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Prof. Dr. Vanderlei da Silva UNIDADE I Projetos Sociais no Terceiro Setor O capitalismo teve início no século XVI, momento histórico em que o sistema feudal estava em crise e as relações capitalistas puderam se multiplicar. No modo de produção capitalista produz-se uma ruptura entre a posse dos meios de produção e o trabalhador. A ordem medieval se desmoronou em sua estrutura social e política, em consequência das modificações nas relações de produção, diante de novas exigências de produção dos valores e de intercâmbio de mercadorias. O surgimento do capital e, portanto, da relação de produção capitalista, através da separação dos instrumentos de produção dos trabalhadores e sua apropriação pela burguesia. Capitalismo e sociedade capitalista O nascimento e a consolidação do capitalismo representaram um desenvolvimento nunca visto das forças produtivas no âmbito universal, resultando na ruptura com as relações que pudessem constituir obstáculos à sua expansão. Porém, o processo capitalista de produção expressa uma maneira historicamente determinada de os homens produzirem e reproduzirem as condições materiais da existência humana e as relações sociais, por meio das quais levam a efeito a produção. Nesta relação, o capital monopoliza os meios de produção e de sobrevivência por uma parte da sociedade – a classe capitalista – em confronto com os trabalhadores, que não possuem as condições para a efetivação de seu trabalho. A produção como uma atividade social A Questão Social é o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista moderna, que tem raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna- se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. Na formação social capitalista o objetivo principal da produção não é a satisfação de necessidades sociais, mas a manutenção da ordem necessária para a acumulação do capital. Nessa lógica de produção, as relações sociais aparecem como relações entre coisas, esvaziadas de sua historicidade, invertidas naquilo que realmente são: aparecem como relação entre mercadorias, embora não sejam mais que expressões de relações entre classes sociais antagônicas. A Questão Social As relações sociais capitalistas, na realidade brasileira, efetuaram-se de forma distinta dos países do capitalismo central – sendo importante considerar que o Brasil não foi o berço da Revolução Industrial –, embora tenham mantido suas características essenciais. Assim, o processo de colonização no século XVI a XIX serviu essencialmente à acumulação originária de capital nos países centrais. O que não se encerrou nos períodos do Império e da República, sendo a subordinação e dependência ao mercado mundial aspectos que se mantêm historicamente. A adaptação ao capitalismo se fez por meio da substituição gradativa do trabalho escravo pelo trabalho livre, nas grandes unidades agrárias. As classes dominantes brasileiras não tiveram historicamente compromissos democráticos e redistributivos. A desigualdade econômica, que coloca o Brasil na posição de um dos países com maior índice de desigualdade do mundo, é um indicador que retrata esse fato. O capitalismo no Brasil O neoliberalismo tem sua origem na obra de Friedrich Hayek, O caminho da Servidão, escrita em 1944, porém, ficou limitado a pequenos círculos. É na passagem de 1970 para 1980 que esse pensamento reaparece, principalmente durante os governos Reagan (EUA) e Thatcher (Inglaterra). As democracias contemporâneas passam a ser responsabilizadas por aumentarem demais o poder da sociedade – principalmente das classes trabalhadoras –, gerando demandas que o Estado não tem capacidade de responder. As práticas do conjunto de reformas neoliberais se efetivaram de forma diferenciada nos diversos países, sendo possível identificar no centro dessas ações a desregulamentação dos mercados, abertura financeira e redução do tamanho e papel do Estado. O Neoliberalismo Como solução parcial da crise capitalista, o neoliberalismo busca reconstituir o mercado, minimizando ou até extinguindo a intervenção social do Estado em diversas áreas e atividades. O mercado se torna a instância, por excelência, de regulação e legitimação social. A solução dos problemas, referentes à distribuição de recursos, à organização social e à produção, em última análise acaba ficando submetida à atuação das forças do mercado. Assim, a ideologia neoliberal coloca o Estado como incapaz de garantir os direitos a todos os indivíduos e suas famílias, na medida em que se submete às forças globalizantes do mercado. Neoliberalismo: implicações para as políticas sociais O neoliberalismo chegou ao Brasil de forma lenta e encontrou na crise do final do regime militar ambiente para que seu ideal fosse propagado. Visando à ampliação das políticas neoliberais, foi realizado o Consenso de Washington com uma conjugação de grandes medidas – que se compõe de dez regras básicas – formulada em novembro de 1989 por economistas de instituições financeira. As dez regras do neoliberalismo: redução de gastos, reforma tributária, juros de mercado, abertura comercial, investimento estrangeiro com a eliminação das restrições, privatização das estatais, desregulamentação e afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas, entre outros. Nesse contexto, o retraimento do Estado que busca minimizar os gastos sociais vem possibilitando a sua desresponsabilização em relação às políticas sociais universais e o procedente retrocesso na consolidação e expansão dos direitos sociais. Neoliberalismo no Brasil O sistema capitalista sofre alterações, passando por diferentes fases. Na atualidade, apresenta-se no processo de reestruturação do capital e reforma do Estado que se pauta nas orientações neoliberais, contexto em que há retraimento do Estado no enfrentamento da questão social. É nesse contexto que o Terceiro Setor está inserido, não sendo possível ignorá-lo, já que nesse projeto a sociedade civil tem efetivamente realizado atividades antes de responsabilidade do Estado. Assim, o Terceiro Setor caracteriza-se como resposta às mudanças no enfrentamento da Questão Social. Dessa forma, o Terceiro Setor não é o desenvolvimento de organizações de um “setor” para superar a crise de outro, e sim a mudança de um padrão de resposta social às expressões da Questão Social. O Terceiro Setor e o Capitalismo As organizações que têm por objetivo ajudar o próximo existem desde os primórdios da humanidade. No Brasil essas organizações já estavam presentes logo após o descobrimento, como, por exemplo, as Santas Casas de Misericórdia. Porém, o Terceiro Setor começa a ganhar destaque a partir dos anos de 1970, quando várias organizações brasileiras passam a contar com o apoio de organizações internacionais. As pessoas jurídicas que integram o Terceiro Setor são entes privados, não vinculados à organização centralizada ou descentralizada da Administração Pública e não almejam entre seus objetivos sociais o lucro. Porém, possuem um papel fundamental na sociedade, prestando serviços em áreas de relevante interesse social e público. A história do Terceiro Setor Primeiro Setor: Estado – atua na esfera pública estatal. Segundo Setor: Mercado – atua na esfera privada. Terceiro Setor: Organizações da Sociedade Civil – atuam sem finalidade de lucro com atuações de interesse público, na esfera pública não estatal. Juridicamente o Terceiro Setor brasileiro comporta apenas as Associações e as Fundações, conforme está previsto no Artigo 44 do nosso Código Civil, que trata das Pessoas Jurídicas de Direito Privado. As Associações e as Fundações, que são organizações sem fins lucrativos, podem, conforme o caso, pleitear a obtenção de determinadostítulos ou qualificações junto ao Poder Público, visando ter acesso a benefícios fiscais e tributários que são disponibilizados para elas. Os setores da sociedade Qual das alternativas corresponde ao conjunto das expressões que definem as desigualdades da sociedade? a) Realidade social. b) Gestão social. c) Questão social. d) Controle social. e) Política social. Interatividade Qual das alternativas corresponde ao conjunto das expressões que definem as desigualdades da sociedade? a) Realidade social. b) Gestão social. c) Questão social. d) Controle social. e) Política social. Resposta Redefinição do papel do Estado: este passa a cuidar apenas dos problemas de interesse geral, contando com a contribuição da sociedade civil e das Organizações do Terceiro Setor por meio das ações individuais desses grupos. Globalização: o processo de globalização econômica e cultural levou a um estreitamento das relações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, inclusive entre as Organizações do Terceiro Setor. Modificação do perfil do mercado: conscientização sobre a Responsabilidade Social inerente às empresas de qualquer segmento. Assim, uma empresa deve promover um impacto social, ou seja, resolver os problemas sociais de modo que a solução modifique a vida da pessoa de maneira significativa. Motivos para desenvolvimento do Terceiro Setor no Brasil Esse setor nasce quando a sociedade civil se organiza e busca soluções próprias para suas necessidades e problemas, fora da lógica do Estado e do mercado. Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão vinculadas, mas se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e problemas sociais. E apesar de serem Associações civis privadas, não têm como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade. Características do Terceiro Setor: doações de pessoas físicas e jurídicas; investimentos em programas e projetos sociais; financiamento de campanhas sociais; parcerias com o governo, empresas privadas, comunidade e entidades sem fins lucrativos; e participação em trabalhos voluntários. Terceiro Setor – definição do conceito A pessoa jurídica é uma organização formada por pessoas físicas ou por um patrimônio, com um fim determinado. As pessoas jurídicas são classificadas em dois grupos: as de direito público e as de direito privado. As pessoas jurídicas de direito privado são instituídas por iniciativa de particulares e estão previstas no Art. 44 do Código Civil brasileiro. “Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações. IV. as organizações religiosas; V. os partidos políticos; VI. as empresas individuais de responsabilidade limitada”. As Pessoas Jurídicas no Código Civil Brasileiro As associações, da mesma forma que as sociedades, constituem um agrupamento de pessoas, com uma finalidade comum. No entanto, as associações perseguem a defesa de determinados interesses, sem ter o lucro como objetivo. O Código Civil, Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, define associações como a “união de pessoas que se organizam para fins não econômicos” (Art. 53). O direito à livre associação para fins lícitos também está previsto e assegurado pela Constituição Federal no artigo 5º, inciso XVIII. Dessa forma, as associações nascem por meio da união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, não havendo entre os associados, direitos e obrigações recíprocas, apenas o comprometimento do funcionamento das associações. As associações sem fins lucrativos Embora os fins da associação não sejam de ordem econômica, ela não está proibida de realizar atividades geradoras de receita. Para tanto, precisa prever expressamente em seu Estatuto a possibilidade de realizar estas atividades, bem como reverter integralmente o produto gerado na consecução do seu objetivo social. A atividade que visa a obtenção de receitas, conhecida como "atividade meio", em nenhuma hipótese pode ser maior que a sua atividade social, chamada de "atividade fim". Se essa situação vier a ocorrer, a associação deixa se ser sem fins lucrativos e passa a ser considerada como uma empresa lucrativa e que deve receber o mesmo tratamento tributário e jurídico de uma organização do Segundo Setor (mercado). As associações e a geração de receitas Para que a associação adquira existência formal perante a lei (o que chamamos de personalidade jurídica), é necessário registrar o Estatuto Social e Ata de Constituição, devidamente aprovados em Assembleia Geral convocada para essa finalidade. Já para o exercício de suas atividades e para as movimentações bancárias, a associação deverá providenciar outros documentos, com a ajuda de um Contador, como, por exemplo, o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Existem, ainda, outros cadastros municipais, estaduais e federal que possibilitam à associação buscar benefícios fiscais, como a isenção de alguns impostos. A Assembleia de Constituição é uma etapa formal do processo de legalização. Constituição das associações As fundações, constituem-se numa universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e destinados a uma determinada finalidade social, estabelecida pelo seu instituidor. Segundo o Código Civil, Art. 62, para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. As principais características da fundação são: a finalidade ou os fins; a origem ou a forma de criação; o patrimônio; o modo de administração e; o velamento do Ministério Público. As Fundações Diferentemente das associações, nas quais o núcleo central é o indivíduo, nas fundações o núcleo central é o patrimônio, sendo que o mesmo precisa ser suficiente para garantir que a fundação cumpra suas finalidades. Quando o patrimônio ou os bens destinados forem insuficientes para cumprir a finalidade da fundação, estes deverão ser incorporados a outra fundação. Essa nova fundação deverá, preferencialmente, ter uma finalidade que seja semelhante a que deveria ser criada. Porém, existem situações em que o próprio instituidor já deixou disposição sobre a destinação do patrimônio, no caso de ser suficiente para cumprir a finalidade. Nesse caso, a vontade do instituidor deverá ser respeitada. (Art. 63 do Código Civil). O patrimônio das fundações As fundações são administradas pelos seguintes órgãos: Conselho Curador: que decide em linhas gerais quanto à forma de atuação da fundação; É o órgão deliberativo responsável por deliberar as diretrizes da fundação para atingir os fins previstos no estatuto. Conselho Administrativo: que também pode ser denominado de Diretoria Executiva: órgão executor e responsável pela gestão da Fundação; Deve executar as disposições estatutárias, cumprir as diretrizes estabelecidas pelo órgão deliberativo, praticar atos de gestão de recursos patrimoniais e humanos. Conselho Fiscal: órgão responsável pelo acompanhamento das contas da fundação. É responsável por zelar pelo patrimônio da fundação e acompanhar o uso de seus recursos. Órgãos de gestão das fundações Após a aquisição da personalidade jurídica, respeitado o prazo exigido por cada órgão, a organização do Terceiro Setor poderá entrar com o pedido de títulos ou certificados que atestem sua qualidade. Nesse sentido, as OS se apresentam como alternativa à atuação do Estado, pois têm autonomia para desenvolver projetos sociais, desde que atuem em áreas que não sejam consideradas como exclusivas do Estado. Dessa forma, as OS podem atuar em projetos sociais, desde que a legislação permita a participação da iniciativa privada de forma complementar ao Estado. O entendimentolegal é que as organizações sociais podem, sob demanda, ampliar as ações do Estado em atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Organização Social (OS) - Lei n. 9.637, de 15 de maio de 1998 Assinale a alternativa que corresponde a uma universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e destinados a uma determinada finalidade social, estabelecida pelo seu instituidor. a) Associação. b) Fundação. c) Cooperativa. d) Sociedade. e) Organização Religiosa. Interatividade Assinale a alternativa que corresponde a uma universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e destinados a uma determinada finalidade social, estabelecida pelo seu instituidor. a) Associação. b) Fundação. c) Cooperativa. d) Sociedade. e) Organização Religiosa. Resposta O Contrato de Gestão é o ajuste celebrado pelo Poder Público com as OS, para lhes ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira ou para lhes prestar variados auxílios e lhes fixar metas de desempenho na consecução de seus objetivos. Nessa modalidade de parceria, o valor do repasse só pode contemplar o custo efetivo para atendimento das demandas e cumprimento das metas. Por esse motivo, o Poder Público deve calcular o custo per capita do atendimento e repassar verbas de acordo com o volume previsto de atendimentos. Outra característica peculiar dessa parceria é que, para o cumprimento do contrato de gestão, poderão ser repassados à Organização Social recursos orçamentários e bens públicos. Contrato de Gestão Qualificação regulada pela Lei n. 9.790/99 e que pode ser solicitada por organizações do Terceiro Setor. Na época em que a lei foi criada, ela foi considerada extremamente inovadora, pois trouxe em seu texto a possibilidade de remuneração dos dirigentes das Oscips. Porém, na atualidade isso já deixou de ser uma novidade, pois outras legislações também já trouxeram essa abertura. A Lei n. 9.790/99 informa que a atuação de uma Oscip deverá observar o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações. A obtenção desse título permite que a organização possa firmar o Termo de Parceria com o poder público. Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público O Termo de Parceria é um instrumento jurídico elaborado para o repasse de recursos públicos exclusivamente às organizações qualificadas como Oscips. É a forma de fomento estatal através de um acordo firmado entre a Administração Pública e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Estabelece o vínculo de cooperação entre as partes para a execução das atividades de interesse público. O Termo de Parceria é caracterizado como modelo de prestação de serviços públicos consistente num acordo administrativo colaborativo, firmado entre o Poder Público e a Oscip. Após anos de críticas e decisões divergentes entre as Cortes de Contas Estaduais, foi alterada a redação da lei, tornando obrigatório o concurso de projetos para a escolha da Oscip a firmar o Termo de Parceria. Termo de Parceria Após a publicação da Lei n. 13019/2014, que estabelece as normas para as parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, as declarações de utilidade pública perderam sua importância. Inclusive, foi extinta a certificação a nível federal, deixando de ser emitido o título de utilidade pública federal. Porém, os Estados e os Municípios ainda mantiveram as certificações Estaduais e Municipais. Nesse sentido, a concessão do título de Utilidade Pública significa o reconhecimento do poder público de que as instituições, em consonância com o seu objetivo social, são sem fins lucrativos e prestadoras de serviços à coletividade. Declaração de Utilidade Pública – Municipal e Estadual O Cebas é um certificado concedido pelo Governo Federal, por intermédio dos Ministérios da Educação, do Desenvolvimento Social e da Saúde, às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social que prestem serviços nas áreas de educação, assistência social ou saúde. As entidades detentoras do Cebas, se preenchidos os demais requisitos exigidos pela legislação tributária, podem desfrutar de isenção do pagamento das contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos seus empregados e trabalhadores avulsos. O certificado é um dos documentos exigidos pela Receita Federal para que as entidades privadas, sem fins lucrativos, gozem da isenção da cota patronal das contribuições. Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social Lei n. 12.101, de 27/11/2009 Imunidade: é uma proibição imposta aos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), prevista na Constituição Federal, de tributar certas pessoas, atos e fatos em determinadas situações. Ao dispor sobre a imunidade, a Constituição Federal determinou que, para usufruí-la, a entidade deve cumprir alguns requisitos legais. Isenção: Isenção é a desobrigação do pagamento de determinado tributo, observados os requisitos legais. A matéria é regulada por legislação infraconstitucional do ente político que tenha a competência para instituir determinado tributo. Nesse sentido, as organizações do Terceiro Setor, desde que cumpram determinados requisitos, gozam dos benefícios fiscais da Imunidade e da isenção. Imunidade e Isenção O incentivo fiscal é um instrumento usado pelo governo para estimular atividades específicas por prazo determinado e constitui-se em uma forma da empresa ou pessoa física escolher a destinação de uma parte dos impostos que já seriam pagos por ela, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de projetos pela sociedade. Os principais incentivos promovidos pela União são as destinações para: Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente; Fundo do Idoso; Operações de caráter cultural e artístico; Entidades sem fins lucrativos, de Utilidade Pública ou qualificadas como Oscips; Atividade desportiva e paradesportiva; Saúde (câncer) – Pronom + deficiência. Incentivos fiscais O Estatuto da Criança e do Adolescente permitiu aos contribuintes do Imposto de Renda, em seu art. 260, deduzir da renda bruta o total das doações efetuadas aos Fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Tais fundos são instrumentos para captação de recursos que visam à promoção e à defesa da criança e do adolescente, sendo que esses fundos podem ser municipais, estaduais ou federal. O investidor tem de escolher a instituição sem fins lucrativos com projetos em prol da infância e adolescência cadastrados no site do Fundo, gerar o boleto bancário e pagá-lo até o último dia do ano. O Conselho transfere posteriormente à instituição social que executará o projeto e também emite e repassa à Receita Federal um comprovante de doação, com os dados da empresa investidora e do projeto beneficiado. Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente O Estatuto do Idoso, instituído pela Lei n. 10.741/2003, permite aos contribuintes deduzir do Imposto de Renda devido o total de doações feitas ao Fundo do Idoso. Para efeito de doação ao Fundo do Idoso, a legislação estabelece à pessoa jurídica o limite máximo de 1% para dedução do Imposto de Renda devido já somada à dedução relativa às doações efetuadas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente. No caso do contribuinte pessoa física, o percentual máximo de dedução é de 6%. As destinações são depositadas diretamente na conta do Fundo Municipal do Idoso e repassadas às entidades beneficentes indicadas pelos contribuintes doadores. Os Conselhos dos Direitos do Idoso são órgãos deliberativos, constituídos de forma paritária por representantesdo governo e da sociedade civil, com o objetivo de formular e acompanhar a execução das políticas públicas de atendimento ao idoso. Incentivos fiscais para o idoso A Lei de Incentivo ao Esporte estimula pessoas e empresas a patrocinar e fazer doações para projetos esportivos e paradesportivos, em troca de incentivos fiscais. Os projetos devem ter as seguintes características: Devem promover a inclusão social por meio do esporte; Dar preferência às comunidades de vulnerabilidade social; O proponente deve cadastrar-se no Ministério do Esporte; Ter o projeto aprovado por comissão técnica. O investidor deve depositar o valor desejado para o patrocínio na conta bancária do projeto (aberta e supervisionada pelo Ministério do Esporte) até o último dia útil do ano corrente. Incentivos fiscais para o esporte Qual é a denominação dada ao ajuste celebrado pelo Poder Público com as Organizações Sociais para lhes ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira ou para lhes prestar variados auxílios e lhes fixar metas de desempenho na consecução de seus objetivos? a) Convênio. b) Termo de Fomento. c) Acordo de Colaboração. d) Contrato de Gestão. e) Termo de Parceria. Interatividade Qual é a denominação dada ao ajuste celebrado pelo Poder Público com as Organizações Sociais para lhes ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira ou para lhes prestar variados auxílios e lhes fixar metas de desempenho na consecução de seus objetivos? a) Convênio. b) Termo de Fomento. c) Acordo de Colaboração. d) Contrato de Gestão. e) Termo de Parceria. Resposta Os projetos têm que ser previamente aprovados pela Secretaria Especial da Cultura, que os avaliará por meio de critérios legais. Podem propor projetos as pessoas físicas que tenham atuação na área cultural, pessoas jurídicas com ou sem fins lucrativos de natureza cultural e as fundações públicas. O Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) possui o objetivo de ampliar o acesso à cultura e a produção cultural em todas as regiões do Brasil. O Fundo Nacional da Cultura representa o investimento direto do Estado no fomento à Cultura. As propostas culturais devem ser apresentadas à Secretaria Especial da Cultura entre os dias 1º de fevereiro e 30 de novembro de cada ano. Incentivos fiscais de caráter cultural e artístico Programas Nacionais de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) e de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD). Para integrar os programas, as instituições precisam passar por uma seleção em que os projetos são submetidos à análise do Ministério da Saúde. Após aprovados, podem captar recursos de doação junto a pessoas físicas e jurídicas que, em troca, se beneficiam de deduções fiscais a partir da contribuição de recursos para o desenvolvimento de ações e serviços de atenção à saúde. As contribuições são depositadas em contas bancárias específicas para cada projeto. Incentivos fiscais para a Saúde As pessoas jurídicas podem fazer doações diretas a entidades civis, sem fins lucrativos, constituídas no Brasil, utilizando esse incentivo específico. Para isso, as entidades devem prestar serviços gratuitos em benefício da comunidade, sendo que o limite da doação incentivada é de até 2% do lucro operacional. Com a vigência da Lei n. 13.019/2014, deixou-se de exigir a titulação para o repasse desses recursos. Assim, todas as Organizações da Sociedade Civil, independentemente de certificação, fazem jus ao benefício. Porém, é necessário observar que, de acordo com o texto da lei, para obter os referidos benefícios, a OSC deverá possuir pelo menos uma das finalidades elencadas no artigo 3° da Lei 9.790/1999. Doações diretas a entidades civis, sem fins lucrativos "estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação". A criação do novo Marco Regulatório trouxe avanços para a existência de uma Gestão Pública Democrática, pois a legislação garante uma ampla publicidade dos atos da Administração Pública e das Organizações da Sociedade Civil no processo de seleção pública das parcerias. A lei determina que exista a publicização de toda e qualquer alocação do dinheiro público nas instituições. Lei n. 13.019/2014 – "Marco Regulatório do Terceiro Setor" A lei passou a adotar essa denominação, pelo fato de que, atualmente, a sociedade civil vem sendo definida a partir dos grupos que a organizam, sejam na forma de associações, fundações, partidos políticos, entre outras formas de organizações. Sob essa perspectiva, a sociedade civil abrange o domínio das associações voluntárias, os movimentos sociais e o Terceiro Setor de um modo geral. Assim, pela Lei n. 13.019/2014, o conceito de “Organização da Sociedade Civil – OSC”, passa a englobar também as organizações religiosas que não se dediquem exclusivamente a fins religiosos e as sociedades cooperativas. Contudo, nem todas as sociedades cooperativas se enquadram, sendo necessário que atendam às especificações da lei. “Organização da Sociedade Civil” – OSC O Termo de Colaboração é o instrumento jurídico por meio do qual serão formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela administração pública e que envolvam a transferência de recursos financeiros. Assim, sempre que envolver a transferência de recursos, o termo de colaboração deverá ser adotado. O Termo de Colaboração deverá ser utilizado para a celebração de parcerias cujos objetos sejam serviços e atividades condizentes com as políticas públicas já conhecidas, divulgados nos programas de governo, em que a administração pública consiga estipular os objetos, as metas, os prazos e mensurar os valores que serão disponibilizados, bem como os resultados a serem alcançados. Termo de Colaboração Termo de Fomento representa o instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com as OSC para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas Organizações da Sociedade Civil, que envolvam a transferência de recursos financeiros. Ele visa regular a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas, desde que a proposta seja apresentada pelas organizações da sociedade civil e que, também envolvam a transferência de recursos financeiros. Com relação ao Termo de Fomento, o foco serão as parcerias cujos objetos sejam inovadores e não estejam claramente definidos nos programas de governo, ou ainda que não tenham objetos, metas, prazos e custos predeterminados nas políticas públicas existentes. Termo de Fomento O Acordo de Cooperação também é um instrumento jurídico por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco. Porém, ele somente será utilizado quando as parcerias não envolverem a transferência de recursos financeiros. Portanto, o Acordo de Cooperação se diferencia do Termo de Fomento e do Termo de Colaboração porque estes últimos versam sobre parcerias em que, necessariamente, há aporte de recursos públicos à OSC. O Acordo de Cooperação é uma parceria em que as duas partes envolvidas devem fornecer conhecimento, equipamentos ou instrumentos – e, se possível, equipe. Acordo de Cooperação Procedimento de Manifestação de Interesse Social é o instrumento criado pelalei para incentivar a participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e dos cidadãos por meio da apresentação de propostas ao Poder Público para que este avalie a conveniência de realizar um chamamento público. As propostas levadas à Administração Pública deverão conter a identificação do proponente, a indicação do interesse público envolvido e o diagnóstico da realidade que se quer modificar, aprimorar ou desenvolver. Quando possível, deverá ser informada na proposta a viabilidade, os custos, os benefícios e os prazos de execução. Mesmo que a proposição seja de autoria de determinada entidade, a seleção deverá ocorrer por meio de chamamento público para a escolha da OSC parceira. Procedimento de Manifestação de Interesse Social O Chamamento Público é o procedimento destinado a selecionar OSC para celebrar parceria com a Administração Pública. Seu objetivo é garantir igualdade de competição entre as OSCs na busca por recursos públicos e também a seleção da melhor proposta. O Chamamento deve observar critérios claros e objetivos estabelecidos no edital, garantindo a observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e os princípios específicos das políticas públicas setoriais. Nos casos de dispensa e de inexigibilidade, o administrador público deve justificar a ausência de realização de Chamamento Público. Qualquer OSC ou interessado pode questionar essa justificativa. Chamamento Público Qual é o instrumento criado pela Lei n. 13019/2014 para incentivar a participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e dos cidadãos por meio da apresentação de propostas ao Poder Público para que este avalie a conveniência de realizar um chamamento público? a) Termo de Colaboração. b) Concurso de Projetos. c) Acordo de Cooperação. d) Certificado de Entidade Beneficente. e) Procedimento de Manifestação de Interesse Social. Interatividade Qual é o instrumento criado pela Lei n. 13019/2014 para incentivar a participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e dos cidadãos por meio da apresentação de propostas ao Poder Público para que este avalie a conveniência de realizar um chamamento público? a) Termo de Colaboração. b) Concurso de Projetos. c) Acordo de Cooperação. d) Certificado de Entidade Beneficente. e) Procedimento de Manifestação de Interesse Social. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!