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- -1 SISTEMAS CORPORAIS UNIDADE 3 - SISTEMAS DIGESTÓRIO E HORMONAL: ORGANIZAÇÃO E DISFUNÇÕES Autoria: Ana Paula Felizatti - Revisão técnica: Marcelo Morganti Sant’Anna - -2 Introdução Seu organismo é formado por diversos sistemas complexos, os quais se integram e se conectam para realizarem funções vitais. No entanto, você sabe quais sistemas estão agindo durante a sua rotina, especificamente? A resposta correta seria “todos”, mas podemos especificar um pouco mais. Quando você se alimenta, por exemplo, o sistema digestório é responsável por quebrar os alimentos e torná-los disponíveis para o seu metabolismo. As macromoléculas e os nutrientes são, então, encaminhados para os locais necessários. Contudo, para que a comida que você ingere se torne alimento para as suas células, é necessário um processamento. Este é dependente do fígado e do pâncreas, que formam os sistemas hepático e pancreático, respectivamente. Você consegue perceber, assim, o quão integrado os sistemas corporais são? Um simples exemplo sobre a rotina alimentar já nos leva a uma viagem sobre esses mecanismos. Para funcionar adequadamente, as células precisam de energia, que é obtida com a alimentação e digestão. Após, as moléculas são metabolizadas e encaminhadas para suas funções celulares, nos diversos sistemas corporais. Aquilo que o organismo não precisa, é excretado. Inclusive, um ponto muito importante dos sistemas corporais é que em todos há a atuação de macromoléculas que auxiliam na regulação de diversas funções celulares. Porém, você sabe que macromoléculas são essas? Tratam-se dos hormônios, no sistema endócrino. Dessa forma, a regulação de toda essa sistemática é obtida pela ação hormonal. Claramente, distúrbios em qualquer um dos sistemas pode causar estados patológicos graves, com diferentes consequências para o organismo. Por isso, nesta unidade, iremos aprender sobre os sistemas exemplificados: digestório, hepático, pancreático e hormonal. Veremos conceitos sobre a organização e fisiologia desses sistemas, bem como integração e estados patológicos associados. Bons estudos! 3.1 Introdução ao sistema digestório O sistema digestório é responsável por fornecer os nutrientes e as moléculas necessárias para o funcionamento do organismo. Por meio da alimentação, obtém-se a energia que se precisa para as funções celulares, além de macromoléculas consideradas “blocos construtores” para músculos, tecidos e demais processos sistêmicos e orgânicos. Nesse sentido, ao longo deste primeiro tópico, aprenderemos sobre a organização geral do sistema digestório e algumas patologias associadas a ele. Acompanhe com atenção o conteúdo! 3.1.1 Organização do sistema digestório O sistema digestório ou digestivo é formado por um grupo de órgãos que atua na digestão dos alimentos, absorção das moléculas metabolizáveis e excreção do excedente. De acordo com Lima (2016), quanto às funções do sistema digestório, podemos mencionar a captação de nutrientes a partir da alimentação, pelas transformações química e mecânica dos alimentos ingeridos em moléculas adequadas e essenciais para o metabolismo. Além disso, o sistema digestório é responsável pelo transporte de compostos, água e sais para os demais sistemas, por meio de reabsorção no intestino para a corrente sanguínea. Por fim, também atua na eliminação de compostos não metabolizáveis. Esse sistema se divide em dois grupos de estruturas: trato gastrointestinal (TGI) e glândulas acessórias. O trato gastrointestinal é segmentado em trato digestório superior, que inclui a cavidade oral, a faringe, o esôfago e o estômago; e trato digestório inferior, com o intestino (delgado e grosso), o reto e o ânus (LIMA, 2016). As glândulas acessórias, por sua vez, são estruturas anexas, externas ao TGI, que têm como finalidade principal a - -3 As glândulas acessórias, por sua vez, são estruturas anexas, externas ao TGI, que têm como finalidade principal a produção e secreção de componentes e enzimas que atuam no processo digestório. Conforme Silverthorn (2017), essas glândulas são formadas por glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas. Figura 1 - O sistema digestório humano é formado pelo trato gastrointestinal e pelas glândulas acessórias Fonte: Vecton, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração de meio corpo humano, indicando os órgãos do sistema digestório: boca, língua, fígado, vesícula biliar, pâncreas, apêndice, ânus, esôfago, baço, estômago, intestino grosso, intestino delgado e reto. Lima (2016) ainda destaca que, com exceção da boca, da faringe, do terço superior do esôfago e da parte externa do ânus; as paredes das estruturas do trato gastrointestinal são uniformes, formadas por uma camada quádrupla. Tais estruturas também podem ser chamadas de “túnicas”. Portanto, a estrutura geral da parede gastrointestinal — incluindo as mucosas esofágica, gástrica e intestinal —, de acordo com Lima (2016) e Tortora (2012), dá-se pelas camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. A camada mucosa é a primeira e reveste a região interna. Ela é constituída por outras três camadas: • membrana mucosa, com células epiteliais, chamadas de enterócitos. Estas são essenciais para a • - -4 • membrana mucosa, com células epiteliais, chamadas de enterócitos. Estas são essenciais para a proteção do epitélio contra lesões e patógenos. Já os enterócitos endócrinos são produtores de hormônios; • lâmina próxima, formada por tecido linfático. É altamente vascularizada, com vasos da corrente sanguínea e do sistema linfático. Nela, estão presentes os nódulos linfáticos e as Placas de Peyer, responsáveis pela defesa do organismo contra microrganismos; • camada muscular mucosa, composta por fibras musculares longitudinais e circulares. Já a camada submucosa é formada por tecido conjuntivo. A presença desse tecido dá uma característica elástica e distensora à região. Na camada submucosa externa, há uma rede de células nervosas que criam os plexos do sistema nervoso entérico. Os plexos são de Auerbach (mioentérico) e de Meissner (submucoso). A função dos plexos está associada à regulação gastrointestinal pelas ações neural motora e sensorial. A resposta efetora do sistema nervoso entérico depende da sinalização de receptores do TGI e neurônios autônomos. É importante destacar que o sistema nervoso entérico se estende por toda a região gastrointestinal, iniciando na região do esôfago e continuando até a região anal. Temos, ainda, a camada muscular, composta por uma dupla camada de musculatura lisa, interna e externa. A camada interna é constituída por musculatura circular, enquanto a externa é por musculatura longitudinal. O músculo circular é capaz de gerar potenciais de onda lenta devido à habilidade de despolarização espontânea. Já o músculo longitudinal responde a estímulos neurais de contração. A movimentação coordenada de ambas permite a movimentação do bolo alimentar, misturado a secreções. As células da musculatura lisa permitem que os sinais elétricos sejam propagados entre as fibras, por meio de junções comunicantes. Por fim, a camada serosa é dividida em interna e externa. A camada interna tem função de estrutura e suporte, sendo formada por tecido fibroso (conjuntivo). Por outro lado, a camada externa é responsável pela secreção de líquidos, formada por tecido epitelial, criando uma região chamada “mesotélio”. O mesotélio é conectado ao mesentério e peritônio, que fazem parte, respectivamente, do sistema de membranas de conexão entre órgãos e membrana de revestimento abdominal. • • • - -5 Figura 2 - Camadas histológicas do estômago Fonte: Tefi, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos a ilustração de uma seçção do estômago, com as camadas que o formam: mucosa, submucosa e muscular. Entretanto, como ocorre o processo digestório? Ao ingerir um alimento, ele é, inicialmente, mastigado. Com a mastigação e movimentação da língua, o bolo alimentar é diluído na saliva, tornando-se úmido e flexível. Assim, é propulsionado até a faringe, por açãoda língua. A ação de deglutição é regulada pelo centro de deglutição, localizada na região bulbar encefálica, ativada pela sinalização de mecanorreceptores (STANFIELD, 2013). O bolo alimentar, ao chegar na faringe, pressiona a epiglote e causa o relaxamento da válvula superior do esôfago (esfíncter). Desse modo, ocorre a passagem do bolo até o esôfago, com o fechamento do esfíncter. Ao entrar no esôfago, o bolo alimentar é percebido por receptores, os quais disparam o movimento peristáltico. O esfíncter inferior, então, abre-se para a passagem do bolo ao estômago. Lima (2016) e Silverthorn (2010) mencionam que, no estômago, o bolo alimentar é digerido por ação do suco gástrico, formado por água, ácido clorídrico e enzimas. Essa mistura proporciona um pH entre 1,5 e 2 para o estômago. O bolo alimentar é processado e digerido, formando o quimo. Este, portanto, é o produto de digestão estomacal, que será encaminhado aos intestinos delgado e grosso. No intestino, ocorre a absorção de macromoléculas, líquidos e nutrientes. O que não é absorvido, trata de ser conduzido para a formação do bolo fecal, que será removido do organismo pelo ânus (TORTORA, 2012). Nesse caminho, o bolo alimentar passa por diversos processamentos químicos. Estes visam à quebra de moléculas complexas para a liberação de compostos metabolizáveis para o organismo. Tais quebras são realizadas por intermédio de secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais, que permitem, - -6 moléculas complexas para a liberação de compostos metabolizáveis para o organismo. Tais quebras são realizadas por intermédio de secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais, que permitem, progressivamente, a liberação de nutrientes durante a passagem do bolo alimentar, desde a boca até os intestinos delgado e grosso (LIMA, 2016). Além de ação química no bolo alimentar, as secreções também atuam na proteção das estruturas do TGI. Por conta disso, iremos aprender mais sobre elas com o item a seguir. Vejamos! 3.1.2 Secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais As secreções são importantes no processo digestivo, desempenhando duas funções principais: secretora e protetora. As secreções mais importantes do TGI são a salivar, a gástrica, a pancreática, a hepática e as intestinais. O quadro na sequência resume os componentes principais e a função de cada uma dessas secreções. Observe. Quadro 1 - Principais componentes e funções das secreções Fonte: Elaborado pela autora, baseado em LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010. #PraCegoVer: no quadro, temos os principais componentes das secreções, bem como suas funções primárias. Na primeira coluna, encontramos o tipo de secreção; na segunda, temos os componentes principais; já na terceira há as funções primárias de cada secreção. As glândulas salivares são formadas por ductos ramificados. Na extremidade das ramificações, há uma porção secretora terminal, composta por células agrupadas como cachos de uvas, denominadas de ácinos. É o local onde a saliva é produzida. Depois, a saliva é conduzida a partir dos ácinos para os ductos excretores (STANFIELD, 2013). A saliva é um líquido composto por produtos orgânicos e inorgânicos. Majoritariamente, ela se origina em três pares de glândulas: parótidas, submandibulares e sublinguais. Uma pequena parte (cerca de 10%) é originada em glândulas menores e no suco gengival. Tortora (2012) nos traz que as diferentes glândulas produzem distintas composições de saliva. De fato, os tipos celulares presentes nos ácinos podem ser dois: serosas ou mucosas. Assim, dependendo do tipo celular presente na glândula, a produção de saliva será distinta. Glândula parótida Produz saliva serosa. Glândula submandibular Produz saliva mucosserosa. - -7 Glândulas sublinguais Produz saliva mucosa. Glândulas menores Produz saliva viscosa. A excreção salivar é essencial para a saúde oral, protegendo a cavidade contra ressecamento e patógenos. De fato, ela possui papel multifuncional na proteção contra patógenos, fisiologia esofágica, digestão e proteção celular. Sua formação é cerca de 98% água e apenas 2% de compostos funcionais, como eletrólitos, lubrificantes (mucinas), compostos antibacterianos (imunoglobulinas), enzimas e fatores de crescimento (LIMA, 2016). As enzimas são os agentes principais do processo digestivo. Na saliva, estão contidas amilases, lipases e proteases, responsáveis pela quebra de amiláceos, gorduras e proteínas, respectivamente. Todavia, a ação majoritária é da amilase, sendo que gorduras e lipídios são digeridos ao longo do tubo digestório, dada sua maior complexidade estrutural, apenas iniciando na cavidade bucal (LIMA, 2016; SILVERTHORN, 2010). A salivação é ativada por meio do sistema nervoso autônomo, a partir de estímulos parassimpáticos ou simpáticos. Ao entrar na cavidade bucal, os alimentos estimulam a secreção salivar, em que água e enzimas são secretadas. A maior concentração enzimática é de amilases, que quebram ligações glicosídicas de amiláceos, formando hexoses e estruturas mais simples (TORTORA, 2012; SILVERTHORN, 2010). Nesse contexto, o bolo alimentar, pós-mastigação e início da digestão, é encaminhado ao esôfago. O esôfago é segmentado em três regiões anatômicas: cervical, torácico e abdominal, que se estendem proximamente a essas regiões. Funcionalmente, o esôfago pode ser segmentado em esfíncter esofágico superior, esôfago e esfíncter esofágico inferior. Lima (2016) cita que as funções do esôfago estão associadas à deglutição, função motora, facilitação de transporte ao estômago por ligação ao Sistema Nervoso Central e a outros órgãos, bem como prevenção de refluxo (retorno do alimento). O esôfago contém glândulas mucosas compostas e simples, as quais secretam complexos de proteção ao trato digestivo. A regulação da atividade das glândulas esofágicas se dá por ação do nervo vago e do sistema parassimpático. A secreção das glândulas esofágicas são mucosas, com ação direta na lubrificação do bolo alimentar para deglutição, proteção contra lesões na mucosa durante a passagem dos alimentos e proteção contra escoriações devido à acidez local (LIMA, 2016; TORTORA, 2012). Essa proteção é necessária por causa da proximidade com a região esogastrica e da presença do suco gástrico, cujo pH poderia danificar as paredes mucosas esofágicas. Assim, entramos no estômago, que se divide em três regiões anatômicas e duas divisões funcionais. As regiões anatômicas são chamadas de fundo (parte superior), corpo (parte central) e antro (parte inferior), ao passo que as funcionais são as mucosas glandulares oxíntica e pilórica. De modo geral, o estômago é revestido em toda a sua extensão por células secretoras de muco alcalino, VOCÊ SABIA? A baixa de ingestão de água inibe a produção de saliva, permitindo que ocorra o crescimento de bactérias nocivas na cavidade oral. Essas bactérias podem causar um odor ruim, o que caracteriza o mau hálito; e atacar os dentes, gerando lesões dentárias. Assim, para além das funções digestivas, as glândulas salivares também atuam na proteção e higiene bucal. Por isso, a ingestão de água é muito importante para a manutenção da fisiologia glandular. - -8 De modo geral, o estômago é revestido em toda a sua extensão por células secretoras de muco alcalino, chamadas de “células mucosas superficiais”. Estas formam uma barreira de proteção gelatinosa, aderida à mucosa estomacal, com função de proteção da mucosa contra lesões devido ao ambiente ácido estomacal e alimentos sólidos (SILVERTHORN, 2010). A secreção ácida é função das glândulas oxínticas. Elas secretam, além de ácido clorídrico, fatores intrínsecos, pepsinogênio e muco. A ação do ácido clorídrico é facilitar a digestão proteica, visto que transforma o pepsinogênio (enzima proteolítica) em ativo, na forma de pepsina. Adicionalmente, atua na proteção contra microrganismos nocivos e absorção de nutrientes, como ferro, cálcio e vitaminas (TORTORA, 2012; STANFIELD, 2013). As glândulas pilóricas, por sua vez, secretam muco e uma pequena proporção de pepsinogênio.Uma característica específica dessas glândulas é a presença de células da gastrina ou células G. A gastrina é um hormônio com funcionalidade de regulação das secreções gástricas, ativadas pela presença de compostos proteicos (STANFIELD, 2013). Já no intestino, de modo geral, suas secreções são dependentes da criação de um potencial de ação devido a um fluxo de eletrólitos nas criptas, assim como da ação de mediadores de secreção, como adenosina monofosfato cíclico e calmodulina, que induzem respostas secretoras. As secreções produzidas atuam no quimo, na finalização da digestão e na disponibilização de nutrientes e compostos para absorção pelo organismo (LIMA, 2016; TORTORA, 2012). Os intestinos delgado e grosso são revestidos por mucina, uma glicoproteína que confere viscosidade ao muco. Tortora (2012) nos explica que o intestino é um órgão longo, com epitélio repleto de vilosidades e criptas. Nessas estruturas, encontram-se células calciformes, que secretam muco; e enterócitos. Estes, na região das criptas, secretam água e eletrólitos; ao passo que, na região das vilosidades, absorvem água, eletrólitos e compostos processados ao término da digestão. Adicionalmente, há glândulas que secretam enzimas digestivas, como sacarase, maltase, isomaltase, lactase, peptidases e lipase. Assim, as células caliciformes, os enterócitos e as enzimas secretadas na região refletem sua funcionalidade em relação ao quimo: digestão e absorção de nutrientes. Após a passagem pelo estômago, o quimo chega ao intestino delgado, onde é digerido enzimaticamente. Para balancear o ácido proveniente da região estomocal, o intestino delgado possui glândulas secretoras chamadas de Glândulas de Brunner, responsáveis por uma secreção alcalina contendo mucina. No intestino grosso não há vilosidades, mas há muitas criptas, chamadas de Criptas de Lieberkuhn, onde se encontram células calciformes produtoras de muco. Além delas, há células enteroendócrinas, que secretam proteínas; peptídeos, que atuam na regulação da digestão; e colonócitos, que realizam absorção de água e atuam diretamente na proteção contra patógenos. Desse modo, a principal função do intestino grosso é a finalização da digestão e reabsorção de água e nutrientes. Após esse processamento, o bolo fecal é finalizado e encaminhado à região anal para excreção (TORTORA, 2012). Compreendido, então, sobre o sistema digestório, vamos, no próximo tópico, estudar alguns estados patológicos relacionados aos processos apresentados. Antes, no entanto, realize a atividade proposta a seguir para fixar os conhecimentos aprendidos até aqui! VAMOS PRATICAR? Muitas vezes, o sistema gástrico não consegue processar alguns alimentos devido à deficiência de enzimas do suco gástrico. Um exemplo bem comum é a incapacidade de uma pessoa digerir leite, pois há deficiência na produção enzimática e na formação do suco gástrico. Trata-se de uma das intolerâncias alimentares mais conhecidas. Sendo assim, faça uma pesquisa sobre o assunto e, depois, responda as seguintes questões: qual enzima do suco gástrico não está presente em pessoas com intolerância à lactose? Um dos sintomas principais é a distensão abdominal devido à presença de gases, mas qual é o motivo disso? Como o tratamento é realizado? Além disso, qual é a sua opinião sobre novas - -9 3.2 Patologias do sistema gastrointestinal O sistema gastrointestinal é um sistema de grande relevância, visto que atua na digestão e disponibilização de nutrientes essenciais para os sistemas corporais de modo geral. Todavia, o processo digestivo conta com algumas características intrínsecas à sua sistemática e organização orgânica, como a alta acidez da região estomacal, os reflexos para motilidade do bolo e as secreções digestivas e protetivas. Tais características, quando em desequilíbrio, podem causar diversos estados patológicos. Assim, neste tópico, abordaremos três estados patológicos de grande incidência: Esôfago de Barret, gastrites e neoplasias gástricas. Também apresentaremos outros casos de importância clínica no TGI. Acompanhe! 3.2.1 Esôfago de Barret Angelo (2016) nos traz que a síndrome chamada Esôfago de Barret (EB) é caracterizada pela alteração da morfofisologia natural celular na região interior do esôfago, com a presença de metaplasia. Nessa síndrome, ocorre um comprometimento das células saudáveis no esôfago interior por conta da exposição à acidez estomacal. Essa exposição se dá pela anatomia esofágica, que compreende um tubo oco, o qual conecta a faringe ao estômago (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). O esôfago é protegido por muco secretado na região, de característica alcalina para neutralização do conteúdo estomacal. Lima (2016), então, destaca que, quando há desequilíbrio na motilidade do bolo alimentar e na proteção esofágica, a acidez estomacal atinge as células esofágicas, causando lesões e metaplasias devido à resposta de adaptação celular. disso? Como o tratamento é realizado? Além disso, qual é a sua opinião sobre novas ferramentas biotecnológicas para problemas de intolerância alimentar? - -10 Figura 3 - O Esôfago de Barrett é caracterizado por metaplasia intestinal Fonte: rumruay, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração da anatomia do estômago, com destaque para a região inferior do esôfago, próximo ao estômago, além de alterações celulares características do Esôfago de Barrett. O Esôfago de Barrett é resultado de um processo de metaplasia intestinal, com alterações no epitélio esofágico para um epitélio colunar, composto por células colunares e mucosas, sem a presença de células caliciformes. Progressivamente, o tecido epitelial característico do esôfago é substituído por tecido semelhante ao presente da região intestinal (epitélio colunar). A ocorrência dessa síndrome está estreitamente relacionada à uma patologia chamada Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) de longa duração. Nesta, o fluxo do bolo alimentar é afetado, seguindo em sentido inverso (ANGELO, 2016). A propedêutica de EB inclui algumas condições, especificamente voltadas aos fatores de risco associados. Estão incluídos como sintomas a presença de azia, queimação, regurgitação, desconforto no tórax, dor na garganta, falta de ar (sufocamento), tosse, rouquidão e pigarro. Além disso, pode ocorrer esofagite, ou seja, inflamação da VOCÊ O CONHECE? Norman Rupet Barret foi um cirurgião australiano, responsável pela descrição e análise da fisiopatologia da doença que recebeu seu nome: Esôfago de Barrett. Nascido em 1903, Barrett foi um notável médico, premiado por suas contribuições pioneiras na prática cirúrgica e no estudo de patologias. Ele veio a falecer em 1979. - -11 falta de ar (sufocamento), tosse, rouquidão e pigarro. Além disso, pode ocorrer esofagite, ou seja, inflamação da mucosa esofágica, gerando desconforto e sensações dolorosas na região (ANGELO, 2016). A progressão do Esôfago de Barrett pode gerar quadros de adenocarcinoma, em que a metaplasia intestinal pode resultar em displasia. Esta é uma etapa pré-carcinoma e corresponde a anomalias em órgãos ou tecidos, em resposta a agressões constantes ou alterações genéticas. Kumar, Fausto e Abbas (2010) mencionam que a progressão da displasia dá origem ao quadro de adenocarcinoma, que se caracteriza pela presença de um tumor maligno em regiões epiteliais glandulares. Além do adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas também tem alta incidência. Ele tem origem em lesões e formações de displasia escamosa, que progridem para massas tumorais e podem se espalhar pelas estruturas esofágica e próximas, inclusive as pulmonares (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). 3.2.2 Gastrite A gastrite é uma reação inflamatória na mucosa gástrica. Ela pode ser classificada como aguda ou crônica. A gastrite aguda tem aparecimento súbito, com progressão rápida. Está associada a quadros de infecção viral ou bacteriana, uso de medicamentos ácidos, como ácido acetilsalicílico, além da ingestão de bebida alcoólica ou compostos corrosivos. Seu agravamento pode gerar quadros de ulceraçãogástrica (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016). A gastrite crônica, por sua vez, tem progressão lenta, com instalação também lenta. A principal causa está relacionada à infecção bacteriana por Tal bactéria é acidófila, ou seja, sobreviveHelicobacter pylori. adequadamente a ambientes de baixo pH, como a região estomacal. Ela se aloja na região da mucosa intestinal e é capaz de secretar uréase, alterando as condições do pH, multiplicando-se na mucosa (ANGELO, 2016). Kumar, Fausto e Abbas (2010) complementam que o crescimento de leva à deterioração dasHelicobacter pylori células protetivas da mucosa gástrica. Progressivamente, o ácido clorídrico do suco gástrico atinge o revestimento epitelial, causando uma reação inflamatória. Nesse contexto, é válido destacar que, com a proliferação da infecção, as células produtoras de suco gástrico também são afetadas, gerando um quadro de gastrite trófica devido à atrofia das células secretoras. A redução do suco gástrico torna o ambiente estomacal ineficaz na digestão do bolo alimentar e na proteção contra outros patógenos não resistentes ao conteúdo estomacal. Além da gastrite crônica trófica, há outro tipo de quadro crônico: a gastrite atrófica. Nesse caso, há redução das células especializadas da região estomacal por conta de um desequilíbrio da função humoral, em que anticorpos atacam a mucosa gástrica (GUYTON, 2011). Esse quadro também é chamado de gastrite autoimune. Entre os sintomas mais comuns dos estados patológicos da gastrite, destacam-se dores e sensação de queimação estomacal, azia, distensão gástrica, melena, hematêmese e quadros hemorrágicos, além de fraqueza, irritação labial e diarreia. É importante diferenciar que, nos quadros de gastrite aguda, os sintomas são mais amplos e presentes, ao passo que, na gastrite crônica, os sintomas são limitados, por vezes, inexistentes, visto sua lenta progressão (GUYTON, 2011). 3.2.3 Neoplasias gástricas Uma neoplasia é a alteração morfológica de determinada área, resultando em uma nova formação devido a um processo patológico de multiplicação celular anormal, originando tumores. Segundo Angelo (2016), a etiologia das neoplasias gástricas é desconhecida, mas há diversos fatores de risco associados, como ingestão de compostos carcinogênicos (tabaco e álcool), infecções, fatores hereditários e dieta desbalanceada. Outros quadros patológicos — como esofagite, gastrite e metaplasia intestinal — também são fatores de risco para a progressão de neoplasias gástricas. De acordo com Guyton (2011), entre as causas mais graves, temos a progressão infecciosa por Helicobacter Outro patógeno de alta incidência para as neoplasias são os vírus .pylori. Ebstein-Barr No que diz respeito às neoplasias gástricas mais comuns, o câncer gástrico é de maior abrangência. De fato, trata- - -12 No que diz respeito às neoplasias gástricas mais comuns, o câncer gástrico é de maior abrangência. De fato, trata- se do segundo tipo tumoral de maior incidência global, sendo a principal causa de morte entre as neoplasias. Angelo (2016) ainda menciona que a patogênese das neoplasias gástricas inicia com um estado de desenvolvimento de gastrite atrófica, gerando metaplasia intestinal. Progressivamente, há comprometimento celular, o que resulta em displasia e neoplasia. Em casos de gastrite crônica, por exemplo, podem surgir pólipos gástricos inflamatórios e hiperplásicos. Os pólipos são massas que se projetam na mucosa, de caráter neoplásico. Guyton (2011) destaca que os adenocarcinomas gástricos podem ser classificados de acordo com seu local, características histológicas e análise macroscópicas das lesões. Quando surgem associados à circulação linfática, por exemplo, próximos à mucosa gástrica, são chamados de linfomas gástricos primários, tendo estreita associação com a progressão das gastrites crônicas. Já os tumores carcinoides surgem no sistema endócrino, mas são majoritariamente benignos quando se desenvolvem na região gástrica. Tornam-se mais graves quando têm desenvolvimento associado à região intestinal. Por fim, os tumores estromais gastrointestinais surgem na região mesenquimal abdominal, em células intersticiais. Finalizamos, então, nossos estudos sobre os principais quadros patológicos que acometem o sistema gastrointestinal. Agora, iremos estudar três glândulas acessórias muito importantes para o equilíbrio desse sistema: fígado, vesícula biliar e pâncreas. Contudo, antes, leia com atenção a atividade a seguir. CASO O sistema digestório é altamente efetivo para a transformação química dos alimentos, necessários para a manutenção do equilíbrio celular do organismo. Todavia, em alguns casos, eles podem ser os vilões do sistema digestório. Bertuccio . (2013) nos trazem que estudos sobre a saúde gástrica demonstram umaet al estreita relação entre os hábitos alimentares e o desenvolvimento de câncer gástrico. Isso porque o alto consumo de certos alimentos alteram a fisiologia gástrica, modificando as condições naturais do local. Os principais alimentos relacionados à ocorrência de câncer gástrico são os defumados, as carnes, os peixes curados e outros alimentos com alto teor de sódio. Tais alimentos são responsáveis pela produção de compostos nocivos, que podem resultar em alterações genéticas e comprometer o epitélio gástrico e seu ambiente. Já entre os alimentos com baixo risco associado, temos aqueles ricos em fibras e antioxidantes, como as frutas e os vegetais. VAMOS PRATICAR? As doenças do sistema gastrointestinal podem ter etiologia diversa, incluindo problemas de saúde mental, como o estresse. Uma das doenças relacionadas à causa psíquica é a gastrite nervosa, causada pela integração do sistema nervoso, que impacta o sistema gástrico. Nesse contexto, pesquise a respeito da temática e elabore um pequeno texto de até 1.000 caracteres. Explique sua opinião sobre os hábitos de vida que envolvem ansiedade e estresse constantes, bem como os impactos desses hábitos no contexto das doenças gástricas. - -13 3.3 Glândulas acessórias: fígado, vesícula biliar e pâncreas O sistema digestório é formado por órgãos em série, os quais se estendem da cavidade oral até a região anal. Como já vimos na sessão anterior, a digestão se inicia na cavidade oral, pelo auxílio da língua, dos dentes e das glândulas secretoras. O bolo segue, então, para faringe, esôfago, estômago e intestinos. Porém, além dessas estruturas, há glândulas acessórias que também atuam na digestão alimentar: o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Neste tópico, nos aprofundaremos a respeito dessas glândulas, suas fisiologias, funções e patologias associadas. 3.3.1 Fígado e vesícula biliar: fisiologia, funções e patologias associadas Tortora (2012) nos explica que o fígado é um órgão de alta complexidade e tem participação em diversos sistemas corporais, sendo classificado como uma glândula. É, inclusive, o maior órgão da região abdominal e o segundo maior do corpo humano. Além de acessório ao sistema gastrointestinal, é essencial para outras funções vitais. De fato, o fígado atua como glândula exócrina e glândula endócrina. Glândula exócrina Possui ductos para secreção superficial ou para a região externa do organismo. Glândula endócrina É responsável pela secreção de compostos diretamente na corrente sanguínea, sendo livre de ductos. Embriologicamente, o fígado tem origem na região duodenal. Anatomicamente, tem formato ovalizado e com coloração intensa. É segmentado em dois lobos: direito e esquerdo; e três superfícies: diafragmática, visceral e posterior. Na região do lobo direito, na parte anterior, há uma bolsa de característica membranosa, chamada vesícula biliar (TORTORA, 2012). O fígado se organiza, portanto, em lóbulos, circundados por ramos da veia hepática. Entre os lóbulos, temos estruturas chamadas “tríades portais”, que são formadas por ramificações de ductos biliares, da veia porta e da artéria hepática (STANFIELD, 2013). De acordo com Tortora (2012), o fígado é composto por agregados celulares de hepatócitos, os quais seorganizam em placas. Os hepatócitos são células parenquimatosas e as unidades funcionalmente metabólicas do órgão. Entre as principais funções do fígado, destacam-se: processamento de nutrientes, remoção de eritrócitos envelhecidos, secreção de bile, síntese proteica, secreção hormonal, reserva de moléculas e eliminação de compostos. - -14 Figura 4 - O fígado é um órgão com múltiplas funções Fonte: Designua, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração com o fígado no centro e setas indicando exemplos de suas funcionalidades: síntese de colesterol, auxílio na absorção de vitaminas, desativação de venenos e toxinas, produção da bile, síntese de aminoácidos, produção de hormônios, enzimas e detoxificação. Uma das funções centrais do fígado é o metabolismo de bilirrubina. Esta é um pigmento de coloração amarelada /alarajanda produzido nos tecidos periféricos. Pouco solúvel, a bilirrubina se liga à albumina plasmática para ser transportada até o fígado (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). A produção da bilirrubina é resultado do processo de degradação de hemácias, mioglobinas e hemoproteínas, mas, majoritariamente, hemoglobinas. Essa degradação ocorre em células fagocitárias, com a quebra do anel ferroprotoporfirina e deterioração da porção celular. A quebra da hemoglobina se dá por ação de células fagocitárias, como macrófagos, especialmente Células de Kupffer, no fígado. Contudo, também ocorre em macrófagos, no baço e na medula óssea. O grupo é degradado por ação de um complexo enzimático chamado heme heme oxigenase (HO). O anel tetrapirrol do grupo porfirina é aberto, sofrendo duas oxigenações. Por ação de NADPH e seu poder de redução, há liberação de ferro, monóxido de carbono, água e biliverdina. Assim, após a quebra do anel do grupo , oheme ferro pode ser liberado para novos grupamentos, enquanto o restante do anel forma um composto tetrapirrólico: a biliverdina. Com a ação de uma enzima chamada biliverdina redutase, há a transformação de biliverdina em bilirrubina (ANGELO, 2016; KING, 2007). Quimicamente, há a adição de um grupamento hidrogênio por ação de NADPH, bem como a ligação entre dois anéis do grupamento de biliverdina. Dada sua alta insolubilidade, é necessário que se ligue à albumina sérica para se diluir no organismo. Conforme Lima (2016), a forma ligada à albumina é chamada de bilirrubina conjugada. Lima (2016) e Tortora (2012) ainda nos trazem que o fígado é o órgão central do metabolismo da bilirrubina, responsável por sua captação, conjugação e excreção. • Captação• - -15 • Captação A bilirrubina é captada por hepatócitos, em um mecanismo de transporte facilitado, sendo rapidamente ligada a proteínas ligandinas. • Conjugação Há conversão de bilirrubina em monoglicuronato por ação de UDP-glicuronil-transferase e, em seguida, em diglicuronato, no retículo endoplasmático liso do hepatócito. • Excreção Ocorre na membrana dos hepatócitos, com transporte ativo. Outro papel relevante do fígado está envolvido com a síntese da bile, formada por água, ácidos, sais biliares, pigmentos e gorduras. Após sua produção, é armazenada na bile e, quando necessária, encaminhada ao duodeno para agir na digestão de gorduras (STANFIELD, 2013). A composição da bile é 80% sais biliares. Estes, de produção hepática, são formados a partir da degradação de colesterol, por meio de diversas reações químicas. A bile, portanto, possui função digestiva devido à ação desses biliares, que atuam na emulsificação de gorduras, formando uma suspensão coloidal. Dispersadas, as gorduras têm sua digestão enzimática — por meio de lipases — facilitada. Assim, a bile auxilia na excreção de compostos, atuando como uma detoxificação do organismo (TORTORA, 2012). O fígado também tem importante atuação no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Ele atua no processamento metabólico de nutrientes. A glicose é convertida em glicogênio por meio de ligações glicosídicas. O glicogênio é o principal polissacarídeo de reserva, sendo essencial para a reserva energética muscular. No fígado, ocorre a gliconeogênese, em que é possível obter glicose a partir do glicogênio (STANFIELD, 2013). Além disso, o fígado também tem participação na síntese de proteínas plasmáticas, como a albumina e as lipoproteínas. As albuminas são essenciais no transporte de bilirrubina, ao passo que as lipoproteínas atuam no transporte de lipídios (TORTORA, 2012). 3.3.2 Patologias hepáticas Como pudemos compreender, o fígado tem participação em diversos processos. De fato, ele é responsável por mais de 500 funções. Por isso, alterações em seu metabolismo ou sua morfologia geram quadros patológicos. Nesse sentido, conheceremos, a partir de agora, três patologias muito recorrentes. Um dos processos relevantes do órgão envolve o metabolismo de gorduras pela emulsificação, digestão e • • • VOCÊ QUER VER? O filme “O Sentido da Vida”, dirigido por Miguel Gonçalves Mendes, retrata a vida de um brasileiro diagnosticado com uma doença hepática, cuja característica é a produção de uma proteína nociva pelo fígado. O único modo de conter a doença é trocando o órgão. Vale a pena conferir os efeitos na vida de alguém com uma doença em um órgão tão importante. Você pode saber mais sobre o filme no site oficial: .http://www.osentidodavida.com/ http://www.osentidodavida.com/ - -16 Um dos processos relevantes do órgão envolve o metabolismo de gorduras pela emulsificação, digestão e formação de lipoproteínas. No entanto, em alguns estados patológicos, há acúmulo de gorduras no fígado. Esse acúmulo gera um quadro característico da Esteatose Hepática ou Doença Hepática Gordurosa (ANGELO, 2016; GUYTON, 2011). Na Doença Hepática Gordurosa, há infiltração de células de gordura nos hepatócitos e acúmulo hepatocelular de gordura com origem em hepatócitos centrolobulares. A gordura é encontrada em configurações de gota, com tamanhos variados. O progressivo acúmulo lipídico pode se expandir a partir dos hepatócitos centrolobulares para as demais regiões do fígado. Este, acometido por esteatose, tem seu volume aumentado, coloração amarelada e aspecto gorduroso (ANGELO, 2016; KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Tal patologia pode ser classificada de acordo com sua etiologia, causada por consumo alcoólico ou hábitos de vida não saudáveis, mas sem presença de alcoolismo. Entre os fatores de risco para a Esteatose Hepática não alcoólica, temos: sobrepeso, obesidade, sedentarismo, colesterol alto, pressão alta, uso de medicamentos, inflamações hepáticas, diabetes, má alimentação e alterações bruscas de peso. O principal fator, porém, é a obesidade, dada o alto volume de adipócitos e gordura acumulada no organismo (GUYTON, 2011). A propedêutica dessa patologia inclui dores abdominais, fraqueza, distensão abdominal e dores de cabeça. Em casos mais graves, quando há comprometimento da função hepática, pode ocorrer fadiga, confusão mental, hemorragias, icterícia e comprometimento da anatomia abdominal. O acúmulo progressivo de gordura ainda pode causar quadros inflamatórios e comprometimento funcional do metabolismo do fígado (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016). Morfologicamente, é possível observar três alterações hepáticas características na Doença Hepática Gordura: balonização dos hepatócitos, Corpos de Mallory e infiltração neutrofílica. • A balonização dos hepatócitos é uma característica de regiões com células com tumefação e necrose; • os Corpos de Mallory são emaranhados de filamentos intermediários; • as reações neutrofílicas são infiltrações de neutrófilos que se acumulam em hepatócitos, os quais contêm os emaranhados filamentosos. As principais manifestações da doença inclui acúmulo de gordura, quadros de hepatite e cirrose. Vale destacar, de acordo com Angelo (2016), que tais quadros se apresentam na doença causada por alcoolismo. É importante mencionar, também, que esses dois quadros podem surgir devido a outros problemas. A cirrose, por exemplo, é uma das principais patologias hepáticas. Por definição, trata-se de “[…] um processodifuso caracterizado por fibrose e pela conversão da arquitetura hepática normal em nódulos estruturados anormais” (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010, p. 607). Portanto, é caracterizada pela substituição do tecido saudável hepático por tecido fibroso. Nos quadros de cirrose, majoritariamente, todo o fígado é afetado, sendo que as principais manifestações são os septos fibrosos e nódulos parenquimatosos. Septos fibrosos Apresentam-se em forma de faixas e cicatrizes, circundando nódulos circundantes. Nódulos parenquimatosos São grupamentos celulares de hepatócitos preexistentes em senescência ou recém-formados. A patogenia da cirrose inclui três fatos principais: morte de hepatócitos, Matriz Extracelular (MEC) densa e reorganização vascular. Entre os sintomas associados, destacam-se a presença de líquido abdominal, fadiga, icterícia e inchaço nos membros inferiores (GUYTON, 2011). • • • - -17 Figura 5 - Os danos hepáticos são progressivos, iniciando com esteatoses até o desenvolvimento de neoplasias Fonte: Olga Bolbot, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração com os danos hepáticos de modo progressivo, iniciando com a esteatose hepática, passando para fibrose, cirrose e, finalmente, neoplasia, com a formação de tumores malignos. A cirrose tem diversas causas, sendo que as mais prevalentes incluem infecções virais, Doença Hepática Gordurosa, doenças autoimunes, acúmulo de ferro e hepatites (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Por falar em hepatites, vale mencionar a respeito delas. São definidas como lesões nos hepatócitos, associadas a quadros inflamatórios, podendo ou não envolver lesões cicatriciais. Todavia, têm ampla definição e quadros patológicos, dependendo do fator etiológico associado. As hepatites podem ser agudas ou crônicas, de acordo com o tempo de duração e o padrão histológico. As hepatites agudas tem aparecimento súbito e permanecem por poucas semanas. Já as hepatites crônicas tem duração prolongada, causando quadros mais graves, como cirrose e carcinomas. Elas também podem ser classificadas de acordo com os tipos virais responsáveis pela infecção, que são responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E, causadas, respectivamente, pelos vírus HAV, HBV, HCV, HDV e HEV. Adicionalmente, há hepatites autoimunes, induzidas por compostos tóxicos ou medicamentos; além das hepatites gordurosas. De acordo com Kumar, Fausto e Abbas (2010), podemos classificar essas tipologias conforme o quadro interativo a seguir. Hepatite A Causada por vírus ssRNA, da família , de transmissão oral-fecal. Não causaHepatovírus hepatite crônica. Hepatite B Causada por vírus de dsDNA parcial, da família , de transmissãoHepadnavírus parenteral, sexual e perinatal. Tem incidência de 10% de hepatite crônica. Hepatite C Causada por vírus de ssRNA, da família , de transmissão parental. TemFlaviviridae incidência de 80% de hepatite crônica. Hepatite D Causada por vírus ssRNA circular, da família , de transmissão parenteral.Deltaviridae Tem incidência entre 5% e 70% de hepatite crônica. Hepatite E Causada por vírus ssRNA, da família , de transmissão fecal-oral. Não temHepeviridae incidência de hepatite crônica. Causada por distúrbios imunológicos, em que há um ataque dos hepatócitos pelas células de defesa. Em resposta, ocorre extensa resposta inflamatória, o que gera lesões hepáticas e surgimento de cicatrizes (fibroses), com quadro de hepatite crônica. - -18 Hepatite autoimune hepáticas e surgimento de cicatrizes (fibroses), com quadro de hepatite crônica. Progressivamente, pode haver comprometimento da estrutura hepática com o surgimento de cirrose. Hepatite gordurosa Relacionada à Doença Hepática Gordurosa, ocorre pela infiltração de gordura nos hepatócitos, que desencadeiam uma reação inflamatória. Hepatite medicamentosa Lesões no fígado devido a reações químicas causadas por medicamento, levando a quadros inflamatórios. Além dos medicamentos, outras substâncias hepatotóxicas também causam inflamações, como o paracetamol, a rifamicina, a pirazinamida, os anticoncepcionais, a isoniazida e a amiodarona. De modo geral, nas hepatites crônicas — incluindo outras etiologias que a causam —, os sintomas associados têm surgimento lento, mas, quando presentes, trazem à tona febre, desconforto na região superior abdominal, redução de apetite e mal estar. Já os sintomas associados ao quadro de hepatites agudas envolvem dores musculares, dores de cabeça e perda de peso. Os sintomas podem variar de acordo com o tipo etiológico, porém, normalmente, os acometimentos hepáticos incluem alteração da coloração da pele, tornando-se amarelada; alteração da coloração de urina; e fezes esbranquiçadas (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). 3.3.3 Pâncreas: fisiologia, funções e patologias associadas Kumar, Fausto e Abbas (2010) nos trazem que o pâncreas é uma glândula com funções exócrina e endócrina. Ele tem função ativa nos sistemas digestório e endócrino. Aliás, o termo “pâncreas” tem origem grega ( ),pankreas com significado de “todo carne”. Trata-se de um órgão retroperitoneal que se estende da região do duodeno até o baço, em formato de alça. É lobulado e complexo, dividido entre cabeça, corpo e cauda. Essa divisão é baseada em vasos e ligamentos (TORTORA, 2012). VOCÊ QUER LER? As hepatites têm grande importância clínica, sendo parte da história natural humana. No artigo intitulado “Histórico das hepatites virais”, José Carlos Ferraz da Fonseca aborda o contexto histórico das hepatites virais e seus efeitos ao longo da história humana. Vale a pena tirar um tempo para ler a obra, que está disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22. .pdf https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf - -19 Figura 6 - O pâncreas é um órgão formado por agregados celulares Fonte: NoPainNoGain, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração anatômica do pâncreas, com destaque para sua localização próxima ao estômago e duodeno; bem como suas células características. O pâncreas endócrino é responsável pela secreção de hormônios que atuam na regulação da concentração de glicose na corrente sanguínea, como a insulina e o glucagon. Morfologicamente, é formado pelas Ilhotas de Langerhans, que são agregados celulares. Essas células são responsáveis pela produção de insulina, glucagon, somatostatina e polipeptídio pancreático (PP). Conforme Tortora (2012), a insulina e o glucagon atuam na regulação da glicose na corrente sanguínea. Já a somatostatina e o PP atuam na regulação, respectivamente, dos pâncreas endócrino e exócrino. O pâncreas exócrino, por sua vez, tem uma função importante para o processo digestivo, produzindo o suco pancreático. Morfologicamente, apresenta ácinos e ductos associados que convergem ao ducto pancreático e ao duodeno. Esse ducto é chamado de “Ducto de Wirsung”. Silverthorn (2010) cita mais detalhadamente que, por meio das células dos ácinos, ocorre a secreção de enzimas digestivas. Já pelas células dos ductos, dá-se a secreção de íons de bicarbonato. Além disso, os ductos do pâncreas exócrino é revestido por células cúbicas, que secretam os íons de bicarbonato; e células colunares, que secretam mucina. As enzimas digestivas são produzidas na forma de proenzimas inativas, armazenadas em estruturas chamadas “grânulos de zimogênio”. O estímulo às glândulas acinares induzem a liberação das enzimas no lúmen acinar pela fusão da membrana plasmática. Uma vez no lúmen, são transportadas por ductos até o duodeno. A ativação das proenzimas em enzimas digestivas ativas é dependente da ação de uma enzima duodenal conhecida por “enteropeptidase” (TORTORA, 2012; STANFIELD, 2013). - -20 3.3.4 Patologia pancreática Kumar, Fausto e Abbas (2010) explicam que a principal patologia associada ao pâncreas é a pancreatite, um distúrbio inflamatório, podendo ser aguda ou crônica. Na pancreatite aguda, as lesões são reversíveis, quando o agente causal é removido. Os fatores etiológicos incluem agentes metabólicos, como alcoolismo e uso de drogas;agentes genéticos; agentes mecânicos, com a presença de cálculos biliares ou tramas; agentes vasculares, como choque ou embolias; e agentes infecciosos. A gravidade da pancreatite aguda é variável. Nos casos mais severos, pode ocorrer pancreatite aguda necrosante, com destruição tecidual e morte das Ilhotas de Langerhans. Adicionalmente, também pode haver pancreatite hemorrágica, quando há danos severos no pâncreas, com hemorragia no interior da glândula (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016). De modo geral, a pancreatite aguda apresenta cinco alterações morfológicas características: edema devido a um vazamento microvascular, esteatonecrose por lipases, inflamação aguda, ação proteolítica no parênquima pancreático e danos aos vasos sanguíneos, causando quadros hemorrágicos intersticiais. Os quadros podem estar associados à autodigestão da estrutura pancreática por ação das enzimas, que são inativadas de modo desequilibrado (ANGELO, 2016). Esse desequilíbrio é causado por ativação das proenzimas inapropriadamente, causando danos nas células alcinares e, consequentemente, ativação de enzimas digestivas, que lesionam o tecido pancreático, gerando inflamação, surgimento de edema, proteólise, esteatonecrose e processos hemorrágicos. Já a pancreatite crônica é caracterizada por um processo inflamatório longo, com presença de fibrose e comprometimento estrutural do pâncreas exócrino, gerando um dano irreversível na função pancreática. Morfologicamente, ela se apresenta com fibrose no parênquima, comprometimento estrutural dos ácidos e dilatação dos ductos pancreáticos (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). A patogenia da pancreatite crônica não é bem esclarecida, mas as principais hipóteses envolvem respostas a obstruções nos ductos, reações a compostos tóxicos ao metabolismo e estresse oxidativo. As obstruções nos ductos podem ser causadas por agregados proteicos devido ao aumento da expressão por agentes etiológicos diversos, como o consumo excessivo de álcool. Outro fator associado ao consumo alcoólico são as toxinas geradas, que lesionam as células pancreáticas e acinares, induzindo à fibrose parenquimatosa. Além disso, o álcool também é responsável pela produção de radicais livres, os quais lesionam as membranas de células acinares (ANGELO, 2016; KING, 2007). Apesar de características distintas, as pancreatites aguda e crônica partilham alguns fatores: têm como fatores de risco a obstrução de ductos, o abuso de álcool e a ativação inapropriada de enzimas, como danos às células acinares. - -21 Figura 7 - Sintomas característicos da pancreatite Fonte: Timonina, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração do pâncreas inflamado, com setas indicando uma lista de sintomas associados: dor severa no abdome superior, palpitação, náuseas, temperatura corporal elevada, fezes claras e com resíduos não digeridos, redução da pressão sanguínea, vômito e fraqueza. Dessa forma, finalizamos nossa sessão sobre as principais glândulas acessórias do organismo e as patologias associadas a elas. Assim, pudemos perceber que elas têm função endócrina, ou seja, participação no sistema hormonal. De fato, os hormônios são muito relevantes para todos os sistemas corporais, integrando-os e regulando-os. Será, portanto, o tema do próximo tópico. VAMOS PRATICAR? A bile é fundamental para a emulsão de lipídios. Uma emulsão é uma dispersão coloidal de líquidos. As gorduras são insolúveis em água e, por isso, a bile é necessária para auxiliar na digestão dessas moléculas complexas. A bile, inclusive, atua como um agente análogo ao detergente. Assim, vamos, simular sua ação - -22 3.4 Sistema endócrino O sistema endócrino é responsável pela produção e regulação hormonal. Os hormônios são um grupo de moléculas de grande importância na fisiologia corporal, atuando em todos os sistemas corporais. O sistema endócrino é altamente integrado aos demais, o que reflete uma diversidade de estados patológicos quando distúrbios endócrinos se instalam no organismo. Considerando esse contexto, neste último tópico, iremos estudar mais a fundo sobre esse sistema. Vejamos! 3.4.1 Organização do sistema endócrino De acordo com Tortora (2012), o sistema endócrino é composto por glândulas endócrinas, as quais estão distribuídas em diversas áreas do organismo. Esses órgãos podem ser classificados como primários e secundários. Nos órgãos primários, a secreção de hormônios é a função principal, incluindo as glândulas localizadas no interior no encéfalo, o hipotálamo, a glândula pineal, a hipófise e as glândulas de tireoide, paratireoide, timo, suprarrenais e gônadas (TORTORA, 2012). Já nos órgãos secundários, a secreção é consequência de outra característica funcional, e estão incluídas as glândulas localizadas no coração, no fígado, no estômago, no intestino delgado, nos rins e na pele (LIMA, 2016). A bile, inclusive, atua como um agente análogo ao detergente. Assim, vamos, simular sua ação com as gorduras, utilizando materiais bem simples: água, detergente e óleo de cozinha. Primeiramente, pegue dois copos com água. Em um dos copos, coloque uma colher de óleo de cozinha e misture bem. No outro, coloque uma colher de óleo de cozinha e vá adicionando detergente aos poucos, sempre misturando. Misture os conteúdos dos copos por um minuto, energicamente. Agora, observe sua experiência: o que ocorreu no corpo apenas com água e óleo? Quais características distintas você observou no copo contendo detergente? - -23 Figura 8 - Organização do sistema endócrino Fonte: Designua, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração anatômica de um corpo humano, com as indicações da localização das principais glândulas endócrinas: glândula pineal, hipotálamo, glândula hipofisária, glândulas de tireoide e paratireoide, pâncreas, glândulas adrenais, placenta (durante gestação), testículos (homens), ovários (mulheres) e timo. As glândulas endócrinas secretam hormônios, que são mensageiros químicos. Eles são liberados e circulam pela corrente sanguínea até o órgão ou a célula-alvo, onde estão contidos receptores específicos para a ligação do hormônio. Assim, o sistema endócrino atua como uma sinalização. O centro de controle do sistema endócrino está localizado no cérebro, em uma região chamada hipotálamo, no centro do diencéfalo. No hipotálamo, são produzidos hormônios que regulam a hipófise, uma segunda região com grande importância no sistema endócrino. A hipófise — que se liga ao hipotálamo — produz hormônios que regulam as demais glândulas endócrinas no corpo. Em conjunto, os dois formam o eixo hipotálamo-hipófise, o qual atua na regulação funcional de todo o sistema hormonal. VOCÊ QUER VER? O documentário “O Fantástico Mundo dos Hormônios”, apresentado por John Wass, nos leva a uma viagem sobre a função dos hormônios e o impacto desses mensageiros químicos em nossa vida. É uma ótima forma de fixar os conhecimentos e adentrar nesse mundo tão complexo e intrigante do sistema endócrino. O documentário está disponível na internet, pelo link: .https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4 https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4 - -24 Os hormônios produzidos pela hipotálamo são: hormônio antidiurético (ADH), liberador de corticotrofina (CRH), liberador de gonadotrofina (GnRH), regulador de hormônio do crescimento (liberador e inibidor (GHRH, GHIH), regulador de prolactina) liberador e inibidor (PRH, PIH), liberador de tirotrofina (TRH) e oxitocinas (TORTORA, 2012). Já a hipófise é responsável por hormônios estimulantes do sistema endócrino, sendo dividida em duas regiões: • adenohipófise: produz hormônio do crescimento (hGH), hormônio tireoestimulante (TSH), hormônio melanócito-estimulante (MSH), hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), prolactina (PRL), tirotrofina e hormônio adenocorticotrófico (ACTH); • neuro-hipófise: responsável pela produção de oxitocinas, hormônios antidiuréticos e vasopressinas. Note que, na região do hipotálamo, são produzidos os hormônios que estimulam ou inibemos hormônios produzidos pela hipófise. De acordo com Lima (2016) e Tortora (2012), as demais glândulas de grande importância no sistema endócrino são: pineal, de tireoide e paratireoide, suprarrenais, pancreáticas e gônadas. Glândula pineal Localizada no Sistema Nervoso Central, na região dos colículos superiores, tem ação na regulação do sono, com secreção do hormônio melatonina. Glândula tireoide Localizada na região do pescoço, tem função de regulação metabólica. É responsável pela produção dos hormônios T4, T3 e calcitonina. Glândula paratireoide Localizada na região posterior à glândula tireoide, na região do pescoço, tem função de regulação da calcemia sanguínea por meio da secreção do hormônio paratireoide (PTH). Glândulas suprarrenais Localizadas nos rins, têm função de regulação da pressão arterial, concentração de eletrólitos e resposta a condições ambientais de estresse ao organismo. São responsáveis pela produção de glicocorticoides (cortisol é o mais abundante), mineralcordicoides (aldosterona é o principal), andrógenos, epinefrina ou adrenalina e norepinefrina (noradrenalina) e dopamina. Glândulas pancreáticas Localizadas no pâncreas endócrino (Ilhotas de Langerhans), têm ação na glicemia e regulação do processo digestivo. São responsáveis pela produção de insulina, glucagon, gastrina, secretina, grelina, motilina, colecistocinina e polipeptídeo inibitório gástrico. Gônadas Localizadas nos órgãos do aparelho reprodutor (testículos ou ovários), com função da produção de gametas, regulação do desenvolvimento, comportamento e características sexuais. Nos testículos, há produção de testosterona; ao passo que, nos ovários, há produção de estrogênio e progesterona. Agora, podemos aprofundar nossos conhecimentos sobre esses hormônios com a compreensão de distúrbios associados a falhas em sua produção. 3.4.2 Função hormonal e distúrbios do sistema endócrino Os hormônios produzidos nas diversas glândulas atuam em todos os sistemas corporais, sendo que distúrbios na função hormonal podem gerar diversos estados patológicos. A hipófise, por exemplo, também é chamada de glândula pituitária. Ela é o centro de controle de todo o sistema • • - -25 A hipófise, por exemplo, também é chamada de glândula pituitária. Ela é o centro de controle de todo o sistema endócrino. Tem estrutura ovoide, com cerca de um centímetros de diâmetro. Quando ela passa por alterações fisiológicas ou funcionais, quadros patológicos podem surgir, visto que todo o controle do sistema endócrino pode ser afetado (ANGELO, 2016; GUYTON, 2011). Aliás, é incrível imaginar que uma glândula do tamanho de uma ervilha tenha função tão importante para o organismo, não é mesmo? Figura 9 - A hipófise (pituitária) produz hormônios de regulação de órgãos Fonte: Tefi, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração da glândula pituitária, com setas indicando os hormônios produzidos e locais de atuação, como ovários (mulheres), testículos (homens), pele, ossos, tecidos, rins etc. Quando a glândula pituitária se encontra superestimulada, temos um quadro chamado hiperpituitarismo. Já quando ela se encontra inibida, temos o quadro de hipopituarismo(KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Nos quadros de hiperpituitarismo, há aumento da produção dos hormônios reguladores. A etiologia majoritária é uma disfunção celular, gerando adenomas glandulares. A patologia da doença é caracterizada por um aumento na produção hormonal e, portanto, o estado patológico que se desenvolve é dependente do tipo de - -26 um aumento na produção hormonal e, portanto, o estado patológico que se desenvolve é dependente do tipo de hormônio afetado (ANGELO, 2016; GUYTON, 2011). O excesso de GH, por exemplo, pode causar problemas relacionados ao desenvolvimento do organismo, como gigantismo e acromegalias. Quando a região afetada são as gônadas, o excesso hormonal pode causar puberdade precoce e alterações no desenvolvimento sexual e de órgãos associados. Um quadro comum é o excesso de prolactina, gerando modificações nas glândulas mamárias (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). O hipopituitarismo, por outro lado, é o oposto do quadro anterior, com uma redução da funcionalidade hipofisária. Os sintomas e o estado patológico também dependem do tipo de hormônio afetado. Sua etiologia inclui anomalias genéticas, presença de tumores, quadros hemorrágicos, infecções e traumas cerebrais (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Entre os principais quadros patológicos causados por hipopituitarismo, destacam-se o nanismo, devido à falta de GH; e anomalias sexuais, pelas deficiências na produção de FSH e LH (GUYTON, 2011). Já a tireoide é uma glândula localizada na base do pescoço, posteriormente à traqueia. Estruturalmente, são formadas por dois lobos que se unem por um istmo. Na tireoide, são produzidos os hormônios T3 (triidotironina), T4 (tiroxina) e calcitonina, que atua na regulação de diversos sistemas corporais, regulando pressão arterial, bombeamento cardíaco, tônus muscular, menstruação, calcemia, respiração celular e funções cerebrais, como humor e concentração (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016). Quando os hormônios da tireoide — especialmente o T3 — são produzidos em excesso, há aceleração metabólica generalizada, resultando em hipertireoidismo. Entre os efeitos principais, destaca-se aceleramento cardíaco, mioquimia, exoftalmia, alteração no ciclo menstrual, fadiga, astenia, espessamento da pele e fragilização de unhas e cabelo. O metabolismo, de modo geral, também é afetado, causando perda de peso acentuada (GUYTON, 2011). As principais causas do hipertiroidismo são inflamações na glândula da tireoidite, tumores, excesso de iodo, disfunções do sistema imunológico e compostos nocivos. Uma das características principais da doença é o aumento da glândula, chamado de bócio. Esse aumento pode ter origem autoimune, em um quadro patológico de Doença de Graves ou Bócio Difuso Tóxico (ANGELO, 2016). Quando a produção dos hormônios tiroidianos é reduzida, o quadro que se instala é chamado hipotireoidismo. Os sintomas são opostos ao quadro de hipertireoidismo, com destaque para o aumento de peso. A causa majoritária é a deficiência de iodo e uma doença autoimune chamada Tireoidite de Hashimoto (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Importante compreender que o iodo é um composto essencial na síntese dos hormônios da tireoide, por isso, tem estreita relação com os quadros patológicos. Temos, ainda, a paratireoide, que é uma glândula formada por pequenas glândulas endócrinas localizadas em pares (superiores e inferiores), na região posterior à glândula da tireoide. Tortora (2012) menciona que, usualmente, são dois pares, mas podem ocorrer mais. O hormônio produzido pela paratireoide é o PTH, que atua na calcemia sanguínea, no equilíbrio de fosfato, nas células receptoras de PTH, dos rins, dos ossos e da região intestinal, auxiliando no aumento da absorção de cálcio (TORTORA, 2012). Vale destacar que esse hormônio atua em conjunto com a calcitonina e a vitamina D, que são essenciais ao metabolismo do cálcio. Problemas na glândula causam quadros associados a disfunções no metabolismo do cálcio. O , por exemplo, é causado pelo aumento de PTH, podendo ser primário ou secundário. Emhiperparatireoidismo comum, ambos afetam a massa óssea negativamente. Hiperparatireoidismo primário Ocorre hipercalcemia e hipercalciúria, bem como redução de cálcio nos ossos e formação de cálculo renal. As causas mais comuns incluem adenomas na glândula. Hiperparatireoidismo secundário - -27 Não está relacionado a quadros de hipercalcemia, mas, sim, à hipocalcemia, tendo como causa associada a redução da funcionalidade dos rins. Já o hipoparatireoidismo é o oposto, causado pela redução drástica da concentração de PTH. Isso impacta na absorção de cálcio e fósforo. O cálcio é reduzido e o fósforo, por outro lado, aumentando. A principal causa do hipoparatireoidismo são lesões na glândula paratireoide ou por causas genéticas e doença autoimune. A propedêutica tem estreita relação comos impactos da redução do cálcio sérico, gerando quadros de fraqueza muscular, dormência, espasmos e formigamentos (ANGELO, 2016). Ainda é preciso citar os principais hormônios produzidos pelo pâncreas endócrino, que são a insulina, o glucagon e a somatostatina. Eles são produzidos pelos agregados celulares de Ilhotas de Langerhans. A insulina é o hormônio responsável pelo transporte de glicose a partir da corrente sanguínea para os demais tecidos (musculares e adiposo). Ela é secretada por células beta das Ilhotas de Langerhans, estimuladas pelos níveis glicêmicos sanguíneos. Além da concentração de glicose, a concentração de aminoácidos, glucagon, acetilcolina e hormônios também têm impacto no estímulo da secreção de insulina (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; LIMA, 2016). O glucagon é o hormônio responsável por mecanismos de gliconeogênese no fígado, lipólise e glicogenólise. Sua função principal é aumentar a concentração de glicose no sangue, ou seja, tem ação oposta à insulina. O mecanismo do aumento da glicemia é baseado na ativação da glicogenólise pela produção de AMP-cíclico, composto que estimula o processo de captação de glicose do fígado e liberação para a corrente sanguínea. O glucagon é produzido pelas células alfa das Ilhotas de Langerhans. Sua secreção é estimulada pela presença de acetilcolina, aumento de aminoácidos e catecolaminas, baixa concentração de glicose e pelo Sistema Nervoso Simpático. A inibição é realizada por insulina e somastostatina (LIMA, 2016). Uma das principais patologias associadas ao pâncreas endócrino é a Diabetes Mellitus, em que os níveis de glicose na corrente sanguínea sofrem distúrbios devido a alterações no metabolismo e na funcionalidade de insulina. Essa patologia pode ocorrer quando há quantidade inadequada de insulina, caracterizando a Diabetes Mellitus tipo 1; ou quando há insulina, mas o organismo não responde ao hormônio adequadamente, caracterizando a Diabetes tipo 2. Um terceiro tipo é a Diabetes Gestacional, que ocorre durante o período de gestação,Mellitus com comprometimento da função da insulina (ANGELO, 2016). A diabetes tem propedêutica característica, com presença de poliúria, polidipsia e polifagia. Em casos mais graves, pode ocorrer síndrome metabólica, perda de peso e perda de visão (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). A etiologia da diabetes tem relação com falhas nas células beta, que podem ter origem genética. Adicionalmente, pode ocorrer em resposta a defeitos genéticos no mecanismo de produção da insulina, alterando a estrutura proteica e sua funcionalidade. Outros estados patológicos também podem estar associados, incluindo defeitos na funcionalidade do pâncreas exócrino, alterações na hipófise com mudanças na regulação de hormônios e tireoide (GUYTON, 2011). Já as glândulas suprarrenais, também chamadas de adrenais, estão localizadas acima dos rins. São formadas por duas regiões: córtex e medula. O córtex inclui a região externa e possui alta concentração de colesterol. É segmentada em três zonas: glomerulosa, mais externa; fasciculada, intermediária; e reticular, mais interna. A medula fica localizada na região interna, contendo células secretoras enredadas (TORTORA, 2012). Os principais hormônios produzidos pelo córtex adrenal são os esteroides (corticosteroides), divididos em glicocorticoides e mineralocorticoides. No grupo dos glicocorticoides, o cortisol é o de maior importância. Ele atua diretamente na síntese de glicose a partir de proteínas e gorduras. Já os mineralocorticoides atuam no balanço hídrico e eletrolítico. Um dos principais é a aldosterona, com função de regulação de íons pelos rins e retenção hídrica (GUYTON, 2011). Quanto aos principais hormônios produzidos pela medula adrenal, temos a adrenalina e a noradrenalina. Eles são liberados em resposta a condições de estresse, alterando a fisiologia corporal, como pressão sanguínea, batimentos cardíacos e estimulação nervosa (ANGELO, 2016). Quando ocorrem desequilíbrios nos hormônios adrenais, diferentes síndromes podem surgir. Dois exemplos de ampla ocorrência são a Doença de Cushing e a Doença de Addison A Doença de Cushing se dá pelo hipercortisolismo, ou seja, pela alta taxa de produção de cortisol no córtex - -28 ampla ocorrência são a Doença de Cushing e a Doença de Addison A Doença de Cushing se dá pelo hipercortisolismo, ou seja, pela alta taxa de produção de cortisol no córtex adrenal e de outros glicocorticoides. O principal sintoma é o acúmulo de gordura na região do pescoço, obesidade no tronco, face em lua, dedos e extremidades distais finos, estrias, bem como bolsas cervicais dorsais (corcunda de búfalo). A principal causa do aumento de cortisol é uma alteração no hormônio hipofisário regulador (ACTH) devido à presença de tumores na hipófise (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). A Doença de Addison é uma patologia associada à insuficiência na glândula adrenal primária. Nesse quadro, não há produção adequada dos hormônios esteroides, principalmente cortisol e aldosterona. As causas podem ser autoimunes, infecciosas ou devido à presença de neoplasias diretamente nas glândulas adrenais. Também pode se dar por problemas nas glândulas hipofisárias ou hipotálamo, visto que estas são responsáveis pela produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e do hormônio liberador de corticotrofina (CRH), respectivamente. Entre os sintomas mais comuns, estão incluídos hipotensão arterial, fadiga, vertigem, fraqueza, artralgia, mialgia, perda de peso, irritação ocular, alteração no ciclo menstrual, confusão mental, poliúria, hipoglicemia e hiperpigmentação cutânea (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; ANGELO, 2016). Finalmente, as glândulas endócrinas sexuais femininas (gônadas) são os ovários. Eles têm função de formar as células sexuais e os óvulos (gametas femininos). Tortora (2012) traz que os ovários ficam inativos no organismo feminino até a primeira menstruação, na puberdade, quando se tornam ativos. Eles voltam a ser inativados na menopausa. O ciclo reprodutivo também é chamado de ciclo menstrual. Na puberdade, os ovários iniciam a produção hormonal de estrogênio. Com a progressiva produção, as características sexuais começam a surgir, como o crescimento de pelos, desenvolvimento dos órgãos sexuais e das mamas, além de alteração da distribuição de gordura e início do ciclo menstrual (ciclo reprodutivo) (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010; LIMA, 2016). O ciclo reprodutivo possui fases, reguladas e caracterizadas pela secreção de diferentes hormônios sexuais. Os hormônios são o folículo-estimulante (FSH), o luteinizante (LH), o estrogênio e a progesterona. - -29 Figura 10 - Ciclo reprodutor feminino e suas fases Fonte: Slave SPB, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração com as fases do ciclo menstrual, com destaque para a produção de hormônios em cada fase. Quando há distúrbios hormonais, síndromes patológicas surgem. Uma das mais comuns é a Síndrome do Ovário Policístico. Trata-se de uma síndrome hiperandrogênica, ou seja, com excesso de hormônios androgênicos no organismo. Esse excesso causa alterações no ciclo menstrual, além de resistência à insulina, hirsutismo e acne. O comprometimento do fluxo hormonal altera a produção e liberação dos folículos, que se acumulam nos ovários, gerando o quadro característico da doença (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2010). Agora, para finalizar nossa unidade, coloque em prática a atividade sugerida a seguir e fixe o que estudamos aqui! VAMOS PRATICAR? Os hormônios podem atuar na melhoria do condicionamento físico e na estrutura corporal. Por - -30 Conclusão Chegamos ao final de mais uma unidade da disciplina de Sistemas Corporais. Aqui, pudemos estudar sobre o sistema gastrointestinal, as glândulas acessórias e o sistema endócrino. Dessa maneira, compreendemos conceitos importantes sobre a organização desses sistemas e os estados patológicos associados a disfunções sistêmicas. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender os conceitos do processo digestivo, incluindo os órgãos que formam o trato digestório;• identificar os principais mecanismos de ação dos órgãos do processo digestivo, com destaque para as secreções glandulares, esofágicas, gástricas e intestinais; • entender a patologia das síndromes associadas a disfunções do sistema digestivo; • identificar as características, a funcionalidade e a fisiologia geral do sistema hepático, com destaque para a produção de bile e o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas; • compreender a fisiopatologia da esteatose hepática, hepatites virais e cirroses; • reconhecer a fisiologia do pâncreas, as principais funções do pâncreas endócrino e exócrino, incluindo a produção de suco gástrico e o estado patológico das pancreatites; • compreender a organização básica do sistema endócrino, as principais glândulas e os hormônios secretados; • analisar as principais patologias associadas às disfunções das glândulas endócrinas. Bibliografia ANGELO, I. C. Patologia geral. 1. ed. São Paulo: Person, 2016. BERTUCCIO, P. . et al Dietary patterns and gastric cancer risk: a systematic review and meta-analysis. Ann Oncol, v. 24, n. 6, p. 1450-1458, jun. 2013. FAUSTO, J. C. F. da. Histórico das hepatites virais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 43, n. 3, maio/jun. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf. Acesso em: 23 jun. 2020. GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. KING, T. C. Patologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. KUMAR, V.; FAUSTO, N.; ABBAS, A. K. Robbins & Cotran – Patologia: bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio Os hormônios podem atuar na melhoria do condicionamento físico e na estrutura corporal. Por isso, são alvo de constantes polêmicas em exames de atletas, visto que suaantidoping utilização é ilegal em campeonatos oficiais. Nesse contexto, pesquise sobre o termo “ esportivo” e os principais casos com ampladopping divulgação na mídia. Depois, crie uma apresentação de PowerPoint, incluindo o caso que você escolheu e o tipo de hormônio utilizado. Adicione a função desse hormônio, seu local de produção e seus efeitos quando em excesso no organismo. Lembre-se de incluir na apresentação sua opinião a respeito do assunto. • • • • • • • • https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n3/22.pdf - -31 KUMAR, V.; FAUSTO, N.; ABBAS, A. K. Robbins & Cotran – Patologia: bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. LIMA, A. G. Fisiologia humana. 1. ed. São Paulo: Peason, 2016. O FANTÁSTICO Mundo dos Hormônios. [ .], 27 jun. 2018. 1 vídeo (57 min). Publicado pelo canalS. l Documentários Revolução Científica. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4. Acesso em: 23 jun. 2020. O SENTIDO da Vida. Direção: Miguel Gonçalves Mendes. Brasil: O2 Filmes, 2013. [ .], son., color.S. t O SENTIDO da Vida. [ .], [ .]. Disponível em: S. l s. d http://www.osentidodavida.com/. Acesso em: 23 jun. 2020. SILVERTHORN, D. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Disponível em: https://plataforma. bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/4223. Acesso em: 23 jun. 2020. TORTORA, G. J. Corpo humano: fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. https://www.youtube.com/watch?v=vwvbCLuBPm4 http://www.osentidodavida.com/ https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/4223 https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/4223 Introdução 3.1 Introdução ao sistema digestório 3.1.1 Organização do sistema digestório 3.1.2 Secreções salivares, esofágicas e gastrointestinais 3.2 Patologias do sistema gastrointestinal 3.2.1 Esôfago de Barret 3.2.2 Gastrite 3.2.3 Neoplasias gástricas 3.3 Glândulas acessórias: fígado, vesícula biliar e pâncreas 3.3.1 Fígado e vesícula biliar: fisiologia, funções e patologias associadas Captação Conjugação Excreção 3.3.2 Patologias hepáticas 3.3.3 Pâncreas: fisiologia, funções e patologias associadas 3.3.4 Patologia pancreática 3.4 Sistema endócrino 3.4.1 Organização do sistema endócrino 3.4.2 Função hormonal e distúrbios do sistema endócrino Conclusão Bibliografia
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