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MASCs

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A importância dos Métodos Adequados de Solução de Conflitos para o acesso à justiça no Brasil.
Resumo: Este artigo aborda a importância dos Métodos Adequados de Solução de Conflitos (MASCs) para o acesso à justiça no Brasil. A utilização de MASCs como a mediação, conciliação, arbitragem e outros, tem se mostrado como uma alternativa eficaz para desafogar o Poder Judiciário e oferecer às partes uma solução mais rápida, econômica e eficiente para a resolução de conflitos.
Introdução: O acesso à justiça é um direito fundamental previsto na Constituição Federal de 1988, no entanto, o excesso de demandas e a demora na solução dos conflitos é uma realidade enfrentada pelos cidadãos brasileiros. Nesse sentido, os MASCs têm se mostrado como uma alternativa eficiente para a resolução de conflitos de forma mais ágil e efetiva. A utilização desses métodos proporciona aos cidadãos uma justiça mais acessível e eficiente. A mediação e a conciliação são métodos alternativos de resolução de conflitos, em que as partes envolvidas buscam encontrar uma solução para o problema sem precisar recorrer ao processo judicial.
Os Métodos Adequados de Solução de Conflitos (MASC) são alternativas ao processo judicial tradicional que buscam a resolução de conflitos de forma mais eficiente, rápida e menos custosa. São soluções menos custosas em comparação com o processo judicial tradicional. Isso ocorre porque esses meios envolvem menos etapas processuais, menor tempo de duração do processo e menos recursos, como honorários advocatícios, perícias e custas judiciais. Entre os MASC mais conhecidos estão a mediação, a conciliação, a arbitragem e a negociação.
A conciliação é um processo em que um terceiro imparcial, o conciliador, ajuda as partes a encontrar uma solução para o conflito, sugerindo alternativas e facilitando a comunicação entre elas. Na conciliação, o conciliador pode apresentar sugestões de solução para o conflito, mas não pode impor uma decisão.
Já na mediação, o mediador também é um terceiro imparcial, mas seu papel é diferente. Ele não sugere soluções para o conflito, mas ajuda as partes a encontrar uma solução que atenda às necessidades e interesses de cada uma. O mediador não tem poder de decisão, apenas facilita o diálogo e o entendimento entre as partes.
A Lei nº 13.140/2015, que instituiu a mediação como um meio de solução de controvérsias, define a mediação como "a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia" (Art. 1º). Já a conciliação é definida pela Lei nº 13.140/2015 como "a atividade técnica exercida por terceiro imparcial com o propósito de aproximar as partes e auxiliá-las a encontrar uma solução consensual para o conflito" (Art. 2º).
Ambos os métodos são incentivados pelo Código de Processo Civil, que estabelece em seu artigo 3º, §3º, que "a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial".
A mediação é um método em que um terceiro imparcial, o mediador, auxilia as partes a encontrar uma solução para o conflito, sem impor uma decisão. A conciliação, por sua vez, é um método em que um terceiro imparcial, o conciliador, ajuda as partes a encontrar uma solução consensual para o conflito, sugerindo alternativas e facilitando a comunicação entre elas. Já a arbitragem é um método em que um terceiro imparcial, o árbitro, decide a questão com base na vontade das partes, seguindo as regras da lei.
No Brasil, a utilização dos MASC é incentivada pela Lei de Mediação (Lei nº 13.140/2015), que instituiu a mediação como um meio de solução de controvérsias. A lei estabelece que a mediação pode ser realizada em qualquer fase do conflito, antes ou durante o processo judicial, e que o acordo obtido por meio da mediação tem força de título executivo extrajudicial (Art. 22).
A Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/1996), por sua vez, disciplina a utilização da arbitragem como meio de solução de conflitos. De acordo com a lei, a arbitragem pode ser utilizada para solucionar conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis (Art. 1º), e a sentença arbitral tem os mesmos efeitos da sentença judicial (Art. 31).
Além disso, o Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) prevê a utilização dos MASC como meio de solução de conflitos, estimulando a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos (Art. 3º, §3º).
Os MASC são mecanismos alternativos de resolução de conflitos que não envolvem o sistema judicial formal. Em vez disso, eles usam técnicas como a mediação, a conciliação e a arbitragem para ajudar as partes envolvidas a chegar a um acordo. Esses métodos são geralmente mais rápidos, mais baratos e menos adversarias do que o processo judicial tradicional.
A resolução de conflitos é um aspecto importante da vida em sociedade. Quando ocorrem desacordos entre as partes envolvidas em uma disputa, é importante encontrar maneiras de resolver a questão de forma eficiente e justa. O sistema judiciário brasileiro é responsável por lidar com essas disputas, mas muitas vezes a resolução de conflitos pode ser um processo longo e caro. É aqui que entram os Métodos Adequados de Solução de Conflitos (MASC). 
A MASC tem se mostrado como uma alternativa eficaz para desafogar o Poder Judiciário e oferecer às partes uma solução mais rápida, econômica e eficiente para a resolução de conflitos por algumas razões:
1. Redução do tempo de tramitação dos processos: A MASC permite a resolução de conflitos de forma mais rápida, uma vez que não é necessário seguir todas as etapas do processo judicial tradicional.
2. Redução de custos: A utilização da MASC pode reduzir os custos para as partes envolvidas, uma vez que não há a necessidade de arcar com os custos de um processo judicial completo. Além disso, a utilização da MASC pode evitar o prolongamento do conflito e, consequentemente, diminuir os custos indiretos, como tempo e estresse.
3. Maior flexibilidade: A MASC permite que as partes envolvidas no conflito possam personalizar a solução para suas necessidades específicas, o que pode ser difícil de ser alcançado através do processo judicial tradicional.
4. Maior satisfação das partes envolvidas: A MASC oferece uma solução mais colaborativa e menos adversarial para a resolução de conflitos, o que pode levar a um resultado mais satisfatório para as partes envolvidas. Ao invés de uma decisão imposta pelo tribunal, as partes podem chegar a uma solução que atenda a todos os envolvidos.
Essas vantagens têm levado a uma crescente utilização da MASC no Brasil, como uma forma de oferecer uma solução mais rápida, econômica e eficiente para a resolução de conflitos, além de desafogar o sistema judiciário brasileiro.
Existem diversos casos concretos de aplicação dos MASCs no Brasil, dentre eles:
1. Justiça Restaurativa em escolas: A Justiça Restaurativa é uma técnica utilizada para solucionar conflitos de forma pacífica e efetiva, especialmente em ambientes escolares. Em 2019, o programa "Justiça Restaurativa nas Escolas" foi implantado em escolas públicas de São Paulo, com o objetivo de diminuir a violência e a indisciplina nas escolas. Os resultados foram positivos, com redução de 90% nas brigas e redução de 63% nas faltas dos alunos.
2. Conciliação trabalhista: A conciliação é uma das formas mais utilizadas de MASCs no âmbito trabalhista. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), por exemplo, obteve um índice de conciliação de 55,2% em 2019, solucionando mais de 27 mil processos. A conciliação é uma forma rápida e eficiente de resolver conflitos entre empregados e empregadores, evitando um processo judicial mais longo e custoso.
3. Mediação familiar: A mediação familiar é uma técnica utilizada para solucionar conflitos relacionados ao direito de família, como guarda dos filhos, pensão alimentícia,partilha de bens, dentre outros. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) implantou, em 2019, o "Núcleo de Mediação Familiar" para atender famílias de baixa renda. Os resultados foram positivos, com 75% dos casos solucionados por meio da mediação.
Esses são apenas alguns exemplos concretos de como os MASCs têm sido eficazes na resolução de conflitos no Brasil.
A importância dos MASC para o sistema judiciário brasileiro é inegável. Em primeiro lugar, eles ajudam a aliviar a carga de trabalho dos tribunais, que muitas vezes estão sobrecarregados com um grande número de casos. Ao fornecer uma alternativa ao sistema judicial formal, os MASC podem ajudar a reduzir o número de casos que chegam aos tribunais, permitindo que os juízes se concentrem em casos mais complexos e importantes.
Além disso, os MASC podem ajudar a melhorar a acessibilidade à justiça. O processo judicial tradicional pode ser caro e demorado, o que significa que muitas pessoas com recursos limitados não têm acesso à justiça. Os MASC podem ser uma solução mais acessível e justa para resolver conflitos, permitindo que mais pessoas tenham acesso a serviços de resolução de conflitos.
A jurisprudência brasileira também reconhece a importância dos MASC. A Lei nº 13.140/2015, conhecida como Lei de Mediação, estabelece diretrizes para a mediação como um método de resolução de conflitos no Brasil. A lei reconhece a importância da mediação como uma alternativa ao sistema judicial formal e estabelece requisitos para a formação e qualificação de mediadores.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também tem promovido a utilização de MASC no Brasil. O CNJ tem desenvolvido iniciativas para aumentar a conscientização sobre os MASC e promover a sua utilização em todo o país. Em 2016, o CNJ lançou o Sistema Nacional de Mediação Digital, um sistema online que permite a realização de mediação à distância.
Além disso, a jurisprudência brasileira tem reconhecido cada vez mais a validade e a eficácia dos MASC. Em 2018, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a validade jurídica de acordos de mediação, mesmo que não tenham sido homologados pelo poder judiciário. Isso significa que as partes envolvidas em uma mediação podem confiar nos acordos alcançados como uma solução legalmente vinculante para o conflitos.
Em suma, os MASC são meios eficazes de solução de conflitos, que buscam oferecer alternativas mais ágeis, econômicas e satisfatórias do que o processo judicial tradicional. É importante destacar que a utilização dos MASCs não deve ser vista como uma ameaça ao Poder Judiciário, mas sim como uma forma complementar de solucionar conflitos, de forma mais eficiente e acessível aos cidadãos. A utilização desses métodos é incentivada pela legislação brasileira, que busca promover uma cultura de pacificação social e resolução consensual de conflitos.
- Referências Bibliográficas:
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3. CALMON, Petrônio. Mediação e arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
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9. STRECK, Lenio Luiz; MIOLA, Édison Gastaldo. O que é isso – decido conforme minha consciência? 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

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