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AULA 3 – Dimensionamento de Vigas à Flexão Pura Prof. Pabllo da Silva Araujo Eng. Civil, Me. Campina Grande-PB Outubro de 2022 CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL 1 2 VIGAS ▪ São aqueles em que o comprimento longitudinal supera em pelo menos três vezes a maior dimensão da seção transversal (ABNT NBR 6118:2014 – item 14.4.1). ▪ São elementos lineares em que a flexão é o esforço preponderante (ABNT NBR 6118:2014 – item 14.4.1.1). ▪ As vigas são consideradas elementos estruturais lineares, logo as cargas que atuam sobre elas são, também, cargas distribuídas linearmente (kN/m). ▪ As cargas que podem atuar em uma viga são seu peso próprio, as cargas das lajes e as cargas de alvenarias. Ainda podem atuar cargas concentradas devidas ao apoio de outras vigas. 3 Pré-dimensionamento das Vigas 4 5 *Quem define o tipo de vinculação é o projetista. • A altura das vigas deve ser preferencialmente modulada de 5 em 5 cm, ou de 10 em 10 cm. 6 Fonte: PINHEIRO (2007). 7 Cargas provenientes do Peso Próprio da Viga PPviga= carga do peso próprio da viga b= base da viga h= altura da viga γconc= 25 kN/m³ Cargas provenientes das Alvenarias nas Vigas Palv= carga da alvenaria na viga b= espessura da parede h= altura da parede γalv (cerâmicos furados)= 13 kN/m³ γalv (cerâmicos maciços)= 18 kN/m³ Obs.: Consultar a ABNT NBR 6120:2019 para obtenção dos pesos específicos dos materiais. 8 Reações das Lajes nas Vigas Armada em uma direção ▪ Considera-se que as cargas na laje caminhem para as vigas nas bordas perpendiculares à direção principal da laje. Nas outras duas vigas laterais, a favor da segurança pode-se considerar uma carga uniforme (Rviga em kN/m) referente à área do triângulo adjacente à viga. 9 ▪ Por meio de um método simplificado, no caso de lajes armadas em uma só direção, a distribuição de cargas acontece apenas sobre as vigas do vão maior. 10 Armada em duas direções (em cruz) 11 12 ▪ Lajes isoladas (Método de Marcus): Pelas Tabelas de Marcus é possível obter os coeficientes das expressões para o cálculo das reações das lajes por meio da teoria das grelhas. ▪ Reações de apoio por unidade de comprimento nos vãos, quando for apoio simples (kN/m): ▪ Reações de apoio por unidade de comprimento nos vãos, quando for um engaste (kN/m): 13 ▪ Na laje armada em cruz, os momentos fletores são significativos nas duas direções. ▪ Por meio de um método simplificado, as vigas do vão maior recebem um trapézio de carga e as vigas do vão menor, um triângulo, ou seja, a forma de ruptura mostra como a laje apoia-se em cada direção. A determinação da carga em cada direção resume-se a calcular a área de carga sobre cada viga (triângulo ou trapézio) e distribuí-la ao longo da viga. 14 (1º) A partir das cargas das lajes obtidas na etapa anterior, e sabendo das suas vinculações com as vigas adjacentes, determine as reações das lajas nas vigas da planta de formas ao lado. Reações de apoio das lajes (medidas em kN/m) 15 Bases do Dimensionamento ▪ Elementos estruturais lineares, submetidos à Flexão, a qual caracteriza-se pela atuação de momentos fletores, que produzem tensões normais na seção transversal e a sua rotação. ▪ O dimensionamento é feito no Estado Limite Último (colapso ou qualquer outra forma de ruína estrutural), impondo que na seção mais solicitada sejam alcançadas as deformações específicas limites dos materiais. 16 Hipóteses básicas do dimensionamento (ABNT NBR 6118:2014 – item 17.2.2) a) Hipótese das seções planas: admite-se que uma seção transversal ao eixo do elemento estrutural indeformado, que inicialmente era plana e normal a esse eixo, permaneça nessa condição após a deformação do elemento. b) Aderência perfeita: admite-se a existência de uma aderência perfeita entre o concreto e o aço, ou seja, nenhum escorregamento da armadura é considerado. c) Concreto em tração: despreza-se totalmente a resistência à tração do concreto. Com isso, todo o esforço de tração é resistido pelas armaduras. 17 Flexão Normal Simples e Pura ▪ Nas vigas geralmente o esforço normal é desprezível. Com essa hipótese, será possível dimensionar a armadura longitudinal de vigas e lajes, pelo menos nas seções mais solicitadas à flexão. ▪ Ensaio de Sttutgart: Analisa-se a peça em trechos de flexão pura (região central, entre as cargas simétricas) e flexão simples (região entre as cargas e os apoios). ▪ A viga é submetida a um momento fletor M crescente , que varia de zero até um valor que a leve ao colapso. ▪ Dimensionar a armadura longitudinal de vigas pelo menos nas seções mais solicitadas à flexão. 18 19 Estádios de Deformação ▪ A seção transversal central da viga de concreto armado, retangular neste caso, submetida ao momento fletor M crescente, passa por três níveis de deformação, denominados estádios, que determinam o comportamento da peça até a ruína. ▪ Estádio I (estado elástico) ▪ Estádio II (estado de fissuração) ▪ Estádio III 20 ▪ Estádio I (estado elástico): sob a ação de um momento fletor Mi de pequena intensidade, a tensão de tração no concreto não ultrapassa sua resistência característica à tração. ▪ Início do carregamento; ▪ Diagrama de tensão normal ao longo da seção é linear (Lei de Hooke); ▪ Não há fissuras visíveis. 21 ▪ Estádio II (estado de fissuração): aumentando o valor do momento fletor para Mii, as tensões de tração na maioria dos pontos abaixo da linha neutra (LN) terão valores superiores ao da resistência característica do concreto à tração. ▪ Seção fissurada visível na flexão do concreto; ▪ O aço passa a resistir aos esforços de tração; ▪ Verificação do ELS (cálculo das flechas). 22 ▪ Estádio III (dimensionamento): aumenta-se o momento fletor até um valor próximo ao da ruína, Mu, especificamente para concretos até C50. ▪ A fibra do concreto começa a plastificar, chegando a atingir a deformação específica (ε= 0,35%); ▪ Corresponde ao ELU; ▪ Diagrama de tensões tende a ficar uniforme (parábola-retângulo); ▪ σcd= 0,85 * fcd, y= 0,80 * x; ▪ Simplificação do dimensionamento sendo o estádio de cálculo. 23 Domínios de Deformação ▪ A ruína da seção transversal para qualquer tipo de flexão no ELU é caracterizada pelas deformações específicas de cálculo do concreto e do aço, que atingem os valores últimos das deformações específicas desses materiais. ▪ Os conjuntos de deformações específicas do concreto e do aço ao longo de uma seção transversal retangular com armadura simples (só tracionada) submetida a ações normais definem seis domínios de deformação. ▪ Os domínios representam as diversas possibilidades de ruína da seção. ▪ Para determinação da resistência de cálculo de uma dada seção transversal, é preciso saber em qual domínio está situado o diagrama de deformações específicas dos materiais. 24 Domínios de deformação do concreto: https://www.youtube.com/watch?v=BXLALcb2ZUk https://www.youtube.com/watch?v=BXLALcb2ZUk 25 ▪ Ruptura por deformação plástica excessiva (escoamento do aço): ✔ Reta “a”: Tração uniforme; grandes deformações; ruptura com aviso; a seção resistente é composta por aço, não havendo participação do concreto, que se encontra fissurado. ✔ Domínio 1: Tração não uniforme, sem compressão; grandes deformações; concreto não comprimido. ✔ Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto; aço tracionado e concreto comprimido; grandes deformações. 26 ▪ Ruptura convencional por encurtamento-limite do concreto: ✔ Domínio 3: flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e com escoamento do aço; esmagamento do concreto; situação ideal (capacidade resistente máxima); ruína acontece com aviso; mais econômico para dimensionamento. Observar restrição: item 14.6.4.3. ✔ Domínio 4: flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e aço tracionado sem escoamento; pequenas deformações, ruptura sem aviso; o aço não é utilizado comtoda a sua capacidade resistente. ✔ Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas; ruptura frágil, sem aviso. ✔ Domínio 5: compressão não uniforme, sem tração. ✔ Reta “b”: compressão uniforme. 27 ▪ Tipos de Ruína: ✔ Deformação excessiva da armadura: Domínios 1 e 2. ✔ Esmagamento do concreto com seções parcialmente comprimidas: Domínios 3, 4 e 4a. ✔ Esmagamento do concreto com seções totalmente comprimidas: Domínio 5. 28 ▪ Modos de ruptura e classificação das peças de concreto armado: ✔ Peças subarmadas: Esmagamento do concreto comprimido e escoamento do aço tracionado → εc < 3,5‰ e εs = 10‰. Domínio 3. ✔ Peças normalmente armadas: Aço no início do escoamento e o concreto esmagado → εc = 3,5‰ e εs ≥ 10‰. Fronteira dos domínios 3 e 4. ✔ Peças superarmadas: Esmagamento do concreto sem escoamento do aço → εc = 3,5‰ e εs < εyd. Domínio 4. 29 Dimensionamento de Vigas ▪ O cálculo da quantidade de armadura longitudinal, para seções transversais retangulares, conhecidas a resistência do concreto (fck), a largura da seção (bw), a altura útil (d) e o tipo de aço (fyd e εyd), é feito de maneira simples, a partir do equilíbrio de forças atuantes na seção (Fórmulas teóricas). 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 ARMADURA DUPLA ▪Como foi visto anteriormente, quando μ > μlim o dimensionamento é feito com armadura dupla, para evitar uma ruptura frágil. Nesse caso, além da armadura tracionada As, deve- se prever uma armadura comprimida A’s. ▪Em algumas seções, encontramos μ > μlim, o que implicaria em dimensionamento no domínio 4 (peça superarmada). ▪Uma alternativa seria aumentar a altura da viga para situar o cálculo no domínio correto. ▪Caso esta hipótese não seja possível, pode-se adotar a opção de reforçar a zona comprimida de concreto com a colocação de uma armadura de compressão. Diz-se desta situação que a peça será dimensionada com armadura dupla. 40 ▪ O momento fletor de cálculo é dividido em duas parcelas: ▪ Md1: momento máximo resistido pelo concreto à compressão e por parte da armadura tracionada, As1, segundo duas condições: ✔ Seção do vão com momento positivo (sem carga concentrada ou ligação com outros elementos estruturais): ✔ Seção de apoio com momento negativo (ou seções de momento positivo em vãos com carga concentrada ou ligação com outros elementos estruturais): 41 ▪ Md2: excesso do momento fletor que deve ser resistido pelo binário da armadura de compressão - armadura de tração adicional As2, dado por: 42 43 ▪ Logo: Armadura de tração Armadura de compressão 44 ▪ Para o valor da tensão do aço na armadura de compressão, tem-se: ▪ Se: ▪ Para: 45 Esforços nas Vigas ▪ Os esforços solicitantes nas vigas são calculados em regime elástico, empregando-se os bem conhecidos métodos de análise estrutural. ▪ No projeto estrutural são introduzidas algumas simplificações que permitem reduzir o trabalho de cálculo, além de levar a uma solução a favor da segurança. 46 ▪ O procedimento seguro é aquele tradicionalmente empregado, com a realização de dois cálculos: como viga contínua, sem ligação com os pilares; e engastando os apoios internos. ▪ A ABNT NBR 6118:2014 permite considerar as vigas dos edifícios como contínuas, sem ligações rígidas com os pilares de apoio, desde que sejam respeitadas algumas observações (Item 14.6.6.1): 47 48 (2º) Baseado na planta de formas e de cargas a seguir, determine os esforços para dimensionamento das vigas V1 e V4 (20cm x 40cm). Reações de apoio das lajes (medidas em kN/m) 49 Diagrama de Corpo Livre – V1 (20cm x 40cm) P1 P2 P3 50 DMF 1º Caso – V1 (20cm x 40cm) DMF 2º Caso – V1 (20cm x 40cm) 51 Diagrama de Corpo Livre – V4 (20cm x 40cm) P7 P4 P1 52 DMF 1º Caso – V4 (20cm x 40cm) DMF 2º Caso – V4 (20cm x 40cm) 53 54 55 (3º) Baseado na planta de formas e de cargas a seguir, calcule, dimensione e detalhe a seção transversal da viga V2 (20cm x 40cm) no ponto de momento máximo. Dados: fck= 25 MPa; aço CA-50; cobrimento de 3,0 cm. Obs.: a carga na viga (19,71 kN/m) será dada pela soma das reações das lajes L2 e L3 na viga V2, mais o peso próprio da viga V2. Planta de formas (medidas em cm) 56 Reações de apoio das lajes (medidas em kN/m) DMF P5 P6 P5 P6 Diagrama de Corpo Livre Dúvidas??? Prof. Pabllo da Silva Araujo – Eng. Civil, Me. 040300196@prof.uninassau.edu.br 57
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