuldade operacional em qualificar e citar todo mundo. A citação será feita pelo oficial de justiça, que irá citar pessoalmente todo mundo que estiver presente e colherá as qualificações. Ele não voltará para citar outras pessoas depois, quem não for encontrado nessa única diligência será citado por edital. 
Para que isso não seja inconstitucional, o juiz deverá criar um mecanismo de compensação de acesso à informação desse processo, dando a maior publicidade possível ao processo, como por meio de fixação de cartazes no local do conflito. 
	Antes do juiz decidir sobre a liminar, tem que fazer uma audiência de mediação, em que virão as partes, o MP, a DP (se houver hipossuficientes) que será intimada mesmo que as partes tenhamadvogados pois atuará como custos vulnerabilis e o órgão que trata de política agrária ou urbana. 
Nessas ações possessórias em que figure no polo passivo grande número de pessoas em situação de hipossuficiência econômica, em não havendo a intimação da Defensoria Pública para os fins do art. 554, § 1º do NCPC, é possível invocar nulidade no feito.
O art. 565, que trata dessa audiência, fala em mais de ano e dia. Por isso, alguns autores dizem que só se aplica para a força velha, mas outros dizem que não faz sentido, sendo uma falha legislativa que deve ser interpretada sistematicamente para se aplicar ao procedimento especial, pois se for força velha seguirá o procedimento comum. O prof. Câmara entende que se aplica pras duas. Esse mesmo artigo tem o parágrafo 5°, que diz que o artigo se aplica também às ações reivindicatórias. 
EMBARGOS DE TERCEIRO
	Foram originariamente pensados como mais um mecanismo de proteção da posse, mas que tivesse uma característica peculiar: a ameaça, turbação ou esbulho provinha de um ato judicial. A ideia era pros casos em que havia algum ato de constrição sobre um bem que estivesse na legítima posse de terceiro, que quer proteger a sua posse ameaçada ou violada em razão de um ato judicial proferido em um processo em que não está inserido. Não era um particular causando a ameaça ou lesão, razão pela qual não poderia ser uma ação possessória. 
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.	
O CPC de 2015 trouxe uma novidade, que na prática não foi percebida. O art. 674 amplia o campo de utilização dos embargos de terceiro, que antes protegiam exclusivamente a posse, mas agora protegem a propriedade, inclusive fiduciária. Esses embargos de terceiro geram um processo novo que será distribuído no mesmo juízo onde tramita o processo original, é uma regra de competência funcional, uma prevenção (Art. 676). Por isso não se confunde com intervenção de terceiros, pois é um processo autônomo. 
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado.
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.
Existe um prazo no Art. 675 para ajuizar os embargos de terceiro. Não interessa como o bem foi expropriado, até 05 dias depois caberá o embargo de terceiro, desde que a carta não tenha sido expedida. Poderá ajuizar uma ação para anular a arrematação, mas não será mais embargo de terceiro. Sempre que há a expropriação de um bem, o Judiciário produz um documento que é entregue a quem o adquiriu, para regular a transferência do bem, que é uma carta. Essa carta vai depender de técnica utilizada (carta de arrematação, de adjudicação, etc). Esse documento é assinado pelo juiz, pelo escrivão e pela parte que recebe. 
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
	Se ainda não passou 05 dias e não teve carta, pode opor embargos. Se passou 15 dias e não houve expedição da carta, não pode opor porque passou o prazo. 
	STJ tem um entendimento consolidado, que não tem base legal, de que essa regra dos 5 dias antes da carta só se aplica quando o terceiro embargante já tinha conhecimento da constrição. O prazo só será contado a partir da ciência do terceiro sobre a execução, se desta não sabia, sendo irrelevante a expedição da carta. Os 5 dias se contam desde a efetiva expropriação (adjudicação, arrematação, etc).
	Há um caso específico com uma regra totalmente diferente, que está no Art. 792, p. 4, para os casos em que houver uma execução em curso e dúvidas se o bem foi adquirido pelo terceiro por meio de fraude.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio.
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.
	O terceiro irá fazer a petição inicial com provas de sua posse ou propriedade, juntar documentos e arrolar as testemunhas. No procedimento comum não precisa de testemunhas na inicial, já é a primeira diferença. O embargado é aquele que será beneficiado pela execução do bem, o exequente. Se a parte adversária (executado) indicou o bem para constrição, haverá um litisconsórcio passivo necessário. O exequente sempre estará no polo passivo, o executado apenas se indicar o bem. 
Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
 Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.
	Havendo a citação, há 15 dias para contestar, e a partir daí seguirá o procedimento comum. A sentença irá desconstituir a constrição ou impedi-la de acontecer. 
Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.
É possível a oposição de embargos de terceiro preventivos, isto é, antes da efetiva constrição judicial sobre o bem. STJ. 3ª Turma. REsp 1726186/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018.
STJ- Súmula 84. É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro. 
STJ- Súmula134. Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação. 
STJ- Súmula 195. Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores. 
STJ- Súmula 303. Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios.
1ª - Questão:
Em ação de reintegração de posse de imóvel, de força nova, o magistrado indeferiu de plano a medida liminar, considerando não estarem provados os requisitos para sua concessão, sendo desnecessária a realização de audiência de justificação.
O autor agravou da decisão alegando que a medida liminar foi indeferida erroneamente, já que estava evidente o esbulho alegado.
Pergunta-se: Correta a decisão do magistrado? Resposta fundamentada
Resposta:
O aluno deverá abordar o artigo 562, NCPC.
Deve-se, então, exigir do aluno que diga que o juiz decidiu erradamente, já que, não estando demonstrados de plano os requisitos para a concessão da liminar possessória, é obrigatória a designação da audiência de justificação, só se admitindo o indeferimento da medida após sua realização
​​2ª - Questão:
Augusto ingressou com demanda em face de Júlio em 23/08/2016. O autor afirma que seu pai, Alfredo, estabeleceu um contrato de comodato verbal por tempo indeterminado com o réu. Augusto afirma que, como único herdeiro, após a morte de Alfredo, solicitou que o réu deixasse o imóvel.
O autor comprovou que, em 14/06/16, notificou o comodatário para desocupar o imóvel no prazo de 30 dias. Diante a inércia do comodatário requereu a reintegração de posse liminar.
O magistrado indeferiu tal pedido sob os fundamentos de que se trata de demanda possessória de força velha e que não estão presentes os requisitos para a concessão da tutela antecipada pelo rito comum.
Inconformado, Augusto agravou da decisão, sustentando que como se tratava de comodato verbal sem prazo convencional, o esbulho ocorreu após o prazo da notificação para desocupação, e não quando da morte do autor da herança, razão pela qual o procedimento possessório é de força nova e enseja a reintegração liminar sem a demonstração de urgência para utilização do bem.
Diante os fatos narrados, decida a questão de forma fundamentada.
"...Com efeito, não há que se falar em procedimento possessório de força velha, já que o ano e dia deve ser contado a partir da data do esbulho, supostamente ocorrido depois do prazo para desocupação do imóvel, e não depois da morte do autor da herança. Afinal, o comodato não se extinguiu automaticamente com a morte do autor da herança, mas somente com a notificação extrajudicial. Dessa forma, tendo em vista que o esbulho supostamente restou configurado em 14.07.16 e que a demanda foi ajuizada em 23.08.16, está respeitado o prazo para que seja seguido o procedimento possessório de força nova (art. 558 do CPC)...."
​​3ª - Questão:
Em uma determinada demanda, João, autor; e José, réu, discutem uma dívida. No curso da demanda, um dos imóveis de João foi penhorado.
Matheus, possuidor do bem em questão, interpôs Embargos de Terceiro, com pedido liminar para que fosse suspensa a penhora do imóvel, visando também à manutenção de sua posse, e comprovou que reside com sua família no imóvel.
Pergunta-se: quanto ao deferimento do pedido liminar nos Embargos de Terceiro, havendo prova inequívoca do alegado, é possível ser este deferido? Resposta fundamentada.
AGRAVO DE INSTRUMENTO No 0047399 - 93.2018.8.19.0000 - Direito processual civil. Embargos de terceiro. Embargante que alega ser possuidor de imóvel penhorado em execução de que não participa, mas que deve ser protegido por ser destinado à sua moradia e de sua família. Pretensão de obtenção de liminar no processo dos embargos de terceiro. Liminar que exige prova sumária da propriedade ou da posse. Caso em que não se discute propriedade, mas tão somente posse. Elementos constantes dos autos que não permitem afirmar, nem em cognição sumária, que o embargante teria a posse do bem. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
4ª - Questão:
Luis Rey teve dois filhos, Luis Miguel e Alex. Porém, também criou a filha de um amigo, Erica.
No ano de 2005, Erica foi residir em um dos imóveis de Luis Rey, mediante cessão gratuita.
Em 2018 Luis Rey falece e seus filhos dão início ao inventário judicial.
Erica então ajuíza embargos de terceiro para pedir a retirada do imóvel em que reside do rol dos bens arrolados. Afirma que reside no imóvel desde 2005 e que sua posse é de boa-fé, devendo usucapir o bem em questão. Em contestação aos embargos, a parte ré suscita preliminar de ausência de interesse de agir.
Como deve o magistrado decidir essa questão preliminar? Resposta fundamentada.
Resposta:
Embargos de terceiro.Arrolamento de imóvel em processo de inventário.Embargante que se afirma proprietário doimóvel, mediante usucapião, e, subsidiariamente,possuidor. Interesse de agir nos embargos que decorre da constrição ou da ameaça de constrição a direito do embargante(art. 674, caput, do CPC). Ausência de atos constritivos no processo de inventário,sendo necessário ajuizamento de demandas subsequentes,pelos herdeiros, para que possam retomar o imóvel. Posse e propriedade do embargante que não sofrem sequer ameaça em razão do arrolamento do imóvel. Falta de interesse de agir para a demanda de embargos de terceiro (art. 485, VI, do CPC). Extinção do processo sem resolução do mérito, restando prejudicado o recurso.
OPOSIÇÃO
	Tem algumas afinidades com embargos de terceiro. Não é caso de constrição de bens, mas há um processo em curso em que as partes litigam sobre a titularidade de um direito. O terceiro se manifesta no sentido de que ele é o titular do direito, e não qualquer das partes. É uma ação autônoma, o terceiro opoente vai a juízo requerendo o reconhecimento de que o direito discutido entre as partes do outro processo é dele. 
	Esta ação somente pode ser proposta até a sentença. Será julgada no mesmo juízo e na mesma sentença da ação principal, sendo invariavelmente julgada primeiro na sentença (é uma prejudicial de mérito). Se o opoente for União, empresa pública federal ou autarquia federal, atrai a competência da justiça federal.
Art. 684. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.
O STJ entendeu que não cabe oposição em ação de usucapião. Para a Corte, o indivíduo não tem interesse processual para oferecer oposição na ação de usucapião porque, estando tal ação incluída nos chamados juízos universais (em que são convocados a integrar o polo passivo por meio de edital toda a universalidade de eventuais interessados), sua pretensão poderia ser deduzida por meio de contestação. Como a lei exige a convocação de todos os interessados para ingressarem no polo passivo da ação de usucapião, se assim desejarem, isso significa que neste procedimento não há a figura do terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1726292/CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/02/2019
AULA 04
Inventário e partilha
	É uma ação de conhecimento e tem rito especial, criado para melhor atender ao direito material. É um rito, em regra, indisponível, que não se sujeita a negócio jurídico processual. No caso do inventário, tem que ter havido a sucessão causa mortis ou sucessão de ausente. Alguém morre deixando bens e para que transfira a propriedade dos bens para os herdeiros tem que haver o procedimento de inventário e partilha. Os herdeiros precisam de um título comprobatório com força executiva apto a torná-los proprietários. 
Direito das sucessões está entre os artigos 1784 a 2027 do CC. ITCMD é o imposto estadual que se aplica (Art. 155, I da CF e Súmula 112 do STF). A abertura da sucessão é o evento morte, não se confunde com o início automático do inventário judicial ou extrajudicial. 
	Inventário e partilha é um procedimento bifásico. Inventariar é catalogar bens, direitos e obrigações do falecido. A fase de inventário é encerrada por decisão interlocutória. A segunda fase é a partilha, que é a divisãodos bens inventariados: paga-se os credores do falecido e o que sobra é dividido entre os herdeiros. 
Inventário extrajudicial
	É possível fazer o inventário por escritura pública em cartório. É uma técnica de desjudicialização.
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
	Os requisitos são herdeiros capazes e em consenso (se houver litígio, não tem como fazer em cartório), ausência de testamento (abertura de testamento tem um procedimento formal por exigência do art. 735 a 737), assistência por advogado (geralmente é um único para todos, ou mesmo defensor público).
Resolução 35/2007 do CNJ. Forma-se um título executivo extrajudicial. É livre a escolha do tabelião de notas, não precisa seguir a competência do CPC. É facultado aos interessados optar pela via judicial ou extrajudicial. 
REsp 1829945: Se, no curso da ação, desaparecerem as circunstâncias que justificaram a necessidade de inventário judicial, é lícito às partes capazes e concordes promover o inventário e a partilha extrajudicialmente, mediante escritura pública, hipótese em que a ação de inventário deverá ser extinta sem resolução de mérito pela perda superveniente do interesse processual, não por renúncia ou por transação, que pressupõem, respectivamente, ato de disposição de direito material em juízo e ato autocompositivo a ser homologado judicialmente” (STJ - REsp 1.829.945/TO, 3a Turma, j. 27/04/2021).
Pela lei, havendo testamento, o inventário não poderá ser extrajudicial. STJ entende que aberto o testamento em juízo (Art. 735), nada impede que as partes optem pelo inventário extrajudicial (entendimento jurisprudencial que relativiza a lei). Enunciado 77 do CNJ (jornada de prevenção e solução extrajudicial de litígios). 
INVENTÁRIO JUDICIAL E PARTILHA
Autor da herança: falecido/inventariado/de cujus. Não é quem ajuíza a ação de inventário. 
Espólio: massa patrimonial indivisa. É uma universalidade. É A ideia é definir essa massa patrimonial e dividi-la, até isso ocorrer chama-se de espólio. O espólio do falecido é tido como um ente formal com capacidade de ser parte. 
Se uma pessoa morre, perde a capacidade de ser parte, sendo autor ou réu. Se o direito for intransmissível, extingue sem resolução do mérito (Art. 485, IX do CPC). Se o direito for transmissível (ex: direito obrigacional), suspende o processo desde a morte, mesmo que seja noticiado depois (Art. 313, I), visando viabilizar a sucessão processual (Art. 110, CPC), através do procedimento de habilitação (Art. 687 e ss do CPC). O falecido vai ser sucedido pelo espólio ou pelo herdeiro (se for apenas um). O espólio deve ser representado em juízo pelo inventariante. 
Inventariante: é o administrador e representante do espólio. Art. 617 a 625 do CPC c/c Art. 1991 do CC. Art. 75, VII do CPC. Terá incumbências com a manutenção do bem deixado pelo falecido. Tem funções dentro do processo de inventário e nas ações que envolvem o falecido (a parte será o espólio, representado pelo inventariante).
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.
	Herdeiro menor passa a ser inventariante, pelo seu representante legal. Pode ter um inventariante dativo, hipótese do inciso VIII. Princípio da melhor representação do espólio. 
Administrador provisório: quando ocorre a morte, há a automática transmissão da posse para os herdeiros (princípio da saisine, art. 1784). É aquele que assume antes da nomeação do inventariante. Quem estiver na posse do bem será o administrador provisório. Art. 613/614 do CPC c/c Art. 1797 do CC. Independe de decisão judicial. 
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do administrador provisório.
Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
	Para bens situados no Brasil, o inventário tem que ser aberto no Brasil, por uma questão de soberania nacional e de exclusividade da tributação (Art. 23, II e 964 do CPC). Não fala em imóveis, mas qualquer bem. Art. 964 está no capítulo de homologação de decisão estrangeira. 
	A competência irá delimitar a jurisdição interna de um país. O CPC traz a regra de competência territorial, que será o foro do último domicílio do falecido. A doutrina justifica que o domicílio é onde a pessoa tem o animus de permanecer. Existem foros subsidiários, para os casos em que não havia domicílio certo (não é concorrente, é subsidiário). 
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
	A competência territorial é relativa. Por mais que tenha litígio, os herdeiros têm interesse em resolver a causa. O juiz não pode conhecer de ofício a incompetência territorial. Podem os herdeiros alegar o vício, mas se não alegaram a competência se prorroga. 
	Quando há mais de um inventário aberto há a litispendência, que é a repetição de demandas idênticas. Nesse caso, o marco definidor de qual irá prosseguir é o registro ou a distribuição. Em regra, aplica-se a regra do Art. 240 do CPC, que diz que prossegue a ação com citação válida. Contudo, na ação de inventário geralmente não tem citação.
	O art. 48 do CPC traz a universalidade do foro sucessório para outras ações. O foro do último domicílio do de cujus também será o foro (não é o juízo) competente para abertura de testamento, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Em juízo, há o inventário e partilha litigiosa, havendo a subdivisão em arrolamento (simplificação do procedimento de inventário), que pode ser sumário ou comum. 
O arrolamento sumário é de jurisdição voluntária, não há conflito. Não há citação, não há impugnação (já que não é litigioso), não tem participação do MP já que só tem herdeiros capazes, mas ainda haverá inventariante. 
O arrolamento comum é procedimento de jurisdição contenciosa, há a possibilidade de impugnação, mas volta-se para bens de pequeno valor (até mil salários-mínimos). 
O alvará judicialestá previsto no art. 666 do CPC. Também é de jurisdição voluntária, para os casos em que o falecido não deixa bens, mas deixa valores previstos na Lei 6858/80 (ex: saldo de FGTS). Súmula 161 do STJ diz que a competência do levantamento de FGTS será estadual. Enunciado 3 e 30 do FONAJE. OBS: não cabe ação monitória em juizado.
Legitimidade ativa: é concorrente e disjuntiva. Art. 616 do CPC. 
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
I - o cônjuge ou companheiro supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite
Legitimidade passiva: formará um litisconsórcio passivo necessário. Art. 626 do CPC.
A abertura do inventário deve ocorrer em 2 meses após a abertura da sucessão. Não se confunde com 60 dias, que são contados em dias úteis. Dois meses são dias corridos. O CC estabelece um prazo diverso, mas prevalece o do CPC. Se não for ajuizada no prazo, não há a impossibilidade de ajuizar depois, já que não é prescricional ou decadencial, mas há a aplicação de multa estadual. Súmula 542 do STF diz que a multa não é inconstitucional. 
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. 
1) Inventário:
(i) petição inicial, com juntada da certidão de óbito (art. 615, CPC). 
(ii) nomeação do inventariante (art. 617, CPC).
(iii) primeiras declarações (arts. 618, III; e 620, CPC).
(iv) citação dos interessados (art. 626, CPC).
(v) eventual impugnação dos interessados (art. 627, CPC).
(vi) avaliação do acervo (art. 630, CPC).
(vii) últimas declarações (arts. 618, III; e 637, CPC).
(viii) cálculo do imposto e decisão interlocutória (art. 638, CPC).	
O advogado poderá assinar o termo de compromisso de inventariante se tiver previsão na procuração, assim como para dar as primeiras e últimas declarações. As primeiras declarações serão prestadas pelo inventariante após o compromisso, podendo ser ratificações da inicial. Há a possibilidade de contestação. Não necessariamente haverá prova pericial na avaliação do acervo. Quando há citação dos interessados, há a citação da Fazenda Pública para entregar os cálculos de valores dos bens. As últimas declarações trazem as últimas correções. 
2) Partilha:
(i) petição de quinhões (art. 647, CPC).
(ii) deliberação da partilha (art. 647, in fine, CPC).
(iii) esboço da partilha pelo partidor judicial (arts. 651; e 652 CPC).
(iv) pagamento do imposto (art. 654, CPC).
(v) julgamento da partilha por sentença (arts. 618, III; e 654, in fine, CPC).
(vi) expedição do formal de partilha (art. 655, CPC c/c art. 167, I, n. 24 e 25, Lei no 6.015/1973).
	Partilha: procedimento entre art. 647 e 655. Inicia-se com a petição de quinhões. É necessário pagar o imposto para haver sentença. Com o formal de partilha, o herdeiro transfere o bem para o seu nome. 
	Questões que demandam dilação probatória não se sujeitam ao inventário. Haverá um processo na via comum em apenso para a instrução. Contudo, o reconhecimento de união estável em sede de inventário é possível, se houver provas incontestes. 
	Há a ação de petição de herança para os casos após o encerramento do inventário. A sentença que resolve o inventário e partilha é um título executivo judicial, que só vincula os herdeiros e terceiros que participaram da ação. Por isso, os demais herdeiros podem ajuizar a ação de petição de herança, já que a eficácia da sentença não os abrange, gerando a nulidade do inventário. Inexiste coisa julgada oponível ao herdeiro não participante do inventário (art. 515, IV, CPC).
	Artigos 639 a 641 do CPC tratam da colação, que tem o objetivo de igualar as legítimas, ou seja, trata dos bens que não foram incluídos no inventário. Reconstitui o acervo hereditário. Geralmente vem na fase de impugnação dos demais herdeiros. 
	A sonegação significa a ocultação dos bens do espólio de forma dolosa, o que inclui a omissão de colação. A sonegação implica na perda do bem ou restituição do valor ao espólio. A pena pela sonegação é aplicada fora do inventário, na ação de sonegados. Somente pode alegar sonegação após prestadas as últimas declarações. 
	Sobrepartilha: trata dos bens surgidos depois do fim da partilha. Art. 699. É um complemento do inventário, ocorrerá nos mesmos autos (reabertura). Não impede a reconstituição do espólio para fins de sobrepartilha. Pode ser feito extrajudicialmente. 
	Inventário negativo: objetiva reconhecer o óbito sem herança. O inventário negativo ocorre quando é iniciado um processo de inventário sem que haja bens ou direitos do devedor. Na realidade, na medida em que o inventário é procedimento para a catalogação de bens e direitos do falecido, de modo a proceder à sua partilha, a expressão inventário negativo parece ser contraditória, pois nesse caso não há bens a inventariar e, consequentemente, a partilhar. No entanto, não se pode esquecer de que o falecimento de alguém pode gerar consequências jurídicas para herdeiros, legatários ou mesmo terceiros credores. Como exemplo, é preciso recordar que, por força do artigo 1.792 do Código Civil, os herdeiros respondem pelas dívidas do espólio nos limites da herança. Por isso, pode algum herdeiro querer realizar o inventário negativo, de modo a assegurar sua ausência de responsabilidade, em virtude da ausência de bens e direitos do morto.
 
1ª - Questão:
No processo de inventário de Rui, os herdeiros Arlindo e Edgar ingressaram com incidente de remoção da inventariante Elvira, companheira de Rui. Alegam que esta vem praticando atos incompatíveis com o encargo, deixando de administrar corretamente os bens do espólio com o não pagamento de tributos incidentes sobre os bens, além de não ter apresentado as primeiras declarações no prazo de vinte dias previsto em Lei, e de ter sonegado bens. Requerem, deste modo, que Arlindo seja nomeado inventariante.
Em defesa, Elvira comprovou que não incorreu em nenhuma das hipóteses previstas em Lei para ser removida, e demonstrou que requereu a dilação do prazo de 20 dias, o que foi deferido pelo juízo e que não poderia incorrer em sonegação, pois ainda não houve a descrição dos bens.
Decida a questão abordando os dispositivos pertinentes para fundamentar a decisão.
Resposta:
Incidente de remoção do inventariante. Art. 622 a 625. Pode ocorrer de ofício. STJ entende que o rol do Art. 622 não é taxativo. Toda decisão interlocutória em inventário cabe agravo de instrumento (Art. 1015, § único). 
2ª - Questão:
Juan, argentino, faleceu em Buenos Aires, deixando bens imóveis, para seu único filho, naquele pais, que residia, e no Brasil.
O filho de Juan abriu o inventário do pai na Argentina. Posteriormente, requereu a homologação da sentença estrangeira no Brasil, para tornar-se proprietário dos bens que eram do seu genitor.
Pergunta-se: Está correto o pedido de homologação de sentença estrangeira no caso concreto? Resposta fundamentada.
A justiça brasileira é a única competente. Não está correto o pedido de homologação. 
AULA 05
AÇÃO MONITÓRIA
	Foi criada na década de 90. O procedimento monitório, na vigência do CPC/1973, parecia que apresentava o procedimento comum apenas com a mudança de nomenclatura (embargos em vez de contestação, mandado liminar em vez de tutela provisória, mandado definitivo em vez de julgamento antecipado). Na primeira versão apresentada do CPC/2015, não previa o procedimento monitório, igualando-o ao procedimento comum. Contudo, houve críticas de juristas que fizeram com que o procedimento fosse incluído, agora com distinções mais marcadas. 
	O objetivo do procedimento monitório é criar rapidamenteum título executivo, tendo como característica o fato de ser opcional. Pode-se usar, inclusive, o juizado especial cível. A monitória não é tão específica pois, em dado momento, torna-se procedimento comum. 
	A competência pode ser da justiça estadual ou federal, a depender da parte. Exige-se como instrução a prova escrita, sem força de título executivo, que pode ser de obrigação de pagar, de entrega de coisa, de fazer e de não fazer. As duas últimas não eram incluídas no CPC/73. 
Tendo um título extrajudicial (ex: nota promissória), o indivíduo pode renunciar à força executiva e tratar o título como prova escrita. O legislador prevê essa hipótese sob a máxima de quem pode mais pode menos, tendo em vista que se pode renunciar ao crédito, pode renunciar à força executiva. Às vezes surge um novo documento que não fica claro se é um título executivo ou não. Nesses casos, é melhor abrir mão da força executiva. Súmula 247 do STJ traz um exemplo de prova escrita que não é documento hábil para ser considerado título executivo, em razão de suscitar dúvidas quanto à obrigação.
Se um locatário para de pagar a dívida, o locador terá interesse em fazer o despejo e receber os atrasados. No mesmo processo não pode ter o mesmo pedido de procedimento especial e pedido de procedimento comum (ação de despejo cumulado com cobrança). Nesse caso, o autor abre mão da força executiva do contrato para ingressar com um procedimento monitório. É possível ajuizar o despejo e a execução do título judicial para cobrar os aluguéis. 
	O CPC permite como prova escrita aquela produzida em produção antecipada de prova, que está entre os artigos 381 e 383. Para demandas previdenciárias, é necessário ir primeiro à autarquia para tentar administrativamente resolver o conflito e depois ir ao Judiciário, se necessário. Na produção antecipada, o juiz não entra no mérito (não conhece os fatos) nem fica prevento, só homologa o que foi levado. 
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
§ 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta.
§ 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal.
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso.
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora.
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário.
 Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias e certidões pelos interessados.
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida.
	Súmula 299 do STJ permite o cheque prescrito (sem eficácia executiva) como prova. Com relação aos títulos de crédito, a prescrição significa a perda da pretensão executiva, mas ainda há o direito à cobrança do crédito. 
	Súmula 503 STJ: mesmo o cheque sem força executiva pode ser cobrado no prazo de 05 anos. Súmula 504 STJ fala a mesma coisa, mas se referindo à nota promissória sem força executiva. 
	O CPC não delineou exatamente o que é prova escrita. Fica a cargo da jurisprudência determinar o que pode ou não ser utilizado. 
	Legitimidade passiva:
1) Devedor incapaz: questionava-se se não prejudicaria a celeridade, posto que seria necessária a atuação do MP. O art. 700, caput estabelece que o devedor tem que ser capaz. 
2) Fazenda Pública: os argumentos contra eram muito frágeis, hoje o próprio CPC admite que integre o polo passivo. Os argumentos contrários eram: a impossibilidade da FP ser revel (porém na monitória não há revelia), que não seguiria a ordem do precatório (o que não acontecia) e a necessidade de remessa necessária. Súmula 339 do STJ. 
Art. 700:
§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.
	A petição inicial segue os requisitos do art. 700, §2º. Se o juiz tiver dúvida quanto à regularidade da prova, a hipótese é de emenda para transformar em procedimento comum. 
§ 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso:
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo;
II - o valor atual da coisa reclamada;
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.
	Na monitória, a prova escrita muitas vezes é um título de crédito abstrato, que não se vincula a uma causa. Daí a inexistência da necessidade de indicar os fatos e fundamentos jurídicos, ou seja, não precisa narrar a situação que gerou a emissão do cheque. Súmula 501 STJ: em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. Em princípio, a súmula pode ser estendida a demais títulos de crédito. 
	Antes de indeferir, tem que tentar regularizar, salvo se tiver um vício insanável. Pode ter improcedência liminar ou indeferimento. Não sendo estes casos, o juiz pode determinar a expedição do mandado inicial, que é um ordem para o réu ser citado e cumprir a obrigação no prazo de 15 dias. A citação pode ser eletrônica, postal, por OJ, em cartório, hora certa ou edital. Este último é compatível com procedimento monitório, segundo a súmula 282 STJ. Questionava-se o cabimento, pois em tese retiraria a celeridade. 
Tradicionalmente, o juízo trata o mandado inicial como uma decisão de natureza interlocutória, mas há argumento de que é uma sentença. Se o réu pagar nos 15 dias, fica isento de custas e os honorários ficam no patamar de 5%. Sempre que o CPC estimula o réu a cumprir a obrigação, isso chama-se sanções premiais. 
O réu pode propor parcelamento, desde que o credor aceite, mas o que não irá interromper ou suspender o prazo para embargos. Além disso, na execução, há um parcelamento previsto em lei, que não se confunde com o parcelamento livre, proposto pelo devedor. É o parcelamento do Art. 916 do CPC, que acontece em execução de título extrajudicial, em que o devedor terá o direito de pedir 15 dias para pagar 30% à vista e o restante em 6 parcelas de 1%

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