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Material da Semana nº 06 de 2023- Período de 18 de fevereiro a 24 de fevereiro Notícias TST 1) Agente comunitária de saúde receberá adicional de insalubridade com base em laudo 22/02/23 - A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve o pagamento do adicional de insalubridade a uma agente comunitária de saúde. A parcela será devida a partir de 3/10/2016, data da entrada em vigor da Lei 13.342/2016, que exige a comprovação, por laudo, do trabalho habitual e permanente em condições insalubres, acima dos limites de tolerância, o que foi constatado no caso. Efeitos nocivos Contratada pelo Município de Salto de Pirapora (SP) em 2014, a agente ajuizou a ação em 2016, requerendo o pagamento do adicional desde o início do contrato. Alegou que a maioria dos pacientes visitados tinham doenças como catapora, caxumba, hepatite A, HIV, tuberculose, câncer ou dermatites, mas não havia fornecimento de EPIs para neutralizar os efeitos nocivos dos agentes insalubres. Laudo pericial O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP) confirmou a sentença que havia deferido a parcela em grau médio (20% do salário mínimo). A decisão se baseou em laudo pericial que constatara o contato habitual e permanente da agente comunitária com materiais e pacientes com doenças infectocontagiosas, conforme previsto no Anexo 14 da Norma Regulamentadora (NR) 15 do Ministério do Trabalho. Regras e períodos distintos O relator do recurso de revista do município, ministro Evandro Valadão, restringiu a condenação ao período contratual posterior à vigência da Lei 13.342/2016. Segundo ele, o TRT havia aplicado regramentos distintos para momentos diferentes do contrato de trabalho. Em relação ao período anterior à vigência da lei, ele assinalou que o entendimento do TST é de que as atividades de agentes comunitário de saúde não se enquadram na NR-15, inviabilizando a concessão do adicional. Quanto ao período posterior, o posicionamento adotado é de que o adicional somente é devido quando constatado o trabalho de forma habitual e permanente em condições insalubres, como ocorreu no caso. A decisão foi unânime. (LT/CF) Processo: RR-10311-12.2016.5.15.0078 2) Fornecimento de sanduíche libera lanchonete de pagar vale-refeição 24/02/23 - A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho absolveu a BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes S.A. (rede Burger King) de pagar vale-refeição a um supervisor de operações. A empresa havia sido condenada a pagar os valores do benefício correspondentes a um ano, por entender que o alimento oferecido não tinha qualidade nutricional. Contudo, segundo o colegiado, a norma coletiva não menciona o tipo de alimentação a ser concedida pelo empregador. Convenção coletiva De acordo com a convenção coletiva de trabalho de 2017/2019 da categoria, as empresas forneceriam refeições nos locais de trabalho, e a concessão do vale-refeição era facultativa. Na ação trabalhista, o supervisor de operações de uma loja em São Paulo (SP) sustentou que a empresa havia descumprido essa cláusula. Segundo ele, os lanches fornecidos não poderiam ser considerados como alimentação saudável, e, por essa razão, teria direito a uma indenização equivalente ao vale-refeição. Baixo valor nutricional O pedido foi julgado improcedente em primeira instância, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) entendeu que a norma coletiva, ao prever o fornecimento de refeições, busca a melhoria das condições sociais dos trabalhadores, e somente uma alimentação variada, balanceada e de elevado valor nutritivo atingiria esse objetivo. No caso, a empresa fornecia apenas os produtos do cardápio de suas lojas, primordialmente sanduíches e saladas "pouco ou nada variadas, com alto teor calórico e de gorduras e baixo valor nutricional". Prato comercial No recurso ao TST, a rede de lanchonetes argumentou que a alimentação fornecida é similar ao "prato comercial" e que, na convenção coletiva, não há nenhuma ressalva ou especificação do tipo de alimento a ser fornecido. Sem parâmetro Para o ministro Breno Medeiros, relator do recurso, o TRT impôs uma condenação sem parâmetro na CLT ou na norma coletiva, segundo a qual a concessão do vale-refeição, em substituição ao fornecimento da comida, era “uma faculdade da empresa, sujeita única e exclusivamente à discricionariedade do empregador”. Ainda de acordo com o relator, a norma não menciona critérios de verificação da qualidade nutricional do cardápio oferecido. A decisão foi unânime. Divergências O entendimento sobre a matéria ainda não foi pacificado no âmbito do TST. Há decisões divergentes de outras Turmas. (LT/CF) Processo: RRAg-1000140-56.2019.5.02.0006 Notícias MPT 1) Força-tarefa liderada pelo MPT realiza inspeção em Plataforma de Gás na Bacia de Santos Santos - Foi realizada, entre os dias 06 e 08 de fevereiro de 2023, força-tarefa do Projeto Ouro Negro Regional na Plataforma de Mexilhão, situado no campo petrolífero IMI, da Bacia de Santos, a aproximadamente 130Km da costa. A iniciativa faz parte do Cronograma de atividades do Projeto Ouro Negro Regional – Bacia de Santos/SP, organizada e executada pelo Grupo de Atuação Especial Trabalhista da Coordenadoria de Trabalho Portuário e Aquaviário do MPT em São Paulo e MPT em Santos (GAET-CONATPA). A atuação tem como objetivo estabelecer estratégias e realizar ações para assegurar um meio ambiente de trabalho seguro e saudável nas plataformas marítimas localizadas na Bacia de Santos/SP. A atividade foi integrada pelos procuradores do Trabalho Miron Tafuri Queiroz, Coordenador Regional da CONATPA e dos projetos do GAET e Cesar Henrique Kluge, Gerente do Projeto Ouro Negro Regional, pelas Analistas Periciais em Engenharia de Segurança do Trabalho Débora Campos Castilho e Patrícia Lopes das Neves, bem como por dois representantes do SINDIPETRO do Litoral Paulista. O procurador do Trabalho Miron Tafuri Queiroz destaca que “além de ter sido a primeira do cronograma de 2023, Mexilhão foi também a primeira plataforma produtora de gás a ser vistoriada no âmbito do projeto, tendo sido, portanto, uma experiência inédita, em termos de capacitação e aprimoramento de seus membros”. Para o procurador Cesar Kluge, “a plataforma de Mexilhão é uma unidade estratégica, uma vez que além de produzir as reservas de seu próprio campo, recebe o gás produzido do pré- sal e também do campo de Uruguá-Tambaú (pós-sal), processando-os, de modo a atender as especificações da ANP, antes de escoar toda a produção até a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba, via oleoduto”. Na Plataforma de Mexilhão, foram realizadas audiências com representantes da CIPA e da empresa terceirizada Grupo GPS - LC Hotelaria, reuniões com o SINDIPETRO/LP, reuniões com representantes da Petrobrás, bem como entrevistas com operadores da Petrobrás e trabalhadores terceirizados que executavam serviços em frentes de trabalho específicas. Além disso, foram feitas vistorias tanto na planta industrial, quanto nas instalações do casario. Segundo as Engenheiras do Ministério Público do Trabalho, Débora Castilho e Patrícia Neves, “a plataforma inspecionada, por ser produtora de gás, possui algumas especificidades que a distanciam das demais, não só em relação ao processo de produção, mas também aos riscos dele resultantes, dentre os quais a exposição a benzeno (um gás altamente tóxico) em algumas áreas. Outros pontos que se mostraram preocupantes foram: a integridade da estrutura da plataforma, a qual já é acometida por uma avançada corrosão em alguns pontos; não conformidade a alguns requisitos de segurança em ambos os guindastes; questões agudas de falta de conforto térmico na cozinha”. Ao final, foi feita uma reunião de encerramento dos trabalhos, oportunidade em que, de plano, já foram repassadas à Petrobrás algumas recomendações de aprimoramento a serem adotadas em suas instalações, equipamentos e procedimentos.Na oportunidade, os representantes do MPT apresentaram o documentário “Assim Vencemos”, sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho offshore. 2) Acordo proíbe construtora de Ipatinga (MG) de praticar assédio contra trabalhadores com deficiência Coronel Fabriciano (MG) – Uma empresa do ramo da construção civil, localizada em Ipatinga (MG), assinou termo de ajustamento de conduta (TAC), perante a Procuradoria do Trabalho em Coronel Fabriciano (MG), após ser investigada por submissão de empregados PcDs a desvio de função e também pela submissão dessas pessoas a situações que caracterizam assédio moral, em decorrências de suas condições físicas. A denúncia, encaminhada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Siderúrgicas, Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e de Informática (SINDIPS), relata que "os funcionários eram admitidos para executar serviços de escritório e almoxarifado, mas, realizavam a limpeza dos sanitários das filiais". A empresa, que atua em diversos segmentos tais como logística, obras de montagens eletromecânicas, operação e manutenção eletromecânica, possui mais de 2.200 mil empregados, dentre eles 4,7% são PCDs. No TAC, o responsável pela empresa e suas filiais, se comprometeu a "não discriminar direta ou indiretamente as pessoas com deficiência, a promover a igualdade de oportunidades e a eliminação de distinções injustificadas e barreiras atitudinais, culturais, físicas e sociais, a não admitir a pratica pelo compromissado, por qualquer de seus representantes, administradores, diretores, gerentes ou pessoas que possuam poder hierárquico, de se utilizar, ou tolerar, práticas vexatórias ou humilhantes contra seus empregados PCDs, diretos ou terceirizados, na admissão ou no curso do contrato de trabalho". Em caso de descumprimento, o valor da multa será de R$ 20 mil a cada constatação, acrescida de R$ 5 mil por cada trabalhador prejudicado. IC º 000124.2019.03.007/0 3) Força-tarefa resgata em torno de 200 trabalhadores em Bento Gonçalves (RS) Bento Gonçalves (RS) - Uma ação conjunta da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego com o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal realizou, a partir da noite da última quarta-feira (22), um pente-fino na situação empregatícia de trabalhadores que atuavam na colheita da uva e no abate de frangos em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Em torno de 200 trabalhadores foram encontrados em más condições de alojamento. A operação foi deflagrada com uma vistoria a uma pousada na Rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves, onde foram achados os trabalhadores. A denúncia foi feita por um grupo de conseguiu escapar do local e levar o caso à PRF em Porto Alegre. De acordo o relato dos trabalhadores, eles teriam sido submetidos a jornadas exaustivas, recebiam comida imprópria para consumo, só podiam comprar produtos em um único estabelecimento, com desconto salarial e preços elevados, e eram mantidos vinculados ao trabalho por supostas “dívidas” contraídas com o empregador. A procuradora coordenadora da PTM Caxias do Sul, Ana Lucia Stumpf González, e a vice- coordenadora regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete), procuradora Franciele D’Ambros, foram a Bento Gonçalves representando o MPT-RS na força-tarefa. Ao longo desta quinta-feira, as procuradoras colheram depoimentos de pessoas alojadas no local. O MPT-RS também foi chamado a auxiliar nos trâmites de regularizações e na negociação com empregadores para pagamento de verbas rescisórias e garantia de transporte de retorno para os trabalhadores, a maioria proveniente da Bahia. A apuração das circunstâncias completas do caso deve continuar pelos próximos dias. 4) MPT-BA fecha acordo com empregadora de babá que era agredida em Salvador Salvador - O Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) fechou acordo judicial com a empregadora da babá que sofria agressões físicas e chegou a se jogar da janela do apartamento onde trabalhava no bairro do Imbuí, em Salvador, em 2021. Com isso, a ação civil pública movida pela instituição será arquivada e a empregadora Melina Esteves França terá que pagar R$ 80 mil à sociedade como indenização por danos morais coletivos. Além da indenização, o acordo prevê que Melina cumpra uma série de obrigações por tempo indeterminado, dentre as quais a de comunicar ao MPT toda vez que contratar ou demitir um trabalhador. O acordo judicial já vinha sendo negociado na 6ª Vara do Trabalho de Salvador, onde a ação civil pública movida pelo MPT corria. Na audiência de conciliação desta sexta-feira (24/02) o advogado da empregadora e os procuradores do MPT Maurício Brito e Larissa Amorim chegaram a um consenso e definiram o valor da indenização em R$ 80 mil. O valor será pago em 22 parcelas mensais até dezembro de 2024, por meio de depósito em conta judicial. Em caso de atraso de qualquer parcela, será cobrada multa de 50% do valor. Após o pagamento ser completado, o MPT irá indicar ao juiz titular da 6ª Vara, Danilo Gaspar, um fundo público ou uma instituição sem fins lucrativos para receber os recursos. O acordo não interfere nas ações individuais movidas pela babá Raiane e pelas outras trabalhadoras identificadas na investigação do MPT como vítimas de maus-tratos e submissão a condição análoga à de escravos. O processo envolvia ainda irregularidades trabalhistas praticadas pela empregadora contra outras dez trabalhadoras domésticas. O valor inicial pedido como indenização à sociedade pelos procuradores foi de R$300 mil, mas o acordo em valor menor levou em consideração o fato de a empregadora ter quatro filhos menores e ainda estar respondendo aos processos individuais das empregadas. Trabalho escravo - O MPT entrou na Justiça com ação civil pública em 2021, contra Melina Esteves França por submeter empregadas domésticas à condição de trabalho análogo ao de escravos. O caso chegou ao conhecimento do órgão após Raiana Ribeiro da Silva, 25 anos, pular do basculante do banheiro do apartamento em que trabalhou por uma semana para tentar fugir da patroa. A tentativa de fuga foi gravada por vizinhos e a babá acabou sendo resgatada. Ao apurar as circunstâncias do caso, o MPT descobriu imagens de câmeras do apartamento que mostravam agressões sofridas pela trabalhadora, também não tinha direito a folga, descanso intrajornada, nem acesso ao seu aparelho celular. Além dela, foram ouvidas outras pessoas que trabalharam na residência de Melina Esteves desde 2018. Outra empregada apontada pelo MPT como vítima de trabalho escravo, Maria Domingas Oliveira dos Santos, ficou no emprego de 2019 a 2021, período em que sofreu as mesmas agressões a sua dignidade, além do desrespeito a demais normas básicas de relações de trabalho, como pagamento de salário mensal, concessão de descanso Interjornadas e repouso semanal, férias e décimo-terceiro salário. Anúncio de emprego - Natural do município de Itanagra, a 120km de Salvador, Raiana disse que viu o anúncio de emprego em um site e decidiu se candidatar. A babá trocou informações e após algumas chamadas de vídeo foi contratada para trabalhar. No entanto, após iniciar o trabalho, ela recebeu nova proposta de emprego e após comunicar à patroa, passou a ser ameaçada. Quando pediu para sair do trabalho, Melina a ameaçou. A empresária Melina Esteves França, investigada por agredir a babá que pulou de um prédio, foi indiciada por ameaça, lesão corporal, cárcere privado qualificado em relação aos maus-tratos e redução a condição análoga à de escravo, informou a Polícia Civil na época. Um dia após dar entrada na ação civil pública contra a empresária Melina Esteves França por submeter pelo menos duas trabalhadoras a condições análogas à de escravos, o MinistérioPúblico do Trabalho (MPT) obteve decisão liminar que estabelece 23 obrigações para a empregadora. Com o acordo judicial, as medidas seguirão sendo exigidas de Melina. O objetivo é impedir novas situações de descumprimento das leis trabalhistas e de exposição de trabalhadoras a condições análogas à de um escravo. Caso descumpra qualquer das obrigações, a empresária estará sujeita a multas que variam de R$1 mil a R$300 mil. 5) Em julgamento de embargos de declaração, Supremo consolida tese acerca do banimento do amianto no Brasil O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta quinta-feira (23), ao julgar embargos de declaração na ADPF nº 109/SP e nas ADIs nº 3356/PE, 3357/RS, 3937/SP, 3406/RJ e 3470/RJ, decisão de 2017 que baniu a exploração e o uso do amianto no Brasil, reconhecendo a impossibilidade de modular os efeitos do acórdão de mérito e referendando tese defendida, pela ANPT, desde 2008. Por maioria, a Suprema Corte entendeu que deve prevalecer o pronunciamento anterior, que proíbe, em todo o território nacional, a produção, a comercialização e o uso do amianto tipo crisotila, usado, principalmente, para fabricação de telhas e caixas d´água. O Supremo já havia entendido que o artigo da lei federal que permitia o uso do amianto crisotila na construção civil era inconstitucional. Com o julgamento, afasta-se o risco de continuidade da extração e da comercialização do amianto para fins de exportação. "Foram seis anos de descumprimento da decisão do STF pela indústria do amianto. A decisão de hoje põe fim a qualquer tentativa de se manter, no Brasil, a produção e comercialização do amianto", ressaltou Ronaldo Fleury, sócio do escritório de advocacia Mauro Menezes & Advogados, que atuou nos processos como representante da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA) e da Associação Nacional dos Procuradores e Procuradoras do Trabalho (ANPT). “A ratificação da decisão anterior, declaratória da inconstitucionalidade do uso do amianto crisotila, é uma extraordinária vitória da sociedade brasileira, alcançada pelos esforços de muitas entidades parceiras na defesa da saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras do nosso país, aos quais se somaram, desde sempre, os da ANPT. Agradeço muitíssimo aos associados e às associadas que sempre lutaram contra o uso da fibra altamente cancerígena, bem como às advogadas e aos advogados que nos representaram processualmente, na pessoa do nosso associado Ronaldo Fleury”, afirmou o Presidente da ANPT, José Antonio Vieira.
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