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PSICOMOTRICIDADE UNIVERSO

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x 
1 
PSICOMOTRICIDADE 
Professora Mestre Fabiana Albino 
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2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
 
http://www.universo.edu.br/
x 
3 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido 
segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas 
mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa 
modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos 
dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e 
gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável 
pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o 
momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
 
x 
4 
 
x 
5 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ..................................................................................10 
Plano da disciplina................................................................................................10 
Unidade 1 - Introdução ao estudo da Psicomotricidade como Área Científica....14 
Unidade 2 – O Desenvolvimento Psicomotor: da Ontogênese à Retrogênese.....39 
Unidade 3 – A Organização e Desenvolvimento dos Fatores Psicomotores.........67 
Unidade 4 – A Psicomotricidade Aplicada.........................................................100 
Unidade 5 – Os Transtornos e Déficits Psicomotores.........................................131 
Considerações finais...........................................................................................172 
Conhecendo o autor...........................................................................................173 
Referências........................................................................................................167 
Anexos ................................................................................................................. 
 
x 
6 
 
x 
7 
 
Apresentação da Disciplina 
Olá, Caro Aluno, 
É com imenso prazer que apresento o conteúdo deste livro-texto sobre 
Psicomotricidade e suas aplicações práticas. 
A Psicomotricidade como área de estudo uma ciência e seu objeto de 
estudo é o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao 
seu mundo interno e externo. A relação da Psicomotricidade se dá com o 
processo de maturação e o corpo é a origem das aquisições nos aspectos 
cognitivos, afetivos e orgânicos. 
A Psicomotricidade é sustentada por três subáreas de conhecimentos: o 
movimento, o intelecto e o afeto. O termo Psicomotricidade é empregado 
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das 
experiências vividas pelo sujeito, onde a ação é o resultado da sua 
individualidade, sua linguagem e seu processo de socialização. A 
Psicomotricidade pode ser uma estratégica ferramenta pedagógica aplicável 
à Educação Física. 
O objetivo deste livro-texto, composto por cinco unidades, é fornecer 
embasamento teórico-prático inerentes à Psicomotricidade de maneira didática a 
fim de contribuir para a sua formação, futuro profissional de educação física, 
ofertando fundamentos pedagógicos no processo ensino-aprendizagem. 
O conhecimento e a leitura são bases para o sucesso e espero que este livro-
texto o ajude não somente na construção do saber, mas também na formação das 
próprias reflexões e senso crítico. 
Bons estudo e excelente leitura! 
 
Prof.ª Mestre Fabiana Albino 
 
 
x 
8 
Importante! 
Digitar aqui um breve texto (mínimo de 20 e máximo de 30 
linhas), contendo o que será apresentado ao aluno ao longo da 
disciplina e tomando por base o Plano da Disciplina 
 
Neste livro-texto o objetivo é compreender e demonstrar os fundamentos 
pedagógicos práticos da Psicomotricidade. Desta forma abordaremos ao longo das 
unidades os seguintes temas 
Unidade 1: Introdução ao Estudo da Psicomotricidade como área de Estudo 
A unidade 1 apresenta análise da Psicomotricidade como área de estudo e sua 
organização; uma visão da Psicomotricidade como profissão e sua relação com a 
Educação Física. 
 
Unidade 2: O Desenvolvimento Psicomotor: da Ontogênese à Retrogênese 
 
Nessa unidade apresentamos a ontogênese do desenvolvimento, 
as fases do desenvolvimento nos seus principais aspectos e o refinamento 
da motricidade, passando pela educação até a reeducação psicomotora. 
 
Unidade 3: A Organização e Desenvolvimento dos Fatores Psicomotores 
 
Será apresentada análise e organização dos fatores psicomotores, 
por blocos funcionais, baseada na obra de Luria. 
 
Unidade 4: A Psicomotricidade Aplicada 
 
x 
9 
 
 
 
Essa unidade tem o objetivo de apresentar análise da aplicação da 
Psicomotricidade Institucional, Psicomotricidade Clínica, os Planejamentos e 
Programas Psicomotores. 
 
Unidade 5: Os Transtornos e os Déficits Psicomotores 
 
 Apresenta-se nessa unidade análise dos Distúrbios e Déficits 
Psicomotores,tipos, características e a relação com o Controle Motor. 
 Disciplina 
 
 
 
 
 
x 
10 
 
 
 
 
 
Caro Aluno, 
Esse livro-texto abordou os conteúdos que fundamentam as bases teóricas e 
práticas da Psicomotricidade como área de atuação e estratégia pedagógica 
possível de ser interdisciplinar em relação a Educação Física, pois o objetivo 
principal de todo esse trabalho é contribuir para a sua formação, futuro profissional 
de Educação Física, seja do bacharelado ou licenciatura, dando-lhe embasamento 
teórico-prático para auxiliar na sua atuação. 
Inicialmente foi descrito os conceitos, histórico básico e organização da 
Psicomotricidade como área de estudo, e posteriormente a Psicomotricidade 
aplicada até os déficits e transtornos psicomotores. 
Existem diversas propostas metodológicas e que constantemente estão sendo 
aprimoradas. Por isso a importância da atualização do referencial teórico, pois 
somente através do estudo, leitura, reflexão e questionamentos é que se pode 
desenvolver o senso crítico. 
Boa sorte nessa jornada e até a próxima! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
x 
11 
 
 
 
 
 Fabiana Albino 
. Mestre em Ciência da Motricidade Humana (UCB) 
. Especialista em Neurociência Aplicada à Educação (UCB) 
. Licenciada e Bacharel em Educação Física (UCB) 
. Pedagoga (FMB) 
. Apresentação de trabalhos em congressos nacionais e internacionais 
. Coordenadora Pedagógica do Instituto Brasileiro de Educação e Cultura 
 IBEC 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3539232810969170 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONHECENDO O AUTOR 
x 
12 
 Introdução ao Estudo 
da Psicomotricidade 
como Área Científica 
 
1 
x 
 
13 
 
Nesta unidade, faremos uma análise da Psicomotricidade como área de estudo, 
sua organização, breve histórico, linhas de pesquisa que permitiram sua 
aplicabilidade, visão da Psicomotricidade como profissão e sua relação com a 
Educação Física. A partir dessa primeira unidade poderemos entender o conceito e o 
objeto de estudo da disciplina Psicomotricidade. 
 
Objetivos da Unidade: 
 
- Analisar os conceitos da Psicomotricidade para facilitar seu entendimento 
como área de atuação. 
- Compreender a formação histórica e prática da Psicomotricidade na sua 
atuação profissional 
- Analisar as teorias de base, seus teóricos e métodos, para embasar a prática 
da Psicomotricidade. 
- Compreender a relação interdisciplinar entre a Psicomotricidade e a Educação 
Física nos programas aplicados 
 
Plano da Unidade: 
- Introdução ao estudo da Psicomotricidade como Área Científica – 
 
1.1 - Conceito; 
1.2 – Histórico e Habilitação Profissional 
1.3 – Teóricos, Métodos Relacionados e Teorias de base 
1.4 – A relação da Psicomotricidade com a Educação Física e a atuação do 
profissional 
 
Bons estudos! 
 
x 
 
14 
CONCEITO 
 
 
A Psicomotricidade é considerada uma ciência e seu objeto de 
estudo é o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao 
seu mundo interno e externo. A relação da Psicomotricidade se dá com o 
processo de maturação e o corpo é a origem das aquisições nos aspectos 
cognitivos, afetivos e orgânicos. 
A Psicomotricidade é sustentada por três subáreas de conhecimentos: o 
movimento, o intelecto e o afeto. O termo Psicomotricidade é empregado 
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das 
experiências vividas pelo sujeito, onde a ação é o resultado da sua 
individualidade, sua linguagem e seu processo de socialização 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2017). 
O conceito da Psicomotricidade com base no contexto psicossocial 
tem base na concepção unificada do indivíduo em sua interação cognitiva, 
sensório motora e psíquica, na compreensão das capacidades de ser e de 
expressar-se, partindo da referência do movimento. Ela se integra a partir 
dos conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais 
que utilizam o corpo como mediador. Em relação as linhas de atuação, a 
Psicomotricidade atua nas áreas: educativa, reeducativa, terapêutica, 
relacional e aquática (COSTA,2002). 
A Psicomotricidade utiliza as aquisições de numerosas ciências 
constituídas, são elas, biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguística. 
O que leva a ser definida como uma área transdisciplinar que estuda e 
investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o 
psiquismo e a motricidade. Essa área de estudo aponta uma visão holística 
do ser humano, integrando as funções cognitivas, sócio emocionais, 
 
 
x 
 
15 
simbólicas, psicolinguísticas e motoras, na intenção de promover a 
capacidade de ser e agir no contexto psicossocial. 
O principal conceito da Psicomotricidade perpassa a consciência 
corporal, da reflexão e da criatividade, além do pleno desenvolvimento 
afetivo, cognitivo e motor constituem alguns dos objetivos da 
psicomotricidade que, se alcançados, possibilitarão adultos sadios e felizes. 
Portanto, o trabalho psicomotor irá ajudar na estruturação da personalidade 
da criança, já que ela pode expressar melhor seus desejos, elaborar suas 
fantasias, desenvolver suas necessidades e trabalhar suas dificuldades. 
Esses novos conceitos definiriam a realidade de fenômeno da “consciência 
de si”, que se manifestaria como consciência de seu corpo e que permitiria 
a auto apreensão. 
Le Camus em 1986, descreveu as conclusões de Ajuriaguerra, 
afirmando os grandes eixos de psicomotricidade dos tempos modernos: 
coordenação estático-dinâmica e óculo-manual; organização espacial e 
temporal da gestualidade instrumental; estrutura do esquema corporal, 
afirmação da lateralidade e domínio tônico. Afirma também, que 
Ajuriaguerra procurou caracterizar distúrbios psicomotores de síndromes 
psicomotoras que não correspondem a uma lesão focal, com as que 
provocam as síndromes neurológicas clássicas, mas, sem, certas formas de 
debilidades psicomotoras, inibições psicomotoras, certas faltas de destreza 
de origem emocional ou devido à desordem da caraterização, dispraxias, 
distúrbios da fala e outras formas de desorganização. Assim, uma nova 
definição surge, colocando a Psicomotricidade como: “uma motricidade 
em relação”, o que no pensamento de Levin (1995) é onde se opera uma 
passagem no enfoque do olhar do psicomotricista, não mais voltado ao 
plano motor, mas direcionado a um corpo em movimento. 
A abordagem em tela com um enfoque “global” do corpo do 
indivíduo, estaria determinada por três dimensões: uma dimensão 
instrumental 
 
x 
 
16 
instrumental, uma dimensão cognitiva e a dimensão tônico emocional. Esse 
novo enfoque dado à relação, à afetividade e ao momento, possibilita uma 
reformulação na prática psicomotora: abandonam-se as técnicas 
reeducativas, abrindo-se espaço para a terapia psicomotora. Em 1995, o 
percurso da psicomotricidade é marcado profundamente pela teoria da 
psicanálise, sendo que Levin demarca uma fase fundamental na concepção 
teórico prática do campo psicomotor, situada num sujeito desejante com 
seu corpo. O psicomotricista leva em consideração não mais a relação 
empática, mas a relação transferencial, dando ênfase não mais à 
manifestação expressiva, mas simbólica, delineando-se, assim, o campo da 
clínica psicomotora (LEVIN, 2003) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
17 
 
 
HISTÓRICO E HABILIATAÇÃO 
PROFISSIONAL DA PSICOMOTRICIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Psicomotricidade como nome conceitual aparece, pela primeira 
vez, em 1870. O termo surgiu pela necessidade médica de encontrar uma 
área que explique os fenômenos clínicos que surgem com o 
desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia. Esses estudos da 
época constataram que pode haver diferentes disfunçõescerebrais, sem 
necessariamente, que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja 
x 
 
19 
localizada claramente. Essas descobertas foram chamadas distúrbios da 
atividade gestual, da atividade práxica, sem que anatomicamente estejam 
circunscritos a uma área ou parte do sistema nervoso. Alguns estudiosos 
dessa época perceberam que não tinha explicação até ali para as 
características patológicas. A origem, as pesquisas, ao campo psicomotor 
correspondem a um enfoque totalmente neurológico (LEVIN, 2003). 
Dupré em 1907, neurologista francês, a partir de estudos clínicos, 
definiu a síndrome da debilidade motora, composta de sincinesias 
(movimentos involuntários que acompanham uma ação), paratomias 
(incapacidade para relaxar voluntariamente uma musculatura) e inabilidades, 
sem que lhes sejam atribuídos danos ou lesão significativa cerebral. Suas 
conclusões mostravam conceitos diferentes das correspondências feitas, até 
então, entre a localização neurológica e perturbações motoras da infância. 
A partir daí formulou a noção de psicomotricidade através de uma linha 
filosófica neurológica, evidenciando o paralelismo psicomotor, ou seja, a 
asso 
 
associação entre o desenvolvimento da psicomotricidade, inteligência e 
afetividade (LEVIN, 2003). 
Wallon (1962), realizou um importante trabalho sobre os aspectos 
psicofisiológicos do desenvolvimento afetivo, a consciência corporal, a 
relação intrínseca do tônus e a emoção, chamando de diálogo tônico, 
assinalando que a atividade de relação e a atividade postural têm uma raiz 
comum. Seus estudos possibilitam construir, pela síntese de muitas 
correntes e teorias, uma técnica terapêutica nova, cujo objetivo era a 
reeducação das funções motoras. 
Segundo Fonseca (1988), Wallon forneceu observações definitivas 
acerca de desenvolvimento neurológico do recém-nascido e da evolução 
psicomotora da criança, resumindo o movimento é a única expressão e o 
primeiro instrumento do psiquismo, o movimento (ação), pensamento e 
x 
 
20 
linguagem são unidades inseparáveis. O movimento é o pensamento em 
ato, e o pensamento é o movimento sem ato. 
Os estudos que comparam essas ideias permitiu relacionar o 
movimento ao afeto, a emoção ao meio ambiente e aos hábitos da criança. 
O conhecimento, a consciência e o desenvolvimento geral da personalidade 
não podem ser isolados das emoções. 
A partir de estudos das obras de Wallon (1962) e Eduard Guilman 
(1983), inicia a prática psicomotora, que estabelece, por meio de diferentes 
técnicas provenientes da neuropsiquiatria infantil, a reeducação 
psicomotora, que são exercícios para reeducar a atividade tônica, a 
atividade de relação e controle motor. A aproximação prática entre a 
conduta psicomotora e o caráter da criança foi utilizado posteriormente, 
como modelo para diferentes reeducadores pedagógicos e psicomotores, 
como o trabalho dirigido a crianças que apresentavam déficit em seu 
funcionamento motor e não controlavam bem o próprio corpo, o que 
ocasionava uma série de problemas em seu meio social (LEVIN, 2003). 
 
 
Vários estudos após essa organização conceitual propiciaram uma melhor 
compreensão no desenvolvimento de criança, como Kofka, Kohler e os 
psicólogos da Gestalt, Schultz, Jacobson, Clapariede, Montessori, Piaget e 
Ajuriaguerra (OLIVEIRA, 2007). 
Outra influência que essas redefinições também sofreram foi a 
influência de conceitos psicanalíticos relativos ao campo de afetividade, 
destacando-se psicanalistas como S. Freud, M. Klein, J. Lacan, W. Reich, P. 
Schilder, F. Dolto, Samí Alí, D. Winnicott, Manoni, entre outros. Outros 
autores importantes nessas mudanças foram Ajuriaguerra e Datkine (1947 
apud FONSECA,1988), que provocaram uma mudança na história da 
psicomotricidade e redefiniram o conceito de debilidade motora 
considerando-a como uma síndrome de propriedades particulares. 
x 
 
21 
Ajuriaguerra (1947), em seu Manual de Psiquiatria Infantil, delimita 
com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e 
o psiquiátrico. É nesta oscilação que situa os transtornos propriamente 
psicomotores. Ainda nesta época outros autores, tais como J. Berges, R. Na 
década de 70, devido à influência dos trabalhos de Wallon, surgem os 
trabalhos na educação psicomotora, por Le Boulch, que desde 1966, em seu 
livro “A Educação pelo Movimento”, tinha como objetivo inicial 
sensibilizar os professores das séries iniciais, quanto ao problema da 
educação psicomotora na escola, pois era um contexto desfavorável à 
pedagogia da época, centrada na aquisição das habilidades escolares de 
base. Somaram-se a estes os trabalhos de L. Pick, P. Vayer, André Lapierre, 
Bernard Auconturier, Defontaine, J. C. Coste e outros que percebiam nesse 
momento a educação psicomotora como uma forma de ajudar a criança 
inadaptada a desenvolver suas potencialidades e ter acesso ao mundo 
escolar. 
Esses autores agregaram conhecimentos e soluções inspiradas na 
psicologia genética, que evidencia o desenvolvimento da criança e o 
conhecimento de si mesma e do mundo que a cerca através de sua ação. A 
partir destas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras 
disciplinas adquirindo sua própria especificidade e autonomia. 
De acordo com Levin (2003), as contribuições da psicanálise 
passam a integrar os interesses teóricos e metodológicos da 
psicomotricidade e em 1977, Samí Ali, lança uma proposta para articulações 
entre as teorias psicanalíticas e a psicomotricidade. Sendo assim a 
psicomotricidade incorpora em suas construções teóricas vários conceitos 
psicanalíticos, tais como inconsciente, transferência, imagem corporal, 
sublimação e outros, formando um esboço de uma teoria psicanalítica de 
psicomotricidade. 
No Brasil, a história da psicomotricidade vem acontecendo de 
maneira semelhante à história mundial. Os primeiros documentos registram 
seu nascimento na década de 50, quando Gruspun, psiquiatra da infância, e 
x 
 
22 
Lefévre, neurologista, enfatizaram o movimento para os processos 
terapêuticos da criança especial, caracterizando distúrbios 
psiconeurológicos. Gruspun (1956), mencionava atividades psicomotoras 
indicadas no tratamento de distúrbios de aprendizagem. 
Pelos registros pode-se considerar que a partir de 1968, foi 
realmente difundida a psicomotricidade no Brasil, através de cursos e 
cadeiras de psicomotricidade em universidades de diversos estados 
brasileiros. Inicialmente a psicomotricidade foi introduzida nas escolas 
especializadas como um recurso pedagógico que visava corrigir distúrbios e 
preencher lacunas de desenvolvimento das crianças com deficiência. A 
Educação Especial foi o elo de surgimento e ligação da psicomotricidade na 
Europa e no Brasil. Em abril de 1980 é fundada a Sociedade Brasileira de 
Psicomotricidade, se integrando a Sociedade Internacional de 
Psicomotricidade, que era sediada em Paris/França. Entidade de caráter 
científico cultural sem fins lucrativos, promovendo congressos, encontros 
 
 
científicos, cursos, entre outros. A evolução da Psicomotricidade Brasileira 
tem influência direta da França. Iniciou com a reeducação psicomotora, a 
educação, terapia e clínica psicomotora (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PSICOMOTRICIDADE, 2017). 
Na direção dos estudos do autoconhecimento André Lapierre 
(1988) e Francoise Desobeau (1976), tiveram influência no Brasil, com uma 
abordagem psicomotora relacional, que valorizava o movimento 
espontâneo e a parte fantasmática do mundo interno de cada indivíduo. 
Desobeau, dentro de uma abordagem relativamente nova e revolucionária, 
a partir de atividade espontânea, acompanha o indivíduo em suas 
explorações, que vão lhe permitir perceber o mundo e colocar-se nele, 
vivenciando diferentemente os vários níveis de desenvolvimento: sensório 
motor psicomotor e tônico emocional. 
x 
 
23 
O termo Motricidade de Relação definia,na década de 70, a 
psicomotricidade por diferentes autores. Começa então, a ser delimitada 
uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao 
despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do corpo de 
um sujeito vai dando progressivamente, maior importância à relação, à 
afetividade e ao emocional. Numa visão psicomotricista, a criança constitui 
sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações do 
outro sobre ela. 
Para entender o psicomotricista, podemos situar esse profissional 
como o profissional que compreende a gênese do psiquismo e dos 
elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. 
O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração 
somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do 
processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de 
disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, 
uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si 
 
 
cuja sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico. 
O profissional considerado Psicomotricista age na interface saúde, 
educação e cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o 
indivíduo na relação com o ambiente e processos de desenvolvimento, 
tendo por objetivo atuar nas dimensões do esquema e da imagem corporal 
em conformidade com o movimento, a afetividade e a cognição. 
 O posicionamento da Psicomotricidade como área de atuação 
encontra-se permeada pela interdisciplinaridade, com linhas de análise 
diferenciadas que se entrecruzam nas práticas existentes. Essa 
fundamentação da sua prática tem base nas concepções psicomotoras 
existentes e tendem a considerar que os determinantes biológicos e 
culturais da criança contribuem dialeticamente na construção do motor 
(corpo), da mente (emoção) e da inteligência. 
x 
 
24 
 Os primeiros trabalhos realizados em psicomotricidade tinham uma 
proposta reeducativa e um caráter terapêutico, já que se preocupavam em 
reabilitar funções psicomotoras que se encontravam prejudicadas. Esta ação 
tinha como alvo, sujeitos que apresentavam déficits motores e cognitivos. 
 As práticas em psicomotricidade se estabelecem não somente 
como uma reeducação psicomotora, mas também como educação 
psicomotora. 
Considerada Educação de Base, a Educação Psicomotora aplicava-
se de forma mais predominante na pré-escola, na atualidade podemos 
dizer que a Psicomotricidade Institucional está presente na escola até a 
adolescência. A Educação Psicomotora está intrinsecamente ligada à 
capacidade de aprender os conteúdos do período pré-escolar e após este 
até a pré-adolescência. Os fundamentos relacionados aos conteúdos 
trabalhados na Educação Psicomotora levam a criança a tomar consciência 
do seu corpo, da lateralidade, da sua situação e da situação de outros 
objetos no espaço, do domínio temporal, além de adquirir habilidades de 
coordenação de seus gestos e movimentos. 
No Brasil, a psicomotricidade foi norteada pela escola francesa. 
Durante as primeiras décadas do século XX, época da primeira Guerra 
Mundial, a escola francesa também influenciou mundialmente a psiquiatria 
infantil, a psicologia e a pedagogia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PSICOMOTRICIDADE, 2003). 
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2003), define a 
psicomotricidade e o emprego de seu termo como uma explicação 
neurocientífica que transforma o pensamento em ato motor harmônico. O 
indivíduo é visto na sua globalidade, e não num conjunto de suas 
inclinações. A Psicomotricidade é a sintonia fina que coordena e organiza as 
ações gerenciadas pelo cérebro e as manifestam em conhecimento e 
aprendizado. Psicomotricidade é a manifestação corporal do invisível de 
maneira visível. Também é considerada um termo empregado para uma 
concepção de movimento organizado e integrado, em função das 
x 
 
25 
experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua 
individualidade, sua linguagem e sua socialização. 
Ajuriaguerra (1960), conclui que a psicomotricidade se conceitua 
como ciência da Saúde e da Educação, pois ela é diferente das diversas 
outras escolas, como da psicológica, condutista, evolutista e genética, visa à 
representação e à expressão motora, através da utilização psíquica e mental 
do indivíduo. 
Fonseca (2001), afirma que se deve tentar evitar uma análise desse 
tipo para não cair no erro de enxergar dois componentes distintos: o 
psíquico e o motor, pois ambos se completam no complexo do 
desenvolvimento do indivíduo. A psicomotricidade para esse autor não é 
exclusiva de um novo método ou de uma “escola” ou de uma 
“corrente” de pensamento, nem constitui uma técnica, um processo, mas 
visa fins educativos pelo emprego do movimento humano. 
A definição da psicomotricidade como ciência apresenta o homem 
como objeto de estudo, engloba várias outras áreas, como educacional, 
pedagógicas e saúde. Leva em conta o aspecto comunicativo do ser 
humano, do corpo e da gestualidade. 
 
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade Instituiu como Áreas de 
Atuação: 
 
1) Educacional, Institucional e Clínica 
1.1) Eixos de atendimento Educacional: 
Ensino básico e ensino superior, incluindo educação especial e outras 
modalidades. 
1.2) Hospitalar: UTI, ambulatórios, enfermarias e brinquedotecas. 
1.3) Empresarial: Ergomotricidade 
1.4) Psicomotricidade aquática 
1.5) Terapia psicomotora: Saúde mental 
1.6) Gerontopsicomotricidade 
x 
 
26 
 
 Os programas de Psicomotricidade aplicados, a prática psicomotora 
se dá de forma Individual ou em grupo, da fase bebê à terceira idade, 
compreendendo as necessidades de adaptação sensoriais, sociais, 
comportamentais e de crescimento pessoal. 
 Na data de 03 de janeiro de 2019 foi aprovado a LEI Nº 13.794, DE 
3 DE JANEIRO DE 2019, que regulamenta a profissão de Psicomotricista. 
Regulamenta a atividade profissional de Psicomotricista e autoriza a criação 
dos Conselhos Federal e Regionais de Psicomotricidade. 
 
 
 
 
O documento apresenta a área Psicomotricidade como função 
motivar e estimular a capacidade sensitiva e perceptiva para ajudar as 
pessoas a descobrirem e expressar suas capacidades, criar segurança e 
consciência sobre seu espaço e o espaço dos outros. Atendendo a esses 
objetivos várias técnicas como brincadeiras e jogos. 
 Poderão exercer as atividades relacionadas a profissão, de acordo 
com o texto, sem prejuízo ao uso do recurso pelos demais profissionais de 
saúde de profissões regulamentadas, os profissionais registrados nos 
conselhos regionais de Psicomotricidade e os portadores de diploma de 
curso superior na área. 
 Após a promulgação da lei, em até quatro anos, também poderão se 
habilitar à profissão os portadores de diploma de curso de pós-graduação 
nas áreas de saúde ou de educação, desde que, em quaisquer dos casos, 
com especialização em Psicomotricidade. 
 Também está garantido o exercício da profissão àqueles que, até a 
data do início da vigência da lei, tenham comprovadamente exercido a 
atividade. Da mesma forma, poderão exercê-la os portadores de diploma 
x 
 
27 
em Psicomotricidade expedido por instituições de ensino superior 
estrangeira quando revalidado na forma da legislação em vigor. 
 
-Competências: 
Entre as competências do Psicomotricista destacam-se: 
• atuar nas áreas de educação, reeducação e terapia psicomotora, 
utilizando recursos para a prevenção e o desenvolvimento; 
• ministrar disciplinas específicas dos cursos de graduação e pós-
graduação na área; 
 
 
• atuar em treinamento institucional e em atividades de ensino e 
pesquisa; 
• prestar auditoria, consultoria e assessoria nesse campo; 
• gerenciar projetos de desenvolvimento de produtos e serviços 
relacionados à profissão; 
• elaborar informese pareceres técnico-científicos, estudos, trabalhos e 
pesquisas mercadológicas ou experimentais relativos à 
Psicomotricidade; 
• participar de planejamento, elaboração, programação, implementação, 
direção, coordenação, análise, organização, avaliação de atividades 
clínicas e parecer psicomotor em clínicas de reabilitação ou em serviços 
de assistência escolar. 
 A profissão é regulamentada em diversos países e surgiu em 1900 no 
âmbito de serviços de neuropsiquiatria infantil, com o nome de reeducação 
x 
 
28 
psicomotora. A psicomotricidade está presente em clínicas de reabilitação, 
consultórios, hospitais, maternidade, escolas especiais, associações, 
cooperativas, áreas públicas e demais locais que envolvam o 
desenvolvimento da motricidade e da psicomotricidade (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEÓRICOS, MÉTODOS RELACIONADOS E 
 TEORIAS DE BASE 
 
 
 
Wallon (2007), descreveu o desenvolvimento infantil sob um 
enfoque psicogenético, que enfatiza a gênese das funções psicológicas, 
considerando o desenvolvimento dos seus domínios afetivo, cognitivo e 
motor, procurando mostrar quais são, nos diferentes momentos do 
desenvolvimento, os vínculos entre cada um e suas implicações com o todo 
representado pela personalidade. 
 O enfoque da psicogenética é o estudo da pessoa em sua 
totalidade, considerando suas relações com o meio (contextuada) e em seus 
diversos domínios (integrados). Contrário ao procedimento de se privilegiar 
um único aspecto no desenvolvimento da criança, como uma construção 
x 
 
29 
progressiva resultante da interrelação indivíduo meio e que apreende o 
desenvolvimento através de estágios. 
 Wallon (2007), define o desenvolvimento da pessoa em campos 
funcionais. O movimento, a afetividade e a inteligência constituem a tríade 
que o autor toma como referência constante para buscar compreender a 
construção do Eu, da personalidade e do homem enquanto ser biológico e 
social. Um dos projetos do autor foi o estudo do homem em sua 
complexidade, em uma perspectiva multidimensional e integrada. As 
conclusões deste estudo descreveram a concepção do desenvolvimento 
não homogêneo e não linear, visão compatível com a dialética que permeia 
seu pensamento. Os estágios, em sua sucessão, aparentam oposição, ou 
alternância funcional dos polos afetivos emocionais e cognitivos, ora com a 
predominância de um, ora de outro campo funcional da atividade infantil. 
 
 
 
 
Trata-se de uma espécie de lei que rege o desenvolvimento, da infância à 
adolescência. 
A partir de observação de crianças em situação escolar e em 
situação hospitalar, assim como de adultos feridos na guerra, levaram-no a 
formular o desenvolvimento em etapas: vida intrauterina, nascimento 
(impulsiva emocional), tônico emocional, sensitivo motor, fase projetiva, 
personalística; escolar ou categorial e puberdade e adolescência. Ocorre 
uma alternância dos campos funcionais no decorrer dos estágios entre a 
afetividade e a cognição. A primeira especialmente implicada na construção 
do sujeito predomina nos estágios impulsivo emocional, tônico emocional, 
personalística e na puberdade e adolescência. Já a cognição especialmente 
implicada na construção do mundo apresenta-se predominantemente nos 
estágios sensitivo-motor e escolar ou categorial. Assim, nos estágios 
impulsivo-motor, tônico emocional, personalístico, puberdade e 
x 
 
30 
adolescência, o recurso predominante na relação com o meio é o afetivo-
emocional, e o vínculo estabelecido é com o outro. Nos estágios sensitivo 
motor e escolar ou categorial o recurso predominante na relação com o 
meio é a cognição, e o vínculo preferencial é com o mundo (BRÉTAS, 2000). 
Brétas (2000), descreve a Educação Psicomotora como uma área 
que deve visar, antes de tudo, às funções comunicativo afetivo sociais 
(motricidade de relação) dos movimentos de seus sujeitos, ou seja, 
privilegiar a interação educador educando e educando em nível psicomotor, 
através de gestos, atitudes e posturas que instauram um verdadeiro diálogo 
corporal apreendido nas formas sensório motoras e intuitivo emocionais. 
A primeira função do movimento apontada por Wallon (1941) em 
sua psicogenética no estágio tônico emocional é a de promotora do vínculo 
social. O autor vê na agitação e choro do bebê um recurso que mobiliza o 
 
 
adulto emocionalmente a fim de que as necessidades da criança sejam 
seguramente atendidas. Esse é um mecanismo bem primitivo do neonato, 
 
 
que, dada a imperícia inicial de sua motricidade, apela ao outro para 
garantir o elo e os cuidados necessários à sua sobrevivência. É no contato 
mãe bebê que se instala o diálogo tônico corporal. 
Wallon (1941), aponta que no período sensitivo-motor (1-2 anos) 
ocorre a orientação predominante da criança, do seu agir voltado para o 
mundo objetivo, que diz mais respeito ao mundo físico que ao meio social. 
Wallon reconhece, nesse período, a ocasião em que se integram os 
diferentes campos sensoriais, de extrema importância na tomada de 
consciência pela criança da noção do próprio corpo, assim como da 
percepção do mundo exterior. 
A Educação Psicomotora é um processo educativo que, por meio 
do corpo e do movimento do sujeito, tomados como ação psicomotora 
x 
 
31 
deste, dirige-se ao outro, às relações sócio afetivas, priorizando-as por meio 
da instauração do diálogo tônico corporal, do olhar, gestos e posturas, 
mímicas e imitações entre outros instrumentos próprios da 
psicomotricidade. 
A Educação Psicomotora com base na teoria Walloniana é um 
processo que acompanha e promove o desenvolvimento da criança em 
suas vicissitudes, centralizada em sua atividade e distribuída em campos 
funcionais: a motricidade, a cognição e a afetividade. A aplicação da 
Educação Psicomotora promove os recursos sociais, afetivos, linguísticos, 
culturais, físicos, espaciais, materiais e pedagógicos que permitem ao sujeito 
estabelecer uma interação rica com seu meio, mobilizando elementos para 
seu desenvolvimento a partir dos recursos que ela própria dispõe em 
determinado momento e respeitando suas necessidades e tendências, que 
podem estar orientadas mais para si e/ou mais para o mundo. A Educação 
Psicomotora atende ao princípio da alternância funcional do 
desenvolvimento. 
Luria, foi o autor que, a partir da descrição de um sistema dinâmico 
 
 
e funcional explicou a relação da Psicomotricidade com a Neurociência, 
conseguiu observar dialeticamente o movimento histórico das 
neurociências. O próximo movimento esperado seria a síntese. Por um lado, 
cada área do cérebro era descrita como responsável por uma função 
mental específica e, por outro, o cérebro em sua totalidade era tido como 
responsável por todas as funções, Luria (1974), propõe sinteticamente que 
os dois modelos, de certa forma, estavam certos e errados ao mesmo 
tempo. Cada área cerebral seria responsável, sim, por uma especificidade 
mas também estas áreas atuariam conjuntamente, na forma de um sistema 
dinâmico e integrado, utilizando todo o sistema nervoso. A partir dessas 
conclusões Luria lança a ideia de Sistema Funcional. 
x 
 
32 
Luria (1974), idealizou o Sistema Funcional aplicando-a ao Sistema 
Nervoso Central humano. com a revisão de três conceitos: função, 
localização e sintoma. 
A função cerebral, para Luria (1974), não pode ser entendida como 
a função de uma área em particular, assim como a função respiratória não é 
“propriedade” apenas do pulmão, mas de todo o sistema respiratório. O 
entendimento é como um sistema funcional completo e complexo, sem 
reduzir uma atividade cognitiva complexa a uma ou poucos agrupamentos 
neuronais específicos. Desta forma, a localização perde o sentido se estiver 
limitada a busca áreas específicas para funções específicas. O objetivo da 
localização paraLuria era determinar quais as regiões do cérebro estão 
trabalhando conjuntamente para construir uma atividade mental complexa 
e qual a contribuição de cada uma destas áreas ao sistema funcional 
completo. 
A ideia do sistema funcional é buscar a identificação do fator básico 
que está por trás do sintoma observado. O que causa o sintoma é mais 
importante que o sintoma em si. 
Na divisão hierárquica de Luria (1974), o Sistema Nervoso Central 
 
 
está estruturado numa forma vertical. Das estruturas, as inferiores, serviriam 
de base para as atividades das estruturas superiores. As estruturas 
superiores, dependem do funcionamento das estruturas inferiores. Mais 
acima na hierarquia, mais as estruturas seriam novas na filogênese e na 
ontogênese, mais seriam elaboradas e seria, mais frágeis. 
Nessa hierarquia ocorreu a divisão das três grandes unidades 
funcionais, sendo a primeira descrita como a responsável pela vigília e pelo 
tônus cortical; a segunda era a encarregada de receber, processar e 
armazenar as informações que chegavam do mundo externo e interno; e a 
terceira unidade funcional regula e verifica as estratégias comportamentais e 
a própria atividade mental. 
x 
 
33 
Le Boulch (1984), é um autor que contribuiu muito para a 
Psicomotricidade como a conhecemos, sua maior contribuição foi na 
Psicomotricidade Institucional. 
A prática da educação psicomotora deve iniciar desde a mais tenra 
idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis 
de corrigir quando já estruturadas. 
Uma ação educativa dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes 
corporais, beneficia a formação da imagem do corpo, essência da 
personalidade. A formação de base na 
educação psicomotora refere-se a uma formação imprescindível a toda 
criança. 
Vítor da Fonseca (1995), é o autor da Psicomotricidade atual. Sua 
obra específica na área da Psicomotricidade é embasada a partir dos 
estudos de Luria. Fonseca é responsável cl ínico, ao longo de 30 
anos, em vários centros de observação e reeducação 
psicoeducacionais, dedicados a crianças com atrasos de 
desenvolvimento e a crianças com as mais diversas dificuldades. 
Fonseca é o criador da Bateria Psicomotora (1995). A BPM é um 
 
 
conjunto de situações ou tarefas que buscam analisar de forma 
dinâmica o perfi l psicomotor da criança, procurando em 
concordância com a organização funcional do cérebro, proposta 
por A.R. Luria (1973). A bateria não nos fornece informações 
neurológicas e patológicas muito detalhadas, a bateria faz a 
análise com base na aproximação entre a Psicomotricidade e a 
Psiconeurologia, as relações entre o comportamento humano e 
as funções do sistema nervoso a análise Psiconeurológica. 
 
 
 
x 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM 
 A EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
Para Molinari e Sens (2002), a educação psicomotora é a educação 
do educando por meio de seu próprio corpo e do seu movimento, o 
indivíduo é considerado em sua totalidade. Contudo, quando o aluno 
realiza qualquer atividade utiliza o seu todo. Desta forma a Educação física e 
a psicomotricidade complementam-se. Segundo Rolim (2000 citado por 
x 
 
35 
GAVA e Col 2010), quando a Educação Física surgiu na Educação Infantil, 
tinha como intuito instrumentalizar o aspecto psicomotor dos alunos por 
meio de atividades que trabalhasse a área motora, que poderia 
proporcionar também um êxito maior na alfabetização das crianças e dando 
suporte às aprendizagens de cunho cognitivo. 
Molinari e Sens (2002), afirmam que a psicomotricidade na 
educação infantil em aulas de Educação Física, é abordada como forma 
preventiva, evitando diversos problemas na fase de alfabetização, como 
também a falta de concentração. Uma criança que tem seu esquema 
corporal mal formado não consegue empregar com êxito seus movimentos, 
como por exemplo, o ato de realizar a leitura sem ritmo, suas 6 habilidades 
manuais deficitárias e entre outros. Se caso sua lateralidade também não 
estiver bem desenvolvida e definida, por exemplo, a criança se depara com 
problemas no ato de ler, possuindo dificuldades por onde inicia-se a leitura 
e não sabendo também diferenciar seu lado dominante. 
A Psicomotricidade pode ser uma ferramenta, que introduzida, na 
Educação Física escolar, no Treinamento Esportivo ou na prática da 
Educação Física como atividade física, pode contribuir e completar os 
programas aplicados (DARIDO, 2003) 
A Educação Física atende aos objetivos com exigência no 
desenvolvimento motor do indivíduo. A Educação Física vai trabalhar com a 
Aprendizagem Motora. Para atender ao desenvolvimento motor do 
indivíduo em seus vários ciclos de vida, infância, adolescência, idade adulta 
e idade idosa, os programas de Educação Física, nas suas variadas vertentes 
de aplicação, vão trabalhar com as valências físicas e a base da organização 
do movimento humano, estabilização, locomoção e manipulação. As bases 
da Aprendizagem Motora apontam para um trabalho integrado nos 3 
aspectos do desenvolvimento humano, MOTOR, COGNITIVO e AFETIVO 
(MAGILL, 1995). 
A Psicomotricidade apresenta como base para a sua prática a 
integralidade do indivíduo em seus múltiplos aspectos desenvolvimentistas. 
x 
 
36 
Esse é o motivo da Psicomotricidade permear a Educação Física como um 
apoio. 
Os estudos da psicomotricidade avançaram muito e tem 
epistemologia própria. A aplicação da Psicomotricidade, em seus 
programas, tem base nas estruturas psicomotoras, Tonicidade, Equilibração, 
Lateralidade, Organização Espacial Temporal, Coordenação Motora Geral e 
a Coordenação Motora Fina. As estruturas Psicomotoras, como natureza já 
estimulam todos os aspectos desenvolvimentistas do indivíduo, quando 
introduzida na prática da Educação Física. 
A interdisciplinaridade da Educação Física escolar com a 
Psicomotricidade é direta, em termos de aplicabilidade, pois vai trabalhar 
com objetivos relacionados, e as relações com a aprendizagem no contexto 
escolar. 
. A Educação Física escolar garante as diversas possibilidades para 
trabalhar a formação integral do indivíduo por meio do movimento 
humano. 
 
 
 A psicomotricidade nas aulas de Educação Física pode auxiliar na 
aprendizagem escolar, contribuindo para um fenômeno cultural que 
consiste de ações psicomotoras exercidas sobre o ser humano de maneira a 
favorecer comportamentos e transformações (BARRETO, 2000). 
A interdisciplinaridade da Educação Física relacionada ao 
treinamento esportivo, segmento fitness e atividade física, vai ocorrer com a 
identificação e solução das diferenças individuais em atividade física, 
adequando-as ao contexto em que elas se desenrolam, ligado à promoção 
de estilos de vida ativos e saudáveis, com a finalidade de minimizar os 
problemas psicomotores que interferem no desenvolvimento pessoal do ser 
humano (MONTEIRO e PEREIRA, 2013). 
 
x 
 
37 
Nesta unidade vimos a trajetória da Psicomotricidade como história 
até chegar a sua aplicabilidade nos dias atuais, suas formas de aplicação e 
como pode ser interdisciplinar em relação a Educação Física. 
Na próxima unidade vamos analisar a ontogênese do 
desenvolvimento, as fases do desenvolvimento nos seus principais aspectos, 
o refinamento da motricidade, passando pela educação até a reeducação 
psicomotora. 
 
 
Bons estudos! 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
 
1) Sendo a psicomotricidade a ciência que tem como objeto de estudo o 
homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo 
interno e externo. Marque a alternativa que corresponde às três subáreas de 
conhecimento que sustentam a Psicomotricidade: 
 
a) O corpo, a mentee o comportamento 
b) Imagem corporal, esquema corporal e projeção corporal 
c) Educação Psicomotora, reeducação psicomotora e clínica psicomotora 
d) O movimento, o intelecto e o afeto 
e) O corpo, a motricidade e o afeto 
 
2) Wallon foi o autor que falou pela primeira vez sobre reeducação das 
funções motoras. A partir dessa premissa marque a alternativa correta: 
 
x 
 
38 
a) Wallon se baseou nos aspectos da psiquiatria para fundamentar o que 
chamou de equilíbrio e consciência psicomotora 
b) Wallon se baseou nos aspectos psicofisiológicos no seu mais importante 
trabalho sobre o desenvolvimento afetivo, o que chamou de diálogo tônico. 
 
 
 
c) Wallon se baseou nos estudos da consciência corporal no seu estudo 
mais importante sobre a relação tônus e emoção, o que chamou de função 
simbólica 
 
 
 
d) Wallon se baseou nos aspectos da psicologia relacional no seu estudo 
mais importante sobre o desenvolvimento da cognição, o que chamou de 
função tônica cognitiva 
e) Wallon se baseou nos aspectos da psiquiatria em seus estudos sobre o 
desenvolvimento emocional, o que chamou de terapia tônica 
 
3) A Psicomotricidade é uma área profissional e de atuação específica. 
Marque a opção que descreve a atuação do Psicomotricista: 
 
a) O Psicomotricista age na interrelação da saúde, educação e cultura, 
melhorando os processos de desenvolvimento. 
b) O Psicomotricista age na interrelação dos aspectos psicológicos e 
motores melhorando os processos de desenvolvimento 
c) O Psicomotricista age na interrelação das dimensões corporais e 
psiquiátricas melhorando os processos de desenvolvimento 
d) O Psicomotricista age na interrelação das dimensões afetivas e biológicas 
melhorando os processos de desenvolvimento 
x 
 
39 
e) O Psicomotricista age na interrelação das dimensões tônicas e 
estabilizadoras melhorando os processos de desenvolvimento 
 
4) André Lapierre teve grande influência nos estudos do autoconhecimento 
ao propor uma abordagem diferenciada. Marque a opção que descreve 
essa abordagem: 
 
a) Abordagem Comportamental, valoriza o movimento coordenativo 
b) Abordagem Tônico Emocional, valoriza o movimento segmentar 
c) Abordagem Sensório Perceptiva, valoriza o movimento voluntário 
 
 
d) Abordagem Cognitiva, valoriza o movimento globalizado 
e) Abordagem Psicomotora Relacional, valoriza o movimento espontâneo 
 
5) A Psicomotricidade em sua aplicabilidade desenvolvimentista apresenta 
as vertentes Educação e Reeducação psicomotora. Assinale a afirmativa que 
corresponde a Educação Psicomotora: 
 
a) Está ligada aos processos psicológicos entre a primeira infância e 
adolescência, seus fundamentos estão relacionados diretamente às fases do 
desenvolvimento psicológico 
b) Está ligada aos processos cognitivos na sua formação, durante a infância. 
Seus fundamentos estão relacionados as competências pré-operacionais 
c) Está ligada a aprendizagem entre a primeira infância e adolescência, seus 
fundamentos estão relacionados diretamente à tomada de consciência do 
seu corpo, da sua situação e do outro. 
 d) Está ligada aos processos afetivos na pré-adolescência e adolescência, 
seus fundamentos estão relacionados diretamente às competências 
emocionais. 
x 
 
40 
e) Está ligada a aprendizagem na primeira infância, seus fundamentos estão 
relacionados diretamente à tomada de consciência das estratégias 
cognitivas e perceptivas 
 
6) O autor Brétas coloca a Educação Psicomotora como uma área que 
referencia a motricidade de relação e o diálogo corporal. Marque a seguir a 
opção que caracteriza as formas desse diálogo: 
 
a) Pré-Operacional e Tônico emocional 
b) Sensório motoras e Intuitivo emocionais 
c) Percepto Motoras e Psicoafetivas 
 
d) Sensorial e Psicodinâmica 
e) Concreta e Intuitivo afetivo 
 
7) Tem um período da infância onde ocorre a orientação predominante e a 
formação do mundo objetivo. Marque a seguir a opção que descreve esse 
período: 
 
a) Período percepto-cognitivo 
 b) Período sensitivo – corpóreo 
c) Período proprioceptivo 
d) Período sensitivo-motor 
e) Período de planificação motora 
 
8) O desenvolvimento psíquico da criança complementa seus fatores de 
origem. Aponte esses fatores de origem: 
a) biológica e psicológica 
b) psicomotora e psicológica 
c) psicológica e social 
x 
 
41 
d) biológica e social 
e) neurofisiológica. 
9) Dentre os teóricos que contribuíram para a formação da área da 
Psicomotricidade Wallon é considerado um dos mais importantes por suas 
conclusões desenvolvimentistas. Disserte sobre as contribuições dos estudos 
de Wallon para a Psicomotricidade como área de atuação 
 
10) Disserte sobre a relação da Psicomotricidade e a Educação Física como 
áreas interdisciplinares e complementares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
42 
 
x 
 
43 
. 
 
 
 
 
 
x 
 
44 
 AS FASES MOTORAS DO 
 DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO 
 
 
 
A ontogênese como estudo da organização e a forma como ocorre 
o desenvolvimento, conclui que a cultura social é o processo para evolução 
cérebro/corpo – motricidade – psicomotricidade. O desenvolvimento ocorre 
por fases. O estudo das fases motoras mostram que o indivíduo vai 
passando pelas etapas motoras e amadurecimento da percepção e da 
cognição a partir do amadurecimento motor. O amadurecimento motor é a 
prévia da maturação perceptiva e cognitiva do indivíduo (FONSECA, 2010). 
A primeira fase psicomotora á considerada fase reflexiva, essa fase 
vai do nascimento até aproximadamente quatro meses. Essa fase representa 
a expressão dos movimentos involuntários que formam a base para as fases 
dos movimentos propriamente ditos (voluntários). Estão reações 
(sensações), são por exemplo, ao toque, à luz, ao som e a temperatura. 
Essas reações provocam atividade motora involuntária como forma de 
defesa a favor da sobrevivência. Essa fase é o início da maturação 
neuromotora do indivíduo que vai depender da estimulação do meio na 
passagem de uma fase para outra. 
A segunda fase é chamada fase dos movimentos rudimentares 
(Essa fase vai aproximadamente até os 2 anos). Essa fase representa as 
primeiras formas de movimentos voluntários. Esses movimentos são 
inerentes ao ser humano (naturais da espécie), como arrastar-se, 
engatinhar, levantar, andar, correr, pular, subir, agarrar, soltar, arremessar e 
apanhar. Esses movimentos caracterizam a base das ações motoras 
necessárias à sobrevivência da espécie: ESTABILIZAÇÃO; LOCOMOÇÃO e 
 
 
x 
 
45 
 
MANIPULAÇÃO. 
A fase a seguir denomina-se a dos movimentos fundamentais (fase 
entre 2 e 6 anos). Os movimentos fundamentais são a base das habilidades 
motoras fundamentais e consequentemente após esta, as habilidades 
motoras especializadas. Os movimentos fundamentais são aqueles que 
envolvem os elementos básicos da ação motora, inicialmente limitando-se a 
realização elementar de um movimento em particular e progressivamente 
evoluindo para os movimentos combinados e alternados em relação aos 
membros e articulações (DESENVOLVE-SE EM ESTÁGIOS SOBREPOSTOS: 
INICIAL, ELEMENTAR E MADURO). 
Os movimentos fundamentais são classificados como 
estabilizadores, locomotores e manipulativos. 
Os classificados estabilizadores, caracterizam-se movimentos 
fundamentais como base para todos os outros. A estabilidade envolve a 
capacidade de manutenção do equilíbrio na relação corpo / força da 
gravidade em ações estáticas ou dinâmicas. 
Exemplos de movimentos estabilizadores.: erguer a cabeça; sentar; 
rolamento; desvio; atividades que requerem equilíbrio; inclinar; esticar; virar; 
balançar; alcançar; erguer; empurrar e puxar. 
Os movimentos locomotores são movimentos que envolvem a 
projeção do corpo no espaço, alterando sua localização em relação a base 
fixa à superfície. A locomoção proporciona a projeção do corpo no espaço 
nos planos horizontal,vertical e diagonal. 
Exemplos.: arrastar-se; rastejar; engatinhar; caminhar; correr e saltar 
 
Os movimentos classificados manipulativos são refinados e 
dissociados em relação aos membros, caracteriza especificamente a 
manipulação em uma tarefa motora. Essa manipulação envolve a aplicação 
e controle da força, conhecimento próprio corporal (a diferença, por 
 
x 
 
46 
exemplo, entre a manipulação manual e pedal) e espacial (coordenação 
viso-motora / alvo - foco, direção e trajetória antecipada) e na relação 
corpo / ambiente / implemento. 
Exemplos.: segurar e largar um objeto; arremessar; receptar; rolar algo; 
apanhar; aparar; rebater; driblar; chutar e conduzir a bola. 
 
A fase mais refinada dessa evolução é a das habilidades motoras 
(fase entre 6 e 10 anos). Levando em consideração que a aprendizagem 
motora depende do nível do desenvolvimento motor, ou seja, da contínua 
alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado pela 
interação entre as necessidades das ações a desempenhar, do organismo 
biogenético e do ambiente, a evolução do movimento resulta na 
padronização das combinações entre os movimentos básicos, ou seja uma 
HABILIDADE. 
Na linha contínua entre as fases, a fase a seguir as habilidades é a 
de habilidade especializada. O amadurecimento das habilidades motoras 
especializadas ocorre em sua progressão com sucesso, a partir das 
condições internas (maturação física e neurológica) e condições externas 
ligadas a experiências das habilidades e aprendizado qualificado. Para 
chegar às habilidades especializadas o indivíduo passa por uma evolução 
perceptiva e cognitiva como pré-fases: 
 
- Estágio Transitório (aproximadamente entre 7 e 8 anos) – combinação e 
aplicação das habilidades motoras e cognitivas fundamentais ao 
desempenho de habilidades percepto cognitivas especializadas. 
 
- Estágio de Aplicação (aproximadamente entre 11 e 13 anos) – apresenta 
condição cognitiva avançada com aplicação de estratégias a partir de sua 
base de experiência para tomar decisões baseadas em análise perceptiva 
 
 
x 
 
47 
das tarefas solicitadas, da maturação própria do indivíduo e fatores 
ambientais. 
 
- Estágio de Utilização Permanente – utilização do repertório de habilidades 
e estratégias cognitivas adquiridas ao longo do desenvolvimento e 
solidificação de um estilo próprio na utilização de estratégias como 
respostas às solicitações do ambiente. 
 O desenvolvimento ocorre nos diferentes aspectos que envolvem o 
ser humano. Wallon (1981), concluiu que o desenvolvimento humano ocorre 
de fato quando os aspectos avançam concomitantemente. Paralelo às fases 
do desenvolvimento motor irá evoluir o desenvolvimento cognitivo. 
 Piaget (1952), descreveu as fases do desenvolvimento cognitivo em 
seus estudos. A teoria de Piaget explica o desenvolvimento cognitivo pelo 
processo de adaptação. A adaptação requer que o indivíduo faça ajustes às 
condições ambientais e intelectualize esses ajustes por processos 
complementares que Piaget chamou de acomodação e assimilação. 
A acomodação é a adaptação que a criança faz no ambiente 
quando informações novas são acrescentadas ao seu repertório de possíveis 
reações. 
A assimilação representa a interpretação de novas informações, 
baseadas nas interpretações presentes. É a retirada de informações do meio 
ambiente e sua incorporação às estruturas cognitivas já existentes no 
indivíduo. 
Piaget (1952), descreveu com estágios a evolução da cognição. As 
características das faixa etárias colocadas por Piaget são baseadas nos 
parâmetros de suas pesquisas com crianças da década de 30, para 
avaliarmos e analisar as características desses estágios com os parâmetros 
de evolução na década que estamos, precisamos levar em conta a evolução 
do desenvolvimento infantil até aqui. Isso não anula as características 
 
 
x 
 
48 
evolutivas de cada fase descrita por Piaget. 
. O primeiro estágio Piaget chamou de Estágio Sensório Motor, que 
vai do nascimento até os 2 anos de idade. Caracteriza-se pela avaliação 
sensória do comando ou necessidade e resposta motora. Nesse estágio o 
bebê sente e responde de forma motora. 
O estágio evolutivo a seguir ao sensório motor, Piaget (1952) 
chamou de fase cognitiva pré-operacional, que vai de 2 à 6 anos de idade. 
Esse estágio caracteriza-se pela manipulação dos símbolos, inclusive 
palavras; é a fase da imaginação infantil, do faz-de-conta. 
Como terceiro estágio Piaget chamou de estágio cognitivo 
operacional concreto, que vai dos 6 aos 12 anos. Caracteriza-se pela 
compreensão de regras lógicas básicas e pelas manifestações de opiniões 
próprias sobre determinados eventos de respostas cognitivas. 
O último estágio da evolução cognitiva, sob a perspectiva de Piaget 
(1952), é o estágio cognitivo operacional formal, ocorre dos 12 anos em 
diante. Caracteriza-se pelo uso de variadas operações e estratégias na 
solução de problemas e um nível superior de análise dos eventos, sob vários 
aspectos, estágio do entendimento e percepção abstrata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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49 
 
 
O DESENVOLVIMENTO AFETIVO EMOCIONAL 
 
 
 
 
Erikson (1965), descreve o desenvolvimento afetivo no início da 
infância como o período do desenvolvimento da base de confiança básica e 
desconfiança. O autor descreve que esse desenvolvimento é latente até os 
18 meses. 
A criança testa o tempo todo o quanto pode confiar nas pessoas e 
no mundo. A ocorrência é de equilíbrio entre confiança (permite formar 
relacionamentos íntimos) e desconfiança (permite a 
autoproteção/preservação). 
A necessidade protetiva nessa fase requer cuidado sensível, 
responsivo e regular como fundamental para o desenvolvimento da 
confiança. A necessidade se resume a uma base segura, pois o predomínio 
é da desconfiança mediante um mundo hostil e imprevisível (há dificuldade 
para formar relacionamentos íntimos). 
Aos 6 meses a relação mãe bebê ganha muita força. O 
relacionamento afetivo fica recíproco e estável entre duas pessoas cuja 
interação fortalece ainda mais sua ligação. Vai depender do temperamento 
do bebê e da qualidade do contato social proporcionada pela mãe e 
pessoas que vivem com o bebê. Erikson (1965) chamou esse momento de 
apego. Daí se forma relação de apego seguro ou confiança. Por exemplo, o 
bebê chora quando a mãe sai e se alegra quando ela retorna. É como se a 
mãe representasse a base segura para o bebê explorar o ambiente. 
Próximo aos 12 meses a criança experimenta e demonstra as suas 
 
 
 
x 
 
50 
emoções. Há uma emergência das emoções regulada pelo relógio biológico 
de maturação cerebral. As emoções vão evoluindo junto à essa maturação. 
Alegria, tristeza, surpresa, reserva, medo e raiva são exemplos. 
Após as experiências dessas e outras emoções, amadurecem as 
consideradas emoções de autoconsciência e daí empatia, aproximação e 
inibição. Após os 2 anos a criança passa pelo processo de autonomia, 
vergonha e dúvida. A partir dos 3 anos desenvolve o auto reconhecimento, 
autodescrição, auto avaliação e autorregulação. Entre 6 e 12 anos 
amadurece o autoconceito (ERIKSON, 1965) 
Piaget (1980), também defendeu o desenvolvimento psicológico 
como único em suas dimensões ativas e cognitivas, pois para ele durante 
toda a vida de um indivíduo existe uma equivalência entre as construções 
afetivas e cognitivas. O autor relacionou a psicologia afetiva da criança e o 
estudo da inteligência aos aspectos afetivos e intelectuais infantis ao 
julgamento moral, as reações rebeldes, a obediência e aos sentimentos de 
carinho e temor. 
A afetividade não se restringe somente as emoções e sentimentos, 
pois engloba também as tendências e as vontades da criança, ou seja, a 
afetividade assim como toda conduta visa a adaptação, pois o desequilíbrio 
reflete em uma impressão afetiva particular e a consciência de uma 
necessidade(PIAGET , 1980). 
Piaget (1980), defendeu que as noções de equilíbrio e desequilíbrio 
têm um significado essencial no ponto de vista afetivo e cognitivo, o que 
levou o autor a refletir sobre os processos de assimilação e acomodação 
afetivas. Tendo a assimilação o interesse principal no “eu” e a 
compreensão do objeto como tal, e a acomodação é o interesse relativo e o 
ajuste dos esquemas do pensamento aos objetos. Quanto a natureza, em 
tese, a afetividade e a inteligência são de naturezas distintas, ou seja, a 
energética da conduta vem da afetividade e as estruturas vêm das funções 
 
 
x 
 
51 
cognitivas, e assim o campo total junta ao mesmo tempo o sujeito, as 
relações e os objetos, todos sendo fundamentais para que ocorram as 
condutas e as interações entre sujeitos e objetos. O autor descreve o termo 
esquemas afetivos para designar as construções equivalentes sobre os 
sentimentos iniciais da criança, diretamente ligados as satisfações de suas 
necessidades. Aponta o conceito “força de vontade” como uma função 
reguladora exposta para a construção do pensamento lógico. 
Entre os 2 e os 12 anos, o indivíduo, sofre várias modificações no 
que diz respeito aos seus domínios de afetividade em conformidade com o 
desenvolvimento de sua cognição, ou seja, os valores, os sentimentos 
pessoais, interpessoais e as brincadeiras. 
Piaget (1980), afirmou que a formação e o enriquecimento afetivo 
da criança demonstra o quanto esse processo afetivo é continuo e inovador, 
onde a formação de sentimentos está diretamente ligada aos valores e 
evolução da sociedade, ou seja, os sentimentos interindividuais são 
construídos com a cooperação do outro e os intra individuais são 
elaborados com a ajuda do outro, sendo a troca intrapessoal. 
Oliveira (2008), define aspecto afetivo e social como a relação da 
criança com o adulto, com o ambiente físico e com outras crianças. Aqui 
são entendidos como todos os aspectos de socialização e desenvolvimento 
de traços de personalidade tais como organização, disciplina, 
responsabilidade, coragem e solidariedade. 
 A criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, 
em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma 
progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas 
possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. (MEUR e STAES, 
1989). 
 Oliveira (2008), destaca que a importância do aspecto afetivo é 
tamanha que é anterior a qualquer tipo de comportamento, assim pouco a 
 
x 
 
52 
 
pouco as crianças começam a se expressar através dos gestos que estão 
ligados a esfera afetiva e que são, portanto, o escape das emoções vividas. 
 O mundo de emoções dá origem ao mundo da representação. O 
movimento, como um elemento básico de reflexão humana, aparece depois 
como um fundamento sociocultural. 
 Durante o amadurecimento da criança até a pré-adolescência, 
deve-se considerar a influência dos motivos de ordem social como: desejo 
de aprovação social, de simpatia, de instinto gregário, e os motivos de 
ordem emocional, que são indispensáveis para a adaptação social. 
Essas experiências típicas com características da fase refletirá o adulto que 
será no futuro. Alguns estudiosos afirmam que todas as concepções que a 
criança tem sobre caráter, honestidade, solidariedade, condutas sociais são 
formadas até os três anos de idade pela sua convivência doméstica e social. 
É por isso que a família é importante e deve estar próxima para educar 
plenamente essa criança. 
 A forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua 
disposição ou sua indisposição nas relações com coisas ou pessoas. Esse 
aspecto psicológico, muito importante, ajuda-nos a identificar melhor certas 
perturbações devido a fatores afetivos. Esse processo chama também nossa 
atenção para a possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, 
tornando precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram 
gestos precisos e adequados. (MEUR e STAES, 1989). 
 As perturbações afetivas que causam atraso no desenvolvimento da 
criança, podem às vezes estar relacionado ao ambiente familiar. Suas causas 
quando investigadas a fundo por profissionais habilitados mostram 
certas crianças perturbadas com o desentendimento entre os pais ou ainda 
com a presença dos avós na família. Às vezes uma atitude muito exigente, 
muito perfeccionista cria na criança uma reação de oposição, de lentidão ou 
de rigidez. A família insiste muito sobre ‘o que não deve ser feito’ ou 
x 
 
53 
 
sobre as falhas da criança, esta reage por meio da falta de habilidade, pela 
timidez, pela falta de equilíbrio. Alguns pais desejam ter filhos fortes, que 
não chorem que não se deixem penetrar pelas emoções; nesse caso, por 
exemplo, as crianças podem reagir pelo exagero e pela rigidez. (MEUR e 
STAES,1989). 
 Não existe uma resposta padrão para esses questionamentos e 
apontamentos. O ideal é uma equipe de apoio (professores, pais, 
psicólogos, e outros profissionais). As condutas que a criança representa são 
os papéis sociais, imitando a criança se vê vivenciando a posição social do 
outro e isso a auxilia a elaborar algumas questões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
54 
 
 
EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
 
 
 
 
Quando analisamos a nós mesmos, somos um todo, um complexo EU 
(CORPOREU), porém vivemos dissociados, perdemos a relação harmoniosa 
que a natureza nos legou, dando à mente soberania absoluta sobre nossa 
vida e ao corpo o papel secundário. O corpo é um manancial de 
informações precisas e verdadeiras. Por meio dele, podemos tomar contato 
com os desequilíbrios instalados, amenizando-os, dissolvendo-os para um 
melhor viver. 
A linguagem está embutida de corpo, isso é o que o diferencia de ser 
puramente “corpo, portanto podemos dizer que somos sujeito com um 
corpo. Essa linguagem simbólica que se estrutura vai determinar um sujeito. 
O corpo humano, por assim sê-lo, constitui-se por efeito da linguagem, e 
são estes efeitos dados pelo Outro os que marcam o corpo de um sujeito 
desejante (LEVIN, 2003). 
A constituição do corpo em sujeito começa antes mesmo de a criança 
nascer, pela imaginação. Pelo desejo de um Outro que simboliza um corpo 
“feito”. Pela linguagem utilizada pelo outro esse corpo será apresentado 
à criança, ou seja, ele será “tatuado” como um “mapa” construído, 
puramente “coisa”, buracos, bordas, protuberâncias, faltas, que irá 
marcá-lo e transformá-lo num corpo erógeno e simbólico. 
Para reconhecer-se como corpo, é preciso que o outro também tenha 
x 
 
55 
 
um corpo. Quando o processo de maturação fisiológica e neuromotora, 
permite exercer o domínio real do seu próprio corpo e do seu 
funcionamento motor, este domínio é exercido dentro do que previamente 
foi constituído, transformado, no estágio especular. 
 Levin (2003), afirma que o estágio especular constitui-se a partir de um 
esquema corporal mental, isto é, na formação do EU, que irá se projetar na 
elaboração de imagens que ele faz de si, criando espaço entre o seu corpo 
e o do Outro. Nessa linha de reflexão, formam-se conceitos corporalistas 
como o esquema corporal que se diferencia da imagem corporal. O 
esquema é o que podemos chamar de “configuração topográfica”, 
espacial do corpo. É a representação que temos de nós mesmos; enquanto 
a imagem é constituinte do sujeito desejante, está relacionada com o 
percurso libidinal que o Outro esquematizou no corpo, portanto, 
inconsciente. 
O corpo humano é feito da linguagem, que cria um sujeito e com ele o 
seu corpo e a sua motricidade. Assim surgem as funções exercidas pelos 
psicomotricistas, que se ocupam do ato psicomotor, do movimento e do 
fazer afetados e mediados pela linguagem. Aqui um dos tipos de linguagem 
a que nos referimos é o olhar.A proposta da Psicomotricidade é que se 
faça um trabalho com o corpo, não para verificar a motricidade, mas para 
observar a psicomotridade, o que deseja esse sujeito, quais as suas queixas, 
ter consciência de que o corpo não é um amontoado de carne e osso, mas 
algo que precisa atingir o simbólico. 
A área aplicada da psicomotricidade se sustenta em diagnósticos do 
perfil psicomotriz e na prescrição de atividades para sanar possíveis 
descompassos do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-
se na repetição sequencial das atividades, que são estereótipos criados e 
classificados constituindo as famílias de atividades voltadas para os 
equilíbrios estáticos e dinâmicos a 
x 
 
56 
 
 
coordenação motora ocular, global e fina, de flexibilidade, agilidade e 
destreza. Dentro desse eixo da psicomotricidade, a educação psicomotriz é 
uma ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da reeducação 
psicomotora com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento 
da criança (LEVIN, 2003) 
Vayer e Picq (1975 citado por BUENO, 1998) explicam que, após a 
análise dos problemas encontrados, a psicomotricidade tem a finalidade de 
educar sistematicamente as diferentes condutas motoras, permitindo uma 
maior integração escolar e social. Os estudos e o desenvolvimento das 
sessões de psicomotricidade eram destinados a crianças que apresentavam 
problemas de aprendizagem, mais especificamente na leitura, na escrita e 
no cálculo matemático. Esse método se sustenta no discurso de que o 
desenvolvimento de certas habilidades motrizes permite a melhora do 
desempenho nas aprendizagens cognitivas. 
A reeducação psicomotora está contida em várias áreas profissionais: 
pedagogia, educação física, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia 
educacional, psicologia, arte-educadores, educadores, médicos da 
especialidade motora ou psíquica, dentre outros. Mas o importante para 
uma boa reeducação é a tranquilidade e o intercâmbio afetivo e presente 
do reeducador com o educando, condição básica para uma adequada 
reeducação. 
De Fontaine (1980), afirma que a reeducação embasa sua eficácia no 
fato de que se remonta as origens aos mecanismos de base que estão na 
origem da vida mental, controle gestual e do pensamento, controlando as 
reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação, atenção, justa preensão do 
tempo e espaço. O essencial na reeducação psicomotora é a qualidade do 
relacionamento corporal e da comunicação afetiva, de acordo com o ritmo 
do paciente e não do terapeuta; a tentativa de acelerar o ritmo de evolução 
x 
 
57 
 
 
pelo terapeuta bloquearia o processo. A reeducação psicomotora tem por 
objetivo estimular a criança a ter vontade de viver de agitar-se de entrar em 
contato com as pessoas e coisas. Essa reeducação é dirigida às crianças que 
sofrem perturbações instrumentais como: dificuldades ou atrasos 
psicomotores e dificuldades de aprendizagem escolares. O trabalho 
psicomotor beneficia a criança, no controle de sua motricidade. Utilizando 
maneira privilegiada a base rítmica associada a um trabalho, a uma técnica 
de controle tônico e de relaxação cautelosamente conduzido por 
profissionais especializados. Reeducação psicomotora é o método usado 
pelo terapeuta para trabalhar a psicomotricidade do indivíduo. A 
psicomotricidade consiste em fazer o indivíduo tomar consciência de suas 
possibilidades e de seus limites permitindo-lhe o reconhecimento de seu 
corpo e o desenvolvimento de suas potencialidades expressivas. Os 
exercícios usados para a reestruturação do esquema corporal reativam o 
próprio desenvolvimento dessas estruturas e acompanham as etapas da 
evolução da criança. As etapas aqui destacadas não têm qualquer caráter 
rígido imutável ou universal. São apenas pontos de referência (BUENO, 
1998). 
A reeducação psicomotora é muito ampla, praticamente é sempre 
aplicável, não oferecendo perigo, a não ser em alguns casos bem 
particulares e em técnicas muito especiais. Ela se dirige evidentemente a 
crianças ou adultos, mas também pode ser indicada como profilaxia sob 
forma educativa. Na maioria dos casos, ela se dirige as crianças e, sendo 
cada criança um caso particular. Cada pessoa tem sua personalidade 
própria e não possui nem as mesmas possibilidades instrumentais, 
neurofisiológicas, nem os mesmos problemas afetivos, nem o mesmo 
potencial evolutivo, nem mesmo ambiente familiar ou social. Ela deverá se 
adaptar a cada um. Têm como finalidade organizar e criar traços que 
 
x 
 
58 
 
 
persistiram, procurando não destruir, se possíveis, as capacidades de outras 
organizações, respeitando assim, a originalidade e a criatividade de cada 
indivíduo. 
A reeducação psicomotora é importante principalmente por seu valor 
de relacionamento, e às vezes, é indicada, simplesmente por razões de 
comportamentos inadequados, afetivos ou da personalidade, sem nenhuma 
deficiência psicomotora, considerando que esse tipo de relacionamento é o 
melhor para certas crianças. Esse tipo de raciocínio ilustra em parte a 
evolução das ideias a respeito das indicações para reeducação 
psicomotora.. 
 A terapia da reeducação psicomotora é destinada a crianças que 
apresentam dificuldades de comunicação, de expressão corporal e de 
vivência simbólica (NEGRINE, 2002). 
A terapia da reeducação psicomotora utiliza várias contribuições, 
da teoria psicanalítica, onde inúmeros conceitos são utilizados, como o 
inconsciente, transferência e imagem corporal. Agora os psicomotricistas 
estão mais atentos à vida emotiva de seus pacientes, dando importância à 
emoção, à expressão e à afetividade, considerando o corpo, a motricidade e 
a emocionalidade como uma globalidade e uma totalidade em si mesmas 
(LEVIN, 1995, p. 41). A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de 
forma individualizada ou grupal. A relação que o terapeuta estabelece com 
a criança é de sintonia, escuta, empatia e o seu corpo é o depósito das 
emoções da criança, o tempo da sessão é de acordo com a disponibilidade 
da criança e vice-versa (AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1977). 
O brincar compreende uma variedade de movimentos, condutas, 
consentimentos dos parceiros e fantasias que envolvem a criança no seu 
mundo de "faz-de-conta", ao mesmo tempo tão real (LARA, PIMENTEL e 
RIBEIRO, 2008). 
O brincar deve incitar e favorecer o movimento, a cognição, 
x 
 
59 
 
 
aprendizagem das regras e a criação. A oferta de estímulos adequados 
pode auxiliar nesse processo, mostrando para a criança que o mundo não 
está pronto e que pode ser alterado. É a atividade predominante na 
infância e vem sendo explorado no campo científico, com o intuito de 
caracterizar as suas peculiaridades, identificar as suas relações com o 
desenvolvimento e com a saúde e, entre outros objetivos, intervir nos 
processos de educação e de aprendizagem das crianças. 
As crianças têm diversas razões para brincar e uma destas razões é 
o prazer que podem usufruir enquanto brincam. Além do prazer, as 
crianças também podem, pela brincadeira, exprimir a agressividade, 
dominar a angústia, aumentar as experiências e estabelecer contatos sociais 
(DOHME, 2002). 
E mais, proporciona a exteriorização de medos e angústias e atua 
como uma válvula de escape para as emoções. Os aspectos simbólicos de 
sociabilidade, linguagem e cognição também são estimulados na 
brincadeira. No que se refere ao brincar, afirmam que o brinquedo 
possibilita o desenvolvimento infantil em todas as dimensões, o que inclui a 
atividade física, a estimulação intelectual e a socialização. O brincar pode 
ser visto primeiramente como produção cultural predominantemente 
imaginária, dotada de significado, seu valor torna-se incontestável na 
educação informal. A brincadeira pode ser entendida como ação lúdica com 
predominância de imaginação em constante interrelação com o jogo, 
prevalecendo a organização da atividade

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