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EDUCAÇÃO INFANTIL

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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
CURSO DE GRADUAÇÃO – EAD
Educação de Jovens e Adultos – Profª Ms. Ana Maria Tassinari e Profª Ms. Maria 
Cecília Nogueira Garcia Pupin.
Olá! Meu nome é Ana Maria Tassinari. Sou graduada em Pedagogia 
com habilitação em Educação Especial, especialista em 
Psicopedagogia Clínica e mestre em Serviço Social pela Universidade 
Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – Unesp – Franca.
Sou professora efetiva da rede estadual e, ainda, professora dos 
cursos de Pedagogia, Filosofia e Computação na modalidade EAD 
do Claretiano - Centro Universitário, unidade de Batatais (SP). Atuo, 
também, em meu consultório de Psicopedagogia. Minha formação 
e experiência profissionais sempre estiveram ligadas à educação.
e-mail: anatass@claretiano.edu.br
Eu sou Maria Cecília Nogueira Garcia Pupin, mestre em 
Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão 
Preto – SP (2008), especialista em Educação Infantil e 
Alfabetização pelo Claretiano - Centro Universitário (2004), 
licenciada em Pedagogia, também pelo Claretiano (2002), e 
técnica em Administração de Empresas pela Escola Técnica 
Estadual “Antônio de Pádua Cardoso” (1999). Também cursei o 
Magistério em nível de Ensino Médio (1999). Fui professora em 
escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental.
e-mail: mariacecilia@claretiano.edu.br
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Ana Maria Tassinari
Maria Cecília Nogueira Garcia Pupin
Batatais
Claretiano
2015
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: jun./2015
 
374 T213e 
 
 Tassinari, Ana Maria 
 Educação de Jovens e Adultos / Ana Maria Tassinari, Maria Cecília Nogueira Garcia 
Pupin – Batatais, SP : Claretiano, 2015. 
 208 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-390-0 
 1. Educação de Jovens e Adultos no Brasil. 2. Procedimentos didáticos na e para a ação docente 
 para a Educação de Jovens e Adultos. 3. A andragogia e a aprendizagem do adulto. 4. Reflexões 
 sobre o mercado de trabalho. 5. Educação Básica e suas contribuições para a Educação de Jovens 
 e Adultos e a formação de professores. I. Pupin, Maria Cecília Nogueira Garcia. II. Educação 
 de Jovens e Adultos. 
 
 
 CDD 374 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Juliana Biggi
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 11
UnidAdE 1 – BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
NO BRASIL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 30
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 30
5 EDUCAÇÃO E CIDADANIA ................................................................................ 31
6 UMA REFLEXÃO CRÍTICA ................................................................................. 36
7 PONTUANDO HISTORICAMENTE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ..... 37
8 TEXTOS COMPLEMENTARES ........................................................................... 51
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 58
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 60
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 61
12 REFERÊnCiA BiBLiOGRÁFiCA .......................................................................... 62
UnidAdE 2 – CARACTERIZAÇÃO DO ALUNADO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS EM FACE DAS DETERMINANTES PEDAGÓGICAS E 
SOCIAIS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 63
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 64
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 64
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 64
5 EDUCANDOS JOVENS E ADULTOS E ESCOLA .................................................. 66
6 COnHECiMEnTOS JÁ AdQUiRidOS ................................................................ 70
7 EdUCAÇÃO dE JOVEnS E AdULTOS (EJA) ....................................................... 71
8 EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS ................................................................ 73
9 ASPECTOS SOCIOAFETIVOS ............................................................................. 78
10 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 79
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 87
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 88
13 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 88
14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 88
UnidAdE 3 – PROCEdiMEnTOS didÁTiCOS nA AÇÃO dOCEnTE PARA A 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 91
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 91
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 92
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 93
5 FRANK CHARLES LAUBACH .............................................................................. 94
6 PAULO FREIRE: PENSAMENTO, POLÍTICA E EDUCAÇÃO ...............................96
7 UM RECORTE SOBRE O MÉTODO PAULO FREIRE DE ALFABETIZAÇÃO E 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................ 101
8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 107
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 120
10 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 121
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 122
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ..................................................................... 122
UnidAdE 4 – PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS 
FERRAMENTAS ESSENCIAIS À SUA AÇÃO METODOLÓGICA 
(OBSERVAÇÃO, REGiSTRO E AVALiAÇÃO)
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 125
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 126
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 126
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 126
5 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
 (EJA) .................................................................................................................. 127
6 SALA DE AULA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................. 129
7 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 132
8 ROTINA DE TRABALHO ..................................................................................... 133
9 A OBSERVAÇÃO E O REGISTRO ........................................................................ 135
10 AVALiAÇÃO nA EdUCAÇÃO dE JOVEnS E AdULTOS (EJA) ............................ 142
11 COMO AVALiAR nA EdUCAÇÃO dE JOVEnS E AdULTOS (EJA) ..................... 143
12 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 145
13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 156
14 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 157
15 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 158
16 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 158
UnidAdE 5 – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES SOBRE O 
MERCADO DE TRABALHO
1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 161
2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 161
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 162
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 162
5 DISTÂNCIA ENTRE SABER E FAZER .................................................................. 165
6 POSSIBILIDADES DE AVANÇOS POR MEIO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS ........................................................................................................... 170
7 EdUCAÇÃO BÁSiCA PARA O TRABALHO ........................................................ 176
8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 185
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 187
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 188
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 190
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 190
UnidAdE 6 – ANDRAGOGIA E APRENDIZAGEM DOS ADULTOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 193
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 194
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 194
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 195
5 ANDRAGOGIA ................................................................................................... 195
6 PRinCÍPiOS BÁSiCOS dA AndRAGOGiA ......................................................... 196
7 PILARES DA ANDRAGOGIA .............................................................................. 197
8 ABORDAGEM FILOSÓFICA A RESPEITO DA APRENDIZAGEM DOS 
ADULTOS ........................................................................................................... 198
9 PSICOLOGIA DO ADULTO ................................................................................. 198
10 EDUCAÇÃO DO ADULTO .................................................................................. 199
11 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ADULTO ......................................... 199
12 RELAÇÃO DA PEDAGOGIA X ANDRAGOGIA COM A EDUCAÇÃO .................. 200
13 CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM ADULTA .......................................... 201
14 ANDRAGOGIA: NOVAS POSSIBILIDADES ........................................................ 202
15 ANDRAGOGIA NAS EMPRESAS........................................................................ 203
16 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 206
17 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 207
18 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 207
19 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 208
Claretiano - Centro Universitário
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Conteúdo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Educação de Jovens e Adultos: breve histórico da Educação de Jovens e Adultos 
no Brasil. Caracterização do alunado diante de determinantes pedagógicas e so-
ciais. Os procedimentos didáticos na ação docente para a Educação de Jovens e 
Adultos. A andragogia e a aprendizagem do adulto. Educação de Jovens e Adul-
tos: reflexões sobre o mercado de trabalho. As divisões, as divergências, a dis-
tância existente entre "saber" e "fazer", refletindo sobre elas. Possibilidades de 
avanços, de melhores condições de trabalho e de vida, por meio da Educação de 
Jovens e Adultos. Reflexões sobre a Educação Básica e as suas contribuições 
para o aluno da Educação de Jovens e Adultos. Os educandos da Educação de 
Jovens e Adultos e a escola. Formação dos profissionais da Educação de Jovens 
e Adultos. O papel dos profissionais da Educação de Jovens e Adultos, bem 
como a organização da sala de aula, considerando situações de aprendizagem e 
rotina de trabalho e o processo de avaliação dos alunos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO 
Desejamos, com este estudo, possibilitar a você o contato 
com as principais ideias sobre a Educação de Jovens e Adultos 
(EJA), procurando auxiliá-lo em sua futura prática docente.
© Educação de Jovens e Adultos10
No artigo 37, parágrafos 1º e 2º, seção V, da Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), está estabelecido 
que:
A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não 
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamen-
tal e médio na idade própria. Os sistemas de ensino assegurarão 
gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os 
estudos naidade regular, oportunidades educacionais apropriadas, 
consideradas as características do alunado, seus interesses, condi-
ções de vida e trabalho, mediante cursos e exames. O Poder Público 
viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador 
na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
Na perspectiva da construção da cidadania, a escola deve as-
sumir e valorizar a cultura de sua própria comunidade e permitir 
ao aluno, vindo de diferentes grupos sociais, o acesso aos saberes 
elaborados socialmente.
Como profissionais da educação, em nossa luta social contra 
o analfabetismo, acreditamos ser nosso dever, assim como o de 
toda sociedade brasileira, contribuir para que pessoas que nunca 
frequentaram a escola e/ou pessoas que dela estão afastadas há 
muito tempo, ao desejarem retornar, obtenham ao longo do pro-
cesso muito sucesso.
No decorrer das unidades, apresentaremos inicialmente um 
breve histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, em se-
guida, vamos caracterizar o alunado dessa modalidade educativa 
em face das determinantes pedagógicas e sociais. Veremos, tam-
bém, os procedimentos didáticos na ação docente para a EJA e, 
para finalizar, compreenderemos as características da aprendiza-
gem adulta. 
Nosso objetivo é que você faça uma reflexão crítica sobre o 
fato de que toda pessoa lê a si mesma, o outro, o cotidiano, a natu-
reza, a sociedade, o mundo e a vida. Pretendemos, ainda, oferecer 
para você, futuro educador, conhecimentos básicos indispensáveis 
a um cidadão adulto, para que possa vir a se desenvolver plena-
mente.
11
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare-
mos, a seguir, no Tópico Orientações para Estudo, algumas orienta-
ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem 
que poderão facilitar o seu estudo.
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Profª Ms. Ana Maria Tassinari
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado nesta obra. Aqui, você entrará em contato com os assuntos 
principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportuni-
dade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No 
entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento 
básico necessário a partir do qual você possa construir um referen-
cial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no 
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência 
cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa 
aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que 
fundamentam esta obra.
No Brasil, ainda hoje, muitas pessoas compõem as porcen-
tagens estatísticas referentes ao analfabetismo, seja ele funcional 
ou total, configurando um quadro de "exclusão escolar". Pessoas 
que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma escola por 
vários motivos. Dentre estes, podemos destacar:
• Necessidade de que a criança muito cedo comece a traba-
lhar para ajudar no sustento da família.
• Falta de infraestrutura social para que todos sejam incluí-
dos.
• Diferenças étnico-raciais, culturais.
 A história da educação básica para jovens e adultos em nos-
so país começa a se delinear desde a década de 1930, assinalada 
© Educação de Jovens e Adultos12
por uma necessidade urgente para atender às transformações que 
estavam ocorrendo na sociedade.
Apenas em 1947, a educação de adultos define sua iden-
tidade tomando a forma de uma campanha nacional de massa, 
a Campanha de Educação de Adultos, a qual atingiu em diversas 
regiões do país significativos resultados. 
Assim acontece:
A difusão do método Laubach (método de ensino de leitura para 
adultos) e a confiança na capacidade de aprendizagem destes im-
pulsionou o Ministério da Educação, a produzir um material didá-
tico específico para o ensino da leitura e da escrita para os adultos 
(disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/
tcc_avaliacao2.pdf>. Acesso em: 17 set. 2010).
Entretanto, no início da década de 1960, surge um novo pa-
radigma pedagógico sobre o problema do analfabetismo para a 
educação de adultos, para a qual o educador Paulo Freire foi a 
principal referência.
Nesta época, sua proposta para a alfabetização de adultos e 
seu pensamento pedagógico difundiram os principais programas 
de educação e alfabetização popular.
Os ideais pedagógicos e o forte componente ético deste 
comprometido educador com seus educandos reconheciam como 
produtivos homens e mulheres possuidores de uma cultura.
Assim, propôs uma ação educativa dialógica ao educando 
como sujeito de sua aprendizagem. 
Em 1964, após o Golpe Militar, houve repressão aos gru-
pos com atuação na alfabetização de adultos e, então,-a partir de 
1967, com o lançamento do Movimento Brasileiro de Alfabetiza-
ção, MOBRAL), passou-se a controlar essas iniciativas.
Este movimento foi expandido, a partir de 1970, por todo o 
país. No entanto, em 1985, sem a credibilidade dos sistemas edu-
cacionais e políticos, foi extinto.
13
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Com a Constituição Federal de 1988, a Educação de Jovens 
e Adultos passou a ser um direito de todos aqueles que ainda não 
tinham completado os estudos em idade hábil, integrando à edu-
cação fundamental.
A Educação de Jovens e Adultos chega à década de 1990, 
abrangendo todo ensino fundamental, com a consolidação de re-
formulações pedagógicas.
Consolida-se, assim, o Movimento de Alfabetização (MOVA), 
buscando envolver o Poder Público e as iniciativas privadas da so-
ciedade civil, difundindo-se como um movimento de administra-
ção popular, promovendo uma formação de cunho educacional e 
político.
Promulgada em 20 de dezembro de 1996, a nova Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, defende 
a oferta da Educação de Jovens, como modalidade específica da 
Educação Básica.
Direito de todos os cidadãos e dever do Estado encontra-se a 
educação de qualidade, que visa garantir o exercício desse direito, 
impondo inovadoras decisões.
Iniciamos o século 21 com esperanças de um mundo me-
lhor. A todo instante, surgem novos avanços científicos, tecnoló-
gicos e culturais, que acontecem num curto espaço de tempo e 
em grande espaço geográfico, que, muitas vezes, transformam a 
sociedade.
Decorrentes da globalização e da tecnologia, as transformações 
sociais mudaram o perfil da formação de recursos humanos. Cada vez 
mais exigente e seletivo, o mercado de trabalho requer profissionais 
críticos que saibam transferir conhecimentos e, também, trabalhar 
em equipe.Portanto, torna-se difícil a inserção de pessoas com pouca 
ou nenhuma escolarização no mercado formal de trabalho. 
Em países como o Brasil, no qual grande parte da população 
é excluída por não ter acesso à escola e, consequentemente, ao 
© Educação de Jovens e Adultos14
mercado de trabalho, essas mudanças tendem a aumentar o cres-
cimento das desigualdades e da injustiça social.
Geralmente, as propostas para Educação de Jovens e Adul-
tos ainda não levam em consideração a especificidade dessa clien-
tela quanto à faixa etária, experiências profissionais e cotidianas, 
além das formas de aprendizagem.
Essa modalidade de educação merece tratamento diferen-
ciado e necessita de uma metodologia específica.
A motivação no ensino de adultos torna-se imprescindível e 
fundamental para seu êxito, uma vez que o adulto não é obrigado 
a estudar.
Desse modo, a dificuldade para o aprendizado, muitas vezes, 
está associada à falta de motivação do aluno em virtude da falta de 
tempo dedicado ao estudo, da indiferença de professores quanto 
a seus problemas pessoais e da falta de clareza e objetividade dos 
docentes em apresentar os conteúdos na sala de aula.
Concebendo o conhecimento historicamente construído, a 
escola, instituição mediadora entre alunos e conhecimento, busca 
cada vez mais conciliar os conhecimentos adquiridos pelos alunosem seu cotidiano escolar, nos meios sociais ou no mundo do tra-
balho.
Torna-se essencial para o educador, nesta perspectiva, com-
preender a sala de aula como espaço privilegiado para a existência 
de interações, emergindo a produção e/ou construção do conhe-
cimento.
A disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a 
confiança na capacidade de todos em aprender e ensinar e a capa-
cidade de solidarizar-se com os alunos são algumas das qualidades 
essenciais ao educador de jovens e adultos. Coerentemente com 
essa postura, é fundamental que ele procure conhecer seus edu-
candos, suas expectativas, sua cultura, as características e proble-
mas de seu entorno próximo, suas necessidades de aprendizagem 
(disponível em: <http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.
com/2010/03/educador-de-jovens-e-adultos.html>. Acesso em: 16 
set. 2010).
15
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Favorecer a autonomia dos educandos, avaliando constante-
mente seu progresso e suas carências, é especialmente relevante 
no trabalho com jovens e adultos. Somente dessa forma os edu-
candos poderão compreender seu próprio processo de aprendiza-
gem e/ou auxiliar outras pessoas a aprender, uma vez que muitos 
deles já desempenham o papel de educadores na família, no tra-
balho e na comunidade.
Os educadores devem estar atentos, pautando-se no prin-
cípio de que o processo educativo não se encerra no espaço e no 
período da aula propriamente dita. Isso significa que o convívio em 
uma escola ou em outro tipo de centro educativo, para além da 
assistência às aulas, pode ser uma importante fonte de desenvol-
vimento social e cultural.
Em sua proposta metodológica de alfabetização de jovens e 
adultos, Paulo Freire compreendia que as experiências de vida de-
veriam ser consideradas no cotidiano escolar, uma vez que, nesse 
ambiente, professor e aluno se situavam no mesmo patamar, isto 
é, como aprendizes e com experiências de vida que não podiam 
deixar de ser valorizadas.
Torna-se indispensável que o professor da EJA utilize as expe-
riências e situações vivenciadas pelos alunos adultos, a fim de pro-
vocar o raciocínio e alimentar o interesse pela sua aprendizagem. 
Retomando nossa conversa, no cenário educacional, o edu-
cador Paulo Freire foi uma das pessoas que mais contribuiu para 
que a Educação de Jovens e Adultos fosse um direito daqueles que 
não tiveram direito a ela em idade própria e, também, para que ela 
tivesse qualidade necessária para desenvolver suas habilidades, 
especificidades, e formá-los para o mercado de trabalho.
Apesar de ter nascido em uma família de classe média, Paulo 
Freire preocupava-se profundamente com a situação de exclusão 
em que viviam os jovens e adultos analfabetos que, em seu en-
tendimento, deveriam ser reconhecidos como homens e mulheres 
produtivos, que possuíam uma cultura.
© Educação de Jovens e Adultos16
A proposta de alfabetização de adultos elaborada por Paulo 
Freire tinha como princípio básico: A Leitura do Mundo Precede a 
Leitura da Palavra.
Assim, desenvolveu um conjunto de procedimentos pedagógi-
cos, que ficou mundialmente conhecido como, método Paulo Freire. 
 Este método previa:
uma etapa preparatória, quando o alfabetizador deveria fazer uma 
pesquisa sobre a realidade existencial do grupo junto ao qual iria 
atuar. Concomitantemente, faria um levantamento de seu universo 
vocabular, ou seja, das palavras utilizadas pelo grupo para expres-
sar essa realidade. Desse universo, o alfabetizador deveria selecio-
nar as palavras com maior densidade de sentido, que expressassem 
as situações existenciais mais importantes. Depois, seria necessário 
selecionar um conjunto que tivesse os diversos padrões silábicos da 
língua e organizá-lo segundo o grau de complexidade. Estas seriam 
as palavras geradoras, a partir das quais se realizaria tanto o estudo 
da escrita e leitura como o da realidade (disponível em: <http://
www.acaoeducativa.org.br/downloads/parte1.pdf>. Acesso em: 
16 set. 2010).
Paulo Freire propunha, antes deste estudo sobre palavras 
geradoras, um diálogo pautado na cultura. Sua preocupação inicial 
não era o aprendizado da escrita, e, sim, que o aluno compreen-
desse e assumisse, como ser capaz e responsável, sujeito de sua 
própria aprendizagem.
Assim, Freire afirmava que:
com um elenco de 10 a 20 palavras geradoras, acreditava-se con-
seguir alfabetizar um educando em 3 meses, ainda que num nível 
rudimentar. Depois, as palavras geradoras seriam substituídas por 
temas geradores, a partir dos quais os alfabetizandos aprofunda-
riam a análise de seus problemas, preferencialmente já se enga-
jando em atividades comunitárias ou associativas (disponível em: 
<http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/parte1.pdf>. Aces-
so em: 16 set. 2010).
Foram várias as discussões sobre a nomenclatura dada às 
recomendações de Paulo Freire, sendo apontadas como: Método, 
Teoria, Proposta, Sistema, entre outras. Sobre isto, em 14 de abril 
de 1993, em entrevista à Nilcéa Lemos Pelandré, Paulo Freire relata: 
17
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Eu preferia dizer que não tenho método. O que eu tinha, quando 
muito jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era 
a curiosidade de um lado e o compromisso político do outro, em 
face dos renegados, dos negados, dos proibidos de ler a palavra, 
relendo o mundo. O que eu tentei fazer e continuo hoje, foi ter 
uma compreensão que eu chamaria de crítica ou de dialética da 
prática educativa, dentro da qual, necessariamente, há uma certa 
metodologia, um certo método, que eu prefiro dizer que é método 
de conhecer e não um método de ensinar.
Como referência de "concepção democrática, radical e pro-
gressista de prática educativa", a expressão "Método Paulo Freire" 
foi universalizada e cristalizada mundialmente.
Mesmo sendo a Educação de Jovens e Adultos uma ativida-
de especializada e com características próprias, são poucos os cur-
sos de formação de professores que oferecem formação específica 
aos educadores que queiram atuar nessa modalidade de ensino. 
Mas como exigir que os professores da EJA garantam tais 
práticas educativas se não lhes é dada uma formação adequada, 
voltada à essa modalidade?
Primeiro, é preciso que os professores que atuam nessa mo-
dalidade de ensino tenham claro para si a compreensão da distân-
cia entre crianças, adolescentes e adultos. Na EJA, essa distância é 
caracterizada pela própria experiência de vida que o adulto possui 
em comparação às outras fases de desenvolvimento.
A realidade de trabalhar com adultos não faz parte da forma-
ção inicial. Nesse sentido, a formação em serviço, ou continuada, é 
de grande importância. Conforme Cavaco apud Nóvoa (1992, p. 161):
a partir da organização de um corpo docente nuclear, empenhado 
e dialogante que consegue aglutinar grupos de professores para 
projetos comuns, pode gerar um ambiente de acolhimento e parti-
cipação que estimule a formação interveniente de todos. 
A trajetória profissional propõe experiências que estão liga-
das à convivência com colegas de trabalho, formando laços afeti-
vos, pessoais e profissionais, os quais interferem em nossas op-
ções pedagógicas e profissionais.
© Educação de Jovens e Adultos18
O professor na EJA assume o papel de mediador de sua pró-
pria aprendizagem, pois, diante do aluno, o professor, por meio da 
ação dialógica e da fala argumentativa, constitui-se como o sujeito 
que aprende.
Em uma sala de aula de EJA, a diferença de idade dos alunos 
e a diversidade de valores, gêneros e crenças podem, inicialmente, 
constituir obstáculos à formação do grupo. Mas, à medida que as 
pessoas constituintes do grupo vão se conhecendo melhor, essa 
situação começa a se modificar, e o sentimento de pertencer ao 
grupo nasce e se fortalece. 
Segundo Brasil (2006, p. 21), "é experimentando participar 
de um grupo que os alunos descobrem que juntos sempre é possí-
vel aprender melhor".
Para que asala de aula se torne um espaço de trocas e 
aprendizagens, o professor deve ter uma postura adequada, pois 
é ele quem facilita e provoca o diálogo, a produção e a expressão 
individual, auxiliando na resolução dos conflitos e favorecendo a 
troca e a ajuda mútua.
Quando os alunos estão agindo mentalmente – escrevendo, 
lendo, conversando, ouvindo um caso, ficando atentos a uma ex-
plicação – ou fisicamente, eles estão em atividade na sala de aula.
Se a atividade que o aluno realiza foi planejada pelo profes-
sor com o objetivo de intervir na aprendizagem de determinado 
conteúdo, essa atividade é, então, denominada de situação de 
aprendizagem. 
Conforme Anastaciou (2005, p. 17), qualquer situação de 
aprendizagem exige:
[...] uma rotina pedagógica, pois não ocorrerá de forma esponta-
neísta ou mágica". Além disso, exige, em virtude da intencionali-
dade e da busca do êxito da ensinagem, a escolha e a execução de 
uma metodologia que se operacionaliza nas estratégias seleciona-
das, adequadas aos objetivos, aos conteúdos do objeto de ensino 
e, especialmente, aos alunos. 
19
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Um trabalho bem estruturado na rotina de uma sala de aula 
proporciona autonomia aos jovens e aos adultos, que encontram 
um "norte" para direcionar seus esforços.
A observação e o registro são ferramentas metodológicas 
essenciais do(a) professor(a), pelos quais ele(a) toma ciência da 
aprendizagem dos alunos, como também da qualidade dos rela-
cionamentos em sala de aula.
Portanto, a observação e o registro são:
Importante instrumento de aperfeiçoamento de seu trabalho pe-
dagógico é o registro de sua prática. Isso porque, ao registrar, o 
professor relata sua experiência por meio de palavras, que podem 
ser lidas, revisadas e analisadas concretamente (disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno3.pdf> 
Acesso em: 16 set. 2010).
Apresentando uma diversidade de funções, o registro está a 
serviço de diferentes objetivos, quais sejam: refletir, documentar, 
organizar, rever, comunicar. E, os registros escritos deixam transpa-
recer esses objetivos, obrigando-nos a questionamentos, a levan-
tar hipóteses, tecendo a história de nossos alunos. 
Os registros oportunizam ao professor construir a memória 
do processo vivenciado em sala de aula, propiciando uma visão 
geral das dificuldades e sucessos de seus alunos.
Diante dos grandes desafios presentes no processo de ensi-
no e aprendizagem, um tema bastante discutido pelos especialis-
tas e pelos profissionais da área da educação é a avaliação.
A fim de favorecer a aprendizagem, a avaliação na perspec-
tiva inclusiva da Educação de Jovens e Adultos vai além das ava-
liações: classificatória, recriminatória, excludente e competitiva, 
uma vez que requer práticas formativas e reflexivas.
A avaliação formativa justifica-se por ser contínua e pro-
cessual: o momento investigativo de diagnóstico é tão importan-
te quanto o momento de aferição de resultados. Realizada com 
participação, diálogo e negociação entre educadores e educandos, 
© Educação de Jovens e Adultos20
fornece aos agentes educativos elementos de análise e julgamen-
to que permitem planejar e rever, continuamente, as decisões re-
lativas ao processo de construção do conhecimento.
Até aqui discutimos dados significativos e relevantes sobre a 
Educação de Jovens e Adultos. A partir de agora, traremos à tona 
uma nova discussão, tendo como foco o mercado de trabalho e a 
Educação de Jovens e Adultos numa relação em que saber é po-
der. Vale lembrar que os empresários proporcionam a capacitação 
do trabalhador com o objetivo de obter lucro.
Na corrida pelo poder e pelo acúmulo cada vez maior do 
lucro, com o avanço da tecnologia e dos investimentos em ma-
quinários modernos, cresce, também, a necessidade de mão de 
obra mais bem qualificada para operar os novos equipamentos de 
produção que chegam ao mercado para minimizar as possibilida-
des de erros e desperdícios de matéria-prima. Essa qualificação, 
geralmente, é justificada pela apresentação de títulos, certificados 
e diplomas obtidos, dentro ou fora da empresa.
Passar pelos bancos escolares tornou-se imperativo! Possuir 
títulos, certificados ou diplomas que atestem o saber é, pratica-
mente, condição sine qua non para fazer parte do mercado de tra-
balho, assim como conhecer e dominar a tecnologia.
Considerando a educação oferecida aos jovens e aos adul-
tos que não tiveram acesso à escola regular em idade própria e 
as disposições legais do Parecer CNE/CEB nº 1/2000, que definiu 
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e 
Adultos, constatamos que tal oferta de educação abrange funções 
mais amplas e específicas do que as abordadas até agora. São elas: 
função reparadora, função equalizadora e função permanente 
(qualificadora).
Com relação à questão da qualidade da educação que é ofe-
recida aos jovens e aos adultos, precisaremos delimitar o que, na 
atualidade, melhor define essa questão. Considerando o contexto 
capitalista, empresarial, como plano de fundo dessa formação pro-
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Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
fissional, surge, em meio às discussões sobre o tema, uma palavra 
que abrange grande parte do tema. A palavra é: "competência".
Contudo, a competência, característica necessária ao perfil 
do trabalhador, não é uma exigência que surge em nossos dias. Há 
algum tempo, empresários, intelectuais e governo procuram, por 
meio de políticas públicas educacionais, uma maneira de possibi-
litar e, consequentemente, de garantir que o educando, em todos 
os níveis de ensino, tenha as habilidades e as competências neces-
sárias para desempenhar diferentes tarefas, como, por exemplo, 
trabalhar em equipe, colaborar com os colegas, resolver proble-
mas que venham a surgir, ter iniciativa e autonomia, envolvendo-
-se e participando nas mais diferentes situações de trabalho a fim 
de produzir melhor e com coeficiente elevado de qualidade.
Considerando que vivemos em uma sociedade politicamente 
democrática, as escolas precisam oferecer possibilidades reais para 
a construção de conhecimentos que propiciem aos uma formação 
científico-tecnológica, ao mesmo tempo em que garantam a apren-
dizagem necessária para as atividades diretivas na sociedade, funda-
mentadas em valores e em conformidade com a consciência crítica.
Dando continuidade aos nossos estudos, vamos compreen-
der que, inicialmente visando à educação de adultos, a andragogia 
surge como um modelo de aplicabilidade universal e atual.
Você saberia responder o que a andragogia estuda? 
A andragogia estuda o adulto por completo, sua vida, seu trabalho, 
seus sentimentos, suas habilidades, seus conceitos, seus gostos, 
seu comportamento, enfim, tudo que está relacionado com o seu 
ser (disponível em: <http://www.horacio.pro.br/ejaunisul/PEDA-
GOGIA%20OU%20ANDRAGOGIA%20NA%20EDUCA%C7%C3O%20
DE%20JOVENS%20E%20ADULTOS.doc>. Acesso em: 16 set. 2010).
Para o adulto que decide aprender e que participa ativa-
mente de seu próprio processo, esse modelo andragógico opor-
tuniza a realização e evolução de atividades educativas, em con-
dições de igualdade com seus companheiros, participantes e com 
seu professor. 
© Educação de Jovens e Adultos22
As experiências de vida, na aprendizagem dos adultos, de-
vem ser consideradas, pois, ao longo de suas vidas, saberes foram 
construídos. Portanto, esse aprendizado deve ser participatório e 
contínuo, auxiliando o aluno a significar suas experiências.
É importante que você saiba que o modelo educacional con-
temporâneo não respeita as diversidades culturais. 
Os preconceitos sociais contra os adultos os deixam inibidos 
por não conseguirem atuar na sociedade como um ser integral. 
Para eles, tudo é mais difícil. 
 É preciso dar a essas pessoas oportunidade para aprende-
rem, uma vez que o fato de não terem diplomas não significa não 
terem experiência, e que não podem fazernada de novo.
Portanto, é necessário que o formador seja um incentivador 
da aprendizagem. Ele precisa saber como o trabalhador semiqua-
lificado e o qualificado aprendem para estabelecer a orientação 
adequada dos conhecimentos e das metodologias de aprendiza-
gem. Dessa forma, ele pode dirigir os desenvolvimentos de capaci-
dades que necessitam ser potencializados e melhorados.
Teóricos, professores, filósofos e empresários de todos os 
segmentos reconhecem a necessidade de tratar o ser humano 
como ser que cresce e tem habilidades, ideias, individualidades e 
vontades.
Acreditamos que seja prioritário repensar a educação de 
adultos e alertar os diversos setores do nosso país compromissa-
dos com a educação de jovens e adultos, a fim de incluir, de fato, 
esse cidadão que merece respeito e oportunidade. 
Ressalto que é imprescindível, como educadores, tomarmos 
consciência de que aprender com as diferenças oportuniza que a 
EJA estabeleça na escola, por meio da valorização do modo de ser 
e de aprender de cada aluno, um ambiente harmonioso e criativo.
Desejo que você, formador, participe efetiva e ativamente 
desta obra, valorizando e permitindo aos diferentes grupos sociais 
o acesso aos saberes elaborados socialmente. E, citando Paulo 
23
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Freire (1993, p. 91.) lembre-se: "Ninguém educa ninguém, como 
tão pouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam 
em comunhão mediatizados pelo mundo".
Glossário de Conceitos
Com o Glossário de Conceitos, você poderá realizar uma 
consulta rápida e precisa das definições conceituais trabalhadas 
nesta obra. Certamente, essas definições muito contribuirão para 
a compreensão e para o domínio dos termos técnico-científicos 
utilizados na área de conhecimento dos temas tratados em Educa-
ção de Jovens e Adultos (EJA).
Veja, a seguir, a definição de tais conceitos:
1) Andragogia: educação e aprendizagem de adultos, os 
quais já possuem conhecimentos e experiências, não sen-
do mais permitido que eles sejam tratados como crianças.
2) Cidadania: capacidade de o indivíduo reconhecer e sa-
ber exigir seus direitos, bem como cumprir os seus de-
veres e as suas obrigações.
3) Educação de Jovens e Adultos: modalidade de ensino 
destinada às pessoas que não tiveram acesso ou conti-
nuidade de estudos nos Ensinos Fundamental e Médio 
na idade adequada.
4) Educador: pessoa que tem a função de educar, com ob-
jetivo de desenvolver o educando como ser, pessoa.
5) Prática educativa: ação voltada para o ato educativo, 
exigindo planejamento, interação, avaliação, reflexão 
crítica e (re)planejamento dessas ações.
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais impor-
tantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema 
dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o 
seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. 
Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, 
ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. 
© Educação de Jovens e Adultos24
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem esco-
lar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em 
Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia 
fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que 
a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de pro-
posições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e infor-
mações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa apenas rea-
lizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, 
estabelecer modificações para que ela se configure como uma apren-
dizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de 
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além 
disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente 
significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas 
já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados. 
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando oseu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 
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Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Educação de Jovens e Adultos.
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre 
© Educação de Jovens e Adultos26
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir seu pro-
cesso de ensino-aprendizagem.
O Esquema dos Conceitos-chave é maisum dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente 
virtual por meio de suas ferramentas interativas, bem como àque-
les relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas pre-
sencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, deve 
valer-se de sua autonomia na construção de seu próprio conheci-
mento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem 
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas 
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles 
que exigem uma resposta determinada, inalterada. 
Responder a essas questões, discuti-las, comentá-las e rela-
cioná-las com a prática do ensino de Educação de Jovens e Adultos 
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, 
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, 
você estará se preparando para a avaliação final, que será disser-
tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar 
seus conhecimentos e de adquirir uma formação sólida para sua 
prática profissional. 
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito 
para conferir suas respostas (de múltipla escolha e abertas objetivas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação 
pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a 
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o 
seu tutor ou com seus colegas de turma.
27
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da obra, pois relacionar aquilo que está no campo visual 
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apu-
rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É 
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e cien-
tíficas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como 
partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar 
com outras pessoas aquilo que você observa, pode descobrir algo 
desconhecido, aprendendo a ver o que não havia sido visto antes. 
Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno dos Curso de Graduação na modalidade 
EAD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação 
conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda 
do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação 
com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem seu tempo e 
realize as atividades nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote suas reflexões em seu 
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão 
ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de suas produ-
ções científicas.
© Educação de Jovens e Adultos28
Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para seu amadureci-
mento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
esta obra, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para 
ajudar você.
1
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Breve Histórico 
da Educação de 
Jovens e Adultos 
no Brasil
Nada mais significativo e importante para a construção da cida-
dania do que a compreensão de que a cultura não existiria sem a 
socialização das conquistas humanas. O sujeito anônimo é, na ver-
dade, o grande artesão dos tecidos da história (CNE/CEB/98). 
1. OBJETIVOS
• Compreender e caracterizar o processo de construção e 
consolidação da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. 
• Refletir e demonstrar criticamente que a intenção política 
permeia a Educação de Jovens e Adultos.
• Conhecer e identificar as leis que garantem a oferta de 
Educação de Jovens e Adultos no país.
2. CONTEÚDOS
• Educação e cidadania.
• Reflexão crítica sobre a oferta de Educação para Jovens e 
Adultos
© Educação de Jovens e Adultos30
• Pontuação histórica sobre a Educação de Jovens e Adultos 
• Leis que garantem a oferta de Educação de Jovens e Adultos
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos so-
bre Educação e ter um melhor aproveitamento de seus 
estudos nesta unidade, sugerimos a seguinte leitura: 
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33 ed. São Paulo: Bra-
siliense, 1995. v. 20. (Coleção Primeiros Passos). 
2) Um dos pontos positivos para o bom entendimento dos 
conteúdos abordados nesta unidade é que você conhe-
ça o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado para a 
alfabetização de jovens, adultos e idosos, que o MEC im-
plementou em 2003. Para conhecê-lo, acesse o site dispo-
nível em: <portal.mec.gov.br>. Acesso em: 16 set. 2010. 
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE 
Para iniciar nossos estudos sobre a Educação de Jovens e 
Adultos, julgamos ser necessário traçar um breve histórico sobre 
essa etapa educacional e, com isso, entender como ela foi se cons-
tituindo e consolidando no Brasil.
Em princípio, a Educação de Jovens e Adultos pode parecer 
algo distante, mas, se você parar para pensar, lembrará de várias 
pessoas que estão fora da idade regular, ideal para a Educação Bá-
sica, voltaram a frequentar a escola e recebem uma educação vol-
tada para sua alfabetização e para a formação democrática-cidadã.
No Brasil, ainda hoje, muitas pessoas compõem as porcen-
tagens estatísticas referentes ao analfabetismo, seja ele funcional 
ou total, configurando um quadro de "exclusão" escolar. Essas pes-
soas nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma escola por 
vários motivos. Entre eles, podemos citar: 
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
• Necessidade de que a criança, muito cedo, comece a tra-
balhar para ajudar no sustento da família. 
• Falta de infraestrutura social para que todos sejam incluí-
dos – oferta de transporte gratuito, de materiais escolares. 
• Diferenças étnico-raciais, culturais.
Diante disso, muito está sendo feito para que todos tenham 
direito de acesso e permanência na escola, a fim de que possam 
receber uma educação de qualidade, que lhes proporcione um de-
senvolvimento integral, de acordo com suas habilidades e especi-
ficidades, que lhes ofereça os subsídios necessários para ocupar 
um lugar no mercado de trabalho, e para uma efetiva participação 
na sociedade.
5. EDUCAÇÃO E CIDADANIA
A respeito da educação, Fuck (1994, p. 14-15) diz: 
Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo 
toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo 
da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade 
de aprender, descobrir, criar soluções desafiar, enfrentar, propor, 
escolher e assumir as consequências de sua escolha. Mas isso não 
será possível se continuarmosbitolando os alfabetizandos com de-
senhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros 
para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histó-
rias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica 
de quem aprende. 
A educação pode contribuir significativamente, em vários 
aspectos, para o desenvolvimento político, econômico e social de 
uma sociedade. Entre esses, ressaltamos o da cidadania, que, para 
o estudo de nossa obra, influi diretamente.
Você conhece o conceito de cidadania? Pois bem, cidadania 
é a participação individual na vida pública em prol da seguridade 
dos direitos individuais e coletivos da sociedade e na fiscalização 
dos órgãos públicos e cargos eletivos.
© Educação de Jovens e Adultos32
De forma geral, cidadania é a capacidade de o indivíduo re-
conhecer e saber exigir seus direitos e cumprir com seus deveres e 
obrigações. Somente com o exercício da cidadania é que o sujeito 
pode desempenhar seu papel de integrante efetivo de seu país. 
Portanto, o exercício da cidadania vai além do cumprimento de de-
veres que todo cidadão possui e, para tanto, necessita reconhecer 
que também é sujeito de direitos.
Reconhecendo seus direitos, o indivíduo pode cobrar a alte-
ração de sua condição de vida e lutar contra possíveis injustiças, 
fazendo valer o que está previsto nas leis, propondo a alteração de 
códigos e concepções ultrapassadas nos modelos de gestão eleito-
ral, fiscal, jurídica e estatal. 
Sabemos muito bem que as leis nem sempre são cumpridas. [...] 
O direito do cidadão é inseparável da luta pelos seus direitos. O 
cidadão é o indivíduo que luta pelo reconhecimento de seus direi-
tos, para fazer valer esses direitos quando eles não são respeitados 
(VIEIRA; BREDARIOL, 1998, p. 38).
Para ilustrar o que dissemos até o presente momento, apre-
sentamos a música Cidadão, de Lúcio Barbosa e interpretada por 
Zé Ramalho (2010):
Cidadão –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 
Tá vendo aquele edifício moço? 
Ajudei a levantar 
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução 
Duas pra ir, duas pra voltar 
Hoje depois dele pronto
olho pra cima e fico tonto 
Mas me chega um cidadão
e me diz desconfiado, tu tá aí admirado 
ou tá querendo roubar? 
Meu domingo tá perdido 
vou pra casa entristecido 
Dá vontade de beber 
E pra aumentar o meu tédio 
eu nem posso olhar pro prédio 
que eu ajudei a fazer
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© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Tá vendo aquele colégio moço? 
Eu também trabalhei lá 
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento 
Ajudei a rebocar 
Minha filha inocente
vem pra mim toda contente 
Pai vou me matricular 
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão 
aqui não pode estudar 
Esta dor doeu mais forte 
por que que eu deixei o norte
eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava 
tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém 
Pus o sino e o badalo 
Enchi minha mão de calo 
Lá eu trabalhei também 
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena 
e o padre me deixa entrar 
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice 
não se deixe amedrontar 
Fui eu quem criou a terra 
enchi o rio fiz a serra 
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas 
e na maioria das casas 
Eu também não posso entrar 
Fui eu quem criou a terra 
enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas 
e na maioria das casas 
Eu também não posso entrar
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Educação de Jovens e Adultos34
E, para você, qual seria o melhor caminho para se desenvol-
ver um cidadão? Não há como negarmos que esse caminho é a 
educação. 
Conforme Brandão (1988, p. 73-74): 
a educação é uma prática social (como a saúde pública, a comu-
nicação social, o serviço militar), cujo fim é o desenvolvimento do 
que na pessoa humana pode ser aprendido entre os tipos de saber 
existentes em uma cultura, para a formação de tipos de sujeitos, de 
acordo com as necessidades e exigências de sua sociedade, em um 
momento da história de seu próprio desenvolvimento. 
Esse autor ainda complementa que: 
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na es-
cola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da 
vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. 
Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias mis-
turamos a vida com a educação. Com uma ou várias: educação? 
Educações. [...] Não há uma forma única nem um único modelo 
de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e 
talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, 
e o professor profissional não é seu único praticante (BRANDÃO, 
1988, p. 7-9).
Conforme Ferreira (2004): 
cidadania é a qualidade ou estado do cidadão” e entende-se por 
cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um 
estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. 
Relacionando a educação a todo um contexto de opressão e 
ausência de democracia, a prática freiriana reconhece a educação 
para além da sala de aula. Nessa prática, o trabalho pedagógico 
de Paulo Freire direciona-se para o indivíduo excluído das ações 
políticas, julgado, pelos poderosos, como incapaz.
Em sua concepção, Paulo Freire aponta caminhos para que 
a pessoa se torne um cidadão pleno de cidadania por meio da 
educação e da política. Assim, incentivou analfabetos, homens e 
mulheres, a almejar direitos e voz a partir da conscientização das 
aprendizagens, da palavra, da leitura e da escrita, como forma de 
libertação. 
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© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
A alfabetização é o primeiro passo para a capacitação do in-
divíduo em seu acesso ao conjunto de leis de seu país, pois o con-
vívio social das escolas desperta nos educandos a necessidade da 
vida em sociedade, no cumprimento de suas regras e normas.
Transformado em cidadão, a participação integral deste na 
vida democrática de sua sociedade somente ocorrerá por meio da 
educação com o desenvolvimento físico, intelectual e moral. 
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN) n. 9.394/96, o principal objetivo a ser atingido pela escola 
deve ser a formação da cidadania; desenvolver no aluno a autoes-
tima e o respeito mútuo necessário para que possa estar apto a se 
constituir em um cidadão solidário.
A sociedade evolui e se apresenta como uma força viva em 
constante movimento. Assim, a educação serve de instrumento 
para ajudar o homem a tornar-se outro; colabora para que a vida 
se torne outra; e desta maneira contribui para que, cada vez mais, 
todos nós expressemos, de maneiras múltiplas e diferentes, a nos-
sa felicidade. A educação, sem dúvida, tem um sentido social, ético 
e político, que, através da vivência de experiências diferentes, do 
indivíduo e da sociedade, faz nascer, inventa, cria, a cada instante 
uma nova sociedade, um novo homem, uma nova vida. 
Por tudo que dissemos até o presente momento, a Educação 
de Jovens e Adultos (EJA) deve ser uma educação multicultural, 
que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cul-
tural e, segundo Gadotti (1979, p. 72), 
uma educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por 
motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, 
para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do edu-
cando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adul-
tos é que haverá uma educação de qualidade. 
Vamos conferir como foi constituída em nosso país a oferta 
de Educação para Jovens e Adultos? 
© Educação de Jovens e Adultos36
6. UMA REFLEXÃO CRÍTICA
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil configura-se, em 
muitos casos, como um instrumento de reparação social, predi-
cado atribuído pelo fato de que essa modalidade educativa tem 
como finalidade incluir no meio educativo as pessoas que não 
tiveram oportunidade de frequentar uma escola na idadeideal, 
ou mesmo aquelas que foram excluídas ao longo desse processo. 
No entanto, precisamos lembrar que a educação é um ato 
político, carregado de valores e ideologias que vão ao encontro 
dos interesses da elite governante com a finalidade de promovê-
-los, ou mantê-los. 
Dessa maneira, a relação de poder que existe entre a classe 
alta e as camadas populares faz da educação um meio de perpe-
tuação da condição de dominante, produzindo recursos de con-
tensão e de controle social.
Segundo Adriana Oliveira Lima (1991, p. 136), a escola é um 
competente organismo de reprodução social, pois: 
jamais falhou em seu papel de expulsar da escola as crianças pro-
venientes das classes oprimidas, tão logo nela ingressam (evasão e 
repetência). Competente ainda porque ludibriou as questões polí-
ticas no invólucro teórico da discussão dos currículos e métodos. 
Competente porque tem feito a manutenção do analfabetismo de 
maneira sistemática. Enfim, competente porque tem respondido 
historicamente aos interesses das classes dominantes.
Assim, podemos perceber que é meio contraditória a ideia 
de uma educação para todos, que desenvolva habilidades e espe-
cificidades, que prepare para a vida e para a inserção no mercado 
de trabalho e que, ao mesmo tempo, tenha, também, o intuito de 
alienação, omissão e opressão. 
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© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
7. PONTUANDO HISTORICAMENTE A EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS
Década de 1930
A história da Educação Básica para jovens e adultos em nos-
so país começou a se delinear desde a década de 1930, assinalada 
como uma necessidade urgente para atender às transformações 
que estavam ocorrendo na sociedade, em particular no setor in-
dustrial. 
Primeiro, pela grande quantidade de indústrias que se ins-
talavam no país; segundo, pelo êxodo rural, uma vez que as pes-
soas saíam do campo e vinham para as cidades buscar melhores 
condições de sobrevivência, um lugar no mercado de trabalho, a 
ilusão de que encontrariam, certamente, um emprego digno com 
um salário condizente. 
Nesse período, o Brasil foi marcado por um golpe de Estado 
liderado por Getúlio Vargas, chefe civil, que deu início à Revolução 
de 1930. Foi o fim da política do “café com leite” –que se carac-
terizava pelo revezamento de poder entre o Estado de São Paulo, 
que detinha grande poder econômico, sendo o maior produtor de 
café do país, e o de Minas Gerais, detentor do maior polo eleitoral 
nacional e grande produtor de leite – eis o início de uma nova era 
urbana, industrial e capitalista.
Dessa forma, todos os segmentos da sociedade sofreram in-
fluência do novo sistema político, inclusive o educacional. O país 
tinha de crescer; por isso, novas demandas eram colocadas, uma 
vez que a necessidade da mão de obra para a indústria exigia um 
novo perfil de trabalhadores. A força do trabalho exigia a habili-
tação do indivíduo para usar recursos de tal forma a atingir o fim 
proposto, ou seja, o da maior produtividade. 
Diante desse contexto, o sistema de educação começou a 
se caracterizar como um sistema público de educação elementar, 
© Educação de Jovens e Adultos38
que tinha como objetivo formar a mão de obra necessária para a 
manutenção do mercado de trabalho. 
Além disso, a década de 1930 foi marcada, também, por 
diversas manifestações culturais, que ganhavam força com o sur-
gimento da indústria de lazer, que já atingia todas as camadas 
sociais, com a difusão do rádio, do cinema e, especialmente, da 
música popular. Estava aberta a Era da cultura de massas. 
Em 1934, com o advento de uma nova Constituição Nacio-
nal, a educação foi reconhecida pela primeira vez como um direito 
de todos, cabendo a responsabilidade à família e ao poder público, 
conforme diz o Artigo 149. No Artigo 150, fica explícita na referên-
cia ao Plano Nacional de Educação a obrigatoriedade do ensino 
primário integral, gratuito e de frequência obrigatória, extensivo 
aos adultos (§ único, alínea a).
Assim, a Constituição de 1934 estabeleceu o ensino primá-
rio extensivo aos adultos como componente da educação e como 
dever do Estado e direito do cidadão, o que demonstra claramente 
a força dos movimentos sociais da época em favor da escola como 
espaço integrante de um projeto de sociedade democrática.
Décadas de 1940 e 1950 
Na década de 1940, com o emergente crescimento do capi-
talismo e da industrialização, era interesse de todos os que deti-
nham o poder econômico no país que a educação elementar fosse 
oferecida nacionalmente, abrangendo, também, aquelas pessoas 
que estavam excluídas do sistema educacional. Foi então que a 
educação de adultos tomou a forma de Campanha Nacional de 
Massa.
Pouco tempo depois, com o término da ditadura de Vargas 
em 1945, no auge da luta pela redemocratização do país e o fim da 
Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) 
ganhou forças não apenas para promover a necessidade de uma 
educação que contribuísse para o desenvolvimento do cidadão, 
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© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
mas também para lutar por ela, a fim de que todos no mundo pu-
dessem viver em paz, democraticamente. 
O governo brasileiro não relutou em aceitar as colocações 
feitas pela ONU, pois essa oferta de educação tinha como inte-
resse formar uma população que dominasse o código linguístico 
para assumir a condição de eleitores. Portanto, a intenção era que 
essa mão de obra estivesse mais bem qualificada para atender às 
demandas da crescente industrialização. 
Entre a população que detinha o poder e o conhecimento, 
surgiram várias críticas sobre a população de analfabetos do país, 
uma vez que eles eram considerados como os grandes responsá-
veis pelas crises econômicas culturais e sociais vividas. Eles eram 
vistos como pessoas que estavam à margem da sociedade, nor-
malmente reconhecidas como incapazes, tanto do ponto de vista 
psicológico como social, geralmente comparadas a crianças, im-
próprias e ineficazes no ato de constituir uma família. 
No ano de 1947, foi desenvolvida uma campanha nacional 
de educação de massa, conhecida como Campanha de Educação 
de Adultos, que pretendia alfabetizá-los, levá-los a concluir o curso 
primário e, por fim, oferecer-lhes uma capacitação profissional e 
instruções para a vida em comunidade.
De acordo com Vera Maria Masagão Ribeiro (2007): 
Nos primeiros anos, sob a direção do professor Lourenço Filho, a 
campanha conseguiu resultados significativos, articulando e am-
pliando os serviços já existentes e estendendo-os às diversas re-
giões do país. Num curto período de tempo, foram criadas várias 
escolas supletivas, mobilizando esforços das diversas esferas admi-
nistrativas, de profissionais e voluntários. 
Com o progresso da campanha, as concepções sobre a popu-
lação de analfabetos foram aos poucos se modificando socialmen-
te, os estigmas foram descaracterizados e as pessoas começaram 
a ser vistas como capazes de raciocinar e de resolver problemas e, 
também, como muito produtivas. Diante dessa trepidação social e 
sobreposição de valores, o Ministério da Educação viu a necessida-
© Educação de Jovens e Adultos40
de urgente de adotar um método de alfabetização que atendesse 
às necessidades desses adultos. 
Contudo, na década de 1950, esse movimento social a favor 
da Educação de Jovens e Adultos começou a perder seu brilho, 
e extinguiu-se antes do final da década. Muitas barreiras foram 
encontradas pelo caminho, como, por exemplo, os trabalhos reali-
zados na zona rural que não atingiam os objetivos propostos, pois 
apresentavam déficits em suas orientações pedagógicas. Além 
disso, outros fatores decisivos estavam relacionados a problemas 
administrativos e financeiros, culminando para que os trabalhos 
realizados pela campanha fossem finalizados.
Dessa forma, as críticas encaminhavam-se tanto ao plano 
administrativo e financeiro quanto à orientação pedagógica,resis-
tindo apenas as redes de escolas supletivas, que eram de respon-
sabilidade dos estados e municípios.
Décadas de 1960 e 1970
Nos anos de 1960, a pedagogia defendida e aplicada por Paulo 
Freire para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) ganhou notorieda-
de, inspirando os principais programas de alfabetização do país. 
O Movimento de Educação de Base (MEB), por exemplo, foi 
um dos programas desenvolvidos por intelectuais, pesquisadores, 
com a contribuição de grupos populares e de novas diretrizes com 
a incumbência de promover integralmente a formação de jovens e 
adultos, de maneira humana e cristã. 
Grupos não governamentais como esse aplicavam pressão 
ao Governo, para que iniciativas fossem criadas e coordenadas no 
sentido de realizar melhorias pedagógicas e orçamentais a favor 
da educação de adultos. 
Com a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional, n. 4.024/61, a educação foi reconhecida como direito de 
todos, e, em seu Artigo 27, Título VI, capítulo II, ao tratar do ensino 
primário, é mencionado o seguinte:
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© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
O ensino primário é obrigatório a partir dos 7 anos e só será mi-
nistrado na língua nacional. Para os que o iniciarem depois dessa 
idade poderão ser formadas classes especiais ou cursos supletivos 
correspondentes ao seu nível de desenvolvimento.
Após alguns anos de lutas e por meio da força encontrada 
na organização de movimentos sociais no início do ano de 1964, o 
Governo Federal aprovou o Plano Nacional de Alfabetização em 
caráter nacional, orientado pelas propostas de Paulo Freire e sub-
sidiado por estudantes, sindicalistas e diversos grupos sociais.
Não demorou muito e esse plano foi vetado pelo Golpe Mi-
litar de 1964, quando o até então presidente, João Belchior Mar-
ques Goulart, popularmente conhecido como Jango, teve o seu 
governo democrático interrompido e o Brasil foi submetido a uma 
ditadura militar. 
Nesse veto, foram muito criticados os conteúdos que com-
punham os materiais didáticos usados pelo programa – pois tra-
tavam diretamente da realidade em que viviam os adultos, ofere-
cendo subsídios necessários para uma formação crítico-reflexiva 
e de libertação perante a situação de oprimidos em que se en-
contravam. Considerados subversivos e ameaçadores da ordem 
social, seus promotores, educadores e até mesmo simpatizantes 
foram arduamente reprimidos. Nesse período, os programas que 
continuaram a oferecer esse tipo de educação tinham um caráter 
conservador e assistencialista. 
Ainda assim, em 15 de dezembro de 1967, implementado 
pela Lei n. 5.379, de 15 de dezembro de 1967, o Governo assumiu 
o controle das atividades realizadas em tais instituições e implan-
tou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que en-
trou em pleno funcionamento em 1970, na modalidade não for-
mal, com o objetivo de formar cidadãos alfabetizados funcionais, 
que, mesmo após anos frequentando as aulas, não atingiam um 
nível aceitável de alfabetização. 
© Educação de Jovens e Adultos42
O Mobral almejava levar o ser humano a desenvolver uma 
consciência linguística, por meio da leitura, da escrita e do uso de 
cálculos para integrá-lo na sociedade, oportunizando melhores 
condições de vida. Ele, ainda, deveria combater ou erradicar defi-
nitivamente o analfabetismo adulto do país.
Contudo, ficava subentendido que a função ocupada pelo 
Mobral era de controle social e político das populações perifé-
ricas, competindo com os movimentos de educação popular ou 
substituindo-os. 
Segundo Lewin (1986, p. 279), no Mobral:
parte integrante da ideologia vigente concebe-se dentro dos pres-
supostos da teoria do capital humano que, na promessa de erradi-
car o analfabetismo em 10 anos, reveste o seu discurso da conota-
ção otimista da década de 70, do milagre econômico brasileiro – o 
otimismo do capital, principalmente das corporações multinacio-
nais. Ao lado desse otimismo criado pela tecnocracia brasileira de 
que, muito em breve, o país alcançaria o status de grande potência 
mundial, o sistema político autoritário se cristalizava por meio da 
repressão do Estado sobre a sociedade civil, cujas organizações de 
bases ou foram suprimidas ou estavam sob intervenção.
Esse Estado, totalmente autoritário e antidemocrático, rom-
peu com todas as entidades da sociedade civil e se autodenomi-
nou capaz de planejar a expansão do crescimento econômico. 
Dessa forma, as políticas sociais foram programadas para remover 
os obstáculos que pudessem prejudicar o desenvolvimento econô-
mico ou emperrar o seu avanço. 
De acordo com José Luiz de Paiva Bello (1993): 
apesar dos textos oficiais negarem, sabemos que a primordial preo-
cupação do Mobral era tão somente fazer com que os seus alunos 
aprendessem a ler e a escrever, sem uma preocupação maior com 
a formação do homem. 
Nessa época, entre os anos de 1960 e 1970, o privilégio re-
ferente à saúde, habitação e educação era para a elite dominante; 
em segundo plano, encontravam-se as classes médias urbanas e, 
depois, as populações de baixas rendas. 
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Assim, era preciso informar a população e diminuir os altos 
índices de analfabetismo no país; porém, formar cidadãos críticos, 
reflexivos e participativos não era a intenção do governo vigente. 
Como fruto desse programa de Alfabetização, destacou-se 
o Programa de Educação Integrada (PEI), que oferecia uma for-
mação similar ao antigo curso primário, sendo uma oportunidade 
oferecida aos recém-alfabetizados de continuarem seus estudos. 
Nesse período, grupos de oposição à ditadura, comunidades 
religiosas e pessoas de movimentos sindicais organizavam-se para 
oferecer programas de alfabetização e educação segundo os apon-
tamentos de Paulo Freire, que, exilado, continuava desenvolvendo 
seus projetos para o ensino de adultos no Chile e, posteriormente, 
em países da África.
Tais programas intensificaram-se com a reabertura política 
que ocorreu na década de 1980, integralizaram-se e formaram 
uma "teia" para a troca de experiências, reflexões, novas articula-
ções, oferta de cursos pós-alfabetização.
Década de 1980
A década de 1980 iniciou-se no Brasil com uma grave crise 
econômica e social que repercutia em toda a América Latina. Ha-
via uma grande recessão no sistema produtivo, elevados índices 
de desemprego, altas taxas de inflação e grande endividamento 
externo. 
Com isso, as perdas de poder aquisitivo da sociedade eram 
notáveis, o que nos leva a crer que o crescimento conseguido pela 
sociedade industrial teve um custo social exacerbado. A população 
empobreceu consideravelmente em virtude da grande concentra-
ção de renda nas mãos de poucos. 
Nesse período, o Mobral não conseguiu baixar os níveis do 
analfabetismo adulto, e as crianças de 7 a 14 anos avolumavam-se 
fora das escolas por não serem absorvidas pelo sistema regular de 
ensino. 
© Educação de Jovens e Adultos44
Para Lewin (1986, p. 282): 
[...] ao avanço da ciência e da tecnologia contrapõem-se as precá-
rias condições de higiene e salubridade em centros urbanos de alta 
densidade demográfica; ao uso intensivo e extensivo de tecnolo-
gia agrícola correspondeu ao alento dos "bóias-frias” e dos “sem-
-terras”. Assim, paralelamente à crise econômica existe uma outra 
crise, a da legitimidade política do governo em não ter cumprido/
alcançado o padrão da sociedade afluente, como previam as esti-
mativas do estado autoritário. 
Desacreditado pelas políticas educacionais, o Mobral foi ex-
tinto em 1985, ano em que foi constituída a Fundação Educar. Tal 
fundação era subordinada ao Ministério da Educação e tinha como 
função firmar convênios com os governos estaduais, municipais, 
entidades da sociedade civil e grandes empresas. Exercia, ainda, 
a supervisão e o acompanhamento nas instituições e secretarias 
que implementavam os programas de alfabetização.
Em

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