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ASMA ASMA é uma doença caracterizada por um broncoespasmo provocado por uma reação de hipersensibilidade, que está atrelada a episódios reversíveis de obstrução ao fluxo expiratório. Os pacientes asmáticos tendem a possuir sintomas estereotipados de dispneia, sensação de aperto no peito, tosse e sibilos. Patologicamente os asmáticos possuem uma condição inflamatória crônica, com episódios de exacerbação. Se não tratada, os brônquios sofrem remodelamento, sofrendo fibrose, hipertrofia/hiperplasia, hipermucosidade, transformando-se em uma condição fixa de obstrução expiratória das vias aéreas inferiores. EPIDEMIOLOGIA - A asma afeta cerca de 20 milhões de brasileiros; - Possui um pico de prevalência aos 3 anos de idade; - É mais comum no sexo masculino na infância, mas com igual proporção de sexo nos adultos e idosos; - É comum se iniciar na infância, desaparecer na adolescência e reincidir na fase adulta. FENÓTIPOS ASMÁTICOS Os fenótipos asmáticos dizem mais sobre uma questão da fisiopatologia em si, não tendo repercussões de conduta tão importantes. Digamos que os asmáticos possuem algumas características em comum no que se refere à demografia, clinica e patologia de sua doença, e, desse modo, foram agregados em grupos. - Asma alérgica (extrínseca): maior parte dos casos. É mais comum na infância, em pessoas com atopia e história pregressa familiar. Patologicamente por eosinófilos. Possui boa resposta ao uso de cortidoides. - Asma não-alergica (intrínseca): ocorre mais em mulheres e adultos. Patologicamente associada a neutrófilos, eosinófilos ou Paucigranulocítica (pouco infiltrado celular). Possui uma resposta menor ao corticoide. - Asma fixa: ocorre em todos os pacientes não tratados. É o estágio de complicação da doença. - Asma associada a obesidade: o mecanismo é incerto, mas sabe-se que está associada ao ganho de peso. FATORES DE RISCO - Atopia: pessoas com maior predisposição a hipersensibilidade do tipo I tem maior risco de manifestar. Especialmente pessoas que apresentam a tríade da atopia: dermatite atópica, rinite alérgica e asma. - Genética: provável interação poligênica associada a expressão de TH2 aumentada, o TH2 produz IL4, IL13 e IL5 e está associado a produção de igE, peristaltismo, produção de eosinófilos e macrófagos. - Exposição a alergenos: seja exposição a ácaros, seja a exposição ocupacional a produtos químicos. - Obesidade: não se sabe ao certo o mecanismo (? Procurar artigo), mas acredita-se que fatores mecânicos e metabólicos estejam envolvidos. Fatores não confirmados: poluição (exposição), dieta (industrializados, sódio, gorduras saturadas), uso de paracetamol na infância, baixo peso ao nascer, parto prematuro, mãe jovem. Teoria da higiene: exposição menor a infecções na infância faria com que a resposta fosse preponderante a Th2, enquanto exposição maior justificaria uma resposta maior a Th1. Isso explicaria por que a asma é mais comum em urbanizações. FATORES DESENCADEANTES - Alergenos: exposição a ácaros, perfumes, pelos de animais, produtos de limpeza; - Infecções de VAS: infecções de vias aéreas superiores podem desencadear uma infecção das vias aéreas inferiores. Os pacientes asmáticos produzem menos interferons, e estão mais susceptíveis a infecções seja por rhinovirus, coronavirus, vírus sincicial respiratório; - Fármacos: AAS e beta- bloqueadores podem desencadear broncoespasmo. Os beta- bloqueadores possuem certa ação nos receptores b2 nos pulmões e isso leva a uma broncoconstrição. O AAS inibe a COX-1 e pode levar a um aumento da ação da lipoxigenase, favorecendo a formação de leucotrienos e gerando broncoconstrição. A asma associado ao uso de AAS se encaixa na Tríade de Samter (DREA) = ASMA + POLIPOS NASAIS + SENSITIVIDADE A ASPIRINA. - Hormônios: durante o período pré-menstrual a mulher possui uma queda na progesterona, e de alguma forma isso gera um período mais propenso a asma. A progesterona é protetiva. Hipotireoidismo e hipertireoidismo também pioram a asma. - Exercícios físicos: exercícios físicos, choro intenso, risada intensa podem levar a uma desidratação das vias aéreas inferiores, que ficam mais hiperosmótica e levam a uma degranulação de mastócitos. - Dieta; substâncias como o metildissulfeto encontrado em conservantes podem levar a produção de dióxido de enxofre no estomago, e essa substância quando inalada gera a reação. POR QUE A ASMA ESTÁ ASSOCIADA AO PERIODO PRÉ- MENSTRUAL? Estudos sugerem que a progesterona e o estradiol são responsáveis por uma potencialização do relaxamento da musculatura lisa brônquica, provavelmente associado a uma diminuição das junções gap entre os músculos lisos. Entretanto, não se sabe ao certo por que há esse aumento. PATOLOGIA Na patologia, são apresentados infiltrações de mastócitos, linfócitos th2 e eosinófilos. Além da deposição de colágeno na membrana basal epitelial; áreas desnudas de epitélio com exposição de fibras nervosas; hipertrofia e hiperplasia das células caliciformes e glândulas submucosas; neoangiogenese e vasodilatação na parede brônquica, levando a aumento da permeabilidade capilar. As células apresentadoras de antígeno (células dendríticas) identificam o antígeno, fagocitam o antígeno e expressam complexo MHC II, que então ativa linfócitos Th2. Esses linfócitos expressam IL4 e IL5. O IL4 se comunica com os linfócitos B pra produção de IgE, que se liga aos mastócitos tornando-os susceptíveis a degranulação de histamina e leucotrienos. O IL5 se liga a eosinófilos que começam a produzir leucotrienos. Os leucotrienos e hitamina produzem broncoconstrição, vasodilatação com aumento da permeabilidade gerando edema e aumento da secreção de muco. Com o tempo, essa inflamação começa a se tornar permanente, produzindo fibrose, remodelamento e obstrução fixa do fluxo aéreo. FISIOPATOLOGIA Na asma o bloqueio dos brônquios por broncoespasmo, muco e edema levam a uma diminuição da EXPIRAÇÃO. Espirometricamente, ocorre uma diminuição do volume expiratório forçado no primeiro segundo, levando a uma queda da relação VEF1/CVF (normal: > 0,75- 0,8 em adultos e >0,9 em crianças) chamado de índice de Tiffeneau. A dificuldade de expiração leva a uma hiperinsuflação pulmonar por aprisionamento aéreo, consequentemente ocorre um aumento da Pco2 que por mecanismos reflexos levam a uma taquipneia, e essa taquipneia leva a uma alcalose respiratória, com diminuição exacerbada da Pco2. Ou seja, num primeiro momento, tem- se HIPOCAPNIA. Posteriormente, com a fadiga muscular respiratória, normo ou hipercapnia começam a se manifestar. Em situações graves, a capacidade vital diminui, a Po2 cai, em virtude da diminuição da relação V/Q (efeito shunt), e o paciente começa uma HIPOXEMIA que leva a morte por asfixia. DIAGNÓSTICO PACIENTES >= 6 ANOS Sintomas compatíveis + identificação objetiva de obstrução expiratória reversível e variável Sintomas compatíveis: dispneia, sobretudo noturna ou no inicio da manhã; sintomas associados exposição a substancias desencadeantes; tosse; sensação de aperto no peito; mais de um sintoma respiratório, sibilos difusos; variação na frequência e intensidade dos sintomas. Espirometria VEF1/CVF < 0,75-0,8 em adultos VEF1/CVF < 0,9 em crianças + Prova broncodilatadora - Pela manhã, administra-se um agonista b2 adrenérgico de curta duração, e mede-se o VEF1 10-15 minutos depois; - Suspende-se os b2 agonistas se o paciente já utilizá-los 4h a 12h antes dependendo se for de curta ou longa duração; Teste positivo: - Aumento do VEF1 > 12% ou > 200ml em adultos - Aumento de VEF1 > 12% em crianças. Ou Pico expiratório forçado (“peak flow”) - Pela manhã e pela noite, duas aferições, diariamente por 1-2 semanas; - É um aparelho portátil e opaciente expira (fluxometro portátil); - Realiza-se um cálculo baseado nas instruções do aparelho. Teste positivo: - Aumento do VEF1 > 10% em adultos - Aumento do VEFI > 13% em crianças. TESTES COMPLEMENTARES PRICK TEST Os testes de alergenos cutâneos, ou testes de IgEs não são obrigatórios, afinal detectam alergias, e nem todos pacientes com atopia tem asma. Mas podem ser realizados em alguns casos, caso queira detectar alguns alergenos cujo paciente tem mais sensibilidade. Exames de Imagem Não são obrigatórios. São mais recomendados em complicações e para diagnóstico diferencial. Casos de pneumotórax – traçado a lápis, pneumonia - consolidações, aspergilose broncopulmonar alérgica (hipersensibilidade ao fungo aspergillus fumigatus) – sinal do crescente aereo. Na radiografia da asma veríamos hiperinsuflação, com retificação dos arcos costais, mais de 8 arcos costais visíveis, aumento dos espaços intercostais, sinal do coração em gota. Fração de oxido nítrico exalado (FENO) Não é padrão ouro pro diagnóstico, pois não é tão específico. Rinite alérgica grave e bronquite eosinofílica podem dar positivo nesse teste. O teste se baseia na infiltração eosinofílico e nem toda asma possui padrão eosinofílico. Ecocardiograma e ECG Em alguns casos pode ser pedido, haja vista que casos de insuficiência ventricular esquerda cuja congestão leva a edema pulmonar e por fim a uma asma cardíaca. AVALIAÇÃO DA ASMA Sempre que o paciente for diagnosticado devemos pensar em duas avaliações, que devem ser revistam e ajustadas sempre: - Quão controlada está essa asma? - Qual o risco de evento adverso no futuro? 1) Quão controlada está essa asma? GINA – global initiative for asma Nas ultimas 4 semanas houve: 1) Sintomas diurnos mais de 2x por semana? 2) Usou medicamento de resgate mais de 2x por semana? 3) Acordou com asma durante a noite? 4) Alguma limitação de atividade por causa da asma? Controlada: 0 respostas Parcialmente: 1-2 respostas Não controlada: 3-4 respostas 2) Fatores de risco futuro - Paciente com asma não- controlada; - Uso de mais de um frasco de SABA por mês; - Uso incorreto do corticoide inalatório; - Paciente com comorbidades; - VEF1 < 60%; - Gravidez; - Eosinofilia persistente; - Entubação e CTI por asma; - Problemas psicossociais e socioeconômicos; - Exposição persistente a alergenos. GRAVIDADE DA ASMA É feita de maneira retrógrada. A asma só pode ser classificada em gravidade conforme o mínimo tratamento necessário para controla-la. LEVE: controle nos passos I ou II de tratamento. MODERADA: controle no passo III ou IV. GRAVE: asma que não controla mesmo com altas doses de CI- LABA ou controla apenas com altas doses de CI-LABA, passo V. Sempre verifique os seguintes aspectos, pois isso interfere na avaliação de gravidade: - Uso correto do inalador: 80-90% dos maus controles é por esse motivo; - Adesão ao tratamento; - Explicações alternativas: doenças associadas; - Exposição à alergenos e fármacos. TRATAMENTO DA ASMA -TERAPIA DE CONTROLE (CI) -TERAPIA DE RESGATE (SABA) -TERAPIA ADICIONAL (omalizumabe) O tratamento da asma possui elevado índice terapêutico, ou seja, baixo risco de efeito adverso, em relação à razão risco e benefício, pois as medicações são majoritariamente inalantes e atuam localmente. O objetivo do tratamento é suprimir os sintomas e evitar riscos futuros. Obedece uma ESCADA TERAPEUTICA e os passos dessa escada podem subir e descer conforme avaliação de controle e risco, a cada 2-3 meses de avaliação. TRATAMENTO PREFERENCIAL Pacientes > 11 anos PASSO 1 CI dose baixa + formoterol – (alívio) PASSO II CI dose baixa + formoterol – (alívio) PASSO III CI dose baixa + formoterol – (manutenção) CI dose baixa + formoterol – (alívio) PASSO 1V CI dose média + formoterol – (manutenção) CI dose baixa + formoterol – (alívio) PASSO V Encaminhamento ao pneumologista - Considerar associar Anti- leucotrieno - Considerar associar Anticolinérgico - Considerar Azitromicina 3x por semana - Considerar anti-IgE - Considerar alta dose de CI - Considerar corticoide oral TRATAMENTO ALTERNATIVO Pacientes > 11 anos PASSO 1 CI dose baixa + SABA – (alívio) PASSO II CI dose baixa – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO III CI dose baixa + LABA – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO 1V CI dose média + LABA – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO V Encaminhamento ao pneumologista - Considerar associar Anti- leucotrieno - Considerar associar Anticolinérgico - Considerar Azitromicina 3x por semana - Considerar anti-IgE - Considerar alta dose de CI - Considerar corticoide oral TRATAMENTO PREFERENCIAL Pacientes 6-11 anos PASSO 1 CI dose baixa + SABA – (alívio) PASSO II CI dose baixa – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO III CI dose baixa + LABA – (manutenção) ou CI dose média - (manutenção) ou CI dose muito baixa + formoterol (manutenção e alivio) SABA – (alívio) PASSO 1V CI dose média + LABA – (manutenção) ou CI dose baixa + formoterol (manutenção e alivio) SABA – (alívio) PASSO V Encaminhamento ao pneumologista - Considerar associar Anti- leucotrieno - Considerar associar Anticolinérgico - Considerar Azitromicina 3x por semana - Considerar anti-IgE - Considerar alta dose de CI - Considerar corticoide oral TRATAMENTO ALTERNATIVO Pacientes 6-11 anos PASSO 1 CI dose baixa – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO II LTRA – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO III CI dose baixa + LTRA – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO 1V Acrescentar Tiotropio ou LTRA – (manutenção) SABA – (alívio) PASSO V Encaminhamento ao pneumologista - Considerar associar Anti- leucotrieno - Considerar associar Anticolinérgico - Considerar Azitromicina 3x por semana - Considerar anti-IgE - Considerar alta dose de CI - Considerar corticoide oral Em todo paciente com asma, deve ser explicado sobre sua doença, e escrito um plano de manejo em casos de crise, explicando o uso da bombinha. Por qual passo da escada terapêutica começar: Sintomas diários, acordando a noite e função pulmonar baixa (PASSO 4) Sintomas a maioria dos dias (4-5 dias) ou acordando a noite (PASSO 3) Sintomas duas vezes por mês+ (PASSO 2) Sintomas menos de 2x ao mês (PASSO 1) De modo geral então, a maior parte dos casos você começa com CI + LABA em dose baixa conforme necessidade. Se for entre 6-11 anos faz CI dose baixa continuo. Se começar de modo mais grave ou for não controlado, faz SABA + CI em dose baixa. Por quanto tempo: - Avalia-se o paciente de 2-3 meses, para verificar controle e risco futuro, para possível step up dos passos ou step down. - Mantem-se a medicação após controle por pelo menos 3 meses, e aí começa o step down em caso de controle, reduzindo os passos até um passo efetivo com menos medicação. Vacinação: Pacientes com asma devem ser vacinados com a tri ou tetravalente da influenza e com a 10, 23 e 13 da anti-pneumocócica. CONDUTAS ESPECÍFICAS Obesidade Pacientes obesos possuem fatores mecânicos de compressão e restrição do volume pulmonar, além de estarem em um estado inflamatório constante com a produção de adipocinas. Possuem mais doenças associadas que podem levar a um fator de risco para asma. A perda de peso melhora o prognóstico da asma, e diminui o uso de corticoide. DRGE Pacientes que tratam asma com agonistas-b2, possuem maior ação dos receptores b2 no esfíncter da cardia, e tem maior predisposição a doença do refluxo gastroesofágico. Pacientes que sofrem com os sintomas devem ser prevenidos com o uso de inibidores de bomba de prótons (omeprazol). Rinossinusite e polipose nasal Pacientes com rinossinusite possuem maior risco de inflamação das vias aéreas inferiores associada. Nos quadros de rinossinusitehá congestionamento nasal, pressão facial, lacrimejamento, espirros e pode aparecer pólipos na região nasal. Pacientes com rinossinusite e asma devem fazer controle com corticoides inalatórios para a asma e nasais para a rinossinusite. Asma induzida pelo exercício Pacientes com asma induzida pelo exercício devem fazer uso profilático com SABA, e SABA em casos de resgate. Em caso de pacientes com fatores de risco de exacerbação, usa-se o tratamento de controle, com no mínimo corticoide regular + SABA de resgate. Gravidez Na gravidez a terapia de controle é essencial, pois apresenta baixos efeitos colaterais, e um descontrole está associado a partos prematuros, baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal. As gravidas devem ser avaliadas mensalmente e não recomenda-se o step down. O tratamento de uma exacerbação envolve SABA + oxigenoterapia + corticoide sistêmico imediato. SABA 48h antes do parto pode iniciar hipoglicemia neonatal, logo deve ser monitorado. Doença respiratória exacerbada por AAS Também chamada de asma exacerbada por AAS. Esta associada ao bloqueio da COX-1, com formação de leucotrienos. O tratamento deve ser o tratamento de controle, com troca de COX-1 por COXIBs seletivos pra COX-2. Aspergilose broncopulmonar alergica Ocorre quando a asma está associada a infecção pelo fungo aspergillus fumigatus. Os exames de imagem mostram bronquiectasias e infiltrados pulmonares. Os níveis de IgE são elevados totais, e específicos. O tratamento envolve corticoterapia de longa duração e itraconazol. Tratamento das exacerbações Os pacientes com risco de ASMA fatal devem ser tratados em ambiente hospitalar ao menor risco de exacerbação. De resto, o tratamento pode ser feito com o plano escrito de automanejo, ou em acompanhamento ambulatorial. São risco de asma fatal: - Uso de mais de um frasco de SABA por mês; - Histórico de crise quase fatal, entubação, ventilação mecânica; - Histórico de anafilaxia alimentar; - Má adesão terapêutica; - Não utilização de corticoide inalatório; PLANO ESCRITO DE AUTOMANEJO O plano de automanejo deve ser feito, informando o paciente a respeito da ASMA, como identificar os sintomas, como conduzir as exacerbações, como usar o inalador, qual inalador comprar. Deve-se fazer a seguinte orientação quanto a exacerbação: - Aumento da asma com clinica importante ou queda da PFE > 20% por mais de 2 dias: Dobra a dose do resgate CI + formoterol O paciente pode dobrar ou quadruplicar a dose do tratamento por 7 a 14 dias de controle em caso de uso de SABA por 1-2 dias ou quando PFE cair mais de 20% em relação ao basal por mais de 2 dias. Mantem-se a terapia de resgate. Em caso de persistência da piora por mais 2 dias mesmo com a modificação, ou com deterioração rápida, ou um PFE ou VEF1 < 60% deve-se iniciar corticoide oral, prednisona 40- 50mg/dia 5-7 dias em adultos, e 1- 2mg/kg/dia máximo 40mg/dia por 3-5 dias em crianças e contactar o médico. Ir para o hospital imediatamente em caso de: deterioração progressiva a despeito das medidas ou desconforto respiratório súbito e intenso. Toda exacerbação deve procurar o medico em 1-2 semanas. TRATAMENTO ATENÇÃO PRIMÁRIA Alguns critérios indicam transferência direto pra hospital: - Agitação, confusão, sonolência; - “tórax silencioso” - Fala em palavras, senta inclinado, agitado - Uso de musculatura acessória; - FR > 30 - FC > 120 - SpO2 < 90% - PFE <= 50% Caso contrario, se não existir agravantes faz-se: - Oxigênio (> 92%) - Corticoide sistêmico (prednisolona) - SABA (4 puffs – 1 a cada 20 min por 1h). Em caso de piora, pede-se transferência a hospital, e acrescenta-se brometo de ipratrópio. Se os sintomas melhorarem, o paciente tá saturando bem, teve um pico de fluxo expiratório melhor, inicie o tratamento de manutenção ou step up o atual, continue a prednisolona por 5-7 dias pro adulto e 3-5 dias pra criança, com retorno em 2-7 dias pro adulto e 1-2 dias pra criança. TRATAMENTO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Conduta: ABC (v. aéreas, respiração, circulação) - Paciente sonolento? - Paciente confuso? - Torax silencioso? Se algum desses estiver presente: UTI + SABA + O2 e avaliar IOT Caso contrário, avalia-se a gravidade: - Agitação, confusão, sonolência; - “tórax silencioso” - Fala em palavras, senta inclinado, agitado - Uso de musculatura acessória; - FR > 30 - FC > 120 - SpO2 < 90% - PFE <= 50% Se estiverem presentes em maioria, faz-se: - SABA - Brometo de ipratropio - Oxigenação - Corticoide oral ou IV - Considerar magnésio IV - Considerar alta dose de corticoide inalatório Se não estiverem muito presentes esses sintomas, faz- se: - SABA - Oxigenação - Corticoide oral Se continuar deteriorando: tratar como severo, e encaminhar pra UTI. Melhora = alta, com retorno em 2-7 dias. MANEJO DA CRIANÇA MENOR QUE 6 ANOS As crianças menores de 6 anos não colaboram com testes objetivos de reconhecimento de obstrução variável e reversível de vias aéreas inferiores, indispensável pro diagnóstico nos adultos. Desse modo, o diagnóstico é empírico nas crianças. Além disso, as crianças sibilam muito, inclusive com doenças de vias aéreas superiores, dificultando o diagnóstico. Alguns critérios podem ser usados pra facilitar esse diagnóstico: - Dispneia, tosse e sibilo - Infecção de VAS e sintomas a mais de 10 dias - Sintomas aparecem mesmo sem infecção de VAS, aparecendo durante o choro, riso, exposição a alergenos - Asma em parente de primeiro grau - Historia pessoal e familiar de atopia - Já aconteceu antes e é pior de noite - Responde bem a medicação Avaliação A avaliação é difícil, pois a criança não sabe explicar direito e os pais muitas vezes não reconhecem. Basicamente segue aquele padrão dos adultos: 1) grau de controle e II) risco futuro. A criança asmática tende a ser mais retraída evitando atividades que desencadeie dispneia, e tende a ter mais irritabilidade antes das crises. GINA – global initiative for asma Nas ultimas 4 semanas houve: - Sintomas diurnos mais de 1x por semana? - Usou medicamento de resgate mais de 1x por semana? - Acordou com asma ou tosse (mesmo sem despertar) durante a noite? - Alguma limitação de atividade por causa da asma? Controlada: 0 respostas Parcialmente: 1-2 respostas Não controlada: 3-4 respostas - Fatores de risco futuro - Asma não controlada - Uso incorreto do inalador - Exposição a alergenos - Condição socieconomica ou psicossocial familiar deteriorada - Inicio de estação mais comum - Má adesão a terapia de controle Terapia de controle Aqui o objetivo de tratamento também é suprimir sintomas e evitar riscos futuros. Porem o acompanhamento da criança deve ser mais frequente, de 3-6 meses. O uso de LABA não é recomendado, e a terapêutica obedece também a ESCADA TERAPEUTICA. Passo 1: Apenas resgate: SABA Passo 2: CI em dose baixa continuo Alternativa - ARL continuo - CI intermitente Passo 3: CI inalatório dose dobrada Alternativa ARL + CI Passo 4: CI inalatório dose dobrada e encaminhamento especialista Alternativa Adicionar ARL Aumentar a frequência do CI Acrescentar CI intermitente Para memorizar, o passo I é aquele criança que sibila de vez em quando, não tem muitos sintomas. O passo II é aquela criança com sintomas sugestivos, que sibila com mais frequência, que tem exacerbação. O passo III já tem diagnóstico e já faz uso de corticoide em baixa dose. O passo IV tem diagnóstico e faz uso dobrado de corticoide. Escolha do dispositivo inalador O mais recomendado é o pMDI com espaçador que é o inalador dosimetrado pressurizado, pois a criança precisa que a medicação seja administrada sob volume corrente de ventilação. O espaçador é importante pra que a criança consiga inspirar a medicação como volume corrente e que partículas pesadas sejam depositadas no espaçador, impedindo o deposito na cavidade respiratória e possíveis efeitos colaterais. A criança deve pressionar e inspirar de 5 a 10 incursões. Em bebês usa-se a mascara facial, pois não há colaboração da criança. Contudo, deve-se tomar cuidado com rash cutâneo do corticoide, recomendando sempre a lavagem do rosto do bebê. Tratamento das exacerbações A exacerbação na criança é diferente, se a criança apresenta- se com tosse na maior parte do dia, sibilo na maior parte do dia, necessidade de SABA a noite, isso sugere exacerbação. Se a criança apresentar angustia aguda, sintomas que não melhoram com o SABA, diminuição do período de alivio do resgate, ou SABAs repetidos em crianças menores que 1 ano, deve-se procurar o serviço medico imediatamente. Plano escrito de automanjeto - SABA inalatório, 2 puffs de salbutamol podendo ser realizado a cada 20 minutos. - Ausência de resposta após 6 puffs em 2h = hospital Tratamento atenção primária e no serviço de emergência FARMACOLOGIA Broncodilatadores BETA-2 AGONISTAS SABA – CURTA DURAÇÃO (3-6H) Salbutamol (aerolin) Fenoterol (berotec) Terbutalina (adrenyl) LABA – LONGA DURAÇÃO (12-24H) Formoterol Salmeterol Vilanterol REAÇÕES ADVERSAS: tremor e palpitação, epigastralgia por refluxo ANTAGONISTA MUSCARINICO Atua também na redução da secreção de muco nos brônquios. SAMA – CURTA DURAÇÃO (3-6H) Brometo de ipratrópio (atrovent) LAMA – LONGA DURAÇÃO (12- 24H) Tiotrópio (spiriva) REAÇÕES ADVERSAS: xerostomia, glaucoma, obstipação, retenção urinária. TIOFILINA DE LIBERAÇÃO LENTA Atua inibindo a fosfodiesterase aumentando o AMPc e promovendo broncodilatação. Possui certo efeito anti- inflamatório também. REAÇÕES ADVERSAS: vomito, náuseas, cefaleia, e em casos graves convulsões. Controle da inflamação CORTICOIDES INALATÓRIOS Budesonida, beclometasona Sempre que administrar, enxaguar a boca pra evitar candidíase oral. Além disso, pode causar rouquidão. ANTAGONISTA DO RECEPTOR DE LEUCOTRIENO Zafirlucaste e montelucaste ANTI-IGE Omalizumabe Inibem a o IgE, e são administrados por via subcutânea a cada 2-4 semanas, porém são muito caros. ANTI IL5 Mepolizumabe, reslizumabe, benralizumabe Atuam no IL5 ou receptor e são muito caros, sua via é parenteral. O mepolizumabe pode ser usado em idade > 6 anos. O restante só > 18 anos. 1) É verdadeiro no diagnóstico da asma que: A) Uma espirometria normal descarta o diagnóstico de asma. B) A variabilidade de mais de 20% na medida do pico de fluxo seriado não é diagnóstica, uma vez que várias doenças têm este comportamento. C) Pacientes com tosse crônica, espirometria normal e teste broncoprovocativo positivo devem ser considerados como tendo asma. D) A reversibilidade completa após o uso de broncodilatador e normalização da espirometria não é específica, pois também acontece na DPOC. Resposta: C Se a espirometria vier normal, o resultado positivo em outros testes que confirmem objetivamente obstrução variável e reversível confirma o diagnóstico. Pode ser: - Teste broncoprovocativo: usando metacolina com uma queda de VEF1 >= 20% ou com hiperventilação em solução salina ou manitol com queda de VEF1 >= 15%. - Teste de exercício: queda da VEF1 > 10% 2) (UNICAMP 2015) Paciente de 25 anos, com diagnóstico de asma desde a infância. Após período de remissão da doença entre os 12 e 18 anos, voltou a ter crises de asma, com tosse, chiado e dispnéia frequentes. Iniciou tratamento com corticóide inalado (beclometasona 400 mcg 2x/dia). Na última consulta, refere que há 3 meses tem apresentado crises de dispnéia, sibilos e tosse 3 ou 4 vezes por semana, e precisa fazer inalações com salbutamol para obter melhora dos sintomas. Ao exame físico apresenta-se em bom estado geral, eupnêico, SpO2 95% em ar ambiente, ausculta pulmonar sem anormalidades. Em relação ao controle da doença e conduta terapêutica, assinale a alternativa correta: A) Paciente com asma brônquica parcialmente controlada. Conduta: checar adesão ao tratamento e técnica de aplicação das medicações. Manter a beclometasona na mesma dose, iniciar anti-IgE (omalizumabe) e usar como medicação de resgate salbutamol spray ao invés das inalações. B) Paciente em exacerbação da asma brônquica. Conduta: corticoesteróide sistêmico (por exemplo prednisona por via oral). Iniciar beta-2 agonista de longa duração e fazer um curso breve (5-7 dias) de antibióticos. C) Paciente com asma brônquica parcialmente controlada. Conduta: checar adesão ao tratamento, técnica de aplicação das medicações, fatores desencadeantes e condições associadas (rinite, refluxo gastro- esofágico). Aumentar o corticoesteróide inalado,associar beta-2 agonista de longa duração e manter salbutamol como medicação de resgate . D) Paciente com asma brônquica controlada. Conduta: checar adesão ao tratamento, técnica de aplicação e nível de profilaxia ambiental. Manter as medicações como estão. Resposta C Essa questão é de 2015, hoje em dia esse paciente deveria estar provavelmente em etapa 3 antes de chegar ao hospital, devido ao inicio de dose de manutenção no tratamento de controle, mas estaria usando CI em dose baixa + fenoterol. Como ele está com sintomas a maior parte dos dias, mas não acorda com os sintomas, ele não se encaixa em etapa 4, e pelo GINA ele responde a 2 questões nos últimos 3 meses (uso de resgata > 2x na semana, sintomas diurnos > 2x na semana) classificando como parcialmente controlada.
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