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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DE FAMÍLIA DO FORO DA COMARCA DE GUAIAQUI...XX
ANTÔNIO PEDRO, nacionalidade, viúvo, profissão, portador do documento de identidade RG. nº... e inscrito no CPF sob o nº..., tendo como endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na rua..., nº ..., bairro ..., Cidade Daluz, Comarca de Guaiaqui, Estado..., CEP ..., por meio de seu advogado que esta subscreve [procuração em anexo], com endereço profissional à Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade ..., CEP ..., vem, respeitosamente perante Vossa Excelência propor;
AÇÃO DE ALIMENTOS CUMULADA COM ALIMENTOS PROVISÓRIOS
	Em face de ARLINDO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do documento de identidade RG. nº... e inscrito no CPF sob o nº..., tendo como endereço eletrônico ..., domiciliado e residente na rua..., nº ..., bairro ..., Cidade Italquise ..., Comarca de Medeiros, CEP ..., pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
1 – DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
	Conforme dispõe o art. 71, presente no Estatuto do Idoso, e no art. 1.048 do Código de Processo Civil, é assegurada a prioridade na tramitação dos processos e procedimentos em que figure como parte uma pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. Conforme documentos pessoais do Requerente anexados à inicial, este conta hoje com 72 anos de idade, fazendo, por isso, jus ao benefício da prioridade na tramitação.
2 – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
	Solicita assistência judiciária gratuita, pois o Requerente declara não possuir, no momento, condições financeiras para arcar com as despesas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo do seu próprio sustento, mesmo porque depende de outras pessoas para sobreviver. Desta feita, requer o consentimento dos benefícios da Justiça Gratuita, em sua totalidade, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil.
3 – DOS FATOS
	O Requerente, hoje viúvo, fora casado por mais de 40 anos com Lourdes, onde tiveram apenas um filho, que se apresenta na referida ação como o Requerido, senhor Arlindo, empresário proprietário de rede de hotelaria.
	Ocorre que, com o falecimento da esposa Lourdes, acometido de imensa tristeza o Requerente deixou de trabalhar e por este motivo, começou a passar por necessidades financeiras, sendo que atualmente vem contando com ajuda de alguns vizinhos e de parentes, como a sua sobrinha-neta Marieta. 
	Ciente dos direitos garantidos constitucionalmente em razão de sua idade avançada além de extrema necessidade, não restou ao Requerente, alternativa, senão buscar amparo judicial para ver atendidas suas solicitações.
4 - DO DIREITO
	O Requerente, não conseguiu se estabelecer financeiramente ao longo da vida e já com idade avançada e após falecimento da esposa, não teve mais condições de trabalhar para manter seu próprio sustento. A obrigação de prestar alimentos repousa no princípio da solidariedade existente entre os membros de uma família. Necessita então, que o Requerido o ampare financeiramente. Sendo que este, dono de rede de hotéis, demonstra total capacidade financeira para amparar o Requerente.
	Dessa forma, preceitua a Constituição Federal de 1988, artigos 229e 230:
Art. 229 [...] os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família tem o dever de amparar as pessoas idosas, defendendo a sua dignidade e garantindo-lhes o direito à vida.
	No mesmo sentido, o vigente Código Civil dispõe o seguinte os seus artigos:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença [...].
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos [...].
	Segundo o entendimento de Rolf Madaleno:
Os alimentos estão relacionados com o sagrado direito à vida e representam um dever de subsistência que os parentes têm, uns em relação aos outros, para suprir necessidades decorrentes de deficiência etária; incapacidade laborativa; enfermidade grave e outras adversidades da vida.(...). ¹
	A lei 5.478/1968 de alimentos ampara o pedido do Requerente em seu artigo 2º:
Art. 2º O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe.
	Não bastasse tais dispositivos de lei para garantir ao requerente a concessão do presente pleito, a Lei 10.741/2003 em seus artigos 11º e 12º, dispõe:
Art. 11º. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.
Art. 12º. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
	Também dispondo, neste sentido, o “Estatuto do Idoso” Lei nº 10.741/2003:
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
	Podendo, inclusive, incorrer em crime contra a assistência familiar, previsto no artigo 244 do Código Penal Brasileiro:
Art.244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários (...). (Grifei)
__________________
	A jurisprudência caminha para validar essa mesma tese, de acordo com a ementa descrita:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. PAI IDOSO. ALIMENTOS ENTRE ASCENDENTE E DESCENDENTE HIPOSSUFICIÊNCIA.COMPROVAÇÃO. MEDIDA DE PROTEÇÃO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O art. 1.694 e seguintes do Código Civil impõe o dever de prestar alimentos por força do parentesco. Da mesma forma, o Estatuto do Idoso atribui aos filhos a responsabilidade alimentar com os pais idosos. Com efeito, os alimentos abrangem as prestações que atendem as necessidades básicas do indivíduo, tais quais habitação, alimentação, vestuário, tratamento médico e lazer. Sobrepese-se, assim, que a fixação da pensão alimentícia deve-se levar em conta a necessidade de quem pleiteia os alimentos e a possibilidade do alimentante. 2. In casu, restando incontroversa a necessidade e indemonstrada a impossibilidade da descendente/recorrente de prestar amparo alimentar ao pai idoso, devem ser mantidos os alimentos provisórios no patamar fixado, pois afeiçoado ao binômio legal. Por outro lado, os elementos preliminares dos autos mostram renda suficiente da alimentante, e potencial viabilidade de custeio dos valores fixados em prol do genitor, sem prejuízo ao sustento próprio e do respectivo núcleo familiar. (Classe: Agravo de Instrumento, Número do Processo: 0006095-41.2017.8.05.0000, Relator (a): Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 18/06/2018) (TJ-BA - AI: 00060954120178050000, Relator: Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 18/06/2018)
	Da mesma forma, a ementa do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul descreve:
ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DA FILHA EM RELAÇÃO À GENITORA. CABIMENTO. READEQUAÇÃO. 1. Em razão do dever de solidariedade familiar, é recíproca a obrigação entre pais e filhos de prestarem alimentos, uns para os outros, em caso de necessidade, para que possam viver de modo compatível com sua própria condição social, ex vi dos art. 1.694 e 1.696 do CCB. 2. Embora exista o dever de solidariedade dos filhos maiores em relação aos pais idosos, os alimentantes não podem sofrer desfalque que os impeçam de manter o própriosustento e da prole. 3. Justifica-se a redução no valor dos alimentos quando o valor fixado compromete quase 20% dos ganhos líquidos da alimentante, que possui três filhos para sustentar. 4. Os alimentos devem ser fixados de forma a auxiliar no atendimento das necessidades da alimentada, mas sem sobrecarregar a alimentante. Recurso provido em parte.
(TJ-RS - AC: XXXXX RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 30/07/2020, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: 08/09/2020)
	Essa solidariedade alimentar imposta por lei, sujeita a parentes, nesse caso, descendentes, a suprir necessidades do outro conforme os seus recursos, em razão do vínculo parental entre eles. Ademais, resta comprovado o vínculo parental.
	No caso presente, tal pedido encontra guarida, devido impossibilidade de o Requerente prover seu próprio sustento em razão da extrema tristeza ocasionada pela morte se sua esposa, e que veio a ocasionar a interrupção de seus afazeres profissionais.
	Ademais, o Requerido, possui totais condições de arcar com tal responsabilidade, uma vez que é empresário bem sucedido do ramo hoteleiro, possuindo ampla capacidade de prover o sustento de seu pai sem prejuízo próprio.
5 - DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
	Os alimentos provisórios deverão ser fixados para a manutenção do alimentando durante o curso do processo. Sendo estes alimentos naturais, estritamente necessários para a sobrevivência, isto é, essenciais para a vida como: alimentação, vestuário, habitação e saúde.
	A fixação da verba alimentar deve respeitar a proporcionalidade entre as necessidades de quem reclama o sustento e as possibilidades de quem vai arcar com a obrigação de modo a atender às necessidades do alimentando sem onerar demasiadamente o alimentante, consoante artigo 1.694, § 1º, do Código Civil :
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 
	Neste sentido, revela-se de suma importância atentar para os dizeres do artigo 4º da Lei 5.478/1968. 
6 - DOS PEDIDOS
	Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:
1) A prioridade na tramitação, conforme art. 71 da Lei nº 10.741/2003;
2) A concessão imediata de alimentos provisórios, com o fim de determinar ao Requerido que pague (...);
3) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do CPC/2015;
4) A realização de audiência para conciliação e mediação;
5) Citação do Requerido; 
6) Intimação do Ministério Público, para que atue no feito, conforme nos termos dos artigos 75 e 77 do “Estatuto do Idoso”;
7) Que seja julgado procedente o pedido para condenar o Requerido ao pagamento dos alimentos definitivos conforme determina a legislação vigente;
8) Condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no montante de ...% sobre o valor da causa;
9) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local/data
xxxxxxxxxxxxxxx
OAB/RS
¹ MADALENO, Rolf. Direito de família, aspectos polêmicos. 2 ed. ver. Atual. Porto Alegre: Livraria 
do Advogado, 1999.p.47.