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Treinamento proprioceptivo na recuperação do atleta

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Treinamento proprioceptivo na recuperação do atleta
Leonardo Shigaki
Descrição
Os conceitos de controle postural e equilíbrio na reabilitação do atleta com foco no sistema proprioceptivo e
os processos de avaliação e tratamento pela fisioterapia esportiva.
Propósito
Na fisioterapia esportiva, é fundamental o conhecimento sobre o controle postural e os mecanismos de
propriocepção do corpo, pois cada movimento executado no esporte depende desse funcionamento. Em
atletas lesionados, o sistema proprioceptivo muitas vezes está comprometido, sendo necessário escolher
exercícios específicos para cada fase da reabilitação.
Objetivos
Módulo 1
Controle postural e propriocepção
Identificar os conceitos de controle postural e propriocepção.
Módulo 2
Exercícios proprioceptivos
Analisar as formas de avaliação e recursos para exercícios proprioceptivos.
Módulo 3
Reabilitação de atletas
Identificar os exercícios proprioceptivos na reabilitação de atletas.
Introdução
O movimento é um ato essencial que nos possibilita realizar tarefas relacionadas à vida diária, assim como
ao esporte. Para realizar o gesto esportivo, é preciso ter um bom controle neuromuscular.
Esse controle é definido como a habilidade de regular ou dirigir os mecanismos fundamentais ao
movimento. Porém é comum no esporte que as lesões articulares relacionadas resultem em alterações nas
funções proprioceptivas e neuromusculares. A alteração nos receptores proprioceptivos é responsável pelos

deficits funcionais, como dificuldade do controle postural, habilidades proprioceptivas e neuromusculares.
Além da propriocepção, o controle postural é dependente do sistema visual e vestibular.
Para avaliar o controle postural de forma quantitativa na área esportiva, podemos utilizar uma plataforma de
força ou testes funcionais: a padronização da avaliação é de extrema importância independentemente do
método escolhido. Na fisioterapia esportiva, existem diversos recursos terapêuticos para os exercícios de
controle postural, como, por exemplo, espumas, pranchas de equilíbrio, discos proprioceptivos e
minitrampolim, entre outros.
A reabilitação de atletas precisa ser programada conforme a capacidade do paciente. Restabelecer o
controle neuromuscular é o ponto central na reabilitação das articulações que sofreram alguma lesão. Os
exercícios de controle neuromuscular devem ser capazes de gerar consciência das sensações e respostas
motoras com estratégias coordenadas.
O fisioterapeuta precisa ter cuidado ao selecionar os exercícios e realizar a progressão do tratamento. As
atividades funcionais de cada esporte podem ser aplicadas na fase final da reabilitação com o objetivo de
preparar o atleta para o retorno ao esporte.
1 - Controle postural e propriocepção
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos de controle postural e
propriocepção.
Mecanismos neuromusculares envolvidos na
propriocepção
Podemos afirmar que o movimento é um ato extremamente essencial para a vida humana. É ele que nos
possibilita andar, correr, brincar, alimentar e nos comunicar, entre outras atividades relacionadas à vida
diária. Em essência, nos possibilita sobreviver.
O controle neuromuscular é o ramo de estudo da natureza do movimento e busca entender como o
movimento é controlado. Esse controle é definido como a habilidade de regular ou dirigir os mecanismos
fundamentais ao movimento.
As lesões articulares relacionadas ao esporte, principalmente no joelho, no tornozelo ou no ombro, tendem a
resultar em alterações de longa duração e grande repercussão nas funções proprioceptivas e
neuromusculares. Frequentemente, são causadas por lesão parcial ou total dos receptores articulares ou
ligamentares pelo próprio trauma ou pela cirurgia reconstrutiva.
Também é provável que os receptores articulares que permanecem intactos retransmitam informações
aferentes alteradas. Duas alterações fisiológicas (a perda de informação dos mecanorreceptores e a
alteração nos receptores restantes) são consideradas responsáveis por deficits funcionais persistentes,
como dificuldade do controle postural, redução da força muscular máxima ou atraso no tempo de reação
muscular. Assim, com o objetivo de melhorar e otimizar o controle neuromuscular, a reabilitação dos casos
de tratamentos cirúrgicos ou não cirúrgicos de lesões esportivas deve focar a restauração e o
aprimoramento de habilidades proprioceptivas e neuromusculares.
Com base nas informações acima, o restabelecimento do controle neuromuscular deve ser a principal
preocupação em todos os programas de reabilitação no âmbito esportivo. Para isso, o fisioterapeuta tem de
conhecer os componentes do controle neuromuscular e a importância de cada um deles.
O controle neuromuscular decorre da capacidade de sentir a posição de uma articulação no espaço. Essa
sensação é mediada por mecanorreceptores encontrados tanto nos músculos quanto nas articulações,
além de estímulos cutâneos, visuais e vestibulares. Esses sistemas serão explorados com mais detalhes
neste módulo.
Saiba mais
O controle neuromuscular depende do sistema nervoso central (SNC) para interpretar e integrar informações
proprioceptivas e cenestésicas e, em seguida, controlar músculos e articulações individuais para produzir
movimento coordenado. Após a lesão e subsequentes repouso e imobilização, o SNC “esquece” como reunir
informações provenientes de mecanorreceptores musculares, articulares, cutâneos, visuais e vestibulares.
Recuperar o controle neuromuscular significa ter de volta a capacidade de seguir algum padrão sensorial
previamente estabelecido. De forma simplificada, esse controle é a tentativa do cérebro de aplicar ao corpo
o controle consciente de um movimento específico.
Para facilitar o entendimento do tema, veja a seguir, a apresentação da função dos sistemas sensoriais que
compõem o controle neuromuscular:
A visão é utilizada pelo controle motor de várias maneiras. Ela nos permite identificar objetos no
espaço e determinar seu movimento. É considerada um sentido exteroceptivo, ou seja, capaz de
captar estímulos externos. A visão também nos informa onde está nosso corpo no espaço, a relação
de uma parte do corpo com a outra e o movimento dele. Essa função desempenhada pela visão é
conhecida como “propriocepção visual”, o que significa que nos fornece informações não só sobre o
meio ambiente, mas também sobre nosso próprio corpo.
Sistema visual 
Sistema visual.
O sistema vestibular é sensível a dois tipos de informações: a posição da cabeça no espaço e as
mudanças na direção do movimento da cabeça. Embora não tenhamos consciência da sensação
vestibular, como temos dos outros sentidos, as informações vestibulares são importantes para a
coordenação de muitas respostas motoras, ajudando a estabilizar os olhos e manter a estabilidade
postural durante a postura estática e a marcha. Anormalidades no sistema vestibular resultam em
sensações como tontura ou instabilidade, bem como problemas para focar os olhos e manter o
equilíbrio.
Sistema vestibular.
O sistema somatossensorial fornece informações sobre a posição e o movimento do corpo, assim
como a superfície de suporte (pés), além de fazer com que as partes do corpo troquem informações
entre si. Os proprioceptores do corpo são: fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi (sensíveis
ao comprimento e à tensão muscular), receptores articulares (sensíveis à articulação com relação à
posição, ao movimento e ao estresse) e mecanorreceptores da pele (sensíveis à vibração, ao toque
leve, à pressão profunda e ao estiramento da pele).
Sistema vestibular 
Sistema somatossensorial/proprioceptivo 
A propriocepção se refere à avaliação consciente e inconsciente da posição da articulação, enquanto
a cinestesia é a sensação de movimento articular ou aceleração. A percepção de força (força
sentido) é a capacidade de estimar cargas articulares e musculotendinosas.
Esses sinais são transmitidos à medula espinhal por meio devias aferentes (sensoriais). A
percepção consciente do movimento, posição e força das articulações é essencial para o
aprendizado motor e a antecipação dos movimentos, enquanto a propriocepção inconsciente
modula a função muscular e inicia a estabilização reflexa da articulação. Como tal, o controle
neuromuscular engloba a saída motora, que é responsável por produzir movimento e proporcionar
estabilidade articular dinâmica e postural.
Sistema somatossensorial.
As informações visuais, vestibulares e somatossensoriais são normalmente combinadas perfeitamente
para produzir nosso senso de orientação e movimento. A informação sensorial é integrada e processada no
cerebelo, nos gânglios basais e na área motora suplementar. Já a informação somatossensorial tem o
tempo de processamento mais rápido, pois precisa de respostas rápidas, seguido de entradas visuais e
vestibulares.
Quando as entradas sensoriais de um sistema são imprecisas devido a condições ambientais ou lesões que
diminuem a taxa de processamento de informações, o SNC deve suprimir a entrada imprecisa, selecionar e
combinar a apropriada entrada sensorial dos outros dois sistemas. Esse processo adaptativo é chamado de
organização sensorial. A maioria dos indivíduos poderá compensar bem se um dos três sistemas estiver
prejudicado, sendo esse conceito a base para muitos programas de tratamento.
Receptores somatossensoriais
O lugar intuitivamente óbvio para procurar receptores que atendam ao sentido de posição e ao movimento
articular seria nas próprias articulações. É isso o que se acreditou por muito tempo no século XX.
As observações inovadoras demonstraram a importância de receptores localizados nos músculos para
cinestesia, em particular, o papel desempenhado pelos fusos musculares. Nos dias atuais, é aceito que os
fusos musculares são os mais importantes para a propriocepção.
Fuso muscular
As informações do fuso muscular são usadas durante o controle motor em muitos níveis da hierarquia do
SNC. O nível mais baixo está envolvido com a ativação reflexa dos músculos. No entanto, à medida que a
informação sobe na hierarquia do SNC, ela é usada de forma cada vez mais complexa e abstrata. Por
exemplo, pode contribuir para a percepção do nosso senso de força muscular. Além disso, é transportada
por diferentes vias para diferentes partes do cérebro, contribuindo para o processamento cerebral.
A maioria dos fusos musculares são receptores sensoriais em forma de fuso encapsulados localizados no
ventre muscular dos músculos esqueléticos (imagem). Os fusos musculares detectam o comprimento
muscular e as mudanças no comprimento do músculo e, com o reflexo monossináptico, ajudam a regular
com precisão o comprimento do músculo durante o movimento. Em humanos, os músculos com a
densidade de fuso mais alta (fusos por músculo) são os músculos extraoculares da mão e do pescoço. Os
músculos do pescoço têm densidade de fusos musculares porque os usamos na coordenação do olho e da
cabeça à medida que alcançamos os objetos e nos movimentamos pelo ambiente.
Fuso muscular.
Os diferentes tipos de fibras musculares e sensoriais e os neurônios motores que inervam o fuso muscular
são projetados para apoiar duas funções do fuso muscular, sinalizando:

Comprimento estático do músculo.

Mudanças dinâmicas no comprimento do músculo.
Os dois tipos de fibras intrafusais musculares são chamados de “bolsa nuclear” (dividido em tipo estático e
dinâmico) e “cadeia nuclear” (tipo estático). A fibra de bolsa nuclear tem muitos núcleos esféricos em sua
região central não contrátil (parecendo uma bolsa elástica de núcleos), que se estende rapidamente quando
alongada por causa de sua elasticidade. Já a fibra de cadeia nuclear tem uma única linha de núcleos, sendo
menos elástica e, portanto, alongando-se lentamente.
Órgãos tendinosos de Golgi
Os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) são receptores sensoriais em forma de fuso (1mm de comprimento
por 0,1mm de diâmetro) e estão localizados na junção musculotendínea. Eles se conectam a 15 a 20 fibras
musculares, e as informações aferentes do OTG são transportadas para SNC através das fibras aferentes Ib.
Ao contrário dos fusos musculares, eles não têm conexões eferentes, portanto não estão sujeitos à
modulação do SNC.
Junção musculotendínea, onde ficam localizados os órgãos tendinosos de Golgi.
O OTG é sensível às mudanças de tensão que resultam tanto do alongamento quanto da contração do
músculo, que responde com apenas 2 a 25 gramas de força. O reflexo OTG é um reflexo dissináptico
inibitório, inibindo o próprio músculo e excitando seu antagonista. Os receptores articulares e os cutâneos
também podem contribuir para esse reflexo.
Como pesquisas anteriores demonstraram que o OTG estava ativo a grandes quantidades de tensão
muscular, formulou-se a hipótese de que o papel do OTG era proteger o músculo da lesão por tensão
excessiva. As pesquisas atuais mostram que esses receptores monitoram constantemente a tensão
muscular e são muito sensíveis até mesmo a pequenas quantidades de mudanças de tensão causadas pela
contração muscular. Recentemente, uma função hipotética do OTG é que ele modula a força muscular em
resposta à fadiga. Desse modo, quando a tensão muscular é reduzida por causa da fadiga, a resposta do
OTG é reduzida, diminuindo seu efeito de inibição no músculo.
Receptores articulares
Como funcionam os receptores articulares e qual é a sua função? Existem diferentes tipos de receptores em
apenas uma articulação, incluindo terminações do tipo Ruffini, terminações paciniformes, receptores de
ligamento e terminações nervosas livres. Esses receptores estão localizados em diferentes porções da
cápsula articular e morfologicamente compartilham as mesmas características de muitos dos outros
receptores encontrados no sistema nervoso. Por exemplo, os receptores de ligamento são quase idênticos
ao OTG, enquanto as terminações paciniformes são idênticas aos corpúsculos de Pacini na pele.
Articulação óssea, onde ficam localizados os receptores articulares.
Há uma série de aspectos intrigantes da função articular. A informação do receptor comum é usada em
vários níveis da hierarquia de processamento sensorial. Alguns pesquisadores descobriram que os
receptores articulares parecem ser sensíveis apenas aos ângulos articulares extremos; por causa disso,
esses receptores podem fornecer um sinal de perigo sobre o movimento articular extremo. Outros
pesquisadores relataram que muitos receptores articulares individuais respondem a determinada amplitude
de movimento articular. Esse fenômeno foi denominado “fracionamento de alcance”, com múltiplos
receptores sendo ativados em intervalos sobrepostos. A informação aferente de receptores articulares sobe
para o córtex cerebral e contribui para a nossa percepção da posição corporal no espaço. O SNC determina
a posição da articulação, monitorando quais receptores são ativados ao mesmo tempo – e isso permite a
determinação da exata posição da junta.
Receptores cutâneos
Existem diversos tipos de receptores cutâneos, incluindo corpúsculos pacinianos, discos de Merkel,
corpúsculos de Meissner, terminações de Ruffini e terminações lanceoladas em torno dos folículos
capilares, que detectam estímulos mecânicos. Já os termorreceptores detectam mudanças de temperatura
e os nociceptores, danos potenciais à pele.
O número de receptores nas áreas sensíveis da pele, como as pontas dos dedos, é muito alto: da ordem de
2.500 por centímetro quadrado. As informações do sistema cutâneo também são usadas no
processamento hierárquico em várias maneiras diferentes. Em níveis mais baixos da hierarquia do SNC, a
informação cutânea dá origem a movimentos reflexos, além de subir e informar a posição do corpo
essencial para a orientação dentro do ambiente.
Propriocepção
O especialista Leonardo Shigaki abordará como o sistema proprioceptivo auxilia no controle postural.
Equilíbrio
O equilíbrio é definido como a capacidade de alinhar segmentoscorporais contra a gravidade para manter
ou mover o corpo (centro de massa) dentro da base de suporte disponível sem cair. Trata-se da habilidade
de mover o corpo em equilíbrio contra a gravidade por meio da interação de dois sistemas: o sensorial e o
motor. A perda de equilíbrio e as quedas são problemas comuns que afetam indivíduos com uma ampla
gama de diagnósticos.
O equilíbrio ou controle postural é um termo genérico usado para descrever o processo dinâmico pelo qual a
posição do corpo é mantida em equilíbrio. Podemos separar o equilíbrio em dois grupos:

Equilíbrio estático
Ocorre quando o corpo está em repouso.
Equilíbrio dinâmico
Ocorre quando o corpo está em movimento.
O equilíbrio é maior quando o centro de massa do corpo (ou centro de gravidade) é mantido sobre sua base
de suporte. A seguir, veja os atributos e as definições:
Atributo Definição
Centro de massa
É o ponto que corresponde ao centro da massa corporal total, ou seja, em
que o corpo está em perfeito equilíbrio. Ele é determinado encontrando-se a
média ponderada do centro de massa de cada segmento corporal.
Centro de
gravidade
Refere-se à projeção vertical do centro da massa ao solo. Na posição
anatômica, o centro de gravidade da maioria dos humanos adultos está
localizado na posição ligeiramente anterior à segunda vértebra sacral (ou
aproximadamente 55% da altura de uma pessoa).
Base de suporte
É definida como o perímetro da área de contato entre o corpo e sua
superfície de suporte. A posição dos pés altera a base de suporte e muda a
estabilidade postural de uma pessoa. Uma base de suporte ampla, como é
vista em muitos indivíduos idosos, aumenta a estabilidade; já uma estreita,
tal como a postura em Tandem ou durante uma caminhada, a reduz.
Enquanto uma pessoa mantiver o centro de gravidade dentro dos limites da
base de suporte, chamados de limites de estabilidade, ela não cairá.
Tabela: Definições de centro de massa, centro de gravidade e base de suporte.
Leonardo Shigaki.
Pode-se dizer que:
O equilíbrio é uma tarefa complexa de controle motor que envolve a detecção e integração de
informações sensoriais para avaliar a posição e o movimento do corpo no espaço, além da
ã d t l léti i d t l i ã d
execução de respostas musculoesqueléticas apropriadas para controlar a posição do corpo
dentro do contexto do ambiente e da tarefa. Desse modo, o controle do equilíbrio requer a
interação do sistema nervoso e musculoesquelético, assim como dos efeitos contextuais.
O sistema nervoso é responsável pelo processamento sensorial a partir da percepção da
orientação do corpo no espaço fornecido principalmente pelos sistemas visual, vestibular e
somatossensorial. A integração sensório-motora é essencial para vincular a sensação às
respostas motoras; para aspectos adaptativos e antecipatórios (isto é, ajustes posturais
programados centralmente que precedem os movimentos voluntários) do controle postural; e
para estratégias motoras a fim de planejar, programar e executar respostas de equilíbrio.
As contribuições musculoesqueléticas incluem alinhamento postural, flexibilidade, amplitude
de movimento articular completa, integridade articular, desempenho muscular (força
muscular, potência e resistência) e sensação (toque, pressão, vibração, propriocepção e
cinestesia). Os efeitos contextuais que interagem com os dois sistemas (somatossensorial e
musculoesquelético) são os do ambiente, seja ele fechado (previsível e sem distrações) ou
aberto (imprevisível e com distrações), a superfície de suporte (firme ou escorregadia, estável
ou instável e os tipos de sapatos), a quantidade de iluminação, os efeitos da gravidade e as
f i i i lé d t í ti d t f (t f h id
Mesmo se todos os elementos do sistema nervoso e musculoesquelético estiverem operando de forma
eficaz, uma pessoa poderá cair se os efeitos contextuais forçarem as demandas de controle de equilíbrio,
pois a intensidade dos estímulos é tão alta que os mecanismos internos de controle da pessoa ficam
sobrecarregados, como exemplifica a imagem a seguir:
Quedas após a perda do controle de equilíbrio.
Mecanismos do controle neuromuscular
Após definirmos os componentes da percepção corporal, nos aprofundaremos nas bases do controle
corporal. O controle neuromuscular se refere a uma resposta eferente (motora) a partir de uma informação
sensorial.
Várias fontes de informações sensoriais são essenciais para produzir atividade muscular adequada e
estabilidade articular dinâmica, incluindo propriocepção, cinestesia e sensação de força. Dois mecanismos
de controle motor ( feedforward e feedback) estão envolvidos na interpretação de informações aferentes e
na coordenação de respostas eferentes.
forças inerciais no corpo, além das características da tarefa (tarefa conhecida ou nova,
previsível ou imprevisível e tarefas únicas ou múltiplas).
O controle neuromuscular feedforward envolve o planejamento de movimentos com base nas informações
sensoriais em “tempo real” integradas com padrões somatossensoriais aprendidos de experiências
anteriores, enquanto os processos de feedback regulam continuamente a atividade muscular por meio de
vias reflexas. Os mecanismos de feedforward são responsáveis pela atividade muscular preparatória. Já os
processos de feedback estão associados à atividade muscular reativa ou reflexa.
Exemplo
Imaginemos uma pessoa que esteja em pé em um ônibus. Ela utiliza esse transporte todos os dias para
trabalhar e sabe que, depois que o ônibus sai do terminal rodoviário, há uma curva acentuada à esquerda.
Então ela se prepara, segura no apoio com mais força, abre um pouco a base de sustentação e desloca o
peso corporal de modo a facilitar o equilíbrio. Essa reação antecipatória, chamada de feedforward, só foi
possível porque a pessoa já tinha experimentado essa sensação anteriormente. Ao continuar a viagem no
ônibus, ela sabe que haverá uma grande reta e volta a relaxar sua postura. Contudo, um cachorro cruza a
pista e o motorista freia o ônibus bruscamente. Nesse caso, para não cair, a pessoa segura o apoio com
força e dá um passo com firmeza à frente. Essa reação ao evento inesperado é chamada de feedback, já
que as respostas musculares só aconteceram ao se sentir que era necessário mudar a postura para não
cair.
O nível de ativação muscular, seja preparatória, seja reativa, modifica muito as propriedades de rigidez
muscular. Sob uma perspectiva mecânica, essa rigidez se refere à proporção da mudança de força para a
mudança no comprimento. Em essência, os músculos mais rígidos resistem ao estiramento de forma mais
eficaz e fornecem restrição dinâmica para perturbação articular.
Portanto, a rigidez muscular gerada pela atividade neuromuscular antes da carga articular (feedforward) é
um dos mecanismos mais importantes para a estabilização dinâmica das articulações. No entanto, altos
níveis dessa rigidez restringiriam os movimentos articulares rápidos necessários para a atividade física, de
modo que a regulação da rigidez muscular ocorre continuamente para otimizar a estabilidade articular ao
movimento.
Saiba mais
Estudos clínicos recentemente estabeleceram a importância da rigidez muscular no sistema de restrição
dinâmica. A eficiente regulação dessa rigidez pode ser vital para restaurar a estabilidade funcional. Por
causa da orientação do músculo esquelético e das características de ativação, uma ampla gama de
capacidades de movimento pode ser coordenada envolvendo ativação concêntrica, excêntrica e isométrica,
enquanto o movimento articular excessivo é contido.
Portanto, a restrição dinâmica é alcançada por meio do controle neuromuscular preparatório e reflexo. A
atividade muscular aumenta a estabilidade articular dinâmica, proporcionando absorção excêntrica de
forças externas aplicadas ao corpo e aumentando a congruência articular e a rigidez muscular.
Muitas articulações (por exemplo, glenoumeral e tibiofemoral) possuem uma congruência óssea limitada;
por isso, elas dependem daativação muscular para limitar a carga de estruturas capsuloligamentares
passivas. Um aprimoramento na estabilidade da articulação pode ser alcançado por meio da atividade
muscular, aumentando a força compressiva graças à articulação e aumentando a área de contato da
articulação, como ocorre quando o grupo muscular chamado de manguito rotador traciona a cabeça do
úmero para a fossa glenoide. A atividade muscular também limita a carga dos tecidos passivos,
proporcionando absorção excêntrica de força aplicada ao corpo, ou seja, “absorção de choque”.
Controle de equilíbrio durante a postura
Em uma postura quieta, o corpo balança como um pêndulo invertido sobre a articulação do tornozelo. O
objetivo do equilíbrio é manter o centro de massa do corpo com segurança dentro da base de sustentação.
Para atingir esse objetivo, é utilizada a estratégia do tornozelo, na qual os músculos da perna (isto é,
flexores plantares, dorsiflexores, inversores e eversores do tornozelo) são automática e seletivamente
ativados para neutralizar a oscilação corporal em diferentes direções. Outros músculos que são
tonicamente ativos durante a postura quieta para manter uma postura ereta são o glúteo médio, o tensor da
fáscia lata e o iliopsoas para prevenir a hiperextensão do quadril, assim como os paravertebrais torácicos
(com ativação abdominal intermitente) para alinhar a coluna vertebral.
O alinhamento corporal contribui para a estabilidade em posição estática. Ficar
com o corpo em um alinhamento corporal ideal permite que ele mantenha o
equilíbrio com o mínimo de gasto de energia muscular.
As perturbações do equilíbrio em ficar em pé podem ser internas (movimento voluntário do corpo) ou
externas (forças aplicadas ao corpo). Ambos os tipos de perturbações envolvem a ativação de sinergias
musculares, mas o tempo de resposta é proativo (feedforward) para perturbações geradas internamente e
reativo (feedback) para as geradas externamente.
Respostas musculares para manter o equilíbrio.
A fim de manter o equilíbrio, o corpo deve ajustar continuamente sua posição no espaço para manter o
centro de massa de um indivíduo sobre a base de sustentação ou trazer esse centro de volta para tal
posição após uma perturbação. Três estratégias de movimento primárias são usadas por adultos saudáveis
para recuperar o equilíbrio em resposta a súbitas perturbações da superfície de suporte (deslocamentos
anteriores ou posteriores) denominadas estratégias de tornozelo, quadril e passo.
Saiba mais
Experimentos de plataforma móvel forneceram muitas informações sobre as estratégias motoras
(tornozelo, quadril e passo) e os padrões de ativação muscular associados que são o resultado de uma
pessoa estar de pé em uma superfície transladada ou inclinada inesperadamente. Com a repetição de uma
perturbação da plataforma, ocorre a adaptação de aprendizagem, que é caracterizada por uma redução
significativa na resposta reativa.
Em postura quieta e durante pequenas perturbações (perturbações de baixa velocidade no plano
anteroposterior), os movimentos no tornozelo atuam para restaurar o equilíbrio de uma pessoa a uma
posição estável. A estratégia de movimento utilizada para controlar as perturbações médio-laterais envolve
o deslocamento do peso corporal lateralmente de uma perna para a outra.
Os quadris são os principais pontos de controle da estratégia de mudança de peso.
Eles movem o centro de massa em um plano lateral, principalmente por meio da
ativação de seus músculos abdutores e adutores, com alguma contribuição de
inversores e eversores de tornozelo.
Se uma grande força ocorrer além dos limites de estabilidade, um passo para frente ou para trás será usado
para aumentar a base de sustentação e recuperar o controle de equilíbrio. A etapa descoordenada que se
segue a um tropeço em terreno irregular é um exemplo de estratégia do passo, como demonstra a imagem
a seguir.
Os padrões de resposta do movimento às perturbações posturais são mais complexos e variáveis do que
descrito acima. A maioria dos indivíduos saudáveis usa combinações de estratégias para manter o
equilíbrio, dependendo das demandas de controle. Os requisitos de controle de equilíbrio variam
dependendo da tarefa e do ambiente.
Passo após tropeço.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O controle postural é fundamental para a manutenção do equilíbrio em pé e a realização dos
movimentos no esporte. Para controlar os movimentos de maneira adequada, o sistema nervoso
central utiliza informações sensoriais de quais sistemas?
A Visual e somatossensorial.
B Visual, vestibular e auditivo.
C Visual, vestibular e somatossensorial.
D Vestibular, motor e somatossensorial.
E
Parabéns! A alternativa C está correta.
O sistema nervoso central reúne e utiliza as informações do sistema visual, vestibular e
somatossensorial para realizar o controle postural. Cada sistema fornece uma informação que nos
possibilita programar ou reagir de maneira adequada aos estímulos. Qualquer informação alterada em
algum desses sistemas pode causar repercussão negativa no controle postural. As demais alternativas
que contenham os sistemas auditivo, proprioceptivo e motor estão erradas, pois esses sistemas não
fazem parte dos sistemas sensoriais do controle neuromuscular.
Questão 2
O controle neuromuscular depende da informação sensorial, sendo o responsável pelas respostas
eferentes apropriadas ao impulso proprioceptivo aferente. Quais são os dois mecanismos de controle
motor?
Parabéns! A alternativa B está correta.
O sistema nervoso central desempenha o controle neuromuscular a partir de dois diferentes
mecanismos de controle: ajuste postural antecipatório (feedforward) e reativo (feedback). O controle
antecipatório ocorre quando o indivíduo planeja uma ação, enquanto o mecanismo reativo é
Somatossensorial, proprioceptivo e motor.
A Antecipatório (feedforward) e planejamento.
B Antecipatório (feedforward) e reativo (feedback).
C Reflexo (feedforward) e reativo (feedback).
D Reflexo (feedforward) e planejamento.
E Compensatório e reativo (feedback).
desencadeado pela ocorrência de perturbações do equilíbrio decorrentes de forças externas
inesperadas. As demais alternativas estão incorretas, porque o planejamento é a característica do
controle antecipatório (feedforward). Já o reflexo faz parte do controle reativo.
2 - Exercícios proprioceptivos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as formas de avaliação e recursos para
exercícios proprioceptivos.
Avaliação do controle postural e recursos materiais
utilizados no treinamento proprioceptivo
O modo mais frequente de estudar o controle postural é avaliar o comportamento do corpo durante a
postura ereta estática. Os fisioterapeutas comumente avaliam o equilíbrio e usam o treinamento e os
exercícios de equilíbrio como intervenções primárias (Prevenção) ou secundárias (Tratamento) para
pacientes submetidos a vários tipos de programas de reabilitação no esporte.
A avaliação pode ser realizada de forma:
Qualitativa
Como, por exemplo, ao observar a postura e classificá-la.
Quantitativa
Com o uso de instrumentos de medição com resultados numéricos.
Existem muitas formas de avaliar o controle postural na área esportiva. Neste módulo, nos concentraremos
em dois modos de avaliação quantitativa. A primeira avaliação necessita de um equipamento sofisticado
(plataforma de força), enquanto a segunda é mais acessível devido a seu baixo custo (teste funcional).
Quando ficamos em pé, o corpo está a todo momento buscando o equilíbrio, pois estamos em constante
desequilíbrio. Mesmo sem perceber, realizamos pequenas oscilações corporais. O método utilizado para
quantificar a oscilação corporal ou de uma variável associada a essa oscilação é chamado de
posturografia. Podemos utilizar equipamentos que medem de forma quantitativa as oscilações do corpo
humano na postura ereta quieta (posturografia estática) ou na realização de diferentesatividades
(posturografia dinâmica).
Na avaliação da posturografia, a variável mais comumente estudada do controle postural é o centro de
pressão. Esse centro, que é o local da projeção vertical da força de reação do solo, pode ser explicado como
o ponto de aplicação da resultante das forças verticais agindo sobre a superfície de suporte. Ele é igual e
oposto à média ponderada de todas as forças descendentes que atuam na área em contato com o solo.
Exemplo
Se o apoio estiver em apenas um pé (apoio unipodal), o centro de pressão ficará dentro desse pé. Porém,
quando os dois pés estão no chão (apoio bipodal), esse centro fica em algum ponto entre os dois pés,
dependendo de quanto peso é suportado por cada pé (distribuição de carga).
Para manter a estabilidade postural, uma pessoa produz forças musculares para controlar continuamente a
posição do centro de gravidade, que, por sua vez, muda a localização do centro de pressão. Desse modo, tal
centro é um produto das respostas neuromusculares do corpo aos desequilíbrios do centro de pressão.
Esse ponto resultante oscila quando nos movemos e pode ser quantificado.
A plataforma de força é o equipamento tradicionalmente usado para medir as forças de reação do solo e os
movimentos do centro de pressão. Em geral, a plataforma de força é constituída por uma placa com quatro
sensores de força do tipo célula de carga ou piezoelétrico que estão distribuídos para medir os três
componentes da força (são as direções anteroposterior, médio-lateral e vertical).
Após a aquisição dos dados do centro de pressão, podemos visualizá-los de duas maneiras: com o
estatocinesigrama (mapa desse centro na direção anteroposterior versus o centro de pressão na direção
médio-lateral) ou estabilograma (série temporal do centro de pressão em cada uma das direções:
anteroposterior e médio-lateral).
Plataforma de força.
Os protocolos de avaliação podem variar, mas alguns padrões são importantes para garantir a qualidade da
medida obtida. A avaliação deve ser realizada preferencialmente dentro de um laboratório, embora possa
ser feita em clínica ou em ambientes abertos no caso da avaliação no ambiente esportivo. Alguns cuidados
precisam ser tomados, como a luz e o som no local. A atenção do paciente também é um fator que interfere
na avaliação do controle postural.
Ao realizar a posturografia com a plataforma de força, devemos manter um protocolo para a avaliação,
levando em conta os parâmetros de frequência de aquisição, o período de aquisição e o número de
aquisições, entre outros fatores. Ao final do tratamento, o mesmo protocolo tem de ser aplicado para ter
uma comparação fidedigna.
Saiba mais
Tradicionalmente, a plataforma de força é utilizada para avaliação em pé, mas pode ser utilizada para
avaliação de membros superiores.
Teste funcional para membros inferiores (Star Excursion
Balance Test)
O Star Excursion Balance Test modificado mede o alcance de um membro inferior enquanto o membro
contralateral realiza o suporte e controle corporal. Durante esse teste, o paciente permanece com o pé de
apoio centralizado na intersecção das linhas (anterior, posterolateral e posteromedial), como aponta a
imagem adiante.
A posição em apoio unipodal é mantida, enquanto o membro inferior contralateral alcança a maior distância
possível sobre as linhas (fitas métricas) e o valor é medido pelo avaliador. A pontuação do Star Excursion
Balance Test pode ser calculada dividindo-se a soma das distâncias máximas alcançadas (em centímetros)
nas três direções pelo comprimento real do membro inferior avaliado, multiplicando, por fim, o resultado por
três. Os valores finais são expressos em porcentagem multiplicando-se por 100. Alguns protocolos utilizam
a média de três tentativas como escore final.
Desenho do teste Star Excursion Balance Test.
Realização do Star Excursion Balance Test.
Teste funcional para membros superiores - teste Y
O teste Y para membros superiores avalia a funcionalidade dos membros superiores em cadeia cinética
fechada. Nesse teste, são avaliadas a mobilidade e a estabilidade dos membros superiores, além da
estabilidade da musculatura do tronco e dos membros inferiores.
As direções das fitas são como as descritas no Star Excursion Balance Test. O paciente fica na posição de
prancha com os pés apoiados no chão, sem calçado, e a distância dos pés é a mesma mantida entre os
ombros.
Conheça a seguir, as sequências do teste Y para membros superiores (posição inicial e direções de
alcance):
A posição inicial do indivíduo é com a face lateral do corpo direcionada para fita anterior. Dependendo do
membro avaliado, o indivíduo fica posicionado do lado esquerdo ou direito do “Y”.
A mão de apoio permanece na intersecção das fitas, sendo esse o membro avaliado. A outra mão faz o
alcance máximo nas direções da fita. A normalização é realizada pela medida do comprimento do membro
superior testado segundo o padrão do Star Excursion Balance Test.
Comentário
Os testes funcionais são de fácil aplicação e baixo custo, podendo ser realizados nos atletas no pré e pós-
tratamento e para avaliá-los durante as etapas da temporada. Já a plataforma de força necessita de um
treinamento do avaliador, e tal recurso tem um custo alto de aquisição por se tratar de um equipamento
tecnológico que fornece mais parâmetros na avaliação do controle postural.
Recursos para exercícios de controle postural
Na fisioterapia esportiva, existe um grande arsenal de recursos terapêuticos voltados para os exercícios de
controle postural. A ideia central é causar instabilidade para que o paciente busque retomar a estabilidade.
A escolha do recurso deve ser baseada na capacidade do paciente, pois, ao selecionar um recurso muito
instável, o fisioterapeuta lhe oferece um alto risco de lesão ou queda.
Se o recurso não for desa�ador para o paciente, então não haverá aprimoramento do
controle postural.
Para auxiliar nos exercícios de controle neuromuscular, alguns recursos visuais podem ser utilizados; afinal,
é pela visão que conseguimos verificar nossa posição no local onde estamos e, assim, planejar nossas
ações.
Para facilitar os exercícios, podemos utilizar alvos fixados em uma parede. Desse modo, o estímulo visual
sofre pouca variação. Se o objetivo for dificultar os exercícios, podemos utilizar vendas de tecido. Com isso,
conseguimos anular a informação visual, restando apenas a informação vestibular e a somatossensorial.
Veja a seguir:
Recentemente, foi inserida nos programas de reabilitação a realidade virtual, que, associada aos
exercícios, pode melhorar o controle postural. A interação de imagens gráficas entre o indivíduo e a
máquina associa os estímulos computacionais aos receptores sensoriais, de modo que haja
simulação de um ambiente real.
A exploração de aplicações compostas por cenas e situações simuladas em computadores faz com
que o indivíduo acredite estar em outra realidade. Ela ainda permite associar comportamentos e
Realidade virtual 
reações aos objetos virtuais; assim, a pessoa pode interagir com situações imaginárias.
Atividade com realidade virtual.
Talvez o recurso mais simples para a execução de exercícios de controle postural seja a espuma.
Esse meio fornece instabilidade na base de sustentação. A graduação da dificuldade pode ser
manipulada conforme a densidade da espuma; assim, se ela for de baixa densidade (macia), maior
será a instabilidade.
A grande vantagem da espuma é a fácil obtenção do recurso, podendo ser usados colchonetes e
travesseiros como recursos improvisados. Entretanto, existem espumas específicas para fins
terapêuticos com medidas padronizadas e materiais que facilitam a higienização do produto.
Espuma.
A prancha proprioceptiva, em geral, tem uma superfície rígida de madeira coberta com material
antiderrapante de borracha equilibrada sobre uma peça semilunar. A prancha quadrada pode ser
utilizada de duas maneiras: no sentido anteroposterior, o principal controle é realizado pelosEspuma 
Prancha proprioceptiva 
músculos plantiflexores e dorsiflexores do tornozelo; já no sentido médio-lateral, os músculos do
quadril e tronco são mais atuantes para manter ou recuperar a postura estável.
Outro modelo de prancha é em formato redondo. Para utilizar esse recurso, o paciente precisa ter um
bom controle postural, pois a prancha redonda é mais instável e oferece maior liberdade de
movimento multiplanar, ou seja, o deslocamento pode ocorrer no sentido anteroposterior e médio-
lateral. Além disso, o movimento pode ser combinado em vários níveis (diagonais). A escolha do
modelo da prancha depende do objetivo do tratamento para priorizar a ação muscular.
Prancha redonda.
Outro recurso que desafia o controle postural é o disco inflável, geralmente fabricado com látex, para
permitir a utilização em diferentes tamanhos, possibilitando uma gama de níveis de dificuldade.
Quando o disco está mais rígido (cheio), facilita os exercícios, mas, quando está mais flácido (com
menos ar), dificulta sua execução. O disco inflável apresenta uma superfície rugosa de textura
antiderrapante que proporciona maior segurança em um dos lados e uma superfície lisa no outro
lado.
Disco inflável.
Disco inflável 
Balancim proprioceptivo 
O balancim proprioceptivo é composto de uma estrutura de metal que fornece o alicerce para
sustentar uma plataforma que pode ser de madeira ou metal. Em geral, essa plataforma é um pouco
maior do que o pé de uma pessoa adulta.
Esse suporte fica suspenso por quatro correntes que fazem a ligação entre a estrutura de base e a
plataforma. As correntes podem ter a altura regulada, de modo que a dificuldade do exercício será
dependente da distância entre a base fixa e plataforma de suporte.
Treinamento proprioceptivo com o balancim.
O minitrampolim ou cama elástica é constituído por uma base metálica em forma de aro onde são
fixadas molas e, no centro, um tecido resistente, cujo tamanho pode variar dependendo do modelo.
Esse tipo de recurso fornece uma base instável e permite que o paciente comece atividades de salto
suaves em uma superfície resiliente para diminuir o impacto nas articulações. A superfície flexível do
equipamento pode complicar ou auxiliar o movimento, dependendo de como ele é executado.
Minitrampolim.
Minitrampolim ou cama elástica 
BOSU 
Entre os aparelhos para os exercícios de equilíbrio, o BOSU parece ser o mais desafiador. Seu nome
vem de uma sigla em inglês para both sides utilized, que, em tradução livre, significa “utilizado em
ambos os lados”.
O BOSU é um dispositivo que combina uma base sólida de plástico com uma “bexiga” inflável
semelhante a uma bola suíça cortada ao meio (forma de uma meia esfera com um lado plano e
outro redondo). Esse recurso pode ser usado com o lado plano para cima ou em contato com o
chão, tornando-o uma peça versátil de treinamento de equilíbrio e resultando em dificuldade variada,
dependendo em que lado está sendo usado.
Exercício no BOSU.
Um tipo específico de treinamento é o slackline. Essa modalidade evoluiu recentemente de uma
atividade de escalada para um programa de treinamento que pode ter grande potencial para
promover o equilíbrio e o desempenho de força.
O slackline é uma atividade de equilíbrio que utiliza uma fita de nylon esticada firmemente entre dois
objetos (árvores, postes etc.) e que pode ser fixada a várias alturas acima do solo. A fita é plana (de
2,5 a 5 centímetros de largura e de 6 a 20 metros de comprimento), e sua tensão pode ser ajustada
com o objetivo de aumentar ou diminuir a dificuldade das tarefas de equilíbrio que são realizadas em
pé ou andando.
Slackline 
Exercício de equilíbrio no slackline.
Nos últimos anos, a plataforma vibratória ganhou popularidade por oferecer um grande desafio para
o controle postural. O aparelho possui uma base que pode ter vários tamanhos e formatos, alças de
apoio para segurança e um painel de controle.
As plataformas vibratórias produzem vibrações mecânicas (A vibração mecânica é um agente físico
com deslocamento oscilatório, harmônico e determinista) a partir de sua base, oscilando
uniformemente para cima e para baixo (síncrona ou vertical) ou alternadamente (alternada ou
lateral), gerando vibração para todo o corpo e oferecendo instabilidade pela oscilação da base.
O exercício gerado em plataformas vibratórias é chamado de exercício de vibração de corpo inteiro
(EVCI). O EVCI é um método de intervenção produzido a partir da transmissão de vibração mecânica
gerada na plataforma vibratória para um indivíduo posicionado sobre sua base.
Para a realização do EVCI, devem ser considerados parâmetros biomecânicos, como a frequência e
o deslocamento pico a pico, assim como o posicionamento do indivíduo, o número de sessões e o
tempo de exposição e repouso, que serão ajustados de acordo com a condição clínica e o objetivo
que se pretende alcançar.
Plataforma vibratória.
Recursos para exercícios proprioceptivos
Plataforma vibratória 

O especialista Leonardo Shigaki falará sobre a aplicação de cada recurso proprioceptivo abordado neste
módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A avaliação do controle postural pode ser realizada de maneira qualitativa e quantitativa. Qual
instrumento de avaliação pode ser utilizado para quantificar a oscilação corporal durante uma postura
ou uma variável associada a essa oscilação?
A Plataforma vibratória.
B Teste de equilíbrio.
C Osciloscópio.
D Plataforma de equilíbrio.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A plataforma de força é um instrumento tecnológico que pode ser utilizado para medir os
deslocamentos durante o controle postural em determinada tarefa. Essa plataforma permite a
quantificação do centro de pressão da base de contato (pés), assim como a área de deslocamento
representa a oscilação corporal durante o tempo da postura avaliada.
Questão 2
Muitos recursos podem ser usados nos exercícios proprioceptivos durante a reabilitação de atletas. A
maioria deles fornece uma superfície instável para desestabilizar o indivíduo. Quais recursos podem ser
utilizados dos dois lados?
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os dois aparelhos que podem ser utilizados nos dois lados são o BOSU e o disco inflável. O BOSU, de
um lado, tem uma base sólida de plástico; do outro, parece uma meia bola. Já o disco inflável apresenta
uma superfície com pequenas irregularidades de textura antiderrapante e uma superfície lisa no outro
E Plataforma de força.
A BOSU e plataforma vibratória.
B Disco inflável e prancha redonda.
C BOSU e disco inflável.
D Plataforma vibratória e prancha redonda.
E Prancha redonda e prancha quadrada.
lado. A plataforma vibratória possui apenas a sua base para a execução de exercícios, bem como as
pranchas.
3 - Reabilitação de atletas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os exercícios proprioceptivos na
reabilitação de atletas.
Abordagem �sioterapêutica na prescrição do
treinamento proprioceptivo
Restabelecer o controle neuromuscular é um componente crítico na reabilitação das articulações que
sofreram alguma lesão. O objetivo das atividades de controle neuromuscular é redirecionar o foco do
paciente para a consciência das sensações e gerar respostas motoras com estratégias coordenadas.
Saiba mais
Essa atividade muscular serve para proteger as estruturas articulares de tensão excessiva e fornece um
mecanismo profilático para lesões recorrentes. Atividades de controle neuromuscular complementam os
protocolos tradicionais de reabilitação, que englobam modulação da dor e inflamação, restauração da
flexibilidade, força e resistência, bem como considerações psicológicas.
O desenvolvimento ou o restabelecimento da propriocepção, da cinestesia e do controle neuromuscular em
pacientes lesionados minimizará o risco de nova lesão. O objetivo da reabilitação neuromuscular é
desenvolver ou restabelecer as características aferentes e eferentesque aumentam a capacidade de
estabilização dinâmica no que diz respeito às cargas durante as atividades.
Quatro elementos básicos são cruciais para restabelecer o controle neuromuscular e estabilidade funcional.
Veja a seguir quais são eles:
A plasticidade do sistema neuromuscular para mudar é o que permite as adaptações rápidas durante a
reabilitação, as quais, em última análise, melhoram a preparação e a atividade muscular reativa. As técnicas
incluem atividades em cadeia cinética aberta e fechada, treinamento de equilíbrio, exercícios excêntricos
com muitas repetições e carga baixa, facilitação do reflexo por meio de treinamento reativo ou de
“perturbação”, atividades com saltos e treinamento com biofeedback. A reabilitação tradicional,
acompanhada por essas técnicas específicas, resulta em adaptações benéficas às características
neuromusculares responsáveis pela estabilização dinâmica, aumentando sua eficiência para fornecer uma
articulação funcionalmente estável.
Sensação proprioceptiva e cinestésica.
Estabilização dinâmica.
Controle neuromuscular reativo.
Padrões motores funcionais.
Para restaurar a ativação muscular dinâmica necessária para a estabilidade funcional, deve-se empregar
posições simuladas de vulnerabilidade que requerem estabilização muscular reativa. Apesar de haver riscos
inerentes ao se colocar a articulação em posições de vulnerabilidade, se isso for feito de maneira controlada
e progressiva, as adaptações neuromusculares vão ocorrer e posteriormente permitir que o paciente volte
ao nível competitivo com a confiança de que os mecanismos de estabilização dinâmica protegerão a
articulação de subluxação e de novas lesões.
O objetivo do treinamento cinestésico e proprioceptivo é restaurar as propriedades
neurossensoriais de estruturas capsuloligamentares lesionadas e aumentar a
sensibilidade das áreas periféricas aferentes não envolvidas. Os exercícios que
envolvem simultaneamente o membro não lesionado podem ajudar a restabelecer a
percepção, a consciência da posição, o movimento e a carga da articulação no
membro lesionado.
Uma variedade de atividades pode ser usada para melhorar equilíbrio, mas o terapeuta precisa
primeiramente considerar cinco regras gerais antes de começar. Os exercícios devem:
Ser seguros, mas desa�adores.
Enfatizar os vários planos de movimento.
Incorporar uma abordagem multissensorial.
Começar com superfícies estáticas, bilaterais e estáveis até progredir para as dinâmicas,
unilaterais e instáveis.
Existem diversas maneiras por meio das quais o fisioterapeuta pode atingir esses objetivos. Os exercícios
de equilíbrio devem ser realizados em uma área com espaço suficiente, onde o paciente não sofrerá lesões
em caso de queda.
O fisioterapeuta precisará sempre estar próximo do paciente e auxiliá-lo quando for preciso. É melhor
realizar exercícios com um dispositivo assistente ao alcance do paciente (por exemplo, cadeira, corrimão,
mesa ou parede), especialmente durante a fase inicial de reabilitação.
Exercício de equilíbrio com apoio do terapeuta.
Para prescrição dos exercícios, devemos considerar a duração de cada atividade e o número total dos
exercícios de equilíbrio. O fisioterapeuta pode manipular séries e repetições ou criar um protocolo baseado
em tempo. Por exemplo, o paciente pode realizar 3 séries de 15 repetições e progredir para 30 repetições
conforme tolerado ou fazer 10 repetições dos exercícios por um período de 15 segundos cada e progredir
para períodos de 30 segundos posteriormente.
Progressão de exercícios para os membros inferiores
Muitas atividades que promovem o controle neuromuscular nas extremidades inferiores já existem nos
programas tradicionais de reabilitação. Os exercícios devem se concentrar nos grupos musculares que
requerem mais atenção e progridem de nenhum peso até a sustentação completa dele.
Progredir na direção dos exercícios especí�cos do esporte.
Reabilitação na piscina.
O uso de atividades em cadeia cinética fechada é incentivado porque replica o ambiente específico onde a
maioria dos esportes acontece. A descarga de peso parcial em piscinas ou com dispositivos de suporte
simula os ambientes de cadeia cinética aberta e fechada sem expor o tornozelo, joelho ou quadril a cargas
articulares excessivas.
Exercício de equilíbrio com apoio parcial.
A natureza desses exercícios em cadeia cinética fechada cria compressão articular, melhorando, portanto, a
congruência articular e o feedback neurossensorial e minimizando as forças de cisalhamento nas
articulações. Os primeiros exercícios de estabilização dinâmica das articulações começam com o
treinamento de equilíbrio e suporte de peso parcial em superfícies estáveis, progredindo para o suporte de
peso parcial em superfícies instáveis.
Exercícios pliométricos (ciclo de alongamento-encurtamento) são componentes necessários para
condicionar o aparelho neuromuscular a responder mais rápida e vigorosamente, permitindo uma
desaceleração excêntrica (alongamento) seguida imediatamente de uma fase de contração concêntrica
explosiva (encurtamento). Os exercícios pliométricos não precisam ser adiados até os estágios finais de
reabilitação, pois existe uma variedade de atividades pliométricas, e a intensidade pode ser controlada
manipulando a carga, a amplitude de movimento e o número de repetições.
Atenção!
Os movimentos pliométricos requerem atividades musculares preparatórias (feedforward) e reativas
(feedback) com mudanças relacionadas à rigidez muscular. Essa ativação muscular preparatória antes da
fase excêntrica é considerada como uma combinação de comandos motores pré-programados e reativos.
Atividades pliométricas, como caminhada sem peso em uma piscina ou salto de baixo impacto, podem ser
iniciadas, uma vez que a descarga de peso é liberada. O salto bipodal é um exercício intermediário eficaz,
pois o membro não envolvido pode ser usado para a assistência. Veja o detalhamento a seguir:
Exercícios pliométricos.
Atividades pliométricas são dificultadas com saltos alternados e, em seguida, com saltos com uma perna.
Atividades subsequentes, como salto com rotação, salto lateral e salto em várias superfícies, são
instituídas conforme a tolerância do paciente. O treinamento pliométrico requer ativação muscular
preparatória e facilita o reflexo das vias de controle neuromuscular reativo.
Treino de marcha.
Os exercícios de estabilização rítmica devem ser incluídos durante a reabilitação precoce para melhorar a
coordenação neuromuscular da extremidade inferior e a reação a perturbações articulares inesperadas. A
intensidade da estabilização rítmica é aumentada pela aplicação de maiores cargas e deslocamentos. Os
exercícios de marcha também são eficazes para o desenvolvimento coordenado preparatório e a
atividade muscular reativa.
Plataformas instáveis são usadas para induzir perturbações lineares e angulares para as articulações,
alterando o centro de gravidade do paciente enquanto ele tenta se equilibrar. Esses exercícios podem
facilitar adaptações às vias reflexas mediadas por aferentes periféricos, resultando em ativação muscular
reativa.
O exercício de lançar uma bola para o paciente, que deve lançá-la de volta, pode ser incorporado em
conjunto com exercícios de equilíbrio. Essa dupla tarefa cria cargas cognitivas capazes de atrapalhar a
concentração e ajudam a promover adaptações reativas, além de induzir mudanças maiores na localização
do centro de massa, exigindo movimento da extremidade superior. Isso torna a tarefa mais desafiadora para
o sistema sensório-motor.
Durante as fases posteriores da reabilitação, a atividade neuromuscular reativa pode ser estimulada com
saltos no minitrampolim. O paciente começa saltando e pousando em ambos os pés, progredindo, em
seguida, para saltos unipodais e com rotação. As tarefas reativas mais difíceis incluem saltar enquanto
pega uma bola no ar ou saltar de um minitrampolim para várias superfícies de aterrissagem, como grama
artificial, gramaou terra.
As atividades funcionais começam com a restauração da marcha normal. Os fisioterapeutas podem dar
instruções verbais ou usar um espelho para ajudar os pacientes a internalizar a cinemática normal durante a
postura e a fase de balanço. Isso inclui caminhar para trás e deslocamentos laterais, progredindo para
correr e pular conforme o tolerado.
Treino de gesto esportivo.
Atividades de aceleração e desaceleração e manobras de pivô são recomendadas para simular as
atividades funcionais esportivas. Exercícios de corrida e corte (mudança repentina de direção) podem ser
iniciados, aumentando-se gradativamente a velocidade de manobras.
Nessa fase, caminhar e correr na areia são atividades que podem desafiar o controle neuromuscular e
provocar estímulo para estabilização da articulação. As atividades funcionais mais difíceis são projetadas
para simular as demandas dos pacientes nos esportes e nas posições em que atuavam.
Exercícios proprioceptivos de membros inferiores

O especialista Leonardo Shigaki identificará como progredir com os exercícios proprioceptivos de membros
inferiores na recuperação de atletas.
Progressão de exercícios para os membros superiores
Ao contrário dos membros inferiores, a articulação glenoumeral necessita de estabilidade inerente às
estruturas capsuloligamentares; portanto, os mecanismos dinâmicos são ainda mais cruciais para manter a
estabilidade funcional. A dificuldade é maior, porque o ombro possui uma grande amplitude de movimento.
Desse modo, manter a congruência articular e a estabilidade funcional requer
coordenação da ativação muscular para restrição dinâmica enquanto diversos
movimentos complexos são executados.
Identificados na cintura escapular, dois tipos distintos de músculos são responsáveis principalmente pela
estabilização ou iniciação do movimento. A orientação e o tamanho dos músculos estabilizadores,
conhecidos como manguito rotador, não são adequados para criar o movimento articular, mas são mais
capazes de sustentar a cabeça do úmero na fossa glenoide. Já os músculos maiores (motores primários)
com locais de inserção mais distantes da articulação glenoumeral têm mais vantagem mecânica para
iniciar o movimento articular.
Atenção!
Manter a cinemática adequada da articulação requer o equilíbrio das forças externas e internas enquanto se
limita o movimento excessivo da cabeça do úmero na fossa glenoide, restaurando o acoplamento
apropriado do manguito rotador e dos músculos motores primários.
As lesões nas estruturas estáticas podem resultar no feedback sensorial diminuído e alterado das
articulações escapulotorácica e glenoumeral. Além disso, a falha do sistema de estabilização dinâmica
expõe as estruturas às cargas excessivas, comprometendo a integridade da articulação e predispondo o
paciente à nova lesão.
A cirurgia é o método mais eficaz para restaurar a função sensório-motora em longo prazo; no entanto, essa
via nem sempre é uma opção. Portanto, desenvolver ou restaurar o controle neuromuscular dos membros
superiores por meio de exercícios de reabilitação é um importante componente para o eventual retorno às
atividades esportivas.
Há um consenso geral de que alcançar o controle escapular no início do programa de reabilitação é
imperativo. Exercícios com foco na retração escapular, como uma posição inicial para todas as atividades
subsequentes, precisam ser incorporados para restaurar a função ideal do complexo do ombro e reduzir o
risco de lesão secundária. Para alcançar essa posição, podemos utilizar exercícios para aumentar a
ativação do trapézio inferior e serrátil anterior ao mesmo tempo que minimizamos a ativação do trapézio
superior. Veja a seguir, alguns exemplos:
O serrátil anterior pode ser ativado durante o exercício na posição de flexão de braço,
realizando apenas a protração e a retração da escápula. Ele pode ser iniciado com o apoio do
joelho e progredir para o apoio com os pés. Atividades para melhorar a propriocepção e a
consciência cinestésica nos membros superiores são similares às técnicas discutidas para
os membros inferiores. As atividades de cadeia cinética fechada introduzem cargas axiais e
coativação muscular. A aproximação da articulação resultante estimula mecanorreceptores
capsuloligamentares, semelhante ao efeito nos membros inferiores.
Exercício de ombro em cadeia cinética fechada.
Exercícios de pliometria com as mãos acima da cabeça demonstraram a capacidade de
melhorar a propriocepção (por exemplo, lançar e receber uma bola). As tarefas multiplanares
de reposicionamento das articulações são realizadas ativa e passivamente para maximizar a
amplitude de movimento disponível no ombro. As posições funcionais, tais como arremessos
acima da cabeça, devem ser incorporadas e são mais específicas em cada esporte.
Exercício de pliometria para membros superiores.
A estabilização muscular pode ser aumentada usando tubo de resistência elástica,
concentrando-se na fase excêntrica e realizando muitas repetições com baixa resistência.
Esses exercícios também são pensados para fortalecer e recondicionar os músculos do
manguito rotador em padrões funcionais. Para complementar os exercícios de tubos
elásticos, os fisioterapeutas podem associar movimentos na diagonal.
Exercício com tubo de resistência elástica.
Assim como os exercícios para os membros inferiores, os exercícios de estabilização
dinâmica para o ombro podem usar plataformas instáveis para criar deslocamentos lineares e
angulares da articulação, estimulando ao máximo a coativação. A intensidade é controlada
manipulando-se o grau de deslocamento e a carga na articulação. Os exercícios de prancha
também requerem uma estabilização dinâmica enquanto se usa concomitantemente o
controle neuromuscular feedforward e feedback.
Exercícios pliométricos com bola de pesos variados e as distâncias para o lançamento também são
excelentes para o condicionamento preparatório e reativo da coativação muscular, podendo ser avançados
por aumento do peso da bola, variando a distância e a introdução de movimentos multiplanares. Durante o
início da fase de reabilitação, cargas leves são usadas com exercícios de estabilização rítmica. Enquanto o
paciente progride, a resistência é adicionada para maximizar a ativação muscular. As posições onde a
articulação é mais instável têm de ser incorporadas, mas sob intensidade controlada.
O treinamento funcional para os membros superiores, na maioria das vezes, envolve o desenvolvimento de
padrões motores na posição dos braços acima da cabeça, seja arremessando uma bola de basquete ou
jogando-a e rebatendo, como no vôlei e no tênis, respectivamente. No entanto, as considerações especiais
são necessárias para outros esportes, como remo, artes marciais e natação, que dependem muito dos
membros superiores para executar os gestos esportivos.
Exemplo de gesto esportivo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Exercício de membros superiores com plataforma instável.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os exercícios pliométricos são amplamente utilizados na reabilitação de atletas. Eles podem ser
definidos como exercícios com duas fases: de desaceleração excêntrica e, posteriormente, de
contração concêntrica explosiva. Que exercícios podem ser classificados como pliométricos?
Parabéns! A alternativa A está correta.
Os exercícios pliométricos, como os saltos, podem ser utilizados para melhorar a resposta
neuromuscular, pois os movimentos tanto preparatórios (feedforward) quanto reativos (feedback)
auxiliam nas adaptações relacionadas à rigidez muscular. Os pliométricos podem ser realizados de
diversas maneiras e começar nas fases iniciais da reabilitação com a prescrição adequada. As demais
alternativas estão incorretas, pois o alongamento, o equilíbrio estático e os tipos de exercícios
mencionados não se aplicam aos exercícios pliométricos.
Questão 2
A Saltos.
B Alongamentos.
C Equilíbrio estático.
D Exercícios isométricos.
E Exercícios posturais.O ombro é uma articulação do membro superior que pode sofrer luxação durante a prática esportiva,
porém alguns fatores contribuem para aumentar a estabilidade glenoumeral. Qual grupo muscular tem
potencial para estabilização dinâmica do ombro?
Parabéns! A alternativa E está correta.
O grupo muscular manguito rotador é composto por quatro pequenos músculos que envolvem a parte
da articulação do ombro. Eles atuam para estabilizar o úmero na fossa glenoide e equilibrar os
movimentos do ombro. A ação desse grupo muscular é de grande relevância para reabilitação de
atletas com instabilidade glenoumeral. Os grupamentos musculares mencionados nas demais
alternativas não fazem a estabilização dinâmica do ombro.
Considerações �nais
Em nosso estudo, vimos a importância do sistema proprioceptivo para a captação da sensação de posição
e movimento corporal, observando ainda a função dos receptores articulares e musculares e como ocorre o
controle neuromuscular. A integridade desses sistemas é necessária para que o movimento ocorra como
A Motores primários.
B Peitorais.
C Complexo anterior.
D Complexo posterior.
E Manguito rotador.
planejado. Na área esportiva, essa execução com perfeição ganha ainda mais relevância, pois os detalhes
nos gestos esportivos podem fazer a diferença.
O fisioterapeuta deve saber como avaliar o controle postural na reabilitação de atletas de modo quantitativo,
podendo ser utilizados a plataforma de força ou os testes funcionais. Além disso, precisa conhecer os
recursos que podem ser utilizados e como eles podem facilitar ou dificultar os exercícios para então decidir
qual é o mais apropriado para o paciente.
Por fim, o fisioterapeuta necessita dominar a progressão dos exercícios proprioceptivos tanto de membros
inferiores quanto de superiores, pois só assim será possível utilizá-los de forma correta na reabilitação e
progredir para o auxílio ao atleta em seu retorno ao esporte.
Podcast
Agora o especialista Leonardo Shigaki exemplificará como ocorre a evolução dos exercícios proprioceptivos
na reabilitação de um atleta após a reconstrução do ligamento cruzado anterior.
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Para aprimorar seus conhecimentos no assunto estudado, leia o artigo Análise comparativa do equilíbrio
unipodal de atletas de ginástica rítmica, de Leonardo Shigaki e colaboradores, encontrado no site Scielo, e
veja um exemplo de como pode ser avaliado o controle postural de atletas com a plataforma de força e
testes funcionais.
Referências
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