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8ª ETAPA – MÓDULO 01 – PROBLEMA 04.1: HIPOTIREOIDISMO TIREOIDE • A tireoide é a maior glândula endócrina do corpo humano, localizada na região anterior do pescoço o Entre cartilagem cricoide e nó supraesternal • Responsável pela produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), envolvidos com diversos componentes da homeostase o Função cerebral o Cardiovascular o Intestinal o Metabolismo celular o Produção de calor, etc. • O nome “tireoide” é em razão do seu formato semelhante a um escudo (do grego: thyreos = escudo, eidos = forma). • Na embriologia, a sua origem está no assoalho da faringe primitiva • A tireoide é formada geralmente por dois lobos piriformes, direito e esquerdo, ligados por um istmo. • A porção posterior contém as pequenas glândulas paratireoides (duas de cada lado), produtoras do Paratormônio (PTH) • A glândula é formada por uma infinidade de folículos esféricos, formados por um epitélio de células cuboides especializadas em produzir os hormônios tireoidianos o Células foliculares tireóideas. • No interior de cada folículo há um material denominado “coloide”. • Os folículos estão embebidos no estroma glandular, que contém a microvasculatura e as células intersticiais, entre elas as células parafoliculares (células medulares C), secretoras de um outro hormônio – a calcitonina, que, tal como o PTH, está envolvida no metabolismo do cálcio e do fósforo. FISIOLOGIA • Células foliculares são especializadas em sintetizar, armazenar e secretar os hormônios tireoidianos, derivados da tirosina. SÍNTESE • As células do epitélio folicular possuem dois polos e, portanto, duas membranas o Membrana Apical ▪ Onde são feitas as reações de biossíntese ▪ Possuem a Peroxidase Tireoidiana (TPO), ou tireoxidase • Enzima determinante do processo o Membrana Basal ▪ Capta o iodo circulante e coloca para dentro da célula através do carreador Na/I symporter – transporte ativo • Existem dois hormônios principais: o Tetraiodotironina ou tiroxina ou T4 ▪ 20x mais que T3 ▪ Inativo o Triiodotironina ou T3 ▪ Ativo • Eles são formados pela iodação de resíduos de tirosina de uma glicoproteína chamada tireoglobulina. o É sintetizada na própria célula tireoide, sendo em seguida secretada e armazenada no lúmen folicular (“coloide”). • A enzima peroxidase tireóidea atua catalisando três importantes reações: o 1- Oxidação do iodo: combinando o iodeto com o peróxido de oxigênio (H2O2). o 2- Iodação dos resíduos de tirosina da tireoglobulina, formando as Iodotirosinas: ▪ MIT = Monoiodotirosina; COLOIDE CEL. FOLICULARES FOLÍCULO CÉL. PARAFOLICULAR ▪ DIT = Diiodotirosina. o 3- Acoplamento das iodotirosinas, formando os hormônios tireoidianos (iodotironinas): ▪ T3 (Triiodotironina) = MIT + DIT; ▪ T4 (Tetraiodotironina ou tiroxina) = DIT + DIT. • São armazenados no coloide e liberados através da proteólise da tireoglobulina. o Pequenas porções de coloide são, a cada momento, engolfadas pela membrana apical da célula (pinocitose) o Formando vesículas que logo se fundem com lisossomas o No interior dos lisossomas, a tireoglobulina é hidrolisada, liberando MIT, DIT, T3 e T4 o T3 e o T4 são liberados para a corrente sanguínea, passando pela memb. basal o MIT e o DIT liberados no citoplasma sofrem ação de uma enzima desiodase tipo 1, devolvendo o iodeto para a célula ▪ Mecanismo de conservação do iodo • O T4 penetra nas células dos órgãos-alvo e logo é convertido em T3 por: o Desiodase tipo 1 (maioria dos tecidos) o Tipo 2 (cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom) ▪ Ao retirar um átomo de iodo do anel externo do T4 ▪ Por conta disso, podemos considerar o T4 um pró-hormônio REGULAÇÃO DA FISIOLOGIA TIREOIDIANA (EIXO HIPOTÁLAMO- HIPOFISÁRIO) • A produção de hormônios tireoidianos é regulada pelo eixo hipotálamo- hipófise-tireoide • Os neurônios hipotalâmicos sintetizam e liberam um peptídeo de três aminoácidos denominado TRH (Hormônio Liberador de Tireotrofina). o Ela é liberada na circulação porta hipofisária (Hipófise), que irriga as células da adeno-hipófise, entre elas os tireotrofos – células que produzem e secretam o hormônio TSH (tireotrofina). o Ao se ligar em seu receptor na membrana do tireotrofo, o TRH estimula a liberação e síntese do TSH, por um mecanismo proteínaG/fosfolipaseC/ fosfatidilinositol-dependente. • O TSH (tireotrofina) é uma glicoproteína composta por duas subunidades: o A subunidade alfa é comum aos outros hormônios glicoproteicos (LH, FSH e hCG) o A beta é a responsável pelo efeito hormonal específico. • O TSH é liberado na circulação sistêmica de forma pulsátil (2/2 horas) o Respeita um ciclo circadiano o Níveis séricos máximos no início da madrugada (entre 0h e 4h). • O “gerador de pulso” é o próprio hipotálamo o TRH é liberado de forma pulsátil pelos neurônios hipotalâmicos • TSH se liga a seu receptor de membrana (TSH-R) na célula folicular, estimulando o sistema proteínaG/adenilciclase/AMPc. o Principais efeitos do TSH na célula folicular tireóidea: EFEITO TRÓFICO: • Promove a hipertrofia das células foliculares, que se tornam mais cilíndricas e volumosas, bem como um aumento da vascularização da glândula; ESTÍMULO À SÍNTESE DE HORMÔNIO TIREOIDIANO: • Aumenta a produção da enzima peroxidase (TPO), bem como a tireoglobulina e o carreador Na/I; ESTÍMULO À LIBERAÇÃO DE HORMÔNIO TIREOIDIANO: • Aumenta a reabsorção do coloide contendo a tireoglobulina iodada, bem como a atividade lisossômica, e consequentemente maior será a taxa de hormônio liberado e secretado. ATENÇÃO!!!!!!! • O bócio, aumento da glândula tireoide, é, portanto, um sinal de elevação do TSH, não tendo relação com a função tireoidiana. FEEDBACK NEGATIVO • A glândula tireoide secreta os hormônios T3 e T4. • O T4 penetra nos neurônios hipotalâmicos e nos tireotrofos, convertendo-se em T3, por ação da 5’-desiodase tipo 2. • O T3 tem a capacidade de inibir a liberação hipotalâmica de TRH e a secreção hipofisária de TSH – retroalimentação negativa. • Podemos assim classificar os distúrbios tireoidianos em: o PRIMÁRIOS (de origem na própria glândula tireoide) o SECUNDÁRIOS (de origem hipofisária) o TERCIÁRIOS (de origem hipotalâmica) • Ou em: o CENTRAIS: Secundário + Terciário o PERIFÉRICOS: Primário JUNTANDO NOSSOS CONHECIMENTOS NO LABORATÓRIO... • Na prática, solicitamos o TSH e o T4 Livre o Algumas literaturas recomendam ainda a solicitação de T3 na vigência de suspeitas de hipertiroidismo. ▪ 2-5% dos casos pode haver tireotoxicose por T3 • Primeiro, por que TSH? o Porque junto com T4 livre, ele caracteriza função e topografia! • Segundo, por que T4 Livre? o Primeiro motivo é porque ele é mais sensível que o T3 ▪ Quanto maior uma proporção de uma substância dissolvida em um determinado meio, maior tendência tem a mesma à distribuição ----- ou seja, ele torna-se mais sensível!! o Segundo, por que não o T4 normal? ▪ Se lembra que a fração ativa é 0,04% - não ligada ao TBG ou à albumina. ▪ E múltiplas situações podem alterar o TBG! ▪ Sendo assim, em situações de maior ou menor disponibilidade da fração ativa de T4, haverá regulação do TRH e TSH a fim de compensar isso. ▪ No frigir dos ovos, a gente pode achar, por exemplo, um T4 total reduzido, mas com fração ativa (T4 Livre) ok. HIPOTÁLAMO HIPÓFISE TIREOIDE TECIDOS T3 T4 TSH TRH T3 Prolactina Somastotatina TSH: 0,5 a 5 µU/ml T4l: 0,9 a 2ng/ml T4 + TBG T4 Livre T4 + ↓TBG T4 Livre T4 Livre ↓T4 + ↓TBG • Situações que elevam a TBG o Hiperestrogenismo o Gravidez o Estrogeniopatia o Cirrose Hepática – menor clereance de TBG o Tamoxifeno (ca de mama) o Reposição de estrogênio • Situações que diminuem a TBG o Androgenioterapiao Desnutrição o Síndrome Nefrótica ▪ Perda urinária da TBG • Sendo assim, podemos fazer tal analogia: HIPERTIROIDISMO PRIMÁRIO ▪ ↑ T4 Livre ▪ ↓ TSH HIPERTIROIDISMO CENTRAL ▪ ↑ T4 Livre ▪ ↑ TSH HIPOTIROIDISMO PRIMÁRIO ▪ ↓ T4 Livre ▪ ↑ TSH HIPOTIROIDISMO CENTRAL ▪ ↓ T4 Livre ▪ ↓ TSH HIPOTIREOIDISMO: INTRODUÇÃO • Hipotireoidismo é definido como um estado clínico em que a quantidade de hormônios tireoidianos circulantes é insuficiente para suprir uma função orgânica normal. o Deficiência de hormônios tireoidianos o Resultando em lentificação generalizada do metabolismo. • Isso pode ser causado por uma variedade de anormalidades. o Deficiência da sua síntese (mais comum) o Resistência à ação desses hormônios • A forma mais prevalente é a doença primária, que é causada por uma falha da própria glândula. • O hipotireoidismo severo é chamado de mixedema. o Alta mortalidade • O hipotireoidismo subclínico é caracterizado por um aumento do TSH e níveis normais de hormônios tireoidianos livres. CLASSIFICAÇÃO • PRIMÁRIO: o ↓ T4 Livre ↑ TSH ↑ TRH • SECUNDÁRIO: o ↓ T4 Livre ↓ TSH ↑ TRH • TERCIÁRIO: o ↓ T4 Livre ↓ TSH ↓ TRH EPIDEMIOLOGIA • O hipotireoidismo PRIMÁRIO representa > 90% dos casos, sendo bastante comum. o Tem prevalência de 2-4% em indivíduos > 65 anos • No Brasil, o hipotireoidismo é o agravo mais comum da tireoide, cuja prevalência é de 2% da população geral. • Em pessoas com mais de 60 anos, esse valor aumenta para 15%. • O hipotireoidismo congênito (quase sempre primário, por “disgenesia” da glândula) é diagnosticado em 1 a cada 2-4 mil recém-natos. Seu screening deve ser feito de rotina através do “teste do pezinho” (realizado entre o 3º e 7º dia de vida), e o início precoce de seu tratamento consegue prevenir grande parte das sequelas neurológicas, • É muito mais comum em mulheres do que em homens, com uma predileção de 8:1. • A deficiência de iodo é a causa mais comum em países em desenvolvimento. o Regiões afastadas do litoral • Em países desenvolvidos a principal causa é autoimune. FATORES DE RISCO • Os principais fatores de risco conhecidos para hipotireoidismo são: o Idade (> 65 anos) o Sexo feminino (proporção 8:1 com o sexo masculino) o Puerpério o História familiar o Irradiação prévia de cabeça e pescoço o Doenças autoimunes (ex.: vitiligo, DM 1, anemia perniciosa) o Drogas como: ▪ Amiodarona, lítio, tionamidas e INF-alfa o Síndromes de Down e Turner o Dieta pobre em iodo o Infecção crônica pela Hepatite C ETIOLOGIA/CLASSIFICAÇÃO 01 PRIMÁRIO • Autoimune: tireoidite de Hashimoto o (PRINCIPAL EM ÁREAS SUFICIENTES DE IODO). • Nutricional: carência de iodo o (PRINCIPAL EM ÁREAS CARENTES DE IODO). • Iatrogênica: radioablação com 131I, tireoidectomia total, irradiação cervical. • Drogas: principalmente as que contêm grande quantidade de iodo em sua formulação (como amiodarona e meio de contraste), mas também lítio, tionamidas (antitireoidianos), IFN-alfa entre outras. • Congênito: disgenesia da glândula (agenesia, hipoplasia, ectopia). • Doenças infiltrativas: amiloidose, sarcoidose, esclerodermia, cistinose, tireoidite de Riedel (deposição de colágeno). CENTRAL • Hipopituitarismo (hipotireoidismo secundário): tumores, cirurgia, irradiação, síndrome de Sheehan (infarto da hipófise no pós-parto), trauma, congênito. • Doenças hipotalâmicas (hipotireoidismo terciário): tumores, trauma, desordens infiltrativas (ex.: sarcoidose, hemocromatose, tuberculose). TRANSITÓRIO • Tireoidite “silenciosa” (pós-parto). • Tireoidite subaguda. RESISTÊNCIA AO HORMÔNIO TIREOIDIANO ETIOLOGIA/CLASSIFICAÇÃO 02 AGUDAS • Infecção Bacteriana - raras MEDICAMENTOSA • Também muito raras SUBAGUDA • Granulomatosa de Quervain • Linfocítica Indolor CRÔNICA • Hashimoto • Riedel FISIOPATOLOGIA • A captação do iodo é uma etapa muito importante na produção dos hormônios tireoidianos. o É mediada pelo NIS (simportador sódio-iodo), que é expresso na membrana basolateral das células foliculares da tireoide. o O mecanismo de transporte do iodo é bastante eficiente, permitindo regulações de acordo com as variações do suprimento o Um outro transportador para o iodo é a pendrina, que realiza o efluxo de iodo para dentro do lúmen. • Após penetrar na tireoide o iodo é captado e transportado até a membrana apical das células foliculares, onde passa pelos processos descritos acima, dando origem ao T3 e T4. o Obviamente, a falta de iodo leva progressivamente a uma deficiência na produção desses hormônios. • Existem várias causas mais raras para o hipotireoidismo primário, como o hipotireoidismo congênito. • Algumas patologias infiltrativas também prejudicar a função tireoidiana, como hemocromatose, amiloidose e esclerose sistêmica. • O hipotireoidismo secundário ou central pode ser causado por diversas condições que interferem na atividade normal de controle do hipotálamo sobre a tireoide. • Doenças infiltrativas como sarcoidose e hemocromatose podem interferir na secreção de TRH (tyrotropin-releasing hormone – hormônio liberador de tireotrofina). • Massas que comprimem a haste hipofisária podem impedir a distribuição de TRH pelo sistema porta hipofisário. • A compressão das células tireotróficas por adenomas hipofisários e outros processos expansivos na selatúrcica pode inibir a síntese e secreção de TSH. • Cirurgia e radiação utilizados no tratamento de adenomas hipofisário também podem destruir as células tireotróficas. TIREOIDITE DE HASHIMOTO • Tireoidite crônica autoimune de Hashimoto, é a causa mais frequente de hipotireoidismo. • Ainda não se sabe ao certo o que leva a isso, mas provavelmente há uma associação de fatores ambientais (como dietas ricas em iodo) e fatores genéticos (possivelmente mutações no gene CTLA-4). o HLA-DR3 o HLA-DR5 • Essa condição é caracterizada por infiltrado linfocítico e fibrose. • Ocorre em qualquer idade, mas tem maior prevalência entre 20-40 anos o Prevalência aumenta com a idade o Após 60 anos prevalência triplica • 8-15x mais comum no sexo feminino • Bócio presente em 90% dos casos o Leve a moderado, simétrico, lento (ao longo de décadas) e consistência firme (como borracha) • 10% apresenta tireoide diminuída o Provavelmente pelo estágio final do processo destrutivo crônico ▪ Forma atrófica da tireoidite de Hashimoto • Progressão: o Eutiroidismo → hipotireoidismo subclínico → hipotireoidismo franco • Sistema Imunológico vai iniciar uma reação contra o tecido tireoidiano, que pode ser: o Via celular, por meio do ataque direto de linfócitos TCD8+ o Via humoral, através da produção de autoanticorpos ▪ Principais: • Antitireoperoxidase (anti-TPO); • Antitireoglobulina (anti-TG); • Antirreceptor de TSH; • Antitransportador de Iodo. • Característica peculiar: no início da doença, pacientes com Tireoidite de Hashimoto vão desenvolver um quadro de hipertireoidismo! • Isso se dá pela destruição dos folículos tireoidianos o Quando o folículo rompe, o coloide extravasa e faz com que toda a produção hormonal seja liberada sem qualquer regulação, o que aumenta os seus níveis plasmáticos levando ao Hipertireoidismo. • Com o avançar do quadro, no entanto, cada vez menos folículos estarão disponíveis na tireoide e aí o paciente regride para um estado normal e depois evolui para um HipoT. • Pode desaparecer durante a gravidez (imunossupressão típica da gravidez) e reaparecer durante o puerpério. o Confundindo-se com tireoidite pós-parto • Diagnóstico: o Anti-TPO positivo o Hipoecogênicidade do parênquima à USG o Citopatológico: infiltrado linfocítico, destruição de células foliculares, redução de espaços foliculares e do conteúdo de coloide e fibrose. QUADRO CLÍNICO • É decorrente da falta da ação doshormônios tireoidianos e atingem praticamente todos os órgãos do corpo. • Existem 2 eventos fisiopatológicos principais: o Redução do metabolismo basal ▪ Em até 35-50% ▪ Redução da atividade de diversos processos enzimáticos o Acúmulo de substâncias glicoproteicas ▪ No espaço intersticial ▪ Leva a alterações de pele e fâneros que determinam o chamado mixedema • Possibilidade de compressão de outras estruturas como feixes nervosos • Os sinais e sintomas dependem de: o Duração e intensidade do hipotireoidismo o Idade do paciente o Suscetibilidade à disfunção hormonal • Adultos: o Intolerância ao frio o Metabolismo afetado de proteínas, carboidratos e principalmente de lipídios: elevação dos triglicérides, LDL, VLDL, colesterol e baixa de HDL. • Idosos: o Branda e atípica o Pode ser confundido com depressão e demência • Crianças: o Parada do crescimento o Mal desempenho escolar, apatia, retardo na erupção dental, retardo no desenvolvimento sexual, e idade óssea. o Puberdade precoce central nas meninas em alguns casos ▪ Síndrome de van Wyk-Grumbach ▪ Hipersecreção de FSH e ligação cruzada aos receptores de gonadrotofinas • Alterações por sistemas: GERAIS: • Fadiga; lentificação da voz (que fica rouca) e dos movimentos; • Intolerância ao frio; • Ganho de peso (ATENÇÃO: exceto obesidade mórbida o O mecanismo é o acúmulo de glicosaminoglicanos e água nos tecidos, por isso o ganho é discreto. • O apetite está preservado 95-100% 30 a 60% PELE E FÂNEROS • Pele fria e pálida (redução local do fluxo sanguíneo); • Atrofia da camada celular da epiderme e hipertrofia da camada córnea (pele seca e quebradiça = hiperceratose); • Hipoidrose (pouca produção de calor = pouco suor); • Problemas nos fâneros (cabelos e unhas secos e quebradiços, madarose = perda do 1/3 lateral das sobrancelhas); • Discromias (pele amarelada = hipercarotenemia; pele escurecida = insuficiência adrenal concomitante); • Mixedema (casos graves = edema sem cacifo, principalmente periocular – puffy face, macroglossia). HEMATOLÓGICAS • Tendência ao sangramento tipo “plaquetário” (doença de von Willebrand tipo 1 adquirida); • Anemia “normo-normo” (hipoproliferativa); • Anemia megaloblástica em pacientes com gastrite atrófica associada (anemia perniciosa); • Anemia ferropriva em mulheres com menorragia. CARDIOVASCULARES • Queda do débito cardíaco (baixo metabolismo = baixa demanda de O2 ); • Bradicardia; • Hipocontratilidade (redução na síntese de proteínas miocárdicas); • Derrame pericárdico (raramente leva ao tamponamento, mesmo quando pronunciado. O motivo? Instalação lenta...); • Hipertensão arterial sistêmica (aumento da resistência vascular periférica por deposição de glicosaminoglicanos na parede dos vasos) – ocorre especialmente à custa da diastólica, podendo resultar em PA “convergente”; • Hipercolesterolemia (menor expressão do receptor de LDL, promovendo menor depuração de colesterol); • Hiper-homocisteinemia. RESPIRATÓRIAS • Rinite crônica; • Hipoventilação por miopatia da musculatura torácica (ex.: dispneia aos esforços); apneia do sono (principalmente se houver macroglossia); • Derrame pleural. RENAIS • Redução da TFG, com discreto aumento da creatinina sérica; • Hiponatremia (geralmente no hipotireoidismo muito grave, isto é, costuma aparecer apenas no contexto do coma mixedematoso GASTROINTESTINAIS • Constipação (devido à hipoperistalse) – se o paciente já era constipado antes, o sintoma se agrava; • Hipogeusia (redução do paladar); • Ascite (raro). • Vale lembrar da frequente associação entre hipotireoidismo e: o (1) gastrite atrófica; (2) doença celíaca. REPRODUTIVAS • Redução da libido; • Disfunção erétil; • Ejaculação retardada e oligoespermia. o Acredita-se que o mecanismo seja a diminuição da testosterona (total e livre), acompanhada por uma AUSÊNCIA de elevação fisiológica do LH em resposta à baixa da testosterona (alterações pituitárias concomitantes). • Em mulheres, pode haver tanto oligo/amenorreia quanto hipermenorreia/menorragia. • Hiperprolactinemia também é comum (50%) e pode causar galactorreia (15%). NEUROLÓGICAS • Deficit cognitivo (síndrome demencial = pensamento lentificado, redução da capacidade de concentração e memória, depressão); • Lentificação dos reflexos tendinosos profundos (ex.: aquileu); • Ataxia cerebelar (alteração da marcha, coordenação motora e fala); • Síndrome do túnel do carpo (parestesia e dor na distribuição do nervo mediano – compressão pelo acúmulo de glicosaminoglicanos no punho); • Polineuropatia periférica (predomínio sensitivo e doloroso); • Coma mixedematoso (raro, desencadeado por fatores precipitantes como trauma e infecções. o O quadro é de coma, hipoglicemia, hipotensão com bradicardia, hipotermia, hiponatremia, etc.). MUSCULOESQUELÉTICAS • Artralgia; • Rigidez articular; • Mialgia; • Cãibra; • Aumento de CPK e fraqueza (miopatia); • Maior incidência de hiperuricemia e gota (menor depuração de ácido úrico). DIAGNÓSTICO LABORATÓRIO INESPECÍFICO • Anemia o Normocítica/ normocrômica (hipoproliferação devido ao hipometabolismo generalizado) o Macrocítica (quando há gastrite atrófica e má absorção de B12 associada) o Microcítica/hipocrômica (pela menorragia) • Dislipidemia o Aumento de LDL (redução na expressão do receptor hepático de LDL) • Miopatia o pode haver elevação sérica de enzimas musculares, como CPK, aldolase, LDH e TGO (AST) • O TRH, por ter estrutura semelhante a outros “fatores liberadores” hipotalâmicos, quando muito aumentado pode estimular a secreção de hormônios hipofisários além do TSH. o Os principais exemplos são a prolactina (quase sempre < 100 ng/ml), e as gonadotrofinas (FSH e LH) LABORATÓRIO ESPECÍFICO • Após a suspeição de hipotireoidismo primário através do exame clínico e sintomatologia, o diagnóstico é confirmado por: o TSH elevado ▪ Valores de normais tipicamente variam de 0,5 a 4,5 mIU/L, e a média populacional é estimada em 1,5 mIU/L. o Dosagem de T4 livre ▪ Dá mais uma confirmação ao diagnóstico e caracteriza a severidade da doença. o Dosagem de T3 ▪ Não é habitual e deve ser solicitada somente se suspeita de hipertiroidismo segundo algumas literaturas o Anticorpos Antitireoglobulina e Antiperoxidase (TPO) ▪ Sua presença indica um processo autoimune, quase sempre ▪ Não é tão específica, mas é muito sensível ▪ Muitas pessoas podem positivas sem ter hipotireoidismo • Se o TSH estiver baixo ou normal e o T4 estiver também baixo, deve-se investigar hipotireoidismo central, ou efeito de alguma droga. o É preconizado que se solicite exames complementares como RM (ressonância magnética) da sela túrcica para investigação de tumores ou lesões infiltrativas. • Teste do TRH o O teste do TRH foi postulado como um “divisor de águas” para a diferenciação entre doença hipotalâmica x hipofisária. o Entretanto, atualmente sabemos que este exame NÃO é útil na prática! o Pacientes cuja causa do hipotireoidismo central é uma doença hipotalâmica podem desenvolver atrofia dos tireotrofos da adeno- hipófise e justamente por isso apresentar uma baixa resposta do TSH no teste do TRH, ou seja, na realidade esse teste não tem o poder discriminatório que se acreditava no passado. FASES: HIPOTIREOIDISMO CLÍNICO • ↓ T4 Livre ↑ TSH HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO • T4 livre normal ↑ TSH HIPOTIREOIDISMO CENTRAL • TSH normal ou alto T4 livre baixo RASTREAMENTO: • É indicado que seja feito o rastreamento de HipoT em pacientes que apresentem com: o Bócio o Síndrome de Down/Turner o Trat. de tireotoxicose o Dislipidemia o Doença automimune o Tireoidite pós-parto o Medicamentos o Idade - discordância na literatura ▪ Algumas referências definem que deve ser feito a cada5 anos em pessoas com mais de 35 anos de idade. ▪ Outra defende que basta investigar em pacientes com mais de 19 anos e que tenha fator de risco. ▪ E há ainda quem ache que basta investigar em pacientes idosos (especialmente do sexo feminino). • No Brasil, é recomendado que o TSH seja solicitado a todos com: o Sintomas sugestivos o Grupos de alto risco ▪ Mulheres com mais de 60 anos o Gestantes o Mulheres que desejam engravidar o Portadores de outras doenças autoimunes o Usuários de lítio, amildarona ou outras drogas que interfiram na função tireoidiana o História recentes de exposição a irradiação o Cirurgia cervical o História familiar positiva para tireopatia TRATAMENTO • Apesar se haver várias causas possíveis para um quadro de HipoT, não existe um tratamento específico para cada uma delas, de modo que a gente acaba focando mais em tratar o estado hipotireoidiano do que a etiologia em si. • Motivos para não se usar T3 direto: o A Liotironina (T3) é um fármaco que tem uma meia vida muito curta (24h) quando comparada aos 7 dias da Levotiroxina; o Fornecendo T4, a gente permite que o organismo tenha um certo controle sobre os níveis de hormônio tireoidiano pois, como já vimos, ele consegue transformar T4 em T3 nos tecidos. ▪ Se optássemos por administrar o T3 direto, precisaríamos ter um controle muito bom das doses para evitar concentrações mais altas ou mais baixas do que o indicado. • A droga de escolha aqui é chamada de “Levotiroxina”. E esse fármaco consiste, basicamente, no hormônio T4. • Para o hipotireoidismo primário preconiza-se a reposição hormonal de forma gradual porque um aumento rápido do metabolismo pode precipitar arritmiascardíacas. • A administração da Levotiroxina é realizada, geralmente, pela manhã, ainda em jejum (cerca de 30 minutos antes de comer. • A média da dose de reposição é de 1,6 mc/kg/dia. o Em pacientes jovens começa-se com levotiroxina a 50-100 mcg o Em pacientes mais velhos e principalmente com histórico de doença isquêmica do coração, a dose inicial é de 25-50 mcg. • A dose exata para cada paciente é decidida a partir de critérios clínicos, como peso corporal, e o objetivo do tratamento é restaurar os níveis séricos de TSH (0,5-2,5). • Certos medicamentos, suplementos minerais e até alimentos podem interferir na absorção da tiroxina, como sulfato ferroso, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, sucralfato colestiramina e alimentos contendo soja. • O intervalo entre a ingesta do comprimido e o uso dessas substâncias citadas deve ser de 4 horas. • Iniciado o tratamento, devemos dosar o TSH após quatro a seis semanas. Ajustes posteriores na dose, entre 12,5-25 µg, poderão ser feitos com novas dosagens do TSH em 4-6 semanas • No caso de hipotireoidismo central, o controle da dose de levotiroxina deve ser feito pelos níveis de T4 livre no sangue. • Uma vez atingida a dose de manutenção, a reavaliação da função tireoidiana pode ser feita a cada 6 ou 12 meses. • A levotiroxina é mais bem absorvida à noite, momento em que seria necessária uma dose menor do hormônio. o No entanto, a administração noturna de levotiroxina pode causar insônia grave, devido ao pico plasmático que ocorre logo após sua administração! o Por tal motivo, costuma-se prescrever o medicamento pela manhã e em jejum (para reduzir a ligação às proteínas alimentares). • Os principais efeitos adversos correlacionam- -se a um excesso de hormônio: o paciente apresenta sinais e sintomas de tireotoxicose, como taquicardia, palpitações, arritmias, elevação da pressão arterial e osteoporose.
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