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Matriz de Referência – D04 – DESCRITOR DESTE MATERIAL TÓPICO DESCRITOR I. Procedimentos de Leitura. D – 01 – Localizar informação explícita. D-03 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.. D-04 – Inferir uma informação implícita em um texto. D-06 – Identificar o tema de um texto. D-11 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato Inferir informação em texto verbal O descritor com o qual trabalharemos avalia a habilidade de o aluno inferir uma informação com base em ideias pressupostas ou subentendidas no texto. As ideias pressupostas são aquelas não expressas de maneira explícita, que decorrem logicamente do sentido de certas palavras ou expressões contidas na frase. As ideias subentendidas são insinuações, não marcadas linguisticamente, contidas numa frase. Essas inferências têm por base, sobretudo, o conhecimento de mundo do leitor que lhe permite ler as entrelinhas. Essa habilidade busca trabalhar com o conceito de informação implícita. É uma habilidade mais complexa, pois exige que o estudante perceba não somente o que é dito no texto, mas o “não dito”, as informações que se encontram na estrutura profunda dos gêneros. Para desenvolvê-la, o aluno precisa saber que o texto possui várias camadas de informações e que todas elas são indispensáveis para o seu entendimento global. Os itens que atendem a esse descritor apresentam um texto, no qual o aluno precisa buscar informações para além do que está escrito, mas que são autorizadas pelo texto. Ao realizar este movimento, o aluno estabelece relações entre o texto e o contexto dele (aluno). Zilberman (2009) afirma que o ato de ler se configura como uma relação privilegiada com o real, já que engloba tanto um convívio com a linguagem, quanto o exercício hermenêutico de interpretação dos significados ocultos que o texto suscita. Desse modo, à tarefa de deciframento, implanta-se outra: a de preenchimento, executada particularmente por cada leitor, imiscuindo suas vivências e imaginação. Portanto, o sentido de um texto não está apenas na superfície de sua estrutura, mas resulta de uma confluência de elementos que estão dentro e fora dele (ANTUNES, 2009, p. 202). Ainda segundo Antunes “O ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por trás das palavras simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença. Qualquer texto reforça ideias já sedimentadas ou propõe visões novas. ” (2003, p. 81). Para aprendermos esse descritor, seguiremos o roteiro abaixo. 1. Objetivos: Inferir uma informação com base em ideias pressupostas ou subentendidas no texto. 2. Conteúdos: Intertextualidade, Romantismo, Modernismo, Linguagem Denotativa e Conotativa. Pressupostos e subtendidos. 3. Gêneros Textuais Contemplados: Diversidade textual: poemas, textos informativos, contos, crônicas, trechos de obras literárias, dentre outros. 4. Metodologia: Leitura, interpretação e compreensão textual através de oficinas de criação; Dinâmica The Word Coffee; Rodízio de leitura; Atividades que envolvam o reconhecimento do descritor estudado; Resolução de questões. ATIVIDADE 1 Leia os textos 1 e 2 e depois discuta com seus colegas que atitudes podem ser percebidas por trás dos poemas de Oswald de Andrade e Casimiro de Abreu. Após a leitura, discuta, em seu grupo, como cada autor vê a infância, que pontos são diferentes e quais aspectos são considerados por eles. TEXTO 1: MEUS OITO ANOS Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! — Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é — lago sereno, O céu — um manto azulado, O mundo — um sonho dourado, A vida — um hino d'amor! Que aurora, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d'estrelas, A terra de aromas cheia As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjal TEXTO II MEUS OITO ANOS De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã! Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberta o peito, — Pés descalços, braços nus — Correndo pelas campinas A roda das cachoeiras, — Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis! Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo. Adormecia sorrindo E despertava a cantar! ................................ Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! — Que amor, que sonhos, que flores, — Naquelas tardes fagueiras A sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais! ABREU, Casimiro de. Poesias Completas. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1961. p. 63. Eu tinha doces visões Da cocaína da infância Nos banhos de astro-rei Do quintal de minha ânsia A cidade progredia Em roda de minha casa Que os anos não trazem mais Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjal" ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974 ATIVIDADE 2 O primeiro texto de Casimiro de Abreu foi escrito no século XIX, já o segundo texto, de Oswald de Andrade, foi escrito no século XX. As semelhanças entre os textos são evidentes, pois o assunto deles é o mesmo e há versos inteiros que se repetem. Portanto, o segundo texto cita o primeiro, estabelecendo com ele uma relação intertextual. O texto I, “Meus oito anos” é o mais famoso poema de Casimiro de Abreu. Sua simplicidade formal e emotiva tornou-o muito popular. Vários outros poetas, em diferentes épocas, retomaram esse texto, usando-o como ponto de partida para as suas próprias produções. Observe, porém, que o segundo texto tem uma visão diferente da apresentada pelo primeiro. Nesse tipo de relação estabelecida entre os textos, não há apenas intertextualidade, há uma relação mais abrangente, que envolve dois discursos poéticos distintos, duas formas diferentes de ver a infância. A esse tipo de relação entre os discursos chamamos de interdiscursividade. Para você reconhecer uma informação explícita e diferenciá-la de uma implícita, realize a atividade proposta a seguir. Para isso, selecione dois trechos dos poemas acima e preencha o quadro abaixo com o que se pede. ETAPA 2 Análise Textual e Sistematização dos Conteúdos As informações implícitas constituem o sentido de um texto. No processo de leitura, tais informações só podem ser recuperadas por meio da inferenciação, ou seja, através da identificação de sentidos possibilitados por deduções e conclusões que articulam as marcas linguísticas do texto com as características da situação de comunicação e com os diversos tipos de conhecimentos prévios do leitor. Ao ler, complementamos informações fornecidas pelos textos com outras informações de que dispomos ou que inferimos a partir do que foi dito pelo próprio texto. Nem sempre os textos trazem explícitos todos os elementos que participam da construção do sentido. O que não é dito expressamente também faz parte da construção de sentidos. E é isso que se intitula “inferência”, um procedimento de leitura, um tipo de implícito, uma compreensão textual a partir do que não é dito. Ao inferir,estamos “enxergando nas entrelinhas”. Podemos diferenciar implícito de explícito: implícito – não está manifestado claramente no texto; explícito – está claramente expresso no texto. Além do implícito, temos os pressupostos e os subentendidos. Ao inferir informações a partir de um texto verbal, o leitor está operando no nível interpretativo, construindo sentidos de acordo com o que o texto sugere ou dar a entender, pois a informação não está manifestadamente declarada. Trata-se, portanto, de uma informação que conseguimos captar, mas nem sempre está visivelmente apresentada, depende da nossa percepção, precisamos ir além da materialidade do texto e considerar as informações de maneira contextualizada. Implícito, subentendido é um conteúdo que está relacionado às capacidades do leitor, seus conhecimentos prévios, de mundo, percebendo as críticas inseridas nos textos. A incapacidade de compreender os implícitos deixa a compreensão do leitor restrita ao nível literal. De maneira clara, inferir significa realizar um raciocínio com base em informações já conhecidas, a fim de se chegar a informações novas, que não estejam explicitamente marcadas no texto. Com este descritor, pretende-se verificar se o leitor é capaz de inferir uma informação a partir de um texto que contempla a linguagem verbal. Alguns autores costumam classificar as inferências como locais ou globais. As locais seriam realizadas quando acontece uma lacuna de compreensão, provocada, por exemplo, pela presença de uma palavra cujo significado é desconhecido. Nesse caso, o leitor retoma o texto e procura pistas que permitam descobrir os sentidos. Já as globais são resultantes dos pressupostos e dos subentendidos, e são realizadas recuperando-se as marcas linguísticas do texto, a significação já elaborada, e articulando essas informações com os conhecimentos de mundo. Para realizar a inferência no texto, consideramos os aspectos já conhecidos. Assim, o que precisa ser recuperado para construir sentidos pode ser feito a partir das pistas dadas pelo próprio texto. Entretanto, para confrontar as pistas do texto com aspectos conhecidos da realidade é preciso realizar inferência, isto é, partir de algo ou alguma coisa já conhecida. No âmbito do verbal, essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno deve buscar informações que vão além do que está explícito, mas que, à medida que ele vá atribuindo sentido ao que está enunciado no texto, vá deduzindo o que lhe foi solicitado. Ao realizar esse movimento, são estabelecidas relações entre o texto e o seu contexto pessoal, por exemplo, solicitar que o aluno identifique o sentido da ação dos personagens ou que determinado fato desperte nos personagens, entre outras coisas (BRASIL, 2009). Vamos ver como isso acontece na prática? 1. O que lhe sugere o título do texto? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2. O texto 1 trata de qual assunto? E o 2? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------ 3. Que informações aparecem claramente nos dois textos? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------------- 4. Em suas entrelinhas, o que o eu-lírico quis dizer em cada um dos poemas estudados? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ----------------------- -------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------ ATIVIDADE 1. Pode-se inferir da leitura do poema de Casimiro de Abreu que para o eu-lírico a) a infância sempre parecerá aos olhos do indivíduo como pura e perfeita, porém logo percebe-se de que tudo é idealização. b) apenas a infância vivida no campo, no meio da natureza, pode ser considerada feliz e completa. c) as saudades que sentimos da infância revelam nosso grau de contentamento com essa fase da vida. d) o modo como vivemos na infância influenciará na maneira como iremos vivenciar nossa vida adulta. e) o presente revela-se triste e repleto de desilusões, contrastando com um passado feliz, cheio de realizações. ATIVIDADE 2. Nos versos “Oh! Que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais! ”, o eu-lírico expressa a) alegria com a certeza de que esse passado feliz terá consequências no presente. b) angústia diante de um passado inegavelmente idealizado. c) tristeza com a certeza de que apenas foi feliz no passado. d) saudosismo sentido, confirmando que esse passado não irá refletir-se no presente. e) sofrimento diante da oposição de um passado feliz e um futuro duvidoso. ATIVIDADE 3. A respeito dos referidos textos, pode-se deduzir que a) o texto 2 faz parte da terceira geração do Modernismo. Isso se nota porque, por meio da linguagem utilizada, dialoga com a proposta regionalista da referida geração. b) através do uso do verso “Sem nenhum laranjal”, filia-se à proposta do Manifesto da Poesia Pau- Brasil que valoriza o regionalismo. c) apesar da inovação proposta na linguagem artística, os poemas, como se pode observar, mantém o rigor formal adotado por movimentos literários que antecederam o Modernismo. d) o texto de Oswald intertextualiza com “Meus Oito Anos”, poema escrito pelo poeta romântico Casimiro de Abreu, exemplificando a perspectiva antropofágica que caracterizou a fase modernista da qual faz parte. e) o texto 1 mantém uma perspectiva saudosista em relação à infância e mesmo ufanista em relação ao local e, consequentemente, à pátria. Conhecendo um pouco dos autores. QUESTÕES COMENTADAS: 1. Leia o texto e responda à questão. Cinco minutos Assim ficamos muito tempo imóveis, ela, com a fronte apoiada sobre o meu peito, eu, sob a impressão triste de suas palavras. Por fim ergueu a cabeça; e, recobrando a sua serenidade, disse-me com um tom doce e melancólico: – Não pensas que melhor é esquecer do que amar assim? – Não! Amar, sentir-se amado é sempre [...] um grande consolo para a desgraça. O que é triste, o que é cruel, não é essa viuvez da alma separada de sua irmã, não; aí há um sentimento que vive, apesar da morte, apesar do tempo. É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um estranho por entre os prazeres que o cercam. – Que santo amor, meu Deus! Era assim que eu sonhava ser amada! ... – E me pedias que te esquecesse!... – Não! Não! Ama-me; quero que me ames ao menos... – Não me fugirás mais? – Não. [...] ALENCAR, José de. Cinco minutos. Rio de Janeiro: Aguilar, 1987.Fragmento. No trecho “É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um estranho por entre os prazeres que o cercam. ”, o homem demonstra estar a) confuso. b) consolado. c) deprimido. d) preocupado. e) revoltado. Comentário Neste descritor, o estudante deverá inferir uma informação implícita envolvendo elementos que não constam na superfície do texto. Assim, ele precisará construir essa ideia com base em pistas explícitas e implícitas e analisar, por exemplo, as ações dos personagens, o comportamento etc. Dessa forma, é necessário que o estudante consiga chegar a interpretações que estão além daquelas evidenciadas. Logo, no trecho “É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um estranho por entre os prazeres que o cercam” fica implícito que o homem está deprimido, o que leva o aluno a marcar como GABARITO A LETRA “C. 2. Considere o texto a seguir: Devemos muito à vaca. Mas há quem a veja como inimiga. A vaca, aqui referida como a parte pelo todo bovino, é acusada de contribuir para a degradação do ambiente e para o aquecimento global. Cientistas atribuem ao 1,4 bilhão de cabeças de gado existentes no mundo quase metade das emissões de metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Acusam-se as chifrudas de beber água demais e ocupar um espaço precioso para a agricultura. O truísmo inconveniente é que homem e vaca são unha e carne. [...]. Imaginar o mundo sem vacas é como desejar um planeta livre dos homens – uma ideia, aliás, vista com simpatia por ambientalistas menos esperançosos quanto à nossa espécie. “Alterar radicalmente o papel dos bovinos no nosso cotidiano, subtraindo-lhes a importância econômica, pode levá-los à extinção e colocar em jogo um recurso que está na base da construção da humanidade e, por que não, de seu futuro”, diz o veterinário José Fernando Garcia, da Universidade Estadual Paulista em Araçatuba. [...] A vaca tem um papel econômico crucial até onde é considerada animal sagrado. Na Índia, metade da energia doméstica vem da queima de esterco. O líder indiano Mahatma Gandhi (1869- 1948), que, como todo hindu, não comia carne bovina, escreveu: “A mãe vaca, depois de morta, é tão útil quanto viva”. Nos Estados Unidos, as bases da superpotência foram estabelecidas quando a conquista do Oeste foi dada por encerrada, em 1890, fazendo surgir nas Grandes Planícies americanas o maior rebanho bovino do mundo de então. “Esse estoque permitiu que a carne se tornasse, no século seguinte, uma fonte de proteína para as massas, principalmente na forma de hambúrguer”, escreveu Florian Werner. [...]. Comer um bom bife é uma aspiração natural e cultural. Ou seja, nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora. Revista Veja. p. 90-91, 17 jun. 2009. Fragmento. Pela leitura do texto é possível inferir que a) a agricultura é mais preciosa do que a pecuária. b) a dependência entre o homem e a vaca é real. c) a importância econômica da vaca é unanimidade. d) o ser humano gosta de comer um bom bife. e) os EUA hoje possuem o maior rebanho bovino. Comentário Para resolver essa questão, o aluno deve fazer a leitura do texto com base nas informações principais. A informação não está explicitamente marcada no texto, mas consegue se inferir ao ler o texto e associar as referências sobre essa relação de dependência. Todos os distratores apresentam ideias que podem ser inferidas do texto, porém esses servem apenas como argumentos construídos na linearidade textual para manter o raciocínio argumentativo do autor para a conclusão final “nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora”, resultando na conclusão que se pode inferir a total dependência do homem e a vaca é real. RESPOSTA: B. 3. Leia o texto para responder à questão. Afinal, o que as mulheres querem? No campo das aspirações femininas mais fundamentais, essa é uma pergunta facílima de responder. Por razões sociais, culturais e biológicas, a maioria absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro, casar-se, construir família e, por intermédio dos filhos, ver cumprido o imperativo tão profundamente entranhado em seu corpo e em sua psique ao longo de centenas de milhares de anos de história evolutiva. A diferença a que se assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para que isso aconteça. A formidável mudança que eclodiu e se consolidou ao longo do último século, com o processo de emancipação feminina, o acesso à educação e a conquista do controle reprodutivo, permitiu a um número crescente de mulheres adiar a “ programação” materno-familiar. As mulheres que dispõem de autonomia econômica e vida independente não são mais consideradas balzaquianas aos 30 anos – apenas 30 anos! -, encalhadas aos 35 e aos 40, reduzidas irremediavelmente à condição de solteironas, quando não agregadas de baixíssimo status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os sobrinhos nas grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado. Imaginem só chamar de titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais títulos universitários – e um corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o jeans de cintura baixa ou o biquíni nos intervalos dos compromissos de trabalho. Além de fora de moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto a esses avanços é que, quanto mais as mulheres prorrogam o casamento, mais se candidatam a uma vida inteira sem alcançá-lo. Bel Moherdani. Revista Veja. 29 novembro 2006 (Fragmento) Infere-se do texto que as mulheres a) aspiram ao casamento e querem ter muitos filhos. b) evitam o matrimônio para manter sua emancipação. c) tendem a adiar o casamento para avançar nos estudos e na vida profissional. d) apresentam preocupação em serem chamadas de balzaquianas por não casarem. e) continuam semelhantes às mesmas de antigamente, cuidando dos afazeres do lar. Comentário Este item avalia a habilidade de inferir informações implícitas no texto, ou seja, informações que não se encontram claramente na base textual, porém, podem ser percebidas pela construção de inferências do leitor em relação ao texto. Por meio de deduções, o aluno deve perceber que as ideias apresentadas nas linhas de 11 a 16 enfatizam que as mulheres estão menos preocupadas em casar-se e priorizam a vida profissional e os estudos. RESPOSTA C. QUESTÕES DISCURSIVAS 1. O texto que segue, a parte IV de "O navio negreiro", é a descrição do que se via no interior de um navio negreiro. 2. Era um sonho dantesco... O tombadilho, 3. Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. 4. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, 5. Horrendos a dançar... 6. Em ânsia e mágoa vãs. E ri-se a orquestra, irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Se o velho arqueja... se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais 7. Negras mulheres, suspendendo às tetas 8. Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: 9. Outras, moças... mas nuas, espantadas, 10. No turbilhão de espectros arrastadas, E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais! 11. e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece... Outro, que de martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra. E após, fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..." Qual num sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás O poema "O navio negreiro" tem uma finalidade política e social evidente: a erradicação da escravidão no Brasil. Emque trechos do poema se percebe claramente isso? Destaque. De que modo o poeta procura atingir o público e convencê-lo de suas ideias: com argumentos racionais ou com a exploração das emoções? Leia o poema abaixo. ACORDAR VIVER Como acordar sem sofrimento? Recomeçar sem horror? O sono transportou-me àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão. Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, a fábula inconclusa, suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje? Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento, qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente? E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora, algoz do inocente que não sou? Ninguém responde, a vida é pétrea. Carlos Drummond de Andrade “Acordar viver” nos mostra um sujeito lírico que estabelece que tipo de relação com a realidade? 12. Leia o texto. A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer a barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer. Não quero morrer, pois quero ver como será que deve ser envelhecer. Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer. Eu quero que o tapete voe no meio da sala de estar. Eu quero que a panela de pressão pressione e que a pia comece a pingar. Eu quero que a sirene soe e me faça levantar do sofá. Eu quero por Rita Pavone no ringtone do meu celular. Eu quero estar no meio do ciclone para poder aproveitar. E quando eu esquecer meu próprio nome que me chamem de velho gagá, pois ser eternamente adolescente nada é mais démodé. Com os ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer. Não sei porque essa gente vira a cara para o presente e esquece de aprender que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. Arnaldo Antunes Identifique o trecho que critica explicitamente aqueles que não querem envelhecer. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO DESAFIO: Estudo simulará aquecimento amazônico e suas consequências Para descobrir como animais e plantas vão se virar diante do desafio do aquecimento global, cientistas do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) vão recriar artificialmente o ambiente aquático amazônico num clima mais quente. A ideia é ter cenários baseados em três projeções do IPCC (painel do clima da ONU) para 2100, da mais branda à mais catastrófica. O projeto, diz seu coordenador, Adalberto Val, diretor do INPA, é inédito no mundo. “Muitos pesquisadores olham para os animais terrestres quando fazem projeções, mas se esquecem da vida aquática”, afirma o biólogo. No caso da Amazônia, há mais de 3.000 espécies de peixes conhecidas – boa parte delas endêmica (ou seja, só existem naquela região). O impacto do aquecimento sobre a vida aquática começa fora d’água. Com a redução das árvores em volta dos rios (elas podem morrer com o clima mais quente), a radiação solar que atinge o ambiente aquático aumenta. Além disso, os bichos tendem a nadar mais superficialmente para respirar diante da redução de oxigênio nas águas, que têm aumento de carbono e ficam mais ácidas com o aquecimento global. Mais expostos à luz solar, os peixes correm mais risco de sofrer mutações por causa da radiação, e isso pode prejudicar sua saúde. [...] A hipótese dos cientistas é que os truques para sobreviver ao aquecimento estão no DNA dos animais desde o período Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos, quando o clima era mais quente. Val também lembrou que, diante de condições climáticas adversas, os peixes tendem a migrar para outros ambientes. Em geral, os que ficam nas condições mais quentes tendem a ser os peixes ósseos. Os cartilaginosos (como as arraias) procuram outras águas, menos tépidas. Isso traz desequilíbrios ambientais, como disputa acirrada por alimentos. RIGUETTI, Sabine. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/943422. Acesso em: 24 ago. 2011. Fragmento. Pela leitura do texto, podemos inferir que o principal objetivo da pesquisa dos cientistas é a) descobrir as mutações sofridas pelos peixes que estão mais expostos à luz solar. b) descobrir o comportamento de animais e plantas com o aquecimento global. c) investigar as mais de três mil espécies de peixes endêmicos da Amazônia. d) recriar artificialmente o ambiente aquático amazônico em clima mais quente. e) reproduzir cenários baseados em três projeções do IPCC para 2100. BANCO DE QUESTÕES: 1. Leia o texto abaixo e responda à questão. Quando a linguagem culta é um fantasma. Antes de entrar-se no exame do problema do empobrecimento cada vez mais acentuado da linguagem dos jovens, é preciso estabelecer que em qualquer idioma há vários níveis de expressão e comunicação: popular, coloquial, culto, profissional, grupal, etc. As diferenças entre esses níveis são evidentes, por isso facilmente demarcáveis. Basta comparar, por exemplo, a chamada “fala dos magrinhos” com a de um deputado em sua tribuna. http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/943422 Assim, as dificuldades do jovem não estão, a rigor, na sua incapacidade de expressar-se. No seu grupo – e aí é que vive a maior parte de seu tempo – certamente ele não sente o menor embaraço para dizer o que quer e entender o que os amigos lhe falam. A comunicação se faz perfeição, sem quaisquer ruídos: “Sábado vou dar um chego lá na tua baia, tá? ” E a resposta vem logo, curta e precisa: “Falô! Vê se leva o Beto junto. Faz tempo que ele não pinta lá. Depois, a gente sai pra dar uma banda”. Esse é o nível de sua linguagem grupal. Um nível meio galhofeiro e rico de tons que ele domina galhardamente. Está como um peixe dentro de seu elemento natural. Movimenta-se com segurança e muito consciente de sua capacidade expressional. As dificuldades que experimenta – e que o fazem inseguro e frustrado – estão na aprendizagem da língua “ensinada” na escola. A língua culta representa para ele um obstáculo intransponível, uma coisa estranha que o assusta e deprime. E é fato compreensível. Para o jovem, habituado à fala grupal, à gíria, ao jargão de seus companheiros de idade e de interesses, a norma culta surge como um fantasma, um anacronismo com o qual não consegue estabelecer uma convivência amistosa. Se passa 23 horas e 10 minutos dizer “tu viu”, “eu vi ela”, “me alcança a caneta”, “as redação”, como irá, nos 50 minutos de aula de português, alterar todo o comportamento linguístico e aceitar sem relutância que o certo é “tu viste”, “eu a vi”, “alcança-me a caneta”, “as redações”? A força coercitiva da escola é pouca para opor-se avalanche que vem de fora. É, pensando bem, quase uma violência que se comete contra a espontaneidade da linguagem dos jovens, principalmente quando o professor não é suficientemente esclarecido para dar-lhes a informação tranquilizadora de que todos os níveis de linguagem são legítimos, desde que inseridos em contexto sociocultural próprio. Explicar-lhes, enfim, por que a escola trabalha preferencialmente com o nível linguístico da norma culta. Isso os tiraria da situação constrangedora em que se acham metidos e que se manifesta mais ou menos assim: “Não sei como é que eu não consigo aprender português! ” VIANA, Lourival. Quando a linguagem culta éum fantasma. Correio do Povo, 07/08/83 (adaptado) Pela leitura do texto, depreende-se que o autor a) alerta os jovens para a necessidade de aprenderem a norma culta da língua na escola. b) aponta as razões para o empobrecimento vocabular que caracteriza os jovens de hoje. c) critica o modo como os jovens falam entre si. d) defende a legitimidade da fala dos jovens como instrumento de comunicação utilizado em seu grupo. e) justifica a forma como a escola influencia a fala espontânea dos estudantes. 2. Leia o texto e responda à questão. A palavra Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito como não imaginar que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta. Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa. Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci. Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol..., mas o canário não cantava. Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven – o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro de ouro? Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças. Rubem Braga Acerca do texto acima, pode-se inferir que a) a semelhança da narrativa do autor, determinada palavra pode nos remeter ao passado e trazer momentos de alegria na vida. b) as nossas remotas esperanças precisam de um sorriso de princesa que vive num reino muito distante. c) as palavras têm, às vezes, o poder de nos irritar em qualquer etapa da vida. d) pessoas que não sabem viver em voz alta são hostis e cheias de mágoas, por isso uma frase espontânea não lhe faz bem algum. e) somente pessoas tristes é que despertam com melodias esquecidas dentro da alma de alguém. 3. Leia o texto. Nunca eu tivera querido Dizer palavra tão louca: bateu-me o vento na boca, e depois no teu ouvido. Levou somente a palavra, Deixou ficar o sentido. O sentido está guardado no rosto com que te miro, neste perdido suspiro que te segue alucinado, no meu sorriso suspenso Canção como um beijo malogrado. Nunca ninguém viu ninguém que o amor pusesse tão triste. ] Essa tristeza não viste, e eu sei que ela se vê bem... Só se aquele mesmo vento fechou teus olhos, também. Cecília Meireles. Poesias completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, p. 118. 22 Maria Depreende-se da leitura desse poema que a) a palavra não revela toda a força do sentimento que habita o eu lírico b) há uma tristeza nas palavras expressas pelo eu-lírico. c) o poema é uma declaração de amor à pessoa amada. d) o amor é idealizado por um beijo malogrado. e) versos como “neste perdido suspiro que te segue alucinado” revelam a dimensão literal das palavras no contexto do poema. 04. Leia o fragmento abaixo. O movimento migratório no Brasil é significativo, principalmente em função do volume de pessoas que saem de uma região com destino a outras regiões. Um desses movimentos ficou famoso nos anos 80, quando muitos nordestinos deixaram a região Nordeste em direção ao Sudeste do Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, este processo continuou crescente no período seguinte, os anos 90, com um acréscimo de 7,6% nas migrações deste mesmo fluxo. A Pesquisa de Padrão de Vida, feita pelo IBGE, em 1996, aponta que, entre os nordestinos que chegam ao Sudeste, 48,6% exercem trabalhos manuais não qualificados, 18,5% são trabalhadores manuais qualificados, enquanto 13,5%, embora não sejam trabalhadores manuais, se encontram em áreas que não exigem formação profissional. O mesmo estudo indica também que esses migrantes possuem, em média, condição de vida e nível educacional acima dos de seus conterrâneos e abaixo dos de cidadãos estáveis do Sudeste. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado). http://www.ibge.gov.br/ Com base nas informações contidas no texto, depreende-se que a) o processo migratório foi desencadeado por ações de governo para viabilizar a produção industrial no Sudeste. b) os governos estaduais do Sudeste priorizaram a qualificação da mão-de-obra migrante. c) o processo de migração para o Sudeste contribui para o fenômeno conhecido como inchaço urbano. d) As migrações para o sudeste desencadearam a valorização do trabalho manual, sobretudo na década de 80. e) a falta de especialização dos migrantes é positiva para os empregadores, pois significa maior versatilidade profissional. 5. Leia o texto e responda à questão. (Fonte Enem 2009) A energia geotérmica tem sua origem no núcleo derretido da Terra, onde as temperaturas atingem 4.000 ºC. Essa energia é primeiramente produzida pela decomposição de materiais radiativos dentro do planeta. Em fontes geotérmicas, a água, aprisionada em um reservatório subterrâneo, é aquecida pelas rochas ao redor e fica submetida a altas pressões, podendo atingir temperaturas de até 370 ºC sem entrar em ebulição. Ao ser liberada na superfície, à pressão ambiente, ela se vaporiza e se resfria, formando fontes ou gêiseres. O vapor de poços geotérmicos é separado da água e é utilizado no funcionamento de turbinas para gerar eletricidade. A água quente pode ser utilizada para aquecimento direto ou em usinas de dessalinização. Roger A. Hinrichs e Merlin Kleinbach. Energia e meio ambiente. Ed. ABDR (com adaptações). Depreende-se das informações acima que as usinas geotérmicas a) utilizam a mesma fonte primária de energia que as usinas nucleares, sendo, portanto, semelhantes os riscos decorrentes de ambas. b) funcionam com base na conversão de energia potencial gravitacional em energia térmica. c) podem aproveitar a energia química transformada em térmica no processo de dessalinização. d) assemelham-se às usinas nucleares no que diz respeito à conversão de energia térmica em cinética e, depois, em elétrica. e) transformam inicialmente a energia solar em energia cinética e, depois, em energia térmica. 6. Leia o texto abaixo e responda à questão. (Fonte Enem 2008) Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciaisque têm origem a) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular. b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros. c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares. d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados. e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares. 7. Leia o texto abaixo e responda à questão. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não início pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento). A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) dmite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. (Fonte Enem 2013) GABARITO 1 2 3 4 5 6 7 D A A C D A C