Buscar

UN 3 sistemas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 1/38
SISTEMAS	CORPORAIS
UNIDADE 3 - SISTEMAS DIGESTO� RIO E
HORMONAL: ORGANIZAÇA� O E DISFUNÇO� ES
Autoria: Ana Paula Felizatti - Revisão técnica: Marcelo Morganti Sant’Anna
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 2/38
Introdução
Seu organismo é formado por diversos sistemas complexos, os quais se integram e se conectam para
realizarem funções vitais. No entanto, você sabe quais sistemas estão agindo durante a sua rotina,
especi�icamente?
A resposta correta seria “todos”, mas podemos especi�icar um pouco mais. Quando você se alimenta, por
exemplo, o sistema digestório é responsável por quebrar os alimentos e torná-los disponı́veis para o seu
metabolismo. As macromoléculas e os nutrientes são, então, encaminhados para os locais necessários.
Contudo, para que a comida que você ingere se torne alimento para as suas células, é necessário um
processamento. Este é dependente do fı́gado e do pâncreas, que formam os sistemas hepático e pancreático,
respectivamente.
Você consegue perceber, assim, o quão integrado os sistemas corporais são? Um simples exemplo sobre a
rotina alimentar já nos leva a uma viagem sobre esses mecanismos. Para funcionar adequadamente, as células
precisam de energia, que é obtida com a alimentação e digestão. Após, as moléculas são metabolizadas e
encaminhadas para suas funções celulares, nos diversos sistemas corporais. Aquilo que o organismo não
precisa, é excretado.
Inclusive, um ponto muito importante dos sistemas corporais é que em todos há a atuação de
macromoléculas que auxiliam na regulação de diversas funções celulares. Porém, você sabe que
macromoléculas são essas? Tratam-se dos hormônios, no sistema endócrino. Dessa forma, a regulação de
toda essa sistemática é obtida pela ação hormonal.
Claramente, distúrbios em qualquer um dos sistemas pode causar estados patológicos graves, com diferentes
consequências para o organismo. Por isso, nesta unidade, iremos aprender sobre os sistemas exempli�icados:
digestório, hepático, pancreático e hormonal. Veremos conceitos sobre a organização e �isiologia desses
sistemas, bem como integração e estados patológicos associados.
Bons estudos! 
3.1 Introdução ao sistema digestório 
O sistema digestório é responsável por fornecer os nutrientes e as moléculas necessárias para o
funcionamento do organismo. Por meio da alimentação, obtém-se a energia que se precisa para as funções
celulares, além de macromoléculas consideradas “blocos construtores” para músculos, tecidos e demais
processos sistêmicos e orgânicos.
Nesse sentido, ao longo deste primeiro tópico, aprenderemos sobre a organização geral do sistema digestório
e algumas patologias associadas a ele. Acompanhe com atenção o conteúdo! 
3.1.1 Organização do sistema digestório 
O sistema digestório ou digestivo é formado por um grupo de órgãos que atua na digestão dos alimentos,
absorção das moléculas metabolizáveis e excreção do excedente.
De acordo com Lima (2016), quanto às funções do sistema digestório, podemos mencionar a captação de
nutrientes a partir da alimentação, pelas transformações quı́mica e mecânica dos alimentos ingeridos em
moléculas adequadas e essenciais para o metabolismo. Além disso, o sistema digestório é responsável pelo
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 3/38
transporte de compostos, água e sais para os demais sistemas, por meio de reabsorção no intestino para a
corrente sanguı́nea. Por �im, também atua na eliminação de compostos não metabolizáveis.
Esse sistema se divide em dois grupos de estruturas: trato gastrointestinal (TGI) e glândulas acessórias.
O	trato	gastrointestinal	 é segmentado em trato digestório superior, que inclui a cavidade oral, a faringe, o
esôfago e o estômago; e trato digestório inferior, com o intestino (delgado e grosso), o reto e o ânus (LIMA,
2016).
As glândulas acessórias, por sua vez, são estruturas anexas, externas ao TGI, que têm como �inalidade
principal a produção e secreção de componentes e enzimas que atuam no processo digestório. Conforme
Silverthorn (2017), essas glândulas são formadas por glândulas salivares, fı́gado, vesı́cula biliar e pâncreas. 
Figura 1 - O sistema digestório humano é formado pelo trato gastrointestinal e pelas glândulas acessórias
Fonte: Vecton, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 4/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração de meio corpo humano, indicando os órgãos do sistema
digestório: boca, lı́ngua, fı́gado, vesı́cula biliar, pâncreas, apêndice, ânus, esôfago, baço, estômago, intestino
grosso, intestino delgado e reto.
 
Lima (2016) ainda destaca que, com exceção da boca, da faringe, do terço superior do esôfago e da parte
externa do ânus; as paredes das estruturas do trato gastrointestinal são uniformes, formadas por uma camada
quádrupla. Tais estruturas também podem ser chamadas de “túnicas”.
Portanto, a estrutura geral da parede gastrointestinal — incluindo as mucosas esofágica, gástrica e intestinal
—, de acordo com Lima (2016) e Tortora (2012), dá-se pelas camadas: mucosa, submucosa, muscular e
serosa.
A camada	mucosa é a primeira e reveste a região interna. Ela é constituı́da por outras três camadas:
membrana mucosa, com células epiteliais, chamadas de
enterócitos. Estas são essenciais para a proteção do epitélio contra
lesões e patógenos. Já os enterócitos endócrinos são produtores
de hormônios;
lâmina próxima, formada por tecido linfático. É altamente
vascularizada, com vasos da corrente sanguínea e do sistema
linfático. Nela, estão presentes os nódulos linfáticos e as Placas de
Peyer, responsáveis pela defesa do organismo contra
microrganismos;
camada muscular mucosa, composta por fibras musculares
longitudinais e circulares.
 
Já a camada	 submucosa é formada por tecido conjuntivo. A presença desse tecido dá uma caracterı́stica
elástica e distensora à região. Na camada submucosa externa, há uma rede de células nervosas que criam os
plexos do sistema nervoso entérico. Os plexos são de Auerbach (mioentérico) e de Meissner (submucoso).
A função dos plexos está associada à regulação gastrointestinal pelas ações neural motora e sensorial. A
resposta efetora do sistema nervoso entérico depende da sinalização de receptores do TGI e neurônios
autônomos.
E� importante destacar que o sistema nervoso entérico se estende por toda a região gastrointestinal, iniciando
na região do esôfago e continuando até a região anal.
Temos, ainda, a camada	muscular, composta por uma dupla camada de musculatura lisa, interna e externa. A
camada interna é constituı́da por musculatura circular, enquanto a externa é por musculatura longitudinal.
O músculo circular é capaz de gerar potenciais de onda lenta devido à habilidade de despolarização
espontânea. Já o músculo longitudinal responde a estı́mulos neurais de contração. A movimentação
coordenada de ambas permite a movimentação do bolo alimentar, misturado a secreções.
As células da musculatura lisa permitem que os sinais elétricos sejam propagados entre as �ibras, por meio de
junções comunicantes.
Por �im, a camada	 serosa é dividida em interna e externa. A camada interna tem função de estrutura e
suporte, sendo formada por tecido �ibroso (conjuntivo). Por outro lado, a camada externa é responsável pela
secreção de lı́quidos, formada por tecido epitelial, criando uma região chamada “mesotélio”.
O mesotélio éconectado ao mesentério e peritônio, que fazem parte, respectivamente, do sistema de
membranas de conexão entre órgãos e membrana de revestimento abdominal. 
•
•
•
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 5/38
#PraCegoVer: na �igura, temos a ilustração de uma seçção do estômago, com as camadas que o formam:
mucosa, submucosa e muscular.
 
Entretanto, como ocorre o processo digestório?
Ao ingerir um alimento, ele é, inicialmente, mastigado. Com a mastigação e movimentação da lı́ngua, o bolo
alimentar é diluı́do na saliva, tornando-se úmido e �lexı́vel. Assim, é propulsionado até a faringe, por ação da
lı́ngua. A ação de deglutição é regulada pelo centro de deglutição, localizada na região bulbar encefálica,
ativada pela sinalização de mecanorreceptores (STANFIELD, 2013).
O bolo alimentar, ao chegar na faringe, pressiona a epiglote e causa o relaxamento da válvula superior do
esôfago (esfı́ncter). Desse modo, ocorre a passagem do bolo até o esôfago, com o fechamento do esfı́ncter. Ao
entrar no esôfago, o bolo alimentar é percebido por receptores, os quais disparam o movimento peristáltico.
O esfı́ncter inferior, então, abre-se para a passagem do bolo ao estômago.
Lima (2016) e Silverthorn (2010) mencionam que, no estômago, o bolo alimentar é digerido por ação do suco
gástrico, formado por água, ácido clorı́drico e enzimas. Essa mistura proporciona um pH entre 1,5 e 2 para o
estômago. O bolo alimentar é processado e digerido, formando o quimo. Este, portanto, é o produto de
Figura 2 - Camadas histológicas do estômago
Fonte: Te�i, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 6/38
digestão estomacal, que será encaminhado aos intestinos delgado e grosso.
No intestino, ocorre a absorção de macromoléculas, lı́quidos e nutrientes. O que não é absorvido, trata de ser
conduzido para a formação do bolo fecal, que será removido do organismo pelo ânus (TORTORA, 2012).
Nesse caminho, o bolo alimentar passa por diversos processamentos quı́micos. Estes visam à quebra de
moléculas complexas para a liberação de compostos metabolizáveis para o organismo. Tais quebras são
realizadas por intermédio de secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais, que permitem,
progressivamente, a liberação de nutrientes durante a passagem do bolo alimentar, desde a boca até os
intestinos delgado e grosso (LIMA, 2016).
Além de ação quı́mica no bolo alimentar, as secreções também atuam na proteção das estruturas do TGI. Por
conta disso, iremos aprender mais sobre elas com o item a seguir. Vejamos!
3.1.2 Secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais
As secreções são importantes no processo digestivo, desempenhando duas funções principais: secretora e
protetora. 
As secreções mais importantes do TGI são a salivar, a gástrica, a pancreática, a hepática e as intestinais. O
quadro na sequência resume os componentes principais e a função de cada uma dessas secreções. Observe.
#PraCegoVer: no quadro, temos os principais componentes das secreções, bem como suas funções
primárias. Na primeira coluna, encontramos o tipo de secreção; na segunda, temos os componentes
principais; já na terceira há as funções primárias de cada secreção.
 
As glândulas	 salivares são formadas por ductos rami�icados. Na extremidade das rami�icações, há uma
porção secretora terminal, composta por células agrupadas como cachos de uvas, denominadas de ácinos. E� o
local onde a saliva é produzida. Depois, a saliva é conduzida a partir dos ácinos para os ductos excretores
(STANFIELD, 2013).
A saliva é um lı́quido composto por produtos orgânicos e inorgânicos. Majoritariamente, ela se origina em
três pares de glândulas: parótidas, submandibulares e sublinguais. Uma pequena parte (cerca de 10%) é
originada em glândulas menores e no suco gengival.
Quadro 1 - Principais componentes e funções das secreções
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 7/38
Tortora (2012) nos traz que as diferentes glândulas produzem distintas composições de saliva. De fato, os
tipos celulares presentes nos ácinos podem ser dois: serosas ou mucosas. Assim, dependendo do tipo celular
presente na glândula, a produção de saliva será distinta. 
A excreção salivar é essencial para a saúde oral, protegendo a cavidade contra ressecamento e patógenos. De
fato, ela possui papel multifuncional na proteção contra patógenos, �isiologia esofágica, digestão e proteção
celular. Sua formação é cerca de 98% água e apenas 2% de compostos funcionais, como eletrólitos,
lubri�icantes (mucinas), compostos antibacterianos (imunoglobulinas), enzimas e fatores de crescimento
(LIMA, 2016).
As enzimas são os agentes principais do processo digestivo. Na saliva, estão contidas amilases, lipases e
proteases, responsáveis pela quebra de amiláceos, gorduras e proteı́nas, respectivamente. Todavia, a ação
majoritária é da amilase, sendo que gorduras e lipı́dios são digeridos ao longo do tubo digestório, dada sua
maior complexidade estrutural, apenas iniciando na cavidade bucal (LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010).
Glândula
parótida	
Produz saliva serosa.
Glândula
submandi
bular	
Produz saliva mucosserosa.
Glândulas
sublinguai
s	
Produz saliva mucosa.
Glândulas
menores	
Produz saliva viscosa.
VOCÊ SABIA?
A baixa de ingestão de água inibe a produção de saliva, permitindo que ocorra o
crescimento de bactérias nocivas na cavidade oral. Essas bactérias podem causar
um odor ruim, o que caracteriza o mau hálito; e atacar os dentes, gerando lesões
dentárias. Assim, para além das funções digestivas, as glândulas salivares também
atuam na proteção e higiene bucal. Por isso, a ingestão de água é muito
importante para a manutenção da �isiologia glandular.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 8/38
A salivação é ativada por meio do sistema nervoso autônomo, a partir de estı́mulos parassimpáticos ou
simpáticos. Ao entrar na cavidade bucal, os alimentos estimulam a secreção salivar, em que água e enzimas
são secretadas. A maior concentração enzimática é de amilases, que quebram ligações glicosı́dicas de
amiláceos, formando hexoses e estruturas mais simples (TORTORA, 2012; SILVERTHORN, 2010).
Nesse contexto, o bolo alimentar, pós-mastigação e inı́cio da digestão, é encaminhado ao esôfago.
O esôfago é segmentado em três regiões anatômicas: cervical, torácico e abdominal, que se estendem
proximamente a essas regiões. Funcionalmente, o esôfago pode ser segmentado em esfı́ncter esofágico
superior, esôfago e esfı́ncter esofágico inferior.
Lima (2016) cita que as funções do esôfago estão associadas à deglutição, função motora, facilitação de
transporte ao estômago por ligação ao Sistema Nervoso Central e a outros órgãos, bem como prevenção de
re�luxo (retorno do alimento).
O esôfago contém glândulas mucosas compostas e simples, as quais secretam complexos de proteção ao trato
digestivo. A regulação da atividade das glândulas	 esofágicas se dá por ação do nervo vago e do sistema
parassimpático.
A secreção das glândulas esofágicas são mucosas, com ação direta na lubri�icação do bolo alimentar para
deglutição, proteção contra lesões na mucosa durante a passagem dos alimentos e proteção contra
escoriações devido à acidez local (LIMA, 2016; TORTORA, 2012). Essa proteção é necessária por causa da
proximidade com a região esogastrica e da presença do sucogástrico, cujo pH poderia dani�icar as paredes
mucosas esofágicas.
Assim, entramos no estômago, que se divide em três regiões anatômicas e duas divisões funcionais. As
regiões anatômicas são chamadas de fundo (parte superior), corpo (parte central) e antro (parte inferior), ao
passo que as funcionais são as mucosas glandulares oxı́ntica e pilórica.
De modo geral, o estômago é revestido em toda a sua extensão por células secretoras de muco alcalino,
chamadas de “células mucosas super�iciais”. Estas formam uma barreira de proteção gelatinosa, aderida à
mucosa estomacal, com função de proteção da mucosa contra lesões devido ao ambiente ácido estomacal e
alimentos sólidos (SILVERTHORN, 2010).
A secreção ácida é função das glândulas	 oxínticas. Elas secretam, além de ácido clorı́drico, fatores
intrı́nsecos, pepsinogênio e muco. A ação do ácido clorı́drico é facilitar a digestão proteica, visto que
transforma o pepsinogênio (enzima proteolı́tica) em ativo, na forma de pepsina. Adicionalmente, atua na
proteção contra microrganismos nocivos e absorção de nutrientes, como ferro, cálcio e vitaminas (TORTORA,
2012; STANFIELD, 2013).
As glândulas	 pilóricas, por sua vez, secretam muco e uma pequena proporção de pepsinogênio. Uma
caracterı́stica especı́�ica dessas glândulas é a presença de células da gastrina ou células G. A gastrina é um
hormônio com funcionalidade de regulação das secreções gástricas, ativadas pela presença de compostos
proteicos (STANFIELD, 2013).
Já no intestino, de modo geral, suas secreções são dependentes da criação de um potencial de ação devido a
um �luxo de eletrólitos nas criptas, assim como da ação de mediadores de secreção, como adenosina
monofosfato cı́clico e calmodulina, que induzem respostas secretoras. As secreções produzidas atuam no
quimo, na �inalização da digestão e na disponibilização de nutrientes e compostos para absorção pelo
organismo (LIMA, 2016; TORTORA, 2012).
Os intestinos delgado e grosso são revestidos por mucina, uma glicoproteı́na que confere viscosidade ao
muco. Tortora (2012) nos explica que o intestino é um órgão longo, com epitélio repleto de vilosidades e
criptas. Nessas estruturas, encontram-se células calciformes, que secretam muco; e enterócitos. Estes, na
região das criptas, secretam água e eletrólitos; ao passo que, na região das vilosidades, absorvem água,
eletrólitos e compostos processados ao término da digestão. Adicionalmente, há glândulas que secretam
enzimas digestivas, como sacarase, maltase, isomaltase, lactase, peptidases e lipase.
Assim, as células caliciformes, os enterócitos e as enzimas secretadas na região re�letem sua funcionalidade
em relação ao quimo: digestão e absorção de nutrientes.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tOY… 9/38
Após a passagem pelo estômago, o quimo chega ao intestino delgado, onde é digerido enzimaticamente. Para
balancear o ácido proveniente da região estomocal, o intestino delgado possui glândulas secretoras chamadas
de Glândulas de Brunner, responsáveis por uma secreção alcalina contendo mucina.
No intestino grosso não há vilosidades, mas há muitas criptas, chamadas de Criptas de Lieberkuhn, onde se
encontram células calciformes produtoras de muco. Além delas, há células enteroendócrinas, que secretam
proteı́nas; peptı́deos, que atuam na regulação da digestão; e colonócitos, que realizam absorção de água e
atuam diretamente na proteção contra patógenos.
Desse modo, a principal função do intestino grosso é a �inalização da digestão e reabsorção de água e
nutrientes. Após esse processamento, o bolo fecal é �inalizado e encaminhado à região anal para excreção
(TORTORA, 2012).
Compreendido, então, sobre o sistema digestório, vamos, no próximo tópico, estudar alguns estados
patológicos relacionados aos processos apresentados. Antes, no entanto, realize a atividade proposta a seguir
para �ixar os conhecimentos aprendidos até aqui! 
VAMOS PRATICAR?
Muitas vezes, o sistema gástrico não consegue processar alguns alimentos
à de�iciência de enzimas do suco gástrico. Um exemplo bem comu
incapacidade de uma pessoa digerir leite, pois há de�iciência na p
enzimática e na formação do suco gástrico. Trata-se de uma das intol
alimentares mais conhecidas.
Sendo assim, faça uma pesquisa sobre o assunto e, depois, responda as se
questões: qual enzima do suco gástrico não está presente em pesso
intolerância à lactose? Um dos sintomas principais é a distensão abdomina
à presença de gases, mas qual é o motivo disso? Como o tratamento é re
Além disso, qual é a sua opinião sobre novas ferramentas biotecnológic
problemas de intolerância alimentar?
3.2 Patologias do sistema gastrointestinal 
O sistema gastrointestinal é um sistema de grande relevância, visto que atua na digestão e disponibilização de
nutrientes essenciais para os sistemas corporais de modo geral. Todavia, o processo digestivo conta com
algumas caracterı́sticas intrı́nsecas à sua sistemática e organização orgânica, como a alta acidez da região
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 10/38
estomacal, os re�lexos para motilidade do bolo e as secreções digestivas e protetivas. Tais caracterı́sticas,
quando em desequilı́brio, podem causar diversos estados patológicos.
Assim, neste tópico, abordaremos três estados patológicos de grande incidência: Esôfago de Barret, gastrites e
neoplasias gástricas. Também apresentaremos outros casos de importância clı́nica no TGI. Acompanhe!
3.2.1 Esôfago de Barret
Angelo (2016) nos traz que a sı́ndrome chamada Esôfago de Barret (EB) é caracterizada pela alteração da
morfo�isologia natural celular na região interior do esôfago, com a presença de metaplasia.
Nessa sı́ndrome, ocorre um comprometimento das células saudáveis no esôfago interior por conta da
exposição à acidez estomacal. Essa exposição se dá pela anatomia esofágica, que compreende um tubo oco, o
qual conecta a faringe ao estômago (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
O esôfago é protegido por muco secretado na região, de caracterı́stica alcalina para neutralização do conteúdo
estomacal. Lima (2016), então, destaca que, quando há desequilı́brio na motilidade do bolo alimentar e na
proteção esofágica, a acidez estomacal atinge as células esofágicas, causando lesões e metaplasias devido à
resposta de adaptação celular. 
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração da anatomia do estômago, com destaque para a região inferior
do esôfago, próximo ao estômago, além de alterações celulares caracterı́sticas do Esôfago de Barrett.
Figura 3 - O Esôfago de Barrett é caracterizado por metaplasia intestinal
Fonte: rumruay, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 11/38
 
O Esôfago de Barrett é resultado de um processo de metaplasia intestinal, com alterações no epitélio esofágico
para um epitélio colunar, composto por células colunares e mucosas, sem a presença de células caliciformes.
Progressivamente, o tecido epitelial caracterı́stico do esôfago é substituı́do por tecido semelhante ao presente
da região intestinal (epitélio colunar).
A ocorrência dessa sı́ndrome está estreitamente relacionada à uma patologia chamada Doença do Re�luxo
Gastroesofágico (DRGE) de longa duração. Nesta, o �luxo do bolo alimentar é afetado, seguindo em sentido
inverso (ANGELO, 2016).
A propedêutica de EB inclui algumas condições, especi�icamente voltadas aos fatores de risco associados.
Estão incluı́dos como sintomas a presença de azia, queimação, regurgitação, desconforto no tórax, dor na
garganta, faltade ar (sufocamento), tosse, rouquidão e pigarro. Além disso, pode ocorrer esofagite, ou seja,
in�lamação da mucosa esofágica, gerando desconforto e sensações dolorosas na região (ANGELO, 2016).
A progressão do Esôfago de Barrett pode gerar quadros de adenocarcinoma, em que a metaplasia intestinal
pode resultar em displasia. Esta é uma etapa pré-carcinoma e corresponde a anomalias em órgãos ou tecidos,
em resposta a agressões constantes ou alterações genéticas. Kumar, Fausto e Abbas (2010) mencionam que a
progressão da displasia dá origem ao quadro de adenocarcinoma, que se caracteriza pela presença de um
tumor maligno em regiões epiteliais glandulares.
Além do adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas também tem alta incidência. Ele tem origem em
lesões e formações de displasia escamosa, que progridem para massas tumorais e podem se espalhar pelas
estruturas esofágica e próximas, inclusive as pulmonares (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). 
3.2.2 Gastrite
A gastrite é uma reação in�lamatória na mucosa gástrica. Ela pode ser classi�icada como aguda ou crônica.
VOCÊ O CONHECE?
Norman Rupet Barret foi um cirurgião australiano, responsável pela descrição e análise
da �isiopatologia da doença que recebeu seu nome: Esôfago de Barrett. Nascido em
1903, Barrett foi um notável médico, premiado por suas contribuições pioneiras na
prática cirúrgica e no estudo de patologias. Ele veio a falecer em 1979.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 12/38
A gastrite	aguda tem aparecimento súbito, com progressão rápida. Está associada a quadros de infecção viral
ou bacteriana, uso de medicamentos ácidos, como ácido acetilsalicı́lico, além da ingestão de bebida alcoólica
ou compostos corrosivos. Seu agravamento pode gerar quadros de ulceração gástrica (KUMAR; FAUSTO;
ABBAS, 2010; ANGELO, 2016).
A gastrite	crônica, por sua vez, tem progressão lenta, com instalação também lenta. A principal causa está
relacionada à infecção bacteriana por Helicobacter	 pylori.	 Tal bactéria é acidó�ila, ou seja, sobrevive
adequadamente a ambientes de baixo pH, como a região estomacal. Ela se aloja na região da mucosa intestinal
e é capaz de secretar uréase, alterando as condições do pH, multiplicando-se na mucosa (ANGELO, 2016).
Kumar, Fausto e Abbas (2010) complementam que o crescimento de Helicobacter	pylori leva à deterioração
das células protetivas da mucosa gástrica. Progressivamente, o ácido clorı́drico do suco gástrico atinge o
revestimento epitelial, causando uma reação in�lamatória.
Nesse contexto, é válido destacar que, com a proliferação da infecção, as células produtoras de suco gástrico
também são afetadas, gerando um quadro de gastrite	 tró�ica devido à atro�ia das células secretoras. A
redução do suco gástrico torna o ambiente estomacal ine�icaz na digestão do bolo alimentar e na proteção
contra outros patógenos não resistentes ao conteúdo estomacal.
Além da gastrite crônica tró�ica, há outro tipo de quadro crônico: a gastrite	atró�ica. Nesse caso, há redução
das células especializadas da região estomacal por conta de um desequilı́brio da função humoral, em que
anticorpos atacam a mucosa gástrica (GUYTON, 2011). Esse quadro também é chamado de gastrite autoimune.
Entre os sintomas mais comuns dos estados patológicos da gastrite, destacam-se dores e sensação de
queimação estomacal, azia, distensão gástrica, melena, hematêmese e quadros hemorrágicos, além de
fraqueza, irritação labial e diarreia.
E� importante diferenciar que, nos quadros de gastrite aguda, os sintomas são mais amplos e presentes, ao
passo que, na gastrite crônica, os sintomas são limitados, por vezes, inexistentes, visto sua lenta progressão
(GUYTON, 2011). 
3.2.3 Neoplasias gástricas
Uma neoplasia é a alteração morfológica de determinada área, resultando em uma nova formação devido a um
processo patológico de multiplicação celular anormal, originando tumores.
Segundo Angelo (2016), a etiologia das neoplasias gástricas é desconhecida, mas há diversos fatores de risco
associados, como ingestão de compostos carcinogênicos (tabaco e álcool), infecções, fatores hereditários e
dieta desbalanceada. Outros quadros patológicos — como esofagite, gastrite e metaplasia intestinal —
também são fatores de risco para a progressão de neoplasias gástricas.
De acordo com Guyton (2011), entre as causas mais graves, temos a progressão infecciosa por Helicobacter
pylori.	Outro patógeno de alta incidência para as neoplasias são os vı́rus Ebstein-Barr.
No que diz respeito às neoplasias gástricas mais comuns, o câncer gástrico é de maior abrangência. De fato,
trata-se do segundo tipo tumoral de maior incidência global, sendo a principal causa de morte entre as
neoplasias.
Angelo (2016) ainda menciona que a patogênese das neoplasias gástricas inicia com um estado de
desenvolvimento de gastrite atró�ica, gerando metaplasia intestinal. Progressivamente, há comprometimento
celular, o que resulta em displasia e neoplasia. Em casos de gastrite crônica, por exemplo, podem surgir
pólipos gástricos in�lamatórios e hiperplásicos. Os pólipos são massas que se projetam na mucosa, de caráter
neoplásico. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 13/38
Guyton (2011) destaca que os adenocarcinomas gástricos podem ser classi�icados de acordo com seu local,
caracterı́sticas histológicas e análise macroscópicas das lesões. Quando surgem associados à circulação
linfática, por exemplo, próximos à mucosa gástrica, são chamados de linfomas	gástricos	primários, tendo
estreita associação com a progressão das gastrites crônicas.
Já os tumores	 carcinoides surgem no sistema endócrino, mas são majoritariamente benignos quando se
desenvolvem na região gástrica. Tornam-se mais graves quando têm desenvolvimento associado à região
intestinal.
Por �im, os tumores	estromais	gastrointestinais surgem na região mesenquimal abdominal, em células
intersticiais.
Finalizamos, então, nossos estudos sobre os principais quadros patológicos que acometem o sistema
gastrointestinal. Agora, iremos estudar três glândulas acessórias muito importantes para o equilı́brio desse
sistema: fı́gado, vesı́cula biliar e pâncreas. Contudo, antes, leia com atenção a atividade a seguir. 
CASO
O sistema digestório é altamente efetivo para a transformação quıḿica dos alimentos,
necessários para a manutenção do equilıb́rio celular do organismo. Todavia, em
alguns casos, eles podem ser os vilões do sistema digestório.
Bertuccio et	al. (2013) nos trazem que estudos sobre a saúde gástrica demonstram
uma estreita relação entre os hábitos alimentares e o desenvolvimento de câncer
gástrico. Isso porque o alto consumo de certos alimentos alteram a �isiologia gástrica,
modi�icando as condições naturais do local.
Os principais alimentos relacionados à ocorrência de câncer gástrico são os
defumados, as carnes, os peixes curados e outros alimentos com alto teor de
sódio. Tais alimentos são responsáveis pela produção de compostos nocivos, que
podem resultar em alterações genéticas e comprometer o epitélio gástrico e seu
ambiente.
Já entre os alimentos com baixo risco associado, temos aqueles ricos em �ibras e
antioxidantes, como as frutas e os vegetais. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 14/38
VAMOS PRATICAR?
As doenças do sistema gastrointestinal podem ter etiologia diversa, in
problemas de saúde mental, como o estresse. Uma das doenças relacio
causa psıq́uica é a gastrite nervosa, causada pela integração do sistema 
que impacta o sistema gástrico.
Nessecontexto, pesquise a respeito da temática e elabore um pequeno t
até 1.000 caracteres. Explique sua opinião sobre os hábitos de vida que en
ansiedade e estresse constantes, bem como os impactos desses háb
contexto das doenças gástricas.
3.3 Glândulas acessórias: fígado, vesícula biliar e pâncreas
O sistema digestório é formado por órgãos em série, os quais se estendem da cavidade oral até a região anal.
Como já vimos na sessão anterior, a digestão se inicia na cavidade oral, pelo auxı́lio da lı́ngua, dos dentes e
das glândulas secretoras. O bolo segue, então, para faringe, esôfago, estômago e intestinos. Porém, além
dessas estruturas, há glândulas acessórias que também atuam na digestão alimentar: o fı́gado, a vesı́cula biliar
e o pâncreas.
Neste tópico, nos aprofundaremos a respeito dessas glândulas, suas �isiologias, funções e patologias
associadas.
3.3.1 Fígado e vesícula biliar: fisiologia, funções e patologias associadas
Tortora (2012) nos explica que o fı́gado é um órgão de alta complexidade e tem participação em diversos
sistemas corporais, sendo classi�icado como uma glândula. E� , inclusive, o maior órgão da região abdominal e
o segundo maior do corpo humano. Além de acessório ao sistema gastrointestinal, é essencial para outras
funções vitais.
De fato, o fı́gado atua como glândula exócrina e glândula endócrina. 
Glândula	exócrina	
Possui ductos para secreção super�icial ou para a região externa do organismo. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 15/38
Embriologicamente, o fı́gado tem origem na região duodenal. Anatomicamente, tem formato ovalizado e com
coloração intensa. E� segmentado em dois lobos: direito e esquerdo; e três superfı́cies: diafragmática, visceral e
posterior. Na região do lobo direito, na parte anterior, há uma bolsa de caracterı́stica membranosa, chamada
vesícula	biliar (TORTORA, 2012).
O fı́gado se organiza, portanto, em lóbulos, circundados por ramos da veia hepática. Entre os lóbulos, temos
estruturas chamadas “trı́ades portais”, que são formadas por rami�icações de ductos biliares, da veia porta e
da artéria hepática (STANFIELD, 2013).
De acordo com Tortora (2012), o fı́gado é composto por agregados celulares de hepatócitos, os quais se
organizam em placas. Os hepatócitos são células parenquimatosas e as unidades funcionalmente metabólicas
do órgão.
Entre as principais funções do fı́gado, destacam-se: processamento de nutrientes, remoção de eritrócitos
envelhecidos, secreção de bile, sı́ntese proteica, secreção hormonal, reserva de moléculas e eliminação de
compostos. 
Glândula	endócrina	
E� responsável pela secreção de compostos diretamente na corrente sanguı́nea, sendo livre de
ductos.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 16/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração com o fı́gado no centro e setas indicando exemplos de suas
funcionalidades: sı́ntese de colesterol, auxı́lio na absorção de vitaminas, desativação de venenos e toxinas,
produção da bile, sı́ntese de aminoácidos, produção de hormônios, enzimas e detoxi�icação.
 
Uma das funções centrais do fı́gado é o metabolismo de bilirrubina. Esta é um pigmento de coloração
amarelada/alarajanda produzido nos tecidos periféricos. Pouco solúvel, a bilirrubina se liga à albumina
plasmática para ser transportada até o fı́gado (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
A produção da bilirrubina é resultado do processo de degradação de hemácias, mioglobinas e hemoproteı́nas,
mas, majoritariamente, hemoglobinas. Essa degradação ocorre em células fagocitárias, com a quebra do anel
ferroprotopor�irina e deterioração da porção celular.
A quebra da hemoglobina se dá por ação de células fagocitárias, como macrófagos, especialmente Células de
Kupffer, no fı́gado. Contudo, também ocorre em macrófagos, no baço e na medula óssea. 
O grupo heme é degradado por ação de um complexo enzimático chamado heme oxigenase (HO). O anel
tetrapirrol do grupo por�irina é aberto, sofrendo duas oxigenações. Por ação de NADPH e seu poder de
redução, há liberação de ferro, monóxido de carbono, água e biliverdina. Assim, após a quebra do anel do
grupo heme, o ferro pode ser liberado para novos grupamentos, enquanto o restante do anel forma um
composto tetrapirrólico: a biliverdina. Com a ação de uma enzima chamada biliverdina redutase, há a
transformação de biliverdina em bilirrubina (ANGELO, 2016; KING, 2007).
Figura 4 - O fı́gado é um órgão com múltiplas funções
Fonte: Designua, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 17/38
Quimicamente, há a adição de um grupamento hidrogênio por ação de NADPH, bem como a ligação entre dois
anéis do grupamento de biliverdina. Dada sua alta insolubilidade, é necessário que se ligue à albumina sérica
para se diluir no organismo. Conforme Lima (2016), a forma ligada à albumina é chamada de bilirrubina
conjugada.
Lima (2016) e Tortora (2012) ainda nos trazem que o fı́gado é o órgão central do metabolismo da bilirrubina,
responsável por sua captação, conjugação e excreção. 
Outro papel relevante do fı́gado está envolvido com a sı́ntese da bile, formada por água, ácidos, sais biliares,
pigmentos e gorduras. Após sua produção, é armazenada na bile e, quando necessária, encaminhada ao
duodeno para agir na digestão de gorduras (STANFIELD, 2013).
A composição da bile é 80% sais biliares. Estes, de produção hepática, são formados a partir da degradação de
colesterol, por meio de diversas reações quı́micas. A bile, portanto, possui função digestiva devido à ação
desses biliares, que atuam na emulsi�icação de gorduras, formando uma suspensão coloidal. Dispersadas, as
gorduras têm sua digestão enzimática — por meio de lipases — facilitada. Assim, a bile auxilia na excreção de
compostos, atuando como uma detoxi�icação do organismo (TORTORA, 2012).
O fı́gado também tem importante atuação no metabolismo de carboidratos, proteı́nas e lipı́dios. Ele atua no
processamento metabólico de nutrientes. A glicose é convertida em glicogênio por meio de ligações
glicosı́dicas. O glicogênio é o principal polissacarı́deo de reserva, sendo essencial para a reserva energética
muscular. No fı́gado, ocorre a gliconeogênese, em que é possı́vel obter glicose a partir do glicogênio
(STANFIELD, 2013). 
A bilirrubina é captada por hepatócitos, em um mecanismo de transporte facilitado, sendo
rapidamente ligada a proteı́nas ligandinas. 
Há conversão de bilirrubina em monoglicuronato por ação de UDP-glicuronil-transferase e, em
seguida, em diglicuronato, no retı́culo endoplasmático liso do hepatócito.
Ocorre na membrana dos hepatócitos, com transporte ativo.
•
•
•
Captação 	
Conjugação 	
Excreção 	
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 18/38
Além disso, o fı́gado também tem participação na sı́ntese de proteı́nas plasmáticas, como a albumina e as
lipoproteı́nas. As albuminas são essenciais no transporte de bilirrubina, ao passo que as lipoproteı́nas atuam
no transporte de lipı́dios (TORTORA, 2012).
3.3.2 Patologias hepáticas 
Como pudemos compreender, o fı́gado tem participação em diversos processos. De fato, ele é responsável por
mais de 500 funções. Por isso, alterações em seu metabolismo ou sua morfologia geram quadros patológicos.
Nesse sentido, conheceremos, a partir de agora, três patologias muito recorrentes.
Um dos processos relevantes do órgão envolve o metabolismo de gorduras pela emulsi�icação, digestão e
formaçãode lipoproteı́nas. No entanto, em alguns estados patológicos, há acúmulo de gorduras no fı́gado.
Esse acúmulo gera um quadro caracterı́stico da Esteatose	 Hepática ou Doença	 Hepática	 Gordurosa
(ANGELO, 2016; GUYTON, 2011).
Na Doença Hepática Gordurosa, há in�iltração de células de gordura nos hepatócitos e acúmulo hepatocelular
de gordura com origem em hepatócitos centrolobulares. A gordura é encontrada em con�igurações de gota,
com tamanhos variados. O progressivo acúmulo lipı́dico pode se expandir a partir dos hepatócitos
centrolobulares para as demais regiões do fı́gado. Este, acometido por esteatose, tem seu volume aumentado,
coloração amarelada e aspecto gorduroso (ANGELO, 2016; KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Tal patologia pode ser classi�icada de acordo com sua etiologia, causada por consumo alcoólico ou hábitos de
vida não saudáveis, mas sem presença de alcoolismo. Entre os fatores de risco para a Esteatose Hepática não
alcoólica, temos: sobrepeso, obesidade, sedentarismo, colesterol alto, pressão alta, uso de medicamentos,
in�lamações hepáticas, diabetes, má alimentação e alterações bruscas de peso. O principal fator, porém, é a
obesidade, dada o alto volume de adipócitos e gordura acumulada no organismo (GUYTON, 2011).
A propedêutica dessa patologia inclui dores abdominais, fraqueza, distensão abdominal e dores de cabeça. Em
casos mais graves, quando há comprometimento da função hepática, pode ocorrer fadiga, confusão mental,
hemorragias, icterı́cia e comprometimento da anatomia abdominal. O acúmulo progressivo de gordura ainda
VOCÊ QUER VER?
O �ilme “O Sentido da Vida”, dirigido por Miguel Gonçalves Mendes, retrata a vida de
um brasileiro diagnosticado com uma doença hepática, cuja caracterıśtica é a produção
de uma proteıńa nociva pelo fıǵado. O único modo de conter a doença é trocando o
órgão. Vale a pena conferir os efeitos na vida de alguém com uma doença em um órgão
tão importante. Você pode saber mais sobre o �ilme no site o�icial:
http://www.osentidodavida.com/ (http://www.osentidodavida.com/).
http://www.osentidodavida.com/
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 19/38
pode causar quadros in�lamatórios e comprometimento funcional do metabolismo do fı́gado (KUMAR;
FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016).
Morfologicamente, é possı́vel observar três alterações hepáticas caracterı́sticas na Doença Hepática Gordura:
balonização dos hepatócitos, Corpos de Mallory e in�iltração neutrofı́lica.
A balonização dos hepatócitos é uma característica de regiões
com células com tumefação e necrose;
os Corpos de Mallory são emaranhados de filamentos
intermediários;
as reações neutrofílicas são infiltrações de neutrófilos que se
acumulam em hepatócitos, os quais contêm os emaranhados
filamentosos.
 
As principais manifestações da doença inclui acúmulo de gordura, quadros de hepatite e cirrose. Vale destacar,
de acordo com Angelo (2016), que tais quadros se apresentam na doença causada por alcoolismo.
E� importante mencionar, também, que esses dois quadros podem surgir devido a outros problemas. A
cirrose, por exemplo, é uma das principais patologias hepáticas. Por de�inição, trata-se de “[…] um processo
difuso caracterizado por �ibrose e pela conversão da arquitetura hepática normal em nódulos estruturados
anormais” (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010, p. 607). Portanto, é caracterizada pela substituição do tecido
saudável hepático por tecido �ibroso.
Nos quadros de cirrose, majoritariamente, todo o fı́gado é afetado, sendo que as principais manifestações são
os septos �ibrosos e nódulos parenquimatosos. 
•
•
•
Septos	�ibrosos	
Apresentam-se em forma de faixas e cicatrizes, circundando nódulos circundantes. 
Nódulos	parenquimatosos		
São grupamentos celulares de hepatócitos preexistentes em senescência ou recém-formados.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 20/38
A patogenia da cirrose inclui três fatos principais: morte de hepatócitos, Matriz Extracelular (MEC) densa e
reorganização vascular. Entre os sintomas associados, destacam-se a presença de lı́quido abdominal, fadiga,
icterı́cia e inchaço nos membros inferiores (GUYTON, 2011).
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração com os danos hepáticos de modo progressivo, iniciando com a
esteatose hepática, passando para �ibrose, cirrose e, �inalmente, neoplasia, com a formação de tumores
malignos.
 
A cirrose tem diversas causas, sendo que as mais prevalentes incluem infecções virais, Doença Hepática
Gordurosa, doenças autoimunes, acúmulo de ferro e hepatites (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Por falar em hepatites, vale mencionar a respeito delas. São de�inidas como lesões nos hepatócitos,
associadas a quadros in�lamatórios, podendo ou não envolver lesões cicatriciais. Todavia, têm ampla
de�inição e quadros patológicos, dependendo do fator etiológico associado.
As hepatites podem ser agudas ou crônicas, de acordo com o tempo de duração e o padrão histológico. As
hepatites agudas tem aparecimento súbito e permanecem por poucas semanas. Já as hepatites crônicas tem
duração prolongada, causando quadros mais graves, como cirrose e carcinomas.
Elas também podem ser classi�icadas de acordo com os tipos virais responsáveis pela infecção, que são
responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E, causadas, respectivamente, pelos vı́rus HAV, HBV, HCV, HDV e HEV.
Adicionalmente, há hepatites autoimunes, induzidas por compostos tóxicos ou medicamentos; além das
hepatites gordurosas.
Figura 5 - Os danos hepáticos são progressivos, iniciando com esteatoses até o desenvolvimento de
neoplasias
Fonte: Olga Bolbot, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 21/38
De acordo com Kumar, Fausto e Abbas (2010), podemos classi�icar essas tipologias conforme o quadro
interativo a seguir. 
De modo geral, nas hepatites crônicas — incluindo outras etiologias que a causam —, os sintomas associados
têm surgimento lento, mas, quando presentes, trazem à tona febre, desconforto na região superior abdominal,
redução de apetite e mal estar. Já os sintomas associados ao quadro de hepatites agudas envolvem dores
musculares, dores de cabeça e perda de peso. 
Hepatite	A	
Causada por vı́rus ssRNA, da famı́lia Hepatovírus, de transmissão oral-fecal. Não
causa hepatite crônica.
Hepatite	B	
Causada por vı́rus de dsDNA parcial, da famı́lia Hepadnavírus, de transmissão
parenteral, sexual e perinatal. Tem incidência de 10% de hepatite crônica. 
Hepatite	C	
Causada por vı́rus de ssRNA, da famı́lia Flaviviridae, de transmissão parental. Tem
incidência de 80% de hepatite crônica.
Hepatite	D	
Causada por vı́rus ssRNA circular, da famı́lia Deltaviridae, de transmissão parenteral.
Tem incidência entre 5% e 70% de hepatite crônica.
Hepatite	E	
Causada por vı́rus ssRNA, da famı́lia Hepeviridae, de transmissão fecal-oral. Não tem
incidência de hepatite crônica.
Hepatite
autoimun
e	
Causada por distúrbios imunológicos, em que há um ataque dos hepatócitos pelas
células de defesa. Em resposta, ocorre extensa resposta in�lamatória, o que gera
lesões hepáticas e surgimento de cicatrizes (�ibroses), com quadro de hepatite
crônica. Progressivamente, pode haver comprometimento da estrutura hepática com
o surgimento de cirrose.
Hepatite
gordurosa	
Relacionada à Doença Hepática Gordurosa, ocorre pela in�iltração de gordura nos
hepatócitos, que desencadeiam uma reação in�lamatória.
Hepatite
medicame
ntosa	
Lesões no fı́gado devido a reações quı́micas causadas por medicamento, levando a
quadros in�lamatórios. Além dos medicamentos, outras substâncias hepatotóxicastambém causam in�lamações, como o paracetamol, a rifamicina, a pirazinamida, os
anticoncepcionais, a isoniazida e a amiodarona.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 22/38
Os sintomas podem variar de acordo com o tipo etiológico, porém, normalmente, os acometimentos
hepáticos incluem alteração da coloração da pele, tornando-se amarelada; alteração da coloração de urina; e
fezes esbranquiçadas (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
3.3.3 Pâncreas: fisiologia, funções e patologias associadas
Kumar, Fausto e Abbas (2010) nos trazem que o pâncreas é uma glândula com funções exócrina e endócrina.
Ele tem função ativa nos sistemas digestório e endócrino. Aliás, o termo “pâncreas” tem origem grega
(pankreas), com signi�icado de “todo carne”.
Trata-se de um órgão retroperitoneal que se estende da região do duodeno até o baço, em formato de alça. E�
lobulado e complexo, dividido entre cabeça, corpo e cauda. Essa divisão é baseada em vasos e ligamentos
(TORTORA, 2012). 
VOCÊ QUER LER?
As hepatites têm grande importância clıńica, sendo parte da história natural humana.
No artigo intitulado “Histórico das hepatites virais”, José Carlos Ferraz da Fonseca
aborda o contexto histórico das hepatites virais e seus efeitos ao longo da história
humana. Vale a pena tirar um tempo para ler a obra, que está disponıv́el em:
https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf
(https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf ).
https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 23/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração anatômica do pâncreas, com destaque para sua localização
próxima ao estômago e duodeno; bem como suas células caracterı́sticas.
 
O pâncreas	endócrino é responsável pela secreção de hormônios que atuam na regulação da concentração
de glicose na corrente sanguı́nea, como a insulina e o glucagon. Morfologicamente, é formado pelas Ilhotas de
Langerhans, que são agregados celulares. Essas células são responsáveis pela produção de insulina, glucagon,
somatostatina e polipeptı́dio pancreático (PP).
Conforme Tortora (2012), a insulina e o glucagon atuam na regulação da glicose na corrente sanguı́nea. Já a
somatostatina e o PP atuam na regulação, respectivamente, dos pâncreas endócrino e exócrino.
O pâncreas	exócrino, por sua vez, tem uma função importante para o processo digestivo, produzindo o suco
pancreático. Morfologicamente, apresenta ácinos e ductos associados que convergem ao ducto pancreático e
ao duodeno. Esse ducto é chamado de “Ducto de Wirsung”.
Silverthorn (2010) cita mais detalhadamente que, por meio das células dos ácinos, ocorre a secreção de
enzimas digestivas. Já pelas células dos ductos, dá-se a secreção de ı́ons de bicarbonato. Além disso, os
ductos do pâncreas exócrino é revestido por células cúbicas, que secretam os ı́ons de bicarbonato; e células
colunares, que secretam mucina.
As enzimas digestivas são produzidas na forma de proenzimas inativas, armazenadas em estruturas chamadas
“grânulos de zimogênio”. O estı́mulo às glândulas acinares induzem a liberação das enzimas no lúmen acinar
pela fusão da membrana plasmática. Uma vez no lúmen, são transportadas por ductos até o duodeno. A
Figura 6 - O pâncreas é um órgão formado por agregados celulares
Fonte: NoPainNoGain, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 24/38
ativação das proenzimas em enzimas digestivas ativas é dependente da ação de uma enzima duodenal
conhecida por “enteropeptidase” (TORTORA, 2012; STANFIELD, 2013). 
3.3.4 Patologia pancreática 
Kumar, Fausto e Abbas (2010) explicam que a principal patologia associada ao pâncreas é a pancreatite, um
distúrbio in�lamatório, podendo ser aguda ou crônica.
Na pancreatite	aguda, as lesões são reversı́veis, quando o agente causal é removido. Os fatores etiológicos
incluem agentes metabólicos, como alcoolismo e uso de drogas; agentes genéticos; agentes mecânicos, com a
presença de cálculos biliares ou tramas; agentes vasculares, como choque ou embolias; e agentes infecciosos.
A gravidade da pancreatite aguda é variável. Nos casos mais severos, pode ocorrer pancreatite aguda
necrosante, com destruição tecidual e morte das Ilhotas de Langerhans. Adicionalmente, também pode haver
pancreatite hemorrágica, quando há danos severos no pâncreas, com hemorragia no interior da glândula
(KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016).
De modo geral, a pancreatite aguda apresenta cinco alterações morfológicas caracterı́sticas: edema devido a
um vazamento microvascular, esteatonecrose por lipases, in�lamação aguda, ação proteolı́tica no parênquima
pancreático e danos aos vasos sanguı́neos, causando quadros hemorrágicos intersticiais. Os quadros podem
estar associados à autodigestão da estrutura pancreática por ação das enzimas, que são inativadas de modo
desequilibrado (ANGELO, 2016).
Esse desequilı́brio é causado por ativação das proenzimas inapropriadamente, causando danos nas células
alcinares e, consequentemente, ativação de enzimas digestivas, que lesionam o tecido pancreático, gerando
in�lamação, surgimento de edema, proteólise, esteatonecrose e processos hemorrágicos.
Já a pancreatite	 crônica é caracterizada por um processo in�lamatório longo, com presença de �ibrose e
comprometimento estrutural do pâncreas exócrino, gerando um dano irreversı́vel na função pancreática.
Morfologicamente, ela se apresenta com �ibrose no parênquima, comprometimento estrutural dos ácidos e
dilatação dos ductos pancreáticos (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
A patogenia da pancreatite crônica não é bem esclarecida, mas as principais hipóteses envolvem respostas a
obstruções nos ductos, reações a compostos tóxicos ao metabolismo e estresse oxidativo. As obstruções nos
ductos podem ser causadas por agregados proteicos devido ao aumento da expressão por agentes etiológicos
diversos, como o consumo excessivo de álcool.
Outro fator associado ao consumo alcoólico são as toxinas geradas, que lesionam as células pancreáticas e
acinares, induzindo à �ibrose parenquimatosa. Além disso, o álcool também é responsável pela produção de
radicais livres, os quais lesionam as membranas de células acinares (ANGELO, 2016; KING, 2007).
Apesar de caracterı́sticas distintas, as pancreatites aguda e crônica partilham alguns fatores: têm como fatores
de risco a obstrução de ductos, o abuso de álcool e a ativação inapropriada de enzimas, como danos às células
acinares. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 25/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração do pâncreas in�lamado, com setas indicando uma lista de
sintomas associados: dor severa no abdome superior, palpitação, náuseas, temperatura corporal elevada, fezes
claras e com resı́duos não digeridos, redução da pressão sanguı́nea, vômito e fraqueza.
 
Dessa forma, �inalizamos nossa sessão sobre as principais glândulas acessórias do organismo e as patologias
associadas a elas. Assim, pudemos perceber que elas têm função endócrina, ou seja, participação no sistema
hormonal. De fato, os hormônios são muito relevantes para todos os sistemas corporais, integrando-os e
regulando-os. Será, portanto, o tema do próximo tópico. 
Figura 7 - Sintomas caracterı́sticos da pancreatite
Fonte: Timonina, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 26/38VAMOS PRATICAR?
A bile é fundamental para a emulsão de lipıd́ios. Uma emulsão é uma d
coloidal de lıq́uidos. As gorduras são insolúveis em água e, por isso, a
necessária para auxiliar na digestão dessas moléculas complexas.
A bile, inclusive, atua como um agente análogo ao detergente. Assim,
simular sua ação com as gorduras, utilizando materiais bem simple
detergente e óleo de cozinha.
Primeiramente, pegue dois copos com água. Em um dos copos, coloque um
de óleo de cozinha e misture bem. No outro, coloque uma colher de 
cozinha e vá adicionando detergente aos poucos, sempre misturando. Mi
conteúdos dos copos por um minuto, energicamente. 
Agora, observe sua experiência: o que ocorreu no corpo apenas com água
Quais caracterıśticas distintas você observou no copo contendo detergente
3.4 Sistema endócrino
O sistema endócrino é responsável pela produção e regulação hormonal. Os hormônios são um grupo de
moléculas de grande importância na �isiologia corporal, atuando em todos os sistemas corporais.
O sistema endócrino é altamente integrado aos demais, o que re�lete uma diversidade de estados patológicos
quando distúrbios endócrinos se instalam no organismo. Considerando esse contexto, neste último tópico,
iremos estudar mais a fundo sobre esse sistema. Vejamos!
3.4.1 Organização do sistema endócrino
De acordo com Tortora (2012), o sistema endócrino é composto por glândulas endócrinas, as quais estão
distribuı́das em diversas áreas do organismo. Esses órgãos podem ser classi�icados como primários e
secundários.
Nos órgãos	primários, a secreção de hormônios é a função principal, incluindo as glândulas localizadas no
interior no encéfalo, o hipotálamo, a glândula pineal, a hipó�ise e as glândulas de tireoide, paratireoide, timo,
suprarrenais e gônadas (TORTORA, 2012).
Já nos órgãos	secundários, a secreção é consequência de outra caracterı́stica funcional, e estão incluı́das as
glândulas localizadas no coração, no fı́gado, no estômago, no intestino delgado, nos rins e na pele (LIMA,
2016).
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 27/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração anatômica de um corpo humano, com as indicações da
localização das principais glândulas endócrinas: glândula pineal, hipotálamo, glândula hipo�isária, glândulas
de tireoide e paratireoide, pâncreas, glândulas adrenais, placenta (durante gestação), testı́culos (homens),
ovários (mulheres) e timo.
 
As glândulas endócrinas secretam hormônios, que são mensageiros quı́micos. Eles são liberados e circulam
pela corrente sanguı́nea até o órgão ou a célula-alvo, onde estão contidos receptores especı́�icos para a ligação
do hormônio. Assim, o sistema endócrino atua como uma sinalização.
O centro de controle do sistema endócrino está localizado no cérebro, em uma região chamada hipotálamo, no
centro do diencéfalo. No hipotálamo, são produzidos hormônios que regulam a hipó�ise, uma segunda região
com grande importância no sistema endócrino. A hipó�ise — que se liga ao hipotálamo — produz hormônios
que regulam as demais glândulas endócrinas no corpo.
Em conjunto, os dois formam o eixo hipotálamo-hipó�ise, o qual atua na regulação funcional de todo o sistema
hormonal.
Figura 8 - Organização do sistema endócrino
Fonte: Designua, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 28/38
Os hormônios produzidos pela hipotálamo são: hormônio antidiurético (ADH), liberador de corticotro�ina
(CRH), liberador de gonadotro�ina (GnRH), regulador de hormônio do crescimento (liberador e inibidor
(GHRH, GHIH), regulador de prolactina) liberador e inibidor (PRH, PIH), liberador de tirotro�ina (TRH) e
oxitocinas (TORTORA, 2012).
Já a hipó�ise é responsável por hormônios estimulantes do sistema endócrino, sendo dividida em duas
regiões:
adenohipófise: produz hormônio do crescimento (hGH),
hormônio tireoestimulante (TSH), hormônio melanócito-
estimulante (MSH), hormônio folículo-estimulante (FSH),
hormônio luteinizante (LH), prolactina (PRL), tirotrofina e
hormônio adenocorticotrófico (ACTH);
neuro-hipófise: responsável pela produção de oxitocinas,
hormônios antidiuréticos e vasopressinas.
 
Note que, na região do hipotálamo, são produzidos os hormônios que estimulam ou inibem os hormônios
produzidos pela hipó�ise.
De acordo com Lima (2016) e Tortora (2012), as demais glândulas de grande importância no sistema
endócrino são: pineal, de tireoide e paratireoide, suprarrenais, pancreáticas e gônadas. 
VOCÊ QUER VER?
O documentário “O Fantástico Mundo dos Hormônios”, apresentado por John Wass, nos
leva a uma viagem sobre a função dos hormônios e o impacto desses mensageiros
quıḿicos em nossa vida. E� uma ótima forma de �ixar os conhecimentos e adentrar
nesse mundo tão complexo e intrigante do sistema endócrino. O documentário está
disponıv́el na internet, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4
(https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4).
•
•
Glândula	pineal 
Localizada no Sistema Nervoso Central na região dos colı́culos
https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 29/38
Glândula	tireoide	 
Glândula	paratireoide	 
Glândulas	suprarrenais 
Glândulas	pancreáticas 
Localizada no Sistema Nervoso Central, na regiao dos colıculos
superiores, tem ação na regulação do sono, com secreção do
hormônio melatonina. 
Localizada na região do pescoço, tem função de regulação
metabólica. E� responsável pela produção dos hormônios T4, T3 e
calcitonina.
Localizada na região posterior à glândula tireoide, na região do
pescoço, tem função de regulação da calcemia sanguı́nea por meio
da secreção do hormônio paratireoide (PTH).
Localizadas nos rins, têm função de regulação da pressão arterial,
concentração de eletrólitos e resposta a condições ambientais de
estresse ao organismo. São responsáveis pela produção de
glicocorticoides (cortisol é o mais abundante), mineralcordicoides
(aldosterona é o principal), andrógenos, epinefrina ou adrenalina e
norepinefrina (noradrenalina) e dopamina.
Localizadas no pâncreas endócrino (Ilhotas de Langerhans), têm
ação na glicemia e regulação do processo digestivo. São
responsáveis pela produção de insulina, glucagon, gastrina,
secretina, grelina, motilina, colecistocinina e polipeptı́deo inibitório
gástrico. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 30/38
Agora, podemos aprofundar nossos conhecimentos sobre esses hormônios com a compreensão de distúrbios
associados a falhas em sua produção.
3.4.2 Função hormonal e distúrbios do sistema endócrino
Os hormônios produzidos nas diversas glândulas atuam em todos os sistemas corporais, sendo que
distúrbios na função hormonal podem gerar diversos estados patológicos.
A hipó�ise, por exemplo, também é chamada de glândula pituitária. Ela é o centro de controle de todo o
sistema endócrino. Tem estrutura ovoide, com cerca de um centı́metros de diâmetro. Quando ela passa por
alterações �isiológicas ou funcionais, quadros patológicos podem surgir, visto que todo o controle do sistema
endócrino pode ser afetado (ANGELO, 2016; GUYTON, 2011).
Aliás, é incrı́vel imaginar que uma glândula do tamanho de uma ervilha tenha função tão importante para o
organismo, não é mesmo?
Gônadas 
Localizadas nos órgãos do aparelho reprodutor (testı́culos ou
ovários), com função da produção de gametas, regulação do
desenvolvimento, comportamentoe caracterı́sticas sexuais. Nos
testı́culos, há produção de testosterona; ao passo que, nos ovários,
há produção de estrogênio e progesterona.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 31/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração da glândula pituitária, com setas indicando os hormônios
produzidos e locais de atuação, como ovários (mulheres), testı́culos (homens), pele, ossos, tecidos, rins etc.
 
Quando a glândula pituitária se encontra superestimulada, temos um quadro chamado hiperpituitarismo. Já
quando ela se encontra inibida, temos o quadro de hipopituarismo (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Nos quadros de hiperpituitarismo, há aumento da produção dos hormônios reguladores. A etiologia
majoritária é uma disfunção celular, gerando adenomas glandulares. A patologia da doença é caracterizada por
um aumento na produção hormonal e, portanto, o estado patológico que se desenvolve é dependente do tipo
de hormônio afetado (ANGELO, 2016; GUYTON, 2011).
Figura 9 - A hipó�ise (pituitária) produz hormônios de regulação de órgãos
Fonte: Te�i, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 32/38
O excesso de GH, por exemplo, pode causar problemas relacionados ao desenvolvimento do organismo, como
gigantismo e acromegalias. Quando a região afetada são as gônadas, o excesso hormonal pode causar
puberdade precoce e alterações no desenvolvimento sexual e de órgãos associados. Um quadro comum é o
excesso de prolactina, gerando modi�icações nas glândulas mamárias (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
O hipopituitarismo, por outro lado, é o oposto do quadro anterior, com uma redução da funcionalidade
hipo�isária. Os sintomas e o estado patológico também dependem do tipo de hormônio afetado. Sua etiologia
inclui anomalias genéticas, presença de tumores, quadros hemorrágicos, infecções e traumas cerebrais
(KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Entre os principais quadros patológicos causados por hipopituitarismo, destacam-se o nanismo, devido à
falta de GH; e anomalias sexuais, pelas de�iciências na produção de FSH e LH (GUYTON, 2011).
Já a tireoide é uma glândula localizada na base do pescoço, posteriormente à traqueia. Estruturalmente, são
formadas por dois lobos que se unem por um istmo. Na tireoide, são produzidos os hormônios T3
(triidotironina), T4 (tiroxina) e calcitonina, que atua na regulação de diversos sistemas corporais, regulando
pressão arterial, bombeamento cardı́aco, tônus muscular, menstruação, calcemia, respiração celular e funções
cerebrais, como humor e concentração (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016).
Quando os hormônios da tireoide — especialmente o T3 — são produzidos em excesso, há aceleração
metabólica generalizada, resultando em hipertireoidismo. Entre os efeitos principais, destaca-se
aceleramento cardı́aco, mioquimia, exoftalmia, alteração no ciclo menstrual, fadiga, astenia, espessamento da
pele e fragilização de unhas e cabelo. O metabolismo, de modo geral, também é afetado, causando perda de
peso acentuada (GUYTON, 2011).
As principais causas do hipertiroidismo são in�lamações na glândula da tireoidite, tumores, excesso de iodo,
disfunções do sistema imunológico e compostos nocivos. Uma das caracterı́sticas principais da doença é o
aumento da glândula, chamado de bócio. Esse aumento pode ter origem autoimune, em um quadro patológico
de Doença de Graves ou Bócio Difuso Tóxico (ANGELO, 2016).
Quando a produção dos hormônios tiroidianos é reduzida, o quadro que se instala é chamado
hipotireoidismo. Os sintomas são opostos ao quadro de hipertireoidismo, com destaque para o aumento de
peso. A causa majoritária é a de�iciência de iodo e uma doença autoimune chamada Tireoidite de Hashimoto
(KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Importante compreender que o iodo é um composto essencial na sı́ntese dos hormônios da tireoide, por isso,
tem estreita relação com os quadros patológicos.
Temos, ainda, a paratireoide, que é uma glândula formada por pequenas glândulas endócrinas localizadas em
pares (superiores e inferiores), na região posterior à glândula da tireoide. Tortora (2012) menciona que,
usualmente, são dois pares, mas podem ocorrer mais.
O hormônio produzido pela paratireoide é o PTH, que atua na calcemia sanguı́nea, no equilı́brio de fosfato,
nas células receptoras de PTH, dos rins, dos ossos e da região intestinal, auxiliando no aumento da absorção
de cálcio (TORTORA, 2012). Vale destacar que esse hormônio atua em conjunto com a calcitonina e a
vitamina D, que são essenciais ao metabolismo do cálcio.
Problemas na glândula causam quadros associados a disfunções no metabolismo do cálcio. O
hiperparatireoidismo, por exemplo, é causado pelo aumento de PTH, podendo ser primário ou secundário.
Em comum, ambos afetam a massa óssea negativamente. 
Hiperparatireoidismo	primário	
Ocorre hipercalcemia e hipercalciúria, bem como redução de cálcio nos ossos e formação de
cálculo renal. As causas mais comuns incluem adenomas na glândula. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 33/38
Já o hipoparatireoidismo	é o oposto, causado pela redução drástica da concentração de PTH. Isso impacta na
absorção de cálcio e fósforo. O cálcio é reduzido e o fósforo, por outro lado, aumentando.
A principal causa do hipoparatireoidismo são lesões na glândula paratireoide ou por causas genéticas e
doença autoimune. A propedêutica tem estreita relação com os impactos da redução do cálcio sérico, gerando
quadros de fraqueza muscular, dormência, espasmos e formigamentos (ANGELO, 2016).
Ainda é preciso citar os principais hormônios produzidos pelo pâncreas endócrino, que são a insulina, o
glucagon e a somatostatina. Eles são produzidos pelos agregados celulares de Ilhotas de Langerhans.
A insulina é o hormônio responsável pelo transporte de glicose a partir da corrente sanguı́nea para os demais
tecidos (musculares e adiposo). Ela é secretada por células beta das Ilhotas de Langerhans, estimuladas pelos
nı́veis glicêmicos sanguı́neos. Além da concentração de glicose, a concentração de aminoácidos, glucagon,
acetilcolina e hormônios também têm impacto no estı́mulo da secreção de insulina (KUMAR; FAUSTO; ABBAS,
2010; LIMA, 2016).
O glucagon é o hormônio responsável por mecanismos de gliconeogênese no fı́gado, lipólise e glicogenólise.
Sua função principal é aumentar a concentração de glicose no sangue, ou seja, tem ação oposta à insulina. O
mecanismo do aumento da glicemia é baseado na ativação da glicogenólise pela produção de AMP-cı́clico,
composto que estimula o processo de captação de glicose do fı́gado e liberação para a corrente sanguı́nea.
O glucagon é produzido pelas células alfa das Ilhotas de Langerhans. Sua secreção é estimulada pela presença
de acetilcolina, aumento de aminoácidos e catecolaminas, baixa concentração de glicose e pelo Sistema
Nervoso Simpático. A inibição é realizada por insulina e somastostatina (LIMA, 2016).
Uma das principais patologias associadas ao pâncreas endócrino é a Diabetes	Mellitus, em que os nı́veis de
glicose na corrente sanguı́nea sofrem distúrbios devido a alterações no metabolismo e na funcionalidade de
insulina.
Hiperparatireoidismo	secundário		
Não está relacionado a quadros de hipercalcemia, mas, sim, à hipocalcemia, tendo como causa
associada a redução da funcionalidade dos rins.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 34/38
Essa patologia pode ocorrer quando há quantidade inadequada de insulina,caracterizando a Diabetes Mellitus
tipo 1; ou quando há insulina, mas o organismo não responde ao hormônio adequadamente, caracterizando a
Diabetes Mellitus tipo 2. Um terceiro tipo é a Diabetes Gestacional, que ocorre durante o perı́odo de gestação,
com comprometimento da função da insulina (ANGELO, 2016).
A diabetes tem propedêutica caracterı́stica, com presença de poliúria, polidipsia e polifagia. Em casos mais
graves, pode ocorrer sı́ndrome metabólica, perda de peso e perda de visão (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
A etiologia da diabetes tem relação com falhas nas células beta, que podem ter origem genética.
Adicionalmente, pode ocorrer em resposta a defeitos genéticos no mecanismo de produção da insulina,
alterando a estrutura proteica e sua funcionalidade. Outros estados patológicos também podem estar
associados, incluindo defeitos na funcionalidade do pâncreas exócrino, alterações na hipó�ise com mudanças
na regulação de hormônios e tireoide (GUYTON, 2011).
Já as glândulas suprarrenais, também chamadas de adrenais, estão localizadas acima dos rins. São formadas
por duas regiões: córtex e medula. O córtex	inclui a região externa e possui alta concentração de colesterol. E�
segmentada em três zonas: glomerulosa, mais externa; fasciculada, intermediária; e reticular, mais interna. A
medula	�ica localizada na região interna, contendo células secretoras enredadas (TORTORA, 2012).
Os principais hormônios produzidos pelo córtex adrenal são os esteroides (corticosteroides), divididos em
glicocorticoides e mineralocorticoides. No grupo dos glicocorticoides, o cortisol é o de maior importância.
Ele atua diretamente na sı́ntese de glicose a partir de proteı́nas e gorduras. Já os mineralocorticoides atuam no
balanço hı́drico e eletrolı́tico. Um dos principais é a aldosterona, com função de regulação de ı́ons pelos rins e
retenção hı́drica (GUYTON, 2011).
Quanto aos principais hormônios produzidos pela medula adrenal, temos a adrenalina e a noradrenalina. Eles
são liberados em resposta a condições de estresse, alterando a �isiologia corporal, como pressão sanguı́nea,
batimentos cardı́acos e estimulação nervosa (ANGELO, 2016).
Quando ocorrem desequilı́brios nos hormônios adrenais, diferentes sı́ndromes podem surgir. Dois exemplos
de ampla ocorrência são a Doença de Cushing e a Doença de Addison
A Doença	de	Cushing se dá pelo hipercortisolismo, ou seja, pela alta taxa de produção de cortisol no córtex
adrenal e de outros glicocorticoides. O principal sintoma é o acúmulo de gordura na região do pescoço,
obesidade no tronco, face em lua, dedos e extremidades distais �inos, estrias, bem como bolsas cervicais
dorsais (corcunda de búfalo). A principal causa do aumento de cortisol é uma alteração no hormônio
hipo�isário regulador (ACTH) devido à presença de tumores na hipó�ise (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
A Doença	de	Addison é uma patologia associada à insu�iciência na glândula adrenal primária. Nesse quadro,
não há produção adequada dos hormônios esteroides, principalmente cortisol e aldosterona.
As causas podem ser autoimunes, infecciosas ou devido à presença de neoplasias diretamente nas glândulas
adrenais. Também pode se dar por problemas nas glândulas hipo�isárias ou hipotálamo, visto que estas são
responsáveis pela produção do hormônio adrenocorticotró�ico (ACTH) e do hormônio liberador de
corticotro�ina (CRH), respectivamente.
Entre os sintomas mais comuns, estão incluı́dos hipotensão arterial, fadiga, vertigem, fraqueza, artralgia,
mialgia, perda de peso, irritação ocular, alteração no ciclo menstrual, confusão mental, poliúria, hipoglicemia
e hiperpigmentação cutânea (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016).
Finalmente, as glândulas endócrinas sexuais femininas (gônadas) são os ovários. Eles têm função de formar
as células sexuais e os óvulos (gametas femininos).
Tortora (2012) traz que os ovários �icam inativos no organismo feminino até a primeira menstruação, na
puberdade, quando se tornam ativos. Eles voltam a ser inativados na menopausa. O ciclo reprodutivo também
é chamado de ciclo menstrual.
Na puberdade, os ovários iniciam a produção hormonal de estrogênio. Com a progressiva produção, as
caracterı́sticas sexuais começam a surgir, como o crescimento de pelos, desenvolvimento dos órgãos sexuais
e das mamas, além de alteração da distribuição de gordura e inı́cio do ciclo menstrual (ciclo reprodutivo)
(KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; LIMA, 2016).
O ciclo reprodutivo possui fases, reguladas e caracterizadas pela secreção de diferentes hormônios sexuais.
Os hormônios são o folı́culo-estimulante (FSH), o luteinizante (LH), o estrogênio e a progesterona. 
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 35/38
#PraCegoVer: na �igura, temos uma ilustração com as fases do ciclo menstrual, com destaque para a
produção de hormônios em cada fase.
 
Quando há distúrbios hormonais, sı́ndromes patológicas surgem. Uma das mais comuns é a Síndrome	do
Ovário	 Policístico. Trata-se de uma sı́ndrome hiperandrogênica, ou seja, com excesso de hormônios
androgênicos no organismo. Esse excesso causa alterações no ciclo menstrual, além de resistência à insulina,
hirsutismo e acne. O comprometimento do �luxo hormonal altera a produção e liberação dos folı́culos, que se
acumulam nos ovários, gerando o quadro caracterı́stico da doença (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010).
Agora, para �inalizar nossa unidade, coloque em prática a atividade sugerida a seguir e �ixe o que estudamos
aqui!
Figura 10 - Ciclo reprodutor feminino e suas fases
Fonte: Slave SPB, Shutterstock, 2020.
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 36/38
VAMOS PRATICAR?
Os hormônios podem atuar na melhoria do condicionamento fıśico e na e
corporal. Por isso, são alvo de constantes polêmicas em exames antido
atletas, visto que sua utilização é ilegal em campeonatos o�iciais.
Nesse contexto, pesquise sobre o termo “dopping esportivo” e os principa
com ampla divulgação na mıd́ia. Depois, crie uma apresentação de Pow
incluindo o caso que você escolheu e o tipo de hormônio utilizado. Ad
função desse hormônio, seu local de produção e seus efeitos quando em 
no organismo. Lembre-se de incluir na apresentação sua opinião a resp
assunto.
Conclusão
Chegamos ao �inal de mais uma unidade da disciplina de Sistemas Corporais. Aqui, pudemos estudar sobre o
sistema gastrointestinal, as glândulas acessórias e o sistema endócrino. Dessa maneira, compreendemos
conceitos importantes sobre a organização desses sistemas e os estados patológicos associados a disfunções
sistêmicas. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
compreender os conceitos do processo digestivo, incluindo os
órgãos que formam o trato digestório;
identificar os principais mecanismos de ação dos órgãos do
processo digestivo, com destaque para as secreções glandulares,
esofágicas, gástricas e intestinais;
entender a patologia das síndromes associadas a disfunções do
sistema digestivo;
identificar as características, a funcionalidade e a fisiologia geral
do sistema hepático, com destaque para a produção de bile e o
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas;
•
•
•
•
19/06/2022 15:59 Sistemas corporais
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=jJ6JSKyNeKVqi9GVDG8lIw%3d%3d&l=KoSs0oX6H7ugmPE%2bnYJD6Q%3d%3d&cd=tO… 37/38
compreender a fisiopatologia da esteatose hepática, hepatites
virais e cirroses;
reconhecer a fisiologia do pâncreas, as principais funções do
pâncreas endócrino e exócrino, incluindo a produção de suco
gástrico e o estado patológico das pancreatites;
compreender a organização básica do sistema endócrino, as
principais glândulas e os hormônios secretados;
analisar as principais patologias

Outros materiais