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JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 SAÚDE COLETIVA E POLÍTICAS PÚBLICAS 4 Trabalho em saúde: Característica do trabalho em saúde: Está sujeito aos desígnios do trabalhador em seu espaço autônomo, privado, de prática. Trabalho: toda atividade humana é um ato produtivo, modifica alguma coisa e produz algo novo; transformação da natureza por um trabalho humano; - Marx: trabalho é considerado fundante na transição humana entre o ser biológico e o ser natural Trabalho em saúde: não tem como resultado um produto material, sendo a própria realização da atividade ● matéria prima: usuário ● instrumentos de trabalho: tecnologia (leve/leve-dura/ e dura) ● homem: trabalhador em saúde⇒ operador do cuidado ● produto: trabalho em saúde → atos de saúde⇒ produção do cuidado Trabalho vivo em ato: processo de trabalho → trabalho feito antes; trabalho morto: chega pronto; ● dura: equipamentos/medicamentos ● leve: relacionais e intersubjetivas; espaço relacional trabalhador—usuário ● leve-dura: clínica e epidemiologia; saberes bem estruturados; conhecimento; Maiores desafios para a saúde do trabalhador: - problemas de saúde ocupacional relacionado com as novas tecnologias de informação e riscos de saúde associados a biotecnologias - envelhecimento da população trabalhadora - problemas especiais de grupos vulneráveis (imigrantes e desempregados) - ocorrência de doenças ocupacionais de várias origens; A saúde do trabalhador tem como objetivo promoção e proteção da saúde do trabalhador; vigilância dos riscos nos ambientes e condições de trabalho. - também abrange diagnóstico, tratamento e reabilitação; Modelo biomédico → explicação da doença; organismo e funções vitais; ● corpo como máquina ● médico como mecânico ● doença como defeito na máquina PNSTT: princípios, diretrizes e estratégias a serem observadas pelas esferas de gestão do sistema único de saúde; ênfase na vigilância, promoção e proteção; redução da morbimortalidade; - saúde do trabalhador como ação transversal⇒ relação saúde-trabalho - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença⇒ atividade realizada pela pessoa e possíveis consequências para a saúde; - considerando as diferenças de condições de trabalho, também se deve superar as desigualdades sociais e de saúde e de buscar a equidade na atenção⇒ trabalhadores inseridos em relações informais e precárias de saúde; - notificação compulsória JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Função do RENAST: ● Reconhecimento e mapeamento das atividades produtivas do território ● Identificação da população trabalhadora → e atividades produtivas do território; ● Rede de apoio social aos trabalhadores ● Articulação com as equipes técnicas do CEREST; NRS: São realizadas adotando o sistema tripartite paritário, preconizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores. Modelo de demanda e controle (artigo): Neste modelo a exigência psicológica do trabalho do profissional é relacionada com o grau de autonomia que ele tem sobre a sua atividade. NR4: SESMT ● de acordo com a classificação do risco do trabalho o SESMT define a equipe necessária → dimensão diferente de acordo com o risco naquele tipo de trabalho; ● atua na cultura de prevenção; ● orientação sobre atos e condições inseguras; Principais atividades: - Desenvolvimento da cultura prevencionista; - Orientações sobre atos e condições inseguras; - Redução e controle das condições ambientais; - Motivação da equipe; - Otimização dos métodos de trabalho; - Contribuir para melhor qualidade de vida (ginástica na empresa, sala de descanso, sala de jogos) Jornadas de trabalho: - auxiliar ou técnico de enfermagem e técnico de segurança do trabalho: 8h/dia - médico/enfermeiro/engenheiro do trabalho 3h/dia (parcial) 6h/dia (integral) Principais competências: ● programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA - NR9) ● PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO - NR7) JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 ● análises ergonômicas do trabalho (NR17) ● laudos de periculosidade (NR16) e insalubridade (NR15) NR5: CIPA→ comissão interna de prevenção de acidentes: - tem como objetivo prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho⇒ prevenção da vida e promoção da saúde do trabalhador; Composição da CIPA: ● representantes do empregador e do empregado - os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão designados pelos próprios trabalhadores; - os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em eleição secreta⇒ onde somente os empregados interessados se candidatam para o cargo e participam das eleições; → o valor é sempre o dobro→ pois existe: um efetivo do trabalhador e outro do empregador; um suplente de empregado e um suplente de trabalhador; A convocação para eleição deve ocorrer 60 dias antes do término do mandato em curso; a eleição precisa ocorrer pelo menos 30 dias antes do fim do mandato da CIPA; Comunica sobre a eleição para o sindicato; Liberdade de inscrição para todos os empregados; Existe uma garantia do emprego para os candidatos até que ocorra a eleição⇒ não podem ser demitidos até lá; A eleição deve ser feita em horário de trabalho respeitando os horários de turnos, pois todos os empregados devem participar⇒ para a eleição ser válida⇒ 50% dos empregados devem participar da votação; Em caso de empate, assume aquele com mais tempo de serviço; NR6→ EPI: Equipamento de proteção individual - estabelece requisitos para aprovação, comercialização, fornecimento e utilização de EPI; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 - EPI: dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador; concebido e fabricado para oferecer proteção individual contra riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho; - EPC: equipamento de proteção coletiva⇒ dispositivos utilizados no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos de trabalho; O equipamento precisa de aprovação de âmbito internacional⇒ deve ser adquirido e utilizado somente os equipamentos autorizados; Precisa ter orientação e treinamento sobre o uso do produto; Deve ser fornecido pela empresa de maneira gratuíta e se for um produto reutilizável⇒ higienização e manutenção é responsabilidade da empresa; NR7: PCMSO⇒ programa de controle médico de saúde ocupacional; - estabelece diretrizes e requisitos para o desenvolvimento do programa de controle médico de saúde ocupacional nas organizações; objetivo de proteger e preservar a saúde de seus empregados em relação aos riscos ocupacionais; Exames obrigatórios: ● admissional: realizado antes do empregado assumir suas atividades; ● periódico: realizado de forma periódica durante a execução de suas funções ● de retorno ao trabalho: em caso de licença onde o afastamento durou pelo menos 30 dias ou mais→ realizado antes de reassumir as funções; ● de mudança de riscos ocupacionais⇒ antes da data da mudança→ vai ver se o empregado tem função de executar a nova função; ● demissional→ até 10 dias antes do término do contrato; Para cada exame realizado⇒ atestado de saúde ocupacional→ uma cópia para a empresa, uma cópia para o trabalhador; Existe um prontuário clínico individual para onde essas informações vão⇒ responsabilidade da PCMSO; →médico do trabalhador; Se a empresa possui o SESMT, o empregador deverá indicar um médico integrante; → se não tiver, procura um médico especializado; NR32: Segurança e Saúde no trabalho em serviços de Saúde: - estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção a assistência à saúde em geral; Riscos que contemplam a NR32: - risco biológico: vírus, bactéria, parasitas, fungos e bacilos; - risco químico: gases medicinais, gases e vapores anestésicos, quimioterápicos; - risco físico: medicina nuclear, radioterapia, temperatura e ruído - risco ergonômicos:posições de trabalho, turnos de trabalho; Vacinação NR32: JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 NR 9: Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos; esses riscos são identificados pelo programa de gerenciamento de risco, previsto na NR1; ⇒ prevenção e controle dos riscos ocupacionais; A identificação das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos deverá considerar: ❖ a) descrição das atividades; ❖ b) identificação do agente e formas de exposição; ❖ c) possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições identificadas; ❖ d) fatores determinantes da exposição; ❖ e) medidas de prevenção já existentes; ❖ f) identificação dos grupos de trabalhadores expostos. → antes: PPRA ⇒ programa de prevenção de riscos ambientais; era considerado um documento de gaveta⇒ documento que previa os riscos da instituição; - mapa de risco feito pelo próprio SESMT ou empresa contratada; Saiu de um documento para um programa de avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos ⇒ faz uma avaliação preliminar, fiscalização; - verifica os agentes de forma qualitativa e quantitativa, como isso interfere na vida do trabalhador e o que pode ser feito para prevenir; - depende do local onde estamos inseridos e quanto tempo passamos lá; Depois de uma atualização na redação, ou seja, novas conformidades → é dado um tempo para as empresas se adaptarem às novas determinações ● NR estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais. ● gerenciamento de riscos: identificação desses agentes no PGR, utiliza a NR9 para prevenção dos riscos ocupacionais; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 → a ocupação é analisada ⇒ é estipulado um período de intervalo para que haja uma melhor condição de lidar com a função que ele executa ⇒ não fica manuseando uma britadeira por muitas horas seguidas por exemplo; - banheiro é enxergado como algo dentro do ambiente de trabalho, mesmo que não seja local de trabalho, assim como a cozinha, por exemplo ⇒ então a análise dos riscos também deve ser feita nesse local; Não dá para tirar a pessoa do cargo que ela ocupa⇒ precisa prevenir e controlar os riscos, e esse é objetivo da NR9; → o que considerar na hora de analisar os riscos ocupacionais: - descrição das atividades; - identificação dos agentes e formas de exposição; - possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições identificadas → risco de contaminação, por exemplo; exposição a radiação; - fatores que determinam a exposição → como ocorre essa exposição? - medidas de prevenção já existentes → EPI’s - identificação dos grupos de trabalhadores expostos; Análise das atividades de trabalho e os dados já disponíveis relacionados a quantas pessoas foram atingidas pelos risco, ou foram afastadas por isso, quantas pessoas tiveram afastamento relacionados aos riscos do ambiente; - a fim de determinar a necessidade de adoção direta de medidas de prevenção ou de realização de avaliações qualitativas ou, quando aplicáveis, de avaliações quantitativas; - níveis de tolerância aceitáveis → mede frio, mede calor, vibração, decibéis; Quando e porque fazer a avaliação quantitativa: - comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes identificados; - dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de trabalhadores; cada um está exposto de uma forma diferente; - subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção. NR15: Atividade insalubre⇒ trabalho que é nocivo à saúde; relacionado a risco de saúde; Periculosidade ⇒ qualquer atividade que coloca em risco a vida da pessoa; relacionado a risco de vida; De acordo com a CLT: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. → a NR 15 trata especificamente atividades insalubres → os anexos trazem especificidades relacionadas a cada ocupação; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 ● como calcular insalubridade: todos os profissionais que realizam atividades insalubres apresentam um adicional no salário; esse cálculo é baseado no salário mínimo; A redução do tempo trabalhado também é estabelecido pelo grau de exposição ⇒ quando se fala de aposentadoria; A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo. e quando não for possível fazer nenhuma das duas ações ⇒ paga o adicional; ● com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; ● com a utilização de equipamento de proteção individual. Todos os riscos nocivos à saúde se aplicam a esse adicional de insalubridade: ● Como saber quais as categorias profissionais têm direito ao adicional de Insalubridade; 2. Identificar a Intensidade dos Riscos Ambientais (se a atividade ultrapassa o Limite de Tolerância). Para isso, é preciso checar a Norma NR – 15 ● o trabalhador pode receber dois adicionais, supondo por exemplo um trabalhador de atividade insalubre que trabalha no turno da noite → recebe o adicional de categoria de trabalho e o de turno; PROFISSÕES INSALUBRES: Piloto de Avião Radiologista Operário Motorista caminhão/ônibus Minerador Embarcado (trabalha em alto mar) Escafandrista Eletricista Escavador Bartender NR16: JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Periculosidade: o desempenho da atividade oferece risco de vida para o trabalhador; → adicional de 30% em cima do salário base → ou seja, em cima do salário que esse trabalhador recebe; → O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. Não pode receber o adicional de insalubridade e o de periculosidade, ou é um ou é outro; dessa forma, o empregado pode escolher qual é mais benéfico para ele, normalmente é o de periculosidade, já que a base do adicional é o salário do trabalhador e não o salário mínimo; Profissões englobadas no adicional de periculosidade: Anexo 1 - Atividades e Operações Perigosas com Explosivos Anexo 2 - Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis Anexo 3 - Atividades e Operações Perigosas com Exposição a Roubos ou Outras Espécies de Violência Física nas Atividades Profissionais de Segurança Pessoal ou Patrimonial Anexo 4 - Atividades e Operações Perigosas com Energia Elétrica Anexo 5 - Atividades Perigosas em Motocicleta Anexo (*) - Atividades e Operações Perigosas com Radiações Ionizantes ou Substâncias Radioativas OBS: questão da prova ⇒ jeito certo de calcular salário em caso de periculosidade: o empregado vai ter um salário base (esse não contêm os adicionais, benefícios, ect; apenas o salário base do trabalhador) ⇒ o cálculo é feito adicionando 30% do salário base do trabalhador - e não 30% do salário total; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 PROFISSÕES DE PERICULOSIDADE Desarmador de Bomba Eletricista predial Motociclistas → (que utiliza moto para trabalho) Profissional da escolta armada Vigilante/Segurança Químico Cabista de rede de telefonia e TV Mergulhador de plataforma Soldador Metalúrgico Escavador Ergonomia: - começou com o homem primitivo → toda vez que executa a mesma tarefa⇒ MAIS CONFORTO, MENOS ESFORÇO⇒ utilização da ergonomia; Definição: ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA - inicialmente orientada aos sistemas mas que modernamente se estende por todos os aspectos da atividade humana - compreensão das interações entre os seres humanos e os outros elementos de um sistema → teoria, princípios, dados, métodos⇒ a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho geral do sistema; Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis comas necessidades, habilidades e limitações das pessoas; Objetivo: transformar o trabalho, em suas diferentes dimensões, adaptando-o às características e aos limites do ser humano; Especialização da ergonomia: - ergonomia física: anatomia humana⇒ antropometria, fisiologia, biomecânica; e sua relação com a atividade física⇒ postura no trabalho, movimentos repetitivos, distúrbios musculares; - ergonomia cognitiva: mental⇒ percepção, memória, raciocínio, resposta motora e seus efeitos nas interações entre seres humanos e outros elementos do sistema; - ergonomia organizacional: organização dos sistemas sociotécnicos⇒ estruturas organizacionais, regras e processos; comunicação⇒ trabalho em grupo, trabalho corporativo, gestão de qualidade; A ergonomia enfrenta uma tensão entre dois objetivos: - um centrado na organização → eficiência, produtividade, confiabilidade e qualidade; - outro voltado para as pessoas → segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, satisfação; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 ● os ergonomistas podem tender mais para um do que para o outro → mas não pode ser ergonomista se ignorar um deles; Conhecimentos da ergonomia: - Conhecimentos gerais sobre o ser humano em ação - Conhecimentos metodológicos - Conhecimentos específicos da situação estudada - Conhecimentos eventuais baseados em situações já encontradas - Conhecimentos adicionais – processo de concepção Tarefa: é o que deve fazer → o que é prescrito pela organização; → objetivo + condições de realização → objetivo: estado final desejado → quantidade, qualidade; → condições de realização: procedimento, tempo, meios disponíveis, ambiente físico, cognitivo e coletivo, características sociais do trabalho; Atividade: é o que é feito → o que o sujeito mobiliza para a execução; → objetivo que o sujeito fixa para si → não se reduz ao comportamento (parte observável), mas também a inobservável ⇒ atividade intelectual ou mental; → conjunto do “discurso” sobre a ação (Vygotsky) Análise Ergonômica: análise do contexto no qual a organização está inserida e dos elementos que condicionam o seu processo de produção; Dois tipos de conhecimento: - sobre o homem - sobre a ação Pressupostos da ergonomia: necessários para o entendimento de um determinado conceito ou fenômeno; como se dá a organização ergonômicas e suas escolhas metodológicas → sob quais bases se fundamentam suas práticas; 3 pressupostos norteiam a ação em ergonomia - interdisciplinaridade - análise de situações reais - participação dos sujeitos A qualificação em ergonomia exige conhecimento nas mais diversas áreas → aplicação desse conhecimento na relação com as pessoas, produtos, tarefas, ambientes e sistemas; São esses conhecimentos: - anatomia e fisiologia - psicologia - métodos e ferramentas - ambiente de trabalho NR17: “estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho”. ● Avaliação das situações de trabalho: Avaliação ergonômica preliminar das situações de trabalho; adaptação às características psicofisiológicas dos trabalhadores, a fim de subsidiar a implementação de medidas de prevenção e adequação necessárias; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Acontece a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) nessas situações: - necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação - inadequação ou insuficiência das ações adotadas - pode ser sugerida pelo PCMSO → que faz acompanhamento de saúde dos trabalhadores - quando é indicado um caso de acidente ou doenças relacionadas ao trabalho → causa relacionada à condição de trabalho⇒ programa de gerenciamento de riscos PGR; A AET deve abordar as condições de trabalho: ⇒ análise da demanda ⇒ análise do funcionamento da organização, situação do trabalho e da atividade ⇒ descrição e justificativa para definição de métodos, técnicas ferramentas adequadas para análise e sua aplicação; ⇒ estabelecimento de diagnóstico ⇒ recomendações para as situações de trabalho analisadas ⇒ restituição dos resultados, validação e revisão das intervenções efetuadas, participação dos trabalhadores; Planos de ação PGR → medidas de prevenção e adequações decorrentes as avaliação ergonômica preliminar; recomendações da AET; relatória da AET → deve ficar a disposição da organização por pelo menos 20 anos; → OS EMPREGADOS DEVEM SER OUVIDOS DURANTE O PROCESSO DA AVALIAÇÃO ERGONÔMICA PRELIMINAR NA AET; Organização do trabalho: devem ser levados em consideração⇒ - normas de produção - modo operatório → quando aplicável - exigência de tempo - ritmo de trabalho - conteúdo das tarefas e os instrumentos mais técnicos disponíveis - aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do trabalhador; Saúde Mental: Relato de experiência → grupos de enfrentamento do desgaste mental no trabalho bancário: discutindo saúde mental do trabalhador no sindicato; → categoria bancária; → processo de adoecimento físico e mental⇒ área com alta competitividade e sobrecarga Sobrecarga⇒ complexidade das atividades, exigência da polivalência (multifunção) Elevadas cargas psicoafetivas → autocontrole emocional exacerbado, exigências de perfeição no desempenho, alto nível de responsabilidade, insegurança quanto a manutenção do emprego e as perspectivas de carreira; → pressão temporal → medo, humilhações, injustiças, e até ilegalidades por parte dos bancos⇒ corrompe os valores éticos e morais dos empregados; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Assédio moral → é responsabilidade da organização do banco Intensificação do assédio em tempos de reestruturação produtiva → guerra de todos contra todos → disputas pelos postos de trabalho⇒ manutenção do emprego; ADOECIMENTO: - sentimento de culpa e derrota - desamparo nos atendimentos realizados pelos profissionais de saúde⇒ não estabelecem nexo entre o adoecimento e o trabalho - quando afastado do trabalho⇒ a rotina vira idas e vindas a hospitais e outras áreas de tratamento → perícias do INSS (podendo estar submetidos a extremo desrespeito) - desestruturação psíquica, falta de perspectiva futura, intenso sofrimento e humilhação - os trabalhadores ainda sofrem preconceito por parte dos gestores e colegas de trabalho⇒ corpo mole, inventa problema pra não trabalhar; SAÚDE MENTAL: Constitui expressão de, pelo menos, três dimensões: a. Conjunto de saberes (áreas do conhecimento) e profissões (psiquiatria, psicologia, psicanálise, medicina social, neurologia, enfermagem, serviço social, terapia ocupacional, arteterapia, pedagogia, etc.). b. Conjunto de políticas, planejamentos, gestão e intervenções, redes, sistemas e serviços, com níveis e modelos de atenção, e c. Um estado dos seres humanos que inclui, sofrimento, satisfação, prazer, paixão, felicidade, código moral, temporalidade e fluxo da consciência. Dicotomia Mente e Corpo: modo de ver o homem⇒ dualismo mente/corpo → não nos ajuda a intervir eficazmente no processo de saúde e doença; e porquê não nos ajuda? - concepção sobre o mundo a partir de uma separação total entre mente e corpo, de forma que um não se mistura com o outro de modo algum; - Descartes: mente e corpo se tratavam de duas substâncias diferentes; - Platão: separava o mundo da matéria, onde tudo é mutável, imperfeito e perecível, do mundo das ideias, que são eternas, perfeitas e imutáveis; Como o trabalho influencia na saúde e no adoecimento dos trabalhadores: - o trabalho nunca é neutro em relação a saúde⇒ pode favorecer tanto a saúde quanto a doença; - relações sociais e questões de saúde⇒ não separa espaço de trabalho e espaço de saúde⇒ Dejours; - trabalhador visto como um simples executor de tarefas: anula subjetividade⇒ abala saúde mental do trabalhador; A culpabilização do trabalhador: JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 ● Tanto a denominada saúde mental ocupacional como as ciências do comportamento buscam a gênese dos problemas de saúde mental dos trabalhadores no universo intra- individual, sendo o trabalho,suas condições e sua organização mero pano de fundo. ● Ao abstrair as condições concretas de trabalho e, principalmente, as relações de trabalho, resta a explicação que culpabiliza a vítima; Saúde mental do trabalhador: Pré história: trabalho = sobrevivência; Atualidade: trabalho também envolve auto realização → pode ser um dos fatores para construção da subjetividade humana, afeta relação de prazer e sofrimento que, por sua vez, pode transformar doença física em doença psíquica; Contexto social atual influencia no trabalho contemporâneo: Fatores para o desenvolvimento de agravos de saúde mental relacionados ao trabalho: - condições de trabalho (físicas, químicas e biológicas) - estruturação hierárquica⇒ constrangimentos, humilhações, sentimentos de superioridade, inferiorização do trabalhador; - divisão de tarefas, sobrecarga de trabalho ou complexidade da tarefa; - jornada de trabalho - ritmo de trabalho - responsabilidade excessiva - controle excessivo - insegurança no emprego - falta de apoio social - díficil interface entre trabalho em casa⇒ horários inflexíveis, imprevisíveis, jornadas extensas; - iniquidade e injustiça em critérios de promoção e salário - violência psicológica; Assédio moral: "a exposição de trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função, de forma repetitiva, caracterizando uma atitude desumana, violenta e antiética nas relações de trabalho, assédio este realizado por um ou mais chefes contra seu subordinado", estando esse comportamento diretamente relacionado às formas contemporâneas de gestão do trabalho, que estimulam a hipercompetição entre os trabalhadores. JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Saúde mental do trabalhador no SUS: - educação permanente em saúde - política nacional de promoção da saúde do trabalhador de saúde; Epidemiologia Analítica: Análise críticas dos dados; Respostas para questões relacionadas a agravos de saúde; MAXIMIZAR OS BENEFÍCIOS E MINIMIZAR OS CUSTOS E AGRAVOS⇒ medicina baseada em evidência; → deve ser uma escolha racional sobre qual desenho seria o mais eficiente Tipos de estudos: OBSERVACIONAIS → só observa sem intervenção; - descritivos: → relato de caso → série de casos - analíticos → transversal → caso-controle → coorte → ecológico EXPERIMENTAIS: - ensaio clínico randomizado - ensaio de campo JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 ESTUDO TRANSVERSAL → estudo de prevalência⇒ observação única de uma população ou amostra; → exposição e desfecho são medidos ao mesmo tempo, impossibilitando a aferição da temporalidade⇒ garantia que o fato associado precede o desfecho; - primeiro passo ao fazer estudos analíticos⇒ base de dados pronta → nenhum custo adicional; Sem medidas de associação → estudo de um recorte temporal: casos novos + casos antigos em um determinado período de tempo; Razão de prevalência: ESTUDO ECOLÓGICO: não analisa o indivíduo, e sim a população ou um grupo de pessoas que geralmente pertence a uma área definida; Avalia contexto social e ambiental → como pode afetar a saúde do grupo; → esse estudo gera hipótese sobre a origem de uma doença ou agravo; → excelente para monitorar a efetividade de políticas públicas; NÃO É MEDIDA DE CAUSA E EFEITO; Medidas de associação: coeficiente de correlação linear entre duas variáveis quantitativas: frequência e média; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Falácia ecológica: VIÉS que pode ocorrer porque uma associação entre duas variáveis no nível agregado não necessariamente representa uma associação no nível individual; Conclusão errada obtida , quando se infere comportamento ou experiência de indivíduos a partir de comportamento ou experiência de grupos Estudos observacionais: COORTE: grupos de indivíduos, pertencentes a uma mesma população, que é acompanhado durante certo período com visitas a estudar a ocorrência de um ou mais desfechos; O período de acompanhamento é o que diferencia esse desenho dos estudos transversais e do caso controle; - o grupo que vai ser acompanhado pertence a uma mesma população; → estudo longitudinal → garante acompanhamento durante um período de tempo; → estudo de incidência; → investiga um FATOR DE RISCO; sem intervenção e sem testes⇒ avalia apenas exposição e desfechos; assim, consegue atribuir CAUSA e EFEITO pela medida de associação; aquele agente que traz risco para a população que acompanha o grupo de coorte; → busca associação e/ou causalidade entre exposição e desfecho; Tipos de coorte: ● coorte prospectivo: parte de um grupo saudável e acompanha a exposição e o surgimento da doença (São os mais comuns). ● retrospectivo: O desfecho já ocorreu, mas ele não é conhecido pelo pesquisador. Também acompanha a exposição para o surgimento do desfecho, porém a coleta de dados é retrospectiva (fonte secundária). JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Fases do estudo de coorte: 1. Identificação das pessoas sadias no início do estudo; 2. Montagem dos grupos de indivíduos expostos e não expostos; 3. Seguimento da coorte para avaliação da incidência da doença a ser estudada nos dois grupos e; 4. Comparação da incidência (risco) em cada coorte (exposto e não exposto). Vantagens e desvantagens: Coorte prospectivo⇒ alto custo, ineficiente para desfechos raros; ⇒ Importante: A perda de indivíduos durante o período de acompanhamento é o que exige maior atenção. Um número grande de perdas pode prolongar, onerar ou mesmo inviabilizar o estudo. Assim, o epidemiologista deve adotar estratégias para minimizar tais perdas ⇒ Viés: aproveito a condução do meu estudo para avaliar outro dado (pode ser que tenha muitos viés, resultado não confiável) Medidas de associação: RISCO RELATIVO: - razão de incidências⇒ rasão dos riscos de incidência de uma doença entre os expostos e não expostos; indica a força de associação de uma doença entre expostos e não expostos; faz uma relação entre exposição e doença, para saber se de fato estão associados Interpretação do risco relativo: ● N° entre 0 e 1 - exposição protetora (incidência do desfecho entre expostos, é menor que os não expostos) → a minha exposição, protegeu contra o desfecho. O número nunca será negativo. ● N° = 1 = não há associação entre exposição e desfecho (incidência do desfecho entre expostos e não expostos é igual) ● N° > 1 - Fator de risco (incidência do desfecho entre expostos, é maior que os não expostos). JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 Risco atribuível → diferença de risco de incidência de uma doença entre expostos e não expostos⇒ avalia IMPACTO DE PROGRAMAS DE CONTROLE DE DOENÇAS; - atribui uma porcentagem⇒ se cessar a exposição, diminui em quantos por cento a chance do desfecho? Exemplo da aula: Avaliar a associação entre consumir alimentos do tipo fast food frequentemente (FFF) e desenvolver dislipidemia (DLP). Foram acompanhados 400 indivíduos saudáveis por 2 anos. Desta coorte, 210 consumiam FFF e, destes, 121 desenvolveram DLP no período da pesquisa. No grupo controle, 190 não consumia FFF e 49 desenvolveram DLP. Qual o RR e RA? E a interpretação? RR: Indivíduos que consomem FFF tem 2,23 vezes mais risco de desenvolver DLP do que indivíduos que não consomem FFF. RA: Se o consumo de FFF for eliminado, reduz-se para 32% a incidência de DLP. OU O risco para DLP passa a ser de 32% sem o consumo de FFF. CASO CONTROLE: Se baseiam na comparação de um grupo que apresenta desfecho (caso) de interesse com outro grupo que não apresenta o desfecho (controle); é retrospectivo, pois⇒ a constituição dos grupos é fundamentada na ocorrência do desfecho; Tendo como base o desfecho parte para saber da exposição⇒ DESFECHO → EXPOSIÇÃO; ou seja → já conhece o desfecho, quer agora saber como se deu esse desfecho, sob o que estavam expostos para tal; ● Esse tipo de estudo pode ser utilizado quando o fenômeno é raro ou de longa duração (crônico). → esses estudo é mais rápido e apresenta baixo custo; → bons para gerar hipóteses para serem verificadas com desenhos mais complexos; VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CASO CONTROLE: - permite estudar apenas um desfecho por vez; ouseja, limita o olhar para outras possibilidades de causas para tal desfecho; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 - muitos fatores podem influenciar o desfecho e as conclusões de um estudo de caso controle; podendo inclusive apresentar alguns vieses: ● VIÉS DE SELEÇÃO: normalmente o número de participantes no controle é maior do que os de casos. Viés na hora de alocar os participantes nos grupos, por fator de acolhimento. ● VIÉS DE MEMÓRIA: precisar passar um questionário, por exemplo “a quanto tempo você fuma? Quando você começou a fumar, quantos cigarros você fumava?” a pessoa vai estimar quantos cigarros ela fumava. ● VIÉS DE REGISTRO: falta de informação alocada no prontuário. Medidas de associação: Estudos Experimentais⇒ Ensaio Clínico Randomizado: Os estudos observacionais são delimitados pela observação⇒ ou seja, não realizam testes; Já os estudos experimentais vão de fato testar as hipóteses, testes de vacina, medicamentos, terapias, entre outros; ● O pesquisador introduz uma intervenção e observa o efeito dessa nova variável nos desfechos clínicos. ● a intervenção pode ser uma medicação, cirurgia, programa educativo, dispositivo médico⇒ o que poderia melhorar o curso da doença; ● a população para esse estudo → para os testes, deve ter a mesma condição de interesse⇒ por exemplo: se querem testar um remédio para hipertensão, todos os participantes precisam ter hipertensão; Critérios de inclusão: tudo que favorece ele de participar do estudo. Idade, condição x, sem agravamento do quadro. Critérios de exclusão: determina quem vai excluir Os participantes são randomizados em dois grupos: - grupo experimental → recebe a intervenção - grupo controle → não recebe a intervenção: pode receber o tratamento placebo ou um tratamento já padronizado; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 - pode ainda existir mais de um grupo controle ou experimental⇒ assim, eles podem testar doses diferentes da mesma medicação; → a randomização precisa garantir as mesmas chances para todos os participante → isto é, não pode haver nenhum viés de escolha entre os participantes para ver quem vai ser do grupo experimental e receber a medicação, ou quem vai participar do grupo de controle e receber apenas o placebo⇒ propósito de aumentar a homogeneidade dos participantes e aumentar a validade interna da identificação do efeito relacionado com a intervenção; → randomização através de sorteio; colocar número nos participantes, envelopes opacos com prontuário, etc; Ética: No geral, acredita-se que a intervenção seria mais benéfica do que apenas o placebo (mas ainda é um teste); - o que vai ser testado precisa apresentar mais benefícios do que algo que já está no mercado⇒ O principal desfecho deve ser o benefício; os tratamentos não podem ser alocados aleatoriamente para descobrir se um é mais nocivo que o outro. → não se pode avaliar desfecho negativo⇒ esse medicamento é mais tóxico do que outro vamos testar!⇒ NÃO; - Os participantes precisam compreender bem as consequências de participar do estudo, que podem deixar o estudo a qualquer momento = informações importantes do TCLE. - o participante precisa saber de tudo sobre o estudo e tem liberdade para deixar o teste quando ele quiser; - não pode haver exposição do paciente; sigilo também deve ser mantido em estudos; SOBRE TERMOS DE CONSENTIMENTO: Crianças menores de idade → Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). A forma da criança assinar vai ser diferente. O termo tem que estar em linguagem apropriada, e tudo relatado no termo, mesmo se a criança não souber ler. Não pode induzir também. → A criança aceitou, daí pede para o pai, que precisa de Termo de Consentimento. Precisa de termos diferentes para idades diferentes. ● TALE: antes dos 18 anos ● TC: depois dos 18 anos *Mãe adolescente, ela é responsável pelo bebê, mas precisa pedir o consentimento dos avós, que são responsáveis pela mãe. AMOSTRAGEM: Para um resultado representativo, precisam de um grande número de participantes; se a amostra for pequena, queima o estudo⇒ ensaio clínico custa caro e precisa de muitas pessoas; - MULTICIÊNTRICO: Ensaios clínicos são uma forma de superar o problema da capacidade de generalização; amostra contida em diferentes locais, com objetivo comum. - Os critérios para ingressar no ensaio clínico são simplificados, de forma que a maioria dos pacientes que desenvolvem a condição sob estudo é elegível. CEGAMENTO: - realizado para minimizar vieses; JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 O cegamento pode acontecer em quatro níveis: 1. Alocação dos pacientes: às vezes o placebo funciona no grupo, pois ela acha que funciona no grupo. Cegamento das pessoas → não sabem se estão recebendo vacina ou placebo. 2. Randomização pacientes: quem organiza, pacientes, pesquisadores, quem aplica o medicamento. Apresentação do medicamento exatamente igual. 3. Clínicos 4. Aferição: tudo é cego. - Em estudos sobre fármacos, o cegamento é frequentemente possível por meio do uso de placebo - Já nos casos de efeitos de cirurgia, radioterapia, dieta ou organização do cuidado médico, o cegamento dos pacientes e de seus médicos é difícil, senão impossível. - Quando utilizamos placebo, as características precisam ser idênticas a intervenção ⇒ evitar vieses. SEGUIMENTO: Perda de paciente durante o estudo → desistência, morte, mudança de localidade; vai geral um percentual de perdas durante o cálculo amostral; O seguimento de alguns participantes pode ser perdido no decorrer do estudo; sendo assim → não há possibilidade de computar seus desfechos na análise final dos resultados; - vai ocasionar um desequilíbrio entre os grupos controle e experimental; o que vai produzir um certo viés; - pode perder pessoas dos dois grupos; é imprevisível durante o período do estudo; Eficácia e Efetividade: Ensaios clínicos de eficácia: o tratamento funciona sob condições ideais⇒ a maioria dos ensaios clínicos randomizados é delineada dessa forma; as pessoas tem que seguir a risca todas as restrições e orientações para que dê certo⇒ exemplo: se o estudo orientar que a pessoa pratique exercícios físicos, não beba álcool, não fume, etc. a pessoa precisa seguir a risca; Ensaios clínicos de efetividade: o tratamento funciona sob condições habituais⇒ mundo real; ⇒ Os ensaios clínicos de eficácia costumam preceder os ensaios clínicos de efetividade. - Eficácia tem validade interna muito forte; pois tem condições ideais para testar, mas tem pouca capacidade de generalização, não tem como levar isso para outras pessoas. Superioridade, Equivalência e não Inferioridade: ● SUPERIORIDADE: buscam estabelecer que um tratamento é melhor que o outro que já tem (Ex. medicamentos novos). ● EQUIVALÊNCIA: visa estabelecer que duas intervenções são suficientemente similares em termos de eficácia (Ex. aprovação regulatória de medicamento genérico). Tem que fazer teste de bioequivalência. ● NÃO INFERIORIDADE: a questão mais importante é se o tratamento não é menos eficaz do que outro. Ex.: cápsula em gel é melhor? JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 → Não inferioridade: Um exemplo típico é quando uma nova medicação é mais segura, mais barata ou mais fácil de administrar do que a estabelecida e seria, portanto, preferível caso tivesse a mesma eficácia VANTAGENS: - Considerados estudos padronizados de excelência para avaliação dos efeitos de uma intervenção. - Se forem bem delineados, com amostras grandes e randomizadas, bem conduzidos e analisados podem promover a mais forte e direta evidência acerca da eficácia de um tratamento. - Muitos cuidados para desenvolver o estudo DESVANTAGENS: - São estudos difíceis de se realizar pelas questões práticas, econômicas e éticas envolvidas. - Dificuldade em recrutar o número suficiente de participantes com o desfecho de interesse. - Médicos e participantes podem ficar relutantes em aceitar que a escolha do tratamento seja decidida por pesquisadores por meio da randomização. - Tempo muito longo de condução (no caso de doenças graves como câncer). − Custo, dinheiro − Perda de seguimento − Recrutarparticipante MEDIDAS DE EFEITO: ● RRR: redução relativa do rico⇒ é uma medida que compara o risco relativo de um evento entre os grupos de intervenção ● RAR: redução absoluta do risco⇒ representa a diferença absoluta entre as taxas de eventos nos grupos de intervenção → compara uma taxa e a outra. ● NNT: número necessário para tratar: é uma medida que indica quantos pacientes precisam receber a intervenção para prevenir um evento adicional em comparação com o grupo de controle. Exemplo em aula: Um estudo clínico randomizado foi realizado para comparar a eficácia de duas intervenções (Pérola e Topázio) na prevenção de doenças cardíacas em uma população de alto risco cardiovascular. O estudo incluiu 1.000 participantes com fatores de risco, como hipertensão, colesterol elevado e histórico familiar de doença cardíaca. Resultados do Estudo: ● Pérola (Intervenção): Entre os 500 participantes que receberam a Pérola, 20 desenvolveram doença cardíaca durante um período de acompanhamento de 5 anos. ● Topázio (controle): Entre os 500 participantes que receberam a Topázio, 40 desenvolveram doença cardíaca durante o mesmo período de acompanhamento. JÚLIA TEOBALDO OSASCO, 2023 INTERPRETAÇÃO DESSE RESULTADO: RRR = Isso significa que Pérola reduziu o risco de desenvolver doença cardíaca em 50% em comparação com Topázio (avaliou eficácia da intervenção). RAR = Isso significa que Pérola reduziu o risco absoluto de desenvolver doença cardíaca em 4% em relação à Topázio (eliminação de um total de 4% desses eventos). NNT = Significa que, em média, para prevenir um caso adicional de doença cardíaca, 25 pacientes precisam receber Pérola em vez da Topázio (proporção 1 para 25).
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