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Equilíbrio estático, hipóteses no estudo da torção, comportamento da seção durante a torção, tensões no regime elástico TORÇÃO RESUMO | RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Quando temos um eixo circular submetido a um momento torçor nós temos a situação abaixo no equilíbrio estático (onde a velocidade é igual a 0, corpo parado) Entenda a representação: temos 3 eixos perpendiculares entre si, o eixo x, o y e o z. A figura mostra apenas um plano com os eixos y e z, logo estamos vendo um corte do cilindro, mostrando então sua área transversal, a profundidade/altura dele está em um eixo que não conseguimos ver, o eixo x. O eixo x está na direção de "sair da tela". Se pegarmos uma área bem pequena, infinitesinal, dA dentro dessa área maior que vemos do cilindro encontramos uma força também infinitesimal dF. Observe que essa força dF gera no cilindro uma tendência de girar no sentido anti-horário (representada pela seta curva). Logo, pela regra da mão direita o torque é no eixo x, no sentido de sair da tela! Como existem diversas outras forças atuando em diversas outras áreas infinitesimais, o que gera o torque final é a soma do torque de todas essas forças, cada uma a uma distância ρ do centro de rotação (coincide com o centro de gravidade nos eixos circulares). Por isso representamos o torque final como uma integral da força em toda a área do cilindro. y z x EQUILÍBRIO ESTÁTICO Como essas forças atuam de maneira paralela à seção de corte que fizemos, se recordarmos bem, elas geram uma tensão de cisalhamento (𝜏). Sabemos que a tensão de cisalhamento é dada pelo quociente da força pela área. Como são forças e áreas infinitesimais, temos a relação ao lado. Aplicando na primeira relação, temos: Além do cisalhamento na seção, que foi utilizado na dedução anterior, há também um cisalhamento na direção longitudinal: O que precisamos entender, então, é que o esforço de torção gera tensões de cisalhamento e é a partir disso que projetamos as peças submetidas à torção para resitir ao seu esforço. HIPÓTESES UTILIZADAS NO ESTUDO DA TORÇÃO Para fazermos o estudo da torção utilizamos algumas hipóteses simplificadoras, logo partimos delas para a resolução dos problemas: HIPÓTESE 1: A barra é reta e a seção transversal é constante e circular/na forma de um anel. Ou seja, teremos um cilindro maciço ou um cilindro vazado (cano). HIPÓTESE 2: As seções transversais inicialmente planas, permanecem planas durante e após a torção (Lei de Bernoulli). Ou seja, não existe empenamento, a seção transversal não se inclina durante a torção. Círculos permanecem circulares: sem empenamento; Comprimento e raio do eixo não se alteram: regime de pequenas deformações; As mudanças nos ângulos originalmente retos (ângulos entre as linhas longitudinais) ocasionam uma distorção. COMPORTAMENTO DA SEÇÃO CIRCULAR DURANTE A TORÇÃO Quando aplicamos um momento torçor em um pedaço da barra circular, ela sofre uma distorção, observe as linhas longitudinais na figura abaixo. Antes da deformação as linhas estão retas e após a deformação elas estão "inclinadas", são torcidas. Em contrapartida, como sugerido pela hipótese 2, as retas radiais não sofrem deformação, continuam retas. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: ENTENDENDO A DISTORÇÃO Se observarmos um cubo infinitesinal, quando aplicamos uma tensão de cisalhamento nele é gerada uma deformação, existe uma movimentação relativa entre as faces. Essa deformação pode ser entendida como o desvio angular em relação ao ângulo reto original. Numericamente, o ângulo de distorção γ é dado por π/2 (90°) menos o ângulo novo após a deformação (θ') No nosso caso, a deformação é o ângulo gerado após a torção entre o plano original e o plano deformado. Arco = Ângulo . Raio por isso podemos dizer: Então, um elemento submetido, unicamente, à torção está submetido apenas à tensão de cisalhamento. Os eixos circulares ao sofrerem torção apresentam deformação de cisalhamento γ. Antes da torção, temos o plano original. ao torcermos o eixo surge um novo plano deformado e o ângulo entre o plano original e o plano deformado é a distorção angular γ = deformação de cisalhamento. O nosso ângulo de deformação num ponto qualquer é dado por semelhança entre ele e o ângulo de torção:, já que os dois geram o mesmo arco BB' Pela relação de arcos com ângulos temos que: BB' = φ . ρ = γ . L Se tivermos um ponto que está na borda da seção, teremos que ρ = Raio da seção. Então teremos o maior distorção nessa situação. Podemos concluir que quanto mais próximo do raio o ponto estiver maior vai ser a distorção de cisalhamento. Como trabalhamos com estruturas elásticas, já conseguimos inferir que onde temos a maior deformação de cisalhamento será onde teremos a maior tensão de cisalhamento e então, onde estará o ponto crítico (no raio R). TENSÕES NO REGIME ELÁSTICO No regime elástico é valida a Lei de Hooke para o cisalhamento, então, sabemos que por definição a tensão de cisalhamento é dada pelo produto do módulo de elasticidade transversal (G) pela deformação de cisalhamento (γ). Com essa relação conseguimos substituir a tensão que temos em um ponto qualquer, que varia da origem ao R, para chegar na tensão máxima. Vemos então que a tensão máxima estará aplicada na borda do cilindro. Na situação vazada teremos além da tensão máxima, uma tensão mínima também. Como definimos anteriormente que o torque é a integral do produto de ρ pela tensão de cisalhamento em relação a área dA e, agora, que a tensão de cisalhamento é o quociente de ρ com o raio pela tensão máxima, conseguimos uma nova relação para o torque apresentada ao lado. Essa nova relação nos mostra que o momento polar de inércia está relacionado com a tensão desenvolvida. MÓDULO DE RESISTÊNCIA À TORÇÃO O módulo de resistência à torção (Wt) é a forma de expressar todas as propriedades geométricas em uma única variável universal, para o cálculo das tensões de torção. O módulo representa que, quanto maior for o seu valor, maior o torque que temos que aplicar para extrapolar a tensão máxima. Ou, por outro lado, se tivermos um módulo de resistência menor vamos atingir uma tensão máxima com um torque menor. CONDIÇÃO DE RESISTÊNCIA Temos que garantir que a tensão máxima seja menor ou igual à tensão admissível (conceituada como o quociente da tensão última de cisalhamento pelo coeficiente de segurança) REFERÊNCIAS DE ESTUDO: BEER, F. P., JOHNSTON, E. R., DEWOLF, J. T. e MAZUREK, D. F. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. Porto Alegre: McGrawHill, 2011. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7ª ed. São Paulo: Pearson, 2009.
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