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Direito internacional FMU I

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20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 1/15
Olá! Neste roteiro de estudo, você terá a oportunidade de ler e de conhecer um pouco mais a
respeito da Teoria Geral do Tratados Internacionais. Serão abordados conteúdos acerca das
teorias monista e dualista, e suas diferenças; de conceito e natureza jurídica dos tratados, seus
elementos e fases de elaboração; além de suas estruturas e terminologias, e como se
extinguem.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:
assimilar a diferença entre monismo e dualismo;
re�etir sobre o conceito e a natureza jurídica dos tratados internacionais;
estudar as fases de elaboração dos tratados internacionais;
conhecer as nomenclaturas, os elementos e as estruturas dos tratados;
aprender sobre a extinção dos tratados internacionais.
Introdução
Vivemos em um mundo globalizado em que os Estados, pessoas e empresas são cada vez mais
interdependentes. Assim, com a intensi�cação das relações de troca, sejam comerciais, sejam
interpessoais, é necessário que haja normas válidas no plano internacional para regulamentar
as relações jurídicas.
Direito Internacional Público e Privado
Roteiro deRoteiro de
EstudosEstudos
Autor: Ma. Ianara Cardoso de Lima
Revisor: Alexandre de Jesus
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 2/15
Essas normas são, no estágio atual do desenvolvimento do Direito Internacional, os tratados
internacionais.
Assim, no presente roteiro de estudo, serão abordados temas relacionados à Teoria Geral dos
Tratados, como conceito e natureza jurídica, seus elementos, as fases de elaboração e os
modos de extinção. Além disso, serão estudadas, também, as teorias acerca da e�cácia dos
tratados em território nacional.
Monismo x Dualismo
O Direito Internacional Público é de�nido por Marcelo D. Varella (2019, p. 21) como o “conjunto
de regras e princípios que regula a sociedade internacional”. Por sua vez, a sociedade
internacional é composta dos sujeitos de Direito Internacional, em especial, os Estados e as
Organizações Internacionais.
Assim, pode-se dizer que o Direito Internacional Público regula as relações entre os Estados e
entre os Estados e Organizações Internacionais, estabelecendo normas que lhe serão aplicáveis
mediante manifestação de vontade.
Tais normas, por sua vez, impactam internamente nos Estados, in�uenciando a produção
legislativa doméstica, “cujos destinatários passam a sofrer os efeitos de uma escolha política
que se realizou no exterior das fronteiras estatais” (VARELLA, 2019, p. 33).
Sobre a e�cácia das normas internacionais em território nacional, existem duas teorias: o
monismo e o dualismo.
O monismo é fundamentado na premissa de que existe apenas uma ordem jurídica composta
por normas internacionais e internas, interdependentes entre si. De acordo com essa corrente,
as normas internacionais podem ter a sua e�cácia condicionada à harmonia de seu teor com o
direito interno e se pode exigir que as normas de direito interno não contrariem as normas de
Direito Internacional (ACCIOLY et al ., 2019).
Para o monismo, portanto, não é necessário que se transforme uma norma internacional, por
exemplo, um tratado, em direito interno. A partir do momento em que o Estado manifesta sua
vontade de se submeter à norma internacional, essa norma passa a ter e�cácia no território
nacional.
De acordo com a doutrina clássica, o monismo é uma teoria sobre a relação entre o direito
interno e internacional que admite a existência de apenas um ordenamento jurídico no qual
convivem as normas de Direito Internacional e de direito interno. Dessa forma, é perfeitamente
possível que haja con�ito normativo entre normas internas e internacionais, uma vez que
ambas coexistem.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 3/15
Para a resolução da antinomia, existem duas teorias: o monismo com primazia de direito
interno e o monismo com primazia de Direito Internacional. Na primeira teoria, não se admite
que qualquer norma que não tenha sido emanada do próprio Estado possa prevalecer sobre
uma norma estatal, por considerar a soberania do Estado absoluta. No entanto, a soberania
encontra vários limites no Direito Internacional, de modo que essa teoria não tem mais amparo
no atual estágio de desenvolvimento do Direito Internacional público. Já na segunda teoria,
quando há con�ito normativo, deve prevalecer a norma internacional, a qual, segundo a teoria
de Kelsen, está no vértice da pirâmide normativa.
Já o dualismo tem como premissa a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos: um
internacional e um interno. Para essa teoria, portanto, os ordenamentos jurídicos internacional
e interno são distintos e independentes entre si (ACCIOLY et al ., 2019).
Para essa corrente teórica, como o Direito Internacional rege as relações entre os sujeitos de
Direito Internacional, a manifestação de vontade de se submeter às normas internacionais, por
exemplo, os tratados, seriam apenas compromissos assumidos na esfera externa, sem a
capacidade de gerar efeitos no interior dos Estados (ACCIOLY et al., 2019).
Assim, ao contrário do que acontece nos Estados que adotam a teoria monista, para que uma
norma internacional tenha e�cácia no território nacional de um Estado que adota o dualismo é
necessário que essa norma seja domesticada, ou seja, que passe por um processo de
internalização; logo, o dualismo nega a aplicação imediata das normas internacionais.
Para a teoria dualista, então, existem dois ordenamentos jurídicos distintos e incomunicáveis: o
interno e o internacional. Desse modo, as normas internacionais somente produzem efeitos no
plano internacional, enquanto as normas internas produzem efeitos no território nacional. Para
que uma norma internacional passe a gerar efeitos em território nacional, ela depende de um
procedimento de domesticação; daí a conclusão de que um tratado não gera efeitos
automáticos no âmbito interno dos Estados, sendo apenas um compromisso perante a
comunidade internacional.
Como o pressuposto do dualismo é a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos, um
interno e outro internacional, que não se comunicam, as normas de Direito Internacional e de
direito interno, de acordo com esse entendimento, não coexistem e, portanto, não podem
entrar em con�ito. Pode-se concluir, assim, que a e�cácia de uma norma internacional no
território de um Estado é imediata quando o Estado adota o monismo, mas depende de
internalização quando o Estado adota o dualismo.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 4/15
Conceito, Natureza Jurídica dos
Tratados e Elementos Essenciais
De acordo com o art. 2, § 1º, letra "a", da Convenção de Viena de 1969, tratado signi�ca “acordo
internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer
conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que
seja a sua denominação especí�ca”.
Dissecando o conceito trazido pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969,
pode-se dizer que os tratados internacionais são acordos formais, �rmados por sujeitos de
Direito Internacional, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional Público,
com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no que concerne a temas de interesse comum
(MAZZUOLI, 2019).
Desse conceito, podem-se extrair elementos essenciais que con�guram um tratado
internacional, quais sejam:
LIVRO
Manual de Direito Internacional Público
Autores : Hildebrando Accioly, G. E. do Nascimento e Silva,
Paulo Borba Casella
Editora : Saraiva Jur
Ano : 2019
Comentário : a leitura do Capítulo 2.4 é esclarecedora quanto
às teorias monista e dualista, e aos re�exos que ambas
possuem no que se refere à e�cácia dos tratados no território
nacional.
Disponível em : Biblioteca Virtualda
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 5/15
a) Acordo internacional: a�rmar que os tratados são acordos implica reconhecer que está em
seu DNA a necessidade de que as partes que o celebram manifestem sua vontade de forma
livre e soberana. Assim, o tratado internacional pode ser de�nido como a convergência das
vontades dos sujeitos que o celebram. Nesse sentido, o conteúdo dos tratados é estabelecido
pelos próprios Estados e Organizações Internacionais, que devem consentir com o seu teor
(MAZZUOLI, 2019).
Logo, os tratados são a principal fonte de Direito Internacional e têm como princípio o livre
consentimento daqueles que dele participam, de modo que o tratado, por ser um acordo,
expressa a convergência das vontades soberanas de suas partes, sem a qual não há de se falar
em acordo internacionalmente válido.
b) Celebrado por escrito: os tratados internacionais são acordos formais e, por isso, adotam a
forma escrita. É isso que os diferencia dos costumes. Somente a forma escrita pode deixar
claro o objetivo a que as partes chegaram após a negociação, sem qualquer margem para
dúvidas (MAZZUOLI, 2019).
A celebração por escrito, destarte, é necessária para que se garanta maior segurança jurídica
em comparação com os costumes.
c) Concluído pelos Estados: os tratados internacionais só podem ser concluídos por entes
capazes de assumir direitos e contrair obrigações perante a comunidade internacional.
Atualmente, não são apenas os Estados que detêm essa prerrogativa, mas também
Organizações Internacionais, bem como pela Santa Sé, blocos regionais e, quando autorizados,
pelos beligerantes e insurgentes. Isso se dá em razão da própria evolução do Direito
Internacional (GUERRA, 2017).
Assim, embora a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 aponte que os
tratados são celebrados por Estados, o atual estágio de desenvolvimento do Direito
Internacional reconhece que outros sujeitos possuem capacidade internacional, como as
Organizações Internacionais, de modo que também podem celebrar tratados.
d) Regido pelo Direito Internacional: os acordos externos, para serem considerados tratados
internacionais, devem ser regidos pelo Direito Internacional; do contrário, serão classi�cados
como meros contratos internacionais. Logo, para que um instrumento seja considerado um
tratado internacional, deve obedecer aos procedimentos e às exigências formais estabelecidos
na prática internacional relativos à forma de celebração e vigência. Ademais, é importante que
se diga que os tratados não podem violar normas de jus cogens nem os princípios gerais de
direito ou de Direito Internacional (MAZZUOLI, 2019).
Assim, os tratados devem ser regidos pelo Direito Internacional. Caso um instrumento
internacional preveja a aplicação do direito nacional de um Estado, estaremos diante de um
contrato, e não de um tratado.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 6/15
e) Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos: o tratado pode
conter um ou mais instrumentos, o que signi�ca que, além de seu texto principal, pode haver
outros documentos associados ao tratado, por exemplo, anexos e protocolos adicionais
(MAZZUOLI, 2019).
f) Ausência de denominação particular: a palavra tratado se refere a um acordo regido pelo
Direito Internacional e é, portanto, gênero que incorpora várias espécies como convenção,
acordo, pacto, protocolo etc., existindo, assim, uma imensa variedade de termos utilizados para
se referir aos tratados, o que não interfere em sua validade (GUERRA, 2017).
Ao estudarmos o conceito de tratado internacional, chega-se à conclusão de que os tratados
têm como base fundamental a livre manifestação das partes, sendo a convergência dessas
vontades soberanas. Ademais, os tratados são elaborados em processo que não é rígido e foi
construído a partir do costume internacional, devendo ser escrito a �m de conferir segurança
jurídica e estabilidade, e, por �m, não possuem hierarquia entre si, posto que não há hierarquia
entre as fontes de Direito Internacional público, exceto no que se refere às normas de jus
cogens .
Depreende-se do conceito de tratado internacional e de suas características que, em razão do
princípio da pacta sunt servanda , a partir do momento em que um Estado manifesta sua
vontade de se submeter a um tratado, esse instrumento passa a ter caráter obrigatório,
vinculante, extrapolando o caráter político e com o condão de gerar obrigações no plano
internacional.
LIVRO
Curso de Direito Internacional Público
Autor : Sidney Guerra
Editora : Saraiva Jur
Ano : 2017
Comentário : com a leitura do Capítulo 3, você poderá
compreender e absorver melhor o conceito e as principais
características no que diz tange aos tratados internacionais.
Disponível em : Biblioteca Virtual da
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 7/15
Fases de Elaboração dos Tratados
O costume internacional solidi�cou o entendimento de que os chefes de Estado e Governo são
as vozes externas dos Estados com representatividade ilimitada para contrair obrigações
internacionais, o que signi�ca que possuem competência originária para celebrar tratados.
Essa competência pode, entretanto, ser delegada aos plenipotenciários, por meio de
instrumento autorizador, que é a carta de plenos poderes. Já o Ministro das Relações
Exteriores, nomeado pelo chefe de Estado ou de Governo, é presumidamente seu
plenipotenciário e também tem competência para celebrar tratados. Como já dito
anteriormente, os tratados são atos solenes. Para sua formação, portanto, é necessária a
observância de uma série de formalidades rigorosamente distintas e sucessivas.
A doutrina não é uníssona no que tange às fases de elaboração dos tratados, havendo autores
que dividem a elaboração desses instrumentos em três fases e outros que dividem em quatro.
Há, no entanto, consenso de que, para a sua realização, o tratado passa por negociação de seu
texto e engajamento dos sujeitos de Direito Internacional participantes. Sobre as fases, a
doutrina ainda as classi�ca em internas e externas: as internas são aquelas que dependem de
algum tipo de validação do Poder Legislativo estatal para validá-las, já as externas se realizam
diretamente pelo Chefe de Estado ou de Governo, ou por seus plenipotenciários.
Estudaremos aqui três fases pelas quais o tratado tem de passar até a sua conclusão:
a) Negociação: é a fase preliminar do processo de elaboração do tratado na qual as partes
discutem e estabelecem os termos do ato internacional. Nessa fase, os negociadores
constroem o texto do tratado, que será adotado ao �nal das reuniões (VARELLA, 2019).
Podem conduzir as negociações as autoridades competentes para concluir tratados, que não
necessariamente coincidem com o Chefe de Estado ou de Governo. Na prática, o mais comum
é que as negociações sejam conduzidas por funcionários que tenham plenos poderes para
representar o Estado – os plenipotenciários. No Brasil, o presidente tem competência (cf. art.
48, VII e VIII da CF), mas pode delegar a função (MAZZUOLI, 2019).
Na negociação, ocorre a adoção do texto. Por meio da adoção, o texto é revisado e se torna
imodi�cável.
b) Engajamento dos sujeitos envolvidos: existem duas formas de comprometimento dos
sujeitos de Direito Internacional em relação aos tratados: a assinatura e a rati�cação. Também
pode haver o engajamento total ou parcial (VARELLA, 2019).
A assinatura é o ato pelo qual os negociadores, ao chegar a um acordo sobre os termos do
tratado, encerram as negociações, expressam a sua concordância com o teor do ato
internacional, adotam e autenticam o seu texto. É um compromisso provisório (VARELLA, 2019).
Por meio da assinatura, o Estado concorda com o texto adotado.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=9209738/15
Em regra, a assinatura é apenas uma anuência preliminar que não vincula as partes a observar
os termos do ato, o que só ocorrerá a partir de uma aceitação de�nitiva, feita pela rati�cação, e
pela entrada em vigor. A assinatura, todavia, tem o condão de estabilizar o texto, impedindo
que os termos do tratado sejam alterados unilateralmente (MAZZUOLI, 2019).
As autoridades competentes para assinar o tratado são, em regra: Chefe de Estado, Chefe de
Governo e Ministro das Relações Exteriores. No Brasil, tem competência qualquer pessoa que
detenha a carta de plenos poderes (MAZZUOLI, 2019).
A rati�cação, por sua vez, é o ato discricionário pelo qual o Estado, após reexaminar o tratado
assinado, con�rma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu
consentimento em obrigar-se por suas normas, sendo a manifestação última de vontade de se
submeter àquela norma a aceitação de�nitiva (VARELLA, 2019).
Destaque-se que a rati�cação faz parte da fase interna de elaboração de um instrumento
internacional, dependendo, desse modo, da autorização do Poder Legislativo.
Cada Estado de�ne quem tem competência para rati�car tratados. No Brasil, a rati�cação é ato
privativo do Presidente da República, que antes deve ter a aprovação do Congresso Nacional,
conforme determina o art. 84 da Constituição Federal, a qual prevê quais atribuições são de
competência privativa do Presidente da República. Entre as competências relacionadas ao
longo dos incisos, está listada no inciso VIII a competência para celebrar tratados
internacionais.
No Brasil, em razão da adoção da teoria dualista, o tratado deve ainda ser promulgado por
decreto do Presidente da República, a ser publicado em Diário O�cial da União, para que tenha
e�cácia no território nacional (MAZZUOLI, 2019).
Ressalta-se que não há prazo para a rati�cação de um tratado e que ainda que um Estado ou
Organização Internacional não tenha participado das negociações ou não tenha assinado o
tratado, e mesmo assim quiser ser parte, poderá fazê-lo por meio de adesão, com a mesma
natureza da rati�cação.
Por �m, é necessário que se diga que, durante a fase de engajamento, as partes podem limitar
seu consentimento a parte do texto do tratado ou estabelecer que parte do texto seja
interpretado em determinado sentido, o que se faz por meio de reservas ou declarações
interpretativas, respectivamente (VARELLA, 2019).
A reserva é conceituada por Marcelo D. Varella (2019, p. 79) como:
[...] uma declaração unilateral, feita por um sujeito de direito internacional ao
assinar, rati�car, aceitar ou aprovar um tratado ou a ele aderir, com o objetivo
de excluir ou modi�car o efeito jurídico de certas disposições do tratado em
sua aplicação nesse Estado ou Organização Internacional.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 9/15
Portanto, a reserva é o instituto pelo qual um Estado exclui o efeito jurídico de pontos
especí�cos do tratado internacional, ou seja, reserva-se o direito de não se submeter a parte
especí�ca do tratado internacional. Trata-se de ato unilateral, formal, realizado no momento da
assinatura ou da rati�cação do tratado.
Já as declarações interpretativas são de�nidas pelo mesmo autor (VARELLA, 2019, p. 82) como
"manifestação unilateral do Estado ou da Organização Internacional, pela qual concorda com o
engajamento ao tratado, condicionando a que determinada parte do texto do tratado seja
interpretada de forma particular", ou seja, também são atos unilaterais do Estado, mas com o
condão de determinar uma interpretação especí�ca para uma parte do tratado.
Tanto a reserva quanto a declaração interpretativa somente são possíveis nos tratados
multilaterais, uma vez que implicam, na prática, a não aceitação de um ponto negociado
anteriormente, o que pode prejudicar a viabilidade do tratado bilateral.
c) Depósito, registro, publicação e entrada em vigor: o depósito do tratado é a comunicação
solene do ato de rati�cação ao órgão depositário, que �cará responsável pela guarda dos
instrumentos formais de rati�cação, reserva e declarações das partes em um tratado (VARELLA,
2019).
Já o registro é ato indispensável para a vinculação de um Estado ao tratado e é feito perante o
órgão competente; em regra, o Secretário Geral das Nações Unidas (VARELLA, 2019). Mazzuolli
(2019) aponta que o art. 80 da Convenção de Viena de 1969 determina que, após a entrada em
vigor, os tratados deverão ser remetidos ao secretariado das Nações Unidas para �ns de
registro, classi�cação e catalogação, bem como publicação. Já o art. 102 da Carta da ONU
determina que todo tratado concluído por qualquer um de seus membros deverá ser
registrado e publicado pelo secretariado-geral das Nações Unidas.
Essas medidas têm o objetivo de contribuir para a consolidação das normas de Direito
Internacional e dar publicidade ao ato para a sociedade internacional, evitando, ainda, a
celebração de compromissos secretos.
Por �m, há de se destacar que o tratado só gerará efeitos a partir de sua entrada em vigor e
isso acontecerá na forma e na data previstas no tratado ou conforme acordado pelas partes
negociadoras (VARELLA, 2019).
Marcelo D. Varella (2019) destaca que os tratados bilaterais somente entram em vigor após
ambas as partes o rati�carem, enquanto os tratados multilaterais raramente entram em vigor
para todas as partes ao mesmo tempo, em geral havendo, para isso, um escalonamento.
Quanto à entrada em vigor, portanto, os tratados bilaterais, em regra, vão entrar em vigor a
partir de sua conclusão. Já os tratados multilaterais, por terem muitos sujeitos envolvidos,
podem entrar em vigor para uns e estarem em fase de assinatura ou rati�cação para outros.
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 10/15
Terminologia, Estrutura e
Classi�cação dos Tratados
Os tratados são tradicionalmente estruturados em título, que indica o tema; preâmbulo, que
indica quem são as partes envolvidas e suas intenções; articulado, que contém o conteúdo do
tratado em artigos numerados; fecho, que indica a data e local da celebração, além do idioma
do tratado e do número de exemplares originais; assinatura dos representantes dos Estados; e
selo de lacre, armas e brasões das partes contratantes.
Assim, de acordo com autor citado, Mazzuoli (2019), o título indica a matéria que será abordada
pelo tratado; o preâmbulo indica as partes contratantes, bem como as intenções das partes em
relação à sua celebração, podendo, também, ser chamado de “considerandos”; o articulado é
sequência de artigos numerados em que �cam expressas as cláusulas de operatividade do
acordo; o fecho especi�ca o local e a data de celebração, o idioma em que está redigido e o
número de exemplares originais; a assinatura dos representantes das partes contratantes; e
selo de lacre e brasão das partes contratantes.
Já no que se refere à terminologia, a Convenção de Viena de 1969 traz a palavra “tratado” como
gênero. A doutrina, por sua vez, elenca uma série de espécies de tratados, cada um com
LIVRO
Direito Internacional Público
Autor : Marcelo D. Varella
Editora : Saraiva Jur
Ano : 2019
Comentário : a leitura do tópico 2 do Capítulo 2 é essencial para
que se entendam as fases de elaboração dos tratados
internacionais.
Disponível em : Biblioteca Virtual da
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 11/15
denominação própria e adequado a uma situação especí�ca.
No entanto, devemos ter em mente que o emprego desses termos não in�uencia o caráter
jurídico do termo conceituado pela Convenção de Viena, a qual determina que eles são
vinculantes independentemente de sua denominação especí�ca, além de serem escritos,
concluídos por sujeitos de Direito Internacional e regidos pelo Direito Internacional.
Alguns exemplos dessas denominações especí�cas, de acordo com Marcelo D. Varella (2019) e
ValérioMazzuoli (2019) são:
- tratado/convenção: ajustes solenes cujo objeto, �nalidade, número e poder das partes têm
maior importância por criarem situações jurídicas. Ex.: Tratado de Viena, Convenção de Paris.
- Carta: estabelece instrumentos constitutivos de organizações internacionais. Ex.: Carta das
Nações Unidas.
- Protocolo: designa a ata de uma conferência ou de um acordo menos formal do que o
tratado, em que �cam consignados os resultados de uma conferência diplomática. Ex.:
Protocolo de Kyoto.
- Pacto: tratados com importância política e que são mais especí�cos quanto à matéria de que
tratam. Ex.: Pacto de San José da Costa Rica.
- Acordo: designa tratados de natureza econômica, �nanceira, comercial ou cultural, podendo,
contudo, dispor sobre segurança recíproca, projetos de desarmamento, questões sobre
fronteiras. Ex.: Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).
Devemos lembrar que tratado é uma categoria ampla, um gênero que comporta várias
espécies como as citadas anteriormente. No entanto, embora a doutrina classi�que os diversos
tipos de tratado, na prática, há fungibilidade entre as espécies, sendo muito comum encontrar
uma categoria com sentido de outra.
Por �m, os tratados podem ser classi�cados quanto ao número de partes, quanto ao
procedimento utilizado para sua conclusão, quanto à sua execução no tempo e quanto à
estrutura da execução. A classi�cação quanto ao número de partes se dá em bilaterais e
multilaterais. Assim, serão bilaterais os tratados com apenas duas partes e multilaterais os
tratados com três ou mais partes (MAZZUOLI, 2019). Quanto ao procedimento utilizado para
sua conclusão, podem ser stricto sensu ou tratados em forma simpli�cada. Os primeiros são
aqueles em que se nota um procedimento complexo composto de duas fases
internacionalmente distintas: a primeira iniciada com as negociações, culminando com a
assinatura de seu texto, e a segunda que vai desde a assinatura até a rati�cação. Além desses
procedimentos internacionais, passam ainda por procedimentos internos, como aprovação
pelo Legislativo das partes e promulgação interna. Já os segundos são aqueles em que existe
apenas uma única fase – a assinatura. São, em sua maioria, tratados bilaterais, sem muitas
formalidades (MAZZUOLI, 2019). Quanto à sua execução no tempo, podem ser classi�cados
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=920973 12/15
como permanentes ou transitórios. Os transitórios são aqueles que perdurem no tempo, têm
sua execução feita de forma instantânea e imediata. São tratados criadores de situações
jurídicas estáticas, objetivas, a exemplo dos tratados que dispõem sobre cessão de territórios,
estabelecem limites ou fronteiras, ou transmitem bens. Em contrapartida, os permanentes são
aqueles cuja execução avança no tempo; incluem-se nessa categoria os tratados de
cooperação, de comércio, de extradição, de proteção dos direitos humanos. São compromissos
cuja execução não se consuma num dado momento, mas, ao contrário, perduram enquanto
estiverem em vigor (MAZZUOLI, 2019).
Por �m, quanto à estrutura de sua execução, são classi�cados como mutalizáveis, quando o
descumprimento por parte de alguma ou de algumas das partes entre si não compromete a
execução do tratado como um todo. Ou seja, a inexecução por uma das partes não impede que
o tratado seja executado pelas demais. São mutalizáveis quando não concebem divisão em sua
execução, de modo que, se alguma das partes não os cumprir, todas as demais sofrerão com a
sua violação (MAZZUOLI, 2019).
Extinção dos Tratados
LIVRO
Curso de Direito Internacional Público
Autor : Valério de Oliveira Mazzuoli
Editora : Forense
Ano : 2019
Comentário : é imprescindível a leitura da Seção I do Capítulo V,
cuja leitura é fundamental para a aprendizagem das
terminologias e da estrutura dos tratados internacionais.
Disponível em : Biblioteca Virtual da
20/06/2023, 20:06 Roteiro de Estudos
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Os tratados podem ser extintos por diferentes situações, a saber: execução integral, termo
�nal, consentimento mútuo, superveniência de condição resolutória, tratado posterior,
inexecução por uma das partes, mudança substancial das circunstâncias ( cláusula rebus sic
standibus ) ou ainda por denúncia unilateral, entre várias outras situações que incluem,
inclusive, a ocorrência de con�itos armados.
Entre essas hipóteses de extinção, chama a atenção a denúncia unilateral, de�nida como ato
pelo qual a parte anuncia sua intenção de se desvincular de um compromisso internacional de
que faça parte, desobrigando-se de cumprir as obrigações nele estabelecidas sem que isso
enseje a possibilidade de responsabilização internacional.
A denúncia é um ato com efeito ex nunc e pode ser total ou parcial. Quando é parcial, a parte
somente se desobriga de artigos especí�cos do tratado; porém, quando é total, a parte se
desvincula do tratado por inteiro (REZEK, 2018).
O art. 56, § 2, da Convenção de Viena de 1969 determina aviso prévio de 12 meses para a
denúncia, além de exigir que esta deverá ser feita por escrito. Nesse período de 12 meses, o
tratado continuará a produzir seus efeitos para o denunciante, gerando, inclusive, a
possibilidade de responsabilização pelo seu não cumprimento. Assim, a parte somente estará
livre do tratado após cumprido o período de aviso (REZEK, 2018).
Conclui-se, portanto, que a denúncia é ato unilateral do Estado por meio do qual ele se retira
do tratado como um todo ou deixa de se submeter a parte do tratado, ocorre após a assinatura
ou rati�cação e deve ser realizado por escrito com prazo de, no mínimo, doze meses de
antecedência, ocorrendo após a assinatura e/ou a rati�cação. No Brasil, o tema da denúncia
gera muitas discussões, uma vez que pode ser realizada pelo Chefe do Poder Executivo, sem
qualquer participação do Poder Legislativo ou vice-versa, visto que, de acordo com Francisco
Rezek (2018), o compromisso assumido com um tratado pode ser desfeito por qualquer dos
poderes que tiver competência para o �rmar.
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Conclusão
Como visto, os tratados internacionais são instrumentos solenes realizados por sujeitos de
Direito Internacional que criam normas vinculantes às partes que manifestam livremente sua
vontade de se submeterem às normas ali expostas.
Esses tratados passam, no geral, por três fases de elaboração e podem ter diversas
nomenclaturas distintas. Contam com elementos essenciais e podem receber diferentes
classi�cações.
Entretanto, sua e�cácia em território nacional depende da teoria adotada pelo Estado quanto
ao ordenamento jurídico internacional. Caso seja adotada a teoria monista, a e�cácia é
imediata; já se a teoria adotada for a dualista, a e�cácia dependerá da internalização da norma.
Assim, pode-se dizer que a conclusão do tratado, mediante a rati�cação, obriga a todas as
partes no plano internacional, produzindo todos os seus efeitos - interna e externamente, nos
Estados monistas, e produzindo apenas efeitos externamente nos Estados dualistas, �cando a
produção de efeitos no plano interno condicionada à domesticação da norma.
Por �m, no que tange à extinção dos tratados, muitas são as hipóteses que podem ensejar o
�m da norma, a exemplo da mudança substancial das circunstâncias, da ocorrência de um
LIVRO
Direito Internacional Público
Autor : Francisco Rezek
Editora : Saraiva Jur
Ano : 2018
Comentário : a leitura da Seção 7 do Capítulo 1 é essencial para
a compreensão das variadas formas de extinção dos tratados
internacionais.
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con�ito armado, da superveniência de uma condição resolutória, entre outros fatores,
destacando-se a possibilidade de denúncia unilateral.
Referências Bibliográ�casACCIOLY, H.; NASCIMENTO E SILVA, G. E.; CASELLA, P. B. Manual de Direito Internacional
Público . 24. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.
GUERRA, S. Curso de Direito Internacional Público . 11. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2017.
MAZZUOLI. V. de O. Curso de Direito Internacional Público . 12. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
REZEK, F. Direito Internacional Público . 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
VARELLA, M. D. Direito Internacional Público . 8. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.

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