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ISADORA SCHIAVON AMBROGI TUBERCULOSE A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A forma extrapulmonar, que afeta outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico. EPIDEMIOLOGIA Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da doença. 2002 – 36,3 casos por 100mil habitantes. FATORES DE RISCO • Coinfecção pelo HIV • Extremos de idade • Imunossuprimidos • Dialíticos • Contactantes próximos de pessoas bacilíferas TRANSMISSÃO A transmissão da tuberculose acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE A transmissão da tuberculose é plena enquanto o indivíduo estiver eliminando bacilos. Com o início do esquema terapêutico adequado, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias de tratamento chega a níveis insignificantes. No entanto, o ideal é que as medidas de controle de infecção pelo M. tuberculosissejam implantadas até haja a negativação da baciloscopia. ISADORA SCHIAVON AMBROGI PERÍODO DE INCUBAÇÃO Embora, o risco de adoecimento seja maior nos primeiros dois anos após a primeira infecção, uma vez infectada a pessoa pode adoecer em qualquer momento de sua vida. SNAIS E SINTOMAS A maioria das pessoas infectadas com a bactéria que causa a tuberculose não apresenta sintomas. Quando ocorrem, os sintomas geralmente incluem: • Tosse com ou sem secreção por mais de 3 semanas • Perda de peso • Sudorese noturna • Febre vespertina (final da tarde) • Cansaço • Perda de apetite DIAGNÓSTICO • Baciloscopia direta: duas amostras são colhidas, uma no momento da consulta e a outra na manhã do dia seguinte, sendo feita a contagem dos Bacilos Álcool Ácido Resistentes (BAAR). • Teste rápido molecular: detecta o DNA do M. tuberculosis e faz triagem das cepas resistentes a rifampicina. • Cultura para micobactéria com identificação de espécie (sensibilidade). Estes três métodos acima são considerados confirmatórios de TB ativa. Outros exames auxiliares são: • Histopatológico: É um método empregado na suspeita de tuberculose ativa nas formas extrapulmonares ou nas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa (como na tuberculose miliar), ou em indivíduos imunossuprimidos • Radiografia de tórax: importante na investigação de TODO paciente com TB! As lesões sugestivas de tuberculose em raio-x de tórax localizam-se, em geral, nas partes altas e dorsais dos pulmões, particularmente no pulmão direito, e podem apresentar-se como opacidades parenquimatosas, atelectasia, infiltrados, nódulos, cavidades, fibroses, retrações, calcificações, linfadenomegalia, aspecto miliar, derrame pleural. ISADORA SCHIAVON AMBROGI INVESTIGAÇÃO DE CONTATOS Indicada para todos os contatos de um caso de tuberculose ativa (indivíduos que convivem no mesmo ambiente: em casa, ambientes de trabalho, instituições de longa permanência ou escola). TRATAMENTO O tratamento da Tuberculose, deve ser concretizado conforme as recomendações do Ministério da Saúde e consiste em duas fases: a intensiva - ou de ataque, e a de manutenção. A fase intensiva objetiva a redução bacilar de forma rápida e a eliminação dos bacilos resistentes a algum fármaco, diminuindo a transmissão. Já a fase de manutenção objetiva a eliminação dos bacilos latentes ou persistentes e assegura a diminuição de uma possível recidiva da doença. Esquema preconizado RIPE • Fase intensiva (2 meses) Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (P) e Etambutol (E) • Fase de manutenção Rifampicina e Isioniazida (diminuir recidiva) (4 a 10 meses) • Neutotuberculose - RIPE + associação com corticoide (12 meses) O tratamento será efetivado em regime ambulatorial, aplicando a como estratégia de adesão o Tratamento Diretamente Observado - TDO. O Tratamento Diretamente Observado - TDO institui a construção de vinculo e a observação da ingestão dos medicamentos que deve ser realizada, preferencialmente, em todos os dias úteis da semana. Para ser considerado Tratamento Diretamente Observado (TDO), a observação da tomada deve ocorrer no mínimo três vezes por semana durante o tratamento - 24 doses na fase de ataque e 48 doses na fase de manutenção por seis meses. Aos finais de semana e feriados os medicamentos devem ser autoadministrados. Os profissionais de saúde devem exaustivamente esclarecer a importância da ingestão diária do medicamento, principalmente nos dias em que o tratamento não será observado. OBJETIVOS DO TRATAMENTO SUPERVISIONADO • Melhorar a atenção ao doente por meio do acolhimento humanizado • Possibilitar a adesão, garantindo cura ISADORA SCHIAVON AMBROGI • Reduzir a taxa de abandono ao tratamento • Interromper a cadeia de transmissão da doença • Diminuir o surgimento de bacilos multirresistentes • Reduzir a mortalidade • Reduzir o sofrimento humano, uma vez que se trata de uma doença consuptiva, transmissível de alto custo social • Realizar a educação em saúde mais efetiva, de forma individualizada, voltada para orientar e corresponsabilizar o indivíduo, a família e a comunidade nas ações de saúde. PREVENÇÃO • Vacina BGC • Acompanhamento de casos confirmados • Investigação dos contatos • Monitoramento do tratamento • Busca e cura de novos casos IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA • Realizar a vacinação e monitorar as coberturas vacinais • Busca ativa de sintomáticos respiratórios • Acompanhamento e monitoramento • Observação da ingestão do medicamento - diária • Histórico de resistência prévia as medicações • Evitar abandono através de humanização e informação • Preencher de forma correta e oportuna os instrumentos de vigilância PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA TB O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) está integrado na rede de Serviços de Saúde. É desenvolvido por intermédio de um programa unificado, executado em conjunto pelas esferas federal, estadual e municipal. Está subordinado a uma política de programação das suas ações com padrões técnicos e assistenciais bem definidos, garantindo desde a distribuição gratuita de medicamentos e outros insumos necessários até ações preventivas e de controle do agravo. Isto permite o acesso universal da população às suas ações. BRASIL LIVRE DA TUBERCULOSE ISADORA SCHIAVON AMBROGI O país assume o compromisso de eliminar a tuberculose por meio do “Plano Brasil livre da tuberculose”, publicado em 2017. O plano foi construído pelo Ministério da Saúde, com a participação de gestores estaduais e municipais, academia e sociedade civil. O plano é baseado em três pilares: • Prevenção e cuidado integrado e centrado na pessoa; • Políticas arrojadas e sistema de apoio; • Intensificação da pesquisa e inovação. As metas do PlanoNacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública são: alcançar uma redução de 90% do coeficiente de incidência da TB e uma redução de 95% no número de mortes pela doença no país até 2035, quando comparados aos dados de 2015. Para o Brasil, significa que é necessário reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e reduzir o número de óbitos pela doença para menos de 230 ao ano, até 2035. ISADORA SCHIAVON AMBROGI HANSENÍASE A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Caracterizada por manifestações neurológicas e dermatológicas. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos (braços e pernas), com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis. EPIDEMIOLOGIA • Associada à pobreza e residência em zona rural • Mais prevalente na região centro oeste do Brasil • 30.000 casos por ano - geralmente familiares de ex pacientes • Homens Pardos • Analfabetos / Ensino fundamental incompleto • Brasil como 2º lugar no mundo TRANSMISSÃO A transmissão da hanseníase acontece por via respiratória, sobretudo no contato com o infectado prolongado, íntimo e não casual. Logo após o início do tratamento, o contágio se torna mais difícil. O período de incubação da doença pode durar de seis meses a seis anos. Indivíduos com a forma multibacilar da hanseníase apresentam grande quantidade de bacilos na secreção nasal - facilitando a transmissão por gotículas de saliva ou secreções do nariz. SINAIS E SINTOMAS Os sintomas da hanseníase são manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos. A doença ainda provoca alteração da sensibilidade no local, associada à perda de pelos e à ausência de transpiração. Quando o nervo de uma área é afetado, surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas. CLASSIFICAÇÃO A hanseníase pode ser classificada em hanseníase paucibacilar (com poucos ou nenhum bacilo nos exames) ou hanseníase multibacilar (com muitos bacilos). A forma multibacilar não tratada possui alto potencial de transmissão. HANSENÍASE PAUCIBACILAR (baciloscopia negativa) ISADORA SCHIAVON AMBROGI • Hanseníase indeterminada: estágio inicial da doença. Caracterizada por uma lesão única, grande, hipocrômica, de contorno mal definido e sem alterações de relevo, com perda de sensibilidade local. Apresenta evolução lenta e é mais comum em crianças < 10 anos. Pode vir acompanhada de formigamento nos pés, mãos e câimbras. • Hanseníase tuberculoide: manchas ou placas de até cinco lesões, com bordas bem delimitadas, centro claro e alteração de relevo. Perda total de sensibilidade, pode haver perda motora, quando há nervo comprometido. Mais comum em crianças, com período de incubação de +/- 5 anos. HANSENÍASE MULTIBACILAR (baciloscopia postiva) • Hanseníase borderline ou dimorfa: manchas e placas, acima de cinco lesões, com bordos podendo ou não ser bem definidas. Comprometimento de dois ou mais nervos e ocorrência de quadros reacionais com maior frequência (fenômenos imunológicos que ocorrem de modo súbito). Pode haver perda funcional de nervos periféricos e agravamento das incapacidades. Mais comum em adultos, com período de incubação > 10 anos. • Hanseníase virchowiana: forma mais disseminada e contagiosa da doença. Caracterizada por pele seca, hiperemiada, poros dilatados com aspecto de casca de laranja ou face leonina e caroços endurecidos. Pode ser observado ainda, endurecimento de membros, necrose, perda de pelos, pés e mãos cianóticas e edemaciados, além de episódios de câimbras, parestesia, dores articulares, dor na coluna e problemas circulatórios. DIAGNÓSTICO Clínico (inspeção e sintomas) + baciloscopia (resultado negativo não exclui o diagnóstico) + biópsia (raspado das manchas). TRATAMENTO O tratamento preconizado da hanseníase é realizado com uma Poliquimioterapia (PQT) de três medicamentos: • Rifampicina - bactericida • Dapsona • Clofazimina - provoca pigmentação negro-avermelhada em pacientes de pele clara O tempo de tratamento varia de acordo com a classificação da doença: ISADORA SCHIAVON AMBROGI • Paucibacilar – 6 meses • Multibacilar – 12 meses (1 anos) Esquema Padrão Paucibacilar Adulto • Dose supervisionada mensal Rifampicina: 600 mg Dapsona: 100 mg • Doses autoadministradas: 100 mg de Dapsona / dia Esquema Padrão Multibacilar Adulto • Dose supervisionada Rifampicina: 600 mg Clofazimina: 300 mg Dapsona: 100 mg • Doses autoadministradas Dapsona: 100 mg / dia Clofazimina: 50 mg / dia PREVENÇÃO • Vacina BGC • Investigação de contatos ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O ENFRENTAMENTO DA HANSENÍASE Objetivo geral – reduzir a carga de hanseníase no Brasil Pilar 1: Fortalecer a gestão do programa • Assegurar compromisso político e recursos para os programas de hanseniase nas três esferas de governo. Fortalecer interfaces e parcerias governamentais e não governamentais. • Fomentar pesquisas básicas e operacionais sobre todos os aspectos da hanseníase e maximizar a base de evidências para orientar políticas, estratégias e atividades. • Fortalecer o sistema de vigilância e informação em saúde para monitoramento e avaliação do programa, inclusive sistemas de informações geográficas. Pilar 2: Enfrentamento da hanseníase e suas complicações • Reforçar a conscientização dos pacientes e da comunidade sobre a hanseniase. • Promover a detecção precoce de casos de hanseniase. • Assegurar o início imediato, adesão e conclusão ao tratamento. • Qualificar as ações de prevenção e manejo das incapacidades durante o tratamento. • Fortalecer a rede de laboratórios, incluindo a vigilância da resistência medicamentosa. • Promover e fortalecer a formação e educação permanente em hanseníase na rede ensino-serviço. Pilar 3: Combater a discriminação e promover a inclusão • Promover a inclusão social mediante, abordagens de enfrentamento do estigma e discriminação. ISADORA SCHIAVON AMBROGI • Fortalecer a capacidade de participação ativa das pessoas acometidas pela hanseníase nos espaços de controle social. • Apoiar modelos de desenvolvimento inclusivo de pessoas acometidas pela hanseníase • Promover o acesso a serviços e programas de apoio social e financeiro. NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA TANTO PARA TUBERCULOSE QUANTO PARA HANSENÍASE
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