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19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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SISTEMAS	CORPORAIS
UNIDADE 2 - FISIOLOGIA DOS SISTEMAS
CIRCULATO� RIO E RESPIRATO� RIO E SUAS
PRINCIPAIS PATOLOGIAS
Autoria: Ana Paula Felizatti - Revisão técnica: Marcelo Morganti Sant’Anna
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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Introdução
Nós somos formados pela associação de diversos sistemas que regulam o funcionamento vital do organismo,
de modo integrado e complexo. Por exemplo, atente-se rapidamente ao seu corpo: você percebe sua respiração
e os batimentos de seu coração? Essas ações são involuntárias e controladas por dois sistemas muito
importantes: o circulatório e o respiratório. No entanto, você sabe quais órgãos compõem cada um desses
sistemas?
O sistema circulatório tem o coração em seu funcionamento central, ao passo que o respiratório possui os
pulmões. De modo geral, o sistema circulatório permite que o sangue circule no organismo por uma rede de
vasos, levando nutrientes e oxigênio necessários aos órgãos e tecidos. Por sua vez, o sistema respiratório
permite que as trocas gasosas vitais ao organismo sejam realizadas.
Dessa forma, temos que moléculas, células, tecidos e outros órgãos estão relacionados ao correto
funcionamento desses sistemas, permitindo regulação e coordenação. Porém, o que será que ocorre quando
há um desequilı́brio na �isiologia desses processos? Será que esses distúrbios podem ser de causas genéticas,
pré-disposições, lesões ou traumas mecânicos?
Assim, nesta unidade, veremos os principais conceitos a respeito da funcionalidade e das particularidades
dos sistemas circulatório e respiratório, bem como suas subdivisões, além das bases �isiológicas e
etiológicas das principais patologias associadas a esses sistemas e suas consequências para o organismo.
Bons estudos! 
2.1 Sistema circulatório 
O sistema circulatório ou sistema cardiovascular tem como função principal realizar a circulação de
nutrientes e oxigênio pelo organismo. A condução é feita por vasos ligados a um órgão central impulsionador,
o que permite que ocorra uma pressão circulatória su�iciente para atingir todos os órgãos e tecidos (LIMA,
2016).
A funcionalidade de órgãos, tecidos e células dos sistemas corporais dependem do sistema circulatório e de
substâncias por ele trazidos e levados. Portanto, a partir de agora, conheceremos os conceitos relacionados à
dinâmica do funcionamento e da �isiologia do sistema circulatório e seus constituintes. 
2.1.1 Componentes do sistema circulatório 
De acordo com Silverthorn (2010), o sistema circulatório é formado pelo coração e por vasos sanguı́neos, os
quais, quando em conjunto, criam um complexo sistema para a distribuição do sangue.
O sangue é um tecido �luı́dico, composto por uma porção celular e uma porção lı́quida. Na porção	celular, as
células majoritárias são os eritrócitos, que dão a coloração vermelha caracterı́stica do sangue devido ao
núcleo formado por hemoglobinas. Além deles, estão presentes as células do sistema imune, como os
leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas, que são estruturas que auxiliam no processo de coagulação
sanguı́nea. Já na porção	líquida do sangue, chamada de plasma sanguı́neo, estão presentes água, proteı́nas,
eletrólitos e solutos diversos (STANFIELD, 2013; LIMA, 2016). 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração com um vaso sanguı́neo. Nele, a região interior está destacada
contendo diferentes tipos celulares (células vermelhas e brancas), bem como a presença de plaquetas. Nas
células vermelhas, há os eritrócitos. Nas plaquetas, há os trombócitos. Já nas células brancas encontramos os
basó�ilos, neutró�ilos, eosinó�ilos, monócitos e leucócitos.
 
Tortora (2012) nos explica que o sangue é produzido na medula óssea, tendo como função essencial carregar
nutrientes, metabólitos, gases e macromoléculas. Todavia, para que possa realizar sua função, conta com uma
rede sistêmica para que seja bombeado e transportado para os sistemas corporais: o coração e os vasos
sanguı́neos.
O coração é um órgão muscular segmentado em quatro câmeras: duas no segmento superior, chamadas de
átrios direito e esquerdo; e duas no segmento inferior, chamadas de ventrı́culos direito e esquerdo, separadas
por septos interatrial e interventricular (LIMA, 2016).
Portanto, o coração se divide em dois sincı́cios: atrial e ventricular, que são compostos, respectivamente, pela
massa celular da parede dos átrios e ventrı́culos. A conexão entre átrio e ventrı́culo é realizada pela presença
de valvas, chamadas de valvas atrioventriculares. A valva atrioventricular direita é chamada de válvula
tricúspide, enquanto que a da esquerda é conhecida como válvula bicúspide ou mitral (TORTORA, 2012).
Ainda conforme os ensinamentos de Tortora (2012), as funções de cada câmara são as que veremos no
esquema a seguir. 
Figura 1 - As células sanguı́neas se dividem em vermelhas e brancas
Fonte: VectorMine, iStock, 2020.
Átrio	direito	
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Recebe sangue desoxigenado das veias coronárias, da cava superior e da cava inferior. Bombeia
esse sangue até o ventrı́culo direito por meio da valva atrioventricular direita. 
Átrio	esquerdo	
Recebe sangue oxigenado das veias pulmonares e o bombeia para o ventrı́culo esquerdo por
meio da valva atrioventricular esquerda. 
Ventrículo	direito	
Recebe o sangue desoxigenado do átrio direito e o bombeia até a artéria pulmonar por meio da
valva pulmonar.
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A anatomia do coração é complexa e resistente. Isso porque ele apresenta parede tripla, composta por
epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio é a camada mais externa e super�icial; o miocárdio é a
camada intermediária, formada por tecido muscular estriado; já o endocárdio é a camada mais interna,
formada por tecido conjuntivo e endotélio.
O coração ainda é envolto por um tecido conjuntivo de proteção, constituı́do por dois folhetos, um �ibroso e
um seroso, chamado de pericárdio. Entre os folhetos do pericárdio, há uma cavidade �luı́dica para a redução
do atrito e manutenção da mobilidade cardı́aca durante os batimentos (SILVERTHORN, 2010).
Além disso, o tecido muscular cardı́aco é formado por células altamente especializadas em contração
muscular, chamadas de miócitos (células contráteis) e células condutoras. Também estão presentes
�ilamentos de proteı́nas contráteis, chamados de actina e miosina (TORTORA, 2012).
Lima (2016) destaca que o tecido cardı́aco é repleto de vasos e inervações, requerendo alto aporte energético.
Os vasos sanguı́neos se rami�icam a partir do coração e são formados pelas artérias e veias. Juntos,
asseguram um caminho com padrão circular de transporte sanguı́neo nos sistemas corporais. O conjunto de
vasos sanguı́neos é chamado de vasculatura (TORTORA, 2012). As artérias são vasos de alto calibre,
responsáveis pelo transporte de sangue a partir do coração até os demais órgãos e tecidos. Elas se rami�icam
em vasos chamados arteríolas, responsáveis pela passagem de sangue aos capilares, que são vasos de menor
calibre. A partir dos capilares, o �luxo sanguı́neo retorna ao coração pelas vênulas e veias.
Portanto, a função das veias é estabelecer um caminho de “retorno” do sangueao coração. Assim, devido à
caracterı́stica de �luxo de “ida e volta”, o sistema cardiovascular é de�inido como fechado (SILVERTHORN,
2010).
E� importante destacar que o sistema circulatório é composto por dois circuitos: circulação pulmonar
(pequena circulação) e circulação sistêmica (grande circulação ou circulação periférica).
A circulação	 pulmonar é responsável pela conexão entre pulmão e coração, enquanto que a circulação
sistêmica envolve a conexão com os demais sistemas corporais. Essa conexão, como já estudamos, é
realizada pelos vasos sanguı́neos.
Contudo, o sangue transportado nas circulações pulmonar e sistêmica não se misturam. Na circulação
pulmonar, há extensa troca de gases, tornando o sangue oxigenado, ao passo que na circulação sistêmica há
um consumo de oxigênio (O ), fazendo com que o sangue seja desoxigenado.
Ventrículo	esquerdo	
Recebe sangue oxigenado do átrio esquerdo e o bombeia até a aorta por meio da valva aórtica.
2
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Há uma coloração caracterı́stica no sangue oxigenado, de intenso vermelho aberto, sendo que o sangue
desoxigenado tem uma coloração mais escura, em tons de vinho. Esses circuitos são integrados a todos os
demais sistemas corporais por meio das artérias e veias (STANFIELD, 2013; TORTORA, 2012). 
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração do sistema circulatório, com destaque para a integração da
circulação sanguı́nea com os demais sistemas corporais. No caso, a circulação de sangue oxigenado é
destacado em vermelho, enquanto a de sangue desoxigenado está em azul. Assim, passa pela cabeça e
membros superiores, veia cava superior, artéria pulmonar, pulmões, coração, veia pulmonar, veia hepática,
fı́gado, aorta, estômago, rins e tronco e membros inferiores.
 
Figura 2 - O sistema circulatório é fechado, duplo e integrado aos demais sistemas
Fonte: Designua, Shutterstock, 2020.
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De acordo com Silverthorn (2010) e Tortora (2012), a função do sistema circulatório é manter a homeostase
dos sistemas corporais com o fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais para a produção energética
nas células, assim como pelo transporte de dióxido de carbono (CO ) e demais compostos de excreção para os
sistemas excretórios. Desse modo, as funções do sistema circulatório são: 
Agora que já conhecemos os componentes principais do sistema circulatório e sua função, podemos iniciar
nossos estudos sobre a �isiologia de seu funcionamento. Acompanhe o próximo item!
2.1.2 Fisiologia do sistema cardiovascular 
O sistema de circulação sanguı́nea deve seguir um �luxo contı́nuo, com pressão adequada. O sistema
circulatório é dependente da propulsão exercida pelo coração, que ocorre de modo autônomo.
A propulsão cardı́aca é possı́vel devido à caracterı́stica da musculatura do coração e suas células, que se
apresentam com propriedades de automatismo, excitabilidade, condutividade, contratilidade, ritmicidade e
distensibilidade (LIMA, 2016; STANFIELD, 2013).
O automatismo está relacionado à presença de tecido cardíaco
especializado (marcapasso), permitindo que o coração gere seu
próprio estímulo elétrico.
A excitabilidade, por consequência, indica a capacidade de
resposta do miocárdio ao estímulo elétrico gerado pelo coração.
A condutividade reflete a capacidade de estender a ativação
elétrica célula-a-célula por todo o miocárdio.
2
Transporte de substâncias essenciais com funções respiratória (hemoglobinas/eritrócitos),
nutritiva (carboidratos) e excretória (ureia). 
Responsáveis, respectivamente, pelo transporte de hormônios e remanejamento do sangue entre
os vasos mais profundos e super�iciais.
Proteção contra processos hemorrágicos pelos mecanismos de coagulação, e contra patógenos
pela ação de glóbulos brancos (leucócitos).
•
•
•
•
•
•
Transporte 	
Regulação	hormonal	e	de	temperatura 	
Proteção 	
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Já a contratilidade é a propriedade cardíaca de se contrair como
um todo, gerando a contração sistólica.
Por sua vez, a ritmicidade é a característica de repetição do ciclo
de modo regular.
A distensibilidade, por fim, é a capacidade de relaxamento
cardíaco como um todo, pós-período de contração, iniciando o
processo de relaxamento sistólico.
 
Todo esse mecanismo depende de bases iônicas para que funcione adequadamente, de modo ágil, contı́nuo e
autônomo.
As bases iônicas do automatismo cardı́aco estão relacionadas aos canais de sódio e cálcio, os quais geram um
potencial de ação. E� importante destacar que as bombas de sódio são rápidas, enquanto que as bombas de
cálcio são lentas (TORTORA, 2012). Isso permite que ocorra um prolongamento do tempo de abertura das
bombas de cálcio, gerando o platô caracterı́stico do ritmo cardı́aco.
De acordo com Lima (2016) e Silverthorn (2010), temos cinco fases do potencial de ação cardı́aco, que
conheceremos a seguir. 
•
•
•
A célula se encontra com potencial positivo, ocorrendo uma despolarização rápida, com aumento
da condutância de sódio Na por meio dos canais rápidos. Isso gera uma elevação do potencial de
membrana pelo in�luxo de ı́ons Na nas células. 
Ocorre uma repolarização, em que os canais de Na são fechados, enquanto os ións K saem da
célula (e�luxo), mantendo o potencial positivo.
Fase caracterı́stica de platô, quando a repolarização ocorre de modo lento devido ao aumento da
condutância de Ca pelos canais lentos, com e�luxo de K , mantendo o potencial positivo.
Final da repolarização, com redução de condutância de Ca e aumento da condutância de K ,
em que o potencial de membrana se torna negativo. 
•
+
+
•
+ +
•
++ +
•
++ +
Fase	0	(despolarização) 	
Fase	1	(repolarização	inicial) 	
Fase	2	(platô) 	
Fase	3	(hiperpolarização) 	
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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No processo de despolarização e repolarização em resposta aos mecanismos iônicos de e�luxo e in�luxo, é
gerado o potencial de ação elétrico, capaz de estimular as células cardı́acas e permitir a contração e o
relaxamento muscular. Esse dinamismo ocorre em uma região chamada nodo	sinoatrial — na área superior
do átrio —, e se espalha pelo restante da musculatura (TORTORA, 2012).
Dada as caracterı́sticas das células e do tecido cardı́aco, o estı́mulo elétrico é conduzido por todo o órgão,
excitando as �ibras cardı́acas e células musculares cardı́acas, as quais respondem ao estı́mulo por meio da
contração. Lima (2016) nos diz que esse processo de geração, propagação e resposta ao estı́mulo é rı́tmico,
conhecido como ciclo	cardíaco, que se divide em sı́stole (contração) e diástole (relaxamento).
O ciclo cardı́aco é iniciado, então, pela geração do potencial de ação. Este, por sua vez, dá-se no nodo
sinoatrial, com o inı́cio da despolarização das células cardı́acas atriais, que se contraem. Essa contração
inicial desloca o �luxo sanguı́neo para os ventrı́culos. Assim, ocorre um aumento da pressão nos ventrı́culos,
que, ao atingirem o limite de enchimento, inicia o fechamento das valvas atrioventriculares. Os ventrı́culos,
cheios, contraem-se, começando o processo de ejeção sanguı́nea pelas valvas semilunares por meio das veias
aorta e pulmonares (LIMA, 2016).
Dessa forma, o relaxamento ventricular é iniciado (diástole) com a redução da pressão e o bombeamento
sanguı́neo para os sistemas corporais. Um novo estı́mulo para a despolarização reiniciaesse ciclo nos átrios,
em um �luxo de bombeamento sanguı́neo contı́nuo e rı́tmico.
Silverthorn (2010) nos traz que o ciclo cardı́aco se resume em: enchimento ventricular, contração
isovolumétrica, ejeção ventricular e relaxamento isovolumétrico. 
Fase de repouso, com equilı́brio iônico de in�luxo e e�luxo de Na e K ; previamente à fase de
repolarização (fase 0), com potencial de membrana negativo.
•
+ +
Fase	4	(potencial	de	membrana	em	repouso) 	
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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#PraCegoVer: na �igura, temos a ilustração do ciclo cardı́aco, com o processo de sı́stole atrial e ventricular,
bem como a diástole durante a contração cardı́aca e propulsão do �luxo sanguı́neo.
 
O processo de contração permite o bombeamento do sangue, explicando o mecanismo propulsor do coração.
Conforme há bombeamento sanguı́neo, temos um indicativo da correta �isiologia cardı́aca e, portanto, de seu
bom funcionamento. Essa medida é baseada no conhecimento do volume de sangue bombeado a cada minuto
pelo coração, denominado de débito	cardíaco	(SILVERTHORN, 2010; TORTORA, 2012).
O débito cardı́aco é o produto da frequência cardı́aca com o volume sistólico.
A frequência	cardíaca depende da velocidade dos ciclos de despolarização celular, in�luenciada por diversos
fatores, como controle do sistema nervoso, temperatura, emoções e idade.
Já o volume	sistólico depende da pressão sanguı́nea no ventrı́culo após seu enchimento, no �inal da diástole,
chamada pré-carga; da pressão sanguı́nea no ventrı́culo durante a ejeção sanguı́nea; da resistência encontrada
devido ao diâmetro dos vasos e capilares, chamado pós-carga; e da contratilidade, que representa a
capacidade de força de ejeção ventricular e do músculo cardı́aco. Isto é, quanto maior a contratilidade, maior
será a capacidade de ejeção (LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010).
A relação entre o volume da pré-carga, pós-carga e contratilidade é dada pela Lei de Frank-Starling. Esta é
pautada no princı́pio de que, quanto maior o volume recebido durante o processo de diástole ventricular,
maior será o volume ejetado durante a sı́stole para as artérias. Além disso, a energia necessária para a
Figura 3 - O ciclo cardı́aco é resultado dos processos de polarização e despolarização
Fonte: Macrovector, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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contração ventricular é proporcional ao comprimento das �ibras musculares (LIMA, 2016; STANFIELD, 2013).
Um indivı́duo saudável, por exemplo, tem sua frequência cardı́aca entre 60 e 100 batimentos por minuto
(bpm), com média de 75 bpm. O volume de ejeção sistólica é, em média, 70 mL. Assim, o débito cardı́aco
médio de um indivı́duo saudável, em repouso, seria de 75 bpm x 70 mililitros, o que equivale a 5.250 mL por
minuto.
De modo geral, o funcionamento cardı́aco é baseado no metabolismo molecular, que regula a despolarização
de células excitáveis, gerando eventos elétricos de propagação de potencial de ação e eventos musculares de
contração de �ibras cardı́acas. O último evento do ciclo cardı́aco envolve conceitos de hidrodinâmica que
visam compreender como a massa �luı́dica sanguı́nea se desloca pelos vasos. O estudo desses eventos é
chamado de hemodinâmica (LIMA, 2016).
A hemodinâmica busca entender a dinâmica do �luxo sanguı́neo pelas veias, pelo coração e pelas artérias.
Para que ocorra um �luxo, é necessário que haja um gradiente de pressão nas extremidades do local de
passagem, a exemplo de uma veia ou artéria. Desse modo, ele se trata de uma força que permite o
deslocamento de massa �luida de um gradiente com alta pressão para um de menor pressão. Outro requisito,
conforme Silverthorn (2010), é que a resistência do local precisa ser adequada ao �luxo, a �im de não impedi-
lo.
Assim, o �luxo é equivalente à razão entre o gradiente de pressão (AP) e a resistência (R), em que F = AP/R.
Resumindo: o mecanismo de bombeamento sanguı́neo eleva a pressão nas artérias e veias, gerando um
gradiente que permite o deslocamento da massa sanguı́nea a partir do coração (maior pressão) para os demais
sistemas corporais (menor pressão). Vamos exempli�icar?
A média entre a pressão sistólica máxima e a distólica mı́nima é chamada de pressão arterial média (PAM). Já
a pressão sanguı́nea nas veias é conhecida como pressão venosa central (PCV). Elas se alteram durante o ciclo
cardı́aco: a PAM, na veia aorta do ventrı́culo esquerdo, é próxima à 90mm.Hg.; enquanto a PCV, nas veias cava
do átrio direito, é no máximo 8 mm.Hg (LIMA, 2016). Essa variação de pressão permite o deslocamento do
�luxo sanguı́neo a favor do gradiente, assegurando sua distribuição pelos demais sistemas corporais. 
Para a análise do �luxo, além do gradiente de pressão, também se deve considerar a resistência dos vasos. Ela
depende das caracterı́sticas fı́sicas (raio e comprimento) e do �luı́do (viscosidade do sangue) desses vasos.
Lima (2016) cita que o conjunto de fatores que interferem na resistência de um vaso dá origem à resistência
total, que pode ser chamada de resistência periférica total (RPT) na grande circulação.
E� importante compreender que o sistema circulatório atua de modo integrado aos sistemas corporais, sendo
que a presença de interferentes que alterem o �luxo sanguı́neo — seja pela mudança de pressão, seja pela
mudança de resistência — pode in�luenciar todo o sistema cardiovascular.
Na hemodinâmica, o débito cardı́aco, ou seja, o volume de sangue bombeado por minuto, também é um fator
relevante. Isso porque ele ocorre em resposta ao gradiente de pressão das artérias (PAM) e veias (PVC) e a
resistência dos vasos, podendo de�inir que DC = PAM / RPT	(LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010).
A regulação da pressão sanguı́nea é essencial para a manutenção da �isiologia corporal e da homeostase.
Considerando que a pressão arterial é um dos indicativos de distúrbios �isiológicos diversos, re�lete as
condições dos vasos e da força de contração cardı́aca. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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Os mecanismos de regulação da pressão arterial são do tipo reposta rápida e resposta lenta, também
chamados, respectivamente, de curto/médio prazo e longo prazo.
O mecanismo	 rápido é ativado em poucos segundos e sua ação não é prolongada, ao passo que o
mecanismo	lento é ativado em horas/dias e tem ação duradoura.
De modo geral, as respostas rápidas compensam o desequilı́brio da pressão sanguı́nea por meio do próprio
sistema circulatório, regulando a vasodilatação e o débito cardı́aco. Já as respostas lentas têm os rins como
órgão compensatório, o qual regula a pressão sanguı́nea por intermédio de vias excretoras (lı́quido na urina)
(SILVERTHORN, 2010; TORTORA, 2012).
De acordo com Tortora (2012) e Silverthorn (2010), os mecanismos principais de resposta rápida são:
barorreflexo: reflexo causado por terminações nervosas livres
presentes no arco aórtico e nas artérias carótidas (pescoço). Um
aumento da pressão arterial ocasiona o estiramento do receptor,
gerando potencial de ação; ao passo que a redução da pressão
provoca o oposto, com redução do potencial de ação. A regulação
é mediada por neurônios sensoriais que encaminham as
sinalizações ao centro de controle cardiovascular (CCV), localizado
no bulbo encefálico. No CCV, o estímulo será encaminhado para as
vias eferentes dos sistemas nervosos simpático ou parassimpático,
a fim da efetuação da resposta, que pode ser vasodilatação,
alteração da força de contração ou frequência cardíaca, alteração
do débito cardíaco ou resistência periférica;
VOCÊ QUER LER?
Uma dasprincipais patologias do desequilıb́rio da pressão arterial é a hipertensão,
conhecida popularmente como pressão	 alta. O Ministério da Saúde fornece,
gratuitamente, cadernos de atenção básica para informar a respeito dessa patologia,
desde sua causa até seu rastreamento e metodologias de contenção. Você pode
consultar sobre o assunto com o
link: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf
(http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf ).
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http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf
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quimiorreflexo: mecanismo regulador baseado na ação de
receptores de pressão de O , CO e pH no sangue arterial. Esses
receptores também estão presentes no arco aórtico e artérias
carótidas, e utilizam as mesmas vias neurais de efetuação de
respostas dos barorreceptores;
receptores cardiopulmonares: localizados nos ventrículos e
átrios, no pericárdio, na veia cava, nos vasos pulmonares e nas
coronárias. Eles percebem alterações na pressão, tanto
intracardíaca quanto intravascular, desencadeando mecanismos
para a alteração da resistência periférica e da regulação da
pressão. Também utilizam o CCV para ativação das respostas
efetoras do sistema nervoso.
 
A longo prazo, o principal mecanismo de regulação da pressão arterial (PA) está relacionada à ação dos rins. A
ação de regulação a longo prazo opera em alterações do volume de sangue para a manutenção do equilı́brio de
pressão arterial (LIMA, 2016).
Lima (2016) e Stan�ield (2013) nos trazem que os mecanismos de regulação a longo prazo são:
sistema renina-angiotensina-aldosterona: em condições de
baixa pressão arterial, ocorre a liberação de renina, que, por sua
vez, ativa as vias de produção de angiotensina. Esta tem ação
vasoconstritora e de aumento da secreção de aldosterona, que
realiza o balanço eletrolítico (retenção de sódio), aumentando a
pressão sanguínea;
vasopressina (hormônio antidiurético): em quadros de
desidratação e redução da PA, ocorre a liberação de vasopressina,
que induz a conservação de água corporal pelos rins, reduzindo o
volume de líquido excretado pela urina;
hormônio peptídeo natriurético atrial: em condições de
distensão da musculatura cardíaca e aumento na PA, ocorre a
liberação do hormônio peptídeo natriurético atrial, que atua
diretamente na restituição do volume sanguíneo;
transferência de líquidos: mecanismo para correção de
pequenas variações de pressão, alterando os líquidos do espaço
intersticial e dos capilares. Em casos de aumento de PA, o líquido é
removido dos capilares e encaminhado ao espaço intersticial,
sendo que o oposto ocorre durante reduções da PA;
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estresse-relaxamento: mecanismo fisiológico de contração e
relaxamento das células musculares que, em resposta a aumentos
de PA, realizam vasodilatação. Já durante a redução de PA, tais
células realizam vasoconstrição, a fim de modularem a pressão
pela alteração na resistência dos vasos.
 
Agora que já conhecemos sobre os principais conceitos do sistema cardiovascular e sua �isiologia, podemos
utilizá-los para compreender uma das principais patologias do sistema vascular: a aterosclerose. No entanto,
antes, preste atenção à experiência prática sugerida a seguir. 
•
VAMOS PRATICAR?
O sistema circulatório é um mecanismo dinâmico e que responde a alt
�isiológicas de modo rápido e e�iciente, a �im de suprir as demandas dos s
corporais.
De fato, as caracterıśticas do indivıd́uos geram algumas particularida
sistema circulatório, como o volume de sangue, o tamanho do coração, o
altura e, até mesmo, a idade. Contudo, há uma faixa de referência de
considerados normais, levando em conta tais particularidades.
Assim, considere a seguinte situação: um atleta, durante uma maratona, s
mal súbito e desmaia. O exame realizado mostra pressão sanguıńea muit
baixa concentração de glicose no tecido.
Nesse sentido, o que pode explicar o desmaio do atleta e qual seria sua
com o transporte sanguıńeo? Em sua opinião, o que poderia ter evitad
súbito do atleta? Além do sistema cardiovascular, quais outros sistemas c
estariam integrados na situação apresentada?
2.2 Aterosclerose 
O sistema circulatório é essencial para a homeostase do organismo. Dessa maneira, alterações no �luxo
sanguı́neo podem ser fatais, sendo que diversas patologias estão associadas ao mal funcionamento dos
constituintes do sistema cardiovascular. Uma das mais frequentes é a aterosclerose. 
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Angelo (2016) e Kumar, Fausto e Abbas (2010) mencionam que a aterosclerose é uma doença com grande
incidência, considerada uma das principais causas de morte no ocidente e uma das principais patologias do
sistema cardiovascular. Sua �isiopatologia é descrita como a obstrução de artérias pelo depósito de placas e
estrias gordurosas, com etiologia diversa e progressão lenta.
Entretanto, antes de compreendermos o estado patológico, precisamos compreender a estrutura microscópica
das artérias.
Uma artéria é formada por três camadas, chamadas túnicas. A túnica	 íntima se localiza na região mais
interna, a túnica	média está na região intermediária, enquanto a túnica	 externa se situa na região mais
super�icial.
E� importante destacar que a presença das três camadas ocorre em artérias de alto calibre, sendo menos
observada em artérias mais �inas, com exceção da túnica ı́ntima, que pode ser observada em todos os calibres
de vasos sanguı́neos (KING, 2007; TORTORA, 2012).
Assim, o estado patológico se desenvolve em duas fases principais: aterosclerótica e trombótica. Na primeira
fase, ocorre a formação da lesão, de modo lento e progressivo, com o crescente depósito de moléculas
gordurosas, como ácidos graxos e colesterol. Há in�iltração das gorduras que circulam na corrente sanguı́nea
no interior das artérias (túnica ı́ntima) e acúmulo gradual pela ação de células do sistema imune. Já na
segunda fase, há acúmulo de compostos arteriais — como células e �ibras — em torno da lesão gordurosa.
Adicionalmente, há um progressivo acúmulo de cálcio no local, conferindo rigidez ao depósito de gorduras,
dando origem a placas de ateroma (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
A aterosclerose se apresenta, então, como o resultado de um processo in�lamatório, desencadeado pelo
acúmulo de células gordurosas em regiões de lesão vascular. Essas células serão atacadas por células
fagocitárias e outras do sistema imune, formando células esponjosas, com caracterı́stica rı́gida. O acúmulo
dessas células no local cria uma placa de ateroma, em conjunto com outras células e compostos, como
�ibrilas e cálcios. Estes aumentam a rigidez da placa, caracterizando a patogênese da esclerose (KUMAR;
FAUSTO; ABBAS, 2010). 
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#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração de uma artéria apresentando a região do lúmen e as túnicas
ı́ntima e média, com entrada de células do sistema imune do lúmen para a túnica ı́ntima, ligando-se a células
de colesterol. Estas são depositadas, formando a placa lipı́dica e, eventualmente, o processo necrótico.
 
Os ateromas têm em sua formação moléculas de colesterol e um tipo especı́�ico de lipoproteı́na, chamada
lipoproteı́na de baixa densidade (LDL). Esta é responsável pelo transporte de colesterol do fı́gado às células,
conhecida popularmente como “colesterol ruim”,visto que sua função é captar colesterol e levar até a corrente
sanguı́nea. Tal processo, quando em excesso, causa o acúmulo nas artérias e, consequentemente,
entupimentos (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005).
O excesso de LDL, portanto, é um dos principais fatores de ocorrência dos ateromas. A alimentação tem
estreita relação com o aumento de LDL, principalmente pela ingestão de alimentos gordurosos. Contudo, o
fator genético também é essencial nesse contexto.
Importante destacar que o LDL é considerado um “colesterol ruim”, porém HDL diz respeito ao “colesterol
bom”, pois é responsável pelo caminho reverso do LDL, levando gorduras em excesso para o fı́gado, a �im de
que sejam eliminadas e não se acumulem no organismo (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005).
2.2.1 Fatores de risco e agravamento
Alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento das placas de ateroma, como idade, peso, sexo,
herança genética, hipertensão, tabagismo, obesidade, uso de pı́lulas contraceptivas, diabetes e
hipercolestolemia, além de problemas na permeabilidade das artérias. A semiologia caracterı́stica, quando
Figura 4 - A formação do ateroma é um processo in�lamatório com ação de células do sistema imune
Fonte: Designua, Shutterstock, 2020.
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presente, inclui a ocorrência de angina (dor na região do peito), mal estar, vômito, náuseas, palpitações,
sı́ncopes e dor na região abdominal (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005).
O agravamento do estado patológico da aterosclerose se desenvolve com o aumento progressivo das placas de
ateroma. Ocorre uma redução do �luxo sanguı́neo e, por consequência, de�iciências de irrigação das células e
dos tecidos. Em casos mais graves, há obstrução total. Também pode ocorrer o processo de fragmentação das
placas de ateroma, em que, devido à pressão da passagem do �luxo sanguı́neo, tais placas podem se
desprender do local e levarem à obstrução de vasos de menor calibre no sistema vascular. Esse processo de
desprendimento da placa e obstrução de vasos é conhecido como embolia.
Conforme Kumar, Fausto e Abbas (2010), a presença da placa de ateroma pode alterar a anatomia das artérias,
tornando-as mais frágeis e susceptı́veis à ruptura, em um processo denominado dissecação.
Todo o comprometimento do �luxo sanguı́neo devido à presença de aterosclerose pode causar diferentes
estados patológicos, a exemplo de infartos, tromboembolismo, isquemias, entre outros, com estreita
dependência do local da artéria comprometida.
Kumar, Fausto e Abbas (2010) ainda explicam que o comprometimento da circulação sanguı́nea afeta a
irrigação das células e o transporte de nutrientes essenciais. Nesse sentido, as células passam por um
processo adaptativo e, devido a restrições impostas pelo ambiente, atro�iam-se.
As células têm certa resistência adaptativa à atro�ia por inanição, mas, após um perı́odo prolongado, o limite
adaptativo é ultrapassado e elas morrem. O tipo mais comum de lesão celular por atro�ia é resultado do
processo de atro�ia vascular, devido à redução da circulação local e obstrução de passagem por placas de
ateroma (ANGELO, 2016).
De modo progressivo, a aterosclerose causa hipertro�ia celular patológica, resultando na redução do volume
dos órgãos e músculos irrigados pela artéria envolvida, por causa do comprometimento do �luxo sanguı́neo.
VOCÊ QUER VER?
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudou um
composto extraıd́o de pimentas com potencial para a prevenção da formação de
ateromas e do desenvolvimento da aterosclerose. O composto é chamado capsaicina,
que é o princıṕio ativo desse alimento. Você pode conferir o estudo completo no vıd́eo
“Princıṕio ativo da pimenta é estudado na prevenção da aterosclerose em pesquisa
experimental do ICB”, publicado pela TV UFMG, disponıv́el
em: https://www.youtube.com/watch?v=2EOL1SmtSQs
(https://www.youtube.com/watch?v=2EOL1SmtSQs).
https://www.youtube.com/watch?v=2EOL1SmtSQs
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A obstrução pode se dar em qualquer artéria, mas ocorre com maior frequência nas coronárias e cerebrais.
Quando a obstrução é nas artérias coronárias, um dos estados patológicos presentes é o infarto agudo do
miocárdio. De fato, há outras causas para a ocorrência de infarto, mas essa doença é a causa majoritária
(GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005).
O infarto agudo do miocárdio ocorre em resposta à morte das células cardı́acas, sendo que tal morte se dá
pela atro�ia de inanição ou vascular, causada pelos ateromas ou seus fragmentos e a interrupção aguda da
vascularização normal das artérias coronárias. O quadro é chamado de necrose	miocárdica.
Usualmente, o infarto ocorre na região do ventrı́culo esquerdo, mas pode se expandir para o ventrı́culo direito
e os átrios. Com o processo necrótico da célula miocárdica, há liberação de enzimas e proteı́nas especı́�icas
dessas células, as quais são utilizadas como biomarcadores para diagnóstico laboratorial da doença, como as
troponinas e mioglobinas (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005).
De modo geral, a �isiopatologia do infarto agudo do miocárdio pode ser resumida em algumas etapas:
ruptura/liberação da placa de ateroma, diminuição do �luxo sanguı́neo devido à presença do trombo, inı́cio da
isquemia cardı́aca, necrose de cardiomiócitos e �ibrose do tecido.
A necrose dos cardiomiócitos no infarto agudo do miocárdio é do tipo coagulativa e está presente na maioria
dos tipos de infarto, com exceção do cerebral, em que há presença de necrose liquefativa.
No infarto do miocárdio, o processo necrótico ocorre em resposta à redução de irrigação, ou seja, devido à
uma isquêmica aguda. Por conta da paralização da circulação sanguı́nea, as células responsáveis pelo
processo de remoção dos restos necróticos não chegam ao local com a velocidade habitual, gerando um
acúmulo de restos celulares.
Gottlieb, Bonard e Moriguchi (2005) nos trazem que as células responsáveis pela remoção dos restos
necróticos são os neutró�ilos e macrófagos, os quais fagocitam os fragmentos celulares e são carregados até o
local pela circulação sanguı́nea. Uma vez impossibilitados de chegar onde precisam, as células mortas e seus
fragmentos permanecem no local, gerando estruturas semelhantes a coágulos. A remoção dos restos
necróticos é realizada lentamente na região periférica dos capilares, em um processo fagocitário chamado
heterólise.
Os locais de ocorrência da necrose coagulativa se apresentam com coloração pálida e rı́gida, com aparente
diferenciação do tecido saudável, não isquêmico (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005). 
2.2.2 Aterosclerose cerebral 
Em casos de aterosclerose cerebral, há um comprometimento da circulação sanguı́nea para as células
cerebrais devido à obstrução de artérias carótidas internas, cerebrais, vertebrais ou basilares, que possuem
calibre alto.
A obstrução de artérias responsáveis pela irrigação cerebral leva a quadros de Acidente Vascular Cerebral
Isquêmico (AVCI), infarto cerebral, aneurismas, encefalopatia isquêmica, entre outros acometimentos.
Como já vimos, no caso dos infartos decorrentes da morte celular de células cerebrais, há necrose liquefativa,
e não coagulativa, como no infarto do miocárdio. Nesse tipo de necrose, há amolecimento do tecido necrótico,
com ocorrência de liquefação dos restos necróticos (GUYTON, 2011).
Angelo (2016) explica que a anóxia é uma das principais causas do estado patológico causado pela
aterosclerose no cérebro, visto que se trata de um tecido muito sensı́vel à redução de oxigenação e irrigação,
dada a caracterı́stica das células cerebrais querequerem aportes nutritivo e energético muito altos,
dependentes de oxigênio.
A identi�icação dos ateromas pode ser realizada por análise microscópica dos vasos sanguı́neos e exames de
imagem especı́�icos. Os estudos vasculares incluem exames não invasivos que conseguem compreender o
funcionamento do �luxo vascular, bem como possı́veis interferências.
De modo geral, os estudos utilizam ultrassom e sondas transdutoras para veri�icar o �luxo sanguı́neo na
região. Reduções nesses valores podem indicar a presença de obstruções de origem em ateromas ou outros
obstrutores, como coágulos sanguı́neos, in�lamações nos vasos, varizes — que seriam os acúmulos
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sanguı́neos nas veias, que incham —, aneurismas, entre outros (GOTTLIEB; BONARD; MORIGUCHI, 2005). 
#PraCegoVer: na �igura, temos a imagem microscópica de uma artéria comprometida com uma placa de
ateroma.
 
Assim, pudemos conhecer sobre a �isiologia do sistema cardiovascular e seus constituintes, além de perceber
que o sistema circulatório está integrado a todos os sistemas corporais, sendo que o coração é órgão central
desse sistema.
Pudemos perceber, ainda, a importância dos pulmões no sistema circulatório, principalmente na pequena
circulação, atuando como elemento-chave na oxigenação sanguı́nea. Contudo, apesar de importantes ao
sistema circulatório, os pulmões também são órgãos centrais de outro sistema, chamado respiratório. Nas
próximas sessões estudaremos sobre tal sistema e suas patologias.
Figura 5 - Histologia de um ateroma, porção central identi�icando a formação da placa lipı́dica
Fonte: Kateryna Kon, Shutterstock, 2020.
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VAMOS PRATICAR?
A aterosclerose é uma patologia perigosa, pois, quando começa a aprese
sintomas, já está em estágio avançado dos ateromas. Apesar de relacio
hábitos de vida sedentária, há outros fatores que interferem na doença, v
ela também atinge crianças e atletas. Por isso, o diagnóstico precoce é u
melhores formas para a prevenção do agravamento dos sintomas.
Nesse contexto, sendo uma doença progressiva e relacionada ao sedentari
que casos ela pode acometer crianças? Qual é o principal fator de risco? C
anticorpos podem auxiliar no diagnóstico de aterosclerose? Em sua opinião
a importância do diagnóstico precoce de aterosclerose, tanto em crianças
em adultos? 
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2.3 Sistema respiratório
O órgão central do sistema respiratório é o pulmão. Tal sistema tem como função principal a realização de
troca de gases no organismo, mas também está envolvido em outros processos, como a regulação da
temperatura, o equilı́brio de água e os ajustes de pH. E� , portanto, um sistema de anatomia e �isiologia
complexas, com importância vital para o organismo.
Pensando nisso, ao longo deste tópico, aprenderemos sobre os conceitos principais do sistema respiratório.
Vamos aos estudos!
2.3.1 Componentes do sistema respiratório
O sistema respiratório humano é formado por um par de pulmões, músculo diafragma, bronquı́olos, alvéolos
pulmonares, fossas nasais, boca, faringe, laringe e traqueia. Assim, para compreender como ocorre a �isiologia
da respiração (principal função do sistema respiratório), devemos conhecer os principais conceitos sobre a
estrutura dos constituintes desse sistema.
Os pulmões	 �icam localizados na cavidade torácica. São dois órgãos (um à direita e outro à esquerda)
compostos por cinco lobos: três do pulmão direito e dois do pulmão esquerdo. Eles têm caracterı́stica
esponjosa, envolvidos por uma pelı́cula protetora, chamada pleura (LEVITZKY, 2016).
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
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Na base dos pulmões, encontra-se um músculo membranoso, chamado diafragma. Este é controlado pelo
nervo frênico, sendo que sua movimentação, juntamente aos músculos da região intercostal, permitem o
processo respiratório.
Os lados dos pulmões não são idênticos, visto que são ajustados aos demais órgãos adjacentes. O pulmão
direito, por exemplo, é mais curto devido à presença de uma parte elevada do diafragma; ao passo que o
esquerdo é menor, pois tem uma concavidade da posição cardı́aca (LEVITZKY, 2016).
No interior dos pulmões, temos os brônquios, que possuem uma rami�icação intensa, gerando os vasos
menores, chamados de bronquíolos. Estes, por sua vez, formam uma estrutura semelhante à uma arvore, que
recebe o nome de árvore brônquica. Na base dos bronquı́olos, há pequenas estruturas saculares de células
achatadas epiteliais, com alta irrigação sanguı́nea por capilares pulmonares, chamadas de alvéolos
pulmonares (LEVITZKY, 2016; TORTORA, 2012).
Os brônquios tem origem na traqueia, que é a extensão da laringe. Trata-se de uma estrutura tubular, com
paredes contendo anéis de cartilagem, os quais são resistentes. Em seu interior, está presente um epitélio
especializado, composto por revestimento com muco e cı́lios, capazes de reter partı́culas carregadas pelo ar
durante a respiração. Na porção interior do tubo, há uma bifurcação que dá origem a dois ramos principais
dos brônquios; e, em sua porção superior, há uma conexão com a laringe (LEVITZKY, 2016; WARD; WARD;
LEACH, 2012).
Antes de atingir a laringe, o ar passa pela faringe, um canal que se comunica tanto com o sistema respiratório
quanto com o sistema digestório. O ar inspirado pelas fossas nasais é direcionado à faringe e, em seguida,
para a laringe.
A laringe	 é um órgão cartilaginoso, localizado na região anterior ao pescoço. Ela tem função no sistema
respiratório e na produção de som. As cartilagens que a formam são revestidas por membranas do tipo
mucosa, com pregas para as cordas vocais. De forma tubular, a laringe é sustentada por peças cartilaginosas e
articuladas (LEVITZKY, 2016; WARD; WARD; LEACH, 2012).
Esse órgão tem uma capacidade de abertura valvular devido à uma estrutura chamada epiglote, que impede a
entrada de alimentos nas vias aéreas, fechando-se. A estrutura de entrada da laringe é chamada de glote, sendo
que a epiglote se encontra acima dela (WARD; WARD; LEACH, 2012).
Temos, ainda, as fossas	nasais, que são as cavidades paralelas separadas por um septo, nas narinas. Elas têm
inı́cio na região nasal, estendendo-se até a faringe. O interior das fossas nasais é repleto de estruturas
chamadas cornetos nasais, que são dobras capazes de movimentar o ar, formando um turbilhão. Conforme
Ward, Ward e Leach (2012), as células presentes nas fossas nasais são do tipo ciliadas e produtoras de muco,
as quais protegem, lubri�icam, �iltram e aquecem o ar.
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#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração do corpo humano, destacando-se as estruturas do sistema
respiratório, como faringe, nariz, lı́ngua, pulmões etc.
 
O sistema respiratório apresenta dois tipos de células muito importantes: as calciformes e as ciliadas. As
células	calciformes são responsáveis pela produção de muco e por proteger as viasrespiratórias da presença
de partı́culas estranhas pelo aprisionamento. Já as células	ciliadas, tem função propulsora, impulsionando o
muco produzido pelas vias e evitando o seu acúmulo (LEVITZKY, 2016).
Assim, passamos pelas estruturas principais do sistema respiratório: o ar entra pelas fossas nasais, onde se
forma um turbilhão gasoso que é encaminhado à faringe, depois à laringe, chegando aos brônquios, à estrutura
pulmonar e aos alvéolos. Esse caminho é segmentado em duas vias: superiores, que inclui a entrada do ar
pelas fossas nasais até a chegada na faringe; e inferiores, que inclui o caminho a partir das laringes até o
pulmão (WARD; WARD; LEACH, 2012).
Além dos órgãos apresentados, os músculos da respiração são essenciais para o sistema respiratório. Eles
auxiliam no processo de contração e relaxamento dos órgãos, movimentando musculaturas, órgãos e
estruturas ósseas necessárias para a mecânica ventilatória. Inclusive, de acordo com Tortora (2012), os
músculos respiratórios se dividem em inspiratórios e expiratórios.
Os músculos	inspiratórios incluem o diafragma, os intercostais externos, o peitoral maior e menor, o serrátil
posterior superior e os músculos das partes torácica, espinal e escapular. Por outro lado, os músculos
expiratórios incluem os abdominais, os intercostais internos, o serrátil posterior inferior, o quadrado do
lombo e o transverso do tórax (TORTORA, 2012). 
Figura 6 - Constituintes do sistema respiratório
Fonte: solar22, iStock, 2020.
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#PraCegoVer: na �igura, temos a ilustração da estrutura esquelética e musculatura respiratória.
 
A movimentação da musculatura respiratória depende do sistema nervoso, das inervações e vias efetoras.
Aqui, destaca-se mais uma vez a importância da integração dos sistemas corporais.
Conhecidos os constituintes do sistema respiratório e o caminho geral da respiração, vamos compreender a
�isiologia desse sistema? Acompanhe o próximo item para se aprofundar na temática!
2.3.2 Mecanismos respiratórios 
A �isiologia respiratória é dependente do bom funcionamento de duas partes: condutora e respiratória. 
Figura 7 - Os músculos respiratórios são essenciais na mecânica ventilatória
Fonte: Blamb, Shutterstock, 2020.
Parte	condutora	
A parte condutora inclui os órgãos que realizam a condução do ar, iniciando nas narinas, até
chegar aos bronquı́olos terminais.
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Além desses órgãos, os músculos respiratórios também são essenciais para a mecânica ventilatória. Assim,
para que ocorra, a respiração depende da ação dessa mecânica, que dá origem à inspiração e expiração.
Na inspiração, a mecânica ventilatória é impulsionada pela ação do diafragma. Quando se contrai, pressiona o
conteúdo do abdome para a região inferior, e as costelas para as regiões superior e exterior. Essa ação resulta
em um aumento do volume no interior da caixa torácica, bem como em redução da pressão, gerando um
impulso que leva o ar para a região pulmonar. A contração do diafragma é seguida de expansão do tórax, do
abdome e da contração dos músculos intercostais externos (LEVITZKY, 2016).
Já na expiração ocorre o oposto: o diafragma relaxa, seguido pela diminuição da cavidade torácica, dos
pulmões e do relaxamento dos músculos intercostais externos. O processo da expiração é passivo,
majoritariamente. O ar sai passivamente dos pulmões devido à diferença de pressão entre o interior do
organismo e a atmosfera (WARD; WARD; LEACH, 2012).
O volume pulmonar é alterado na mecânica ventilatória, contraindo-se e se expandindo. Ademais, seu volume
também é modi�icado em resposta a condições de pressão, dada sua capacidade de distensão. A medida dessa
capacidade é chamada de complacência, a qual considera as diferenças de pressão relacionadas as regiões
interna e externa ou por meio dos alvéolos e das outras estruturas do sistema respiratório (transmural)
(WARD; WARD; LEACH, 2012).
Levitzky (2016) cita que a complacência é possı́vel devido à elasticidade pulmonar, que ocorre pela presença
de �ibras elásticas do tecido conjuntivo. Temos, também, que há presença de lı́quido nos alvéolos, impondo
uma tensão super�icial à capacidade de elasticidade. Essa tensão é a medida da di�iculdade do aumento de
volume por conta de forças intramoleculares dos lı́quidos. De modo geral, a tensão super�icial dos pulmões é
resultado de uma interface de interação entre o lı́quido e o ar: o lı́quido dos alvéolos e o ar da expansão
pulmonar.
Parte	respiratória	
A parte respiratória inclui os órgãos que realizam as trocas gasosas, iniciando nos bronquı́olos
respiratórios, até chegar aos alvéolos.
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Portanto, na mecânica ventilatória, é preciso que tensão super�icial e complacência estejam em equilı́brio no
organismo para que as trocas gasosas ocorram de modo efetivo. A�inal, a principal função do sistema
respiratório é a troca gasosa, que, inclusive, ocorre por difusão (WARD; WARD; LEACH, 2012).
A difusão se dá na membrana dos alvéolos, que �icam próximas aos capilares sanguı́neos, ou seja, entre os
alvéolos e o sangue. Ela é a passagem das moléculas de modo aleatório, com cinética própria.
No interior dos alvéolos, há entrada do oxigênio, que se difunde para o sangue dos diversos capilares
adjacentes. Já o dióxido de carbono se difunde a partir da corrente sanguı́nea para os alvéolos.
A difusão ocorre a favor do gradiente de pressão parcial (GPP) de cada gás, que tem valores especı́�icos, sendo
facilitada pela presença da membrana respiratória nos alvéolos. Essas pressões são citadas como pO e pCO
(LIMA, 2016).
As trocas são contı́nuas e, durante a inspiração, o ar atmosférico é misturado com o ar rico em CO e pobre em
O do interior do organismo, na parte condutora. Ao chegar na parte respiratória, os alvéolos estão saturados
com gotı́culas de água. Assim, o ar dos alvéolos não �ica idêntico ao ar atmosférico inspirado, com maior
concentração de CO e H O e menor concentração de O (LEVITZKY, 2016).
A troca de gases entre os alvéolos e o sangue é possı́vel por meio da difusão, dependente do gradiente de
pressão parcial, até que haja um equilı́brio entre a pressão do ar contido nos alvéolos e do ar da corrente
sanguı́nea. Nesse momento, o sangue dos capilares é levado para as veias pulmonares, com pressão parcial
igual à dos alvéolos, constituindo o sangue oxigenado (LIMA, 2016).
A partir das veias pulmonares, o sangue oxigenado segue átrio e ventrı́culo cardı́aco, então, ocorre o
bombeamento para os demais sistemas corporais. Aqui, percebemos a importância e complexidade da
integração dos sistemas corporais.
O sangue oxigenado é bombeado pelo coração aos demais sistemas por meio dos capilares sanguı́neos, que
permite que as células e os tecidos recebam oxigênio. Respeitando o gradiente de pressão parcial, o O �lui
para células e tecidos, ao passo que o CO , �lui a partir desses elementos para o interior do capilar. A baixa
concentração de O nas células permite que essa difusão ocorra, sendo possı́vel porque as células consomem
O em seu metabolismo energético, gerando CO . Desse modo, o gradiente é sempre favorável à difusão de O
nas células, com saı́da de CO para a corrente sanguı́nea (LEVITZKY, 2016).
Entretanto, há um ponto importante: os gases são insolúveis ou têm baixa solubilidade. Assim, como é
possı́vel que sejam transportados pelo sangue com e�iciência? 
2.3.3 Transportede gases
O oxigênio é transportado com o auxı́lio da hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina (Hb) consegue
transportar até quatro moléculas de oxigênio. Quando ligada a ele, ela passa a se chamar oxi-hemoglobina
(Hb-O ). Quando o ar dos alvéolos segue para os capilares, ele é carregado pelas moléculas de hemoglobina,
liberando-se delas ao chegar no tecido-alvo por difusão.
A hemoglobina é essencial para o transporte de oxigênio pelos sistemas, e alterações em sua funcionalidade
podem ser fatais ao organismo ou gerar estados patológicos agudos ou crônicos.
De acordo com Lima (2016) e Tortora (2012), a ligação do oxigênio à Hb é do tipo reversı́vel, podendo ser
afetada por diversos fatores, como temperatura, pH, toxinas e concentração de CO . Já o CO , majoritariamente
passa por uma modi�icação quı́mica, gerando bicarbonato (HCO ), dissolvendo-se no sangue. O processo de
conversão de CO para HCO ocorre no interior das células sanguı́neas, pela ação de uma enzima chamada
anidrase carbônica (AC).
Uma pequena parte do CO se dissolve naturalmente, enquanto a outra parte se liga à hemoglobina na forma de
carbamino-hemoglobina (Hb-CO ).
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#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração da entrada de oxigênio no organismo, sendo transportado por
células sanguı́neas (hemoglobina) para os sistemas, os quais produzem CO . Este, por sua vez, é transportado
para fora do organismo.
 
Todo o processo das troca gasosa é realizado por difusão, dependendo dos nı́veis de pO e pCO , bem como
da integração dos sistemas respiratório e circulatório. Porém, todo o processo respiratório — desde a entrada
do ar atmosférico até sua difusão e utilização pelas células e pelos tecidos — deve ser minunciosamente
regulado. E� preciso que o sistema respiratório mantenha equilı́brio do mecanismo ventilatório e ritmo em
uma média �isiologicamente adequada. Assim, a função do controle da respiração é permitir o ajuste da
ventilação de acordo com os nı́veis necessários ao organismo, adequando as pressões parciais de O e CO
(WARD; WARD; LEACH, 2012).
A regulação da respiração pode se dar por atuação do sistema lı́mbico, pela percepção dos quimiorreceptores
e consequente ativação/desativação de controles neurais. De modo geral, receptores, sistema lı́mbico — que
fazem parte do sistema nervoso — e o próprio sistema nervoso recebem estı́mulos que re�letem a condição
Figura 8 - Troca gasosa entre os sistemas respiratório, circulatório e corporal
Fonte: Olga Bolbot, Shutterstock, 2020.
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respiratória, e ativam vias de resposta no sistema nervoso por meio de neurônios motores. Estes controlam a
inervação da musculatura respiratória, regulando a mecânica ventilatória (LEVITZKY, 2016; LIMA, 2016).
As trocas gasosas re�letem a principal função do sistema respiratório. Portanto, a detecção das pressões
parciais de O e CO (pO e pCO ) são utilizadas como mecanismos regulatórios, que se dá pela ação de
quimiorreceptores.
Os quimiorreceptores podem ser periféricos, estando localizados nos corpos carotı́deos e em contato com o
sangue arterial; ou centrais, situados no bulbo e protegidos pela barreira hematoencefálica (LEVITZKY, 2016).
Os receptores periféricos são sensı́veis a alterações de pO , pCO e pH. Já os centrais são sensı́veis apenas ao
pCO e especialmente a alterações de pH. As respostas dependem da ação de neurônios, que recebem
estı́mulos e ativam as vias aferentes do controle respiratório (WARD; WARD; LEACH, 2012).
O sistema	 límbico, por outro lado, está relacionado às emoções. Assim, o controle respiratório é
intermediado por esse sistema e está ligado às respostas das emoções e do controle voluntário. Quando você
prende sua respiração, por exemplo, há um controle exercido pelo sistema lı́mbico. Ele é realizado por redes
localizadas acima da ponte bulbar, que inervam as musculaturas respiratórias.
Dessa forma, há regulação involuntária e voluntária pelo sistema lı́mbico, pela atuação da sinalização neural
das redes no centro de controle respiratório. 
A mecânica ventilatória é dependente da ação da musculatura e de órgãos do sistema respiratória. Os
músculos, tanto inspiratórios quanto expiratórios, são esqueléticos, com estı́mulo a partir de neurônios do
sistema nervoso motor somático. Assim sendo, a contração da musculatura durante a inspiração e a expiração
depende da ação dos neurônios motores inspiratórios e expiratórios (LIMA, 2016; WARD; WARD; LEACH,
2012).
A atividade dos neurônios motores que inervam a musculatura esquelética respiratória é de controle do
Sistema Nervoso Central. E� importante recordar um conceito relevante: durante a inspiração tranquila (sem
esforços, em condições normais), a contração da musculatura é ativa, ou seja, exige um potencial de ação e um
estı́mulo para que ocorra. Já a expiração é passiva, sem aporte energético. Portanto, a respiração é dependente
de controle voluntário e involuntário, com predomı́nio do controle involuntário.
A comunicação neuronal entre os músculos intercostais — que atuam na contração e no relaxamento da
mecânica ventilatória — é realizada pelos nervos intercostais, enquanto que, no diafragma, dá-se pelo nervo
frênico.
Vale destacar que a compreensão do controle central da respiração ainda não é total, mas as pesquisas
demonstram indı́cios de que a sinalização (potencial de ação) para efetuação motora desses nervos é
proveniente do tronco encefálico, onde se encontram os neurônios inspiratórios e expiratórios, na região do
bulbo e ponte.
Lima (2016) nos explica que a hipótese defendida é que os neurônios respiratórios na região bulbar têm
controle do mecanismo de inspiração e expiração, e que o ritmo respiratório é proveniente de uma rede
neuronal de disparo espontâneo.
Há dois núcleos de controle no bulbo, chamados de núcleo respiratório dorsal e núcleo respiratório ventral. O
núcleo	 dorsal	 é responsável pelo envio de estı́mulos do controle da inspiração (diafragma e intercostais
externos), ao passo que o núcleo	 ventral atua na estimulação da expiração, ativando a musculatura
expiratória (intercostais internos e músculos abdominais) (LIMA, 2016).
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2
Estímulos
involuntár
ios	
Provenientes de emoções, como o susto, a ansiedade e o medo, os quais alteram a
velocidade de ventilação para suprir demandas gasosas da pressão sanguı́nea.
Estímulos
voluntário
s	
Temos como exemplo a contenção da respiração durante mergulhos. Ao prender a
respiração, ocorre um aumento de CO , o que estimula a aceleração da ventilação
com a sinalização neural na região da ponte bulbar.
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Lembre-se, ainda, de que o processo de expiração ocorre normalmente de modo passivo, necessitando de
ativação neural em situações em que há um esforço maior para a respiração, como durante a prática de
exercı́cios. 
Assim, os neurônios da ponte tem controle da frequência e intensidade da ventilação, que também é
in�luenciada por fatores intrı́nsecos dos centros de controle encefálicos, gerando um mecanismo de controle
complexo.
De modo geral, compreende-se que os neurônios do tronco encefálico são os responsáveis pela sinalização e
geração de potencial de ação para os nervos que se conectam a musculaturas e órgãos do sistema respiratório.
Por isso, controlam e regulam as ações da mecânica ventilatóriapor mecanismos neurais do sistema
somático motor, a partir do tronco encefálico (bulbo e ponte), ajustando o ritmo básico da respiração (LIMA,
2016; LEVITZKY, 2016).
Observe a �igura a seguir, que resume a integração desses sistemas de controle da ventilação e respostas
efetoras. 
CASO
Durante a prática de exercıćios, é comum que ocorra maior esforço do sistema
respiratório. Dessa forma, ao realizar atividades mais intensas, é normal que as
pessoas descrevam um sintoma clássico: dor forte na região lateral abdominal.
Essa dor recebe o nome de “Dor Abdominal Transitória” e está relacionada ao
exercıćio fıśico. A hipótese mais aceita sobre a sua �isiopatologia, é que, devido ao
grande aporte energético, sanguıńeo e de oxigênio necessários para suprir a
demanda dos sistemas corporais durante o esforço fıśico, ocorre uma falha do aporte
sanguıńeo para alguns órgãos, como o diafragma e o baço, gerando uma sensação
dolorosa pela fadiga de �ibras musculares que sustentam essas estruturas. Em
indivıd́uos com melhor condicionamento fıśico, o organismo está mais preparado para
responder a esse esforço e, portanto, o desconforto inexiste. A dor é mais comum em
pessoas sedentárias.
Portanto, tudo é uma questão de equilıb́rio e adaptação dos sistemas corporais frente
a um novo estıḿulo.
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#PraCegoVer: na �igura, temos um �luxograma do controle da ventilação, a partir de emocional/voluntária
(sistema lı́mbico), pCO (quimiorreceptor central) e pO e pH (quimiorreceptores periféricos).
 
Assim, �inalizamos nossos estudos sobre os aspectos morfo�isiológicos do sistema respiratório e seus
mecanismos regulatórios. De fato, esse é um sistema essencial para a manutenção �isiológica, integrando-se
aos demais sistemas corporais e permitindo as trocas gasosas entre todos os tecidos e órgãos.
Figura 9 - Fluxograma do controle da ventilação
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em LIMA, 2016; WARD; WARD; LEACH, 2012; LEVITZKY, 2016.
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VAMOS PRATICAR?
A respiração é essencial para a nossa sobrevivência. Nós precisamos respi
levar oxigênio aos pulmões e demais órgãos, que, por sua vez, irão a
metabolismo energético celular e em diversos processos metabólicos.
No entanto, �ica um questionamento: se prender sua respiração por
su�iciente, é possıv́el que seu corpo entre em colapso e você morra? Na v
nosso organismo é tão complexo e altamente regulado que isso não é possı́
Vamos fazer uma atividade para entender melhor? Localize sua pulsaçã
ser na veia de seu pulso ou na região do pescoço) e conte quantos bat
você sente pelo perıódo de um minuto. Agora, prenda sua respiração enqu
o mesmo procedimento.
O que você notou? A�inal, como o sistema respiratório in�luencia o 
cardiovascular? Em sua opinião, é possıv́el que uma agressão ou condição
sistema respiratório sem alterar o sistema circulatório? Explique.
2.4 Patologias do sistema respiratório 
O sistema respiratório é essencial para a homeostase dos sistemas corporais, visto que há ampla dependência
de oxigênio para a sobrevivência das células e dos tecidos. O equilı́brio entre a troca e o �luxo adequados dos
gases respiratórios é chamado de hematose. Contudo, distúrbios na hematose in�luenciam diretamente na
homeostase corporal.
Nesse sentido, ao longo deste tópico, iremos estudar sobre importantes estados patológicos do sistema
respiratório: metaplasias pulmonares, doenças obstrutivas e restritivas e tuberculose.
2.4.1 Metaplasia 
A metaplasia é um mecanismo de adaptação celular em que células são substituı́das em resposta a uma
condição de estresse por outras com maior resistência. Assim, ocorre uma troca da célula comprometida por
outro tipo celular, como a troca de um tipo de epitélio por outro, gerando um tecido metaplásico distinto. Esse
tecido é mais resistente a condições de estresse e lesões.
Kumar, Fausto e Abbas (2010) mencionam que, entre as causas do surgimento das metaplasias, destacam-se
os agentes fı́sicos, como traumas; os agentes quı́micos, como drogas; e os biológicos, como patógenos.
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O tipo mais comum de metaplasia pulmonar é a metaplasia escamosa, que ocorre quando as células epiteliais
passam por perturbações que culminam em irritações crônicas. Ela é considerada uma das etapas pré-
neoplasia pulmonar no processo de carcinogênese. Nesse processo, há troca do tecido epitelial normal por
tecido epitelial escamoso, com comprometimento das células ciliares e produtoras de muco (KUMAR;
FAUSTO; ABBAS, 2010).
E� importante compreender que esse mecanismo de adaptação celular é essencial para a sobrevivência das
células do sistema respiratório, gerando um tipo de proteção, mas com comprometimento funcional. Com a
redução da produção de muco e ação ciliar, há redução da contenção de partı́culas nocivas, as quais entram
com maior facilidade no trato respiratório, dando origem a patologias no sistema respiratório, como infecções
e neoplasias (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
O diagnóstico das metaplasias pode ser realizado pela observação histológica de células do trato respiratório,
pela busca de células epiteliais escamosas e por padrões de diferenças com as células epiteliais naturais.
2.4.2 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e Doença
Pulmonar Restritiva (DPR)
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um estado patológico em que as vias respiratórias são
obstruı́das, impedindo a passagem de ar pelos pulmões. Trata-se de um espectro de doenças, cujas principais
são bronquite crônica e en�isema.
O desenvolvimento da DPOC é majoritariamente por conta do tabagismo e da exposição contı́nua à fumaça e a
compostos nocivos irritantes, a exemplo de poeira, poluentes e vapores tóxicos.
A obstrução das vias respiratórias reduz o aporte de oxigênio, desencadeando a ativação de vias in�lamatórias
nos sistemas corporais. Entre os sintomas principais podemos citar a tosse produtiva (com catarro, pigarro)
ou seca e a dispneia (falta de ar, fadiga) (WARD; WARD; LEACH, 2012; LIMA, 2016).
As bronquites	 resultam da in�lamação dos brônquios, canais que realizam a conexão com os alvéolos
pulmonares. Essa in�lamação ocorre devido ao comprometimento das células ciliadas que revestem o epitélio
dos brônquios. Com a redução dos cı́lios, há di�iculdade em remover o muco caracterı́stico das vias
respiratórias, o qual se acumula, desencadeando uma resposta in�lamatória e espasmos musculares no tecido
pulmonar, aumentando o nı́vel de obstrução de ar. Isto é, a resposta in�lamatória faz com que os brônquios e o
tecido pulmonar se contraiam, provocando falhas na passagem de ar e um quadro de tosse.
E� importante destacar que há dois tipos de bronquite: a aguda e a crônica. No caso, as DPOCs estão
relacionadas à bronquite crônica, sendo que a causa principal é o tabagismo; ao passo que as principais
causas da bronquite aguda são as infecções, mas também podem ser desencadeadas por agentes quı́micos
irritantes (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). 
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Já os en�isemas	ocorrem em consequência do acometimento funcional de alvéolos, alterando a hematose.
Esse comprometimento é resultado de agressões à estrutura alveolar, que culminam na destruição dos tecidos
capilarizados, tornando os alvéolos cheios de ar. Há então, uma falha nas trocas gasosasentre sangue e
oxigênio pela destruição dos vasos, alterando a hematose (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Portanto, os
en�isemas são resultado de uma destruição irreversı́vel das paredes alveolares e seus capilares.
Os bronquı́olos são ligados às paredes dos alvéolos, que os mantêm abertos. Nos en�isemas, há um colapso
durante a expiração, gerando uma obstrução de ar devido ao fechamento dos bronquı́olos. Essa obstrução, em
todos os quadros patológicos de DPOC, prejudicam as trocas gasosas necessárias, gerando, em longo prazo,
aumento de CO na corrente sanguı́nea em detrimento de O .
Temos, ainda, a Doença Pulmonar Restritiva (DPR), que causa uma diminuição da complacência pulmonar
devido à redução da mecânica ventilatória. Tal redução pode ser em decorrência de alterações
morfofuncionais no diafragma, nos alvéolos, na pleura, nos músculos respiratórios e nas demais estruturas
do sistema respiratório.
As DPRs são divididas em dois grupos �isiopatológicos: doenças do parênquima pulmonar e doenças
extrapulmonares. Nas doenças	do	parênquima	pulmonar, ocorre uma alteração do tecido pulmonar e dos
espaços aéreos, como brônquios e alvéolos. Já as doenças	 extrapulmonares envolvem a pleura, os
músculos respiratórios e a parede torácica, ou seja, as estruturas essenciais da mecânica ventilatória, mas
externas ao pulmão.
A semiologia de DPR é semelhante à DPOC, incluindo dispneia e tosse. Um exemplo de quadro patológico do
tipo DPR é a �ibrose pulmonar. Nesta, há extensa cicatrização do tecido pulmonar devido aos processos
in�lamatórios de danos aos alvéolos. Esse processo de cicatrização aumenta a espessura dos sacos alveolares,
di�icultando a passagem de ar e restringindo o mecanismo ventilatório adequado (WARD; WARD; LEACH,
2012).
Assim, DPR e DPOC dividem algumas semelhanças, como a etiologia (tabagismo, presença de compostos
irritantes) e a semiologia (tosse e di�iculdade respiratória); mas também trazem diferenças importantes. Nas
DPRs, por exemplo, ocorre uma redução do volume pulmonar, ou seja, uma restrição incompleta da passagem
de ar; ao passo que nas DPOCs ocorre uma obstrução, um bloqueio dessa passagem. 
2.4.3 Pneumonia
VOCÊ SABIA?
O tabagismo é o agente etiológico de mais de 50 tipos de estados patológicos,
incluindo neoplasias das estruturas do sistema respiratório e outras patologias
dos sistemas respiratório e circulatório, como o infarto agudo do miocárdio. Trata-
se de um agente de risco generalizado para todos os sistemas corporais (BRASIL,
[s.	d.]).
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A pneumonia é um estado patológico diverso que se caracteriza pela in�lamação nos pulmões. Ela pode ter
etiologia diversa, como infecções ou complicações de DPR ou DPOC. De modo geral, é um processo
in�lamatório do parênquima pulmonar, resultante de processos infecciosos.
Kumar, Fausto e Abbas (2010) mencionam que a infecção ocorre pela entrada de agentes infecciosos — como
bactérias, vı́rus e fungos — nos alvéolos, no espaço entre eles (interstı́cio) e nos brônquios. A instalação do
processo infeccioso leva ao desenvolvimento de bio�ilme e crescimento microbiano nos alvéolos e
brônquios, comprometendo as trocas gasosas e, consequentemente, a �isiologia respiratória. 
#PraCegoVer: na �igura, temos a ilustração de um pulmão normal, à direita, sem in�lamação nos bronquı́olos
e alvéolos. Já à esquerda, temos um pulmão acometido por pneumonia, com bloqueio de bronquı́olo e
presença de �luı́dos nos alvéolos.
 
O estado patológico da pneumonia é associado à resposta in�lamatória frente ao patógeno, incluindo a
ativação de células in�lamatórias, secreção de proteases e ativação de morte celular. Quando há desequilı́brio
no processo de resposta in�lamatória, pode ocorrer danos no parênquima pulmonar e consequente
extrapolação do conteúdo para a corrente sanguı́nea, levando a um quadro de infecção sistêmica (KUMAR;
FAUSTO; ABBAS, 2010; LEVITZKY; 2016).
As pneumonias podem ser do tipo adquirida na comunidade (PAC) e hospitalar. 
Figura 10 - A pneumonia se dá pelo acúmulo de lı́quidos no parênquima pulmonar
Fonte: Antonov Maxim, Shutterstock, 2020.
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Nos dois casos, o diagnóstico é realizado pela análise de radiogra�ias pulmonares e identi�icação de manchas
caracterı́sticas, dadas pelo crescimento microbiano e comprometimento do parênquima pulmonar. O
tratamento é feito por antibióticos. 
2.4.4 Tuberculose 
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium
tuberculosis (Bacilo de Koch). Os sintomas principais são tosse crônica, febre, suores noturnos, dor muscular,
expectoração com presença de sangue (hemoptise), além de di�iculdade respiratória e aumento da secreção
pleuropulmonar. 
Pneumonia	adquirida 
Pneumonia	hospitalar 
E� uma in�lamação pulmonar de origem infecciosa, adquirida fora do
ambiente hospitalar. Tem como principal agente etiológico as
bactérias Streptococcus	pneumoniae (pneumococos), embora outros
gêneros e espécies também tenham importância, como Haemophilus
in�luenzae,	Chlamydophila	pneumoniae	e	Mycoplasma	pneumoniae.	A
semiologia é diversa, dependendo do nı́vel de acometimento,
incluindo tosse produtiva, fadiga, desconforto respiratório e, em
casos mais graves, sepse, além de sintomas sistêmicos, como
calafrio, confusão mental e febre (LEVITZKY; 2016).
E� o processo infeccioso resultante de patógenos de origem
hospitalar, sendo uma das patologias mais frequentes em Unidade
de Terapia Intensiva. Um agravante são as bactérias resistentes,
comumente encontradas nesses ambientes. O uso de ventilação
externa mecânica é um dos fatores que aumenta a probabilidade de
desenvolvimento de pneumonia no ambiente hospitalar devido à
caracterı́stica invasiva do procedimento de intubação (LEVITZKY,
2016). Entre os agentes causais mais comuns se destacam
organismos gram-negativos e Staphylococcus	aureus. A semiologia é
semelhante à PAC, com tosse, dispneia, febre e calafrios.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 38/43
O processo infeccioso ocorre pela penetração dos patógenos nos alvéolos pulmonares, podendo se alastrar
para os demais sistemas a partir dos nódulos linfáticos e da corrente sanguı́nea, seguida de resposta
in�lamatória mediada por neutró�ilos e macrófagos (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
O bacilo da tuberculose, todavia, é composto por um revestimento seroso e sobrevive ao processo de
fagocitose. A resposta imunológica frente ao patógeno caracteriza a doença por conta da formação de
granulomas, nódulos cujo interior carrega as bactérias causadoras do estado patológico, inativando-as. Esses
granulomas são chamados de “tubérculos”, com referência ao nome da doença (KUMAR; FAUSTO; ABBAS,
2010).
Uma caracterı́stica do Mycobacterium	tuberculosis é a indução de necrose caseosa nos granulomas. Nestes, há
o acúmulo de restos necróticos celulares, gerando uma área amorfa que se assemelha à uma massa de queijo
(termo “caseus”, em latim, signi�ica “queijo”) macroscopicamente.
De acordo com Kumar, Fausto e Abbas (2010), o granuloma é formado, portanto, por uma área de necrose
caseosa central devido ao comprometimento de células de macrófagos e linfócitos, que são encaminhadas à
necrose. A necrose caseosa é uma caracterı́stica muito comum no diagnóstico de tuberculose, dada por meio
de análises microscópicas. 
VOCÊ O CONHECE?
Robert Koch foi um microbiologista nascido em 1910, na Alemanha. Ele teve grande
importância na história da tuberculose. Koch

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