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COONDENADOR DE PRODDUÇÃO Samuel Wesley PROFESSOR CONTEÚDISTA Jackson Luiz Jarzynski DESIGNER EDUCACIONAL Emanuelle Freire REVISOR DE TEXTO Christiane Tavares 3 PRIMEIROS SOCORROS Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 2. AVALIAÇÃO DA CENA .............................................................................................. 4 3. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA ............................................................................................ 7 4. RESSUCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)....................................................... 12 5. CHOQUE ................................................................................................................. 14 6. HEMORRAGIA ........................................................................................................ 16 7. FRATURAS ............................................................................................................. 17 8. FERIMENTOS ......................................................................................................... 18 9. Queimados .............................................................................................................. 20 10. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ..................................................................................... 22 11. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 25 4 PRIMEIROS SOCORROS 1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivo do curso Neste curso, você adquirirá os conhecimentos fundamentais necessários para realizar um atendimento de atendimento Pré Hospitalar Básico tendo como escopo a proteção da vida. Você será treinado e capacitado para atuar no atendimento a pacientes vítimas doenças clínicas como o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Encefálico, popularmente conhecido como AVC, pacientes vítimas de trauma como o que ocorre em acidentes automobilísticos, quedas, agresões entre outras comorbidades e além disso, você estudará os principais serviços de emergência disponíveis em sua localidade e quando se faz necessário acioná-los. Esperamos que este aprendizado e treinamento seja agradável e de fácil compreensão para você. Bons Estudos!. 2. AVALIAÇÃO DA CENA 2.1 Definição O Atendimento Pré Hospitalar Básico, tem como principal objetivo a realização de cuidados imediatos ao indivíduo que sofreu algum dano físico e minimizar ao máximo o sofrimento do mesmo, procurando mantê-lo em condições de aguardar o atendimento médico, transporte e hospitalização em centros de referência e, para isso, deve-se mante-lo em máxima segurança, sendo protegido contra novos ou maiores riscos durante a cena da ocorrência. Para que isso aconteça, foi desenvolvida uma série de protocolos básicos que buscam 5 PRIMEIROS SOCORROS garantir um pronto atendimento com qualidade e destreza aos pacientes. É necessário ter habilidade técnica, controle emocional e conhecimento para poder colocar em prática cada passo deste protocolo. Dessa forma, independentemente do local de atuação, existe a necessidade ter conhecimentos básicos de atendimento para saber o que fazer em situações de risco e ajudar de forma eficaz qualquer indivíduo. 2.2 Fundamentos do Trauma Define-se trauma toda lesão provocada por causas externas. Essa lesão leva a um conjunto de perturbações acarretadas por um agente físico ou não, sua etiologia pode ter sua origem física ou psicológica, a natureza e as extensões são variadas e podem estar situadas em diferentes partes do corpo. 2.3 Avaliação do acidente Avaliar a cena é o primeiro aspecto que se deve levar em consideração ao chegar em um local ou presenciar uma situação de acidente. Com isso, ao fazer a avaliação, pode- se identificar quais são os possíveis riscos do cenário. Vejamos um passo a passo: Ter dimensionamento do acidente, ou seja, saber qual é o número de vítimas no local; Sempre ao se aproximad da cena questionar às pessoas presentes o que aconteceu; Sinalizar o local do acidente; Evitar pânico e se necessário e possível pedir ajuda aos demais dando ordens breves, claras e objetivas; Garantir a segurança do ambiente, verificando a existência de riscos para quem está realizando atendimento, para a vítima e para os terceiros (curiosos e familiares 6 PRIMEIROS SOCORROS da vítima); Alguns exemplos de riscos a serem observados são a existência de corrente elétrica, presença de chamas ou faíscas, vazamento de gás, alagamentos, entre outros fatores que podem colocar a vida em risco; Evacuar imediatamente a aérea que apresenta risco iminente de explosão ou desmoronamento; Chamar o serviço de emergência especializado para a situação. Os principais serviços de emergência podem ser vistos no quadro a seguir, incluindo o número e as especialidades de cada um. 2.4 Cinemática do trauma A cinemática do trauma é o processo de avaliação da cena do acidente, onde determinará as lesões resultantes das forças e dos movimentos envolvidos na situação. É, portanto, a análise das condições em que ocorreu o acidente. Nesse caso, é necessário se atentar para alguns fatos que serão encontrados na cena, como por exemplo, um acidente de carro, onde é preciso verificar se existem marcas de freios no asfalto, qual o número de carros envolvidos, a velocidade aproximada em que trafegavam no momento da colisão, o número de vítimas no local e a idade aproximada de cada uma delas, as condições climatológicas no momento da ocorrência, entre outros. Uma das principais finalidades dessa análise é a identificação de possíveis lesões que não são visíveis, como a presença de hemorragias internas, fraturas, entre outras situações que podem agravar o estado da vítima. Aproximadamente 90% das lesões podem ser sugeridas por meio da observação e interpretação dos mecanismos envolvidos na ocorrência. O responsável pelo atendimento deve ter a consciência de que um detalhe salva uma vida, realizando uma análise crítica das 7 PRIMEIROS SOCORROS informações obtidas. 3. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 3.1 Avaliação Primária da vítima O atendimento deve obedecer aos protocolos e ser realizado de maneira sequencial. Os passos não devem ser ultrapassados sem a solução completa, pois afetam diretamente as condições de sobrevida do paciente, independentemente do tipo de atendimento (clínico ou trauma). Existe uma sequência lógica que tem como objetivo principal identificar e manejar de imediato as situações que ameaçam a vida da vítima. É primordial redobrar a atenção aos detalhes durante todo o atendimento, pois eles poderão agravar o estado da vítima ao passarem despercebidos ou auxiliá-lo na eficácia do atendimento. A sequência estabelecida dentro do protocolo internacional adotado determina os seguintes passos 8 PRIMEIROS SOCORROS A aproximação da pessoa que vai realizar o atendimento deve acontecer pelo lado em que a face da vítima está voltada, evitando assim um movimento voluntário desta, buscando visualizar o socorro que está indo ao seu encontro. X – Controle de hemorragias exsanguinantes: Contenção de hemorragia externa grave, essa abordagem deve ser antes mesmo do manejo das vias aéreas e depois de estabelecidas todas as condições de segurança no atendimento e analisada a cinemática do trauma, deve ser realizado o controle das hemorragias. Para os sangramentos de extremidades (braços, antebraços, coxas e pernas), o principal recurso é o torniquete, colocado o mais próximo possível da axila ou virilha, assim, contendo a hemorragia do membro afetado, outra técnica utilizada é a compressão direta sobre o ferimento, mas o ideal é nãoretardar a colocação do torniquete visando à melhor resposta em menor tempo para estes casos. Para hemorragias venosas, principalmente as de vasos sanguíneos calibrosos, couro cabeludo ou em regiões de tórax e abdome, o mais indicado é a realização da técnica de pressão direta sobre o ferimento, ela mostra-se efetiva no controle da mesma. O próprio nome já diz: “pressão direta sobre o ferimento”, quer dizer que deve ser pressionado em cima da lesão, no ponto onde apresenta o sangramento e se possível com um dedo em cima do primeiro ponto de pulso, as mãos com um curativo de gaze ou compressa, de forma firme e eficaz pelo período de 3 a 10 minutos. O tempo vai depender do material utilizado para curativo e a resposta do paciente. Durante este período, quem estiver fazendo a compressão não deve soltar para ver se a hemorragia estancou. Deve ser levado em consideração a quantidade de sangue no local e a possibilidade da hemorragia interna, portanto quanto mais rápida e eficiente for a abordagem, maiores serão as chances de sobrevida da vítima. 9 PRIMEIROS SOCORROS A – Vias aéreas e controle de coluna cervical: Deverá ser realizado uma avaliação nas vias aéreas eliminando qualquer possibilidade de obstrução. Existem manobras que deverão ser utilizadas para a manutenção da via aérea, até a aplicação de um método mecânico. Levando em consideração que, no momento da sua aproximação, antes mesmo de tocar a vítima, deve ter com uma boa base de apoio. Por exemplo, num atendimento a uma vítima que esteja caída no asfalto deitada de barriga para cima, deverá estar com os dois joelhos no chão, e o controle da coluna cervical deve ser realizado no sentido gravitacional (de cima para baixo) utilizando estruturas ósseas, como por exemplo a testa ou o queixo. Primeiramente o indivíduo que realiza o atendimento deve produzir um estímulo tátil no ombro oposto ao que se encontra em relação à vítima (seu braço servirá como defesa em caso de agressão) mantendo a estabilização da coluna cervical e buscando uma comunicação verbal, onde deverá cumprimentar a vítima, informando seu nome e função por exemplo. As vias aéreas devem ser avaliadas neste momento, se a vítima estiver consciente e comunicativa é possivel avaliar se existe algum objeto obstruindo vias aéreas no momento em que ela fala e articula a boca , solicite que ela abra a boca e questione sobre possíveis causas de obstruções parciais e peça que ela cuspa o que estiver solto dentro da boca. Em vítimas desacordadas deve ser realizado a abertura das vias aéreas para avaliação e desobstrução, utilizando as técnicas de elevação do queixo em vítimas clínicas ou tração da mandíbula no trauma e se a obstrução for líquida o profissional deve proceder com rolamento de 90º, sempre mantendo a proteção e estabilização da coluna cervical em pacientes indicativos de lesão em coluna. 10 PRIMEIROS SOCORROS B – Ventilação e Respiração: A respiração nos indica que há funcionamento adequado dos pulmões, portanto existe a troca gasosa e a oxigenação sanguínea. Os valores de referência para um correto funcionamento dos pulmões são de 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto. Devemos realizar uma rápida avaliação do funcionamento do sistema respiratório através de um método simples: ver, ouvir e sentir. VER: você deve estar com a face voltada para o tórax da vítima, observando a expansão e movimentação; OUVIR: Com o seu rosto próximo ao da vítima, poderá ouvir possíveis ruídos (causas de obstruções parciais); SENTIR: Nesta avaliação poderemos ter uma ideia da temperatura interna do organismo; C – Circulação, Perfusão e Controle de outras Hemorragias Neste passo, você deve avaliar rapidamente o estado hemodinâmico da vítima, obtendo informações através dos sinais e sintomas relacionados à capacidade do organismo em manter as funções do sistema circulatório. Pulso: a palpação do pulso é um excelente parâmetro para verificação do sistema circulatório, que deve ser verificado sempre no mesmo lado em que você se encontra em relação à vítima, usando a região digital do dedo indicador e médio, exercendo uma leve pressão na artéria até sentir a pulsação. Em vítimas conscientes preferencialmente verifica-se o pulso radial (antebrabraço, região próxima ao dedo polegar), porém em casos em que a pressão arterial do paciente esteja baixa, o pulso pode não ser palpável de forma fácil, nestes casos a preferência é a palpação do pulso 11 PRIMEIROS SOCORROS carotídeo (região de pescoço, abaixo da mandibula) ou femoral (próximo da virilia). O valor esperado em um indivíduo adulto está contido entre 60 a 100 batimentos cardíacos por minuto (BPM), mas durante a avaliação orimária o brigadista deve se atentar também a qualidade do pulso, como por exemplo, se ele está forte e cheio ou se está fino e fraco ou mesmo se ele existe ou está ausente. Após a verificação do pulso, é necessário a avaliação do preenchimento capilar, este teste é realizado para avaliar a possivel existência de hemorragias. Deve apertar a ponta do dedo da vítima até que ele fique esbranquiçada (sem presença de sangue) e esperar retomar a coloração normal (com presença de sangue), esse retorno da coloração deve se dar em tempo máximo de dois segundos. Em casos onde o tempo é maior, deve se suspeitar de hemorragias. D – Estado Neurológico Ao iniciar esta etapa, deverá ser realizada novamente a apresentação com o estímulo tátil, buscando uma reação diferente da inicial. O objetivo do passo D é realizar uma avaliação de possível lesões cerebrais, através de estímulos realizados pelo brigadista, consciência e tamanho das pupilas. Em busca de informações rápidas, confiáveis e eficientes, deve ser analisado os resultados por meio dos seguintes estímulos: ocular, verbal, motor, a dor e análise das pupilas. Na realização dos exames deve-se observar sempre a face da vítima, buscando possíveis reações. Neste momento o brigadista deve conversar com a vítima novamente realizando perguntas como por exemplo o nome dela e outras que identifiquem a memória, como por exemplo: de onde você estava vindo? Para onde estava indo? Lembra o que aconteceu? Realizará estímulo motor (apertando a mão da vítima e aguardando resposta) e a pressão se necessário (apertando de forma firme, mas não com força para machucar o músculo trapézio 12 PRIMEIROS SOCORROS que está localizado na região entre o pescoço e o ombro da vítima) e também a análise das pupilas (se estão do tamanho normal e se reagem a luz). 4. RESSUCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) 4.1 Definição de Parada Cardiorespiratória De acordo com Thomas et al. (2000), em artigo da revista americana especializada em medicina Archives of Internal Medicine, a parada cardiopulmonar é a cessação da circulação, que é reconhecida pela ausência de batimentos cardíacos e respiração de um paciente inconsciente. A parada cardiorrespiratória é o momento em que o coração deixa de funcionar e o indivíduo deixa de respirar, sendo necessário fazer uma “massagem cardíaca” para fazer com que o coração volte a bater. A interrupção súbita das funções cardiopulmonares constitui um problema que sempre foi desafio para a medicina: representa uma emergência médica extrema, cujos resultados serão a lesão cerebral irreversível e a morte, caso as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a respiração não forem tomadas de forma imediata. Inicialmente, ocorre uma dificuldade respiratória (fadiga ou respiração agônica), causando, na sequência, a parada cardíaca (clinicamente se reflete pela ausência de pulso). A RCP (Reanimação cardiopulmonar) somente com compressão é recomendada para brigadistas treinados, pois é relativamente fácil. • adultos: identificada pela ausência de pulso carotídeo (no pescoço); • bebês: identificada pela ausênciade pulso braquial. Com a interrupção do fluxo sanguíneo cerebral, há um quadro de hipóxia (falta de 13 PRIMEIROS SOCORROS oxigênio) que provoca a perda repentina de consciência, de 30 a 45 segundos após a parada cardiorrespiratória (PCR). Assim, ela se caracteriza pelo aspecto geral da vítima (imobilidade, palidez e cianose de extremidades), pela falta de resposta aos estímulos e pela ausência de pulso. No processo ainda ocorre a midríase, cuja identificação imediata não é mais prioritária, pois demora e pode vir a prejudicar o início do atendimento. As manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) precisam ser rápidas e eficazes, pois, após quatro minutos de interrupção da circulação cerebral, inicia-se o processo irreversível das células da região. 4.2 Compressões torácicas Posicionar-se de Joelhos próximo a Vítima, sendo que a mesma deve estar em um local rígido, caso esteja em uma cama/sofá, providenciar com que a vítima não seja reanimada nesse local devido a movimentação, pode ser colocado uma tábua em baixo do tronco da vítima para otimizar o tempo e realizar compressões neste local. Localizar o Osso Externo, que fica no meio do Tórax, entrelaçar uma mão sobre a outra e iniciar as compressões. Durante a RCP manual, o socorrista deve aplicar compressões torácicas até uma profundidade de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio, evitando excesso na profundidade das compressões torácicas (superiores a 2,4 polegadas (6 cm). Realizar ciclos de 100 a 120 Massagens por minutos. 14 PRIMEIROS SOCORROS 5. CHOQUE 5.1 Definição O estado de choque pode surgir por diversas causas e, para cada caso, o choque tem uma definição específica, como choque anafilático, séptico ou hipovolêmico. Os 5 principais tipos de choque são: 1. Choque séptico Este tipo de choque surge quando uma infecção, que estava localizada em apenas um local, consegue chegar até o sangue e se espalha por todo o corpo, afetando vários órgãos. Os principais sinais são febre acima de 40ª C, convulsões, frequência cardíaca muito elevada, respiração rápida e desmaio. 2. Choque anafilático O choque anafilático acontece em pessoas que têm uma alergia muito grave a alguma substância, como acontece em alguns casos de alergia a nozes, picadas de abelha ou pêlo de cachorro, por exemplo. Este tipo de choque provoca uma resposta exagerada do sistema imune, gerando inflamação do sistema respiratório. É comum sentir a presença de uma bola presa na garganta, assim como apresentar inchaço exagerado do rosto, dificuldade para respirar e aumento dos batimentos cardíacos. 3. Choque hipovolêmico O choque hipovolêmico surge quando não existe sangue suficiente para levar o oxigênio até aos órgãos mais importantes como o coração e cérebro. Normalmente, este tipo de choque aparece após um acidente quando existe uma hemorragia grave, que tanto pode ser externa como interna. Alguns sintomas incluem dor de cabeça leve, cansaço excessivo, tonturas, náuseas, pele pálida e fria, sensação de desmaio e lábios azulados. 15 PRIMEIROS SOCORROS 4. Choque cardiogênico Este tipo de choque acontece quando o coração deixa de ser capaz de bombear o sangue pelo corpo e, por isso, é mais frequente após um caso de infarto, intoxicação por medicamentos ou infecção generalizada. Normalmente surge palidez, aumento dos batimentos cardíacos, diminuição da pressão arterial, sonolência e diminuição da quantidade de urina. 5. Choque neurogênico O choque neurogênico aparece quando existe uma perda repentina dos sinais nervosos do sistema nervoso, deixando de enervar os músculos do corpo e os vasos sanguíneos. Normalmente, este tipo de choque é sinal de problemas graves no cérebro ou na medula espinhal. Apresentam dificuldade para respirar, diminuição do batimento cardíaco, tonturas, sensação de desmaio, dor no peito e diminuição da temperatura corporal, por exemplo. 5.2 Conduta Realizar a abordagem primária na vítima, identificando o real estado que ela se encontra, mantê-la em repousos, sem agitações, chamar serviços necessários (apoio médico Pré Hospitalar), mantê-la aquecida, reavaliar a vítima até que o suporte chegue e em caso de parada cardiorespiratória iniciar compressões torácicas. 16 PRIMEIROS SOCORROS 6. HEMORRAGIA 6.1 Definição Hemorragia é caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum orifício, ou corte, para dentro ou para fora do corpo. Sempre que um indivíduo for identificado com uma hemorragia de maior volume e que não ceda espontaneamente, recomenda-se levá-lo ao hospital o mais rápido possível. A hemorragia pode ser classificada como: Hemorragia Interna: ocorre quando não a vemos sem exames específicos ou quando há um pequeno sangramento no nariz ou nos ouvidos, ou hematomas grandes em região abdominal e presença de abdome tábua. Hemorragia Externa: ocorre quando o sangue pode ser visto externamente, com presença de poça de sangue e pode ser avaliado a coloração e quantidade no local da cena. É necessário a avaliação da quantidade de sangue no local, tendo em vista que um adulto médio (70 kg) tem aproximadamente 5 litros de sangue corporal, é necessária a estimativa de quantidade de volume perdido para que a abordagem seja mais precisa, principalmente se o paciente apresentar outros sinais e sintomas caraterísticos como pele fria e pegajosa e sudorese, desorientação, vômito, extremidades frias e cianóticas 6.2 Sinais e Sintomas Os sinais e sintomas das hemorragias podem ser gerais, pela deficiência de sangue ocasionada por toda hemorragia, ou específicos, dependentes do tipo de sangramento. 17 PRIMEIROS SOCORROS O mecanismo compensatório do sistema circulatório à perda aguda de sangue é uma vasoconstrição generalizada para tentar manter o fluxo sanguíneo para órgãos importantes como rins, coração e cérebro. A taquicardia tenta manter o débito cardíaco e costuma ser o primeiro sinal de um choque hipovolêmico, a pessoa vai ficando pálida, com o coração disparado, pulso fino e difícil de palpar. Pessoas com perdas sanguíneas importantes e que demoram a receber socorro médico podem ter isquemias temporárias dos tecidos, com a liberação de substâncias típicas do metabolismo anaeróbico. Não sendo revertido o processo, finalmente ocorre a morte. 6.3 Conduta Pressão direta sobre o ferimento; Elevação do membro no nível do coração; Aplicação de gelo no local; Em casos de hemorragias exsanguinantes em membros, como em casos de amputações, realizar torniquete. 7. FRATURAS 7.1 Definição Fratura caracteriza-se pela ruptura da continuidade do osso e perda da integridade da estrutura esquelética. Imobilização é utilizada para controlar ou abolir movimentos de um membro fraturado e obtenção do reparo da lesão, sendo importante a sua eficácia. 7.2 Tipos de Fraturas Fraturas Abertas: 18 PRIMEIROS SOCORROS Fratura aberta é toda aquela em que ocorre comunicação do seu foco com o meio externo, isso ocorre devido ao rompimento da pele. Fraturas Fechadas: Fratura fechada é quando existe o romprimento ou trincamento ósseo, onde não existe rompimento da pele e pode ser identificado pelo inchaço local, deformidade do membro, dor intensa e coloração arrocheada. 7.3 Conduta No caso da ocorrência de fraturas, é essencial procurar imediatamente auxílio médico. Para isso, é importante imobilizar o local e não tentar nunca voltar o osso para o local de origem. Em casos de fraturas expostas, deve-se imobilizar em tala rígida ou superfície onde não movimente o membro, mantê-lo na posição conforme encontrado (não tentar alinhar), procurando movimentar o menos possível para não causar maiores lesões na vítima, se possível cobrir com pano limpo e seco. 8. FERIMENTOS8.1 Definição Ferimento é qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer tecido por um agente externo, físico ou químico. 8.2 Classificação 1 – Ferimentos fechados ou contusões São lesões produzidas por objetos contundentes que 19 PRIMEIROS SOCORROS danificam o tecido subcutâneo com extravasamento de sangue, sem romper a pele; Equimose – sinal arroxeado na pele, consequência de uma contusão, sem inchaço no local. Exemplo, olho roxo; Hematoma – sinal arroxeado com inchaço no local. Exemplo, 'galo' na cabeça; 2 – Ferimentos abertos ou feridas Quando rompe a pele, expondo tecidos internos, geralmente com sangramento. Feridas incisivas ou cortantes – provocadas por bisturi, faca, estilete; Feridas contusas – provocadas por paus, pedras, soco; Feridas perfurantes – provocadas por arma de fogo e arma branca; Feridas penetrantes – o objeto atinge uma cavidade natural do corpo (tórax, abdômen); Feridas transfixantes – variedade de ferida perfurante ou penetrante. O objeto penetra e atravessa os tecidos ou determinado órgão em toda a sua espessura; Escoriações ou abrasões – produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele. Atinge somente a pele, exemplo, cinza, graxa, terra; Avulsão ou amputação – parte do corpo é arrancada ou cortada. Exemplo, membros ou parte dos membros, orelha, nariz; Laceração – o mecanismo de ação é a pressão ou tração exercida sobre o tecido, causando lesões irregulares. 8.3 Conduta O brigadista precisa realizar essas três condutas principais: Proteger a ferida contra o trauma secundário; Conter sangramentos; Proteger contra infecção. 20 PRIMEIROS SOCORROS 9. QUEIMADOS 9.1 Definição Queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. Queimadura 1º grau: Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. 21 PRIMEIROS SOCORROS Queimadura de 2° grau: Atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas, não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ser mais claro. As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes Queimadura de 3° grau: Queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneas, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. 9.2 Conduta 1° e 2° grau: Lavar imediatamente o local com água corrente e proteger com curativo limpo e seco e que não tenha aderência na região afetada. Evitar romper as bolhas que tenham se formado. 22 PRIMEIROS SOCORROS 3° grau: Deve ser avaliada a região afetada, realizar curativo seco e não aderente e encaminhar imediatamente ao hospital de referência mais próximo. 10. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 10.1 Síncope É a diminuição da atividade cerebral, desencadeando em perda de consciência de curta duração. 10.1.1 Conduta Ajude a vítima a deitar em uma superfície plana no chão até que a tontura tenha passado completamente, caso a vítima continue tonta, levante suas pernas um pouco acima do nível do coração e mantenha-as elevadas até que a pessoa não sinta mais tontura; assim que ela não sentir mais tontura, ajude-a a sentar-se e que permaneça por alguns instantes. 10.2 Convulsões Desordem cerebral, onde são enviados estímulos desordenados para o resto do corpo. 10.2.1 Conduta • Avaliar a cena; • Procurar sinais de consumo de drogas ou envenenamento; • Verificar nível de consciência e se ainda está convulsionando; 23 PRIMEIROS SOCORROS • Solicitar auxílio. • Iniciar o atendimento após a fase de contração; • Nunca introduzir nenhum objeto na boca da vítima enquanto ela está em crise, isso pode quebrar dentes ou machucar o brigadista. 10.3 Acidente vascular cerebral (AVC) É uma desordem no sistema cardiovascular, ocorrendo oclusão ou ruptura de um vaso no cérebro. 10.3.1 Sinais e sintomas Cefaleia; Rigidez de pescoço; Sensibilidade na luz; Vômito; Convulsões; Liberação de urina e fezes; Dormência em membros; Falta de força muscular; Andar com dificuldade; Fraqueza; Fala arrastada; Sangramento nasal; 24 PRIMEIROS SOCORROS Não conseguir formar frases simples. 10.3.2 Conduta Tranquilizar a vítima; Avaliar nível de consciência; Manter a vítima aquecida lateralizada ou em posição semi sentada; Chamar serviço especializado; Não oferecer alimentos ou bebidas durante o episódio para que não se afogue. 10.4 Infarto agudo do miocárdio (IAM) É a necrose do miocárdio devido falta de oxigênio, por estreitamento ou oclusão da artéria coronária. 10.4.1 Sintomas Dor fixa no peito; Ardor no peito, muitas vezes confundido com azia; Dor no peito que se irradia pela mandíbula e/ou pelos ombros ou braços; Ocorrência de suor, náuseas, vômito, tontura e desfalecimento. 10.4.2 Conduta Coloque a vítima na posição mais confortável para ela; Tranquilize-a; Libere vestimentas que estejam apertadas; Não permita qualquer esforço da vítima ou qualquer deslocamento sem apoio; Se a vítima estiver em parada cardiorrespiratória, inicie manobras de reanimação. 25 PRIMEIROS SOCORROS 11. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. FISHER, V. M. R. et al nurses in the pre-hospital care: an approach on ethical healthcare. Reme – Revista Mineira de Enfermagem, v. 10, n. 3, p. 253-258, jul./set., 2006. NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. Atendimento Pré- hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Boston: Burlington Jones & Bartlett Learning, 2020. OLIVEIRA, B. F. M. Trauma: atendimento pré-hospitalar. 4. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2021 PRINCÍPIOS e diretrizes do SUS. Enfermagem Florence, S.d. Disponível em: <https://enfermagemflorence.com.br/principios-e-diretrizes-do-sus/>. Acesso em: 20 abr. 2022. COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES – CAC. Suporte avançado de vida no trauma para médicos. 9. ed. Chicago: ATLS, 2014. 1. INTRODUÇÃO 2. AVALIAÇÃO DA CENA 3. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 4. RESSUCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) 5. CHOQUE 6. HEMORRAGIA 7. FRATURAS 8. FERIMENTOS9. QUEIMADOS 10. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 11. REFERÊNCIAS
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