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6. Estrut:ura anatômica da madeira Estrutura da parede celular No processo de divisão celular, a primeira membr.ana. de separação a apai::ecer entre o par de novas células é a la- mela média, composta principalmente de pectato de cálcio e magnésio, cuja função é unir as células umas às outras . Sobre esta-merpbrana acumulam-se posteriormente no_inte-:..- rior da célula microfibrilas de celulose, formando uma tra- ma irregular, que constitui a parede primária, dotada de grande elasticidâtfe~ Erta parede acompanha o crescimen- to da célula durante ã sua diferenciação. Concluído este processo, depositam-se junto à membrana primária micro- fibrilas de celulose, obedecendo a certa orientação, que destaca três camadas distintas, constituintes. da parede se- cundária da célula: a S1, S2 e S3• Paralelamente à deposição da parede secundária, tem início o processo de lignificação, que é mais intenso na lamela média e parede primária. Célu- las meristemáticas e a maioria das paren·quimáticas não são lignificadas e não apresentam parede s~cundária. Em muitas células, revestindo o lume, observa-se ainda uma 52 (;' I· camada veu_u~a. atril?uída à aderência de restos do proto- plasma. Uma observação minuciosa de seus detalhes estru- turais só pode ser feita com microscópio eletrônico. (Fi- gura 15.) Os elementos estruturais fundamentais da parede celu- lar são portanto a~ microfi:t>rilas, que estão embebidas em un:ia ~as~a !?~~ica _den?minada mJlJ.J:ix. Esta é composta prmc1palmente de pecuna e q_e_IJ).içelulo~e, e as microfibri- las, de celulose. As microfibrilas são por sua vez formadas por grupos de fibrilas elem;ntares, que encerram mais ou menos 36 cadeias de celulose~-Feixes de microfibrilas cons- tituem as lamelas da parede celular, visíveis sob microscó- pio ótico. (Figura 16.) A espessura da parede secundária varia consideravelmen- te entre as e~pécies e entieâs diferentes células. Esta pare- de é normalmente mais esQessa nos elementos celulares, cujas funções são mais mecânica~ e de· çondµção, do que nos que exerêem-prÍmordialmente função de armazenamen- to, podendo inclusive - como acima mencionado - fal- tar completamente nestes últimos. Na camada S3_de certas célúlas podem ocorrer espessa- mentos especiais como: • Espe~~q__m_gJJJ_o_em. _ _e,5.pir.al: sali~~ci~~ _ semelhéil!tes a um c~rdã~ fil).~ que çg11to.rna e~ir~~adªmente.oJume das cé- lula_s (Figuras 17, ponto D, e 44); exemplos: Pseudotsu- ga sp-Pinaceae~ Ilex sp-Aquif oliaceae etc., constituindo caráter de grande valor diagnóstico. Quando observados ao microscópio, os elementos celulares com esta caracte- rística apresentam um aspecto reticulado pelo efeito da transparência das seções delgadas da madeira. • Crassu/as ou barras de Sanio: barras horizontais localiza~_ das nas paredes_radiais dos _~~<!q~éóides_axiais (ver _Tr~- . queóides axiais) da maioria das gimnospermas, atnb_u~- das a um reforço da parede primária nas regiões ~m_-. nhas das pontoações. Exemplos: pínus (Pinus elh~ttll Engelm.-]:>i~aceae) e abeto (Picea abies (L.) Karst.-Pina- ceae) (Figura 17, ponto A). 53 ,, ...:--,~~--:::..-(1 V V "' V V 0 v O V .. •. 1 1 1 v ú ·· · 1 1 L . .' ·. ' 11 ' '-v : '., 1,1, l , \u ·• . ..., . ... 1 1 1 1 · ,•, 1 J " · · ~ . •' ' ',, 1 (... ·. :: 1 1 1 • 1 . " ·1 1 t ." ..J u · ... ' ' 1 I 1 1 , •• 1 .> .., , .. ··.; 1 1 1 1 1 ., " 1 1 1 I v :• : ·, 1 1 1 1 1 ' · " ' ' 1 11 '1 ov,., _' \ 1 1 '11' ,· ·.: 11 .. 1 ' 1 1 \, J '·: · ' 1 1 ' ' ,· '' ' 1 1 11 ' ' 1 " . '. J ' 1 1 1 .. 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Apud: Síau, 1971. 54 ' I' { . f~ ' ,. • \ ,\ Fibra í&olad11 do x ílema A LA MELAS l±100ÀI ~ e CAMADAS ., \ SJ parada M tund t r l a 13 . pareda pr lm t r1 1 lamal1 mtdoe fi b rl l aa ho aproalmado i eacala) - "- '- '"', ~ ,.", " , JI " ·- •• 1 - . 1 ~ ·•. ' , ·- ·-e D Figura 16 - Estrutura da parede celular. Ponte: Frey-Wyssüng. Apud: Dcsch, 1962. • /1~ 'c'w,,,,m..-.JtM ,'nhu ' "' 1,, ""'' '(\)li H \h'I ··t' -.; ' ht ' \ l\1\1 -~~ ,h1 t•~p,•~M\I\H' III ,,~ ll l\ \ 1 ~ " n, ,'\,~(\li\ "'' 1, 'Hlnl\\\" ' . "'" ''" '" l ' . ' d\ ,~ IUi ''''""'il\'01'~ ·• \ ~ ',, , t1chJ\1~ \l,l,'-~ n,h,1~ u,~.. 17 l1~Cch'i\\n,' l<'1t~H,'iH' t\,~ ' f~ I ..a ,.Hn\ . i ,,,,111,, H) . ,\)l\~N') ,l \ t t l ' :\ 1 ,'fl,,'ll""{'"'(\1/llft'f.\'{() ,,,,l''\\' • ' ' \IUl' \ ,, , ,, . ._ ,, ~l'\I I\,\\\\\'. l.l~tm\lS f(\~\,f\,.,,mtr-11r,'-.,' tlr,. rrml,'-.~) • 1,. d,, l'C\l 't',h_, \ t'\ 'irn,tt\, '" h,s 1 \l l 1, 11 ~ll\lhHhhhlrs 1 o\,, 1 1 ~· 1 ' , UhJ\H' , ' ~s ' ''" u,1,,s, 11,",s cs -;~, " ~' ,"? ",' n~ l''.~M' l\h'~ '' '" ,'(\\ tn s .il11\\\\lSl\('I 1111,~ '(,·~, ' ''"t,('d#,lf\\ 1 ( '-' /\ Ih>.,·) () íl~I'"' 'I , 1 1 \ 1 , . · · ,-, , l ns , ~"' 111 ns ,,,,,1(" Nt' I ''~' :,rnl <' 1 ~,~ ·ulin, 1 ~c-1\,h, 1'1" lss,, dC' tlll\lhlc lmp,H·tA,,~lu "'' , l' l\t t,,·n,.·éh, r d,~1111,•A,, li~ C" )li\\ ç~ \.'l~s •'\'''', 1,, li • 1 .a J•f , ' ' ' " '' •\•I CXC'I\\ 1 ,, \ \, tll"'I\C'I ,, ,w.,· (Hta,n'n 17, p,,nh, {') , <)\li''' c-~t I Ht \li 8 "'"" l\N \'C1t' N 1..''"' fu1h.lhh, ~011\ cspcssn• lll l' l\h.l ,l <.1 r,n, l'd~ t- Ll,' UN I rn bt ,·11 ln~, UII sd u, lmtTI\S dHth,,ld , \..' n~ de ,)\'\H 1 ~" "'"' és pou\dku l}\l t' N(I t'."ih ' 11dem nl nw~s dwi lu 111~s . de l11nn po, r llc tn111itc11dol ,, ,11111'1\ , Ot1u·1·c1111111 11,, r 1l\ ll,hu11\lspcrnn.t s \.'. \Hllú c 111 1w ~l u., pr 111rns é N\11\ mltlc, 11 11 fh> f\)I l'Ndn, cddll nf l' hole , À lk po~kt\o Jn pu, Cllc ~-r lulur 11 nu 11 \c' tll I'(' de r~mnu l'C t1\I ~ IM lHJ l011)1(0 do lntcrhH dus 1.:<' lulus, 11111 s sfh) dolxodos pnu ~ 1 ,,s d~ t.k~(OI H h, HidudéN: ti s /"'" ff 111p1,1,\ ' , \.' 11 ,\11 fUfü;l\O ~ cslu • lick~cl \.'UlUU!UL:u~füJ ~um a~ \'l.'111!.ll.í. ~ iil.lilfl. Dlsl I n,1 t1<.·m ,"'-C tJ,,I N I lpoP! bt\ r,kos de po11h,11\',1cR : tis slm1iloN e nN tu·eolu '-'"" · Purn fonnur umu ,,untoar,)o ar,•olod,1. o purcdc NCClll\ dr\rlu ,ic uf'ustu du 111caul>rn11u prlm1\1 lu . f'ormum.lo u111 nb11u• luruonto de formo i.:lr~ulur' Nobre II êUvldnllo du po11t oui.·ílu (\.'.nmorn dn poillôu\·Oo), dcixnndo 110 ~c111 ro <.1 os1 u sulleudn 11mu ttborturn (poro) , Hm muituN 1i l111110Nl)ot·111us , n 111em- hr IIIHl prlnuirln do r>OUIOU\'fiO sofre \llll cspONNUll1011t t) no ~entro (toro), o <ltaul ó ~usl duluuo por suus 11mlhus drcun• dunloN do110111i11uduH murw,v ou rctkulo de s11,~t onttt\'Ro (l "l- it" rus !, e IH). IJm ''º"' 011c·IJ<1,,· slm,,lt,s nl\o so vel'I l'lcu n fustn • 111,rnto du rncrubnrnu socua1<Jl\rlu. (l •'l~uru 18 .) As pon1<111~ôcN urct)ludus up1·cNcJ1tom ~n,ndo v1u·iu~t\o n10rt'o ló11lcu. Sou u~i>cclo, dlstdbul~Qo, cxt cm1ilo, profun- didudo e dcLOlhcs oNtruturnJs ,18111 uwilu huportaudu nn h.lcn- 1tfku\'60 do nmdch'ns. (f1ljurn 19.) • J i l 1 -'li ., t1• ,.. - ~ - \ 11 i ,"4: ' !,/ ' ' ,! \ - 1 j\ 1 \ .. 1 \ ~-\ .. ';;j~(l - ,. -.. \ .. ' " ~ \ ~~íl. ...., \ .. \ \ .,'\ ~4" . -( " i l /.'fMW11 I 7 ,,;.,,,,.,,,·,wm,,11ro,~ t~·,,edal.,· clu l'••rtdf' ,·dulilr: A - ( ·,•fls.tu· /u; li li"spt ,Hmu,,.to"'"''.'ri~-••'"" (\tlst,1 ''" J'rfrttt, ,lt p1rf l!): C - 1,1,,,tm·os r,,t,ws . l'hl\l i urlb,m, Mor,1,,~1•11111,·riat): I> -- I· .tp"s.w,- ,,,.,,,w.,· C1s11l1·11l11ilo.~ (ttlxo - T"xu:. bttvlt'o\111 Null . -1•""''"""). / 11 11/v .' /\ \' li : 11111\l i O~i l' ~ \l : lll l.' 1111~' • \~(I, /\s pont on~·u~s ijUL\rncdda:-. co"st h ucm ul\-h\ pc~n\iadda- dc e sl\o rcsultl\l\t cs de proJc\'.,õcs da parede sccunc\Min na d\murn ÜL\POl\tuu\t\o (Flllurn 20). Este t \po cspcda\ de pon• too~i\o orcolndn surge nus pl\rcdcs dos vnsos (ver Vasos) de dctcrminndus fumnins botânicas (exemplos: kgumino- 57 1 - . - - - - - - - - - · _ . - - - -r .... · 1 - - - . . . - I A e Figura/~' - Ponroaç~s: .-l - Ponioaç~ simple.s: B - Ponroaç õe.s areoladas. s.as e rubiâce.as) ou em certas espécies denuo de um gêne- ro, sendo portanto de grande valor diagnóstico . Estas estru- turas situam-se no limite do poder de resolução do micros- cópio ótico, devendo-se recorrer , sempre que possível, ao microscópio eletrônico para uma observação mais minucio- sa de seus detalhes morfológicos. Normalmente, à pontoação de uma célula corresponde outra pontoaçào da célula adjacente, formando um par de pontoações. Quando isto não ocorre, a pontoaçào é dita cega: A forma da descontinuidade da parede secundá- ria pode originar os seguintes tipos_de pares de pentaações constantes da figura 21. Pares de pontoações simples ocorrem por exemplo entre células parenquimáticas (ver Parênquima axia(); pares de 58 1 J j l .J 1 1 1 t J. ~ 1 -/ ' / ' I '\ I o \ 1 1 \ J '\ / '- / ....... __ ,,,. ,.,,,,.,-- - .... "\ :; / ~ ' \ -A ,--+ ...... I ' ~ 1 • . ' : H ' 1 ! ' '--' \ :,.'-! ' ' • t -.7í - ' ., ~ . ., ' -_/ .....,_,,_ - ~- A B e D - f "'" - ~ ~_: __ - -- --,, i :',-;J:,.~;---- r,r-_ ' :a e ~!-1--:.-=--:=-~ ~/~:-~~i_- - --~ G~ Fipua 19 - A lgun5 asptt:1os ~ po,rtoaçõa areoladm · _-4. B. C. D - Trpos niria.dos eh p<>ruo,açi>õ areoladas 1--imzs de _frouL A . .! lir.b cra~ada..5 in.diazm porç:i>õ do ptU ~ ~ 0ttbebidr-. 1 »- r ed~ ,celular ou n,o !.ado da~ m1m affZSIOtlo do ob~ L F - Dia.gnzma mo.suando a .f omw d.as etrridlMks th um ptU ~ por,- coações..· as a.buwra:s iruunas sã.o m, forma eh fmdszs. as~ ~ ciunara:s em f arma de cúpulas achJnadas, o.s ctmlli:s ~O--:IJ72r..:l= t- dos; G - Pomoação IMVü-ada em ™ pare<h c.duJ.zr ~- a - abutura imerna.: b - abunua e.rr.una; e - câmara; d - a;; rr,..á. Fome: -~ - B_ C. D: B-n:--" -::i e_-..:: !_ . :9-!~: e... F: E.?.= s: \K Dz=.ic:6.. :~ ~= ~= :S. =-.::..- :-:: .;. !)'Ud : Ea.1:-iõ:S .i": \ , C Di-:~ , . ! '?"".! _ 1 ' -ii • . , - .. 1 j . 'xé r--v=-..--=:: »: \ 1 A B -~e .. º .. 9 ~ <6® ~e® a> e Figura 20- Pontoações intervasculares guarnecidas: A e 8- Vistas de perfil; C - Vistas de frente. Fonte: A e B: Bosshard. 1947; C: autores . 59 4 t . ' r t A B e Figr,ro 11 - Tipas de paresd~po11toações: _..j -par d~ po11toações sün- pl~s: B - par dt' pontoaçõ~s are,ola,ias,· C - par d~ po11toações s~mi~oladas. F\.~~:1t: Bro" n et ai. , JQ49. pon.to,ações areoladas, entre traqueóides axiais (ver Tra- qz,eoides a.Yiais); e pares de pontoações semi-areoladas resultam da comunicação entre uma célula com pontoação simples e. outra com pontoaçào areolada, como entre ur~1 :raq:ieóide ou elemento de vaso e uma célula parenqui-
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