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@LSTUDYMED 1 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo exame INSPEÇÃO O examinador poderá obter informações valiosas por meio da inspeção do coto velo. Sendo uma articulação subcutâ- nea, as alterações esqueléticas, o aumento de volume, a atrofia muscular e as cicatrizes são facilmente observados. A inspeção deverá ser realizada com atenção às regiões late- ral, anterior, posterior e medial. Lateral • Visualização do epicôndilo lateral e do ra- dio • Artrite reumatoide: Aumento de volume da articulação e atrofia muscular • Doença da cabeça do radio: preenchi- mento do recesso infracondilar, localizado logo abaixo do côndilo lateral do úmero, Anterior • Determinação do ângulo de carregamento (formado entre úmero e antebraço) com o antebraço em supinação e o cotovelo em extensão. • A causa mais comum de alteração do ân- gulo de carregamento é a sequela de trau- matismo ou a alteração da placa de cres- cimento. • A diminuição do ângulo de carregamento determina o “cúbito varo”, deformidade mais frequente. • O aumento no ângulo de carregamento determina o “cúbito valgo”. Posterior • Luxação do cotovelo: proeminência da ponta do olecrano • Visualização da Bursa olecraneana proe- minente e de nódulos reumatórides Medial • A inspeção do lado medial em geral ofe- rece poucas informações. • O epicôndilo medial é visível, a não ser em pacientes obesos. • Pode ser visualizada alterações como: hi- pertrofia do nervo ulnar (hanseníase) e sub- luxação na flexo-extensao Figuras. Inspeção lateral. Figura. Inspeção anterior: Angulo de carregamento: 10 graus homem e 13 graus mulher Figura. Inspeção anterior: Traumas e alterações da placa de crescimento podem provocar deformidades vistas anterior- mente no cotovelo. @LSTUDYMED 2 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo Figura. Inspeção posterior PALPAÇÃO A palpação do cotovelo inicia-se pela localização dos epi- côndilos lateral e medial, assim como pela ponta do olécrano. Esses três pontos, quando observados em vista posterior, de- verão formar um triângulo equilátero Figura. Palpação: epicôndilos e olecrano. Local Estruturas palpadas Lateral • Epicôndilo lateral • Origem da musculatura extensora do pu- nho • Complexo ligamentar lateral: consiste no colateral lateral e ligamento anular • Cabeça do radio • Se a pronossupinação for completa: ¾ da cabeca do radio é palpável Anterior • Na fossa cubital, limitada pelos músculos braquial e pronador redondo, existem qua- tro estruturas, que de lateral para medial são: • Nervo cutâneo lateral do ante braço • Tendão do bíceps • Artéria braquial • Nervo mediano. Posterior • Bursa olecraneana: encontra-se sobre a aponeurose do músculo tríceps e estará espessa e dolorosa à palpação quando houver processo inflamatório local. Medial • Nervo ulnar: situa-se em um sulco formado entre o epicôndilo medial e o pro cesso ole- craneano. • O nervo é suave, flexível e cilíndrico à pal- pação. Durante a palpação, devemos ob- servar se é possível deslocar o nervo de seu sulco. • O grupo muscular medial, que se origina no epicôndilo medial, é constituído por quatro músculos que são de lateral para medial: o pronador redondo, o flexor radial do carpo, o palmar longo e o flexor ulnar do carpo • Ligamento colateral medial: principal esta- bilizador do cotovelo em valgo, tem sua ori- gem no epicôndilo medial. Figura. Palpação lateral Figura. Palpação anterior @LSTUDYMED 3 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo Figura. Palpação posterior Figura. Palpação medial AMPLITUDE DO MOVIMENTO O cotovelo apresenta quatro tipos de movimentos, que são: flexão, extensão, pronação e supinação. A flexoextensão ocorre nas articulações umeroulnar e umerorradial, e a pro- nossupinação, nas articulações radioulnar proximal e distal. O examinador deverá avaliar o arco de movimento do coto- velo tanto ativo quanto passivo. Tipo Descrição Flexão • A amplitude normal da flexão é em média de 140° • Músculos envolvidos: braquial, bíceps, braquiorradial, pronador redondo e flexos ulnar do carpo Extensão • A amplitude normal da extensão é em mé- dia de 0° Pronação • O cotovelo deverá ser colocado em 90° de flexão, junto ao tórax, com o antebraço em rotação neutra e o polegar apontado para cima. • A amplitude normal da pronação é em média 75° Supinação • O cotovelo deverá ser colocado em 90o de flexão, junto ao tórax, com o antebraço em rotação neutra e o polegar apontado para cima. • A amplitude normal da supinação é em média de 80° Arco de flexo-ex- tensão funcional • O arco de flexoextensão do cotovelo, es- sencial para a realização das atividades diárias, é de 30° de extensão a 130° de fle- xão. Arco de prono-supi- nação funcional • Em relação à pronossupinação, é neces- sário, para a realização da maioria das atividades, que se tenha 50° em cada uma das direções. Para a maioria dos in- diví duos, a pronação é o principal movi- mento necessário para se alimentar, es- crever e utilizar computador; porém sua perda poderá ser compensada pela ab- dução do ombro. • Por outro lado, a limitação da supinação poderá comprometer a realização da hi- giene pessoal e a abertura de portas. Mo- vimentos do ombro não compensam a li- mitação da supinação. Figura. Flexão do cotovelo @LSTUDYMED 4 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo Figura. Extensão do cotovelo Figura. Pronação do cotovelo Figura. Supinação do cotovelo EXAME NEUROLÓGICO O exame neurológico compreende os testes que avaliam a força muscular do cotovelo, a integridade do suprimento ner- voso, a sensibilidade e a pesquisa dos reflexos. A força de ex- tensão do cotovelo, em geral, corresponde a 70% da força de flexão, e a supinação é 15% maior que a força de pronação. A avaliação clínica da força de flexão, extensão, pronação e supinação é realizada contra a resistência, estando o coto velo em 90° de flexão, junto ao tórax, e com o antebraço em rotação neutra. EXAME DA FORÇA MUSCULAR Flexão • A flexão é avaliada com o paciente em pé ou sentado, da maneira que lhe for mais confortável. • O examinador deverá manter o cotovelo junto ao tronco colocando sua mão sobre a face volar do antebraço, que deverá es- tar em supinação. • Dessa forma, deve-se oferecer resistência à flexão após essa atingir 45°. Extensão • O examinador deverá manter o cotovelo junto ao tórax e o antebraço em rotação neutra ou pronação. • Começando pela flexão máxima, solicita ao paciente que es tenda o cotovelo. A re- sistência à extensão deverá ser iniciada quando o cotovelo atingir 90°. • Deve-se examinar o lado contralateral, de modo a ter dados comparativos Supinação • A avaliação da supinação é feita man- tendo-se o cotovelo do paciente junto ao tórax e a outra mão do examinador sobre o dorso do terço distal do antebraço. • Em seguida, o paciente é instruído a iniciar o movimento da posição de pronação completa aumentando gradativamente a resistência à supinação Pronação • A pronação é avaliada, inicialmente, fi- xando-se o cotovelo do paciente ao tórax e a outra mão do examinador sobre o terço distal da face volar do antebraço. • O paciente iniciará a pronação a partir da supinação completa e a resistência au- mentará à medida que se inicia o movi- mento Figura. Flexão @LSTUDYMED 5 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo Figura. Extensão Figura. Supinação Figura. Pronação TESTES ESPECÍFICOS Teste Descrição Imagem Instabilidade em varo/valgo • A pesquisa da instabilidade em varo ou valgo é realizada com o cotovelo discreta- mente fletido, em torno de 15°, o que rela- xará a cápsulaanterior, além de retirar o olécrano de sua fossa. • A instabilidade em varo é pesquisada com o úmero em rotação interna completa e es- tresse em varo é realizado no cotovelo. • A instabilidade em valgo é pesquisada com o úmero em rotação externa, cotovelo fletido em 15°, e então estresse em valgo é realizado • Em varo: umero em rotação interna com- pleta • Em valgo: umero em rotação externa com- pleta Teste do pivo shift • Avalia a insuficiencia do ligamento colate- ral lateral • O teste é realizado colocando-se o ante- braço em supinação total, o examinador segura o punho do paciente e começando de uma posição de semiflexão realiza len- tamente a extensão, mantendo a supina- ção, realizando ao mesmo tempo estresse em valgo no cotovelo e mantendo força de compressão axial. • Esse teste, quando positivo, produzirá sub- luxação das articulações umeroulnar e umerorradial. @LSTUDYMED 6 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 14 | Exame físico do cotovelo Teste de Cozen • O teste específico para avaliação da epi- condilite lateral, “cotovelo do tenista”, tem a finalidade de reproduzir a dor experimen- tada pelo paciente. • Com o cotovelo em 90° de flexão e o ante- braço em pronação, pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examina- dor. • O teste será positivo quando o paciente re- ferir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora do punho e dos de- dos Teste de Mill • É realizado com o cotovelo em 90° de flexão e o ante- braço em pronação com a mão fechada, o punho em dorsiflexão e o cotovelo em extensão. • O examinador então forçará o punho em flexão e o paci- ente é orientado para resistir ao movimento. • A presença de dor no epicôndilo lateral será sugestiva de epicondilite lateral Teste para Epicondilite medial • O teste da epicondilite medial, “cotovelo do golfista”, tem a finalidade de reproduzir a dor experimentada pelo por- tador de alterações nessa localização. • O cotovelo é fletido, o antebraço mantido em supinação e o punho em extensão. • Em seguida, o cotovelo será estendido vagarosamente e se o paciente apresentar dor no epicôndilo medial será sugestivo de epicondilite medial ou, ainda, ocorrer dor ao realizar a flexão do punho contra a resistência REFERÊNCIAS Tarcísio E. P. de Barros Filho / Osvandré Lech - Exame ísico Em Ortopedia