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1 Pedro Santos - Dermatologia RESUMO DERMATOLOGIA DOENÇAS INFECTO PARASITÁRIAS HANSENÍASE Mycobacterium leprae (1873). “Bacilo de Hansen” Bastonete reto ou ligeiramente encurvado, visto isolado ou em “globias”. Parasita intracelular obrigatório. Bastonete álcool-ácido-resistente (BAAR): cora em vermelho pela fuccina e não descora pelo álcool/ácido. Afinidade: células do tegumento e nervos. Única bactéria neurotrópica. Não cultivável. Desenvolve-se a 36°C e localiza-se nas regiões mais frias do corpo; No meio ambiente, após 7 dias, somente 1% permanecem viáveis; Viabilidade de secreções nasais de multibacilares: até 9 dias. Já foi encontrada em tatus e macacos. Em casos isolados, há evidências de correlação entre essas fontes e a infecção humana. Alta Infectividade e Baixa Patogenicidade. Epidemiologia OMS (2019): 202.256 casos novos da doença; Brasil: 2 país com maior número de casos; 2019: 27.863 novos casos. 2020: 17.979 novos casos. HANSENÍASE Período de incubação: 2-5 anos para paucibacilares e 5-10 anos para multibacilares. Fonte de infecção: doente multibacilar (Virchowianos ou Borderline), sem tratamento (HV, BV e BB). Transmissão Doente: elimina o bacilo pelas vias aéreas superiores e mucosas, principalmente. Pode também eliminar por hansenomas ulcerados, leite materno, urina e fezes. Contágio: será por via respiratória, pele e mucosas, desde que haja solução de continuidade. A mucosa nasal é a principal via. Após penetrarem na pele vão aos linfonodos e, caso a resposta imune seja ineficaz, para o sangue, pele, nervos ou vísceras. O papel de insetos como vetores de bacilos é discutível. Principal Fator De Virulência PGL-1: Glicolipídio fenólico 1. Exclusivo do M. Ieprae. Responsável pelo neurotropismo do bacilo e pela resistência a destruição pelo macrófago. Permite a sorologia IgM contra o PGL1 do M. leprae. Incidência maior em homens do que em mulheres, raro em crianças. A maioria da população tem imunidade celular específica contra o M.L.: hereditária e transmitida por um par de genes autossômicos. 2 Pedro Santos - Dermatologia Essa resistência pode ser avaliada pelo Teste de Mitsuda: injeção intradérmica de suspensão de bacilos mortos pelo calor. DEFINIÇÃO DE CASO DE HANSENÍASE Suspeita de hanseníase na presença de uma das seguintes características: a) Lesão (ões) cutânea (as) compatível (is) com hanseníase, apresentando alterações de sensibilidade (térmica, tátil e/ou dolorosa), ou área de pele com alterações de sensibilidade, mesmo na ausência de lesões cutâneas. b) Presença de espessamento de nervo (os) periférico (os). c) Baciloscopia positiva. SINAIS E SINTOMAS DE HANSENÍASE Manchas hipocrômicas ou avermelhadas na pele; Perda ou diminuição da sensibilidade na pele e/ou em lesões cutâneas; Dormência ou formigamento nas mãos e pés; Sensibilidade dolorosa nos nervos; Edema ou nódulos na face ou orelhas; Escoriações ou queimaduras indolores nas mãos ou pés; Espessamento de nervo (visível ou à palpação). CLASSIFICAÇÕES DA HANSENÍASE 1- OPERACIONAL Paucibacilar. Multibacilar. 2- MADRI PauciBacilar: Indeterminada. Tuberculóide. MultiBacilar: Dimorfa. Virchowiana. HANSENÍASE INDETERMINADA Mitsuda: + ou –. Baciloscopia negativa. Primeira manifestação da doença, dura de 3-5 anos. Máculas hipocrômicas ou eritêmato-hipocrômicas. Distúrbios da sensibilidade, sudorese e vasomotores. Maioria: única sensibilidade alterada é a térmica. Sensibilidade tátil preservada. Pode ocorrer hipoidrose e alopécia nas lesões. Se muitas lesões maculosas, limites pouco precisos e alterações de sensibilidade não intensas: sugerem evolução para MHT ou MHV. Diagnóstico Diferencial: Pitiríase versicolor, Eczemátide (Pit. Alba ou dartro volante), Nevo hipocrômico. Forma clínica não transmissível e curável sem sequelas. HANSENÍASE TUBERCULÓIDE Mitsuda fortemente +. Baciloscopia negativa. Paucibacilar. Tendência à cura espontânea. Placas eritematosas ou eritêmato-acastanhadas bem delimitadas, anulares. Únicas ou em pequena quantidade, sem tendência à ulceração. Distúrbios sensitivos acentuados nas lesões: Alterações da sudorese e vasomotoras, alopécia nas lesões. Lesões tuberculóides em raquete: pequenos nervos espessados emergindo das placas. Diagnóstico diferencial: Dermatofitose, LED, Esclerodermia em placa, Granuloma anular, sífilis, Alopécia areata, Sarcoidose, Necrobiose lipoídica. HANSENÍASE DIMORFA 3 Pedro Santos - Dermatologia Resistência imune celular intermediária. Reação de Mitsuda: discretamente + ou –. Instabilidade imunológica. Maioria dos casos de hanseníase. Quadro clínico semelhante à forma tuberculoide (BT), virchowiana (BV) ou equidistantes (BB). Vários troncos nervosos podem ser afetados, com maior incidência de mononeuropatias múltiplas. Estados reacionais mais frequentes nestes casos. HANSENÍASE VIRCHOWIANA Disseminação para pele, mucosas, vias aéreas superiores, olhos, testículos e nervos. Linfonodos, fígado, MO e baço podem também estar envolvidos. Lesões polimorfas, simétricas, xerodermia. Máculas com limites imprecisos evolui para placas infiltradas eritematosa, eritêmato- pigmentadas, mal delimitadas lesões sólidas: papulosas, pápulonodulares, nodulares (Hansenomas), placas. Pode haver: alopecia de antebraços, pernas e coxas e madarose. Pavilhão auricular espessado, com nódulos isolados ou em rosário. Fácies leonina, infiltração da face, preservando os cabelos. O comprometimento neural é múltiplo, simétrico e bilateral. Diagnóstico diferencial: Sífilis secundária, LTA cutânea anérgica, Lobomicose, LES, Xantomatoses, Neurofibromatose, Lipomatose, Linfomas cutâneos, Farmacodermias. MH - Lesões neurais Alterações inicialmente sensitivas: 1ª térmica 2ª dolorosa 3ª tátil. EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES Baciloscopia; Histopatologia; PCR; Sorologia; Ultrassonografia De Nervos Periféricos; Eletroneuromiografia. Baciloscopia Exame microscópico onde se observa o M. leprae em esfregaços de raspados intradérmicos das lesões hansênicas ou de locais de coleta padronizados: cotovelos, lóbulos das orelhas e joelhos. Apoio para o diagnóstico e acompanhamento do tratamento do MB. Critérios de confirmação de recidiva. Nem sempre evidencia o M. Leprae (paucibacilares), por isso: Baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da hanseníase Prova Da Histamina Testa a integridade dos ramúsculos nervosos da pele. Altera-se antes da hipoestesia térmica Na lesão hansênica não ocorre a tríplice reação de Lewis (eritema primário, eritema reflexo secundário e pápula): Prova incompleta Não realizar em lesões eritematosas. Outros Exames: 4 Pedro Santos - Dermatologia Sorologia IgM - Elisa ou testes rápidos: Anti-PGL1: Dosado no sangue, está elevado principalmente nas formas multibacilares. PCR para M. Leprae: no raspado dérmico ou no fragmento de pele: Alta sensibilidade e especificidade. Tratamento da Hanseníase 1- RIFAMPICINA 600MG, VO, dose mensal, supervisionada. 2- DAPSONA 100mg, VO, dose diária, auto- administrada. 3- CLOFAZIMINA 300mg, VO, dose mensal supervisionada + 50mg, VO, dose diária, auto- administrada. PAUCIBACILARES: 6 cartelas em até 9 meses de tratamento. MULTIBACILARES: 12 cartelas em até 18 meses de tratamento. *Importante: Se numerosas lesões e/ou extensas áreas de infiltração cutânea poderá haver uma regressão mais lenta durante o tratamento e, assim, necessitar de 12 doses adicionais de PQT-MB, completando então 24 doses.*Nunca se dá alta à um paciente multibacilar. Sempre se marcam retornos para monitorar recidivas. Reações Hansênicas Manifestações clínicas, cutâneas e neurais, decorrentes de alterações inflamatórias, agudas, consequentes a mecanismos imunológicos. Podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento Ocorrem em 30-35% dos pacientes. 1. Reação tipo I ou Reversa; 2. Reação tipo II ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH). São situações de urgência e podem gerar lesões neurais irreversíveis. Dor neuropática - Tratamento Dor neural persistente, sem atividade reacional e sem melhora com corticoterapia: 1. Tricíclicos: AMITRIPTILINA 25-150mg/dia. 2. Anticonvulsivantes: CARBAMAZEPINA 200-1200mg/dia. GABAPENTINA 900-2400mg/dia. 5 Pedro Santos - Dermatologia LEISHMANIOSE Leishmaniose Tegumentar Americana Doença infecciosa, não contagiosa, de evolução crônica, que atinge a pele e, ás vezes mucosas. Causa: protozoários do gênero Leishmania. Transmissão: picada de flebotomíneo fêmea infectado, o qual regurgita o parasita juntamente com a sua saliva. “Mosquito-palha”, “Birigui” Gêneros Lutzomyia e Psycodopygus. 3 Perfis Epidemiológicos 1) Silvestre: transmissão em áreas de vegetação primária (zoonose de animais silvestres) 2) Ocupacional ou lazer: associada à exploração da floresta e derrubada de matas para construção de estradas, extração de madeira, desenvolvimento de atividades agropecuárias, ecoturismo (antropozoonose). 3) Rural ou periurbana: em áreas de matas residuais ou periurbana, em que houve adaptação do vetor ao peridomicílio. Agentes Etiológicos L. V. braziliensis Agente mais frequente das formas cutâneas e mucocutâneas – cerca de 80% dos casos, no Brasil e América Latina. No Brasil ocorre em todas as regiões. Reservatórios: homens, roedores selvagens, marsupiais e animais domésticos. Formas clínicas dependerão: Do perfil imunogenético do paciente (resposta imune celular). Da espécie de leishmania: L.V.braziliensis e L.V. Guyanensis modulam resposta preferencialmente Th1 e L.L. amazonensis modulam resposta th2 LTA– Formas Clínicas 1) Leishmaniose Cutânea Localizada. 2) Leishmaniose Cutânea Disseminada Borderline. 3) Leishmaniose Cutâneo-Mucosa. 4) Leishmaniose Cutânea Difusa Anérgica. 5) Recidiva Cútis. 6) Formas Borderline. LTA Cutânea Localizada Mancha eritematosa no local da picada do mosquito, após um período de incubação de 2 semanas a 3 meses Evolui para uma pápula que, progressivamente, ulcera em um período entre 2 semanas a 6 meses Lesão típica: Úlcera geralmente indolor, circular, com bordas elevadas e infiltradas (em moldura), fundo com granulação grosseira e avermelhada, recoberto com exsudato discreto, seroso ou seropurulento. Tendência à cura espontânea em alguns meses (6- 15), deixando cicatriz atrófica e apergaminhada, pigmentação salpicada, mais intensa na periferia. Localizada nas áreas expostas da pele: MMII (42%), superiores (39%). Boa resposta ao tratamento. Diagnóstico Exame Parasitológico Direto: Raspagem por bisturi ou escovas, aspiração por agulha, imprint em lâmina de fragmentos excisados e lavagem da mucosa oral ou nasal. Colorações: Wright, Giemsa ou Leishman. Baixo custo e, se positivo, pode dar diagnóstico de certeza, e permitir tratamento precoce. Sensibilidade: 15-70%. Especificidade: próxima de 100%: o achado de amastígotas praticamente confirma o diagnóstico. Exame Histopatológico Varia muito conforme a forma clínica. Achados: reação granulomatosa não específica, com infiltrado inflamatório predominante de plasmócitos e linfócitos. Se úlcera típica: 95% dos casos: Biópsia na borda ativa da lesão e não no centro. Maior sensibilidade se uso da imunohistoquímica. Visualização de amastígotas não é fácil, principalmente em lesões crônicas. 6 Pedro Santos - Dermatologia Reduzida especificidade: pode confundir-se com histoplasmose ou toxoplasmose, bem como com artefatos. Cultura Sensibilidade: 40 a 75%. Especificidade: próxima de 100%, visualização da forma promastígota. Resultado em 2-3 meses: fins de pesquisa. Intradermorreação De Montenegro “Teste Cutâneo da Leishmania” Avalia a resposta de hipersensibilidade celular tardia. Consiste na injeção intradérmica de solução contendo preparado antigênico de Leishmanias obtidas de culturas. Pode levar até 6 semanas para positivar. Negativo na forma anérgica (LTA cutânea difusa). Pode ser negativo na LCDB e casos iniciais. Positiva em áreas endêmicas, sensibilização prévia, infectados assintomáticos, naturalmente resistentes, pacientes curados (permanecem reativos). Resultado positivo: pápula endurada maior ou igual a 5 mm após 48-72h da aplicação (face anterior do antebraço). Alta sensibilidade (85-97%), baixo custo e pouco invasivo. Especificidade: 75%. Reação cruzada: Doença de Chagas, Micoses Subcutâneas, Tuberculose e MHV. Testes Sorológicos Imunofluorescência indireta e ELISA. Reações cruzadas com doença de Chagas, Paracoccidioidomicose, Pênfigo Foliáceo, micoses profundas. Pode ser utilizada para o controle de cura: após o tratamento, espera-se que permaneça estável ou diminua. Aumento de seus títulos: possibilidade de recidiva. Biologia Molecular - PCR Possibilita a identificação das espécies relacionadas. Contras: Teste não disponível na maioria dos centros de referência. O paciente já pode estar curado (detecção de fragmentos do parasita). LTA – Tratamento Doença negligenciada de regiões pobres. Mínima atenção dos laboratórios farmacêuticos no sentido de buscar novas terapêuticas. Deve ser precoce para evitar deformidades e sequelas. GLUCANTIME: Ampolas de 5ml com 405 mg de Sb. (81mg/ml). Formas cutâneas: 10-20mg de Sb/kg/dia, IM ou EV, 20 dias. Formas mucosas: 20mg/kg/dia, 30 dias. Dose máxima: 3 frascos dia (15ml). Se não houver cicatrização após 12 semanas do término do tratamento, repetir a dose mais 30 dias. Alguns autores recomendam até 4-5 séries. EC: artralgia, mialgia, inapetência, plenitude gástrica, fraqueza, tontura e cefaléia. Elevação de ureia, creatinina, transaminases e FA. Alterações ECG: distúrbios de repolarização, alargamento do Q-T, bradicardia sinusal. Solicitar ECG, função hepato-renal. Outras opções Pentamidina: Segunda escolha. Falha ou Contra indicação ao antimonial: 4mg/kg IM em dias alternados, 5-10 doses. EC: nefro e hepatotoxicidade, hipotensão, hipoglicemia, hiperglicemia, alterações ECG, abcesso glúteo. Não usar em gestantes, diabéticos, insuficiência renal, hepática ou cardíaca, crianças < 8 kg. Anfotericina B desoxicolato: Bastante eficaz, indicado em formas resistentes aos antimoniais. Leishmanicida 1 mg/kg/dia, dose total 1-1,5g (cutânea), 2,5-3,0g (mucosa). Em pacientes com IRC diminuir para 50% da dose. Pode ser usada em dias alternados. Droga de escolha em gestantes. CI: Nefropatas, cardiopatas e hepatopatas. Anfotericina B Lipossomal mostrou melhores resultados por ser internalizada pelo macrófago, onde se encontram os parasitos, com menor toxicidade: alto custo. MILTEFOSINA 2,5 mg/ kg/dia de miltefosina 50 mg, por via oral, dividida em duas a três doses diárias, até o limite de 150 mg/dia (três cápsulas/dia), por 28 dias. 7 Pedro Santos - Dermatologia Paracocodiodomicose; Leishmaniose; Esporotricose; Cromomicose; Tuberculose Cutânea. 8 Pedro Santos - Dermatologia DERMATOVIROSES Herpesvírus Latência na células hospedeira por muitosanos. 1. Herpes simples vírus 1 (HSV-1): face, tronco. 2. Herpes simples vírus 2 (HSV-2): genitais. 3. Varicela Zoster Vírus (VZV) ou HHV-3: Varicela e Herpes Zoster. 4. HHV-4 Epstein Barr Vírus (EBV): Mononucleose infecciosa. 5. HHV-5 Citomegalovirus. 6. HHV-6: Exantema Súbito. 7. HHV-7: relacionado ao HHV-6, não associado a doença. 8. HHV-8: Sarcoma de Kaposi. HERPES SIMPLES Herpesvirus homini. Transmissão por contato pessoal. Penetração em mucosas ou soluções de continuidade. Pode ser transmitido por portadores sem lesão clínica. Liberado na saliva e secreções de indivíduos assintomáticas. 70-90% da população é portadora. HSV 1 Infecções não genitais (80-90%). - /+ crianças. Primoinfecção: 80-90% < 10ª. HSV 2 Infecções genitais (80-90%). Transmissão geralmente sexual. RN: durante o parto. Aumento na puberdade. Primoinfecção Sintomática: 1-10%. Assintomática: 90-99%. Período de incubação: 5-7 dias. Latente nos gânglios dos nervos cranianos/espinhais reativação migração pelos nervos periféricos pele/mucosas. Vesículas agrupadas sobre base eritematosa. Resolução: 5 dias. Reinfecção endógena (auto-inoculação) ou exógena. Recidivas Fatores desencadeantes: Exposição solar prolongada. Febre. Ansiedade. Trauma local. Imunossupressão. IVAS. Neuralgia do Trigêmeo. Dermoabrasão/ laser CO2. Cirurgias neurológicas e odontológicas. Menstruação. Quadro clínico: Vesículas agrupadas sobre base eritematosa ulcerações. Diagnóstico: geralmente, clínico. Tratamento Precoce: encurta duração e diminui intensidade do episódio. ACICLOVIR, VALACICLOVIR, FANCICLOVIR. Recidivas frequentes: profilaxia por 6m. Varicela / Herpes Zoster HHV-3 ou Varicela Zoster Vírus (VZV). Geralmente infecção na infância varicela. Disseminação hematogênica nervos periféricos gânglios nervosos latência por toda a vida. 9 Pedro Santos - Dermatologia VARICELA Primoinfecção pelo Varicela Zoster Vírus (VZV). Infância -/+ adultos imunocomprometidos. Transmissão aérea e por contato com lesões. Bastante contagiosa. Incubação: 2-3 semanas (15d). Clínica: Início: febre, mal estar, hiperemia de orofaringe, tosse seca. Máculas eritematosas vesículas sobre base eritematosa na pele e mucosa pústulas crostas. + tronco. Distribuição crânio-caudal. Evolução por surtos: lesões em vários estágios evolutivos. 1 sem: resolução. Infecção secundária é comum. Adultos: mal estar, febre alta, anorexia, cefaleia. Diagnóstico: Clínico. Tratamento: Sintomáticos; Antiviral em adultos ou imunocomprometidos. Vacina: 15 meses; 4 anos. HERPES ZOSTER + Comum em adultos e idosos. Precedido por neuralgia. Febre, cefaléia, mal estar e sensibilidade localizada. Intervalo dor – lesão cutânea: 1,5d no Trigêmeo e 3d no tórax. Pápulas eritematosas agrupadas vesículas pústulas 1 ou 2 dermátomos contíguos. Raramente ultrapassa linha média. Diagnóstico: Clínico. Tratamento: Antiviral em todas idades. Vacina a partir dos 50 anos. Epstein Barr Vírus HHV-4. Transmissão: saliva e secreções. MONONUCLEOSE INFECCIOSA Adolescência. Assintomática ou faringite com febre baixa. Adenomegalia 33%. Rara erupção cutânea (exantema). Erupção máculo-papulosa ou morbiliforme. ACRODERMATITE PAPULOSA INFANTIL Gianotti – Crosti. Benigna. Crianças 6-12 meses. Ap ou af atopia. Casos: infecção por EBV. Outro vírus (HEPA, HEPB, CMV, HHV-6, Rotavírus), Mycoplasma pneumoniae, Estreptococos beta- hemolíticos, vacinações. Pápulas individuais achatadas, eritematosas ou purpúricas. Coxas e nádegas braços e face. Assimétrica. Não acomete tronco e mucosas. Prurido. Duração: 2-8 sem descamação. Linfadenopatia persistente. Febre baixa. Pode ocorrer hepatite e hepatoesplenomegalia se associação com hepatite B. Sem tratamento específico. CITOMEGALOVÍRUS CONGÊNITA Hepatoesplenomegalia, icterícia. Anormalidades neurológicas, oculares e surdez. Cutâneas: lesões pápulo-purpúricas. 1 0 Pedro Santos - Dermatologia Óbito. Dano neurológico intenso. CITOMEGALOVÍRUS ADQUIRIDA Assintomática. Semelhante ao Mononucleose. Reação de hipersensibilidade à Ampicilina. Reativação imunossupressão: pneumonia, encefalite. Raras lesões cutâneas: úlceras genitais. Tratamento: GANCICLOVIR. Herpes Vírus Humano 6 (HHV-6) EXANTEMA SÚBITO Roséola infantum. Febre exantemática + comum < 2 anos. Pico incidência: 6-9 meses. Transmissão: saliva. Incubação: 10-15 dias Pode passar despercebida. Febre alta 3-5 dias oligossintomática. Febre exantema máculo-papuloso 1-2 dias. Pescoço e tronco disseminação membros e face. Sem descamação. Raras convulsões febris. Rara encefalite fatal (HHV-6 no LCR). Manchas de Nagayama: pápulas eritematosas no palato mole e úvula em 1/3 pacientes. Primoinfecção adulto = mononucleose. Tratamento: suporte. Casos graves: GANCICLOVIR. SARCOMA DE KAPOSI PAPILOMAVÍRUS HPV (Human Papilloma Virus). Única espécie que causa verrugas no homem. + de 120 tipos, diferenciados pelo DNA. Infecta epitélio escamoso: proliferação celular. Efeito + comum: verruga. Vírus fica protegido no interior das células. Pode ficar latente e ser reativado. VERRUGAS Proliferações epiteliais pele e mucosa. + crianças e adolescentes: 12-16 anos. Transmissão: contato direto ou indireto. Piscinas e praias (queratinócitos descamados). Necessário: solução de continuidade na pele / maceração. Auto-inoculável - 70% vv, 24% plantar, 3% genital. Período de incubação: variável, média 3m. Verruga vulgar: 1-6m. Verruga genital: 1-20m. Genital: quanto + antiga, - contagiosa. Imunidade: influencia na quantidade, extensão e resolução. VERRUGAS VULGARES Tipos: 1, 2, 4. + comuns. Pápula ou nódulo firme. 1 1 Pedro Santos - Dermatologia Superfície dura e queratótica com alças capilares trombosadas. + dorso das mãos, dedos e joelhos. Koebner +. Pode localizar-se abaixo de corno cutâneo. Crianças: resolução espontânea em 2 anos (65%). Tratamento: Eletrocoagulação. N2 líquido, laser CO2, Imiquimode. Ácido salicílico e láctico. Ácido nítrico fumegante. VERRUGAS PLANTARES Tipos: 1, 2, 4 Pouco salientes pela pressão do corpo. Área central tortuosa. Anel hiperqueratósico ao redor (olho de peixe). Pontos negros. Tratamento: Difícil. Eletrocoagulação + curetagem, exérese. Ácido nítrico fumegante. N2 líquido, Bleomicina, Imiquimode. VERRUGAS GENITAIS Condiloma Acuminado 75% HPV-6 - 25% HPV-11. Transmissão sexual em adultos. Lesões moles, eritematosas, alongadas, filiformes ou pedunculadas. Múltiplas. Assintomáticas. Desconforto, drenagem ou sangramento. Pode aumentar na gravidez. 2/3 casos: lesões acuminadas. Massas mal cheirosas pele vulvar/perianal. Papilomatosas ou hiperplásicas. Recidiva: 25% casos. Lesões mucosas: ficam brancas com ácido acético 3-5%. Crianças: raras. Infecção no canal de parto: pode se manifestar até 2 anos de idade. Tratamento: Eletrocoagulação. Imiquimode, ata 50-70%, N2 líquido, 5-FU, laser CO2. Vacina Anti-Hpv Cervarix: HPV 16, 18. Gardasil: HPV 6, 11, 16 e 18. 3 doses, intervalo 60-180d, meninas 9 a 14 anos; meninos 11 a 14 anos. Poxvírus MOLUSCO CONTAGIOSO Parapoxvírus. Maior vírus conhecido. Exclusivo da pele, raro em mucosas. Transmissão: contato pessoal. Transmissão sexual em adultos: área genital. Auto inoculável. + crianças, + atópicos. Pápula semiesférica séssil. Umbilicada. Assintomática. Dolorosa se infecção. Qualquer região da pele + tronco, membros e genital. Atópicos: área de eczematização envolvendo as pápulas. Imunodeprimidos: + lesões e maiores. Alguns casos: resolução espontânea 6-9 meses. Tratamento: Curetagem. Espremedura com pinça. N2 líquido, Hidróxido de Potássio, Imiquimode. 1 2 Pedro Santos - Dermatologia SARAMPO Paramixovírus Muito contagiosa. Crianças ou adolescentes. Contágio: contato ou inalação de partículas virais. Período de transmissão: 2d < até 4d > do exantema. Incubação: 1-2 sem. Quadro clínico Pródromo: febre, coriza, conjuntivite, tosse, linfadenopatia - 1-7d após: exantema morbiliforme face – descendente. Esmaece alguns dias - descamação fina. Sinal de Koplik: Pequenos pontos brancos discretamente elevados com halo eritematoso Mucosa bucal (molares). 48h < do exantema. Resolução: 10d. Complicações: rara. Tratamento: Sintomático Vitamina A em altas doses: diminuição morbi- mortalidade. Ig prevenção pós exposição. Vacina vírus atenuado: 15-18m. RUBÉOLA Vírus RNA. Família togaviridae. Transmissão: contato direto ou inalação. Benigna, exceto na gravidez. Período de transmissão: 5-7d < e 3-5d > exantema. Incubação: 2-3 sem. Quadro clínico: Febre moderada, cefaleia, conjuntivite, tosse, coriza. Exantema máculo-papuloso discreto face descendente. Sinal de Forscheimer: manchas eritematosas ou petéquias no palato ou úvula. Linfadenopatia generalizada: + occipital e cervical. Artralgia e artrite: + adultos. Raro: lesões purpúricas (trombocitopenia). Sd Rubéola Congênita. Retardo mental, catarata, surdez, microcefalia, cardiopatia congênita. Resolução: 1 sem. Tratamento: sintomáticos. DENGUE Vários vírus RNA: Flavivirus, Arbovirus. Epidemia: verão ou logo após chuvas. Transmissão: mosquito Aedes Aegypti/Albopictus. Picam durante o dia. Ovos podem permanecer viáveis por 1 ano. Transmissão: 1d < febre ou 6d >. Incubação: 2-7 dias. Virulência proporcional à velocidade de multiplicação no organismo. Den-1: > causador de epidemias. Vírus entra na corrente sanguínea baço, fígado, tecido linfático replicação nos macrófagos Mo: pode alterar produção de plaquetas Dengue clássica - + frequente Febre < 7 dias + 3 sintomas: febre, cefaléia, prostração, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária Lesões cutâneas: joelhos/cotovelos. Fase final: petéquias. Cura em 1 semana. DOENÇA MÃO PÉ BOCA Coxsackie A16 Enterovírus humano 71, coxsackievirus A5 e A10. Crianças < 10 ano. 1 3 Pedro Santos - Dermatologia Incubação: 3-6 dias. Quadro clínico: Febre moderada. Vesículas alongadas circundadas por halo eritematoso, pápulas. + dedos mãos (margens laterais e periungueais) Mucosa bucal. Formas monossintomáticas: só mãos/pés ou só na mucosa oral. Tratamento: sintomáticos. Micoses Superficiais PTIRÍASE VERSICOLOR: MALASSEZIA Tratamento: Antifúngicos tópicos/orais. Cetoconazol shampoo 2%/ Itraconazol 100mg 02 cp de 12/12h 07 dias. Terbinafina 250mg/dia 4 semanas. TINEAS/TINHA TINHA: CAPITIS, CORPORIS, CRURAL Tratamento: Tópico: Terbinafina/Fenticonazol. Oral: Terbinafina/Itraconazol/Griseofulvina. Tinea capitis: VO. ONICOMICOSES Tratamento: Tópico - Esmalte: Amorolfina. VO: Itraconazol/Terbinafina. CANDIDÍASE Tratamento: Tópico: Nistatina/Miconazol. VO: Fluconazol. 1 4 Pedro Santos - Dermatologia INFECÇÕES ESCABIOSE HUMANA Agente: ácaro altamente hospedeiro-específico, Sarcoptes scabiei var. hominis. Muito pequeno para ser identificado a olho nu. Ciclo de vida: 30 dias e se completa na epiderme. A cada dia, o ácaro fêmea pode gerar 30-90 ovos, que necessitam de aproximadamente 10 dias para amadurecer. Transmissão: contato íntimo pessoal ou sexual, ou indiretamente por fômites. Diagnostico Epidemiologia (prurido nos membros da casa ou contatos íntimos), a distribuição e o tipo de lesão O prurido intenso acentua-se, comumente, à noite e depois de um banho quente. Pode estar presente antes do aparecimento de qualquer outro sinal clínico. Lesões cutâneas são simétricas, envolvendo tipicamente as áreas interdigitais das mãos, face flexural dos punhos, axila, área retroauricular, cintura (incluindo umbigo), tornozelos, pés e nádegas. Tipicamente, pápulas eritematosas pequenas estão presentes, associadas a um grau variável de escoriações. Vesículas, nódulos indurados, dermatite eczematosa e infecção bacteriana secundária também são comuns. Tratamento 1. Permetrina 5% creme ou loção (Nedax plus): eficaz e atóxico. Crianças, adultos, gestantes e nutrizes. Passar à noite, lavar de manhã. 2 noites consecutivas. 2. Ivermectina 200μg/kg/dose: Adultos e crianças > 5 anos repetir tratamento após 2 semanas. Prurido pós tratamento persiste por algumas semanas Tratamento dos contactantes, mesmo que assintomáticos. PEDICULOSE DO COURO CABELUDO Piolho: inseto que se alimenta de sangue. Epidemia persiste e a resistência aos tratamentos habituais tem crescido. Crianças 3-11 anos: maior incidência; Meninas: mais comum. Couro cabeludo: Pediculus humanus capitis. Parasitas humanos obrigatórios. A fêmea vive em torno de 30 dias, período em que deposita 5-10 ovos por dia na cutícula dos fios capilares. A transmissão ocorre por via direta ou por fômites, como pentes, escovas, secadores, acessórios de cabelos, capacetes, roupas de cama e afins. Clínica: Prurido varia de acordo com o paciente Há vários indivíduos assintomáticos considerados carreadores Diagnóstico: achado de lêndea e/ou ectoparasita adulto no couro cabeludo Escoriação, eritema, piodermite e descamação do couro cabeludo e da região cervical posterior são comuns Menos comuns: febre baixa, irritabilidade, linfadenopatia e infecção secundária Tratamento 1. Todos os preparados tópicos requerem duas aplicações com 7-10 dias de intervalo, no intuito de: Eliminar todas as lêndeas que sobrevivam ao tratamento Evitar a crescente resistência que vem se desenvolvendo contra os pediculicidas Reduzir os riscos de reinfestações por fômites 2. Permetrina 5%: 1 5 Pedro Santos - Dermatologia Loções e formulações líquidas são preferíveis aos xampus. (baixa concentração inseticida 1%). Deixar por 10 minutos. Relatos de resistência 3. Ivermectina: Repetir tratamento após 10 dias. 4. Lêndeas devem ser removidas: solução de vinagre a 50% facilita remoção. TUNGÍASE Agente: Tunga penetrans. Pode ocorrer em qualquer indivíduo exposto à pulga. Tratamento Remoção da pulga e antissepsia. Casos generalizados: Tiabendazol 25mg/kg durante 10 dias. Prevenção: não andar descalço ou sentar no chão nas áreas endêmicas. MIÍASE CUTÂNEA Infestação da pele por larvas em desenvolvimento de várias espécies de moscas da ordem Diptera. Miíases Primárias (Larvas Biontófagas): a) Miíase Migratória: larvas do gênero Gastrophilus e Hypoderma, atacam a pele de bovinos e eqüinos, ocasionalmente o homem (Hypoderma): Não existem no nosso meio. b) Miíase Furunculóide (berne) causada pela Dermatóbia hominis. Miíase Secundária (Larvas Necrobiontófagas): a) Miíase das Ulcerações: larvas da Cochliomya macellaria (mosca varejeira). b) Miíase Cavitária: cavidade nasal, conduto auditivo e globo ocular e vias urinárias, causadas por larvas da Cochliomya hominovarax. c) Miíase Acidental: miíase intestinalocasionada pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas com ovos ou larvas de dípteros. Tratamento Miíase Furunculóide: Extração. Abordagens de oclusão/sufocamento: aplicação de vaselina, parafina líquida, cera de abelha, esmalte, óleo espesso, toucinho ou tiras de bacon sobre o orifício central. Após a remoção da larva, curativos antissépticos são indicados, bem como antibióticos nos casos em que infecção secundária estiver presente. Miíase Secundária: desbridamento e irrigação, a fim de se eliminar as larvas do tecido, ou remoção cirúrgica. Tratamento alternativo para todas as formas de miíase é a Ivermectina oral, que se mostrou útil nos acometimentos oral e orbital. Miíase pode ser porta de entrada para o Clostridium tetani e deve ser contemplada vacina para os indivíduos afetados. CIMIDÍASE OU CIMICIDÍASE Frequentemente reconhecidos em casas, hotéis e dormitórios Aumento da incidência: aumentos de viagens internacionais, imigração, alterações nas práticas de controle de pragas e desenvolvimento de resistência aos inseticidas Hábitos noturnos: Durante o dia, se escondem em fendas e sulcos, ou atrás da pintura da parede descascando, e se alimentam durante a noite Clínica: pápulas pruriginosas, eritematosas, edematosas, às vezes com um visível ponto hemorrágico central As picadas são muitas vezes observadas em grupos lineares de três (referidos como café da manhã, almoço e jantar). Tratamento Corticosteroides tópicos, anti-H. Eliminação de sulcos e fissuras e remoção de abrigos de morcegos e passarinhos. Inseticidas. 1 6 Pedro Santos - Dermatologia Repelentes de insetos. LARVA MIGRANS/DERMATITE LINEAR SERPIGINOSA, BICHO GEOGRÁFICO OU DE PRAIA, VERME DA AREIA Transmissão: contato com areia ou solo contaminado com fezes de cães ou gatos Ancylostoma brasiliensis (mais comum). Clínica: Lesões lineares, salientes, eritematosas, serpenteantes, pruriginosas pelo deslocamento das larvas na pele. Mais comum: pés, pernas, nádegas. Eonsinofilia pode chegar a 30%. Síndrome de Loffler: infestação intensa, invasão da corrente sanguínea, infiltrado pulmonar, eosinofilia. Tratamento 1.Albendazol 400mg, VO, em dose única. Em infestações maiores, repetir a dose após 24 e 48 horas. 2. Ivermectina, repetida após 7 dias 3. Tiabendazol 25mg/kg 5 dias 4. Caso a infestação seja mínima, por uma ou duas larvas, pode-se usar Tiabendazol tópico (pomada a 5%) por até duas semanas 5. Crioterapia na larva. PAEDERUS SP – “POTÓ” Estes besouros causam uma dermatite importante quando o animal é esmagado contra a pele (a região cervical é a mais acometida). As toxinas (pederina e outras) da hemolinfa do inseto causam placas e/ou lesões lineares bizarras, com eritema, edema, vesiculação, pústulas, crostas e exulcerações. As lesões clareiam após 10 dias, podendo deixar máculas hipercrômicas. Tratamento: lavagem intensiva e corticoides tópicos. Diagnóstico Diferencial: herpes simples, varicela zóster, dermatite de contato ou fitofotodermatoses. Bacterianas IMPETIGO Infecção cutânea comum, superficial e contagiosa; Staphylococcus aureus e estreptococos beta- hemolíticos do grupo A (Streptococcus pyogenes); Maior incidência abaixo dos 6 anos; Ambiente úmido e quente, má higiene, aglomeração, contato físico, imunodeficiências, rompimento de barreira cutânea; Tratamento: limpeza; Antibióticos: tópicos ou orais: betalactâmicos, cefalosporinas, penicilinas. FOLICULITES BACTERIANAS Inflamação superficial ou profunda do folículo piloso; Superficial – múltiplas pequenas pápulas e pústulas com base eritematosa e orifício folicular central; Profunda – grandes pápulas eritematosas, encimadas por pústulas, dolorosas, pruríticas e, eventualmente, com drenagem purulenta; Staphylococcus aureus é patógeno mais frequente; Fatores predisponentes: barbear ou depilar; antibioticoterapia, corticoterapia, imunossupressão, DM, obesidade, roupas 1 7 Pedro Santos - Dermatologia oclusivas, clima quente e úmido, inibidores do receptor do fator de crescimento epidérmico; Tratamento: limpeza, sabonetes antissépticos, ATB: Clindamicina, Sulfa+Trimetoprima, Minociclina. IMPETIGO DE BOCKHART Staphylococcus aureus; Forma mais comum de foliculite infecciosa superficial; Pápulas e pústulas foliculares eritematosas Couro cabeludo de crianças; área da barba, axilas e nádegas de adultos; HORDÉOLO Staphylococcus aureus; Foliculite superficial nas pálpebras; FURÚNCULO E ANTRAZ OU CARBÚNCULO Infecções foliculares profundas que se estendem para além do folículo; Staphylococcus aureus; FURÚNCULO Raro antes da puberdade; Principal fator de risco é história familiar positiva; DM, obesidade, má higiene, imunodeficiências; Predileção por áreas de fricção; Nódulo eritematoso quente, que se torna flutuante e drena pus; ANTRAZ. Infecção de vários folículos pilosebáceos próximos; Tratamento: higiene/limpeza, drenagem (flutuação), ATB: tópicos/orais. ERISIPELA E CELULITE Erisipela: Estreptococos beta-hemolíticos do Grupo A; Celulite: S. aureus, S progenies, Streptococcus do grupo A Sexo feminino; Face e MMII; Obesidade, DM, IVC, safenectomia, história de episódio anterior; Quadro Clínico Erisipela: Febre, calafrio, mal-estar e náusea; Área eritematosa com crescimento progressivo, quente, dolorosa, edemaciada e com bordas nítidas; Linfadenopatia regional e linfangite; Pernas e face; Quadro Clínico Celulite: Febre, calafrio, mal-estar e náusea; Área eritematosa com crescimento progressivo, quente, dolorosa, edemaciada e com bordas imprecisas; Linfadenopatia regional e linfangite; Face e MMII; Tratamento: ATB: Penicilina G Benzatina, Cefalexina, Eritromicina, Oxacilina. 1 8 Pedro Santos - Dermatologia CA DE PELE CA DE PELE MELANOMA CA DE PELE NÃO MELANOMA CÂNCER DE PELE NÃO MELANOMA 95% do total dos casos de câncer de pele; Os dois tipos mais comuns são o basocelular e o espinocelular; O carcinoma basocelular representa 71,4% dos casos de tumores malignos da pele. O carcinoma espinocelular responde por 21,7% dos casos de tumores malignos da pele. FATORES DE RISCO Radiação UV. Imunosupressão, incluindo drogas imunossupressores. Transplante de órgãos: CBC 5-10x; CEC 40-250x. Infecção HIV. HPV: subtipos 7,13,16 e 18. Radiação ionizante. Medicamentos: Azatioprina, ciclosporina, tracolimus. Agentes químicos: pesticidas, asfalto, psoraleno (com UVA), arsênico, coalhar. Tabagismo, etilismo. Carcinoma Basocelular CBC Parece originar-se da epiderme e dos folículos pilosos; Praticamente restrito a pele contendo unidades pilosebáceas; Sem lesões precursoras; Raramente dá metástases; Formas indolentes e formas agressivas; Carcinoma Espinocelular CEC 2º tumor maligno mais frequente na pele; Tumor cutâneo mais comum em transplantados; Potencial para metástase; Origina-se de proliferação atípica de células da camada espinhosa; QA é precursora, assim como leucoplasia, eritroplasia, radiodermite, úlceras e cicatrizes; Mutação no P53. CEC – In situ DOENÇA DE BOWEN Placa rosea a eritematosa, com bordas irregulares e bem demarcadas, com descamação ou crosta na superfície. Sexo feminino, acima dos 60 anos; Lesão única em 80 a 90% dos pacientes; PAPULOSE BOWENOIDE 1 9 Pedro Santos - Dermatologia Alterações histológicas do CEC in situ dentro de verrugas genitais; HPV 16 e 18, tb 31 a 35, 39, 42, 48, 51 a 54. ERITROPLASIA DE QUEYRAT Homens não circuncidados; Membranamucosa do pênis; Placa eritematosa, aveludada, brilhante, bem demarcada; Pode ter dor, prurido e sangramento local. CEC INVASIVO Pápula, placa ou nódulo eritematoso, queratósico, vegetante ou verrucoso; com ou sem ulceração; Lesões úmidas, macias e friáveis, com ou sem hiperqueratose, ulceração, hemorragia e necrose; Pele fotodanificada; Área de trauma ou cicatriz; Potencial para metastatizar; Diferentes graus de diferenciação; Diferentes subtipos histológicos; CEC – QUERATOACANTOMA Variante do CEC x Tu benigno. Nódulo acentuadamente circunscrito, crateriforme, com rolha queratósica central. Pode haver resolução espontânea – cicatriz atrófica. Cabeça e extremidades. Solitário, em idosos, em áreas de exposição solar. CRITÉRIOS DE RISCO CBC e CEC Tratamento Localização. Tamanho. Primário ou Recidivado. Bordas. Envolvimento perineural. Subtipo. Inflamação CR prévia. Crescimento rápido. Sintomas neurológicos. Grau de diferenciação. Profundidade. CBC e CEC – Modalidades de Tratamento Curetagem e eletrocoagulação Tu de baixo risco. Contraindicado: tumor de alto risco, Tu localizados em áreas não firmes e áreas de pelos terminais. Cirurgia Excisional CBC de baixo risco – 4mm de margem. CEC de baixo risco – 4 a 6mm de margem. Alto risco – margens amplas. MOHS (Cirurgia Micrográfica de MOHS) Tu de alto risco. Tu incompletamente excisado/recidivado. Crioterapia Tu de baixo risco. Pacientes com CI para cirurgia convencional e RT. Radioterapia Adjuvante. Invasão perineural extensa, profunda ou de grandes nervos. TU inoperável ou Margem cirúrgica comprometida ou inalcançável. Pacientes acima dos 60 anos e/ou com CI cirúrgica. CI – condições genéticas que predispõe ao câncer cutâneo, doenças do tecido conectivo, lesões em mãos e pés, no nariz, CEC recorrente previamente irradiado, em carcinoma verrucoso. 5FU Pirimidina fluorada antimetabólica – interfere na síntese de DNA. QA e CBC superficial, CEC in situ (off label). Imiquimode Induz citocinas inflamatórias. QA e CBC superficial, CEC in situ (off label). 2 0 Pedro Santos - Dermatologia Terapia Alvo - Vismodegib e Sonidegib. Bloqueia a via Hedghog – ligação ao Smoothened. CBC localmente avançado ou metastático. Imunoterapia - Cemiplimab CEC localmente avançado ou metastático. CARCINOMA DE CÉLULA DE MERKEL – CCM Carcinoma neuroendócrino primário da pele. Oncovírus Merkel cell polyomavirus (75 a 90% dos CCM). Nódulo cutâneo ou subcutâneo solitário, cupuliforme, vermelhoroseo ou violáceo, firme, de rápido crescimento, assintomático. DERMATOFIBROSSARCOMA PROTUBERANTE Sarcoma de crescimento lento, assintomático, localmente agressivo, de baixa malignidade, que raramente dá metastases; Adultos jovens a meia idade; Sexo masculino; Tronco, extremidades proximais, cabeça e pescoço; Placa cor da pele, endurecida nódulos violáceos a vermelho acastanhado; Lesão sólida e aderida ao subcutâneo; MELANOMA Incidência - EUA – 2015 Quinta causa de câncer no homem e a sétima nas mulheres. Se diagnosticado precocemente, apresenta taxas de cura acima de 90%. Prevenção Secundária. Detecção precoce Paciente: Orientação/Auto- exame/Campanhas Médico: Conhecer fatores de risco/Selecionar e monitorar pacientes de alto risco/Conhecer quadro clínico/Incorporar técnicas de diagnóstico precoce e monitoramento de pacientes de alto risco. Rastreamento Indicar acompanhamento especializado. Exame dermatológico completo anual de todos os familiares de primeiro grau. Primeiro exame deve ser realizado aos 10 anos (exceção: nevos congênitos) Gravidez e puberdade requerem maior atenção. Mapeamento corporal total. Fotodermatoscopia seriada. Diagnóstico clínico Dermatoscopia. Mapeamento corporal e dermatoscopia digital. Microscopia confocal. Diagnóstico clínico Relato do paciente. Exame dermatológico detalhado de todo o tegumento identificação de lesões suspeitas: Acurácia 65 a 80%. Presença de múltiplos nevos, nevos atípicos e Sd do Nevo atípico. Identificação de lesões suspeitas: regra do ABCDE clínico. ABCDE Baixa sensibilidade e especificidade (máx. 80% se realizada por especialistas). Baixa detecção de melanomas iniciais. 2 1 Pedro Santos - Dermatologia Útil para treino de médicos generalistas e público em geral. Mapeamento corporal e Dermatoscopia Digital Microscopia Confocal Exame não-invasivo. Imagens instantâneas em tempo real. Visualização das estruturas microanatômicas da pele in vivo. Resolução próxima à histopatológica (0,5 a 1μm) Cortes transversais: planos paralelos a pele. Profundidade máxima de 300 μm (derme papilar) Aplicações - Diagnóstico precoce do melanoma. Evitar exérese desnecessária de lesões benignas. Lesões com clínica e dermatoscopia inespecíficas. MELANOMA EXTENSIVO SUPERFICIAL Populações de pele clara - “de novo” ou de nevo pré-existente. Evolução de 1 a 5 anos. Pernas: + mulheres. Dorso alto: + homens. Idade: 30 a 60 anos. Mácula pigmentada irregular, crescimento progressivo, mudança de aspecto. MELANOMA NODULAR Segundo tipo mais comum - “de novo” ou de nevo pré-existente. Evolução rápida. Tronco e cabeça/pescoço. Idade média – 50 anos. Homens > mulheres. Nódulo ou pápula enegrecida, azulada ou amelanótica. MELANOMA NODULAR AMELANÓTICO 5% dos Casos Diagnóstico diferencial difícil: Angiomas, granulomas piogênicos, nevo de Spitz, CBC, Poromas Écrinos e CA de células de Merkel. MELANOMA - LENTIGO MALIGNO 4 a 15% dos casos. Face – nariz e região malar. Evolução longa – 5 a 15 anos Idosos – média 65 anos. Lesões planas pigmentadas, irregulares. Bom prognóstico. 2 2 Pedro Santos - Dermatologia MELANOMA ACRAL LENTIGINOSO É o menos frequente. Negros > Asiáticos > Brancos. Evolução lenta (média 2,5 anos). Região palmo-plantar e subungueal. Idade ao redor dos 60 anos. Pés é 3 a 10 x mais comum que mãos (áreas subungueais). Origem de novo. Mácula negra ou acastanhada. Superfície hiperceratósica / ulceração. ESTADIAMENTO T: PROFUNDIDADE > BRESLOW/NÚMERO DE MITOSES/ULCERAÇÃO. N: LINFONODOS: NÚMERO/CARGA TUMORAL/ LINFONODO SATÉLITE OU EM TRÂNSITO. M: METÁSTASES. TRATAMENTO EXCISÃO CIRÚRGICA. QUIMIOTERAPIA. IMUNOTERAPIA. PROGNÓSTICO 2 3 Pedro Santos - Dermatologia TRICOSES Fisiologia Ciclo Biológico Piloso Fase Anágena O folículo anágeno penetra mais profundamente na pele, no nível do subcutâneo. Papila gera sinais para células da matriz – proliferação e diferenciação celular. A matriz se mantém em atividade mitótica, produzindo continuamente o cabelo e a bainha radicular interna. No couro cabeludo tem duração média de 2 a 7 anos, com uma taxa de crescimento de aproximadamente 0,3 a 0,45 mm por dia. Aproximadamente 85 - 90% de todos os cabelos estão nesta fase. Fase Catágena Os melanócitos diminuem melanogênese e entram em apoptose. A matriz para de proliferar, se desprende da papila dérmica e se desloca. Fase Telógena Dura de 3 a 4 meses. Propedêutica Tricológica Avaliação Tricológica Teste tração suave. Teste do Puxão. Análise dos cabelos eliminados espontaneamente. Escala Visual. Avaliação da risca dos cabelos. Dermatoscopia (tricoscopia). Tricograma. Biópsia. Dermatoscopia A dermatoscopia a seco é útil para observar estruturas da superfície cutânea como cabelos, escamas e hiperqueratoses foliculares; Já a que utilizasolução de interface, é preferida quando se deseja analisar padrões vasculares e foliculares; Em couro cabeludos normais, notam-se unidades foliculares contendo de 2 a 4 cabelos terminais e 1 a 2 cabelos tipo vellus; Em fototipos maiores, podemos perceber uma rede pigmentada acastanhada no couro cabeludo, decorrente da fotoexposição. Dermatoscopia: Buscar estruturas sugestivas de algumas doenças: Pontos amarelos: alopecia aresta. Pontos brancos: alopecias cicatriciais Pontos pretos: tricotilomania, tinha capitis, alopecia aresta. Tricograma Exame pelo qual uma amostra de fios é extraída do couro cabeludo para analisar a quantidade de cabelos anágenos, telógenos e catágenos; Local ideal – doença em maior atividade; Cuidados antes da coleta: 4 a 7 dias sem lavar os cabelos/Escovar, pentear com frequência, umedecer ou prender os cabelos sob tensão deve ser evitado. Tricograma - Resultado e Interpretação: Normal 80 a 90% de anágenos normais. 10 a 20% de telógenos. Até 2% de distróficos. Causas de Tricograma Anágeno: Fisiológico, Tricotilomania. Causas de Tricograma Telógeno: Efluvio telógeno, AAG, AA, Má nutrição. Causas de Tricograma Distrófico: Radiação, AAG, AA, Doenças sistêmicas, Drogas, Deficiência nutricional. 2 4 Pedro Santos - Dermatologia Alopecias Diminuição da Densidade Capilar. Alopecias Adquiridas Não Cicatriciais Efluvios Telógenos e Anágenos. Alopecia Areata (AA). Alopecia Androgenética (AAG). Tricotilomania. De tração*. Cicatriciais Primárias Líquen Plano Pilar (LPP) e suas variantes. Pseudopelada de Brocq. ACC. Alopecia mucinosa. Queratose Folicular Espinulosa e Decalvante. Foliculites. Decalvante, Dissecante, Queloidiana, Necrótica. Dermatose Pustulosa Erosiva. EFLÚVIO TELÓGENO: NÃO CICATRICIAL Causa mais comum de queda de cabelo. Atinge couro cabeludo e corpo. Há perda de 25 a 35% dos cabelos do couro cabeludo. Sincronização dos ciclos foliculares em fase de queda. Múltiplos desencadeantes. Em 30% dos pacientes a causa não é identificada. Tricodínea em 30% dos casos. Causas Alopecia do recém-nascido Pós-parto ET crônico idiopático Pós estado febril Infecção Cirurgia Doença sistêmica crônica Endocrinopatias (hipotiroidismo) Dietas/desnutrição/inanição Stress psicológico Drogas: Suspensão de ACO Retinoides e hipervitaminose A Anticoagulantes (heparina) Antitireoidianos (propiltiouracil, metimazol) Anticonvulsivantes (fenitoína, ácido valproico, carbamazepina). β-bloqueadores. EFLÚVIO ANÁGENO: NÃO CICATRICIAL Agressão celular intensa ao folículo anágeno. Interrupção abrupta da queratinização produzindo fios com estreitamentos e fraturas. 90% dos folículos do couro cabeludo sofrem apoptose maciça de queratinócitos e melanócitos. A queda se inicia 1 a 2 semanas após o fator desencadeante. Alopecia total em 1 a 2 meses após início. Ciclofosfamida, doxorrubicina, busulfano, tiotepa, bleomicina, MTX, vincristina, vimblastina. ALOPECIA AREATA: NÃO CICATRICIAL 0,1 a 1,7% da população mundial. Homens e mulheres, em todas as idades. Fatores genéticos e ambientais. Doença autoimune órgão-específica mediada por célula T. Outras doenças autoimunes presentes em 15% dos casos de AA. Alterações ungueais em 10% dos casos. Pits, traquioníquia, onicomadese, lúnula avermelhada, onicólise, coiloníquia. Quadro Clínico: clínica variada Em placas Ofiásica Difusa Total Universal Incógnita Tratamento e Prognóstico Adultos com menos da metade do couro cabeludo acometido – corticoides intralesionais (triancinolona) podem ser realizadas; Crianças com acometimento localizado – corticoide, antralina e mxd tópicos; 2 5 Pedro Santos - Dermatologia Imunoterapia tópica com Difenciprona, ácido esquárico ou dinitroclorobenzeno são opções para casos extensos; Corticoterapia sistêmica está indicada em AA severa de início recente; Imunobiológicos, sinvastatina com ezetimiba, sulfassalazina e alguns tipos de energias luminosas tem se mostrado resultados variáveis; Remissão espontânea pode ser observada em até 80% dos pacientes no 1º ano; Início precoce, alopecia total ou universal, forma ofiásica e história familiar de AA apresentam pior resposta terapêutica; Pacientes atópicos apresentam mais distrofias ungueais e recidivas mais frequentes; ALOPECIA ANDROGENÉTICA (AAG)/ALOPECIA DE PADRÃO FEMININO (APF): NÃO CICATRICIAL Alopecia mais frequente nos dois gêneros. Aos 50 anos, 50% dos homens e 25% das mulheres. Acima dos 70 anos, 80% dos homens e 40% das mulheres. Incidência cada vez mais precoce. 10% dos meninos entre 15 e 17 anos. Pode ocorrer na infância e adolescência. Possível associação entre AAG, síndrome metabólica e risco cardiovascular. Miniaturização folicular progressiva. Término prematuro da fase anágena. Aumento de folículos quenógenos. AAG O Papel Dos Andrógenos – A miniaturização do folículo piloso por ação dos androgênios ocorre principalmente pela ação da DHT. Um possível mecanismo de miniaturização do folículo é a diminuição do número de células da papila por apoptose. O papel dos andrógenos na AAG feminina é pouco claro – APF. Quadro Clínico Início após puberdade. Mais exuberante quanto mais precoce. APM = recessão bitemporal simétrica, evoluindo com acometimento difuso do vértex. APF = rarefação e afinamento difuso com alargamento do repartido central, poupando a linha de implantação frontal. Piora após a menopausa. Diagnóstico Laboratorial: TSH/ Ferritina e VHS/ 25(OH). Em mulheres com manifestações clínicas de hiperandrogenismo, dosagens hormonais fazem parte da investigação e devem ser solicitadas de maneira individualizada; Tratamento Minoxidil 5%/Minoxidil VO. Finasterida. Dutasterida. Flutamida. Espironolactona. Ciproterona. TRICOTILOMANIA Tração repetitiva e incontrolável do cabelo, levando à rarefação perceptível. Pico de surgimento na infância. Sexo masculino aos 8 anos e feminino aos 12. Predominância feminina (5:1). As alterações capilares são todas decorrentes do arranchamento. Alopecia assimétrica, irregular, mal delimitada, de contornos bizarros, permeadas por fios de diferentes comprimentos. ALOPECIA DE TRAÇÃO: NÃO CICATRICIAL 2 6 Pedro Santos - Dermatologia Mulheres e crianças negras; Penteados com tração + fragilidade da haste; Sinal da franja presente em 85% dos casos; Próteses com fivela, cola ou trançadas aos cabelos podem levar à formação de áreas alopécicas nos pontos de implantação do aplique; Redução da densidade capilar, perda das aberturas foliculares, cilindroscapilares, inflamação perifolicular, com eritema e descamação peripilar, pústulas eventuais, hastes fraturadas em diversas alturas, pontos pretos e amarelos. Cicatriciais LÍQUEN PLANO PILAR - LPP Associada com outras formas de LP em 25%; Etiologia não é bem compreendida. Acomete mais frequentemente mulheres brancas. Processo inflamatório linfocitário se dá ao nível do istmo, destruindo as células germinativas foliculares. Quadro Clínico Placas de alopecia cicatricial em número, formato e tamanhos variados. Com bordas irregulares e pelos terminais esparsos permeando a área afetada. Isoladas ou coalescentes. Qualquer região do couro cabeludo. Eritema e descamação perifoliculares. Dor, ardor e/ou prurido. Tratamento Antimaláricos. Doxiciclina. Agonistas PPAR-gama (pioglitazona). Corticoides tópicos de alta potência. Infiltração com Triancinolona.ALOPECIA FRONTAL FIBROSANTE - AFF Acomete mais frequentemente mulheres em fase perimenopausa. Etiologia x: Desencadeante ambiental do processo auto- imune? Participação hormonal? Associação com APF? Quadro Clínico Alopecia da linha de implantação do couro cabeludo; Predominância na região frontotemporal; Alopecia de supercílios; Pápulas foliculares em face; Perda de pelos em axila, virilha e MM; Eritema e descamação peripilar e eritema difuso; Dor, ardor ou prurido; Fotossensibilidade. Tratamento Todos do LPP. Inibidores de 5-α-redutase. Imunomoduladores tópicos. LUPUS ERITEMATOSO DISCOIDE - LECC ALOPECIA CICATRICIAL SECUNDÁRIA. Lesões semelhantes as cutâneas; Eritema, infiltração, escamas aderidas e, às vezes, com espículas córneas, que penetram os folículos pilosebáceos e evoluem deixando área atrófica cicatricial; 2 7 Pedro Santos - Dermatologia Tratamento Tratamento tópico precoce mesmo em pacientes com tratamento sistêmico. Infiltração com Triancinolona 5mg/ml em toda placa. Clobetasol tópico. FOLICULITE DECALVANTE Doença inflamatória com provável participação de agentes microbianos; Placas de centro francamente atrófico e bordas com pústulas e crostas perifoliculares e cabelos em tufos de 5 ou mais fios terminais; Lesões se localizam com mais frequência no vértex e tem evolução centrífuga; AnatomoPatológico Intenso infiltrado inflamatório misto, com neutrófilos e plasmócitos; Ausência de folículos, intensa fibrose de toda a derme, retificação e atrofia da epiderme; Tratamento Antibiótico VO. FOLICULITE DISSECANTE Relacionada a um defeito de diferenciação de queratinócitos foliculares, com ou sem infecção bacteriana; Parte da tétrade de oclusão folicular; Homens adultos jovens; Nódulos abscedantes fistulizados com secreção de pus e sangue, com odor fétido; Tratamento Isotretinoina VO. ATB VO e/ou corticoide VO. FOLICULITE QUELOIDIANA Etiologia desconhecida; Homens negros; Pústulas e Pápulas queloidianas foliculares em região occipital e nuca; Tratamento Corticoide + Antibiótico tópico. Infiltração intralesional com Triancinolona, Criocirurgia, Cirurgia Convencional + Infiltração ou Betaterapia. 2 8 Pedro Santos - Dermatologia Farmacodermia Qualquer erupção medicamentosa. Sem provas laboratoriais padronizadas – dx pela anamnese. Incidência > idade. Exantema 45%. Erupções Urticariformes 27,5%. Eritema Fixo 9%. Eritema Multiforme 5%. Fisiopatologia 80-90% previsíveis. Ação farmacológica conhecida da droga – em bula. Indivíduos normais. Dose-dependente. Ex: efeitos colaterais, efeitos secundários, enterações medicamentosas. 10-15% não previsíveis. Não dependem da dose. Sem relação com ação farmacológica da droga. Pessoas suscetíveis. Ex: intolerância, idiossincrasia, alérgicas, pseudoalérgicas. Reações Não Imunológicas Previsíveis: Superdosagem. Efeitos colaterais. Distúrbio ecológico. Biotropismo. Reação de jarisch-herxheimer. Ativação do complemento. Liberação de histamina. Reações fotoquímicas. Desencadeamento ou exacerbação de doenças. Alt metabólicas. Discromias. Indução de neoplasias. Teratogenia. Não Previsíveis: Intolerância. Idiossincrasia. Alérgica. Pseudoalérgica. Fatores de Risco Pessoais: Atopia. Ocorrência e gravidade anafilaxia. Reações pseudoalérgicas. Ap ou AF alergia a drogas. Polimorfismos genéticos. Hepatopatias, nefrotais, SIDA. Mulheres. Drogas: Alto peso molecular > 10000. Capacidade ligação covalente com proteínas carreadoras. Via parenteral. Padrão de exposição. Pulsos frequentes e curtos risco sensibilização. ATB (betalactamicos e sulfamidicos), AAS, AINES, anticonvusilvantes, BB, ACO. Reações cruzadas: Drogas diferentes com o mesmo radical. Timerosal e Piroxicam: DC. Interações Medicamentosas: Drogas diferentes usadas simultaneamente. Interferem ação farmacológica de cada droga. Interferência excreção da droga. Probenecida, diminui excreção penicilina. Erupções Medicamentosas Clássicas PRURIDO Isolado ou associado. Pápulas eritematosas e escoriações. DD: escabiose. Drogas: heroína, ouro, sulfonamidas, ACO, opiácea, AAS, niacina. Tto: suspensa da droga + anti-histamínicos. Pode persistir 2 sem suspensão. EXANTEMAS 2 9 Pedro Santos - Dermatologia + frequentes 31-95%. Betalactamicos, sulfonamidas, alopurinol, anticonvulsivantes, quinolona, AINES. Imprevisíveis, indivíduos suscetíveis. Droga -> 4-14d ->eritema tronco, áreas de pressão e de trauma generalização. (Poupa palmas/plantas). Pode surgir suspensão da droga. Indivíduo sensibilizado: 1-3 dias. Maculas e pápulas rosadas, confluentes nas dobras edematosas, face. Pleomórfica: anular, policiclina, urtiga ou purpúrica. Febre, prurido, linfadenopatia. Desaparece 1-2 sem suspensão. Manifestação inicial: NET. ERITRODERMIA Disseminação quadro maculopapular. AAS, sulfassalazina, tetraciclina, gentamimcina, cetoconazol, captoprfil, anticonvulsivantes. 1-4 sem introdução. Descamação subaguda esfolia grandes lamelas. Descamação crônica esfoliação pequena. Distúrbios sistêmicos – barreira cutânea comprometida. Perda proteica e hidroeletrolíticas. Hipoalbuminemia. Hipotermia. Infecções. ERUPÇÃO FIXA MEDICAMENTOSA Maculas acastanhadas ou eritematosa, ovalada. Bolha central. Recorrência no mesmo local. Prurido, queimação ou dor. Região perioficial da face, genitais e acra. FOTODERMATOSES 8% farmacodermias. Fototóxicas (maioria): 5-20h droga. Fotoalergicas: 5-10d droga, UVB. Pode ultrapassar áreas fotoexpostas. Quinolonas, sulfas, tetraciclinas, prometazina, hidroxizine, itraconazol, amiodarona. FLUSHING Eritema temporário. Vasodilatação. Face, orelha, pescoço, tórax superior. ERUPÇÕES LIQUENÓIDES Topografia atípica. Extensas, simétricas. Ausência estrias Wickham. Raramente mucosas, pelos e unhas. Desaparecimento 1-4m suspensão. Antimaláricos, furosemida, ouro, captopril, metildopa, tiazídico, metformina, carbamazepina. PÚRPURA Geralmente acompanha outras reações a drogas. ERITEMA POLIMORFO Eritema multiforme. 50% AP de herpes simples. Crianças: micoplasma pneumonia, fungos. 3 0 Pedro Santos - Dermatologia Pirazinolonas, penicilinas, ampicilina, tetraciclina, sulfas, salicilatos, barbitúricos, anticonvulsivantes. Vacinas: difteria, tétano, Hep B, Varicela. Máculas, pápulas, vesículas, bolhas. Simétricas, polimorfas + acrais. Lesão em alvo: máculas eritematoso. Erupções medicamentosas GRAVES ANAFILAXIA Mesmas drogas da urticária. Broncoespasmo, sintomas rinoconjuntivais, angioedema de glote e queda PA. 30 min da ingestão da droga. Rara reação tardia. SD STEVENS-JOHNSON Reação hipersensibilidade mediada por células T. Necrose epidérmica disseminada > morte dos queratinócitos por apoptose. Máculas purpúricas disseminadas ou confluentes. Bolhas disseminadas. Lesões em alvo atípicos: dorso, mãos, palmas, plantas, face e tronco. Nikolsky +. Destacamento epidérmico < 10%. Drogas: sulfonamidas: sulfametoxazol. Anticonvulsivantes: carbamazepina, fenitoina, fenobarbital. AINES: oxicans. Alopurinol. Nevirapina. 4-28d droga. Lesões > 2 mucocas: enatema, edema, erosão, peseudomebranosa. Pode ser precedida por exantema morbiforme. 10-30%: febre, lesão TGI e respiratório. Mortalidade< 5%, sepse. NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA = SD DE LYELL Extenso destacamento da epiderme por necrose. Pródromo: Febre, dor de garganta, tosse, queimação ocular. > 1-3 dias: aometimento cutâneo-mucoso. Lesão eritematosa face e superior do tronco. Máculas eritematosas mal delimitadas com centro purpúrico. Disseminação crânio-caudal. Queimação ou dolorimento da pele. 2-5d: bolhas flácidas > confluência > ruptura > desnudação epiderme necrótica. Epiderme desnuda, sangrantes. Eritemato-purpurica. Niklsky +. Áreas não descoladas: enrugada, acinzentada ou pálida. Poupa couro cabeludo. 85-95%: lesões mucosas > precedem lesões pele 1- 2d. Sequelas oculares: sinéquias, cegueira. Desequilíbrio hidroeletrolítico. Perda protéica, anemia, leucopenia. Outras Erupções Medicamentosas Vasculite necrotizante (VCPV). Púrpura de Henoch-Schoenlein. Erupções Vésico-bolhosas. Alopecias e hipertricoses. Onicólise. Linhas de Beau. Alterações da Cavidade Oral. Alterações Pigmentares. Definição Urticária – padrão de resposta cutânea caracerizado por edema da derme superificial. Edema central circundado por eritema reflexo. Prurido (as vezes queimação). Natureza efêmera – 1 a 24 horas (lesão). Angioedema – padrão de resposta caracterizado por edema da derme profunda do subcutâneo e do TGI. 3 1 Pedro Santos - Dermatologia Edema pronunciado da derme profunda e subcutâneo. Prevalência da dor, pode não coçar. Acometimento frequente das membranas mucosas. Fisiopatologia Mecanismo essencial. Fisiopatologia essencial: degranulação de mastócistos: grânulos jogados no extracelular. A degranulação dos mastócitos promove a liberação de mediadores preformados e geração de novos metabolitos derivados de lipídeos: principal histamina. Possíveis estímulos imunes e não imunes da degranulação mastocitaria. URTICARIA ESPONTÂNEA – AGUDA Principais causas: Idiopática 50%. Alimentos – frutas, frutos do mar, castanhas, condimentos, chá, chocolate, laticínios 1%. Drogas – AAS, AINH, Codeína, Morfina, antibióticos (penicilinas e sulfonamidas). Hemoderivados. Radiocontrastes. Infecções virais, doenças febris. Picadas de abelhas e vespa. URTICÁRIA ESPONTÂNEA – CRÔNICA 30% dos pacientes com urticária. Maioria idiopática. 27% - possuem AC antitireoide e 19% função tireoidiana anormal. Infecção pelo H. pylori – pode estar relacionada. Infecções dentárias – mecanismo de associação indefinido. Alimentos – causa de reações pseudoalérgicas: Peixes (atum, sardinha, anchova), queijos, salame, linguiça, tomate, vinhos e cervejas. Aditivos alimentares. Urticaria Induzida DERMOGRAFISMO. Urticas surgem em 1 a 5 min após estimulo mecânico. Quadro é pior à noite. O simples (não sintomático) ocorre em 5% das pessoas normais, considerado resposta fisiológica exagerada. ANGIOEDEMA Sem urticárias (10%). Pode haver sintomas gastrointestinais e respiratórios. Maioria das vezes idiopático. Reações a medicamentos: AINH. Radiocontrastes. IECA. Pode surgir até 1 ano após o início do uso. Tratamento Orientações – tto não farmacológico. Remover causa identificada. Reduzir stress emocional, exposição ao calor, ingestão de alcoólica. Evitar AINH, AAS, codeína e morfina. Se angioedema, evitar IECA. Dietas com baixo teor de pseudoalergenos – 2 a 3 semanas. Dietas de exclusão (apenas se anamnese sugerir nexo causal) – corantes, conservantes, salicilatos. Loções refrescantes.
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