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Transtornos de personalidade Definição e Epidemiologia Definição ● Os transtornos da personalidade (TPs) constituem um conjunto de condições psiquiátricas com quadro clínico bastante variado, tendo em comum a longa duração e certa estabilidade ao longo da vida.1 ● Todos os transtornos de personalidade são caracterizados por dificuldade com a identidade própria, relacionamentos interpessoais e problemas em vários ambientes sociais.1 Personalidade - Origem: do grego persona, máscara utilizada pelos atores no teatro grego clássico para identificar o personagem.1 - Conceito: Característica que pode ser compartilhada entre indivíduos, mas cujo conjunto é distintivo, determinando a forma única como cada indivíduo responde e interage com outros indivíduos e o ambiente.1 x Transtorno de personalidade - Padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo; 2 - Inflexível; 2 - Começa na adolescência ou início da idade adulta; 2 - Estável ao longo do tempo; 2 - Leva a sofrimento ou prejuízo; 2 - Afeta pelos menos duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal, controle de impulsos.2 Quando os traços de personalidade são rígidos e mal-adaptativos e produzem prejuízo funcional, ou sofrimento subjetivo, é possível diagnosticar um transtorno da personalidade. ● Propensão muito maior a recusar auxílio psiquiátrico e a negar seus problemas.3 Medicina 7ºsemestre ● Os sintomas de transtorno da personalidade são egossintônicos (i.e., aceitáveis ao ego, em contraste com egodistônicos) e aloplásticos (i.e., adaptam-se ao tentar alterar o ambiente externo em vez de a si mesmos).3 ● O comportamento mal-adaptativo de pessoas com transtornos da personalidade não lhes causa ansiedade.3 Obs.: Existem critérios do DSM-5 para diagnóstico de transtorno da personalidade (em geral, sem uma classificação específica). (Quadro extraído da referência 2) Visão geral ● Transtorno da personalidade paranoide: é um padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas que as motivações dos outros são interpretadas como malévolas. 2 ● Transtorno da personalidade esquizoide: é um padrão de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional.2 ● Transtorno da personalidade esquizotípica: é um padrão de desconforto agudo nas relações íntimas, distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades do comportamento.2 ● Transtorno da personalidade antissocial: é um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros.2 ● Transtorno da personalidade borderline: é um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada.2 2 Medicina 7ºsemestre ● Transtorno da personalidade histriônica: é um padrão de emocionalidade e busca de atenção em excesso.2 ● Transtorno da personalidade narcisista: é um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.2 ● Transtorno da personalidade evitativa: é um padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa.2 ● Transtorno da personalidade dependente: é um padrão de comportamento submisso e apegado relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado.2 ● Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva: é um padrão de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle.2 ● Mudança de personalidade devido a outra condição médica: é uma perturbação persistente da personalidade entendida como decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica (p. ex., lesão no lobo frontal).2 ● Outro transtorno da personalidade especificado e transtorno da personalidade não especificado: uo atende aos critérios gerais para um transtorno da personalidade, mas os critérios para qualquer um desses transtornos específicos não são preenchidos, ele tenha um transtorno da personalidade que não faz parte da classificação do DSM-5 (p. ex., transtorno da personalidade passivo-agressiva).2 Epidemiologia ● A prevalência de TPs, conforme metanálise recente, atinge 7 a 13% da população geral ● 30 – 50% dos pacientes psiquiátricos ambulatoriais.3 ● 50% dos pacientes psiquiátricos internados.3 (Tabela extraída da referência 2) 3 Medicina 7ºsemestre ● É um fator predisponente para outros transtornos psiquiátricos (p. ex., uso de substância, suicídio, transtornos afetivos, do controle de impulsos, alimentares e de ansiedade)3 ● Aumento da incapacitação pessoal, a morbidade e a mortalidade desses pacientes.3 ● Associação com: ○ Pior prognóstico de outros transtornos.3 ○ Incapacidade laboral.3 ○ Suicídio.3 Classificação ● São comumente referenciados como os grupos de transtorno de personalidade excêntrico (A), errático (B) e ansioso (C). ● Os três grupos baseiam-se em semelhanças descritivas. ● O Grupo A inclui três transtornos da personalidade com características estranhas ou de afastamento (paranoide, esquizoide e esquizotípica). ● O Grupo B inclui quatro transtornos com características dramáticas, impulsivas ou erráticas (borderline, antissocial, narcisista e histriônica). ● O Grupo C inclui três transtornos que compartilham características de ansiedade e medo (evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva). (Tabela extraída da referência 2) 4 Medicina 7ºsemestre Etiopatogenia ● Fatores genéticos ○ Maior concordância entre gêmeos monozigóticos.3 ○ Estudos de varredura genômica mostram que diversos aspectos da personalidade, como bem-estar, neuroticis mo, entre outros, estão associados a centenas de loci de genes.2 ○ Os transtornos da personalidade do Grupo A são mais comuns em parentes biológicos de pacientes com esquizofrenia.3 ○ O transtorno de personalidade antissocial está relacionado a transtornos por uso de álcool.3 ○ Depressão é comum nos antecedentes familiares de indivíduos com transtorno da personalidade borderline.3 ● Fatores biológicos ○ Hormônios: Indivíduos que exibem traços impulsivos frequentemente também apresentam níveis elevados de testosterona, 17-estradiol e estrona.3 ○ Monoaminoxidase plaquetária. Baixos níveis plaquetários de monoaminoxidase (MAO) foram associados com atividade e sociabilidade.3 ○ Neurotransmissores: Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos. Níveis de ácido 5-hidróxi-indolacético (5-HIAA), um metabólito de serotonina, são baixos em indivíduos que tentam suicídio e naqueles que são impulsivos e agressivos.3 ○ Eletrofisiologia: Mudanças na condução elétrica no eletroencefalograma (EEG) ocorrem em alguns pacientes com transtornos da personalidade, com maior frequência dos tipos antissocial e borderline; essas mudanças aparecem como atividade de ondas lentas em EEGs.3 ● Depressão, ansiedade, uso de substâncias e transtornos de comportamento disruptivo (por exemplo, conduta transtorno desafiador opositivo e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)) predispõem a o desenvolvimento de transtornos de personalidade.4 5 Medicina 7ºsemestre Alguns transtornos específicos Transtorno de personalidade antissocial ● Herdabilidade de cerca de 50%.2 ● Alterações no córtex pré-frontal ventromedial: prejuízo da capacidade de julgamentos éticos sobre danos a outros; insensibilidade às obrigações sociais; déficit na inibição de impulsos.2 ● Rede neuronal espelho: prejuízo na capacidade de desenvolver vínculos interpessoais; ausência de respostas empáticas.2 ● Córtex cingulado: prejuízo na capacidade de apreciar valores dos demais.2 ● Amígdalas: resposta embotada a estímulos emocionais de medo ou negativos.2 ● Polos temporais: resposta de medo diminuída.2 ● Fascículo uncinado: déficit de informações afetivas para o córtex pré-frontal ventromedial.2 ● Giro fusiforme: dificuldade em reconhecer emoções negativas no rosto de outras pessoas.2 ● Giro do cíngulo: perspectiva narcisista.2 ● Striatum ventral/núcleo accumbens: hipersensibilidade a recompensas.2 (Tabela extraída da referência 2) Transtorno da Personalidade Borderline ● Herdabilidadevaria entre 40 e 70%.2 ● Adversidades na infância, na forma de diversos tipos de abuso e/ou negligência, têm um impacto significativo no risco para o desenvolvimento do TP borderline.2 ● Parentalidade inconsistente, superenvolvimento materno, comportamentos parentais aversivos e a baixa afeição parental.2 ● Outras alterações relevantes encontradas no TP borderline incluem: 6 Medicina 7ºsemestre ○ redução do nível de cortisol basal2 ○ alterações cognitivas (em áreas de atenção, flexibilidade cognitiva e velocidade de processamento, indicando disfunção frontal).2 ○ alterações no sistema opióide e na oxitocina (possivelmente relacionadas a manifestações de hipersensibilidade nas relações interpessoais).2 (Figura extraída da referência 4) Quadro Clínico e Diagnóstico - Transtornos da Personalidade do Grupo A - Transtorno da Personalidade Paranoide ● Prevalência: ○ 0,5 – 2,5% da população geral; 1 ○ 2 – 10% dos pacientes psiquiátricos. 1 ○ Mais comum em homens.1 ● Extrema suspeita em relação a terceiros.1 ● Componentes principais: desconfiança e hostilidade.1 ● O caráter combativo do indivíduo suscita em terceiros reações similares, confirmando as pressuposições inamistosas.1 ● Indivíduos com esse transtorno creem que outras pessoas irão explorá-los, causar-lhes dano ou enganá-los, mesmo sem evidências que apoiem essa expectativa.1 ● Suspeitam, com base em pouca ou nenhuma evidência, de que outros estão tramando contra eles e podem atacá-los de repente.1 ● Costumam achar que foram profunda e irreversivelmente maltratados por outra pessoa ou pessoas.1 ● São preocupados com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou confiança de seus amigos e sócios.1 ● Relutam em confiar ou tornar-se íntimos de outros, pois temem que as informações que compartilham venham a ser usadas contra eles.1 7 Medicina 7ºsemestre ● Percebem significados ocultos desabonadores e ameaçadores em comentários ou eventos benignos.1 ● Elogios costumam ser mal interpretados.1 ● Guardam rancores persistentemente e não se dispõem a perdoar.1 ● São constantemente hipervigilantes em relação às intenções prejudiciais de outros.1 ● Podem ser patologicamente ciumentos.1 Transtorno da Personalidade Esquizoide ● A prevalência do transtorno da personalidade esquizóide não está estabelecida de forma definitiva, mas ele pode afetar 5% da população em geral.3 ● Padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais.3 ● Pouco apreço pelo contato interpessoal.3 ● Atitude reservada, pouca expressão afetiva, abulia e redução do círculo social. ● Podem desempenhar trabalhos sem exigência de interação social.1 ● Não ter desejo de intimidade, parecem indiferentes a oportunidades de desenvolver relações próximas e não parecem encontrar muita satisfação em fazer parte de uma família ou de outro grupo social.1 ● Preferem ficar sozinhos.1 ● Com frequência parecem ser socialmente isolados ou “solitários” e quase sempre optam por atividades ou passatempos solitários que não incluem interação com outros.1 ● Preferem tarefas mecânicas ou abstratas.1 8 Medicina 7ºsemestre ● Podem ter muito pouco interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.1 ● Há geralmente uma sensação reduzida de prazer decorrente de experiências sensoriais, corporais ou interpessoais, como caminhar na praia ao fim do dia ou fazer sexo. Esses indivíduos não têm amigos próximos ou confidentes, exceto um possível parente de primeiro grau.1 ● Costumam ser indiferentes à aprovação ou à crítica dos outros e não parecem se incomodar com o que os demais podem pensar deles.1 ● Frequentemente não reagem de forma adequada a gentilezas sociais, de modo que parecem socialmente inaptos ou superficiais.1 ● Sem reatividade emocional visível.1 ● Raramente vivenciam emoções fortes, como raiva e alegria. 1 ● Raramente buscam tratamento.1 Transtorno da Personalidade Esquizotópica ● Prevalência de 4% na população geral.3 ● O DSM-5 sugere que o transtorno possa ser ligeiramente mais comum no sexo masculino.3 ● O mais claramente associado ao risco de desenvolvimento de esquizofrenia.3 ● Distorções cognitivas e condutas excêntricas.3 ● Sistema de crenças idiossincrático, não delirante.3 ● Pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões e desrealização são parte do mundo cotidiano de uma pessoa com o transtorno. ● Padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, bem como por distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico.1 9 Medicina 7ºsemestre ● Com frequência apresentam ideias de referência.1 ● Esses indivíduos podem ser supersticiosos ou preocupados com fenômenos paranormais que fogem das normas de sua subcultura.1 ● Podem achar que têm poderes especiais.1 ● Podem acreditar que exercem controle mágico sobre os outros.1 ● Alterações perceptivas podem estar presentes (p. ex., sentir que outra pessoa está presente ou ouvir uma voz murmurando seu nome).1 ● Seu discurso pode incluir fraseados e construções incomuns ou idiossincrásicas e costuma ser desconexo, digressivo ou vago, embora sem apresentar um real descarrilhamento ou incoerência.1 ● Respostas podem ser excessivamente concretas ou abstratas, e palavras e conceitos são, por vezes, aplicados de maneiras pouco habituais.1 ● São frequentemente desconfiados e podem apresentar ideias paranoides.1 ● Em geral, são incapazes de lidar com os afetos e as minúcias interpessoais que são necessários para relacionamentos bem-sucedidos.1 ● São geralmente considerados esquisitos ou excêntricos em virtude de maneirismos incomuns, isto é, sua forma desleixada de vestir-se que não “combina” bem e sua falta de atenção às convenções sociais habituais.1 ● Vivenciam os relacionamentos interpessoais como problemáticos e sentem desconforto em se relacionar com outras pessoas.1 ● Seu comportamento sugere um desejo reduzido de contatos íntimos.1 ● São ansiosos em situações sociais.1 10 Medicina 7ºsemestre - Transtornos da Personalidade do Grupo B - Transtorno da Personalidade Antissocial ● 2 a 5% da população adulta.3 ● 3H : 1M.3 ● O início do transtorno ocorre antes dos 15 anos de idade. Meninas normalmente apresentam sintomas antes da puberdade, e meninos, ainda mais cedo. 3 ● Maior prevalência em grupos específicos: ○ 35% da população carcerária; 3 ○ 16-49% da população com dependência ao álcool.3 ○ É mais comum em áreas urbanas pobres. 3 ● Influência genética: ○ 20% dos parentes de primeiro grau são acometidos.3 ○ Concordância monozigóticos (67%) > dizigóticos (31%).3 ● Caracterizado por: ○ Desrespeito às obrigações sociais.3 ○ Falta de preocupação com os sentimentos dos outros.3 ○ Grande disparidade entre o comportamento e as normas sociais prevalecentes.3 ○ Não facilmente modificável pela experiência adversa, incluindo a punição.3 ○ Baixa tolerância à frustração e baixo limiar para a agressão, inclusive a violência.3 ○ Tendência a culpar terceiros ou oferecer racionalizações plausíveis.3 ● Padrão difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros, o qual surge na infância ou no início da adolescência e continua na vida adulta.`1 ● Para que esse diagnóstico seja firmado, o indivíduo deve ter no mínimo 18 anos de idade e deve ter apresentado alguns sintomas de transtorno da conduta antes dos 15 anos.1 ● Podem repetidas vezes realizar atos que são motivos de detenção.1 ● Desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos dos outros. Com frequência, enganam e manipulam para obter ganho ou prazer pessoal.1 ● Um padrão de impulsividade pode ser manifestado por fracasso em fazer planos para o futuro.1 ● As decisões são tomadas no calor do momento, sem análise e sem consideração em relação às consequências a si ou aos outros.1 ● Tendem a ser irritáveis e agressivos e podem envolver-se repetidamente em lutas corporais ou cometer atos de agressão física.1 11 Medicina 7ºsemestre ● Demonstramdescaso pela própria segurança ou pela de outros.1 ● Podem se envolver em comportamento sexual ou uso de substância com alto risco de consequências nocivas.1 ● Tendem a ser reiterada e extremamente irresponsáveis.1 ● Demonstram pouco remorso pelas consequências de seus atos Transtorno da Personalidade Borderline (Quadro extraído da referência 4) ● Fatores psicossociais: ○ História de trauma na infância.3 ○ Abuso sexual em até 61%.3 ○ Abuso físico em até 59%.3 ● Fatores genéticos: ○ Concordância monozigóticos (35-36%) > dizigóticos (7-19%).3 ● Acredita-se que o transtorno da personalidade borderline esteja presente em 1 a 2% da população e seja duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. 3 ● Um aumento de prevalência do transtorno depressivo maior, de transtornos por uso de álcool e de abuso de substância é encontrado em 12 Medicina 7ºsemestre parentes em primeiro grau de indivíduos com transtorno da personalidade borderline.3 ● Tentam de tudo para evitar abandono real ou imaginado.1 ● Vivenciam medos intensos de abandono e experimentam raiva inadequada mesmo diante de uma separação de curto prazo realística ou quando ocorrem mudanças inevitáveis de planos.11 ● Os esforços desesperados para evitar o abandono podem incluir ações impulsivas como automutilação ou comportamentos suicidas.1 ● Padrão de relacionamentos instável e intenso.1 ● Podem idealizar cuidadores ou companheiros potenciais.1 ● Podem mudar rapidamente da idealização à desvalorização.1 ● Pode ocorrer uma perturbação da identidade, caracterizada por instabilidade acentuada e persistente da imagem ou da percepção de si mesmo.1 ● Podem ocorrer mudanças súbitas em opiniões e planos sobre carreira profissional, identidade sexual, valores e tipos de amigos.1 ● Mostram impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas.1 ● Apresentam recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento de automutilação. 1 ● Suicídio ocorre em 8 a 10% de tais indivíduos, sendo que atos de automutilação (p. ex., cortes ou queimaduras) e ameaças e tentativas de suicídio são muito comuns).1 ● Instabilidade afetiva devido a acentuada reatividade do humor.1 ● Podem ser perturbados por sentimentos crônicos de vazio.1 ● Expressam raiva inadequada e intensa ou têm dificuldades em controlá-la.1 ● Durante períodos de estresse extremo, podem ocorrer ideação paranoide ou sintomas dissociativos transitórios. Os sintomas tendem a ser passageiros, durando de minutos a horas.1 13 Medicina 7ºsemestre Transtorno da Personalidade Histriônica ● Prevalência do transtorno da personalidade histriônica de cerca de 1 a 3%. ● Mais comum em mulheres. ● Alguns estudos revelaram uma associação com transtorno de sintomas somáticos e transtornos por uso de álcool. ● Dramaticidade, teatralismo, expressão de afeto intenso e busca de atenção.3 ● Tentativas de controle da relação por meio de sedução, manipulação ou dependência.3 ● Inconscientemente, estão sempre encenando um personagem.3 ● A característica essencial do transtorno da personalidade histriônica é a emocionalidade excessiva e difusa e o comportamento de busca de atenção.1 ● Sentem-se desconfortáveis ou não valorizados quando não estão no centro das atenções.1 ● Tendem a atrair atenção para si mesmos e podem inicialmente fazer novas amizades por seu entusiasmo, abertura aparente ou sedução.1 ● Caso não sejam o centro das atenções, podem fazer algo dramático (p. ex., inventar histórias, criar uma cena) para atrair o foco da atenção para si.1 ● A aparência e o comportamento de indivíduos com esse transtorno são, em geral, sexualmente provocativos ou sedutores de forma inadequada.1 ● A expressão emocional pode ser superficial e rapidamente cambiante.1 14 Medicina 7ºsemestre ● São excessivamente preocupados em impressionar os outros por meio de sua aparência e dedicam muito tempo, energia e dinheiro a roupas e embelezamento.1 ● Têm um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes.1 ● Autodramatização, pela teatralidade e pela expressão exagerada das emoções ● Emoções, no entanto, frequentemente parecem ser ligadas ou desligadas com muita rapidez para serem sentidas em profundidade.1 ● São altamente sugestionáveis.1 ● Costumam considerar as relações pessoais como mais íntimas do que realmente são.1 Transtorno da Personalidade Narcisista ● Mais frequente em homens (7%) que em mulheres (5%).3 ● Os filhos, de pais com essas características podem apresentar um risco acima do normal de desenvolver, eles próprios, o transtorno.3 ● Sensação pervasiva de grandiosidade, necessidade de admiração, falta de empatia e exploração dos relacionamentos interpessoais.3 ● Sensíveis à crítica, sentem-se menosprezados, tratados injustamente sem a necessária consideração.3 ● A característica essencial do transtorno da personalidade narcisista é um padrão difuso de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.1 ● Superestimam de forma rotineira suas capacidades e exageram suas conquistas, com frequência parecendo pretensiosos e arrogantes.1 ● Comumente implícita nos juízos inflados das próprias conquistas está uma subestimação (desvalorização) das contribuições dos outros.1 ● Estão frequentemente preocupados com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.1 ● As pessoas com esse transtorno creem ser superiores, especiais ou únicas e esperam que os outros as reconheçam como tal.1 15 Medicina 7ºsemestre ● Sua própria autoestima é realçada pelo valor idealizado que conferem àqueles com quem se associam.1 ● Geralmente exigem admiração excessiva.1 ● Sua autoestima é quase invariavelmente muito frágil. Podem estar preocupados com o quão bem estão se saindo e o quão favoravelmente os outros os consideram.1 ● Fica evidente nesses indivíduos uma sensação de possuir direitos por meio das expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável que apresentam ● Exploração consciente ou involuntária de outras pessoas.1 ● Tendem a formar relações de amizade ou romance somente se a outra pessoa parece possibilitar o avanço de seus propósitos ou, então, incrementar sua autoestima.1 ● Falta de empatia e dificuldade de reconhecer os desejos, as experiências subjetivas e os sentimentos das outras pessoas.1 ● Frieza emocional e falta de interesse recíproco.1 ● Esses indivíduos tendem a invejar os outros ou a acreditar que estes os invejam.1 ● Comportamentos arrogantes e insolentes caracterizam esses indivíduos; com frequência exibem esnobismo, desdém ou atitudes condescendentes.1 - Transtornos da Personalidade do Grupo C - Transtorno da Personalidade Evitativa ● 2 a 3% da população geral.3 16 Medicina 7ºsemestre ● Comorbidades frequentes: ○ Fobia social.3 ○ Transtorno de ansiedade generalizada. 3 ○ Transtorno depressivo recorrente.3 ○ O contato interpessoal é temido, porém desejado.3 ● Padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa.1 ● Esquivam-se de atividades no trabalho que envolvam contato interpessoal significativo devido a medo de crítica, desaprovação ou rejeição.1 ● Evitam fazer novos amigos, a menos que tenham certeza de que serão recebidos de forma positiva e aceitos sem críticas.1 ● Não participam de atividades em grupo, a não ser que tenham ofertas repetidas e generosas de apoio e atenção.1 ● Podem agir de forma reservada, ter dificuldades de conversar sobre si mesmos e conter os sentimentos íntimos por medo de exposição, do ridículo ou de sentirem vergonha.1 ● Limiar bastante baixo para a detecção de críticas ou rejeição.1 ● Apesar de seu forte desejo de participação na vida social, receiam colocar seu bem-estar nas mãos de outros.1 ● Ficam inibidos em situações interpessoais novas, pois se sentem inadequados e têm baixa autoestima.1 ● Relutam de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois elas podem causar constrangimento.1 Transtorno da PersonalidadeDependente ● É mais comum em mulheres do que em homens em 0,6%.3 ● 2,5% de todos os transtornos da personalidade.3 17 Medicina 7ºsemestre ● É mais comum em crianças pequenas do que nas mais velhas. 3 ● Pessoas com doenças físicas crônicas na infância podem ser mais suscetíveis ao transtorno.3 ● Comorbidades: ○ Folie à deux.3 ○ Episódio depressivo.3 ● Caracterizado por: ○ Dependência passiva de outras pessoas para tomar decisões de vida.3 ○ Grande medo do abandono.3 ○ Sentimento de desamparo e incompetência.3 ○ Cumprimento passivo dos desejos dos mais velhos e de terceiros.3 ○ Resposta fraca às demandas da vida diária.3 ○ A falta de vigor pode se mostrar nas esferas intelectual ou emocional.3 ○ Muitas vezes existe uma tendência para transferir a responsabilidade.3 ● Necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego e a temores de separação.1 ● Os comportamentos de dependência e submissão formam-se com o intuito de conseguir cuidado e derivam de uma autopercepção de não ser capaz de funcionar adequadamente sem a ajuda de outros.1 ● Grande dificuldade em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramentos oferecidos por outros .1 ● Tendem a ser passivos e a permitir que outros (frequentemente apenas uma pessoa) tomem a iniciativa e assumam a responsabilidade pela maior parte das principais áreas de suas vidas.1 ● Apresentam dificuldade em expressar discordância de outras pessoas, em especial daquelas de quem são dependentes.1 ● Apresentam dificuldades para iniciar projetos ou fazer coisas de forma independente.1 ● Podem ir a extremos para conseguir cuidado e apoio de outros, a ponto até de voluntariar-se para tarefas desagradáveis caso esse comportamento possa proporcionar a atenção de que precisam.1 ● Essas pessoas podem fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico ou sexual.1 ● Sentem-se desconfortáveis ou desamparadas quando sós devido aos temores exagerados de não serem capazes de cuidar de si mesmas.1 ● Ao término de um relacionamento íntimo (p. ex., rompimento com companheiro afetivo, morte de cuidador), indivíduos com transtorno da personalidade 18 Medicina 7ºsemestre dependente podem buscar urgentemente outro relacionamento para obter os cuidados e o apoio de que necessitam.1 ● Tornam-se rápida e indiscriminadamente apegados a outra pessoa.1 ● Preocupam- -se com medos de serem abandonados à própria sorte.1 Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva ● Prevalência estimada de 2 a 8%.3 ● É mais comum em homens do que em mulheres.3 ● É diagnosticado com maior frequência em irmãos mais velhos.3 ● Pacientes costumam ter antecedentes caracterizados por disciplina rígida.3 ● Comorbidades: Transtorno obsessivo compulsivo.3 ● Caracterizada por:3 ○ Sentimentos de dúvida, perfeccionismo, conscienciosidade excessiva, verificação e preocupação com detalhes, teimosia, cautela e rigidez. ○ Podem ocorrer pensamentos ou impulsos insistentes e indesejáveis que não atingem a gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo. ● Preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência.1 ● Tentam manter uma sensação de controle por meio de atenção cuidadosa a regras, pequenos detalhes, procedimentos, listas, cronogramas ou forma a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido.1 ● Excessivamente cuidadosos e propensos à repetição.1 ● O tempo é mal alocado, e as tarefas mais importantes são deixadas por último. 19 Medicina 7ºsemestre ● O perfeccionismo e os padrões elevados de desempenho autoimpostos causam disfunção e sofrimento significativo a esses indivíduos.1 ● Podem tornar cada detalhe de um projeto absolutamente perfeito que este jamais é concluído.1 ● Dedicação excessiva ao trabalho e à produtividade, a ponto de excluir atividades de lazer e amizades (não é explicado por necessidade financeira).1 ● Podem ser excessivamente conscienciosos, escrupulosos e inflexíveis acerca de assuntos de moralidade, ética ou valores.1 ● Podem, ainda, ser críticos impiedosos em relação aos próprios erros. 1 ● Podem ser incapazes de descartar objetos usados ou sem valor, mesmo na ausência de valor sentimental.1 ● Relutam em delegar tarefas ou em trabalhar em conjunto.1 ● Podem ser miseráveis e mesquinhos e manter um padrão de vida bastante inferior ao que podem sustentar, acreditando que os gastos devem ser rigidamente controlados para garantir sustento em catástrofes futuras.1 ● Caracteriza-se por rigidez e teimosia.1 ● Planejam o futuro nos mínimos detalhes e não se dispõem a avaliar possíveis mudanças. 1 ● Têm dificuldade de reconhecer os pontos de vista dos outros.1 20 Medicina 7ºsemestre - Mudança de Personalidade Devido a Outra Condição Médica - Diagnósticos diferenciais Transtorno da personalidade paranoide Transtorno delirante: ausência de delírios fixos. 3 Esquizofrenia paranoide: transtornos da personalidade não têm alucinações nem um transtorno manifesto do pensamento. 3 Transtorno da personalidade borderline: pacientes paranóides raramente são capazes de desenvolver um envolvimento excessivo ou relacionamentos tumultuosos com outras pessoas. 3 Transtorno da personalidade esquizoide: são retraídos e indiferentes e não apresentam ideação paranoide. 3 Transtorno da personalidade esquizoide Transtorno de personalidade esquizoide: o TP paranoide exibe maior envolvimento social, uma história de comportamento verbal agressivo e uma maior tendência a projetar seus sentimentos nos outros. 3 Transtornos de personalidades obsessivo-compulsiva e evitativa: experimentam a solidão como disfórica, têm uma história mais rica de relações objetais anteriores e não se entregam com a mesma frequência a devaneios autistas. 3 21 Medicina 7ºsemestre Transtorno da personalidade esquizotípica: se assemelha mais a um paciente com esquizofrenia no que se refere a estranhezas de percepção, pensamento, comportamento e comunicação. 3 Transtorno da personalidade evitativa: são isolados, mas têm um forte desejo de participar de atividades. 3 Transtorno autista e da síndrome de Asperger: apresentar interações sociais prejudicadas e comportamentos e interesses estereotipados com ainda mais gravidade do que nesses dois transtornos. 3 Transtorno de personalidade antissocial Comportamento ilegal: não está acompanhado pelos traços de persona-lidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade. 3 Transtorno da personalidade borderline Esquizofrenia: paciente com personalidade borderline não apresentar episódios psicóticos prolongados, transtorno do pensamento. 3 Transtorno da personalidade esquizotípica: exibem peculiaridades acentuadas de pensamento, ideação estranha e ideias de referência recorrentes. 3 Transtorno da personalidade paranoide: suspeita extrema. 3 Transtorno da personalidade histriônica Transtorno da personalidade borderline: tentativas de suicídio, difusão de identidade e episódios psicóticos breves são mais prováveis. 3 Transtorno da personalidade narcisista Transtorno da personalidade borderline: pacientes narcisistas têm menos ansiedade do e são menos propensos a uma vida caótica e a tentativas de suicídio. 3 Transtorno da personalidade antissocial: história de comportamento impulsivo muitas vezes associado a álcool ou a outra substância de abuso, o que gera problemas legais. 3 Transtorno da personalidade histriônica: demonstram características de exibicionismo e manipulação interpessoal que se assemelham àquelas dos pacientes com transtorno da personalidade narcisista. 3 Transtorno da personalidade evitativa 22 Medicina 7ºsemestre Transtorno da personalidade esquizoide: desejam ficar sozinhos. 3 Transtornos da personalidades histriônica e borderline: mais exigentes, irritáveis ou imprevisíveis. 3 Transtorno da personalidade dependente: apresentem um temor maior de serem abandonados ou não amados do que aqueles com cuja personalidadeé evitativa, mas o quadro clínico pode ser indistinguível. 3 Transtorno da personalidade dependente Transtornos das personalidades histriônica e borderline: indivíduos com transtorno da personalidade dependente costumam ter um relacionamento duradouro com outra pessoa, em vez de uma série de pessoas de quem dependam, e não são propensos a ser abertamente manipuladores. 3 Transtornos das personalidades esquizóide e esquizotípica Agorafobia: tendem a apresentar um nível elevado de ansiedade manifesta ou até mesmo pânico. 3 Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva Transtorno obssessivo-compulsivo: obsessões ou compulsões recorrentes estão presentes. 3 Prognóstico ● Os TPs são “estáveis ao longo do tempo”: tendem a persistir relativamente estáveis na vida adulta, com uma tendência a melhora no envelhecimento. 2 ● Tendência à persistência dos traços mal-adaptativos de personalida de.2 ● Prejuízos funcionais e sociais tendem a se manter devido aos sintomas residuais persistentes.2 Tratamento ● Reconhecer.2 ● Fornecer psicoeducação.2 ● Tentar envolver em um projeto terapêutico.2 ● Estrutura adequada e limites claros são críticos.2 ● Acordar sobre quais são os comportamentos aceitáveis e quais são os inacetáveis.2 ● Trabalho multidisciplinar é mandatório.2 ● Detectar e tratar corretamente: 23 Medicina 7ºsemestre ○ Comorbidades psiquiátricas.2 ○ Transtorno de uso de substâncias.2 ○ Sintomas-alvo (ex.: estabilizadores do humor para impulsividade). 2 ○ Situações de emergência (ex: crise aguda de ansiedade ou de agitação).2 ● Indicar internação hospitalar quando necessário.2 - Abordagem psicoterápica - ● Para praticamente todos os TPs, estão indicadas as abordagens psicoterápicas, seja as de base cognitivo-comportamental, seja as de base psicodinâmica, conforme caso específico de cada transtorno. ● Um desafio especial é o tratamento do TP antissocial: a detecção precoce de traços de comportamento antissocial, ainda na infância e na adolescência parece favorecer o prognóstico. 2 ● Várias abordagens psicoterápicas vêm sendo estudadas no tratamento do TP borderline, incluindo a terapia comportamental dialética, a terapia embasada em mentalização e a psicoterapia focada na transferência, entre outras.2 - Abordagem farmacológica - Transtorno da Personalidade do Cluster A Segue, em linhas gerais, o tratamento da esquizofrenia. Anti psicóticos são os mais estudados e utilizados, em geral em doses baixas, com o intuito de reduzir as distorções do pensamento e da sensopercepção, especialmente no TP esquizotípica.2 As doses recomendadas costumam ser mais baixas do que as usadas na esquizofrenia.2 Transtorno da personalidade paranoide A farmacoterapia é útil para lidar com agitação e ansiedade. Na maioria dos casos, um agente ansiolítico como diazepam é o suficiente. Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como haloperidol em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase delirante. O fármaco antipsicótico pimozida reduziu a ideação paranoide com sucesso em alguns pacientes. Transtorno da personalidade esquizoide A farmacoterapia com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. Agentes serotonérgicos podem deixar 24 Medicina 7ºsemestre o paciente menos sensível a rejeição. Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal. Transtorno da personalidade esquizotípica Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver um componente depressivo da personalidade. Transtorno da Personalidade do Cluster B Os estudos mostram resultado satisfatório com o uso de antidepressivos, antipsicóticos de segunda geração e estabilizadores do humor.2 Especial atenção deve ser dada à adesão ao tratamento nesses pacientes, uma vez que muito frequentemente abandonam os medicamentos ou modificam suas doses por conta própria, além de as utilizarem em superdosagem, com intenção suicida.2 Transtorno da personalidade antissocial Manejo da ansiedade, raiva e depressão. Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, psicoestimulantes como metilfenidato podem ser úteis. Foram realizadas tentativas de alterar o metabolismo de catecolamina com fármacos e de controlar o comportamento impulsivo com antiepilépticos, como carbamazepina ou valproato, por exemplo, especialmente quando foram identificadas formas de onda anormais no EEG. Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos foram usados para reduzir agressividade. Transtorno da personalidade borderline Usaram-se antipsicóticos para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves. Antidepressivos melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em alguns pacientes. Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. Anticonvulsivantes, como carbamazepina, podem melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos. 25 Medicina 7ºsemestre Transtorno da personalidade histriônica Tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas (p. ex., uso de anti-depressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e antipsicóticos para desrealização e ilusões). Transtorno da Personalidade do Cluster C Poucos estudos sobre os tratamentos dos TPs evitativa e obsessivo-compulsiva apontam para o emprego de antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). 2 Seguem-se, em linhas gerais, praticamente por analogia, os mesmos princípios do tratamento dos transtornos de ansiedade social e obsessivo-compulsivo.2 Transtorno da personalidade narcisista Usou-se lítio em pacientes cujo quadro clínico inclui mudanças de humor. Uma vez que os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância a rejeição e são suscetíveis à depressão, antidepressivos, especialmente fármacos serotoninérgicos, também podem ser úteis. Transtorno da personalidade evitativa Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao transtorno. Alguns pacientes se beneficiam de antagonistas de receptores β-adrenérgicos, como atenolol, para o manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, propensa a ser elevada em indivíduos com transtorno da personalidade evitativa, em especial quando lidam com situações que lhes inspiram temor. Agentes serotonérgicos podem ajudar com a sensibilidade à rejeição. Em teoria, fármacos dopaminérgicos podem gerar comportamento de busca por novidades; entretanto, o indivíduo deve estar psicologicamente preparado para os possíveis resultados de novas experiências. Transtorno da personalidade dependente Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno. Pacientes que experimentam ataques de pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de imipramina. Benzodiazepínicos e 26 Medicina 7ºsemestre agentes serotonérgicos também foram úteis. Caso a depressão de um paciente ou os sintomas de abstinência reajam a psicoestimulantes, eles podem ser usados. Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva Clonazepam, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. Clomipramina e agentes serotonérgicos como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivosse manifestarem. A nefazodona pode beneficiar alguns pacientes. Referências [1] Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais : DSM-5 [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. [2] SADOCK, Benjamin J. et al. Transtornos da personalidade. In: SADOCK, Benjamin J. et al. Compêndio de psiquiatria : ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. cap. 2, p. 742-762. [3] LOUZÃ, Mario. Transtornos da personalidade. In: NARDI, Antonio Edigio. Tratado de psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2022. cap. 36, p 662-690. [4] GUNDERSON, John G. et al. Borderline personality disorder. NATURE REVIEWS, [s. l.], v. 4, n. 18029, p. 1-20, 2018. 27
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