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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Sangramento da 2° Metade da Gestação Descolamento Prematuro de Placenta - DPP É a separação parcial ou total da placenta, normalmente inserida, antes do nascimento do feto. O diagnóstico é reservado para gestações > 20 semanas ou mais. O DPP origina-se sangramento dos vasos maternos da decídua basal, que ocasiona a separação entre a decídua e a inserção placentária. Na maioria das vezes o sangue é de origem materna. Sangramento ARTERIAL + área central da placenta: a separação placentária costuma ser quase completa (a hemorragia é de alta pressão e disseca extensivamente a interface entre a decídua e a placenta). Geralmente acomete-se a artéria espiralada uterina com formação de um hematoma retroplacentário. Pode haver, inclusive o desencadeamento de coagulação intravascular disseminada. Sangramento VENOSO: a hemorragia é de baixa pressão e dá-se na periferia da placenta, ocasionando sangramento intermitente leve com descolamento marginal pequeno e autolimitado, chamado também de DPP crônico. Nesse tipo pode haver oligoâmnio e restrição do crescimento fetal. Principais diferenças entre a DPP de origem Arterial x Venosa ARTERIAL VENOSA Alta pressão Baixa pressão DPP agudo DPP crônico Grande extensão Pequena extensão Centro da placenta Periferia da placenta Sangramento grave Sangramento intermitente leve Descolamento extenso Oligoâmnio CIVD RCF Quem é responsável pelas repercussões clínicas da DPP?!? A TROMBINA!!! O sangramento leva a hipoxia tecidual que aumentam a produção de fator tecidual. . . aumentando exageradamente a produção de trombina! Por fim, as manifestações clínicas são: Hipertonia uterina e contrações: a trombina é um agente uterotônico direto e potente, que também reduz a expressão dos receptores de progesterona, contribuindo ainda mais para a contração uterina; Trabalho de parto e rotura das membranas: trombina leva à necrose tecidual e degradação da matriz 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! extracelular, desencadeando o trabalho de parto e a rotura das membranas; Coagulação intravascular disseminada: a grande quantidade de trombina na circulação materna sobrecarrega os mecanismos de controle hemostáticos. A maioria das DPPs estão ligados a algum processo de má formação. Anormalidades no desenvolvimento das artérias espiraladas do útero por exemplo, podem levar à necrose decidual, inflamação e infarto placentário, ocasionando rotura e sangramento dos vasos da decídua. Uma pequena parte dos DPPs são causados por traumas e descompressão uterina rápida. OBS. se uma gestante sofre trauma abdominal, ela deve ser monitorizada por pelo menos 4 horas para afastar diagnóstico de DPP. Os principais fatores de risco para DPP são: DPP prévia, eclâmpsia/pré-eclâmpsia, uso de drogas, trauma abdominal, polidrâmnio, hipertensão arterial crônica, rotura prematura de membranas, corioamnionite, restrição de crescimento fetal, tabagismo, anomalias uterinas, Multiparidade e idade maternal avançada, gestação múltipla, cesárea anterior e trombofilias hereditárias. Mas qual é o PIOR FAOTR DE RISCO PARA DPP? História obstétrica prévia de DPP! Já as SHEG são as patologias que mais se associam com DPP. O diagnóstico de DPP é eminentemente clínico! Os sinais e sintomas são: Início abrupto do sangramento vaginal, com intensidade leve ou grave; Dor abdominal súbita; Dor à palpação do útero (hipersensibilidade uterina); Contrações uterinas, taquissistolia; Hipertonia uterina (útero lenhoso); Hipotensão, taquicardia; Alteração da frequ~encia cardíaca fetal; Trabalho de parto prematuro; Bolsa corioamniótica tensa ao toque. OBS.: a maior parte do sangramento fica RETIDO, o que nos dá a falsa sensação de sangramento leve, quando na verdade é INTENSO! Nunca subestimar a quantidade de sangramento vaginal! Nestes casos o sangramento fica retido! Nestes casos o sangramento é exteriorizado! A dor abdominal intensa, hipotensão e alteração dos BCF indicam gravidade (sugere descolamento intenso)! Tríade clássica: sangramento súbito + dor abdominal + hipertonia uterina. A cardiotocografia e US podem auxiliar o diagnóstico, mas não devem atrasar intervenção caso não estejam disponíveis com celeridade. ALTERAÇÕES FETAIS NA CARDIOTOCOGRAFIA: bradicardia, a taquicardia fetal persistente, o padrão sinusoidal e as desacelerações tardias. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! A ultrassonografia é pedida principalmente se houver dúvidas sobre diagnóstico diferencial além da clínica imprecisa. Hematoma retrocoriônico decorrente de DPP. OBS.: a ausência de achados anatomopatológicos placentários que indiquem DPP não excluem o diagnóstico de descolamento. Em casos de DPP crônico ou parcial o quadro é mais sutil e incluem outras observações. O sangramento vaginal é de pequena quantidade, sem contrações ou hipertonia uterina. Esses casos não evoluem com coagulopatia nem alteração aguda da vitalidade fetal. O que se observa são maiores taxas de prematuridade, oligoâmnio e restrição de crescimento fetal em decorrência da diminuição crônica do fluxo placentário. O DPP agudo pode ser classificado conforme severidade. A classificação Sher and Statland é a mais utilizada e divide o DPP em 3 graus: Obs.: + recentemente foi acrescentado grau zero referente ao DPP assintomático. Os principais diagnósticos diferenciais são: trabalho de parto, placenta prévia, rotura uterina, rotura de vasa prévia, rotura de seio marginal e hematoma subcoriônico. Na maioria das vezes, é possível diferenciar o DPP desses outros diagnósticos apenas pela história clínica da gestante. Na rotura de seio marginal, ocorre sangramento indolor associado ao tônus uterino normal, sem comprometimento da vitalidade fetal e, em geral, diagnosticado apenas após o parto. O hematoma subcoriônico advém quando há separação entre a membrana fetal e a parede uterina. Esses hematomas geralmente são assintomáticos ou levam a um sangramento vaginal leve sem dor abdominal e ocorrem, geralmente, antes de 20 semanas de gestação. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! A: Hematoma subcoriônico. B: Hematoma retrocoriônico periférico. C: Hematoma retrocoriônico central. As complicações maternas estão relacionadas à perda sanguínea excessiva com necessidade de transfusão sanguínea, que pode levar a choque hipovolêmico, insuficiência renal por necrose cortical aguda, falência de múltiplos órgãos, histerectomia puerperal, coagulação intravascular disseminada e morte. O sangue pode infiltrar o miométrio deixando-o com aspecto arroxeado útero de Couvelaire. Nesses casos, o útero não consegue contrair, levando à atonia uterina e hemorragia pós-parto Além disso, ocorrem complicações maternas a longo prazo, como a síndrome de Sheehan, caracterizada por hipopituitarismo em decorrência da necrose hipofisária causada pelo choque hipovolêmico. Toda gestante com suspeita de DPP precisa ser internada e monitorizada hemodinamicamente. Deve-se garantir acesso venoso calibroso, realizar a administração de cristaloides, colher exames (hemograma, coagulograma, creatinina e tipagem sanguínea) e solicitar reserva de sangue. É importante quantificar o débito urinário, por isso a sondagemvesical de demora muitas vezes faz-se necessária. Instabilidade hemodinâmica?!? UTI! Conduta Obstétrica no DPP Agudo Feto vivo e viável Realiza-se a resolução da gestação por cesárea de emergência – a não ser que o parto vaginal seja iminente. Em casos muito selecionados, se a gestante estiver em uma fase avançada do trabalho de parto e apresentar estabilidade hemodinâmica e feto com boa vitalidade fetal (cardiotocografia e perfil biofísico fetal normais), pode-se aguardar o parto vaginal, com monitorização fetal contínua. Feto inviável ou morto Quando a gestante apresenta-se estável e há óbito fetal ou o feto é inviável, o parto vaginal é a via desejável, por apresentar menos morbidade materna do que a cesariana. Nesses casos, também se deve realizar amniotomia imediata para diminuir a pressão intra-amniótica. Se o trabalho de parto não estiver evoluindo, utiliza-se ocitocina para acelerá-lo. O ideal é que o parto ocorra dentro das primeiras 6 horas. Se houver instabilidade materna, deve-se interromper a gestação pela via mais rápida. VIA DE GESTAÇÃO MAIS RÁPIDA é aquela que para a gestante em questão será mais rápida e não NECESSARIAMENTE uma cesárea! Conduta Obstétrica no DPP Crônico Se a gestante apresenta estabilidade hemodinâmica com mínima perda sanguínea, e o feto, boa vitalidade, a conduta vai depender da idade gestacional. 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Idade gestacional < 34 semanas Se há estabilidade fetal e materna sem evidência de grande perda de sangue ou coagulopatia presente, opta-se pela conduta expectante. Deve-se fazer a corticoterapia para promover a maturação pulmonar e reduzir as complicações da prematuridade. O acompanhamento da vitalidade fetal é feito duas vezes por dia, por isso a paciente deve ser mantida internada em ambiente hospitalar Idade gestacional ≥ 34 semanas A conduta aqui é resolução da gestação! Prefere-se o parto vaginal. Caso ela não esteja em trabalho de parto, a realização de amniotomia e ocitocina resultam em um parto rápido. POSSO aguardar até 37 semanas se houver sangramento leve que parou espontaneamente, na presença de sinais vitais maternos e fetais normais + paciente ter se mantido assintomática. Placenta Prévia Presença de tecido placentário atingindo o orifício interno do colo uterino (OIC) a partir da 2° metade da gestação. É importante diferenciar placenta prévia (PP) de inserção baixa de placenta. A placenta prévia é considerada apenas quando a borda inferior da placenta atinge o orifício interno do colo uterino e o recobre parcial ou totalmente. Quando a placenta recobre totalmente o colo uterino, chamamo-la de placenta prévia centro- total; se o cobre parcialmente, é placenta prévia centro-parcial. Quando então considerar inserção baixa de placenta? Quando a borda da placenta atinge o segmento inferior do útero, a um raio de 20mm do orifício interno do colo uterino! Obs.: antes de 20 semanas utiliza-se o termo inserção baixa da placenta para toda placenta dentro de um raio <20mm do OIC. A principal hipótese para a ocorrência de PP é a presença de cicatrizes, sinéquias uterinas na região da decídua, tornando essa região menos vascularizada e a placenta acaba crescendo em direção ao segmento inferior e não à região fúndica. OBS.: o TOQUE VAGINAL e o COITO devem ser evitados na presença do diagnóstico da PP, pois pode causar sangramento placentário. Os fatores de alto risco para PP são: placenta prévia anterior, parto cesáreo anterior, gestação múltipla, procedimentos uterinos prévios, Multiparidade, tratamento para infertilidade, abortamento prévio, tabagismo, uso de drogas e idade materna avançada. Qual destes é o PRINCIPAL FATOR DE RISCO?!? Histórico de cesárea; 2° gestação múltipla. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! O diagnóstico de PP é ultrassonográfico! O sangramento vaginal é o principal sintoma da placenta prévia e caracteriza-se por ser indolor, autolimitado e intermitente, isto é, ocorre diversas vezes ao longo da gestação, mas para espontaneamente – até 20% dos casos podem cursar com dor abdominal e contrações uterina, a diferença para a DPP é que na PP não temos o “útero lenhoso” (hipertonia uterina)! Ultrassonografia transvaginal evidenciando placenta prévia (recobrindo o orifício interno do colo uterino). Ultrassonografia transvaginal evidenciando placenta de inserção baixa (distando 13 mm do orifício interno do colo uterino). Se a USG transvaginal não consegue confirmar o diagnóstico está indicada a RM. CONDUTA. A via de parto na placenta prévia é sempre a cesariana, estando o feto vivo ou morto. O risco de sangramento é maior, solicita- se sempre reserva de sangue e prepara-se a equipe para controle de hemorragia pós-parto inclusive para histerectomia puerperal. CONDUTA em pacientes assintomáticas Os objetivos são: Avaliar se a placenta vai continuar prévia com o evoluir da gestação Avaliar o risco de acretismo placentário Reduzir o risco de sangramento Determinar o momento ideal da cesárea eletiva Quando a placenta dista menos do que 20 mm do OIC no segundo trimestre, deve-se fazer uma ultrassonografia transvaginal por volta de 28 e 34 semanas para identificar se há placenta prévia, placenta de inserção baixa ou se a placenta já se encontra na posição habitual. Se a borda da placenta distar mais do que 20 mm do OIC na ultrassonografia transvaginal no terceiro trimestre, exclui-se a suspeita diagnóstica de placenta prévia ou inserção baixa de placenta e a gestante segue normalmente o pré-natal. Caso a borda da placenta esteja a menos de 20 mm do OIC, deve-se repetir a ultrassonografia transvaginal mais próximo do termo, por volta de 36 semanas. Se, próximo do termo, a placenta alcançar o OIC, é confirmado o diagnóstico de placenta prévia e deve-se programar a cesárea eletiva. Em pacientes assintomáticas e sem complicações associadas, deve ser realizada cesárea eletiva entre 36 e 37 semanas. Alguns serviços orientam administração de um ciclo de corticoide 48h antes do parto (se for programado para menos de 37 semanas). IMPORTANTE! Nessas pacientes é necessário excluir o diagnóstico de acretismo placentário (US Doppler ou RM). CONDUTA em pacientes com sangramento vaginal agudo O objetivo aqui é: Estabilizar hemodinamicamente a paciente 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Avaliar a necessidade de cesárea de emergência Em sangramento vaginal ativo, devemos monitorizar continuamente os sinais hemodinâmicos maternos e fetais e quantificar a perda sanguínea por meio da pesagem de compressas ou da coleta de sangue em um recipiente graduado. Estimativa visual do sangramento pós-parto. Ademais, deve-se obter acesso venoso calibroso e administrar cristaloides. A transfusão sanguínea é realizada se a paciente se apresentar taquicárdica e hipotensa, com hematócritos < 10 g/dL. Recomenda-se solicitar hemograma completo, coagulograma, tipagem sanguínea e reserva de sangue. A cesariana é indicada em qualquer idade gestacional se a paciente estiver em trabalho de parto, se o feto apresentar cardiotocografia categoria III não responsiva à ressuscitação intrauterina ou se houver sangramento grave/persistente com instabilidade hemodinâmica materna. Em gestantes com menos de 34 semanas, em que foi possível a estabilização hemodinâmica com a cessação do sangramento e com o feto apresentando boa vitalidade, épossível realizar a conduta expectante na tentativa de prolongar a gestação até 34 semanas. Nessas pacientes administra-se corticoides para maturação pulmonar. OBS.: não se deve utilizar tocolíticos em casos de placenta prévia. Em gestantes com mais de 34 semanas, a ocorrência de sangramento significativo implica a resolução da gestação, mesmo diante de estabilidade hemodinâmica, pois os benefícios em manter a gestação a partir dessa idade gestacional não justificam os riscos maternos da conduta expectante. Nesses casos não se adia o parto nem mesmo para realização de corticoterapia!! A imunoglobulina anti-D deve ser administrada em gestantes Rh negativo e Coombs indireto negativo e que apresentem placenta prévia e sangramento vaginal. Resumindo. . . a cesárea de emergência deve ser indicada nas seguintes situações: Paciente em trabalho de parto Feto com alteração de vitalidade fetal não responsiva às medidas de ressuscitação intrauterina Gestante com sangramento vaginal ativo e instabilidade hemodinâmica independentemente da IG Gestante com sangramento considerável a partir de 34 semanas, mesmo se apresentar estabilidade hemodinâmica E a CONDUTA na PLACENTA DE INSERÇÃO BAIXA?!? Estudos recentes mostram que é possível uma tentativa de parto normal se a placenta tiver uma distância entre 10 e 20 mm do OIC, mas que a cesárea eletiva é preferível quando essa distância é menor do que 10 mm, pois o risco de sangramento é maior Os diagnósticos diferenciais de placenta prévia englobam todas as causas de sangramento da segunda metade: descolamento prematuro de placenta, rotura uterina, rotura de vasa prévia e rotura de seio marginal. 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! PATOLOGIA PRINCIPAL FATOR DE RISCO DIAGNÓSTICO SINAIS E SINTOMAS CONDUTA Placenta prévia Cesárea anterior Clínico e ultrassonográfico Sangramento intermitente e indolor de origem materna Cesárea eletiva ou de urgência se houver sangramento intenso DPP Hipertensão gestacional Clínico Sangramento súbito, associado à dor abdominal, hipertonia uterina e alteração da vitalidade fetal Cesárea de urgência se feto estiver vivo Rotura de vasa prévia Rotura das membranas Clínico e ultrassonográfico Sangramento indolor após a rotura das membranas fetais, sem repercussão materna, alteração da vitalidade fetal Cesárea de urgência Rotura uterina Cesárea anterior Clínico Sangramento e dor abdominal súbitos, parada das contrações, subida da apresentação fetal, bradicardia fetal ou BCF ausente, choque hemorrágico e sinais de sangramento intra- abdominal Cesárea de urgência e reparo da rotura uterina Rotura de seio marginal Não há Anatomopatológico Sangramento vaginal vermelho- vivo, indolor, contínuo e de pequena quantidade e não desencadeia repercussões maternas ou fetais Monitorização materno-fetal Tabela resumo dos diagnósticos diferenciais entre si. As complicações de PP estão relacionadas à hemorragia, que muitas vezes leva à necessidade de transfusão sanguínea e histerectomia puerperal. Há maior risco de acretismo placentário e embolia amniótica. Além disso, pacientes com placenta prévia são mais propensas a terem fetos em apresentações anômalas, como a pélvica e a transversa, e maior chance de restrição de crescimento e anomalias congênitas. Acretismo Placentário - AP A placenta pode estar inserida profundamente na decídua, ultrapassá-la e invadir o miométrio ou chegar à serosa uterina e invadir órgãos adjacentes. Quando a placenta está inserida profundamente na decídua, mas não atinge o miométrio, chamamo-la de placenta acreta. Se a placenta penetra o miométrio, ela é chamada de placenta increta. Caso haja invasão da serosa ou 9 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! dos tecidos adjacentes, configura-se uma placenta percreta. Segundo a classificação da FIGO: 1. GRAU I: placenta acreta – anormalmente aderente na decídua; 2. GRAU II: placenta increta – anormalmente invasiva no miométrio; 3. GRAU III: placenta percreta – anormalmente invasiva na serosa ou nos órgãos adjacentes 3 a: limitado à serosa uterina. 3 b: invasão da bexiga. 3 c: invasão de outros tecidos ou órgãos pélvicos. Etiopatogenia? Acredita-se que as cicatrizes uterinas, principalmente em decorrência de cesáreas anteriores, provoquem danos na interface endométrio-miométrio e levem à decidualização defeituosa nessas regiões. Com isso, acontece uma implantação anormal da placenta, que consegue invadir mais profundamente os tecidos lesados. Os principais fatores de risco para acretismo placentário são o histórico de parto cesáreo e a ocorrência de placenta prévia. Ademais, os outros incluem: procedimentos uterinos prévios, Multiparidade, idade maternal >35 anos, história de endometrite pós-parto e tratamento de infertilidade. O diagnóstico de AP geralmente é realizado por ultrassonografia em pacientes assintomáticos. A investigação de acretismo deve ser feita em todas as gestantes com placenta prévia ou com placenta anterior e cicatriz de cesárea. Os principais achados ultrassonográficos são: Presença de múltiplas lagunas placentárias. Ruptura da linha que representa a interface entre a parede da bexiga e a serosa uterina. Perda do espaço livre normalmente presente atrás da placenta. Afinamento do miométrio. Vascularização anormal. Protuberância da placenta. Massa exofítica. A Dopplervelocimetria e a ressonância magnética ajudam a confirmação diagnóstica e avaliação da extensão do acretismo. CONDUTA. Gestantes com diagnóstico de acretismo placentário na gestação devem ser encaminhadas para acompanhamento em pré- natal de alto risco e o parto deve ocorrer em um hospital terciário. Como a placenta não pode ser removida, deve-se programar uma cesárea eletiva, seguida de histerectomia puerperal, mantendo a placenta na cavidade uterina (placenta in situ). A cesárea é programada entre 34 e 36 semanas quando a paciente não apresenta sangramento. 10 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Quando o diagnóstico de acretismo é feito intraparto, precisa ser realizada histerotomia fúndica longe do acretismo para a extração fetal e histerectomia pós-parto. As principais complicações que podem ocorrer no acretismo placentário são a hemorragia pós-parto profusa, a necessidade de transfusão sanguínea e histerectomia puerperal. Rotura Uterina Chamamos de rotura uterina a rotura completa de todas as camadas do útero: endométrio, miométrio e serosa Se a rotura for incompleta, chamamos de deiscência uterina. O principal fator de risco para rotura uterina é a presença de cicatriz uterina anterior. Situações que aumentam consideravelmente o risco de rotura uterina são a presença de cicatriz uterina vertical ou fúndica e o histórico de rotura uterina anterior. Nesses casos, a TENTATIVA DE PARTO NORMAL ESTÁ CONTRAINDICADA e a melhor via de parto é a cesárea. Outros: trabalho de parto após cesárea anterior, uso de misoprostol para indução do parto, desproporção cefalopélvica, período expulsivo prolongado, macrossomia fetal, idade materna > 40 anos, IMC >30 e idade gestacional > 40 semanas. Grande parte das roturas uterinas ocorre na primeira fase do trabalho de parto, entre 5 e 6 cm de dilatação, mas a rotura também pode ocorrer no período expulsivo ou ser identificada apenas no pós-parto. O diagnóstico de rotura uterinaé eminentemente clínico. O primeiro sinal suspeito de rotura uterina é a alteração súbita da vitalidade fetal com presença de bradicardia fetal. Outro sinal sugestivo de rotura uterina é a distensão do segmento uterino e palpação do ligamento redondo retesado (sinal de Bandl- Frommel). O estiramento dos ligamentos redondos é conhecido como sinal de Frommel e a presença de anel de constrição que separa o corpo do útero do segmento inferior é chamado de sinal de Bandl. Além disso, a gestante apresenta dor abdominal súbita que melhora temporariamente após a ocorrência da rotura. Observa-se também parada súbita das contrações e subida da apresentação fetal ( Sinal de Reasens) após a rotura uterina. Depois da rotura uterina, a gestante apresenta sinais de choque hemorrágico, com sintomas de mal-estar súbito, aumento da frequência cardíaca e queda da pressão arterial sistólica. A gestante pode apresentar ou não sangramento vaginal, pois muitas vezes o sangramento é apenas intra-abdominal. A TRÍADE CLÁSSICA dor abdominal súbita, sangramento vaginal e alteração da FCF; obs: essa tríade só está presente em 10% dos casos! Os sinais sugestivos de sangramento intra- abdominal são: Sinal de Laffont: dor escapular por irritação do nervo frênico pelo sangramento; Sinal de Cullen: hematoma periumbilical por sangramento que atinge o retroperitônio; 11 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Sinal de Clark: enfisema subcutâneo na localização do útero, devido à passagem do ar pela vagina até peritônio. A CONDUTA nas roturas uterinas são: Estabilização hemodinâmica da paciente + Cesárea de emergência para nascimento do concepto e correção da lesão. Caso não seja possível a correção da lesão ou a hemorragia não seja controlada, a histerectomia está indicada. Rotura de Vasa Prévia Caracteriza-se pela presença de inserção velamentosa de cordão na região que recobre o orifício interno do colo uterino. A inserção velamentosa do cordão, por sua vez, é definida pela existência de vasos sanguíneos do cordão umbilical passando pela membrana fetal, sem a proteção da geleia de Wharton, o que os deixa mais expostos e vulneráveis à rotura. A ocorrência de vasa prévia é maior em gestações originadas de técnica de reprodução assistida e em casos de placenta prévia, inserção velamentosa de cordão, lobo acessório, placenta sucenturiada ou gestação múltipla. O diagnóstico antenatal é feito por meio da ultrassonografia, principalmente a ultrassonografia transvaginal, com a observação de vasos fetais recobrindo o OIC ou passando dentro de um raio de 20 mm do OIC. Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito após a rotura das membranas que leva à rotura da vasa prévia, causando sangramento vaginal intenso e de origem fetal, o que, por seu turno, leva rapidamente à alteração de vitalidade fetal e morte fetal em minutos. A principal alteração fetal no quadro agudo são a a bradicardia fetal e o padrão sinusoidal. Padrão sinusoidal. Variabilidade com ondas fixas e regulares em forma de sino. CONDUTA. Quando o diagnóstico é feito no pré-natal, o parto deve ser agendado entre 34 e 37 semanas para evitar o risco de rotura de membranas. A cesárea deve ser adiantada nos casos de trabalho de parto, rotura prematura de membranas fetais ou alteração da vitalidade fetal por compressão dos vasos umbilicais. Quando o diagnóstico é feito após a rotura das membranas e sangramento fetal, precisa-se realizar cesárea de emergência para salvar o feto. Rotura de Seio Marginal O seio marginal corresponde à área de encontro entre a face materna e fetal da placenta, onde acontece troca de sangue materno e fetal. Diante da rotura do seio marginal, ocorre sangramento vaginal vermelho-vivo, indolor, 12 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! contínuo e de pequena quantidade, que não desencadeia repercussões maternas ou fetais. O diagnóstico geralmente é histopatológico, feito após o parto. Como conduta, deve haver somente monitorização maternofetal. Não há indicação de resolução da gestação. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Estratégia MED. Obstetrícia. Sangramento de Segunda Metade da Gestação. Curso Extensivo. 2022.
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