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PROFESSORA Dra. Fernanda de Oliveira Tavares Microbiologia, Toxicologia e Doenças Transmitidas por Alimentos ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! EXPEDIENTE Coordenador(a) de Conteúdo Renato Castro da Silva Projeto Gráfico e Capa André Morais, Arthur Cantareli e Matheus Silva Editoração Alan da Silva Francisco Design Educacional Antonio Nicacio e Rodrigo Cabrini Curadoria Ana Carolina Caputi Goncalves de Azevedo e Emerson Viera Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Ilustração Eduardo Aparecido Alves Fotos Shutterstock NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. TAVARES, Fernanda de Oliveira. Microbiologia, Toxicologia e Doenças Transmitidas por Alimentos. Fernanda de Oliveira Tavares. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 184 p. ISBN 978-85-459-2298-8 “Graduação - EaD”. 1.Microbiologia 2. Toxicologia 3. Doenças. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 560 FICHA CATALOGRÁFICA 02511329 Dra. Fernanda de Oliveira Tavares Eu, Fernanda de Oliveira Tavares, nasci em Presidente Prudente e fui criada em uma cidade vizinha, Pirapozinho, local onde vivi até os meus 18 anos. Em 2008, fui aprova- da no vestibular da Universidade Estadual Maringá (UEM) para cursar Engenharia de Alimentos. Por essa razão, em 2009, mudei-me para a cidade de Maringá, no Paraná. Fu- turamente, nessa mesma instituição de ensino, obtive o meu título de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (2015), de mestre (2016) e doutora (2020) em Engenharia Química, além de realizar a minha segunda graduação: Engenharia Química, concluída no ano de 2019. O ano de 2016 marcou o meu início na vida docente. Nesse ano, tive o imenso prazer em ministrar aulas em cursos técnicos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Após isso, pude dar continuidade a minha trajetória docente ministrando aulas em cursos de graduação em instituições de ensino, como a UEM, a UniCesumar e a FEITEP. Agora que você, caro(a) aluno(a), teve a oportunidade de conhecer um pouco melhor a minha trajetória, gosta- ria de te dar as boas-vindas à disciplina de Microbiologia, toxicologia e doenças transmitidas por alimentos. Será uma enorme satisfação dividir contigo o conhecimento que pude adquirir nessa área ao longo da minha vivência profissional. Espero que esteja preparado(a) para come- çarmos. Vamos lá? http://lattes.cnpq.br/2992273518122403 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12374 Durante uma aula expositiva, a professora apresentou uma imagem contendo os se- guintes utensílios/dispositivos e substâncias: chuveiro, torneira, escova de dente, de- tergente e bucha. Ela perguntou aos alunos quais itens eles usavam diariamente e o porquê. Certamente, você deve usar todos eles ao longo do seu dia e, muitas vezes, por ser um processo tão natural, nem percebe a real intenção de fazer esse uso diário. Você já parou para pensar no porquê, de fato, esses itens são utilizados? Diariamente, utilizamos diversos artifícios associados à higiene pessoal, incluindo utensílios/dispositivos e substâncias que nos auxiliam diretamente na eliminação dos microrganismos presentes em nosso corpo e no ambiente. Já imaginou se não tivés- semos esses artifícios para erradicação/diminuição da carga microbiana? Certamente, estaríamos ainda mais susceptíveis a diversos tipos de doenças e maiores riscos de contaminação em nosso dia a dia. Pense que a eliminação/redução dos microrganismos está condicionada a diversos fatores, como o tipo de detergente e o tempo de exposição utilizado para destruição do microrganismo. Está relacionada, ainda, a qualidade da água utilizada para propiciar a remoção da carga microbiana. Você consegue imaginar o que seria da área de alimen- tos se não fosse a existência desses cuidados especiais para manipular os alimentos? Suponha que você foi convidado(a) a integrar a equipe de uma empresa alimentícia, com a finalidade de avaliar a qualidade microbiológica de um alimento. Imediatamen- te, você é capaz de imaginar que deverá conhecer diversas técnicas de identificação e quantificação de microrganismos para integrar a equipe e auxiliar a empresa nessa área tão importante. Após alguns dias nessa função, você teve um importante desafio a ser enfrentado: confirmar se alguns lotes de um determinado alimento produzido estavam contaminados por Salmonella. Ao longo dos dias anteriores, você pode acompanhar a produção desses alimentos e percebeu que os cuidados associados à higiene pessoal dos manipuladores de alimentos estavam sendo realizados em sua íntegra. Assim, desconfiou que podia se tratar MICROBIOLOGIA, TOXICOLOGIA E DOENÇAS TRANS- MITIDAS POR ALIMENTOS de uma contaminação na água usada pela empresa. Diante desse desafio, é instaurado o seguinte questionamento: o que você pode fazer para confirmar a sua intuição? Prezado(a) aluno(a), perceba que há um caminho a ser seguido para confirmar a sua suspeita. Trata-se de utilizar alguns métodos de detecção existentes para essa confir- mação. No entanto, permanece a seguinte dúvida: qual seria o método mais adequado a ser usado? Como proceder com as análises? É fácil interpretar os resultados obtidos? A fim de responder aos questionamentos realizados, atualmente, contamos com uma facilidade indiscutível de encontrar na literatura a maneira como podemos pro- ceder com a análise e a interpretação do teste realizado. É possível encontrar essas informações na internet, em artigos científicos e em livros, por exemplo. Você quer se destacar como um(a) profissional de sucesso nessa área de atuação? Atente-se a esse conteúdo, pois você será capaz de compreender os microrganismos e os principais fatores que influenciam o crescimento microbiano. Além disso, entenderá a importância deles ao ramo alimentício e os principais prejuízos/riscos que eles podem causar para os alimentos e para a saúde. Por fim, conhecerá os principais métodos para identificá-los e quantificá-los. A indústria alimentícia contém desafios diários e que colocarão você, caro(a) aluno(a), diante de diversas situações que exigirão o conhecimento desses tão importantes assun- tos. Você deverá estar preparado(a) para solucioná-los. Para atuar no ramo alimentício, conhecer os microrganismos, a toxicologia e as doenças transmitidas por alimentos é fundamental. Portanto, esteja atento(a) a todos os tópicos apresentados neste material. Este material te levará ao conhecimento dos temas referentes à microbiologia, à toxicologia e às doenças transmitidas por alimentos. Esses são assuntos de extrema importância para a sua formação, pois, lembre-se: se você deseja ser um(a) profissional de sucesso na sua área de atuação, dedique-se! Este material contribuirá significativa- mente para a sua caminhada. Preparado(a)? Vamos lá! IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versasinformações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 3 4 5 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MICROBIOLOGIA 09 FUNDAMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS ALIMENTOS 41 75 TOXICOLOGIA E DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS 107 OS AMBIENTES LABORATORIAIS E A BIOSSEGURANÇA 133 CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS E MÉTODOS DE DETECÇÃO DE MICRORGANISMOS EM ALIMENTOS 1Noções Básicas Sobre a Microbiologia Dra. Fernanda de Oliveira Tavares Nesta unidade, você entenderá a microbiologia enquanto ciência e os conceitos básicos associados a ela. Você também saberá quem são, de fato, os microrganismos e a classificação deles quanto ao sistema de três domínios, para que você possa entender a importância da célula como uma unidade básica da vida e ser capaz de distinguir as células procarióticas das eucarióticas. Correlacionaremos os grupos de mi- crorganismos às respectivas células e estruturas. Por fim, entendere- mos as diferentes formas de nutrição associadas aos microrganismos. Vamos começar? Bons estudos! UNIDADE 1 10 Atualmente, a cerveja é uma bebida muito consumida entre diversas faixas etárias. Estima-se que a produção da cerveja se iniciou por volta de 8000 a.C., difundin- do-se rapidamente na Antiguidade entre os povos da Suméria, da Babilônia e do Egito. No entanto, foram os povos de origem germânica que se destacaram na arte de fabricar cerveja. Eles foram os primeiros a empregar o lúpulo na cerveja na Idade Média (século XIII). No Brasil, em 1808, com a chegada da família real portuguesa na colônia brasileira, marcou-se, então, a chegada da cerveja no Brasil (MEGA; NEVES; ANDRADE, 2011). Prezado(a) aluno(a), falando de cervejas, você já pensou nos fatos marcantes ao longo da história que propiciaram a fabricação das cervejas? Em algum momento da sua vida, você já parou para pensar no modo como as cervejas são produzidas? Já parou para pensar nos ingredientes e nos processos associados à produção delas? A produção cervejeira no Brasil tem se despontado a cada ano. Atualmente, o país tem ocupado uma posição de destaque nesse segmento, já que é o terceiro maior mer- cado consumidor de cervejas, estando atrás somente da China e dos Estados Unidos. De acordo com o Anuário da Cerveja de 2021, realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 1.549 cervejarias foram re- gistradas no Brasil no ano de 2021, número 12% maior do que o registrado no ano anterior, quando havia 1.383 cervejarias. Também é possível salientar que, atualmente, há uma vasta opção de tipos de cervejas disponíveis no mercado consumidor. Elas apresentam diferentes formas de produção, já que são utilizados diferentes tempos de fermentação e maturação, e várias fontes de matérias-pri- mas, atribuindo-se, a cada um dos produtos, características sensoriais peculiares. Caro(a) aluno(a), você já refletiu sobre o modo como as cervejas são produzi- das? Já parou para pensar no processo de produção de cervejas? Você sabia que a produção de cervejas conta com diversas etapas, incluindo a etapa de fermentação? É possível associar a etapa de fermentação à presença de microrganismos. Você já parou para pensar nos elementos que constituem esses seres e no que eles precisam para sobreviver? Por que devemos classificá-los? Já que estamos falando de micror- ganismos, pesquise: qual é o principal microrganismo associado à produção de cer- vejas? Também te desafio a classificar esse microrganismo quanto ao tipo de célula. Caro(a) aluno(a), estamos dando ênfase à cerveja e ao processo fermentativo justamente para ilustrar como os microrganismos se fazem tão presentes em nos- sas vidas. É perceptível como a fabricação de cervejas e a presença de microrga- nismos se conectam intimamente, pois é a partir da presença de microrganismos 11 que é possível realizar o processo fermentativo, por exemplo. Entretanto, assim como a cerveja, outros produtos também podem ser feitos por meio desses tão importantes seres. A ciência é algo fascinante, não é mesmo? Existem diversos microrganismos e cada um deles pode desempenhar dife- rentes funções ao longo de nossas vidas. A partir da produção da cerveja, somos capazes de entender que os microrganismos apresentam relevância industrial devido à ampla aplicabilidade deles. Contudo, ainda teremos a oportunidade de entender que esses seres também podem ocasionar diversos danos à saúde e aos alimentos. Dessa forma, a classificação dos microrganismos pode propiciar uma ampla compreensão sobre esses seres. A partir de agora, te convido a conhecer quem são os microrganismos. Vamos lá? UNICESUMAR UNIDADE 1 12 Caro(a) aluno(a), antes de iniciarmos o nosso estudo, quero fazer os seguintes questionamentos: você saberia definir o que se estuda na área da microbiologia? Quais são os principais grupos de microrganismos existentes? Para aumentar ainda mais a sua vontade de conhecer esse assunto, é possível responder, de forma muito breve, que a microbiologia tem grande importância quando considerada ciência aplicada, havendo grande destaque de participação em uma série de processos industriais e de produção de alimentos, no controle de pragas e na produção de antibióticos e hormônios, por exemplo. A microbiologia realiza o estudo da vida microscópica. Os microrganismos, também chamados de micróbios, são seres extremamente pequenos e invisíveis a olho nu (PELC- 13 ZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Quando o assunto é “microrganismos”, os principais grupos atrelados são as bactérias, os fungos, os protozoários, as algas microscópicas e os vírus (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Agora que você já conhece os principais aspectos associados à microbiologia, o que acha de nos aprofundarmos nas principais temáticas vinculadas às noções básicas sobre os microrganismos? Vamos começar? Iniciaremos os nossos estudos com a evolução histórica da microbiologia. O estudo da microbiologia como ciência é recente, já que existe há cerca de 200 anos. Todavia, a existência dos microrganismos é muito antiga (TORTO- RA; FUNKE; CASE, 2012). Em 1665, o inglês Robert Hooke, ao observar uma fina fatia de cortiça por intermédio de um microscópio, pode relatar ao mundo que as menores unidades vivas eram “pequenas caixas” ou “células”. Posteriormente, mediante uma versão melhorada de um microscópio com- posto, Hooke conseguiu visualizar as células individualmente. Esse fato foi consi- derado o marco do início da teoria celular. Essa teoria sustenta que todas as coisas vivas são compostas por células, servindo, assim, como base para as investigações subsequentes acerca das células (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Entre 1673 e 1723, Anton van Leeuwenhoek, por meio de lentes de aumento de um microscópio de criação própria, descobriu o mundo dos microrganismos. Despertou, assim, interesse na comunidade científica da época quanto à origem desses minúsculos seres vivos. Muitos cientistas, até a segunda metade do século XIX, acreditavam na geração espontânea (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Você já ouviu alguém falar e sabe o que significa a geração espontânea? A geração espon- tânea está associada à crença de que algumas formas de vida podem surgir espontanea- mente da matéria morta. PENSANDO JUNTOS Anos mais tarde, em 1858, o conceito da geração espontânea foi desafiado pelo cientista alemão Rudolf Virchow, a partirdo conceito da biogênese. Esse conceito enunciava que células vivas só poderiam surgir a partir de células vivas preexis- tentes (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). UNICESUMAR UNIDADE 1 14 Em 1861, o cientista francês Louis Pasteur, por meio de uma série de experi- mentos, demonstrou que o ar, por si só, não podia gerar micróbios. No entanto, demonstrou que os microrganismos presentes no ar podiam contaminar soluções estéreis. Observe a Figura 1, que demonstra os experimentos realizados por Pasteur. Descrição da Imagem: a figura retrata um experimento químico em que há três frascos. O primeiro deles, da esquerda para a direita, tem uma abertura em forma de pescoço curto e está preenchido até a metade com um líquido de cor amarelo queimado. Esse líquido está sendo despejado por um béquer. Há uma flecha saindo desse primeiro frasco, indicando o segundo frasco, próximo ao centro da imagem. O segundo frasco tem um pescoço longo curvado em formato de S. Além disso, contém um líquido de colo- ração amarelo queimado que está sendo aquecido por meio da aplicação de chama. Vapores percorrem o pescoço do frasco. Finalmente, outra seta sai do segundo frasco e aponta para o terceiro recipiente, em que é mostrado um frasco curvado em formato de S. Ele contém uma solução translúcida. Figura 1 - Experimentos de Pasteur que refutaram a teoria da geração espontânea Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 9). Segundo Tortora, Funke e Case (2012), os experimentos de Pasteur revelaram que os microrganismos podem estar presentes em sólidos, líquidos e no ar. Também expôs que esses microrganismos podem ser destruídos pela ação do calor e que há formas de impedir a entrada deles nos ambientes nutritivos. Além do mais, segundo os autores, os trabalhos desenvolvidos por Pasteur tiveram um impacto significativo para que a microbiologia fosse estabelecida enquanto ciência. Antes de prosseguirmos os nossos estudos e conhecermos ainda mais as células, faremos a seguinte pergunta: de que maneira os microrganismos e as células estão correlacionados? Primeiramente, é necessário compreender que o termo “mi- 1 2 3 15 crorganismos” abrange todos os organismos compostos por uma única célula. Esses organismos não podem ser vistos a olho nu, visto que são visíveis apenas por meio de um microscópio. Assim, é perceptível que a célula é a unidade básica da vida. As células podem se diferenciar quanto às estruturas em células procarióticas e em células eucarióticas, assim como é evidenciado pela Figura 2. As principais diferenças constatadas se dão na estrutura da parede celular e na ausência de organelas (MADIGAN; MARTINKO; PARKER, 2004). A seguir, você conhecerá a fundo as células procarióticas e eucarióticas. Célula de um Eucarioto Célula de um Procarioto Núcleo Cápsula Ribossomos Ribossomos Parede celular Membrana plasmáticaMembrana plasmática Retículo endoplasmático Complexo de Golgi Citoplasma Lisossomo Citoplasma Mitocôndria DNA Descrição da Imagem: são apresentadas as células procariótica e eucariótica. A célula procariótica é composta basicamente pelas seguintes estruturas: cápsula, ribossomos, DNA, parede celular, membrana plasmática e citoplasma. Já a célula eucariótica tem as seguintes estruturas: núcleo, ribossomos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático, membrana plasmática, mitocôndria, citoplasma e lisossomo. Figura 2 - Estrutura interna das células microbianas / Fonte: adaptada de Tortora, Funke e Case (2012). UNICESUMAR UNIDADE 1 16 A tese de que os microrganismos são formados por uma única célula (procarióti- ca ou eucariótica) é entendida como uma visão simplista, considerando que, pelo nome de “microrganismo”, pertencem os organismos dos mais diversos grupos, tais como os vírus, as bactérias e os fungos unicelulares e protistas. Dessa maneira, é extremamente importante compreender a classificação dos microrganismos quanto aos três domínios (Bacteria, Archea e Eucarya). Preparado(a) para iniciar um estudo mais aprofundado acerca dos microrganismos? Vamos lá! Caro(a) aluno(a), provavelmente, você já deve ter ouvido alguém falar que os or- ganismos vivos eram classificados em dois reinos: Plantae e Animalia. No entanto, com o desenvolvimento das ciências biológicas, houve a necessidade de encontrar um sistema de classificação que agrupasse os organismos de acordo com as relações ancestrais e, consequentemente, permitisse a visualização da organização da vida. Por estarem presentes em todas as células, os ribossomos passaram a ser utilizados como um método de comparação celular, uma vez que eles se diferem entre as células. Assim, comparando a sequência de nucleotídeos no RNA ribossômico (rRNA), três 17 grupos celulares distintos puderam ser revelados, assim como é apresentado pela Figura 3. Existem os domínios Bacteria, Archea e Eukarya, compondo, assim, o es- quema de classificação chamado de três domínios. De acordo com Tortora, Funke e Case (2012), essa classificação surgiu em 1978 e foi proposta por Carl R. Woose. Ela leva em consideração, além das diferenças no rRNA, a estrutura lipídica da membra- na, as moléculas de RNA de transferência e a sensibilidade aos antibióticos. Origem das mitocôndrias Or ige m d os do roplastos BACTERIA ARCHAEA EUKARYA Mitocôndria Cianobactérias Cloroplastos Metanógenos Hipertermófilos Halófilos extremos Fungos celulares gelatinosos Fungos gelatinosos plasmodiais Fungos Animais Plantas Amebas Cromista Oomicetes Ciliados Euglenozoa Microspora Mitocôndrias se degeneram Nucleoplasma aumenta de tamanho ArchaezoaThermotoga Bactérias gram-negativas Bactérias gram-positivas 3,5 bilhões de anos atrás. Organismo vivo do qual todos os organismos vivos atuais descendem Todos os organismos são provenientes de células formadas há cerca de 3,5 bilhões de anos. O DNA transmitido a partir dos ancestrais é descrito como conservado. O domínio Eukarya inclui os reinos Fungi, Plantae e Animalia. Também inclui os protistas Conceito-chave Com base nas similaridasdes do RNA ribossômico, os organismos vivos são classificados em três domínios: Bacteria, Archaea e Eukarya. Descrição da Imagem: há a classificação dos organismos vivos em três domínios: o domínio Bacteria, Archaea e Eukarya. Encontram-se, no domínio Bacteria, microrganismos, como as bactérias Gram-negativas e Gram positivas. Já no domínio Archaea, encontram-se organismos, como os halofílicos extremos, os hipertermófilos e os metanógenos. Por fim, no domínio Eukarya, há fungos celulares, animais e plantas. Figura 3 - Sistema de três domínios / Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 275). Para Tortora, Funke e Case (2012), a partir dessa classificação, constatou-se que fazem parte do domínio Eukarya, os reinos dos animais, plantas, fungos e protistas. Já o domínio Bacteria é composto pelos fotoautotróficos e por todos os procariotos en- UNICESUMAR UNIDADE 1 18 contrados no solo e na água. No domínio Archaea, incluem-se os procariotos isentos de peptideoglicana na parede celular, que vivem em ambientes extremos e realizam processos metabólicos incomuns. Os três principais grupos da Archaea são: os meta- nógenos anaeróbicos restritos, os halófilos extremos e os hipertermófilos. No Quadro 1, é apresentada uma comparação entre algumas características dos três domínios. Archaea Sulfolobus 0,5 µm Tipo de célula Parede celular Lipídeos de membrana Primeiro aminoácido na síntese de proteínas Sensibilidade a antibióticos Alça do rRNA* Braço comum do tRNA** Bacteria Eukarya E. coli Amoeba1 µm 10 µm Procariótica Varia na composição; não contém peptideoglicana Composto de cadeias de carbono rami�cadas ligadas ao glicerol por ligação éter Metionina Não Ausente Ausente * Liga-se à proteína ribossomal; encontrada em todas as bactérias. ** Uma sequência de bases no tRNA encontrada em todos os eucariotos e bactérias: guanina-timina-pseudouridina-citosina-guanina. Procariótica Contémpeptideoglicana Compostos de cadeias de carbono lineares ligadas ao glicerol por ligação éster Formilmetionina Sim Presente Presente Eucariótica Varia na composição; contém carboidratos Compostos de cadeias de carbono lineares ligadas ao glicerol por ligação éster Metionina Não Ausente Presente Quadro 1 - Comparação entre algumas características dos três domínios Eukarya, Bacteria e Archaea Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 276). Prezado(a) aluno(a), até este momento, você compreendeu a classificação dos organismos em três grandes domínios. Além disso, percebeu que eles são agru- pados de acordo com características similares. No entanto, que tal conhecermos 19 a hierarquia taxonômica a que eles estão re- lacionados? Vamos adentrar ainda mais no mundo dos organismos? Vamos lá! A hierarquia taxonômica permite que os organismos sejam agrupados em uma série de subdivisões que formam uma hierarquia. Para os organismos procario- tos, o modelo de classificação taxonômica pode ser encontrado no Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology, que se baseia nas similaridades encontradas nas sequências de nucleotídeos do Rrna. Eles são divididos em dois domínios: Bacteria e Archaea. Esses domínios podem ser divididos em filos e em níveis hierárquicos mais baixos, tais como classes, ordens, famílias, gêneros e espécies (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Para os organismos eucarióticos, em uma espécie, encontra-se um grupo de or- ganismos intimamente relacionados e que se reproduzem entre si. Isso dá origem ao gêne- ro, cujos organismos se diferem entre si em relação a certas características. No próximo nível da hierarquia, uma família é formada por gêneros relacionados e um grupo de fa- mílias similares origina a ordem. Por sua vez, um grupo de ordens similares forma uma classe e o conjunto de classes relacionadas forma um filo. O conjunto de todos os filos forma um reino e os reinos relacionados são reagrupados em um domínio (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Para melhor com- preensão, na Figura 4, é apresentada a taxo- nomia hierárquica. UNICESUMAR UNIDADE 1 20 BACTERIAEUKARYADOMÍNIO ANIMALIA Chordata Mammalia Carnivora Canidea Canis C. familiaris FUNGI Ascomycota Hemiascomycetes Saccharo- mycetales Saccharo- mycetaceae Saccharomyces S. cerevisiae NENUM DESIGNADO PARA BACTÉRIA Proteobacteria Gamma- Proteobacteria Enterobacteriales Entero- bacteriaceae Escherichia E. coli PLANTAE Tracheophyta Angiospermae Rosales Rosaceae Rosa R. pratincula REINO Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie Cão Levedura de panificação Nome comum 5 cm 5 µm E. coli 0,5 µm Rosa do campo 2,5 cm Descrição da Imagem: são apresentados os nomes comuns a determinados seres. São incluídos: um cachorro, uma levedura para a panificação, rosa do campo e a bacteria E. coli. A partir dos nomes comuns, são apresen- tados a que espécie, gênero, família, ordem, classe, filo, reino e, por fim, domínio a que esses seres pertencem. Figura 4 - Hierarquia taxonômica / Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 280). Em se tratando de organismos eucarióticos, eles podem ser agrupados no Reino Protista, quando esses organismos são simples, como os organismos unicelulares. Quando mais complexos, em sua maioria, multicelulares, podem ser agrupados 21 nos reinos dos fungos, das plantas e dos animais. O Reino Fungi é composto por leveduras unicelulares, bolores multicelulares e espécies macroscópicas, como os cogumelos. Musgos, samambaias, plantas com flores e algumas algas formam o Reino Plantae. Por fim, o Reino Animalia inclui esponjas, vermes, insetos e animais (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Caro(a) aluno(a), você pode estar se perguntando: em qual domínio os vírus se enquadram? Pasme: os vírus não pertencem a nenhum dos três domínios! Qual é a explicação mais plausível para justificar esse fato? Os vírus são entendi- dos como seres organismos acelulares e utilizam outra célula para que possam se multiplicar. Portanto, são considerados parasitas intracelulares obrigatórios. A nomenclatura científica dos organismos é formada pelo nome do gênero e pelo nome da espécie. Ambos são escritos em sublinhado ou em itálico. A escrita do gênero começa sempre com a letra maiúscula e é sempre um substantivo. Por sua vez, o nome da espé- cie, normalmente, é um adjetivo e começa com letra minúscula. Para melhor exemplificar o exposto, a nomenclatura do fungo que contamina o pão é Rhizopus stonolifer. “Rhizo” descreve a estrutura semelhante à raiz do fungo e “stolo” descreve as hifas longas. Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case (2012). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 1 22 Prezado(a) aluno(a), agora que você já conhece a classificação dos organismos e já tem em mente que os organismos procariotos são mais simples que os eucarióticos, você já parou para pensar nas principais diferenças entre essas células? Na maneira como elas estão organizadas? Quais seriam os principais constituintes dessas células? As células procarióticas apresentam uma estrutura interna mais simples, quando comparadas às células eucarióticas, visto que não têm estruturas de- limitadas por membranas, as chamadas “organelas”. Elas apresentam apenas o nucleoide, isto é, os cromossomos e os ribossomos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). A Figura 5 retrata as estruturas típicas de uma célula procariótica que podem ser encontradas em bactérias, por exemplo. Cápsula Parede celular Membrana plasmática Flagelo RibossomosPilus Nucleoide Descrição da Imagem: encontra-se apresentada uma estrutura típica de uma célula procariótica. Essa célula apresenta, na estrutura, uma cápsula externa à parede celular. A parede celular circunda a membrana plas- mática. A membrana plasmática circunda o nucleoide (composto por um fio emaranhado) e os ribossomos. Um longo fio acoplado a cápsula compõe os flagelos, enquanto os fios mais curtos se remetem aos pilus. Figura 5 - A estrutura de uma célula procariótica / Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 80). Segundo Tortora, Funke e Case (2012), o citoplasma é uma substância presente na célula que permanece no interior da membrana plasmática. Ele é composto por, aproximadamente, 80% de água, além de proteínas (enzimas), carboidratos, lipídeos, íons inorgânicos e outros compostos de baixo peso molecular. É no citoplasma que são encontrados os ribossomos e a área nuclear. O nucleoide pode ser esférico, alongado ou em forma de halteres (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Normalmente, as células procarióticas contêm uma única molécula longa e contínua de DNA de fita dupla, frequentemente arranjada de 23 forma circular, chamada de cromossomo bacteriano não envolto por membrana. Ele é fixado à membrana plasmática. Os ribossomos funcionam como locais de síntese proteica e estão presentes em grande quantidade (dezenas de milhares) no citoplasma. Eles são compostos por duas subunidades (Figura 6). Os ribossomos procarióticos são chamados de ribossomos 70S e se diferem dos eucarióticos em relação ao número de proteínas e de moléculas de rRNA. Além do mais, são menores e menos densos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). + (a) Subunidade menor (b) Subunidade maior (c) Ribossomo completo 70S 30S 50S 50 S 30 S Descrição da Imagem: na Figura 6 (a), há uma pequena estrutura representativa da subunidade 30S. É apresentado um sinal de adição e, sequencialmente, é exibida a Figura 6 (b), em que é representada uma estrutura maior e que se remete à subunidade 50S. Por fim, uma flecha sai da subunidade 50S e aponta para a Figura 6 (c), em que uma nova estrutura chamada “Ribossomo 70S” é mostrada. Essa estrutura apresenta a junção da subunidade 30S à 50S. Figura 6 - O ribossomo procariótico: (a) - Uma subunidade menor 30S; (b) - Uma subunidade maior 50S; (c) - Ribossomo procariótico completo 70S / Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 95). A membrana plasmática, também conhecida como citoplasmática ou membra- na interna, está embaixo da paredecelular e é uma estrutura fina que reveste o citoplasma da célula e separa o meio interno (citoplasma) do meio externo. Ela é vital para a célula. A membrana é composta por fosfolipídios e proteínas. Por não conter esteróis, é menos rígida que as membranas eucarióticas. Na Figura 7, é apresentada a estrutura da membrana plasmática. UNICESUMAR UNIDADE 1 24 As membranas plasmáticas procarióticas e eucarióticas apresentam uma estrutura bicamada de fosfolipídios. Nela, muitas proteínas estão embebidas. Cada molécula de fosfolipídio tem caudas apolares, compostas por ácidos graxos que são hidrofó- bicos, insolúveis em água e estão no interior da bicamada. Também há uma cabeça polar composta por um grupo fosfato e glicerol, que é hidrofílico e solúvel em água. A membrana plasmática se caracteriza por ter permeabilidade seletiva, atuando como uma barreira aos materiais que entram e saem da célula (TORTORA; FUN- KE; CASE, 2012). Por sua vez, as proteínas periféricas estão situadas na superfície interna ou na superfície externa da membrana. Elas podem ter a função de enzimas que catalisam reações químicas. Já as proteínas integrais atravessam a membrana completamente, por isso, também são chamadas de proteínas transmembranas. Elas funcionam como canais em que as substâncias entram e saem da célula. Fosfolipídio Interior da membrana celular (citoplasma) Cabeça hidrofílica Cauda hidrofóbica Glicolipídeo Cadeia de carboidrato Proteína globular Polar Polar Proteína integral Apolar Glicoproteína Bicamada fosfolipídica Proteína periférica Proteína hidrofóbica alfa héliceColesterol Poro (proteína de transporte) Exterior da membrana celular Descrição da Imagem: encontra-se apresentada a membrana plasmática da célula. São mostradas tanto a parte interna quanto a parte externa à membrana celular. A membrana é composta por uma bicamada de fosfolipídios, os quais apresentam a cabeça hidrofílica e a cauda hidrofóbica. Nas partes externas da membrana, encontra-se a cabeça hidrofílica da bicamada. A parte central da bicamada é constituída pela calda do fosfolipídio, que é hidrofóbica. Além disso, são mostradas diversas proteínas, como a integral, a periférica e a alfa hélice ao longo da estrutura. Também é mostrada a presença de colesterol, glicoproteína, carboidrato e outras substâncias. Figura 7 - Membrana plasmática / Fonte: adaptada de Tortora, Funke e Case (2012). 25 A parede celular que circunda a membrana plasmática é uma estrutura complexa e semirrígida. Ela tem como principal função conferir resistência e proteção à célula, impedindo a ruptura celular em meio hipotônico (a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela). A parede celular também pode ser usada como ponto de an- coragem para os flagelos, além de a composição química dela poder ser utilizada na diferenciação dos principais tipos de bactérias (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Segundo Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997), as paredes celulares das arquibactérias se diferem das paredes das eubacterias, uma vez que as primeiras não têm ácido N-a- cetilmurâmico (NAM) e D-aminoácidos e, portanto, não têm peptideoglicanos. Elas são compostas por proteínas, glicoproteínas ou polissacarídeos, enquanto as paredes das eubactérias são compostas por peptideoglicano, que é um polissacarídeo complexo. Prezado(a) aluno(a), você conheceu as principais estruturas constituintes das célu- las internas à parede celular. Além disso, estudou o citoplasma, o nucleoide, os ribosso- mos, a membrana plasmática e a parede celular propriamente dita. Adiante, conhecere- mos as principais estruturas das células externas à parede celular, destacando algumas estruturas, como as cápsulas, os flagelos, os pilis e outras partes de relevância das células. Muitos organismos procariotos têm a capacidade de secretar, em sua superfí- cie, uma substância denominada “glicocálice” (um polímero viscoso e gelatinoso composto por polissacarídeo e/ou polipeptídeo), que, quando está firmemente aderida à parede celular e de maneira organizada, é chamada de cápsula. Em contrapartida, quando essa substância não está organizada e se encontra fra- camente aderida à parede celular, é denominada “camada viscosa”. As cápsulas podem contribuir com a virulência bacteriana de algumas espécies, além de protegerem as bactérias patogênicas da fagocitose produzida pelas células do hospedeiro (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Você já ouviu alguém falar de glicoproteínas e glicolipídios? Caso ainda não tenha ouvido alguém falar, vou te explicar. Denomina-se “glicoproteínas”, as substâncias que contêm moléculas de proteínas ligadas aos carboidratos. Por outro lado, quando os lipídeos estão ligados aos carboidratos, eles são chamados de glicolipídios. Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case (2012). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 1 26 Segundo Tortora, Funke e Case (2012), algumas células procarióticas carre- gam longos apêndices filamentosos denominados “flagelos”. Eles constituem uma estrutura helicoidal semirrígida que promove a mobilidade da célula. Diante disso, os organismos podem se mover em direção a um ambiente favorável ou para longe, em caso de ambiente adverso. Já os pilis são apêndices semelhantes a pelos. Eles são mais curtos, retos e finos que os flagelos e estão presentes em muitos organismos. Eles são usados mais para fixação e transferência de DNA que para mobilidade (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Os organismos eucarióticos incluem alguns organismos, tais como as algas, os protozoários, os fungos, as plantas e os animais. As células eucarióticas são tipicamente maiores e têm uma estrutura mais complexa quando comparadas às células procarióticas. Dessa forma, agora, estudaremos os principais constituintes das células eucarióticas. Vamos começar? Para melhor entendermos as células eucarióticas, perceba que algumas estruturas se assemelham às células procarióticas e fazem parte de ambas as células. No entanto, algumas estruturas, como as organelas, que apresentam estruturas com formatos específicos e funções especializadas, estão presentes apenas nas células eucarióticas, assim como é o caso do núcleo, do retículo endoplasmático, do complexo de Golgi, dos lisossomos, dos vacúolos, das mitocôndrias, dos cloroplastos e dos peroxissomos. Cabe salientar que nem todas as organelas são encontradas em todas as cé- lulas eucarióticas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Assim, conheceremos as principais diferenças existentes entre as células procarióticas e eucarióticas e as estruturas que constituem ambas as células. Além disso, introduziremos os con- ceitos atrelados às novas estruturas presentes apenas nas células eucarióticas. Primeiramente, estudaremos os flagelos e os cílios. O que seriam essas estru- turas? Os flagelos e os cílios estão presentes em muitos tipos de células eucarióti- cas e são utilizados para a locomoção celular ou para a locomoção de substâncias ao longo da superfície celular. Quando estão em pouca quantidade e são longos em relação ao tamanho da célula, são chamados de flagelos. Se são numerosos e curtos, são chamados de cílios. Essas estruturas permanecem ancoradas à mem- brana plasmática. Enquanto o flagelo procariótico gira, o flagelo eucariótico se move de forma ondulante (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). A parede celular das células eucarióticas tem, como um dos principais com- ponentes, os polissacarídeos, sendo o principal polissacarídeo constituinte das paredes celulares de muitas algas e de todas as plantas, a celulose. Para os fungos, 27 o principal componente estrutural é a quitina, embora alguns fungos também tenham as paredes celulares compostas por celulose. Nas leveduras, as paredes celulares contêm os polissacarídeos glicana e manana. Por fim, nos protozoários, não existe uma parede celular típica: eles têm uma película que é uma proteína externa de revestimento flexível (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). A membrana plasmática das células eucarióticas é coberta poruma camada de um material que contém quantidades substanciais de carboidratos adesivos chamados de glicocálice. A função é reforçar a superfície celular, auxiliar na união das células e contribuir ao reconhecimento entre as células. Embora haja seme- lhanças entre as membranas plasmáticas das células eucarióticas e das células procarióticas no que tange à função e à estrutura básica, elas se diferem quanto aos tipos de proteínas existentes e à presença de esteróis (associados à capacidade das membranas de resistirem a lise resultante do aumento da pressão osmótica) e de carboidratos (servem como sítios de ligação e como sítios receptores que assumem um papel nas funções de reconhecimento entre as células) nas células eucarióticas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Tortora, Funke e Case (2012) acrescentam que tanto nas células eucarióticas quanto nas procarióticas, as substâncias podem atravessar as membranas plasmáticas por difu- são simples, difusão facilitada, osmose ou transporte ativo. No entanto, a translocação de grupo ocorre apenas nas células procarióticas. As células eucarióticas podem usar um mecanismo denominado endocitose, ou seja, um segmento da membrana plasmática envolve uma partícula ou uma molécula grande e a conduz para dentro da célula. O citoplasma das células eucarióticas é composto pelas substâncias presentes no interior da membrana plasmática e externas ao núcleo. Essa estrutura possui bastões extremamente pequenos e cilindros que formam o citoesqueleto, capaz de fornecer suporte morfológico. Auxilia, assim, no transporte das substâncias por meio da célula. O fluxo citoplasmático auxilia a distribuir os nutrientes e mover a célula sobre uma superfície. Além disso, muitas enzimas importantes encontra- das no líquido citoplasmático dos procariotos estão contidas nas organelas dos eucariotos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). O núcleo, organela característica das células eucarióticas, geralmente, esférico ou oval, constitui-se frequentemente como a maior estrutura na célula. O núcleo é circundado por uma membrana dupla, com estrutura semelhante à membra- na plasmática, denominada envelope nuclear. Nessa membrana, existem poros nucleares capazes de controlar o movimento de substâncias, permitindo a comu- UNICESUMAR UNIDADE 1 28 nicação do núcleo com o citoplasma. É no envelope nuclear que existem corpos esféricos, regiões condensadas de cromossomos em que o RNA ribossômico está sendo sintetizado. É no núcleo que está a maioria da informação hereditária (DNA), que, por sua vez, também pode ser encontrada nas mitocôndrias e nos cloroplastos dos organismos fotossintéticos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Segundo Tortora, Funke e Case (2012) e Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997), o retículo endoplasmático (RE) é uma estrutura formada por uma rede extensa de sacos membranosos achatados ou de túbulos chamados de cisternas. Existem dois tipos de retículo endoplasmático: o rugoso e o liso. A superfície exterior do RE rugoso contém ribossomos que sintetizam proteínas que adentram nas cisternas e podem formar glicoproteínas ou ser aderidas aos fosfolipídios sintetizados pelo RE rugoso. Já o RE liso não possui ribossomos na superfície externa da membrana: ele tem enzimas exclusivas, capazes de sintetizar fosfolipídios, gorduras e esteroides. Os ribossomos estão ligados à superfície externa do retículo endoplasmático rugoso, mas também podem ser encontrados livres no citoplasma. Os ribossomos são locais de síntese proteica na célula, assim como nos procariotos, porém são mais largos e mais densos que os das células procarióticas. Os ribossomos eucarióticos, denominados 80S, são compostos uma subunidade maior de 60S contendo três moléculas de rRNA e uma subunidade menor 40S, com uma molécula de rRNA. Nos cloroplastos e nas mitocôndrias, são encontrados os ribossomos 70S. Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case (2012). EXPLORANDO IDEIAS O complexo de Golgi tem, por função, transportar a maioria das proteínas sin- tetizadas pelos ribossomos aderidos ao RE rugoso para outras regiões da célula (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Uma vesícula transportadora originada do RE contendo as proteínas sintetiza- das pelos ribossomos se funde com a cisterna do complexo de Golgi e propicia a liberação das proteínas dentro da cisterna (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Os lisossomos são a principal vesícula de armazenamento e são formados a partir dos complexos de Golgi. Essas estruturas se assemelham a esferas revesti- das por uma membrana. Elas são capazes de degradar muitos tipos de molécu- 29 las, porque contêm, aproximadamente, 40 tipos diferentes de enzimas digestivas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). De acordo com Tortora, Funke e Case (2012), no citoplasma de uma célula, existe um espaço ou uma cavidade chamada de vacúolo. Essa estrutura é derivada do complexo de Golgi e pode exercer a função de organelas temporárias de arma- zenamento para substâncias, como as proteínas, os açúcares, os ácidos orgânicos e os íons inorgânicos. Além do mais, pode trazer o alimento para dentro da célula. No citoplasma da maioria das células eucarióticas, também podem existir as mito- côndrias, que são organelas esféricas ou em forma cilíndrica. A mitocôndria é formada por uma membrana dupla similar, em estrutura, à membrana plasmática. A membrana externa é lisa e a interna tem uma série invaginações denominadas cristas. O centro da mitocôndria é uma substância semifluida chamada de matriz (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Na superfície das cristas, podem ocorrer reações químicas e, nelas, estão presentes algumas proteínas que fazem parte da respiração celular, incluindo a enzima que produz o ATP (TORTORA; FUN- KE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Assim, as mitocôndrias têm um papel central na produção de ATP. Elas são consideradas “geradoras da célula”. Além disso, elas têm os próprios ribossomos e DNA. Também são capazes de replicar, transcrever e traduzir a informação codificada pelo DNA. Em alguns organismos, como nas algas e nas plantas verdes, uma estrutura revestida por uma membrana que contém o pigmento clorofila contido em sacos achatados de membrana denominados tilacoides, além de enzimas necessárias para as fases de captação de luz da fotossíntese, está presente em uma organela exclusiva chamada de cloroplasto. Assim como as mitocôndrias, os cloroplastos são capazes de se multiplicar por si próprios dentro da célula. Eles têm ribosso- mos 70S, DNA e enzimas envolvidos na síntese proteica (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Os peroxissomos são organelas similares em relação à estrutura aos lisosso- mos. Todavia, são menores. Têm uma ou mais enzimas capazes de oxidar subs- tâncias orgânicas variadas, incluindo substâncias tóxicas, como o álcool. Embora as reações de oxidação gerem o peróxido de hidrogênio (H2O2), que é um com- ponente potencialmente tóxico, os peroxissomos são capazes de decompor esses compostos por apresentarem a enzima catalase, protegendo, assim, outras partes da célula dos efeitos tóxicos do H2O2 (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). UNICESUMAR UNIDADE 1 30 Prezado(a) aluno(a), agora que você conheceu os principais constituintes das células procarióticas e eucarióticas, no Quadro 2, encontram-se dispostas as principais diferenças existentes entre as células procarióticas e eucarióticas, a fim de intensificar todo o seu conhecimento adquirido. Características Procarioto Procariotos Eucarioto 10 µm Tamanho da célula Núcleo Organelas resvestidas por membrana Flagelos Glicocálice Parede celular Membrana plasmática Citoplasma Risossomos Cromossomo (DNA) Divisão celular Recombinação sexual Tipicamente 0,2 a 2,0 µm de diâmetro Sem membrana nuclear ou nucléolo Ausentes Consistem em dois blocos construtivos de proteína Presente comocápsula ou camada viscosa Geralmente presente; complexa do ponto de vista químico (a parede celular bacteriana típica inclui peptideoglicana) Sem carboidratos e geralmente não tem esteróis Sem citoesqueleto ou corrente citoplasmática Tamanho menor (70S) Normalmente um único cromossomo circular, não possui histonas Fissão binária Nenhuma; somente trasnferência de DNA Tipicamente 10 a 100 µm de diâmetro Núcleo verdadeiro, consistindo de membrana nuclear e necléolo Presentes; os exemplos incluem lisossomos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático, mitocôndrias e cloroplastos Complexos; consistem em múltiplos microtúbulos Presente em algumas células que não possuem uma parede celular Quando presente, quimicamente simples (inclui células de quitina) Esteróis e carboidratos que servem como receptores Citoesqueleto, corrente citoplasmática Tamanho maior (80S); tamanho menor (70S) nas organelas Múltiplos cromossomos lineares com histonas Envolve mitose Envolve meiose P i Quadro 2 - Principais diferenças entre células procarióticas e eucarióticas Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 101). Agora que você já sabe quem são os microrganismos e os organismos de modo geral, aprendeu a classificá-los de acordo com os domínios existentes e explorou as células procarióticas e eucarióticas, o que acha de, agora, misturarmos todos os temas até aqui aprendidos, a fim de salientar as principais características dos organismos (micror- ganismos)? Iniciaremos esta etapa de estudos abordando as arquibactérias e as bactérias. As arquibactérias são organismos procariotos. Quando presentes, a parede celu- lar é composta por peptideoglicano. Esses organismos podem ser encontrados em ambientes extremos e se divididem em três grupos principais: metanogênicas, halo- fílicas extremas e termofílicas extremas. Já as bactérias são organismos relativamente 31 simples, unicelulares e procariotos. As células bacterianas apresentam diversas formas. As mais comuns são: bacilos, cocos e espirilos, que podem ter forma de saca-rolha ou curvados (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). As bactérias têm pa- rede celular e podem se locomover rapidamente em líquidos devido à presença de flagelos. Normalmente, a reprodução se dá pela divisão em duas células idênticas, processo conhecido como fissão binária. A nutrição se dá pelo uso de compostos orgânicos encontrados na natureza, ou pelo processo de fotossíntese (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Além das arquibactérias e das bactérias, podemos relembrar e pontuar algu- mas características principais associadas aos fungos. Os fungos são organismos eucariotos, apresentam ausência de cloroplastos e, portanto, não realizam fotossín- tese. Em relação à parede celular, presente nos fungos verdadeiros, ela é composta principalmente por quitina (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JU- NIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Dentre os fungos, encontram-se as leveduras e os bolores. As leveduras são fungos unicelulares que têm diversas formas. Elas podem ser benéficas ou prejudiciais aos seres humanos. Além disso, podem causar deterio- ração em alimentos e podem ser utilizadas industrialmente no processo produtivo de pães e de bebidas alcoólicas fermentadas. Os bolores, microrganismo multice- lular, são os fungos mais típicos e formam massas visíveis a olho nu chamadas de micélios. A reprodução deles pode ser sexuada ou assexuada. A nutrição se dá por meio da absorção de soluções de matéria orgânica presentes no ambiente. Eles podem ser úteis industrialmente na produção de queijos e de molho de soja. No entanto, podem causar doenças em humanos, animais e plantas. Já os protozoários são microrganismos unicelulares eucarióticos e podem ter vida livre ou parasitária. Esses microrganismos não apresentam parede celular rígida e não têm clorofila. Para locomoção, utilizam pseudópodes, flagelos ou cílios. Quanto à reprodução, eles podem se reproduzir tanto de forma sexuada quanto assexuada (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Por fim, não poderíamos deixar de tratar dos vírus, uma vez que eles são de extrema importância e podem gerar diversas doenças. Segundo Tortora, Funke e Case (2012) e Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997), esses organismos são acelu- lares. O núcleo deles é constituído somente por um tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA) circundado por um envoltório proteico, podendo ser revestido por uma camada adicional denominada envelope. A reprodução ocorre dentro de células vivas, utilizando um hospedeiro para a reprodução. UNICESUMAR UNIDADE 1 32 Agora, compreenderemos a disponibilidade e a necessidade de nutrientes para que ocorra a replicação das células dos microrganismos. Seremos capazes de entender que os microrganismos são capazes de realizar uma série de reações químicas. Além disso, conseguem organizar as moléculas em estruturas com- plexas, a fim de que haja crescimento celular. Ao conjunto de reações químicas realizadas pela célula, dá-se o nome “metabolismo”. A seguir, serão apresentados os aspectos de maior relevância no que diz respeito à nutrição e ao metabolismo microbiano. Iniciaremos os estudos abordando os elementos químicos nutrientes para os microrganismos. Vamos começar? Dentre os principais nutrientes para o metabolismo microbiano, destacam-se: ■ Carbono: é um dos elementos essenciais ao desenvolvimento microbiano. Metade do peso seco da célula microbiana é composta por esse elemento. A obtenção dele pode ser oriunda da fonte de energia e de materiais orgânicos. Além disso, pode ser obtido pelo dióxido de carbono. Microrganismos que Você sabia que as algas podem ser usadas comercialmente como espessante e emulsifi- cante de alimentos, drogas anti-inflamatórias e fonte de ágar? Você sabia, ainda, que as algas são organismos eucariotos, unicelulares ou multicelulares? Pois bem, além disso, pode-se dizer que as algas são organismos fotossintéticos (têm clorofila), apresentam pa- rede celular rígida, sendo, muitas vezes, composta por celulose, e podem se reproduzir de forma sexuada ou assexuada. Interessante, não é? Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case (2012) e Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997). EXPLORANDO IDEIAS 33 utilizam compostos orgânicos, sobretudo, provenientes do meio, como fon- te de carbono, são chamados de heterotróficos, enquanto microrganismos que utilizam o dióxido de carbono são chamados de autotróficos (TOR- TORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). ■ Nitrogênio, hidrogênio, enxofre e fósforo: a síntese do material celular, além da presença de carbono, dependem da presença de outros nutrientes, como o nitrogênio, o hidrogênio, o fósforo e o enxofre. O teor de nitrogênio constitui aproximadamente 14% do peso seco da célula microbiana, enquanto o fósforo e o enxofre, em conjunto, constituem em torno de 4% (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). O nitrogênio é essencialmente utilizado pelos orga- nismos para a formação de grupo amino de aminoácidos, que compõem as proteínas. A obtenção de nitrogênio pelas bactérias se dá por meio da de- composição de materiais que têm proteínas e outros compostos nitrogena- dos, como o nitrogênio dos íons amônio (NH4 +), o nitrogênio proveniente de nitratos (NO3 -) e o nitrogênio gasoso (N2). O hidrogênio está presente nos compostos orgânicos (PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). A utilização do enxofre se dá na síntese dos aminoácidos que o contém, além de vitaminas, como a tiamina e a biotina. As fontes naturais de obtenção dele incluem o íon sulfato (SO4 2-), o enxofre presente em aminoácidos e o sulfe- to de hidrogênio (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). De acordo com Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997), o fósforo está intimamente relacionado à síntese de ácidos nucleicos e de fosfolipídios presentes em membranas celulares. A presença dele se dá em ligações de energia provenientes do ATP e íons fosfato (PO4 2-). ■ Oxigênio: os microrganismospodem ser classificados quanto à necessida- de, ou não, de oxigênio para sobrevivência e desenvolvimento. Os microrga- nismos que requerem oxigênio para sobreviver são chamados de aeróbicos obrigatórios, enquanto aqueles que não requerem oxigênio são chamados de anaeróbicos obrigatórios (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Alguns microrganismos têm a capacidade de fazer uso do oxigênio quando ele está disponível, mas conseguem continuar o desenvolvimento utilizando a fer- mentação e a respiração anaeróbica, em caso de ausência de oxigênio. Esses microrganismos são chamados de anaeróbicos facultativos. Ainda, podemos fazer referência aos microrganismos chamados de anaeróbicos aerotolerantes, que toleram a presença de oxigênio, porém não o utilizam para o crescimento. UNICESUMAR UNIDADE 1 34 Por fim, existe a classe de microrganismos que se enquadra na classificação denominada “microaerófilas”. Esses microrganismos requerem a presença de oxigênio para sobrevivência e desenvolvimento, porém, essas concentrações devem ser extremamente reduzidas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). No Quadro 3, é apresentado um breve resumo da classificação de microrganis- mos existentes em relação à presença ou à ausência de oxigênio. Efeito do oxigênio no crescimento Crescimento bacteriano em tubo com meio de cultura sólido Explicações para os padrões de crescimento a. Aeróbicos obrigatórios b. Anaeróbicos facultativos c. Anaeróbicos obrigatórios c. Anaeróbicos aerotolerantes e. Micro- aerófilos Somente crescimento aeróbico Crescimento aeróbico e anaeróbico; crescimento maior na presença de oxigênio Crescimento somente anaeróbico; não há crescimento na presença de oxigênio Crescimento anaeróbico; mas continua na presença de oxigênio Crescimento somente aeróbico; oxigênio requerido em baixa concentração Crescimento somente em altas concentrações difundidas Crescimento melhor onde mais oxigênio está presente, mas ocorre em todo o tubo Crescimento somente onde não há oxigênio Crescimento igual; o oxigênio não tem efeito Crescimento onde há uma baixa concentração de oxigênio difundido Explicações para os efeitos do oxigênio A presença das enzimas catalase e superóxido dismutase (SOD) permite que as formas tóxicas do oxigênio sejam neutralizadas A presença das enzimas catalase e SOD permite que as formas tóxicas do oxigênio sejam neutralizadas; pode utilizar oxigênio Ausência das enzimas que neutralizam as formas tóxicas do oxigênio; não tolera oxigênio A presença de uma enzima, SOD, permite que as formas tóxicas do oxigênio sejam parcialmente neutralizadas; tolera oxigênio Produção de quantidades letais de formas tóxicas do oxigênio se expostos à atmosfera normal de oxigênio Quadro 3- Classificação dos microrganismos em relação ao oxigênio Fonte: Tortora, Funke e Case (2012, p. 161). ■ Elementos-traço: fazem referência aos elementos minerais requeridos em quantidades muito pequenas, tais como o ferro, o cobalto, o cobre, o molibdênio, o zinco, o potássio, o magnésio, o sódio e o cálcio. Esses elementos são de suma importância para a função de certas enzimas, atuando, geralmente, como cofatores. Podem, ainda, facilitar o transporte de materiais por meio da membrana celular (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). 35 ■ Fatores orgânicos de crescimento: de acordo com Tortora, Funke e Case (2012), os microrganismos necessitam de compostos que são essenciais ao desenvolvimento. Muitas vezes, eles não são capazes de sintetizá-los. Esses compostos são obtidos a partir do ambiente e são conhecidos como fatores orgânicos de crescimento. Dentre eles, encontram-se as vitaminas (que podem funcionar como coenzimas), os aminoácidos, as purinas e as pirimidinas. Prezado(a) aluno(a), agora que você conheceu a importância dos nutrientes para os microrganismos, daremos mais um passo em nossa aprendizagem: adentraremos no tema que envolve as vias metabólicas dos microrganismos. Preparado(a)? Vamos lá! Primeiramente, devemos entender o significado da palavra metabolismo. A palavra “metabolismo” é usada para se referir à soma de todas as reações químicas que ocorrem dentro de um organismo vivo. Essas reações podem tanto liberar quanto requerer energia. Seguindo essa linha de raciocínio, o metabolismo pode se dividir em duas classes: aquelas em que as reações químicas liberam energia e àquelas em que elas requerem energia (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). É possível classificar as reações químicas que ocorrem no metabolismo como catabólicas ou degradativas (envolvem a quebra de moléculas e a liberação de energia) e anabólicas ou biossintéticas (nelas, ocorre a formação de moléculas mais complexas a partir de moléculas mais simples, além do consumo de energia). A liberação e o armazenamento de energia a partir de moléculas orgânicas se dá por meio de uma série de reações controladas por enzimas. Para ocorrer a extração de energia contida nos compostos orgânicos e, posteriormente, a ar- mazenagem dela em forma química, há a passagem de elétrons de um composto para outro mediante a ocorrência de reações de oxidação-redução. Desse modo, a sequência de reações químicas catalisadas por enzimas e que ocorre dentro de uma célula é chamada de via metabólica (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Após a compreensão e o entendimento daquilo que é via metabólica, é per- ceptível que os microrganismos podem seguir diferentes vias metabólicas. De acordo com Nascimento (2022), as principais vias metabólicas seguidas pelos microrganismos são as exibidas a seguir. ■ Via glicolítica: ocorre o processo anaeróbio da oxidação da glicose até o ácido pirúvico. ■ Via fermentativa: acontece a obtenção de energia por meio de uma molé- cula orgânica que está sendo metabolizada e não é completamente oxidada. UNICESUMAR UNIDADE 1 36 São obtidos, como principais produtos, os ácidos acético e lático, os álcoois, as cetonas e os gases (dióxido de carbono e hidrogênio molecular). ■ Via respiratória: por meio do processo de respiração aeróbia, o piruvato resul- tante do processo de glicólise é oxidado, originando o dióxido de carbono e a água. Nesse processo, o O2 é requerido como aceptor final de elétrons, além de ser mais eficiente no processo de obtenção de energia que as vias glicolítica e/ou fermentativa. No processo de respiração anaeróbia, os microrganismos utilizam outros aceptores finais de elétrons diferentes do oxigênio. É possível concluir que, em todas as vias metabólicas, a obtenção da energia necessária para o trabalho celular é proveniente da oxidação de compostos or- gânicos já existentes no meio. Contudo, existem organismos capazes de sintetizar compostos orgânicos complexos a partir de substâncias inorgânicas pelo proces- so de fotossíntese. Em suma, é possível afirmar que, no processo de fotossíntese, acontece a conversão da energia solar em energia química. Posteriormente, essa energia é utilizada no processo de conversão do CO2 atmosférico em compostos de carbono mais reduzidos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). NOVAS DESCOBERTAS Título: Microbiologia Autores: Gerard J. Tortora, Berdell R. Funke e Christine L. Case Editora: Artmed Sinopse: desde a publicação da primeira edição, há, aproximada- mente, 30 anos, mais de 1 milhão de estudantes utilizaram o livro Microbio- logia em todo o mundo, tornando-o um clássico na área. Esta nova edição mantém as características que tornaram este livro tão bem-sucedido, as quais são empregadas para abordar, de forma mais didática, as novidades desse campo, que está em constante mudança. Outra classificação dos microrganismos pode ser realizada ao considerar o tipo de energia utilizado no metabolismo do microrganismo. Assim, os microrganismos podem se dividir em dois grandes grupos: os organismos que utilizam fontes químicas de energia, chamados de quimiotróficos, e os organismos que usam a energia radiante, os chamadosfototróficos. Essa classificação pode ser 37 combinada de acordo com as principais fontes de carbono disponíveis, dando ori- gem a quatro grupos distintos (PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Os microrganismos quimioautotróficos são aqueles que utilizam compostos inorgânicos como fonte de energia e carbono. Usam, por exemplo, o dióxido de carbono. Por sua vez, os microrganismos quimioheterotróficos utilizam com- postos orgânicos como fontes de energia e de carbono. Já os microrganismos fotoautotróficos usam a luz como fonte de energia e o dióxido de carbono como principal fonte de carbono. Por fim, os microrganismos fotoheterotróficos uti- lizam os compostos orgânicos como principal fonte de carbono e de energia. Também usam a luz (PELCZAR JUNIOR; CHAN; KRIEG, 1997). Para melhor compreensão da classificação nutricional dos microrganismos, a seguir, é exibido um breve resumo contendo o grupo nutricional, as fontes de carbono e de energia, e exemplos de microrganismos pertencentes a cada classe. Grupo nutricional Fonte de energia Fonte de Carbono Exemplos de microrganismo Quimioautotróficos Compostos inor- gânicos Dióxido de car- bono Bactérias nitrificantes, do ferro, hidrogênio e enxofre Quimioheterotró- ficos Compostos orgâ- nicos Compostos orgâ- nicos Bactérias, fungos, protozoá- rios e animais Fotoautotróficos Luz Dióxido de car- bono Bactérias do enxofre, algas, plantas Fotoheterotróficos Luz Compostos orgâ- nicos Bactérias púrpuras e verdes não enxofradas Quadro 4 - Classificação nutricional dos microrganismos Fonte: Pelczar Junior, Chan e Krieg (1997, p. 149). UNICESUMAR UNIDADE 1 38 Chegamos ao final da unidade. Até aqui, você pode adquirir conhecimentos im- portantes acerca da microbiologia básica associada aos microrganismos, para que, adiante, você possa correlacionar todos esses conhecimentos à área de alimentos. Caro(a) aluno(a), até aqui, você entendeu assuntos de ex- trema importância em relação aos microrganismos, desde a compreensão da íntima relação deles com a produção de alimentos até o conhecimento dos diferentes tipos de células que compõem os microrganismos. Além disso, compreendeu os diferentes grupos de microrganismos existentes e conheceu os nutrientes que eles necessitam para sobreviver. No entanto, aproveito este momento para fazer um questionamento: será que os microrganismos são importantes apenas às áreas de alimentos e da saúde? Em algum momento, você já pensou que esses minúsculos seres, que são os microrganismos, podem apresentar vasta aplicabilidade? Eles podem, por exemplo, ser usados para a promoção da degradação biológica do lixo. Nesse sentido, eu te convido a conhecer essa temática apertando o play. Vamos lá? Prezado(a) aluno(a)! Ao longo desta unidade, você teve a oportunidade de conhecer os microrganismos e a importância deles ao âmbito industrial. Entendeu o modo como esses microrganismos podem ser classificados, a maneira como são constituí- dos e os principais nutrientes que necessitam para sobreviver. Tendo em vista que você será um(a) profissional habilitado(a) a trabalhar no ramo dos alimentos, suponha que você trabalha em uma empresa que deseja produzir um novo sabor de iogurte. De que maneira os conhecimentos adquiridos ao longo desta unidade te for- necerão habilidades para a fabricação desse novo produto? Sabe-se que a pro- dução do iogurte se dá a partir do processo de fermentação, porém, a empresa não te confidencia maiores detalhes do processo. Considerando o desafio em participar da produção desse novo produto, você começa a fazer pesquisas sobre como se produz iogurtes. Com base no conteúdo exposto, defina o grupo de mi- crorganismo de interesse para a produção de iogurtes e o papel principal desse grupo de microrganismos para a produção do produto. Destaque os principais nutrientes utilizados e os metabólitos obtidos por meio da ação dessa categoria de microrganismo para a fabricação do iogurte. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12367 39 1. Dentre diversos grupos de microrganismos, encontra-se o grupo das bactérias. A partir dos conhecimentos adquiridos ao longo desta unidade, assinale a alternativa que apresenta corretamente a característica típica das bactérias: a) São organismos eucariotos. b) A parede celular das bactérias apresenta peptideoglicano. c) Apresentam uma única forma. d) Podem se reproduzir de forma sexuada ou assexuada. e) Não têm capacidade de locomoção por não apresentarem flagelos na estrutura. 2. A adição de nitrogênio e de fósforo em praias após um derramamento de óleo favorece o crescimento de bactérias que degradam naturalmente o óleo. Explique o motivo pelo qual essas bactérias não crescem se o nitrogênio e o fósforo não forem adicionados. 3. Correlacione as estruturas das células às respectivas funções: Estrutura Função (1) Ribossomos ( ) Proteção da lise osmótica. (2) Membrana plasmática ( ) Síntese proteica. (3) Parede celular ( ) Permeabilidade seletiva. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) 1-2-3. b) 2-3-1. c) 3-1-2. d) 2-1-3. e) 3-2-1. 40 4. As organelas são estruturas presentes em células eucarióticas. Considerando as principais organelas existentes, é possível listar os cloroplastos, a mitocôndria, o retículo endoplasmático e os lisossomos. Cada organela apresenta uma função es- pecífica dentro das células. Assim, correlacione as organelas às respectivas funções. Organela Função (1) Clorosplasto ( ) Armazenamento de enzimas digestivas. (2) Mitocôndria ( ) Fotossíntese. (3) RE rugosso ( ) Respiração. (4) Lisossomo ( ) Síntese de proteína. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) 3-2-1-4. b) 4-2-1-3. c) 3-1-2-4. d) 4-1-2-3. e) 1-2-3-4. 5. Descreva a principal diferença existente entre as células eucarióticas e as células procarióticas. 2Fundamentos de Microbiologia Aplicada aos Alimentos Dra. Fernanda de Oliveira Tavares Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, você compreenderá a curva de crescimento microbiano e identificará os principais fatores (intrín- secos e extrínsecos) que influenciam a velocidade de crescimento dos microrganismos. Também conhecerá o marco inicial da relação entre os microrganismos e os alimentos, e a importância dos microrganis- mos para os alimentos. Estudará a flora microbiana dos alimentos e a receberá a indicação dos principais microrganismos que podem promover a deterioração de alimentos. Por fim, explorará os microrga- nismos indicadores e as principais características deles. Bons estudos! UNIDADE 2 42 Diversos são os problemas enfrentados pelo setor alimentício no que tange à produção e ao consumo de alimentos. Isso se estende desde o plantio até a entrega do alimento ao consumidor final. Desse modo, é extrema importância controlar todas as etapas de produção dos alimentos e aplicar métodos de conservação adequados aos alimentos, para que, assim, seja possível reduzir a ocorrência de certos problemas, incluindo a perda de alimentos por deterioração (PINTO, LANDGRAF; FRANCO, 2019). Nesse sentido, cabe um questionamento: quantas vezes, em seu dia a dia, já aconteceu de você jogar no lixo alguns alimentos por eles apresentarem carac- terísticas sensoriais distantes das desejadas? Se isso já ocorreu alguma vez com você, você já parou para pensar no motivo pelo qual isso ocorre? Estima-se a perda ou o desperdício de entre quarto e um terço dos alimen- tos produzidos anualmente no mundo para o consumo humano. Isso equivale a 1,300 bilhões toneladas de alimentos, quantidade suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas. No Brasil, estima-se que o país desperdiça 22 bilhões de calorias, quantidade suficiente para atender às necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas (BENÍTEZ, 2022). Dentre as principais razões que justificam as perdas e os desperdícios, desta- ca-se a deterioração dos alimentos. Assim, entender os processos relacionados à deterioração dos alimentosé essencial à busca de métodos eficazes de preserva- ção deles (PINTO; LANDGRAF; FRANCO, 2019). Prezado(a) aluno(a), neste momento, eu te desafio a pensar no que poderá acontecer se você deixar uma panela de feijão já cozido em cima do fogão da sua cozinha por um longo período de tempo. Suponha que ele foi esquecido em cima fogão por, aproximadamente, 24 horas, em um dia muito quente. O que acontece quando você compra uma banana e demora alguns dias para consumi-la? Além disso, explique: o que pode acontecer se você preparar uma maionese caseira e deixá-la por um tempo fora da geladeira em dias muito quentes? Ao refletir sobre a deterioração dos alimentos, diversas perguntas podem ser oportunizadas. Exemplos: por que, de fato, ocorre a deterioração? Existem fatores a serem considerados e que podem estimular a deterioração dos alimentos? Prezado(a) aluno(a), perceba como esses questionamentos se conectam in- timamente aos microrganismos, que culminam na deterioração dos alimentos. Por essa razão, necessitamos entender diversas questões: 43 ■ Como se dá o crescimento microbiano que pode levar a deterioração dos alimentos? ■ Quais são os principais fatores intrínsecos e extrínsecos que estão vincu- lados ao crescimento microbiano? ■ Quais são as razões que levam os microrganismos a serem encontrados nos alimentos? ■ A presença dos microrganismos pode fornecer algum indicativo das con- dições de higiene dos alimentos? Esses e tantos outros questionamentos poderão ser respondidos ao longo desta unidade. A partir de agora, eu te convido a conhecer a importância dos micror- ganismos no que tange à deterioração dos alimentos e aos indícios das condições higiênico-sanitárias a que o produto possa ter sido processado em função da presença de alguns microrganismos nos alimentos. Vamos começar? UNIDADE 2 UNIDADE 2 44 Caro(a) aluno(a), antes de iniciarmos o nosso estudo, precisamos recordar os princi- pais microrganismos existentes. Isso nos ajudará a entender a importância desses seres à área dos alimentos. Neste momento, realizo os seguintes questionamentos: como esses seres se reproduzem? Qual é a importância de conhecermos os principais fatores que interferem na reprodução deles, sobretudo, nos alimentos? Quais são as principais consequências oriundas da reprodução dos microrganismos aos alimentos? Para aumentar ainda mais a sua vontade de conhecer a temática, a leitura desta unidade te fornecerá respaldo o suficiente para o entendimento dos questio- namentos exibidos, que são extremamente importantes. Os microrganismos são extremamente importantes à produção de alimentos. No entanto, eles também podem trazer sérios prejuízos à área alimentícia. Agora que você já está por dentro dos principais aspectos relacionados à micro- biologia, o que você acha de nos aprofundarmos nas principais temáticas associadas ao crescimento microbiano e fazermos a correlação desse crescimento com a área de alimentos? Vamos começar? Iniciaremos com a curva de crescimento microbiano. Existe uma extensa variedade de microrganismos que habitam, crescem e contaminam os alimentos. Destacamos o grupo das bactérias, que se reproduzem, preferencialmen- te, por fissão binária (Figura 1). Há espécies de bactérias que podem se reproduzir por brotamento, pela produção de cadeias de conidiosporos, além da fragmentação, que dá início ao crescimento de novas células (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). 45 UNIDADE 2 UNIDADE 2 46 A célula se alonga e o DNA é replicado 1 A parede celular e a membrana plasmática comoeçam a se dividir (a) Diagrama da sequência da divisão celular 2 Paredes intermediárias se formam, separando completamente as duas cópias de DNA 3 As células se separam 4 Parede celular Membrana plasmática DNA (nucleoide) (b) Secção ultrafina da célula de Bacillus licheniformis iniciando sua divisão Parede celular Parede intermediária parcialmente formadaDNA (nucleoide) 1 µmMET Figura 1 - Reprodução das bactérias por fissão binária Fonte: adaptada de Tortora, Funke e Case (2012, p. 171). 47 Relembrado o modo de reprodução associado às células microbianas, ao aumento do número de células de uma determinada população microbiana, dá-se o nome “crescimento microbiano”. Assim, é possível obtermos as curvas de crescimento (PASTORE; BICAS; MARÓSTICA JUNIOR, 2013). As curvas de crescimento representam graficamente o aumento do número de indivíduos em função de um determinado período. É de suma importância a com- preensão da taxa de crescimento e do tempo de geração dos organismos. A taxa de crescimento trata da variação do número ou da massa por unidade de tempo de uma população microbiana. Por sua vez, o tempo de geração é definido como o intervalo necessário para que uma célula possa se duplicar. Fatores genéticos e nutricionais podem interferir nesse tempo (PASTORE; BICAS; MARÓSTICA JUNIOR, 2013). Segundo Tortora, Funke e Case (2012), majoritariamente, as bactérias apre- sentam um tempo de geração em torno de 1 a 3 horas. No entanto, outras podem requerer mais de 24 horas por geração. Além do mais, em função da rápida repro- dução das bactérias, é difícil fazer a representação gráfica das populações utilizan- do números aritméticos. Dá-se espaço, portanto, ao uso das escalas logarítmicas. Pastore, Bicas e Maróstica Junior (2013) apresentam a maneira de se calcular o tempo de geração quando uma cultura se encontra em fase exponencial (que será vista adiante), assim como é exibido na Equação 1. N No n= .2 (Equação 1) Descrição da Imagem: são apresentadas duas figuras. Na primeira imagem, localizada na parte superior, são apresentadas as quatro etapas sequenciais da reprodução bacteriana por fissão binária. Na etapa um, são mostrados o alongamento e a reprodução do DNA. Dessa forma, há uma célula em tons de marrom-claro e parede em coloração marrom-escuro contendo DNA em coloração roxa. Em seguida, a partir de uma flecha apontando para baixo, inicia-se a etapa dois, momento em que a célula começa a se dividir. Assim, a célula mostrada na etapa um tem como adicional o surgimento de uma pequena cavidade nas extremidades superior e inferior. Ela está localizada no meio da célula, para indicar o início da divisão. Após isso, uma flecha é apontada para baixo, a fim de indicar o início da etapa três. Mostra-se, na figura, a célula de coloração marrom-claro e paredes de coloração marrom-escuro, com o surgimento de uma parede interna formada e localizada no centro da célula de coloração marrom-escuro. Essa célula, agora, dividida em duas partes pela demarcação da parede interna, apresenta DNA de coloração roxa no interior. Por fim, uma flecha é apontada para baixo, a fim de indicar a quarta e última etapa. Nela, são apresentadas as duas células de coloração marrom-claro no interior e marrom-escuro nas extremidades, contendo DNA roxo no interior, já separado. Já na segunda imagem, localizada na parte inferior, no canto esquerdo, é apresentado um retângulo preto de fundo, com posterior apresentação da vista da superfície de uma célula com coloração azulada e extremidade rosa, contendo DNA em coloração amarelo, em início de divisão com a formação da parede interna demarcada, a fim de representar a etapa dois. UNIDADE 2 UNIDADE 2 48 Nota: o número de células finais é dado por “N”. O número de células iniciais é dado por “No”. O número de gerações é dado por “n”. Além disso, o número de gerações (n) pode ser calculado por meio da Equação 2. n N No� �log( ) log( ) ,0 301 (Equação 2) O tempo de geração (g) pode ser calculado pela Equação 3. g t n = g t n = (Equação 3) Nota: o tempo de geração é dado por “g”. “t’ faz referência ao tem- po de crescimento. Já “n” diz respeito ao número de gerações. Para a determinação do número de células microbianas, exis- tem diversos métodos de contagem de crescimento, tanto diretos quanto indiretos. O crescimento de populações pode ser elucida- do a partir de
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