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Definição Hipotireoidismo é definido como um estado clínico em que a quantidade de hormônios tireoidianos circulantes é insuficiente para suprir uma função orgânica normal. Isso pode ser causado por uma variedade de anormalidades. A forma mais prevalente é a doença primária, que é causada por uma falha da própria glândula. O hipotireoidismo severo é chamado de mixedema. O hipotireoidismo subclínico é caracterizado por um aumento do TSH (hormônio estimulante da tireoide) e níveis normais de hormônios tireoidianos livres. Epidemiologia No Brasil, o hipotireoidismo é o agravo mais comum da tireoide, cuja prevalência é de 2% da população geral. Em pessoas com mais de 60 anos, esse valor aumenta para 15%. É muito mais comum em mulheres do que em homens, com uma predileção de 8:1. A deficiência de iodo é a causa mais comum em países em desenvolvimento. Em países desenvolvidos a principal causa é autoimune. Fisiopatologia A captação do iodo é uma etapa muito importante na produção dos hormônios tireoidianos. A captação do iodo é mediada pelo NIS (simportador sódio-iodo), que é expresso na membrana basolateral das células foliculares da tireoide. O mecanismo de transporte do iodo é bastante eficiente, permitindo regulações de acordo com as variações do suprimento: baixos níveis de iodo aumentam a quantidade de NIS e altos nives de iodo diminuem a quantidade de NIS. Um outro transportador para o iodo é a pendrina, que realiza o efluxo de iodo para dentro do lúmen. Após penetrar na tireoide o iodo é captado e transportado até a membrana apical das células foliculares, onde é oxidado em uma reação que envolve o TPO (tireoperoxidase) e o peróxido de hidrogênio, e depois é acrescentado a resíduos de tirosil dentro de uma grande proteína dimérica chamada Tg, formando iodotirosinas. Estas são acopladas por uma reação catalisada pela TPO e esta reação pode formar T3 ou T4 a depender do número de átomos de iodo presentes . (Hipotireoidismo) A falta de iodo leva progressivamente a uma deficiência na produção desses hormônios. Desregulação autoimune da tireoide, conhecida como Tireoidite de Hashimoto, é uma condição em que a imunidade mediada por células-T destrói o tecido tireoidiano levando a danos na função da glândula. Essa condição é caracterizada por infiltrado linfocítico e fibrose. O principal resultado dessa desregulação é a inflamação da glândula. Existe uma predisposição genética para essa doença e estudos sugerem uma base poligênica e pode estar associada a outras desordens autoimune endócrinas ou não endócrinas. Existem várias causas mais raras para o hipotireoidismo primário, como o hipotireoidismo congênito. Algumas patologias infiltrativas também prejudicar a função tireoidiana, como hemocromatose, amiloidose e esclerose sistêmica. O hipotireoidismo secundário ou central pode ser causado por diversas condições que interferem na atividade normal de controle do hipotálamo sobre a tireoide. Doenças infiltrativas como sarcoidose e hemocromatose podem interferir na secreção de TRH (tyrotropin-releasing hormone – hormônio liberador de tireotrofina). Massas que comprimem a haste hipofisária podem impedir a distribuição de TRH pelo sistema porta hipofisário. A compressão das células tireotróficas por adenomas hipofisários e outros processos expansivos na sela túrcica pode inibir a síntese e secreção de TSH. Cirurgia e radiação utilizados no tratamento de adenomas hipofisário também podem destruir as células tireotróficas. Clínica Os sintomas do hipotireoidismo incluem: Fadiga Letargia Ganho de peso Inapetência Intolerância ao frio Rouquidão Constipação Fraqueza Mialgias Artralgias Parestesias Pele seca Queda de cabelo Humor deprimido Página 1 de Nova Seção 1 Em quadros de mixedema encontra-se os sintomas acima descritos, porém com maior gravidade e além disso: • Rosto sem expressão • Cabelo esparso • Coração aumentado • Megacólon • Ataxia cerebelar Diagnóstico Após a suspeição de hipotireoidismo primário através do exame clínico e sintomatologia, o diagnóstico é confirmado por um TSH elevado (cujos valores de normais tipicamente variam de 0,5 a 4,5 mIU/L, e a média populacional é estimada em 1,5 mIU/L. A dosagem de T4 livre dá mais uma confirmação ao diagnóstico e caracteriza a severidade da doença. Para entender os possíveis diagnósticos de hipotireoidismo, basta lembrar de como funciona o feedback entre a tireoide e a hipófise: quando a quantidade sérica de T4 está em baixa quantidade, o hipotálamo produz mais TRH, que vai levar a uma maior produção de TSH, para estimular uma maior produção de hormônio tireoidianos. Logo: • Caso o paciente apresente um TSH aumentado e um T4 livre baixo, confirmase o diagnóstico de hipotireoidismo primário. • Se o TSH estiver aumentado, mas o T4 estiver normal, o paciente então apresenta hipotireoidismo subclínico. • Se o TSH estiver baixo ou normal e o T4 estiver também baixo, deve-se investigar hipotireoidismo central, ou efeito de alguma droga. É preconizado que se solicite exames complementares como RM (ressonância magnética) da sela túrcica para investigação de tumores ou lesões infiltrativas. Tratamento Para o hipotireoidismo primário preconiza-se a reposição hormonal de forma gradual porque um aumento rápido do metabolismo pode precipitar arritmias cardíacas. A média da dose de reposição é de 1,6 mc/kg/dia. Em pacientes jovens começa-se com levotiroxina a 50-100 mcg, já em pacientes mais velhos e principalmente com histórico de doença isquêmica do coração, a dose inicial é de 25-50 mcg. A dose exata para cada paciente é decidida a partir de critérios clínicos, como peso corporal, e o objetivo do tratamento é restaurar os níveis séricos de TSH. • Neuropatia periférica • Encefalopatia • Hiperlipidemia • Hipercarotenemia • Depressão Certos medicamentos, suplementos minerais e até alimentos podem interferir na absorção da tiroxina, como sulfato ferroso, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, sucralfato colestiramina e alimentos contendo soja. O intervalo entre a ingesta do comprimido e o uso dessas substâncias citadas deve ser de 4 horas. ▪ Hipotireoidismo clínico: TSH alto + T4 (dosagem mais importante) e T3 baixos ▪ Hipotireoidismo subclínico: TSH alto + T3 e T4 normais ▪ Hipotireoidismo central: TSH baixo ou normal, associado a T4 livre baixo Página 2 de Nova Seção 1
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