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Suicídio Definição e Epidemiologia Definição ● Suicídio: Acabar intencionalmente com a própria vida.1 ● Comportamento suicida: Comportamentos que podem resultar no fim da vida, fatal ou não. Este termo exclui ideação suicida.1 ● Tentativa de suicídio: comportamento autolesivo e não fatal com intenção inferida ou real de morrer.1 ● Ideação suicida: Quaisquer pensamentos sobre acabar com a própria vida. Pode ser ativo, com um plano claro de suicídio, ou passivo, com pensamentos de desejo de morrer.1 ● Intenção suicida: expectativa subjetiva e desejo de que o ato autodestrutivo cause morte.3 ● Automutilação: Comportamentos autolesivos com ou sem intenção de morrer. Não distingue entre tentativa de suicídio e autolesão não suicida.1 ● Autolesão não suicida: Comportamentos autolesivos sem qualquer intenção de morrer.1 Epidemiologia ● Embora o suicídio não seja uma doença, o comportamento suicida, que inclui suicídio e tentativas de suicídio, é um importante problema de saúde pública.2 ● Em todo o mundo, aproximadamente 800.000 pessoas morrem por suicídio todos os anos, representando 1,5% de todas as mortes.2 ● O suicídio é a 10ª causa de morte na América do Norte.2 ● Maior causa de morte na faixa etária dos 15 aos 24 anos, depois de acidentes e homicídios. ● A incidência de tentativas de suicídio é maior em indivíduos de 18 a 34 anos de idade.1 Taxas de suicídio tentativa são geralmente maiores em mulheres do que em homens x As taxas de suicídio são de 2 a 3 vezes maiores em homens do que em mulheres, o que possivelmente pode ser devido à preferência masculina por métodos de maior letalidade e a relutância dos homens em procurar ajuda Medicina 7º semestre ● A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que a taxa de suicídio em 2016 foi de 10,6 suicídios por 100.000 pessoas, com 80% dos suicídios ocorrendo em países de baixa e média renda.2 ○ A incidência é relativamente baixa no Oriente Médio e algumas Américas do Sul e Central países, e alta na Europa Oriental, Rússia, Índia e Coreia do Sul.1 ● Taxas mais altas de morte por suicídio sao observadas entre os idosos e entre os homens (15,6 suicídios por 100.000) do que entre as mulheres (7,0 por 100.000).1 ● Para cada morte por suicídio, há 20 tentativas de suicídio, totalizando anualmente 16 milhões de tentativas e aproximadamente 160 milhões de pessoas que expressam pensamentos suicidas.2 ● As maiores taxas de automutilação são encontradas entre mulheres e jovens. ● Entre as pessoas que tentam suicídio, 1,6% morrem por suicídio nos próximos 12 meses e 3,9% morrem por suicídio n os próximos 5 anos.2 ● As taxas globais de suicídio caíram cerca de 30% no século 21, porém houve aumento em outros países, como EUA e Brasil, onde as taxas aumentaram 35% entre 2000 e 2016.1 Fatores de risco (Tabela extraída da referência 2) ● Diferenças de gênero: ○ Homens cometem suicídio com frequência quatro vezes maior do que mulheres.3 2 Medicina 7º semestre ○ Homens têm maior probabilidade do que mulheres de cometerem suicídio com armas de fogo, por enforcamento ou pulando de locais altos.3 ○ Mulheres fazem tentativas de suicídio ou têm pensamentos suicidas com frequência três vezes maior do que homens.3 ○ Mulheres, por sua vez, normalmente ingerem uma overdose de substâncias psicoativas ou veneno.3 ● Idade: ○ Entre homens, o suicídio atinge seu auge após os 45 anos.3 ○ Entre mulheres, a maior quantidade de suicídios consumados ocorre após os 55 anos.3 ○ Pessoas mais velhas tentam cometer suicídio com menos frequência do que as mais jovens, mas obtêm sucesso com mais frequência.3 ○ A maioria dos suicídios, nos dias de hoje, ocorre na faixa dos 35 aos 64 anos.3 ● Religião ○ Protestantes e judeus nos Estados Unidos apresentam índices de suicídio mais elevados do que católicos.3 ○ Muçulmanos têm índices muito menores.3 ● Estado civil ○ O casamento reduz significativamente o risco de suicí-dio, sobretudo quando a união gerou filhos. 3 ○ Pessoas solteiras que nunca se casaram registram quase o dobro do índice de suicídio de pessoas casadas.3 ○ O divórcio aumenta o risco de suicídio.3 ○ Viúvas e viúvos também têm índices elevados.3 ○ O suicídio ocorre com mais frequência do que o normal em pessoas socialmente isoladas e com história familiar de suicídio (tentativa ou consumado). 3 ○ Homens e mulheres homossexuais parecem apresentar índices de suicídio superiores aos de heterossexuais.3 ● Ocupação ○ Quanto maior o nível social do indivíduo, maior o risco de suicídio, mas uma queda do nível social também aumenta esse risco. 3 ○ O trabalho, de forma geral, protege contra o suicídio.3 ○ Entre as categorias profissionais, os médicos correm o maior risco. 3 Medicina 7º semestre ○ Outras ocupações de alto risco incluem policiais, dentistas, artistas, mecânicos, advogados e agentes de seguro.3 ○ O suicídio é mais elevado entre desempregados do que entre pessoas empregadas,3 ○ Os índices aumentam durante recessões e depressões econômicas e diminuem durante épocas de menos desemprego e guerras.3 ● Saúde física ○ Cerca de um terço de todas as pessoas que cometem suicídio precisou de atenção médica no período de seis meses anterior à morte.3 ○ Estima-se que doença física seja um importante fator que contribui para quase metade de todos os suicídios. 3 ○ Pacientes em hemodiálise correm alto risco.3 ○ Fatores associados a doenças: ■ Perda de mobilidade.3 ■ Deformação, especialmente entre mulheres.3 ■ Dor crônica intratável.3 ○ Determinados fármacos podem causar depressão, o que, em alguns casos, pode levar ao suicídio: reserpina, corticosteroides, anti-hipertensivos e alguns agentes anticâncer. 3 ○ Doenças relacionadas ao álcool, como cirrose.3 ● Doença mental ○ Quase 95% de todas as pessoas que cometem suicídio ou que fazem tentativas de suicídio foram diagnosticadas com algum transtorno mental.3 ○ Transtornos depressivos respondem por 80% dos casos, esquizofrenia, por 10%; e demência ou delirium, por 5%.3 ○ História de comportamento impulsivo ou de atos violentos aumenta o risco de suicídio, assim como hospitalização psiquiátrica anterior por qualquer motivo.3 ● Pacientes psiquiátricos ○ O risco de suicídio entre pacientes psiquiátricos é de 3 a 12 vezes maior do que entre não pacientes.3 ○ O diagnóstico psiquiátrico com maior risco de suicídio em ambos os sexos é um transtorno do humor.3 ○ Os principais grupos de risco são pacientes com transtornos depressivos, esquizofrenia e abuso de substância, bem como aqueles que são encaminhados para o setor de emergência com frequência.3 4 Medicina 7º semestre ○ Os momentos de revezamento da equipe são períodos associados a suicídios de pacientes.3 ○ O período após a alta do hospital também é uma época de aumento do risco de suicídio.3 ● Transtornos depressivos ○ Transtornos do humor são os mais associados a suicídio.3 ○ Em torno de 60 a 70% das vítimas de suicídio sofriam depressão significativa no momento da morte.3 ○ O risco em vida de morte por suicídio entre indivíduos com transtorno bipolar é de aproximadamente 15 a 20%, sendo que suicídio é mais provável durante estados deprimidos do que em estados maníacos.3 ● Esquizofrenia ○ O risco de suicídio é elevado entre pacientes com esquizofrenia: até 10% cometem suicídio.3 ● Dependência de álcool ○ Até 15% de todas as pessoas dependen-tes de álcool cometem suicídio.3 ○ Há aumento de risco também em dependentes de outras substâncias.3 ● Transtornos de personalidade ○ Uma proporção elevada dos indivíduos que cometem suicídio tem diversas dificuldades ou transtornos da personalidade associados.3 ○ Ter um transtorno da personalidade pode ser determinante de comportamento suicida sob diversos aspectos: ao predispor transtornos mentais maiores, ao conduzir a dificuldades em relacionamentos e adaptação social; ao precipitar eventos de vida indesejados; ao prejudicar a capacidade de lidar com um distúrbio físico ou transtorno mental; e ao atrair pessoas ao seu redor ao conflito.3 ● Transtorno de ansiedade○ Tentativas de suicídio não consumadas são realizadas por quase 20% dos pacientes com transtorno de pânico e fobia social.3 ● Comportamento suicida anterior ○ Melhor indicador de que um paciente cor-re maior risco de suicídio.3 ○ Estudos mostram que aproximadamente 40% dos pacientes deprimidos que cometem suicídio fizeram uma tentativa anterior.3 5 Medicina 7º semestre Obs.: acesso a meios mais letais é um importante preditor de suicídio.1 (Figura extraída da referência 2) (Quadro extraído da referência 4) Mecanismos/fisiopatologia ● O risco de suicídio é influenciado pela interação de uma variedade de fatores biológicos, clínicos, psicológicos, sociais e culturais. e fatores ambientais.1 ● Interação entre predisposição e precipitante.1 Fatores psicológicos que contribuem para o suicídio ● Um dos principais impulsionadores da ideação e do comportamento suicida é o conceito de dor psicológica insuportável.1 ● Traços psicológicos e cognitivos (como problemas de resolução de problemas e memória preconceitos e ruminação).1 6 Medicina 7º semestre ● Fatores de atuação proximal: como sentimentos de derrota e aprisionamento, impulsividade, intenções/planejamento, implementação de um plano, acesso a meios e imitação/exposição ao comportamento suicida de outros.1 ● Fatores de fase volitiva (como capacidade adquirida, imagens mentais sobre morte, impulsividade e exposição) distinguiam o suicídio, tentativa de ideação suicida.1 Neurobiologia do comportamento suicida ● O comportamento suicida está associado a mudanças neurobiológicas generalizadas em todo o cérebro que afetam várias vias funcionais diferentes.1 ● Desregulação de monoaminas: a transmissão desregulada da serotonina foi demonstrada tanto no tecido cerebral quanto no líquido cefalorraquidiano de indivíduos com comportamento suicida.1 ● Resposta ao estresse e o eixo HPA: a reatividade alterada do cortisol pode aumentar o risco de comportamento suicida ● Vias neurotróficas: A expressão de genes neurotróficos, como BDNF e NTRK2 está diminuída nos cérebros de indivíduos que morreram por suicídio.1 ● Disfunção glutamatérgica e GABAérgica: ○ expressão do transportador de glutamato está diminuída, enquanto a expressão do receptor N-metil-d-aspartato (NMDA) (um receptor de glutamato) está aumentada.1 ○ Genes associados ao ácido γ aminobutírico (GABA), são interrompidos no cérebro de indivíduos que morreram por suicídio178, particularmente em regiões ligadas à função executiva e respostas de estresse, bem como na integração da atividade cognitiva com a experiência afetiva.1 ● Função imune e inflamação: ○ aumento pró-inflamatório citocinas como fator de necrose tumoral, IL-6,IL-8 e IL-1β em indivíduos que tentaram suicídio ou que se suicidou. Em particular, houve aumento dos níveis plasmáticos de IL-6 têm sido associados com impulsividade e tentativas violentas de suicídio.1 ○ Diminuição de fator de crescimento endotelial vascular.1 ○ Toxoplasma gondii, um nematóide cérebro-trópico que pode aumentar a riscos de violência autodirigida e de tentativa de suicídio: diminuição da disponibilidade de triptofano, diminuição da serotonina biossíntese e aumento dos níveis de ácido quinurênico.1 ● Eixo cérebro-intestino: ○ Evidências de efeitos da flora intestinal sobre o humor.1 7 Medicina 7º semestre (Figura extraída da referência 1) Previsão ● O clínico deve avaliar o risco de suicídio de um paciente com base em exame clínico.3 ● Variáveis que intensificam o risco de suicidio em grupos vulneráveis.3 (Tabela extraída da referência 3) ● É importante perguntar sobre sentimentos e comportamentos suicidas, frequentemente de modo direto. 4 ● Apresentacao atual e passada ○ Perguntar a pacientes deprimidos se tiveram ou não pensamentos sobre querer se matar não introduz a ideia de suicídio.4 8 Medicina 7º semestre ○ Determinar a presença ou ausência de sinais e sintomas associados a diagnósticos psiquiátricos específicos e identificar sintomas psiquiátricos específicos que podem influenciar o risco de suicídio.4 ○ Perguntar sobre pensamentos, planos e comportamento suicida; métodos específicos considerados para suicídio, incluindo sua letalidade e a expectativa do paciente sobre ela, bem como se as armas de fogo estão acessíveis; evidência de desesperança, impulsividade, anedonia, ataques de pânico ou ansiedade; motivos de vida e planos para o futuro; álcool ou outra substância associada à apresentação atual; e pensamentos, planos ou intenções de violência contra os outros.4 ● Doença mental ○ Determinar a presença ou ausência de sinais e sintomas associados a diagnósticos psiquiátricos específicos e identificar sintomas psiquiátricos específicos que podem influenciar o risco de suicídio.4 ● História pregressa ○ Avaliar a história psiquiátrica, revisar o histórico de tratamento médico e avaliar a força e estabilidade das relações terapêuticas atuais e passadas.4 ● História familiar ○ Avaliar a história familiar de suicídio e tentativas de suicídio e hospitalizações psiquiátricas ou doença mental, incluindo transtornos por uso de substâncias; 4 ○ Determinar as circunstâncias de suicídios em parentes de primeiro grau, incluindo o envolvimento do paciente e as idades das pessoas envolvidas no momento;4 ○ Determinar a infância e o ambiente familiar atual, incluindo histórico de conflito familiar ou separação, problemas legais dos pais, uso de substâncias na família, violência doméstica e abuso físico e/ou sexual.4 ● Situação psicossocial ○ Avaliar reações emocionais severas ou estressores psicossociais crônicos que podem aumentar o risco de suicídio. 4 ● Pontos fortes e vulnerabilidades individuais ○ Habilidades de enfrentamento, traços de personalidade, estilo de pensamento e necessidades de desenvolvimento e psicológicas podem afetar o risco de suicídio do paciente e a formulação do plano de tratamento.4 9 Medicina 7º semestre ● Escalas ○ Nenhum instrumento é capaz de prever de forma satisfa tória o suicídio. ○ Tais instrumentos têm apenas valor complementar e devem ser precedidos de anamnese, exames físico e psíquico, e avaliação dos fatores de risco e de proteção.4 Prevenção (Figura extraída da referência 1) Intervenções universais ● Visam deslocar favoravelmente os fatores de risco e proteção entre toda a população.1 ● Inclui: ○ Proibição de pesticidas.1 ○ Retirada de medicamentos associados ao suicídio (como co-proxamol) do mercado.1 ○ Retirando carvão dos pontos de venda.1 ○ Equipando veículos com catalisadores.1 ○ instalação de barreiras em pontes e falésias.1 ○ Diretrizes para que os jornalistas encorajem a reportagem responsável de suicídio na mídia.1 ○ Auxiliar os jovens a ter discussões seguras sobre suicídio online e reduzir a disponibilidade de informações online sobre meios letais .1 10 Medicina 7º semestre ○ Campanhas de mídia de prevenção ao suicídio.1 Intervenções seletivas ● Direcionada para subgrupos que apresentam fatores de risco que predispõem a pensamentos ou comportamentos suicidas, mas que atualmente não exibem esses comportamentos.1 ● Inclui, por exemplo: ○ Tratamentos farmacológicos específicos para transtornos de humor.1 ○ Melhor equipar os clínicos gerais para detectar, diagnosticar e controlar a depressão.1 ○ Intervenções destinadas a reduzir o bullying e isolamento.1 ○ Fornecer um ambiente seguro e de apoio para LGBT+.1 Intervenções indicadas ● Projetadas para pessoas que já estão começando a expor pensamentos ou comportamentos suicidas.1 ● Fornecimento de intervenções psicossociais para aqueles que se apresentam a um episódio depressivo ou outro ambiente de cuidados de saúde após um episódio de automutilação.1 ● Incluem: ○ Terapias psicológicas.1 ○ Abordagens projetadas para fornecer suporte contínuo (como gerenciamento de casos e comunicação regular por meio de canais como cartões postais ou mensagens de texto).1 ○ Telefone serviços de crise.1 Intervenções multicomponentes ● Intervenções universais, seletivas e indicadas são muitas vezes realizadasem combinação por meio do que é frequentemente chamado de abordagem “baseada em sistemas”.1 Avaliação de intervenções de prevenção ao suicídio ● Restringir o acesso aos meios pode prevenir o suicídio e os programas de conscientização nas escolas podem reduzir as tentativas de suicídio.1 11 Medicina 7º semestre ● Certos tratamentos psicológicos, particularmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), também são importantes no conjunto de estratégias para prevenir suicídio.1 ● Tratamentos medicamentosos (por exemplo, lítio ou antidepressivos) também têm benefícios demonstrados.1 (Quadro extraído da referência 4) Manejo (Quadro extraído da referência 1) 12 Medicina 7º semestre ● A vigilância deve ser intensificada (tentativa de atendimento domiciliar) ou o indivíduo deve ser imediatamente encaminhado para o pronto-socorro ou hospital no caso de: ○ vários fatores de risco associados à falta de apoio familiar;4 ○ vários fatores de risco associados à falta de acesso a serviços de saúde ambulatoriais;4 ○ tentativas de suicídio recentes e frequentes;4 ○ verbalização do plano de suicídio;4 ○ comportamento suicida associado a doenças baseadas em recompensas (como abuso de substâncias), colapso psicótico, estado maníaco ou agravamento de depressão apesar do tratamento;4 ○ mudança no status da observação ou do cenário de intervenção (p. ex., alta do ambiente hospitalar);4 ○ piora gradual ou sem melhora, apesar do tratamento.4 ● Cuidados na emergência ○ O paciente não pode ser deixado sozinho.4 ○ Os banheiros não devem ter portas que possam ser trancadas. 4 ○ Uma abordagem multidisciplinar deve estar disponível, especialmente reuniões diárias com o psiquiatra e intervenção psicoterapêutica por psicólogo ou psiquiatra.4 ○ O ambiente deve estar livre de qualquer objeto ou substância que o paciente possa usar para tentar tirar a própria vida. 4 ○ A possibilidade de alta deve ser considerada apenas quando o paciente melhorar, e o acesso ao acompanhamento na comunidade e a possibilidade de que um membro da família ou companheiro de confiança possa continuar a supervisão devem ser considerados.4 ● Intervenções breves para prevenir o comportamento suicida ○ Contatos atenciosos.1 ○ Contratos sem suicídio: pedir aos pacientes que prometam não se envolver em comportamento suicida e contatar profissionais em momentos de crise.1 ○ ● Abordagens de pacientes intoxicados e com comportamentos suicidas ○ O paciente deve permanecer em ambiente seguro até que haja a certeza que essa intoxicação cessou. 4 ○ Posteriormente, deve ser realizada uma reavaliação do risco de suicídio.4 ○ Oferecer uma breve intervenção terapêutica após o fim da intoxicação.4 13 Medicina 7º semestre ○ Garantir que o gerenciamento do risco de suicídio seja integrado ao tratamento de transtornos por uso de substâncias e à presença de comor bidades.4 ○ Realizar o tratamento de acompanhamento para intoxicação aguda, suporte clínico e comportamento suicida em conjunto.4 ● Psicoterapias: ○ Não há abordagem psicoterápica que substitua por si só o tratamento individualizado e o seguimento dentro do Plano de Segurança.4 (Quadro extraído da referência 4) ● Psicofármacos ○ Algumas medicações foram avaliadas e demonstraram ser eficazes na prevenção de fatalidades. 4 ○ Lítio: dos agentes farmacológicos potencialmente antissuicida disponíveis, o lítio tem sido utilizado o mais longo, com seus efeitos antissuicidas sendo relatado por décadas.4 ○ Ketamina: a cetamina diminui a ideação suicida independente de melhora em outros sintomas de humor.4 ○ Clozapina: ■ Primeiro medicamento aprovado pelo FDA dos EUA para prevenir o comportamento suicida.4 14 Medicina 7º semestre ■ É indicado na esquizofrenia, na qual a taxa de morte de pacientes por suicídio ao longo da vida é de ~10%, com ~50%.4 ■ A clozapina permanece relativamente subutilizado para a prevenção do comportamento suicida em pacientes com psicose, provavelmente devido à necessidade monitorização laboratorial dado o risco de neutropenia e agranulocitose.4 ○ Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: efeito mais pronunciado na ideação suicida do que outros antidepressivos.4 ○ Buprenorfina: resultados promissores em estudos pequenos.4 ● Neuromodulação ○ Nesse grupo, está a eletroconvulsoterapia (ECT), que é eficaz para pacientes gravemente deprimidos, e é re comendada para transtorno bipolar, esquizofrenia, gestantes com depressão e risco de suicídio, bem como transtornos bipolares e psicóticos, idosos com depressão e doença de Parkinson.4 ○ Outro procedimento é a estimulação magnética transcraniana repetiti va (EMTr) para pacientes com depressão.4 ● Posvenção ○ Uma posvenção é uma intervenção conduzida após um suicídio para gerenciar as suas consequências e prevenir fatalidades.4 15 Medicina 7º semestre (Quadro extraído da referência 4) Intoxicação por Benzodiazepínicos ● Circulam ligados a proteínas e são metabolizados no fígado.5 ● São medicações com alto índice terapêutico, ou seja, a dose tóxica é muito superior à terapêutica.5 ● Dessa forma, a maior parte dos atendimentos no Departamento de Emergência é decorrente de tentativas de suicídio.5 Quadro clínico ● As principais manifestações clínicas são rebaixamento do nível de consciência e depressão respiratória, sem outras alterações dos sinais vitais.5 ● A gravidade é maior quando há associação com outras substâncias depressoras do sistema nervoso central (álcool, antidepressivos, barbitúricos, opioides etc.).5 ● No exame clínico, os achados neurológicos são sedação, sonolência, ataxia, disartria e hiporreflexia. 5 ● Depressão respiratória e apneia podem acompanhar o quadro.5 ● Deve-se lembrar que a intoxicação por benzodiazepínicos pode causar reações paradoxais, incluindo excitação, ansiedade, agressividade e delírio; foram relatadas, mas são bastante incomuns. As reações paradoxais podem ocorrer mais com crianças hiperativas e em pacientes psiquiátricos.5 Diagnóstico ● O diagnóstico é clínico, baseado na história de exposição ao medicamento e exame físico sugestivo. 5 ● Dosagem sérica de benzodiazepínicos não apresenta boa sensibilidade, pouco disponível e os resultados não são imediatos. 5 16 Medicina 7º semestre ● Entre os diagnósticos diferenciais estão intoxicação por outras drogas depressoras do SNC, hipoglicemia, sepse, distúrbios hidroeletrolíticos e doenças neurológicas, incluindo acidente vascular cerebral e trauma cranioencefálico.5 ● Na dúvida uma tomografia de crânio deve ser solicitada.5 ● Orienta-se a avaliação da glicemia capilar e gasometria arterial.5 ● Considerar sempre a avaliação sérica dos níveis de acetaminofeno e salicilato nas suspeitas de ingesta intencional.5 ● Recomenda-se a realização de ECG, para triar cointoxicação que alarga o QRS e o QTc.5 ● Arritmias secundárias a BZD são extremamente incomuns; portanto, consideram-se outras etiologias nessa circunstância.5 ● A triagem qualitativa urinária possui utilidade questionável. Ela detecta os metabólitos oxazepam e nordiazepam, porém nem todos os BZD são metabolizados a essas substâncias.5 Manejo ● Monitorização, suporte de oxigênio, hidratação adequada, exames laboratoriais e correção de eventuais distúrbios hidroeletrolíticos.5 ● Não postergar intubação se rebaixamento importante do nível de consciência e incapacidade de proteção de vias aéreas. 5 ● Hipotensão secundária a BZD geralmente responde bem a cristaloides. 5 ● Lavagem gástrica e carvão ativado geralmente não são indicados devido ao risco de broncoaspiração.5 ● Indicações para o uso de flumazenil (antídoto): ○ Pacientes sedados com benzodiazepínicos para procedimentos que não fazem uso crônico, em que é necessário reverter o efeito da medicação.5 ○ Parada respiratória ou cardiorrespiratória presumidamente atribuída a BZD. A dose recomendada é 0,1 a 0,2 mg EV em bolus (em crianças 0,01 mg/kg), podendo ser repetido até dose máxima de 1 mg. O início de ação é em 2 a 3 minutos e seus efeitos duram por 30 a 45 minutos.5● Medidas extracorpóreas para otimizar o clearance de BZD não são recomendadas.5 ● Aqueles com intoxicação isolada por BZD, assintomáticos ou levemente sintomáticos (facilmente despertáveis, ataxia leve), 6 horas após ingesta, podem receber alta hospitalar. 5 ● É claro que ingestas intencionais demandam avaliação psiquiátrica.5 17 Medicina 7º semestre Referências [1] TURECKI, Gustavo et al. Suicide and suicide risk. Nature Reviews, [s. l.], v. 5, n. 74, p. 1-22, 2019. [2] FAZEL, Seena; RUNESON, Bo. Suicide. The New England Journal of Medicine , [s. l.], v. 382, n. 3, p. 266-274, 16 jan. 2020. [3] SADOCK, Benjamin J. Medicina psiquiátrica de emergência. In: SADOCK, Benjamin J. Compêndio de psiquiatria : ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. cap. 23, p. 763-790. [4] BALDACARA, Leonardo. Emergências Psiquiátricas. In: Nardi, Antonio Egidio. et al. Tratado de psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2022. cap. 38, p. 706-730. [5] MARINO , Lucas Oliveira. Abordagem específica das intoxicações por fármacos. In: NETO, Adalberto Studart. Medicina de Emergência: Abordagem prática. 16. ed. Santana de Parnaíba: Manole, 2022. cap. 113. 18
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