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Interpretação de exames bioquímicos Prof. MSc. Brunno Pinho 1 Prof. MSc. Brunno Pinho ▪ Graduação em Farmácia pelo Centro Universitário do Pará (2013); ▪ Especialista em Farmacologia Clínica pela Universidade Federal do Pará (2017); ▪ Especialista em Farmácia Hospitalar e Farmácia Clínica pelo Instituto Racine-SP (2017); ▪ Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Pará (2017). 2 Sumário ▪ Disfunção hepatobiliar; ▪ Disfunção pancreática; ▪ Diabetes mellitus. 3 Caso clínico 01 ▪ Paciente de 55 anos, do sexo feminino, comparece ao serviço de farmácia clínica com alteração de coloração de pele e esclera, trazendo também exames previamente solicitados. Durante a anamnese, a paciente indicou também apresentar intenso prurido e fadiga, a 4 meses. Paciente relata não utilizar medicamentos, álcool ou drogas. No exame clínico, apresentava obesidade (IMC – 30,5 kg/m2), pressão arterial de 150/95 mmHg, circunferência abdominal de 98cm e pequeno aumento do fígado, não relatando dor. 4 Caso clínico 01 ▪ Exames laboratoriais: 1) TGO/AST: 50 U/L (VR: 10-30 U/L) 2) TGP/ALT: 70 U/L (VR: 10-40 U/L) 3) Fosfatase alcalina (FA): 1.100 U/L (VR: 25-100 U/L) 4) Y-Glutamiltransferase (GGT): 350 U/L (VR: 2-30 U/L) 5) BT: 12 mg/dL (VR: 0,3-1,2 mg/dL) 6) BD: 10,5 mg/dL (VR: 0-0,2 mg/dL) 5 Caso clínico 01 ▪ Qual o provável órgão acometido? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 6 Bioquímica hepática ▪ Exames laboratoriais: 1) Bilirrubina (Hemácias-Citocromo P450-Mioglobina): a) Total (Até 1 mg/dL) – Hemoglobina -> Globina/Heme -> Ferro/Protoporfirina -> Biliverdina -> Bilirrubina b) Indireta (Até 0,9 mg/dL) – Não conjugada -> Ligada à albumina; c) Direta (Até 0,3 mg/dL) – Conjugada por metabolismo hepático (Captação, conjugação e excreção). 7 Bioquímica hepática ▪ Relação Icterícia e Bilirrubina 1) Icterícia com predomínio da fração indireta (Neonatos) 2) Icterícia com predomínio da fração direta (Adultos) Superprodução de bilirrubina indireta (hemólise); Diminuição da captação (Rifampicina, jejum prolongado e infecções); Diminuição na conjugação (Imaturidade do sistema de conjugação e/ou síndromes genéticas) Síndrome hepatocelular (hepatite) ou Síndrome colestática (Obstrução biliar) 8 Principais causas de hiperbilirrubinemia indireta Mecanismo Causa Hemólise imune - Hemólise não imune (hereditária) Esferocitose, anemia falciforme, talassemia Hemólise não imune (adquirida) Anemia microangiopática, hemoglobinúria paroxística noturna, deficiência de vit. B12, ribavirina Captação prejudicada ICC, shunt portossistêmico, drogas (rifampicina, probenecida) Conjugação prejudicada Neonatal (fisiológica, leite materno), hipertireoidismo, hepatopatia avançada, drogas (gentamicina, cetoconazol, etinilestradiol) 9 Principais causas de hiperbilirrubinemia direta Padrão Causa Padrão hepatocelular Hepatite viral (A, B, C, D, E, EBV, CMV, herpes simplex), álcool, drogas (paracetamol, isoniazida...), febre amarela... Padrão colestático intra-hepático Hepatite viral (A), álcool, drogas (esteroides, clorpromazina), cirrose biliar, gravidez, leptospirose... Padrão colestático extra-hepático (benigno) Coledocolitíase, estenose biliar pós- operatória, pancreatite crônica, ascaridíase e outras parasitoses Padrão colestático extra-hepático (maligno) Colangiocarcinoma, CA de cabeça de pâncreas, de vesícula biliar...10 Diferenciação Sd. Hepática e Colestática ▪ Padrão clínico pode dificultar definição diagnóstica para um profissional inexperiente; ▪ Quadro clínico: Icterícia, colúria (BD), acolia fecal (Ausência de estercobilinogênio), fadiga, anorexia, náuseas/vômitos e dor no hipocôndrio direito; 11 Diferenciação Sd. Hepática e Colestática ▪ Padrão clínico pode dificultar definição diagnóstica para um profissional inexperiente; ▪ Quadro clínico: Icterícia, colúria (BD), acolia fecal (Ausência de estercobilinogênio), fadiga, anorexia, náuseas/vômitos e dor no hipocôndrio direito; ▪ Característica clínica diferencial: Prurido. 12 Diferenciação Sd. Hepática e Colestática ▪ Fenômeno gangorra: 1) Alanina Aminotransferase(ALT)=Transaminase Glutâmico-Pirúvida(TGP) ESPECÍFICA Citoplasmática; 2) Aspartato Aminotransferase(AST)=Transaminase Glutâmico-Oxalacética(TGO) INESPECÍFICA Mitocondrial (hepática) e tecidos muscular, renal e encefálico; 3) Fosfatase Alcalina (FA) INESPECÍFICA – Canalículos biliares e tecido ósseo (FA óssea); 4) y-Glutamiltransferase (GGT) ESPECÍFICA – Céls. Epiteliais dos ductos biliares. 13 Análise de enzimas hepáticas e colestáticas ▪ Regras práticas para definição de causas: Aumento isolado de enzima Causa provável ALT (TGP) Lesões hepáticas (Esteatose, drogas, hepatites virais...) AST (TGO) Causas não hepáticas (Doença celíaca, exercício físico intenso, miopatias, hipo/hipertireoidismo...) FA Causas ósseas GGT Indução por drogas ou álcool 14 Análise de enzimas hepáticas e colestáticas ▪ Regras práticas para definição de causas: Aumento não isolado de enzimas Causa provável AST e ALT Padrão hepatocelular FA/GGT Padrão colestático, sugere obstrução biliar intra ou extra hepática, colestase por drogas e doenças infiltrativas 15 Análise de enzimas hepáticas e colestáticas ▪ Regras práticas para definição de causas (Indíce deRitis – AST/ALT): 1) Aumento de 10 vezes do valor de referência de enzimas hepáticas, a sd. provavelmente é hepática (Hepatites virais agudas e quadros isquêmicos); 2) Se a FA exceder 4x o valor de referência, a sd. provavelmente é colestática; 3) Níveis de transaminases superior a 1.000 U/L, com TGP>TGO, quadro sugestivo de hepatite viral e/ou intoxicação por paracetamol; 4) Ambas as transminases elevadas e TGO>2xTGP, sugestivo de hepatite alcoólica. 16 Albumina ▪ Principal proteína circulante do organismo humano, responsável pelo transporte de substâncias pelo sangue e pela pressão coloidosmótica do plasma; ▪ Produzida exclusivamente pelo fígado, pode ter sua produção influenciada por causas não hepáticas (Limitação da quantidade de substrato); ▪ Meia-vida alta (20 dias) dificulta a análise desse parâmetros em quadros agudos; ▪ Valor de referência: 3,5-5,2 g/dL. 17 Caso clínico 01 ▪ Paciente de 55 anos, do sexo feminino, comparece ao serviço de farmácia clínica com alteração de coloração de pele e esclera, trazendo também exames previamente solicitados. Durante a anamnese, a paciente indicou também apresentar intenso prurido e fadiga, a 4 meses. Paciente relata não utilizar medicamentos, álcool ou drogas. No exame clínico, apresentava obesidade (IMC – 30,5 kg/m2), pressão arterial de 150/95 mmHg, circunferência abdominal de 98cm e pequeno aumento do fígado, não relatando dor. 18 Caso clínico 01 ▪ Exames laboratoriais: 1) TGO/AST: 50 U/L (VR: 10-30 U/L) 2) TGP/ALT: 70 U/L (VR: 10-40 U/L) 3) Fosfatase alcalina (FA): 1.100 U/L (VR: 25-100 U/L) 4) Y-Glutamiltransferase (GGT): 350 U/L (VR: 2-30 U/L) 5) BT: 12 mg/dL (VR: 0,3-1,2 mg/dL) 6) BD: 10,5 mg/dL (VR: 0-0,2 mg/dL) 19 Caso clínico 01 ▪ Qual o provável órgão acometido? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 20 Caso clínico 02 ▪ Paciente de 16 anos, sexo feminino, procurou atendimento no serviço de emergência com queixa de dor abdominal de forte intensidade, em região epigástrica, associada à náuseas e vômitos a 2 dias. Fez uso de escopolamina e bromoprida, sem melhora. Ao exame físico, PA: 130x80 mmHg, FC: 88 bpm, afebril e desidratada. 21 Caso clínico 02 ▪ Exames laboratoriais: 1) Glicose: 972 mg/dL (VR: 70-99 mg/dL) 2) Amilase sérica: 1.016 U/L (VR: 30-118 U/L); 3) TGO: 63 U/L (VR: 10-30 U/L); 4) TGP: 13 U/L (VR: 10-40 U/L); 5) Hb: 16,2 g/dL (VR: 13-18 g/dL); 6) Ht: 48% (VR: 38-52%); 7) Leucócitos: 10.780/mm3 (VR: 4.500-10.000/mm3). 22 Caso clínico 02 ▪ Qual o provável órgão acometido? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 23 Disfunção pancreática ▪ Órgão da região abdominalcom função endócrina; ▪ Composto por células divididas em porção exócrina (glândulas mistas túbulo- acinares – secreção HE e enzimática) e porção endócrina (ilhotas de Langerhans). 24 Enzimas pancreáticas ▪ Processo inflamatório induz desequilíbrio entre produção e secreção de enzimas pancreáticas; ▪ Mecanismo fisiopatológico envolve a autodigestão das glândulas exócrinas e elevação sérica das enzimas pancreáticas; ▪ Amilase sérica eleva-se rapidamente (2-12h), permanecendo elevada por até 5 dias. 25 Enzimas pancreáticas ▪ Amilase ▪ Pode ser expressa na forma de: Amilase total, Amilase pancreática (Amilase P) e Amilase salivar (Amilase S); ▪ Enzima pode elevar-se em quadros de pancreatite aguda ou quadros não pancreáticos; ▪ O aumento da lipase sérica correlacionado com a elevação da amilase, indica pancreatite aguda. 26 Enzimas pancreáticas ▪ Lipase ▪ Exame laboratorial de grande importância no diagnóstico de pancreatite aguda; ▪ O aumento em conjunto com a amilase possibilita a melhor conduta diagnóstica frente a pancreatite aguda; ▪ Meia-vida maior permite a dosagem até o 10° dia do início dos sintomas. 27 Caso clínico 02 ▪ Paciente de 16 anos, sexo feminino, procurou atendimento no serviço de emergência com queixa de dor abdominal de forte intensidade, em região epigástrica, associada à náuseas e vômitos a 2 dias. Fez uso de escopolamina e bromoprida, sem melhora. Ao exame físico, PA: 130x80 mmHg, FC: 88 bpm, afebril e desidratada. 28 Caso clínico 02 ▪ Exames laboratoriais: 1) Glicose: 972 mg/dL (VR: 70-99 mg/dL) 2) Amilase sérica: 1.016 U/L (VR: 30-118 U/L); 3) TGO: 63 U/L (VR: 10-30 U/L); 4) TGP: 13 U/L (VR: 10-40 U/L); 5) Hb: 16,2 g/dL (VR: 13-18 g/dL); 6) Ht: 48% (VR: 38-52%); 7) Leucócitos: 10.780/mm3 (VR: 4.500-10.000/mm3). 29 Caso clínico 02 ▪ Qual o provável órgão acometido? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 30 Caso clínico 03 ▪ Paciente de 50 anos, sexo feminino, procurou atendimento com queixa de sede intensa, aumento da ingesta de líquidos e micção excessiva. Relata não sentir sintomas de infecção do trato urinário e não ter qualquer outro problema médico. Entretanto, não é examinada por um médico a muitos anos. No exame clínico, apresentou apenas obesidade (IMC – 30,5 kg/m2), sem outras alterações. ▪ Exames laboratoriais: ▪ Dosagem de glicose na urina: 4+/4; ▪ Glicemia capilar: 320 mg/dL. 31 Caso clínico 03 ▪ Qual o provável diagnóstico da paciente? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 32 Diabetes mellitus ▪ Síndrome endócrina relacionada a hiperglicemia, pode ser classificada em: (1) Tipo 1; (2) Tipo 2; (3) Diabetes gestacional; (4) Outros. Drogas que podem induzir intolerância à glicose e diabetes mellitus Glicocorticoide Diazóxido Levotiroxina Fenitoína Agonistas beta-adrenérgicos INF-alfa Pentamidina Inibidores de protease Ácido nicotínico Clozapina Tiazídicos Betabloqueadores 33 Diabetes mellitus ▪ Critérios diagnósticos: (1) Hemoglobina glicada: >= 6,5% OU (2) Glicemia de jejum: >=126 mg/dL OU (3) Glicemia 2h após TOTG-75mg: >= 200 mg/dL OU (4) Glicemia aleatória >= 200 mg/dL + sintomas de hiperglicemia (“polis”). Estados pré-diabéticos “Glicemia alterada” Glicemia de jejum entre 100-125 mg/dL “Intolerância à glicose” Glicemia TOTG entre 140-199 mg/dL “Intolerância à glicose” Hemoglobina glicada entre 5,7-6,4% 34 Diabetes mellitus ▪ TOTG: ▪ Indução de condição hiperglicêmica para avaliação de resposta insulínica; ▪ Administração de dose conhecida de carboidratos (75g – Dextrose) em jejum (10-12h); ▪ Valores de referência: (1) Indivíduo normal: <126 mg/dL; (2) Tolerância alterada 126-199 mg/dL; (3) DM: >=200 mg/dL. ▪ Obs: Acrescentar 10mg/dL ao padrão para década de vida após os 43 anos. 35 TOTG 36 Hemoglobina glicada ▪ Avaliação da glicação de hemoglobinas, obtendo panorama retrospectivo longo de concentração de glicose plasmática (HbA1C ou A1c ); 37 Hemoglobina glicada ▪ Devido ao tempo de vida da hemácia (cerca de 120 dias) na circulação, a HbA1c reflete níveis glicêmicos de semanas anteriores, por “média ponderada”. 38 Hemoglobina glicada ▪ Técnica não necessita de jejum, sendo utilizada para monitoramento e não rastreio de diabéticos. 39 Caso clínico 03 ▪ Paciente de 50 anos, sexo feminino, procurou atendimento com queixa de sede intensa, aumento da ingesta de líquidos e micção excessiva. Relata não sentir sintomas de infecção do trato urinário e não ter qualquer outro problema médico. Entretanto, não é examinada por um médico a muitos anos. No exame clínico, apresentou apenas obesidade (IMC – 30,5 kg/m2), sem outras alterações. ▪ Exames laboratoriais: ▪ Dosagem de glicose na urina: 4+/4; ▪ Glicemia capilar: 320 mg/dL. 40 Caso clínico 03 ▪ Qual o provável diagnóstico da paciente? ▪ Quais informações os exames laboratoriais me disponibilizam? 41 Obrigado 42
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