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1 Introdução Componentes macroscópicos do tronco

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Introdução 
Anatomia (do grego anatomé: incisão, dissecação, com 
sufixo latino ia) da madeira é o estudo dos diversos tipos 
de células que constituem o lenho (xilema secundário), 
suas funções, organização e peculiaridades estruturais, com 
os objetivos de: 
• conhecer a madeira visando um emprego correto; 
• identificar espécies; 
• distinguir madeiras aparentemente idênticas; 
• predizer utilizações adequadas de acordo com as caracte-
rísticas anatômicas da madeira; 
• prever e compreender o comportamento da n1adeira no 
que diz respeito à sua utilização. 
1. Estrutura macroscópica 
dotronco 
i\ madeira é um conjunto heterogêneo de diferentes 
tipos de células com propriedades específicas para desem-
penharem as funções vitais abaixo mencionadas: 
• condução de líquidos; 
• transformação, armazenamento e transporte de substân-
cias nutritivas; 
• sustentação dp vegetal. 
Em uma seção transversal de um tronco típico, com exce-
ção do câmbio e em muitos casos dos raios, as seguintes 
partes se destacam macroscopicamente. (Figura 1.) 
Casca 
A casca é constituída interiorrnente pelo floema, conjun-
to de tecidos vivos especializados para a condução da ~e~-
va elaborada, e exteriormente pelo córtex, periderme e nti-
doma, tecidos que revestem o tronco. A casca é de grande 
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in1porrância na identificação de árvores vivas, e o estudo da sua es trut~ra vem despertando cada vez mais o·interes-se da anatomia da madeira, por contribuir enormemente para a distinção de espécies semelhantes. Embora na maio-ria das vezes desprezadas na industrialização, as cascas de algumas espécies são exploradas comercialmente, tais co-
n10 a do carvalho (Quercus suber L. Fagaceae) na fabrica-ção da cortiça, acácia-negra (Acacia decurrens Willd.-Leg. Milnosaceae), barç,atimào (Stryphnodendron barbatimao (Vell.) Mart.-Leg. Mimosaceae), angico-vermelho (Para-piptadenia rígida (Benth.) Brenan Leg. Mimosaceae), angi-co-preto (Anadenµnthera macrocarpa (Benth.) Brenan. L eg. Mimosaceae), angico-branco. (Anadenanthera pere-grina (L.) Speg.-Leg. Milno~aceae) etc. na produção de ta-nino, cinamomo (Cinna111ornum zeylanicum (Gare.) B1.-Lauraceae) na obtenção da canela e, enfim, em inúme-ras outras utilizações, con10 alimento para gado, extenso-
res para çol~s~ proq~t.o§·f~I}J)~ê~ti~ol-~ ~)?~F-L!!I~\.é!_~~~-e!~-·, ~ Além do ~r_m_aze~amento e co_néfuçao ae nut_rientes exer- \. cidos pelo fl_oema, a casca tem como função proteger o v_e_-getal contrª _o ress_ec_amenw, ataques fúngicns, injúrias . mecânicas e vari_açõ_es clirriática.s_. 
Câmbio 
O câmbio é um_teçido m~rJ_ste_mát.ico,.isto é, apto a gerar novos elemento's celulares, constituído por _uma. camada de células situada entre o x-ilema e o_ floem_a, só sendo visí-vel ao microscópio. _.Permanece ativo durante toda a vida do vegetafe é r ·esponsável pela f_oI.lll.a·çãJ~ dQ~t~~!q_ós_secun-dários que constituem o xilenia e a casça._A:_atividad_e_cam: bial é sensivelmeut~ iJJ.fl_y_enciada pelé\.s_çqndições_c.li_mátic_as. _ 
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Anéis de _crescimento . 
Em regiões car·acterizadas por clima temperado, ~s anéis · · · · mento de crescimento repre~entam. habitualme~te o incre 
15 
anual da árvore. A cada ano é acrescentado u~ novo an~l ao tronco, razão por que são também deno~runados ~né~s anuais, cuja contagem permite conhecer a idade do 1nd1-
víduo. 
Em um anel de crescimento típico distinguem-se normal-mente duas partes: 
• lenho inicial (lenho primaveril); 
• lenho tardio (lenho outonal ou estival). 
O lenho inicial corresponde ao crescimento da árvore no início do período vegetativo, normalmente primavera, quando as plantas despertam do período de dormência em que se encontravam, reassumindo suas atividades fisiQ_:: lógicas com todo vigor. As células da madeira formadas nesta ocasião caracterizam-se por suas paredes finas e lu-mes grandes que lhes conferem em conjunto uma colora-ção clara. Com a aproximação do fim do período vegetati-vo, normalmente outono, as células vão diminuindo paula-tinamente sua atividade fisiológica. Em conseqüência des-te fato, suas paredes vão tornando-se gradualmente mais espessas e seus lumes menores, distinguindo-se do lenho anterior por ~presentarem em conjunto uma tonalidade mais escura. E esta alternância de cores que evidencia os anéis de crescimento àe muitas espécies, em especial das gimnospermas, vulgarmente conhecidas como coníferas (ver capítulo 5 - Grupos vegetais que produzem madei-ras). (Figura2.) . 
Em madeiras de angiospermas dicotiledôneas comumen-te designadas! olho~as,· os anéis de crescimento ~odem des-tacar-se por determinadas características anatômicas, tais como: 
• pr~sença de u~a !aixa de células parenquimáticas nos li-mites dos aneis de cresci· ( " · · . mento parenquima marginal - Figura 3 ponto A) que · '. ,.. , aparece macroscop1camente . como uma hnha tenue de tecido mai·s 1 E 1 . L 
· · d d ,. ;r. e aro. xemp os. zno en ron tu lPIJ era L -Magno/i'ace (S . . . · ae e mogno w1e-ten1a macrophylla K1ng-Meliaceae); 
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(Figura 3, ponto D). Este fenômeno pode vir acompanha-
do adicionalmente por um menor número ou ausência 
de poros no lenho tardio (zona fibrosa). 
Conforme pode ser constatado acima, duas ou mais des-
tas características podem ocorrer simultaneamente na mes-
ma madeira como em Liriodendron tulipifera L.-Magnolia-
ceae (Figura 3, ponto A). 
Finalmente existem espécies cujos anéis de crescimento 
são indistintos. Exemplo: umiri (Humiria floribunda 
Mart.-Humiriaceae). 
Além da característica própria da espécie, é fácil compre-
ender que árvores de regiões onde as estações do ano são 
bem definidas apresentamem regra anéis de crescimento 
nítidos. Ao contrário, as que crescem em locais de condi-
ções climáticas constantes têm habitualmente anéis de cres-
cimento indistintos ou pouco evidentes. Para muitas árvo-
res tropicais os anéis correspondem a períodos de chuva e 
períodos de seca, queda das folhas e/ ou simplesmente dor-
mência, podendo ocorrer dois ou mais ciclos em um ano. 
Anéis de crescimento não são portanto necessariamente 
anéis anuais! 
É comum enc~ontrarem-se em troncos anéis de crescimen-
to descontínuós (que não formam um círculo completo 
em torno da medula) e os chamados/a/sos anéis de cresci-
ment_o_(quando se forma mais de um anel por período vege-
tativo), que dificultam a determinação exata da idade de 
uma árvore. Anéis de crescimento descontínuos ocorrem 
principalmente em árvores velhas que apresentam copa as-
simétrica. O câmbio em uma ou mais regiões do tronco per-
manece em dormência durante uma ou várias estações de 
crescimento, provocando a descontinuidade do anel. Fal-
sos anéis d: ~rescimento podem surgir em virtude da per-
da temporana da folhagem causada por geadas tardias, 
a~aques fúngicos ou de insetos, ou devido a estímulo de cres-
c1ment~ fora da época, motivado por condições favoráveis: 
~ma pn1;1~vera seca ~eguida de outono chuvoso, disponibi-
lidade sub1ta de nutrientes, eliminação de concorrentes etc. 
18 
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Figura 3- Características anatômicas que destacam os anéis de cresci-
mento em angiospermas: A - Parênquima marginal e alargamen-
to dos raios no limite dos anéis de crescimento (Liriodendron tulipi-
f era L. -Magnoliaceae); B- Porosidade em anel (Catalpa bignonioi-
des Walt.-Bignoniaceae); C - Espessamento diferencial das part -
des das fibras no fim do período vegetativo: bétula (pereira, P~·rus 
communis L.-RosaceaeJ; D - Alteração no espaçamento das fai-
xas tangenciais de parênquima axial (ceru, Cariniana derandr11 
Ducke-Lecythidaceae). 
Fonte: A, B, C: Grosser , 1977 ; D: autores . 
Em uma análise de tronco, estes ·anéis poden1 ser 1nuitas 
, vezes detectados por não apresentarem um limite tão nít i-
do como o dos anéis verdadeiros . Microscopican1ente, a 
camada de células de paredes espessas que deter_min~ 0 
anel falso decresce gradativamente tanto para o 1nten~r 
como para o exterior do tronco, enquanto que en1 anéis 
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20
 
A interpretação dos diagramas obtidos nos três últimos 
métodos permite a identificação dos lenhos inicial e tardio 
e conseqüentemente dos anéis de crescimento. 
Uma análise dos anéis de crescimento fornece informa-
ções importantes sobre a planta: se apresenta incremento 
rápido (anéis bem espaçados) ou incremento lento (peque-
no espaço entre os anéis), quais anos foram desfavoráveis 
ao crescimento (espaços menores), quais os favoráveis (es-
paços maiores) etc. Além de trazer referências valiosas so-
bre a vida do vegetal, de grande interesse para a silviculfu- . 
ra, silvimetria e ordenamento florestal, por permitir atra-
vés de análises de troncos a elaboração de tabelas de volu-
me e por fornecer bases para prognoses de produção, o es-
tudo da largura dos anéis de crescimento, relacionado com 
a meteorologia, permite a avaliação de precipitações havi-
das durante os períodos de atividade vegetativa e a identifi-
cação de variações climáticas de épocas passadas. Do estu-
do dos anéis de crescimento desenvolveu-se unia ciência, 
a dendrocronologia, que tem colaborado enormemente 
com a arqueologia e a história da técnica. 
A interpretação e comparação de diferentes curvas de in-
cremento, tarefa atualmente executada por computadores, 
permite a localização das chamadas zonas de sincronização 
(Figura4) e, por meio do método de sobreposição, a elabo-
ração de uma dendrocronologia regional cobrindo deter-
minado período de tempo no passado. Pela comparação 
dos anéis de crescimento de peças antigas de madeira, é 
possível saber se as mesmas procedem desta região e em 
caso positivo determinar a sua idade. (Figura 4.) 
Considerando-se a grande longevidade que podem alcan-
çar indivíduos de algumas espécies - tais como sequóia 
(Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.-Taxodiaceae), 
2 000 anos; sequóia-gigante (Sequoiadendron giganteum 
(Lindl.) Buchholz-Taxodiaceae), 3 000 anos; um exemplar 
de pínus (Pinus aristata Engelm.-Pinaceae), que com 4 600 
anos é considerado o ser vivo mais velho conhecido na Ter-
ra-, é fácil compreender que seus troncos constituem do-
cumentoshistóricos de grande valor regional· 
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Os tilos que aparecem macroscopicamente como mem-
' branas transparentes brilhantes dentro dos vasos são im-
portantes na identificação de madeiras. Sua presença é típi-
ca em gêneros como: Platanus, Prunus, Quercus, Robinia, 
Populus, Carya, Castanea, Lecythis, Astronium etc. e tam-
bém em espécies como, por exemplo, tatajuba (Bagassa 
guianensis Aubl.-Moraceae), assacu (Hura crepitans L.-
Euphorbiaceae) etc., enquanto que em outras madeiras são 
praticamente ausent'es, como é o caso da família das meliá-
ceas. As dimensões das pontoações das paredes dos vasos 
constituem fator limitante para o aparecimento de tilos, 
sendo que estes só podem se desenvolver em madeiras em 
que aquelas são maiores do que 7 µm 2• · 
Tilos podem ser excepcionalmente observados em fibras 
com pontoações grandes (ver Fibras), como em alguns gê-
neros de lauráceas e magnoliáceas. 
No que diz respeito à utilização da madeira, os ti,o_s difi-
cultam a ~ecag~I_!! e a sua impregnação com substâncias pre-
servativas, já que obstruerl} as vias normais de circulação 
de líquidos. Por outro lado, entre outras características, 
as tiloses são em parte responsáveis pelas excelentes quali-
dades da madeira de_carvalho (Quercus robur L.-Fagaceae) 
na confecção de barris para armazenamento de bebidas al-
coólicas. Os til os constituem barreiras físicas que se ante-
põem à penetração de fungos xilófagos, dificultando-a. 
Em casos especiais, as tiloses podem aumentar a massa es-
pecífica3 da madeira. 
Tilos são também encontrados em gimnospermas. Ocor-
rem nos traqueóides axiais (ver Traqueóides axiais) de espé-
cies que apresentam pontoações do campo de cruzamento 
do tipo fenestriforme (ver p. 62 e Figuras de 22 a 25), co-
mo resultado de injúrias mecânicas, infecções ou estímu-
lo químico. 
_ É comum encontrarem-se no cerne os canais resiníferos 
das_g!_!!l-ºosR_~rmas obstruídos pela dilatação das células -
2. 1 µm :-= 0,001 mm. . .. 
3. Massa específica é o termo atualmente usado em lugar de peso especif ico . 
25 
epiteliais (ver Células epiteliais) que o circundam, fenôme-
no conhecido por tilosóide. Em conseqüência, a resina é 
expelida dos mesmos, impregnando os tecidos vizinhos. 
O cessar das atividades fisiológicas de condução e arma-
zenamento, que caracteriza a formação do cerne, acarre-
ta nas gimnospermas·,entre outros efeitos, o fechamento 
das pontoações areoladas (Figura 18). Em conseqüência 
da suspensão gradativa da circulação de líquidos pelas célu-
las, o toro, parte espessa localizada no centro do retículo 
de sustentação (margo ), torna-se mais ou menos inativo, 
encostando-se num dos lados. A pontoação nestas condi-
ções, denominadapontoação aspirada (Figura 6), dificul-
. ta ou pode bloquear completamente a passagem de flui-
dos, uma vez que apenas o retículo de sustentação é per-
meável, e o toro se encontra muitas vezes irreversivelmen-
te colado por substâncias orgânicas. 
Pontoações aspiradas não se limitam exclusivamente 
ao cerne, pois, como já foi mencionado, também cons-
tituem um recurso do vegetal para impedir a penetra-
ção de ar na coluna ascendente de líquidos em caso de feri-
mentos. 
A B 
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Figura 6 - Pontoação areolada. A . 
tindo a circulação de líquido; (s 0 Toro em posição normal, permi-
26 
deslocado, bloqueando a pass: ª ; ~ - Pontoação aspirada: toro 
do toro no centro das malhas dog;;-;, de fluidos; . C - Vista frontal 
,cu/o de sustentação. 
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Ent 111 uitas lcgutninosas , o elevado teor de infiltrações 
do ~crnr fn z con1 que este apresente maior massa específi " 
ru do que o nlburno, sen1 contudo aumentar-lhe as proprie-
dades de resistência n1ecânica. 
R1tios 
Súo faixas horizontais de comprimento indeterminado, 
fonnndas por células parenquimáticas, isto é, elementos 
que desen1penhan1 primordialmente a função de armazena-
1nento de substâncias nutritivas, dispostas radialmente no 
tronco . Só são nitidamente visíveis a olho nu quando extre-
n1a111ente largos e altos como no carvalho (Quercus sp -Fa-
gaceae), erva-mate (JlexparaguariensisSt. Hil. -Aquifolia-
ceae), louro-faia (Roupa/a sp-Proteaceae), e outras. Apre-
sentatn tuna grande riqueza de detalhes e variações morf o-
lógicas quando observados nas seções longitudinais radial 
e tangencial, constituindo importantes elementos para a 
anaton1ia da madeira e identificação de espécies. Além da 
função de armazenamento, os raios fazem também o trans-
porte horizontal de nutrientes na árvore. Suas células, como 
os demais elementos parenquimáticos, apresentam uma 
longevidade maior em comparação com as outras células que constituetn o lenho. 
_o termo raio medular designa genericamente apenas os 
raios f armados nos primeiros anos de crescimento, que se 
encontram realmente em contato com a medula. 
Medula 
A ,nedu~a éª P~rte,que nonnalmente ocupa o centro do 
tronco, cuJa fu?çao e.ª de annazenar substâncias nutriti-
vas. Seu papel e especialmente importante nas plantas jo-
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